Upload
marilene-leite-martins
View
135
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
31 - Regimes de governo: Totalitarismo,
Autoritarismo e Democracia
TC "§ 31 - Regimes de governo: Totalitarismo, Autoritarismo e Democracia" \f C \l
"2"
1. Noção geral. A expressão “regimes de governo” não é muito usual. No
Brasil, tendo em vista os anos de ditadura militar, tornou-se lugar comum chamar, nos
segmentos organizados da sociedade civil e da imprensa, designa-lo de “regime
militar” ou “regime autoritário”, contraposto a um “regime democrático”. Por outro
lado, neste mesmo período da guerra fia tardia, dos anos 60/70, a imprensa nacional e
internacional, referindo-se aos regimes do leste europeu e cubano, utilizava a expressão
“regimes totalitários”, assim como o fazia no tempo da Alemanha hitleriana, como
“regime nazista”, ou à União Soviética a “regime comunista” e, a Cuba, como
“regime cubano”, todos eles com o mesmo significado de “regimes totalitários”. Em
contrapartida, a CNN, NYT, WP, dentre outros jornais e tvs americanas, sempre se
referiram aos EEUU, em contraposição a todos estes regimes totalitários e autoritários,
como sendo o protótipo ou paradigma universal de “regime democrático”. Nestes
termos, podemos dizer, então, que há três regimes básicos ou típicos de governo, que
são o regime totalitário, o regime autoritário e o regime democrático, com uso corrente
como totalitarismo, autoritarismo e democracia.
2. Regime de governo totalitário. Os regimes totalitários são, em geral, formas
de imperialismo com características especiais. Em primeiro lugar, a tendência da forma
de estado é a do unitarismo, com divisões administrativas dotadas de pouco autonomia,
como administradores nomeados diretamente pelo chefe maior e figura central do
Estado e do Governo, ainda que haja aparência de federação ou de confederação. Em
segundo lugar, a forma de governo pode ser tanto de república quanto de monarquia,
primando mais pelo primeiro. Em terceiro lugar, o sistema de governo pode ser tanto o
republicano quanto o monárquico, mesclando características dos dois tipos. Em quarto
lugar, há um mandato por tempo indeterminado do chefe, independentemente da
vontade do povo, mas sempre afirmado como sendo a vontade do mesmo, que se
eterniza no poder: mandato permanente. Em quinto lugar, a força do governo está no
poder das armas, com forças armadas (exército, marinha e aeronáutica) bem equipadas e
sempre prontas para agir, com massivo investimento econômico: militarismo; em sexto
lugar, o totalitarismo possui uma concepção ideológica marcante, de modo que seguem
os fins ditados por esta concepção para todos os fins do Estado, do Povo e do Indivíduo.
Em sétimo lugar, o governo totalitário é expansionista, de modo que cobre a totalidade
interna com o seu modo de ver o mundo, impondo comportamentos sociais típicos, e
visa conquistar os demais países para a mesma concepção, seja pelo convencimento,
seja pela força, de modo a todos os países conquistados ficarem sob a égide do mesmo
governo ou influência direta. Em oitavo lugar, o regime totalitário apresenta uma
propaganda maciça, centrada, no mais das vezes, nos novos valores totalitários e na
personalidade do chefe. Em nono lugar, o governo totalitário é reacionário, no sentido
de que sempre reage contra qualquer contrariedade, agindo com força e precisão contra
as pessoas e grupos de oposição interna ou externa. Em décimo lugar, o governo
totalitário age mediante terrorismo interno, matando cruelmente e torturando os
opositores, com explosões clandestinas de supostos “aparelhos” de opositores. Em
décimo-primeiro, implementa, sempre, guerra de conquista externa, submetendo
outros países à sua política expansionista. Em décimo-segundo, sempre se apresenta
como um regime popular e democrático, ainda que não tenha o assentimento da maioria
da população e nem tenha os três poderes em funcionamento, com independência e
autonomia. Em décimo-terceiro, os regimes totalitários adotam o partido político
único, com proibição de funcionamento de todos os demais. Os exemplos típicos de
totalitarismo são o hitlerismo (nazismo), o maoísmo (comunismo chinês), o
stalinismo (comunismo soviético), o mussolinismo (facismo italiano), dentre outros.
3. Regime autoritário. Os regimes autoritários apresentam as mesmas
características do totalitário, à exceção da concepção ideológica imposta, da guerra de
conquista externa e do partido político único (adotam, em geral, o bipartidarismo).
Exemplos de autoritarismo se encontram nas chamadas Ditaduras, sejam elas civis ou
militares. Assim, o franquismo na Espanha, o salazarismo em Portugal, a ditadura
militar pós-64 no Brasil (1964-1985), a ditadura militar chilena de Pinochet, a ditadura
militar paraguaia de Strossner, a ditadura civil brasileira de Vargas (1930 a 1945).
4. Regime democrático. Por oposição aos regimes anteriores, totalitário e
autoritário, o democrático se caracteriza, principalmente, pela existência de partidos
políticos institucionalizados e livres, pela realização de eleições políticas periódicas
para a ocupação dos mais altos cargos públicos, e pela divisão, autonomia e
interdependência dos poderes públicos executivo, legislativo e judiciário. Em suma,
podemos dizer que os princípios da liberdade, da legalidade e da justiça imperam nos
fundamentos da realização prática do governo, garantindo a cidadania formal (direito a
ter direitos) e a cidadania material (direito a ter os direitos efetivados na vida prática).
As liberdades públicas e privadas devem estar garantidas e efetivadas para que exista
regime democrático, com a existência a fixação de direitos e garantias individuais e
coletivas asseguradas constitucionalmente, com efetividade.
A democracia, na visão aristotélica, é o governo do povo e pelo povo. Abraão
Lincoln acrescenta à definição aristotélica o governo para o povo. Assim, no esquema
aristotélico lincolniano, democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo.
Há três tipos clássicos de democracia: a direta, a indireta e a semi-direta. A
democracia direta é aquela em que as decisões são tomadas em assembléia geral
diretamente por todos os cidadãos, a exemplo da exercida pelos atenienses da época de
Péricles, no Século V a.C. A democracia indireta é aquela que é exercida através de
representantes do povo, como só acontecer nos parlamentos modernos, onde os
deputados e senadores são eleitos pelo povo para representa-los no congresso nacional.
A democracia semi-direta é aquela que mescla elementos da participação direta dos
cidadãos nas decisões governamentais com a participação indireta, mediante os
representantes do povo. A chamada democracia participativa é o que há de mais
aproximativo deste tipo ideal de democracia e para onde tende o sistema democrático
brasileiro.