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Trabalho Apresentado no "4° Congresso Internacional GOVERNO, GESTÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO EM ÂMBITO LOCAL FRENTE AOS GRANDES DESAFIOS DE NOSSO TEMPO", no eixo temático Modernização dos governos e inovação administrativa, promovido pela Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro e outros entre 21 e 23 de outubro de 2013. CLOUD COMPUTING: POTENCIAL DE MOTIVAÇÃO PARA INICIATIVAS DE GOVERNO ELETRÔNICO Marcelo de Alencar Veloso

Artigo CONGRESSO INTERNACIONAL GOVERNO 2013 - Cloud Computing: Potencial de Motivação Para Iniciativas de Governo Eletrônico

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Artigo que apresenta quais os possíveis benefícios a serem alcançados e quais os principais desafios a serem enfrentados em iniciativas de governo eletrônico com a adoção da computação em nuvem. Publicado nos anais do IV Congresso Internacional GOVERNO, GESTÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO EM ÂMBITO LOCAL FRENTE AOS GRANDES DESAFIOS DE NOSSO TEMPO, realizado em Belo Horizonte/MG em Out/2013.

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Trabalho Apresentado no "4° Congresso Internacional GOVERNO, GESTÃO E

PROFISSIONALIZAÇÃO EM ÂMBITO LOCAL FRENTE AOS GRANDES

DESAFIOS DE NOSSO TEMPO", no eixo temático Modernização dos governos e

inovação administrativa, promovido pela Escola de Governo Professor Paulo

Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro e outros entre 21 e 23 de outubro

de 2013.

CLOUD COMPUTING: POTENCIAL DE MOTIVAÇÃO PARA

INICIATIVAS DE GOVERNO ELETRÔNICO

Marcelo de Alencar Veloso

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RESUMO

O papel desempenhado hoje pelo e-governo ou governo eletrônico para promover

suas políticas de inclusão e participação social tem assumido, em todas as regiões

do mundo, o status de política pública prioritária. Cientes do poder que o governo

eletrônico possui para responder às demandas da sociedade, sejam elas a buscca

por serviços públicos, transparência de ações ou participação política, os governos

têm investido cada vez mais no desenvolvimento de programas de governo

eletrônico.

Hoje, novas e poderosas tecnologias podem ser utilizadas para promover tais

iniciativas, com serviços públicos projetados para serem agéis, focados no

cidadão e de inclusão social. Nesse contexto, o uso de serviços móveis, crowd

sourcing, computação em nuvem, quiosques de e-serviços e outras inovações tem

que ser promovido e incentivado.

Sendo assim, o objetivo desse estudo é apresentar quais os possíveis benefícios

a serem alcançados e quais os principais desafios a serem enfrentados em

iniciativas de governo eletrônico com a adoção da computação em nuvem.

Palavras-chaves: Governo Eletrônico. E-Government. Computação em Nuvem.

Cloud Computing. Políticas Públicas.

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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de programas de governo eletrônico tem estado cada vez mais

presente na pauta de diferentes governos, através da utilização das modernas

tecnologias de informação e comunicação (TICs) com o objetivo de democratizar o

acesso à informação, ampliar discussões, e dinamizar a prestação de serviços

públicos com foco na eficiência e efetividade das funções governamentais. A sua

adoção proporciona uma transformação das relações entre o governo e a

sociedade, sejam os cidadãos, sejam empresas privadas, e também entre os

próprios órgãos do governo. Nessas relações transformadas, destaca-se o

ambiente propício para o fortalecimento da participação cidadã, através da

otimização dos serviços prestados à população, estímulo à interação e discussão

dos problemas enfrentados pelo cidadão.

De acordo com a pesquisa “E-Government Survey 2012” realizada pelas Nações

Unidas sobre governo eletrônico, o progresso na prestação de serviços on-line

continua na maioria dos países ao redor do mundo. Entre os líderes de governo

eletrônico, soluções tecnológicas inovadoras ganharam reconhecimento especial

como meio de revitalizar setores econômicos e sociais pouco desenvolvidos

(United Nations, 2012)

Nesse contexto, a cloud computing, ou computação em nuvem, apresenta-se

como um novo modelo de uso de tecnologias da informação e comunicação que

possui um grande potencial de motivar, auxiliar e aprimorar o desenvolvimento e

adoção de novas iniciativas de governo eletrônico. Suas características, modelos

de serviço e modelos de implantação possibilitam o desenvolvimento e

implementação de novos serviços primando pela agilidade, eficiência, inovação e

principalmente redução de custos. Sem dúvida, são motivadores que fazem com

que a utilização da computação em nuvem para desenvolver programas de

governo eletrônico não deva ser ignorada pelos governos, ao contrário, que seja

considerada como estratégica e como um fator crítico de sucesso, a fim de

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promover e alavancar a integração entre governo e sociedade, incrementando

ainda o desenvolvimento econômico e social.

2 GOVERNO ELETRÔNICO

De acordo com o Portal governoeletrônico.com.br, o E-GOV ou governo eletrônico

pode ser entendido “como uma das principais formas de modernização do estado

e está fortemente apoiado no uso das novas tecnologias para a prestação de

serviços públicos, mudando a maneira com que o governo interage com os

cidadãos, empresas e outros governos” (http://governoeletronico.com.br/).

Uma abordagem que oferece maior abrangência ao tema é feita por Nogueira

(2001), ao dizer que a expressão “governo eletrônico”,

deve ser vista com alguma cautela, pois reduz o governar ao campo estrito da prestação de serviços, deixando de lado sua dimensão mais propriamente política, referente ao dirigir e ao articular, com vistas a fixar diretrizes de ação para a coletividade, reforçar seus laços internos e sua convivência.

Essa visão expande as possibilidades a serem alcançadas com iniciativas de

governo eletrônico, permitindo imaginar que as relações desenvolvidas pelos

governos com os diferentes atores do processo irão extrapolar a simples

prestação de serviços, possibilitando um relacionamento muito mais próximo entre

todos os envolvidos.

Essas relações, segundo Fernandes (2001, p.2), “envolvem três tipos de

transações: G2G, quando se trata de uma relação intra ou intergovernos; G2B,

caracterizado por transações entre governos e fornecedores; e G2C, envolvendo

relações entre governos e cidadãos”. De acordo com a autora, “estas transações

ocorrem não apenas por meio da Internet, mas também por meio de telefonia

móvel, televisão digital, call centers e outros tipos de aplicações ligadas aos

computadores pessoais” (Fernandes, 2001, p.2).

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Autores como Zweers e Planqué (2001 como citado em Garcia, 2006, p.80) dizem

que governo eletrônico é um conceito emergente e que objetiva fornecer ou

disponibilizar informações, serviços e produtos, através de meio eletrônico/digital,

a partir ou através de órgãos públicos, a qualquer momento, local e cidadão, de

modo a agregar valor a todos os envolvidos com a esfera pública.

Apesar das diferentes definições, algumas das funções características que podem

ser identificadas em um chamado governo eletrônico são apresentadas por

Fernandes (2001, p.3), sendo elas:

a) prestação eletrônica de informações e serviços;

b) regulamentação das redes de informação, envolvendo principalmente

governança, certificação e tributação;

c) prestação de contas públicas, transparência e monitoramento da execução

orçamentária;

d) ensino à distância, alfabetização digital e manutenção de bibliotecas

virtuais;

e) difusão cultural com ênfase nas identidades locais, fomento e preservação

das culturas locais;

f) e-procurement, isto é, aquisição de bens e serviços por meio da Internet,

como licitações públicas eletrônicas, pregões eletrônicos, cartões de

compras governamentais, bolsas de compras públicas virtuais e outros

tipos de mercados digitais para os bens adquiridos pelo governo;

g) estímulo aos e-negócios, através da criação de ambientes de transações

seguras, especialmente para pequenas e médias empresas.

Ainda de acordo com Fernandes (2001, p.3), o desenvolvimento do e-governo

passa, geralmente, por quatro estágios:

O primeiro consiste na criação de sites para a difusão de informações sobre os

mais diversos órgãos e departamentos dos diversos níveis de governo.

Eventualmente, esses sites são reunidos em um portal que, neste estágio,

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consiste apenas em uma espécie de catálogo de endereços dos vários órgãos do

governo.

No segundo estágio, estes sites passam também a receber informações e dados

por parte dos cidadãos, empresas ou outros órgãos. A comunicação neste caso

torna-se uma via de mão dupla. O contribuinte pode enviar sua declaração de

imposto de renda ou informar uma mudança de endereço; são criados endereços

eletrônicos para receber reclamações ou sugestões nas diversas repartições;

firmas se cadastram eletronicamente para o fornecimento de certos serviços;

dados são transferidos, usando a Internet, de um departamento ou de uma

prefeitura ou de uma unidade hospitalar, por exemplo, para um órgão central, e

assim por diante.

Na terceira etapa de implantação do e-governo, as transações se tornam ainda

mais complexas. Neste estágio, são possíveis trocas de valores que podem ser

quantificáveis. São realizadas operações como pagamentos de contas e impostos,

educação à distância, matrículas na rede pública, marcação de consultas médicas,

compras de materiais, etc. Em outras palavras, além de informações, valores são

trocados e serviços anteriormente prestados por um conjunto de funcionários atrás

do balcão são agora realizados usando uma plataforma de rede e uma interface

direta e imediata com o cidadão ou empresa. Isto implica adaptações nos

processos de trabalho.

Estas modificações tornam-se ainda mais complexas e radicais no quarto estágio

de implantação do e-governo. Nele, é desenvolvido um tipo de portal que não é

mais um simples índice de sites do governo com centenas de endereços, mas um

lugar de convergência de todos os serviços prestados pelo governo. Neste

estágio, o serviço é disponibilizado por funções ou temas, e não segundo a divisão

real do governo em ministérios, departamentos, etc.

Levando em conta esses estágios, pode-se considerar que a implementação de

um governo eletrônico tem como um de seus principais objetivos a universalização

dos serviços prestados à sociedade, utilizando-se principalmente das

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características da Internet, ao oferecer e possibilitar acesso a qualquer hora e de

qualquer lugar aos seus usuários, através de uma interação de fácil utilização, e

que certamente também exigirá transformações da sociedade.

3 CLOUD COMPUTING

Apesar do termo cloud computing, ou computação em nuvem ser relativamente

novo, tem-se feito grande alarido em torno do mesmo, sendo considerado como

uma das expressões “em moda” mais amplamente utilizada no mundo da

Tecnologia da Informação.

Tal fato leva ao surgimento de inúmeras e diferentes definições acerca do tema,

feitas por fornecedores, acadêmicos, analistas e usuários. Dentre toda essa

diversidade, o National Institute of Standards and Technology [NIST] (2011)

apresenta aquela que tem sido considerada como a melhor definição para o tema,

uma vez que é relativamente simples e reflete bem o mercado de Tecnologia da

Informação, ao considerar que:

computação em nuvem é um modelo para habilitar acesso

conveniente, sob demanda, para um conjunto compartilhado de

recursos computacionais configuráveis (por exemplo: redes,

servidores, armazenamento, aplicações e serviços) que pode

ser provisionado e liberado rapidamente com mínimo esforço de

gerenciamento ou interação do provedor de serviço.

O modelo do NIST (2011) para a computação em nuvem define ainda cinco

características essenciais, três modelos de serviço e quatro modelos de

implementação, conforme exibido na Figura 1.

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Figura 1: Modelo Visual da Definição de Computação em Nuvem do NIST (2011)

As características essenciais, de acordo com o NIST (2011) são as seguintes:

1. Auto-atendimento sob demanda:

Um consumidor pode unilateralmente provisionar capacidades de

computação, tais como tempo de servidor e armazenamento de rede,

conforme suas necessidades de forma automática, sem necessidade de

interação humana com o provedor de serviços.

2. Amplo acesso à rede:

Recursos estão disponíveis através da rede e são acessados por meio de

mecanismos padrões que promovam uso através de plataformas

heterogêneas (por exemplo, telefones celulares, tablets, notebooks e

estações de trabalho).

3. Pool de recursos:

Recursos de computação do provedor são agrupados para atender

múltiplos consumidores através de um modelo multilocatário, com

diferentes recursos físicos e virtuais atribuídos e retribuídos dinamicamente

de acordo com a demanda do consumidor. Há um senso de independência

de localização em que o cliente geralmente não tem controle ou

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conhecimento sobre a localização exata dos recursos disponibilizados, mas

pode ser capaz de especificar o local em um nível maior de abstração (por

exemplo, país, estado ou datacenter). Exemplos de recursos incluem o

armazenamento, processamento, memória e largura de banda de rede.

4. Elasticidade rápida:

Capacidades podem ser elasticamente provisionadas e liberadas, em

alguns casos, automaticamente, para escalar rapidamente para fora e para

dentro, de acordo com a demanda. Para o consumidor, as capacidades

disponíveis para provisionamento frequentemente parecem ser ilimitadas e

podem ser contratadas em qualquer quantidade a qualquer momento.

5. Serviço medido:

Sistemas em nuvem automaticamente controlam e otimizam o uso dos

recursos, alavancando a capacidade de medição em algum nível de

abstração apropriado para o tipo de serviço (por exemplo, processamento,

armazenamento, largura de banda e contas de usuários ativos). O uso dos

recursos pode ser monitorado, controlado e reportado, oferecendo

transparência tanto para o provedor quanto para o consumidor do serviço

utilizado.

Conforme a definição do NIST (2011) há três opções de modelos de entrega de

serviços de computação em nuvem, compondo o seu padrão arquitetural:

1. SaaS – Software as a Service (Software como Serviço):

Nesse modelo, a capacidade fornecida ao consumidor é a utilização de

aplicativos do provedor rodando em uma infraestrutura de nuvem. As

aplicações são acessíveis a partir de vários dispositivos clientes, tais como

um navegador web, ou uma interface de programa. O consumidor não

gerencia ou controla a infraestrutura de nuvem subjacente, incluindo rede,

servidores, sistemas operacionais, armazenamento, ou mesmo

capacidades individuais dos aplicativos, com a possível exceção de

configurações limitadas do aplicativo, específicas para o usuário.

2. PaaS – Platform as a Service (Plataforma como Serviço):

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É fornecida ao consumidor a capacidade para implantar sobre a

infraestrutura de nuvem aplicações criadas ou adquiridas usando

linguagens de programação, bibliotecas, serviços e ferramentas suportadas

pelo provedor. O consumidor não gerencia ou controla a infraestrutura de

nuvem subjacente, incluindo rede, servidores, sistemas operacionais ou

armazenamento, mas tem controle sobre os aplicativos implementados e

possivelmente definições de configuração para o ambiente de hospedagem

dos aplicativos.

3. IaaS – Infrastructure as a Service (Infraestrutura como Serviço):

O consumidor recebe a capacidade de provisionar processamento,

armazenamento, redes e outros recursos de computação fundamentais,

onde ele será capaz de implantar e executar software arbitrário, que podem

incluir sistemas operacionais e aplicativos. O consumidor não gerencia ou

controla a infraestrutura de nuvem subjacente, mas tem controle sobre

sistemas operacionais, armazenamento, aplicativos implementados e

possivelmente controle limitado de componentes de rede específicos.

Cada um desses modelos, ainda de acordo com o NIST (2011), pode ser

implementado em quatro diferentes modelos de implementação da infraestrutura

de nuvem, que são:

1. Nuvem pública:

Provisionada para uso aberto ao público em geral.

2. Nuvem privada:

Provisionada para uso exclusivo por uma única organização que

compreende vários consumidores – por exemplo, unidades de negócio.

3. Nuvem comunitária:

Provisionada para uso exclusivo por uma comunidade específica de

organizações que compartilham interesses comuns – por exemplo, a

missão, requisitos de segurança e política.

4. Nuvem híbrida:

Combinação de dois os mais dos modelos anteriores.

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A combinação dos diferentes modelos de serviço e de implementação levam a

uma grande diversidade de opções de contratação às organizações interessadas

na computação em nuvem, exigindo, por consequência, um nível mínimo de

conhecimento de cada um desses modelos para que sua escolha esteja alinhada

corretamente às suas necessidades, avaliando não somente as expectativas dos

benefícios, mas também os desafios a serem superados.

4 POTENCIAL DA NUVEM PARA O GOVERNO ELETRÔNICO

O uso de Tecnologias da Informação e Comunicação é apontado como um meio

que viabiliza o desenvolvimento de programas de governo eletrônico, sendo

considerado fundamental para o sucesso desses programas.

De acordo com Fernandes (2001), uma avançada infraestrutura de redes e de

computação são alguns dos pré-requisitos básicos do desenvolvimento do e-

governo. Certamente, não há como imaginar qualquer política de governo

eletrônico que não faça uso intensivo de tecnologias.

Nessa perspectiva, a United Nations (2012) afirma que as evidências mostram que

é possível utilizar com sucesso as TIC com base em estruturas de governança

que sustentam a eficácia das instituições do setor público.

Avaliando-se a computação em nuvem a partir de suas características essenciais,

seus modelos de entrega de serviços e seus modelos de implantação, é possível

identificar nesse modelo um grande potencial para contribuir para novas

estratégias de governo eletrônico, ao mesmo tempo em que possibilita o

aperfeiçoamento daquelas já existentes.

Algumas questões que demonstram esse potencial são apresentadas a seguir.

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4.1 Eficiência

O cenário atual do uso de tecnologias da informação e comunicação pela

administração pública mostra um ambiente pouco eficiente, caracterizado

principalmente por:

baixa utilização de ativos;

demanda fragmentada de recursos;

sistemas duplicados;

ambientes de difícil gestão;

prazos longos de aquisição.

Essas ineficiências impactam negativamente a capacidade dos governos de

prestar seus serviços aos cidadãos, e consequentemente dificultam políticas de

governo eletrônico.

Através do uso da computação em nuvem, é possível reduzir ou até mesmo

eliminar muitas dessas ineficiências. Muitos benefícios podem ser esperados a

partir de sua utilização, destacando-se sobremaneira a liberação de recursos

humanos para atividades de maior valor, ou seja, atividades mais estratégicas.

A computação em nuvem é capaz de permitir ainda a utilização mais eficiente dos

recursos computacionais, evitando-se compras superdimensionadas de recursos

de infraestrutura. A responsabilidade pela gestão dos ambientes onde esses

recursos estarão alocados é transferida ao prestador de serviços, sem que isso

incorra em aumento de custos. A utilização de sistemas através do modelo de

Software como Serviço pode evitar a duplicação de sistemas e dados, eliminando

um dos grandes problemas enfrentados pela TIC pública.

Além disso, a definição de políticas para uso da computação em nuvem será

capaz de propiciar aos órgãos e entidades da administração pública a segurança

necessária para realizar suas aquisições na nuvem, e uma vez que estejam

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estabelecidas diretrizes e regras, os prazos para aquisição e contratação tendem

a ser consideravelmente reduzidos.

4.2 Inovação

Muitos dos benefícios oferecidos pela TIC ainda não são explorados pelos

governos, em razão de políticas adotadas ou restrições impostas, resultando em

serviços pouco eficientes e eficazes. Mesmo considerando apenas o uso do

modelo tradicional de contratação de tecnologias, observa-se, com exceção de

nichos específicos, contratações que muitas vezes fazem uso de tecnologias

superadas.

A computação em nuvem pode servir como um catalisador para a inovação, ao

permitir à administração pública usar seus investimentos em TIC de forma mais

inovadora, adotando mais facilmente inovações do setor privado.

O uso de tecnologias de ponta tem transformado a forma como o setor privado

opera e se relaciona com seu público, oferecendo eficiência, conveniência e

eficácia no atendimento a seus clientes. Dispositivos como tablets e smartphones

estão cada vez mais presentes na dia a dia das pessoas, e através destes, são

realizadas as mais diversas atividades, a qualquer hora e em qualquer lugar.

Os governos devem se conscientizar dessa realidade e buscar desenvolver

iniciativas de governo eletrônico que explorem e possibilitem o acesso a seus

serviços da forma mais ampla possível pelos cidadãos, empresas e outros

governos.

A computação em nuvem, a partir de suas características essenciais, pode

beneficiar tais iniciativas. O amplo acesso à rede e a rápida elasticidade são duas

características que possibilitam fortemente a inovação. Além disso, o modelo de

Software como Serviço, oferece às organizações contratantes o acesso

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automático a atualizações dos softwares contratados, e todas as inovações

decorrentes.

4.3 Redução de Custos

No Brasil, o governo federal estabelece em sua política de governo eletrônico um

conjunto de diretrizes gerais como referência para estruturação de estratégias de

intervenção, a serem adotadas como orientações para todas as ações de governo

eletrônico.

Uma dessas diretrizes gerais, apresentadas no Portal de Governo Eletrônico do

Brasil (http://www.governoeletronico.gov.br/o-gov.br/principios) refere-se ao uso

racional de recursos, ao definir que o governo eletrônico

não deve significar aumento dos dispêndios do governo federal

na prestação de serviços e em tecnologia da informação. Ainda

que seus benefícios não possam ficar restritos a este aspecto, é

inegável que deve produzir redução de custos unitários e

racionalização do uso de recursos.

Uma das possibilidades que o Portal de Governo Eletrônico do Brasil

(http://www.governoeletronico.gov.br/o-gov.br/principios) apresenta para se

alcançar esses objetivos é

o compartilhamento de recursos entre órgãos públicos. Este

compartilhamento pode se dar tanto no desenvolvimento quanto

na operação de soluções, inclusive através do

compartilhamento de equipamentos e recursos humanos. Deve

merecer destaque especial o desenvolvimento compartilhado

em ambiente colaborativo, envolvendo múltiplas organizações.

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Certamente essa abordagem pode se beneficiar grandemente da computação em

nuvem, principalmente se considerado o modelo de implantação de nuvem

comunitária, onde os recursos são provisionados para uso exclusivo de uma

comunidade específica. Nesse caso, temos órgãos e entidades de governo,

mesmo que de diferentes esferas e poderes, que compartilham de interesses

comuns, todos com o objetivo final da prestação de serviços à sociedade.

Assim, a administração pública, ao fazer uso da computação em nuvem pode

diminuir drasticamente seus investimentos em tecnologia, uma vez que a redução

de custos já foi amplamente demonstrada e comprovada, sendo um dos principais

motivadores para o uso da computação em nuvem, principalmente pela iniciativa

privada.

Não somente através do modelo de nuvem comunitária é possível essa redução,

mas também através dos outros modelos, seja a nuvem pública, privada ou

híbrida. Isso devido ao fato de que a nuvem proporciona o uso racional da TIC,

evitando-se a aquisição e contratação de recursos que não serão plenamente

utilizados desde o início do seu uso. O superdimensionamento de recursos é uma

prática comum na administração pública, considerando as dificuldades de

contratação.

Há que se lembrar de que uma das características essências da computação em

nuvem são a rápida elasticidade e os serviços mensuráveis, resultando em

contratações para prover somente os recursos necessários, quando necessários,

e o pagamento somente por esses recursos.

Assim, a partir da redução dos custos para disponibilizar a tecnologia necessária,

a administração pública poderá incrementar seus programas de governo

eletrônico, numa estratégia totalmente alinhada à política do governo federal.

5 DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS

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Apesar de todos os benefícios esperados com a adoção da computação em

nuvem, muitos são os desafios a serem enfrentados, em particular pela

administração pública.

Conforme apontado por Veloso (2013, p.13):

atualmente, já existem diversas iniciativas noticiadas de

contratações por órgãos públicos de serviços na nuvem, muitas

das quais se mostram pouco consistentes quanto à

especificação dos requisitos mínimos exigidos, principalmente

daqueles relacionados à segurança da informação. Isso pode

representar contratos com relações de desigualdade, onde o

poder público figure numa posição de fragilidade.

Assim, questões críticas como a segurança das informações, aspectos legais,

portabilidade e interoperabilidade, resposta a incidentes, criptografia e

gerenciamento de chaves, dentre outras, devem ser cuidadosamente avaliadas

pela administração pública ao considerar a utilização da computação em nuvem.

Uma vez que o nível de maturidade nesse tipo de contratação é incipiente, e na

maioria dos casos inexistente, a implementação de uma política que regulamente

o uso da computação em nuvem mostra-se impreterível e improrrogável, de

acordo com Veloso (2013).

Esses desafios a serem enfrentados na adoção da computação em nuvem

apresentam-se para qualquer iniciativa a ser implementada, incluindo aquelas

voltadas para o governo eletrônico.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo, buscou-se apontar como a computação em nuvem é capaz, a partir

de suas características, modelos de serviço e implementação, motivar iniciativas

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de governo eletrônico a serem desenvolvidas pelos governos, com a apresentação

de possíveis benefícios a serem alcançados, além de alguns dos desafios a serem

enfrentados.

Sem dúvida, a partir da exploração desse novo modelo de contratação de

tecnologias da informação e comunicação, os entes públicos da administração

pública brasileira poderão alavancar seus programas de governo eletrônico,

propiciando o pleno alcance dos objetivos, quer sejam a qualidade, continuidade e

melhoria contínua dos serviços prestados à sociedade, e indo além, ao promover

o exercício da plena cidadania através da participação popular nas decisões de

governo.

Dessa forma, é fundamental que as autoridades responsáveis pelos programas de

governo eletrônico busquem considerar seu uso como a primeira alternativa

possível, avaliando cuidadosamente sua viabilidade e realizando todos os

esforços necessários para sua adoção, colocando a computação em nuvem como

parte integrante de suas estratégias.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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AUTORIA

Marcelo de Alencar Veloso – MBA em Gestão de Segurança da Informação pela

Universidade FUMEC, Bacharel em Sistemas de Informação pela Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Possui as certificações

Cloud Computing Foundation, Certified Integrator Secure Cloud Services, ISO

27002 Information Security Foundation, ISO 20000 IT Service Management

Foundation, ITIL Foundation, MCSA, MCITP, MCTS, MCDST e MCP. Atualmente

é assessor da Superintendência Central de Governança Eletrônica da Secretaria

de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (SEPLAG/MG).

Endereço eletrônico: [email protected]