8
Carlos Drummond de Andrade

A hora do cansaco Carlos Drummond de Andrade

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A hora do cansaco   Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade

Page 2: A hora do cansaco   Carlos Drummond de Andrade

As coisas que amamosas pessoas que amamos

são eternas até certo ponto.

Page 3: A hora do cansaco   Carlos Drummond de Andrade

Duram o infinito variável no limite de nosso poder de respirar a eternidade.

Page 4: A hora do cansaco   Carlos Drummond de Andrade

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,dar-lhes moldura de granito.

De outra matéria se tornam, absoluta,

numa outra (maior) realidade.

Page 5: A hora do cansaco   Carlos Drummond de Andrade

Começam a esmaecer quando noscansamos,e todos nos cansamos,

por um ou outro itinerário,de aspirar a resina do eterno.

Page 6: A hora do cansaco   Carlos Drummond de Andrade

Já não pretendemos

que sejam imperecíveis.

Restituímos cada ser e coisa à condição precária,rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Page 7: A hora do cansaco   Carlos Drummond de Andrade

Do sonho de eterno fica esse gosto acre

na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

Carlos Drummondde Andrade

Page 8: A hora do cansaco   Carlos Drummond de Andrade

Música – Le lac de comeImagens – Google

Formatação – Christina Meirelles Neves