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1 1ª Visita aos grupos JEF 2011/2012 S. Francisco de Assis VPA 1. Filme: A vida de S. Francisco de Assis, fogo abrasador 2. Comentários ao filme 3. A nossa alegria e a alegria franciscana 16 Sede sempre alegres. 17 Orai sem cessar. 18 Em tudo dai graças. Esta é, de facto, a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo. (1 Tes 5, a6-18) Esta exortação do apóstolo Paulo aos irmãos de Tessalónica, chega até nós como um conselho do modo de proceder de todo o cristão. São Paulo convida-nos a permanecer na alegria e esta não pode ser comparada ou confundida com a alegria efémera e fútil a qual observamos em nossa sociedade. A alegria provocada pelo consumo exagerado de bebidas e drogas, embalada pela aquisição de bens materiais, que podemos denominar de uma “pseudo-alegria”, ou seja, uma falsa alegria, um momento passageiro de prazer onde muitas vezes custa e fere a alegria de muitas pessoas. Para Francisco de Assis a mensagem de Paulo era tão profunda que ele acolheu e compreendeu intensamente e a transmitiu aos seus irmãos: “E guardem- se os irmãos de não se mostrarem em seu exterior como tristes e sombrios hipócritas. Mas antes comportem-se como gente que se alegra no Senhor, satisfeitos e amáveis como convém” (RnB 7,15). Por diversas vezes ele os orientou a não perderem a alegria que nos é presenteada pelo próprio Cristo. Francisco de Assis fez a profunda experiência da gratuidade do amor de Deus, de sua benevolência e foi capaz de perceber a face escondida de nosso Deus em todas as suas criaturas e isto o fazia rejubilar de alegria. Francisco contemplava em todas as criaturas a bondade, a sabedoria e o poder de Deus (2 Cel 165). Ele via nas criaturas os vestígios de Deus, sua marca, sua beleza, sua luz e sua força.

Verdadeira e perfeita alegria

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1ª Visita aos grupos JEF 2011/2012

S. Francisco de Assis – VPA

1. Filme: A vida de S. Francisco de Assis, fogo abrasador

2. Comentários ao filme

3. A nossa alegria e a alegria franciscana

16Sede sempre alegres. 17Orai sem cessar. 18Em tudo dai graças. Esta é, de facto, a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo. (1 Tes 5, a6-18)

Esta exortação do apóstolo Paulo aos irmãos de Tessalónica, chega até nós como um conselho do modo de proceder de todo o cristão. São Paulo convida-nos a permanecer na alegria e esta não pode ser comparada ou confundida com a alegria efémera e fútil a qual observamos em nossa sociedade. A alegria provocada pelo consumo exagerado de bebidas e drogas, embalada pela aquisição de bens materiais, que podemos denominar de uma “pseudo-alegria”, ou seja, uma falsa alegria, um momento passageiro de prazer onde muitas vezes custa e fere a alegria de muitas pessoas.

Para Francisco de Assis a mensagem de Paulo era tão profunda que ele acolheu e compreendeu intensamente e a transmitiu aos seus irmãos: “E guardem-se os irmãos de não se mostrarem em seu exterior como tristes e sombrios hipócritas. Mas antes comportem-se como gente que se alegra no Senhor, satisfeitos e amáveis como convém” (RnB 7,15). Por diversas vezes ele os orientou a não perderem a alegria que nos é presenteada pelo próprio Cristo.

Francisco de Assis fez a profunda experiência da gratuidade do amor de Deus, de sua benevolência e foi capaz de perceber a face escondida de nosso Deus em todas as suas criaturas e isto o fazia rejubilar de alegria.

Francisco contemplava em todas as criaturas a bondade, a sabedoria e o poder de Deus (2 Cel 165). Ele via nas criaturas os vestígios de Deus, sua marca, sua beleza, sua luz e sua força.

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1ª Visita aos grupos JEF 2011/2012

Foi de sua íntima união com Deus na oração/contemplação, na escuta da Palavra e na vivência fraterna que ele mergulhou no sentido íntimo da alegria cristã de pertencermos ao Senhor: “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, o povo que ele escolheu por sua herança” (Sl 33,12).

Todo o cristão é convidado a fazer a descoberta da “verdadeira alegria”, que não pode ser confundida como uma mera satisfação pessoal, de gosto particular.

Mas, a verdadeira alegria, por mais estanho que pareça, tem a forma de cruz e a

cruz que nasce do amor que se sacrifica para o bem e a felicidade dos outros. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13).

4. Verdadeira e Perfeita Alegria

São Francisco fez uma forte experiência de encontrar alegria até mesmo no sofrimento causado por outras pessoas, ele aprendeu do apóstolo Paulo: “Quanto a mim, que eu me glorie (alegre), a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Cf. Gal 6,14). Compreendemos melhor isso quando lendo a perfeita alegria, num diálogo amigo e fraterno Francisco explica ao seu confrade Frei Leão o que é a perfeita alegria. Percebemos a grande espiritualidade brotada da experiência de Cristo que Francisco fez. Ele deixa-nos esta lição, este convite.

Verdadeira e Perfeita Alegria Certo dia, estando o bem-aventurado Francisco em Santa Maria, chamou o

irmão Leão e disse-lhe: – Irmão Leão, escreve Este respondeu-lhe: – Estou preparado, – Escreve – disse-lhe – em que consiste a verdadeira alegria. Supõe que chega um mensageiro com a notícia de que todos os mestres de Paris

entram na Ordem. Escreve: “Não é essa a verdadeira alegria”. E que, além disso, deram também entrada na Ordem todos os prelados

ultramontanos, arcebispos e bispos, e ainda os reis de França e da Inglaterra. Escreve. “Não está nisso a verdadeira alegria”.

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1ª Visita aos grupos JEF 2011/2012

E que igualmente os meus irmãos partiram para entre os infiéis e os converteram todos à fé. E, além disso, que eu próprio recebi muitos milagres. Pois digo-te que ainda em nada disto está a verdadeira alegria.

Qual é, então, a verdadeira alegria? Supõe que eu, ao voltar da Perúsia, chegava aqui altas horas da noite. É Inverno.

Está tudo enlameado e o frio é tanto que da orla da túnica pendem sincelos que abrem feridas nas pernas e as fustigam até as fazer sangrar.

E, coberto de lama, gelado, a tiritar de frio, chego à porta. Depois de estar bastante tempo a tocar e a chamar, aparece o irmão e pergunta:

– Quem é? Eu respondo: – Sou o irmão Francisco. E ele replica: – Fora daqui. Isto não são horas decentes de se andar pelos caminhos. Aqui é

que tu não entras. E, perante nova insistência da minha parte, responde: – Fora daqui. Tu não passas de um simplório, um labrego. Connosco é que não

ficas. Já cá temos muita gente e não precisamos de ti para nada. De novo me aproximo da porta para lhe dizer: – Por amor de Deus, deixai-me ficar aqui esta noite. Resposta dele: – Não estou disposto. Vai ter com os crucíferos e pede-lhes que te recebam. Se eu levasse tudo isto com paciência e sem ter perdido a calma, digo-te que

está nisto a verdadeira alegria e também a verdadeira virtude e o bem da alma.

A perfeita alegria não é masoquismo, mas consiste na serenidade em todos os momentos da vida, inclusive nos sofrimentos e saber tirar dos momentos de dor uma lição de vida para o crescimento pessoal e para a vida de fé. Mas, para se chegar à perfeita alegria é preciso lutar contra o egoísmo, o orgulho. Quem vive somente para realizar seus projetos e sonhos pessoais sem se importar com os dos outros, com a vida do próximo, do irmão, não poderá experimentar a verdadeira alegria, que é servir e amar. “Deus ama quem dá com alegria” (2 Cor 9,7). E mais ainda: “Quem quiser ser o primeiro seja o último e seja aquele que serve a todos” (Mc 9,35). A perfeita alegria é um dom de Deus, proveniente da nossa união com Ele. É esta a única forma de chegarmos á perfeição da caridade e a perfeita alegria.

O Papa João Paulo II afirmava: “O homem de hoje necessita da fé, da esperança e da caridade de Francisco, necessita da alegria que brota da pobreza de espírito, isto é de uma liberdade interior” (11/02/03). Então caríssimos jovens, “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 3,1). Que a alegria que é uma virtude e marca distintiva da vida cristã e franciscana seja constante em nossas vidas. Acolhamos o

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1ª Visita aos grupos JEF 2011/2012

conselho sábio de São Paulo 4Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos! 5Que a vossa bondade seja conhecida por todos. O Senhor está próximo. (Fl 4,4-5).

Trabalho de grupo

1. No nosso viver quotidiano podemos confundir a verdadeira alegria com momentos de prazer ou contentamento pessoal. Define a “pseudo-alegria”.

2. Que nos pode “tirar” a alegria?

3. O que poderia dar muita alegria ao teu grupo JEF neste momento?

4. Como viver a verdadeira alegria franciscana hoje?