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Calendaacuterio do mecircs de julhoCalendaacuterio do mecircs de julho 2010 2010
by Rosely Lira
S uav idade
Pousa a tua cabe ccedila doloridaTatildeo che ia de quime ras de ide alS obre o re gaccedilo brando e mate rnalDa tua doce Irmatilde compade cidaHaacutes-de contar-me ne ssa voz tatildeo quridaA tua dor que julgas s e m igualE e u pra te consolar dire i o malQue agrave minha alma profunda fe z a VidaE haacutes -de adorme ce r nos me us joe lhos E os me us de dos e nrugados v e lhos Hatildeo-de faze r-se le v e s e suav e s Hatildeo-de pousar-se num fe rvor de cre nte Rosas brancas tombando doce me nte S obre o te u ros to como pe nas de ave s
Florbe la Espanca
01 de julho
Via Laacutecte a
ldquoOra (dire is ) ouv ir e s tre las Ce rtoPe rde s te o s e nso E e u vos dire i no e ntantoQue para ouv i-las muita v e z de spe rtoE abro as jane las paacutelido de e spanto
E conv e rsamos toda a noite e nquantoA v ia laacutecte a como um paacutelio abe rtoCintila E ao v ir do sol saudoso e e m prantoInda as procuro pe lo ceacute u de se rto
Dire is agora Tre s loucado amigoQue conve rsas com e las Que se ntidoTe m o que diz e m quando e s tatildeo contigo
E e u v os dire i Amai para e nte ndecirc -las Pois soacute que m ama pode te r ouv idoCapaz de ouv ir e de e nte nde r e s tre las
Olav o Bilac
02 de julho
O e te rno insatis fe ito
S hantih pe rcorria as c idade s pre gando a palav ra de De us quando um home m v e io procuraacute-lo para que curasse s e us male s
ldquoTrabalhe Alime nte -s e E louve a De usrdquo re sponde u S hantih
ldquoAconte ce que quando como minha barriga que ima com az ia Quando be bo minha garganta arde com a be bida Quando re z o s into que De us natildeo me e scuta E quando trabalho s into minhas cos tas que doe m com o pe so da lav ourardquo dis s e o home m
ldquoEntatildeo busque outra pe s soa para e ns inaacute-lordquo
O home m foi e mbora re v oltado S hantih come ntou com os que ouv iram a conv e rsa
ldquoEle tinha duas formas de e ncarar cada coisa e e s colhe u s e mpre a pior Quando morre r eacute pos s iacutev e l que tambeacute m re c lame do frio de ntro do tuacutemulordquo
03 de julho
De um lado cantav a o sol De um lado cantav a o soldo outro suspirav a a luaNo me io brilhav a a tuaface de ouro g iras sol Oacute montanha da saudadea que por acaso v imoutrora fos te um jardime eacute s agora e te rnidade De longe re cordo a corda g rande manhatilde pe rdidaMorre m nos mare s da v idatodos os rios do amor Ai ce le bro-te e m me u pe itoe m me u coraccedilatildeo de salOacute flor sobre naturalg rande g iras sol pe rfe ito Acabou-se -me o jardimS oacute me re s ta do passadoe s te re loacuteg io douradoque ainda e spe rav a por mim
Ce ciacutelia Me ire le s
04 de julho
Ens iname nto
Minha matildee achava e s tudoa coisa mais fina do mundoNatildeo eacute A coisa mais fina do mundo eacute o s e ntime ntoAque le dia de noite o pai faz e ndo se ratildeoe la falou comigoCoitado ateacute e s sa hora no se rv iccedilo pe sadoArrumou patildeo e cafeacute de ixou tacho no fogo com aacutegua que nte Natildeo me falou e m amorEssa palav ra de luxo
Adeacute lia Prado
05 de julho
Daacute-me a tua matildeo
Daacute-me a tua matildeo Vou agora te contar como e ntre i no ine xpre s s iv o que se mpre foi a minha busca ce ga e s e cre ta De como e ntre i naquilo que e xis te e ntre o nuacuteme ro um e o nuacuteme ro dois de como v i a linha de mis teacute rio e fogo e que eacute linha sub-re ptiacutec ia Entre duas notas de muacutes ica e xis te uma nota e ntre dois fatos e xis te um fato e ntre dois g ratildeos de are ia por mais juntos que e s te jam e xis te um inte rvalo de e spaccedilo e xis te um se ntir que eacute e ntre o s e ntir - nos inte rs tiacutec ios da mateacute ria primordial e s taacute a linha de mis teacute rio e fogo que eacute a re spiraccedilatildeo do mundo e a re spiraccedilatildeo contiacutenua do mundo eacute aquilo que ouv imos e chamamos de s ilecirc ncio
Clarice Lispe ctor
06 de julho
Onte m agrave noite
Onte m agrave noite de pois da sua partida de finitiv a fui para aque la sala do reacute s -do-chatildeo que daacute para o parque fui para ali onde fico se mpre no mecirc s de junho e s se mecirc s que inaugura o Inve rno Tinha v arrido a casa tinha limpo tudo como se fos se ante s do me u fune ral Es tav a tudo de purado de v ida is e nto vaz io de s inais e de pois dis s e para comigov ou come ccedilar a e s cre v e r para me curar da me ntira de um amor que acaba Tinha lav ado as minhas coisas quatro coisas e s tav a tudo limpo o me u corpo o me u cabe lo a minha roupa e tambeacute m aquilo que e nce rrav a o todo o corpo e a roupa e s te s quartos e s ta casa e s te parque E de pois come ce i a e s cre ve r
Margue rite Duras
07 de julho
08 de julho
O home m natildeo ama
Jamais o s e u pe ito mais duro que o accediloPalpita a natildeo se r a louca ambiccedilatildeoS upotildee -se - orgulhoso - que eacute sobe ranoQue todas as be las vassalas lhe satildeoMais falso que a brisa que as flore s bafe jaS e mil fore m be las a mil finge amarAss im um jaacute dis se e ass im faz e m todos Embora natildeo que iram jamais confe s sarCrueacute is como Ne ro satildeo todos os home nsAte iam as chamas de arde nte paixatildeoDe pois obse rv am sorrindo os e s tragos E diz e m cov arde s que tecirc m coraccedilatildeo
Luiza Ameacute lia de Que iroz
Minha cor Minha flor Minha cara Quarta e s tre la Le tras trecirc s Uma e s trada Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E pe rguntou Te m lugar pra mim
Espatoacutede a Gine ce u Cor de poacutele n S ol do dia Nuve m branca S e m sardas Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E e xplicou O mundo pra mim
Natildeo se i se e sse mundo taacute satildeo Mas pro mundo que e u v im jaacute natildeo e ra Me u mundo natildeo te ria razatildeo S e natildeo fosse a Zoeacute
Nando Re is09 de julho
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
S uav idade
Pousa a tua cabe ccedila doloridaTatildeo che ia de quime ras de ide alS obre o re gaccedilo brando e mate rnalDa tua doce Irmatilde compade cidaHaacutes-de contar-me ne ssa voz tatildeo quridaA tua dor que julgas s e m igualE e u pra te consolar dire i o malQue agrave minha alma profunda fe z a VidaE haacutes -de adorme ce r nos me us joe lhos E os me us de dos e nrugados v e lhos Hatildeo-de faze r-se le v e s e suav e s Hatildeo-de pousar-se num fe rvor de cre nte Rosas brancas tombando doce me nte S obre o te u ros to como pe nas de ave s
Florbe la Espanca
01 de julho
Via Laacutecte a
ldquoOra (dire is ) ouv ir e s tre las Ce rtoPe rde s te o s e nso E e u vos dire i no e ntantoQue para ouv i-las muita v e z de spe rtoE abro as jane las paacutelido de e spanto
E conv e rsamos toda a noite e nquantoA v ia laacutecte a como um paacutelio abe rtoCintila E ao v ir do sol saudoso e e m prantoInda as procuro pe lo ceacute u de se rto
Dire is agora Tre s loucado amigoQue conve rsas com e las Que se ntidoTe m o que diz e m quando e s tatildeo contigo
E e u v os dire i Amai para e nte ndecirc -las Pois soacute que m ama pode te r ouv idoCapaz de ouv ir e de e nte nde r e s tre las
Olav o Bilac
02 de julho
O e te rno insatis fe ito
S hantih pe rcorria as c idade s pre gando a palav ra de De us quando um home m v e io procuraacute-lo para que curasse s e us male s
ldquoTrabalhe Alime nte -s e E louve a De usrdquo re sponde u S hantih
ldquoAconte ce que quando como minha barriga que ima com az ia Quando be bo minha garganta arde com a be bida Quando re z o s into que De us natildeo me e scuta E quando trabalho s into minhas cos tas que doe m com o pe so da lav ourardquo dis s e o home m
ldquoEntatildeo busque outra pe s soa para e ns inaacute-lordquo
O home m foi e mbora re v oltado S hantih come ntou com os que ouv iram a conv e rsa
ldquoEle tinha duas formas de e ncarar cada coisa e e s colhe u s e mpre a pior Quando morre r eacute pos s iacutev e l que tambeacute m re c lame do frio de ntro do tuacutemulordquo
03 de julho
De um lado cantav a o sol De um lado cantav a o soldo outro suspirav a a luaNo me io brilhav a a tuaface de ouro g iras sol Oacute montanha da saudadea que por acaso v imoutrora fos te um jardime eacute s agora e te rnidade De longe re cordo a corda g rande manhatilde pe rdidaMorre m nos mare s da v idatodos os rios do amor Ai ce le bro-te e m me u pe itoe m me u coraccedilatildeo de salOacute flor sobre naturalg rande g iras sol pe rfe ito Acabou-se -me o jardimS oacute me re s ta do passadoe s te re loacuteg io douradoque ainda e spe rav a por mim
Ce ciacutelia Me ire le s
04 de julho
Ens iname nto
Minha matildee achava e s tudoa coisa mais fina do mundoNatildeo eacute A coisa mais fina do mundo eacute o s e ntime ntoAque le dia de noite o pai faz e ndo se ratildeoe la falou comigoCoitado ateacute e s sa hora no se rv iccedilo pe sadoArrumou patildeo e cafeacute de ixou tacho no fogo com aacutegua que nte Natildeo me falou e m amorEssa palav ra de luxo
Adeacute lia Prado
05 de julho
Daacute-me a tua matildeo
Daacute-me a tua matildeo Vou agora te contar como e ntre i no ine xpre s s iv o que se mpre foi a minha busca ce ga e s e cre ta De como e ntre i naquilo que e xis te e ntre o nuacuteme ro um e o nuacuteme ro dois de como v i a linha de mis teacute rio e fogo e que eacute linha sub-re ptiacutec ia Entre duas notas de muacutes ica e xis te uma nota e ntre dois fatos e xis te um fato e ntre dois g ratildeos de are ia por mais juntos que e s te jam e xis te um inte rvalo de e spaccedilo e xis te um se ntir que eacute e ntre o s e ntir - nos inte rs tiacutec ios da mateacute ria primordial e s taacute a linha de mis teacute rio e fogo que eacute a re spiraccedilatildeo do mundo e a re spiraccedilatildeo contiacutenua do mundo eacute aquilo que ouv imos e chamamos de s ilecirc ncio
Clarice Lispe ctor
06 de julho
Onte m agrave noite
Onte m agrave noite de pois da sua partida de finitiv a fui para aque la sala do reacute s -do-chatildeo que daacute para o parque fui para ali onde fico se mpre no mecirc s de junho e s se mecirc s que inaugura o Inve rno Tinha v arrido a casa tinha limpo tudo como se fos se ante s do me u fune ral Es tav a tudo de purado de v ida is e nto vaz io de s inais e de pois dis s e para comigov ou come ccedilar a e s cre v e r para me curar da me ntira de um amor que acaba Tinha lav ado as minhas coisas quatro coisas e s tav a tudo limpo o me u corpo o me u cabe lo a minha roupa e tambeacute m aquilo que e nce rrav a o todo o corpo e a roupa e s te s quartos e s ta casa e s te parque E de pois come ce i a e s cre ve r
Margue rite Duras
07 de julho
08 de julho
O home m natildeo ama
Jamais o s e u pe ito mais duro que o accediloPalpita a natildeo se r a louca ambiccedilatildeoS upotildee -se - orgulhoso - que eacute sobe ranoQue todas as be las vassalas lhe satildeoMais falso que a brisa que as flore s bafe jaS e mil fore m be las a mil finge amarAss im um jaacute dis se e ass im faz e m todos Embora natildeo que iram jamais confe s sarCrueacute is como Ne ro satildeo todos os home nsAte iam as chamas de arde nte paixatildeoDe pois obse rv am sorrindo os e s tragos E diz e m cov arde s que tecirc m coraccedilatildeo
Luiza Ameacute lia de Que iroz
Minha cor Minha flor Minha cara Quarta e s tre la Le tras trecirc s Uma e s trada Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E pe rguntou Te m lugar pra mim
Espatoacutede a Gine ce u Cor de poacutele n S ol do dia Nuve m branca S e m sardas Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E e xplicou O mundo pra mim
Natildeo se i se e sse mundo taacute satildeo Mas pro mundo que e u v im jaacute natildeo e ra Me u mundo natildeo te ria razatildeo S e natildeo fosse a Zoeacute
Nando Re is09 de julho
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Via Laacutecte a
ldquoOra (dire is ) ouv ir e s tre las Ce rtoPe rde s te o s e nso E e u vos dire i no e ntantoQue para ouv i-las muita v e z de spe rtoE abro as jane las paacutelido de e spanto
E conv e rsamos toda a noite e nquantoA v ia laacutecte a como um paacutelio abe rtoCintila E ao v ir do sol saudoso e e m prantoInda as procuro pe lo ceacute u de se rto
Dire is agora Tre s loucado amigoQue conve rsas com e las Que se ntidoTe m o que diz e m quando e s tatildeo contigo
E e u v os dire i Amai para e nte ndecirc -las Pois soacute que m ama pode te r ouv idoCapaz de ouv ir e de e nte nde r e s tre las
Olav o Bilac
02 de julho
O e te rno insatis fe ito
S hantih pe rcorria as c idade s pre gando a palav ra de De us quando um home m v e io procuraacute-lo para que curasse s e us male s
ldquoTrabalhe Alime nte -s e E louve a De usrdquo re sponde u S hantih
ldquoAconte ce que quando como minha barriga que ima com az ia Quando be bo minha garganta arde com a be bida Quando re z o s into que De us natildeo me e scuta E quando trabalho s into minhas cos tas que doe m com o pe so da lav ourardquo dis s e o home m
ldquoEntatildeo busque outra pe s soa para e ns inaacute-lordquo
O home m foi e mbora re v oltado S hantih come ntou com os que ouv iram a conv e rsa
ldquoEle tinha duas formas de e ncarar cada coisa e e s colhe u s e mpre a pior Quando morre r eacute pos s iacutev e l que tambeacute m re c lame do frio de ntro do tuacutemulordquo
03 de julho
De um lado cantav a o sol De um lado cantav a o soldo outro suspirav a a luaNo me io brilhav a a tuaface de ouro g iras sol Oacute montanha da saudadea que por acaso v imoutrora fos te um jardime eacute s agora e te rnidade De longe re cordo a corda g rande manhatilde pe rdidaMorre m nos mare s da v idatodos os rios do amor Ai ce le bro-te e m me u pe itoe m me u coraccedilatildeo de salOacute flor sobre naturalg rande g iras sol pe rfe ito Acabou-se -me o jardimS oacute me re s ta do passadoe s te re loacuteg io douradoque ainda e spe rav a por mim
Ce ciacutelia Me ire le s
04 de julho
Ens iname nto
Minha matildee achava e s tudoa coisa mais fina do mundoNatildeo eacute A coisa mais fina do mundo eacute o s e ntime ntoAque le dia de noite o pai faz e ndo se ratildeoe la falou comigoCoitado ateacute e s sa hora no se rv iccedilo pe sadoArrumou patildeo e cafeacute de ixou tacho no fogo com aacutegua que nte Natildeo me falou e m amorEssa palav ra de luxo
Adeacute lia Prado
05 de julho
Daacute-me a tua matildeo
Daacute-me a tua matildeo Vou agora te contar como e ntre i no ine xpre s s iv o que se mpre foi a minha busca ce ga e s e cre ta De como e ntre i naquilo que e xis te e ntre o nuacuteme ro um e o nuacuteme ro dois de como v i a linha de mis teacute rio e fogo e que eacute linha sub-re ptiacutec ia Entre duas notas de muacutes ica e xis te uma nota e ntre dois fatos e xis te um fato e ntre dois g ratildeos de are ia por mais juntos que e s te jam e xis te um inte rvalo de e spaccedilo e xis te um se ntir que eacute e ntre o s e ntir - nos inte rs tiacutec ios da mateacute ria primordial e s taacute a linha de mis teacute rio e fogo que eacute a re spiraccedilatildeo do mundo e a re spiraccedilatildeo contiacutenua do mundo eacute aquilo que ouv imos e chamamos de s ilecirc ncio
Clarice Lispe ctor
06 de julho
Onte m agrave noite
Onte m agrave noite de pois da sua partida de finitiv a fui para aque la sala do reacute s -do-chatildeo que daacute para o parque fui para ali onde fico se mpre no mecirc s de junho e s se mecirc s que inaugura o Inve rno Tinha v arrido a casa tinha limpo tudo como se fos se ante s do me u fune ral Es tav a tudo de purado de v ida is e nto vaz io de s inais e de pois dis s e para comigov ou come ccedilar a e s cre v e r para me curar da me ntira de um amor que acaba Tinha lav ado as minhas coisas quatro coisas e s tav a tudo limpo o me u corpo o me u cabe lo a minha roupa e tambeacute m aquilo que e nce rrav a o todo o corpo e a roupa e s te s quartos e s ta casa e s te parque E de pois come ce i a e s cre ve r
Margue rite Duras
07 de julho
08 de julho
O home m natildeo ama
Jamais o s e u pe ito mais duro que o accediloPalpita a natildeo se r a louca ambiccedilatildeoS upotildee -se - orgulhoso - que eacute sobe ranoQue todas as be las vassalas lhe satildeoMais falso que a brisa que as flore s bafe jaS e mil fore m be las a mil finge amarAss im um jaacute dis se e ass im faz e m todos Embora natildeo que iram jamais confe s sarCrueacute is como Ne ro satildeo todos os home nsAte iam as chamas de arde nte paixatildeoDe pois obse rv am sorrindo os e s tragos E diz e m cov arde s que tecirc m coraccedilatildeo
Luiza Ameacute lia de Que iroz
Minha cor Minha flor Minha cara Quarta e s tre la Le tras trecirc s Uma e s trada Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E pe rguntou Te m lugar pra mim
Espatoacutede a Gine ce u Cor de poacutele n S ol do dia Nuve m branca S e m sardas Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E e xplicou O mundo pra mim
Natildeo se i se e sse mundo taacute satildeo Mas pro mundo que e u v im jaacute natildeo e ra Me u mundo natildeo te ria razatildeo S e natildeo fosse a Zoeacute
Nando Re is09 de julho
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
O e te rno insatis fe ito
S hantih pe rcorria as c idade s pre gando a palav ra de De us quando um home m v e io procuraacute-lo para que curasse s e us male s
ldquoTrabalhe Alime nte -s e E louve a De usrdquo re sponde u S hantih
ldquoAconte ce que quando como minha barriga que ima com az ia Quando be bo minha garganta arde com a be bida Quando re z o s into que De us natildeo me e scuta E quando trabalho s into minhas cos tas que doe m com o pe so da lav ourardquo dis s e o home m
ldquoEntatildeo busque outra pe s soa para e ns inaacute-lordquo
O home m foi e mbora re v oltado S hantih come ntou com os que ouv iram a conv e rsa
ldquoEle tinha duas formas de e ncarar cada coisa e e s colhe u s e mpre a pior Quando morre r eacute pos s iacutev e l que tambeacute m re c lame do frio de ntro do tuacutemulordquo
03 de julho
De um lado cantav a o sol De um lado cantav a o soldo outro suspirav a a luaNo me io brilhav a a tuaface de ouro g iras sol Oacute montanha da saudadea que por acaso v imoutrora fos te um jardime eacute s agora e te rnidade De longe re cordo a corda g rande manhatilde pe rdidaMorre m nos mare s da v idatodos os rios do amor Ai ce le bro-te e m me u pe itoe m me u coraccedilatildeo de salOacute flor sobre naturalg rande g iras sol pe rfe ito Acabou-se -me o jardimS oacute me re s ta do passadoe s te re loacuteg io douradoque ainda e spe rav a por mim
Ce ciacutelia Me ire le s
04 de julho
Ens iname nto
Minha matildee achava e s tudoa coisa mais fina do mundoNatildeo eacute A coisa mais fina do mundo eacute o s e ntime ntoAque le dia de noite o pai faz e ndo se ratildeoe la falou comigoCoitado ateacute e s sa hora no se rv iccedilo pe sadoArrumou patildeo e cafeacute de ixou tacho no fogo com aacutegua que nte Natildeo me falou e m amorEssa palav ra de luxo
Adeacute lia Prado
05 de julho
Daacute-me a tua matildeo
Daacute-me a tua matildeo Vou agora te contar como e ntre i no ine xpre s s iv o que se mpre foi a minha busca ce ga e s e cre ta De como e ntre i naquilo que e xis te e ntre o nuacuteme ro um e o nuacuteme ro dois de como v i a linha de mis teacute rio e fogo e que eacute linha sub-re ptiacutec ia Entre duas notas de muacutes ica e xis te uma nota e ntre dois fatos e xis te um fato e ntre dois g ratildeos de are ia por mais juntos que e s te jam e xis te um inte rvalo de e spaccedilo e xis te um se ntir que eacute e ntre o s e ntir - nos inte rs tiacutec ios da mateacute ria primordial e s taacute a linha de mis teacute rio e fogo que eacute a re spiraccedilatildeo do mundo e a re spiraccedilatildeo contiacutenua do mundo eacute aquilo que ouv imos e chamamos de s ilecirc ncio
Clarice Lispe ctor
06 de julho
Onte m agrave noite
Onte m agrave noite de pois da sua partida de finitiv a fui para aque la sala do reacute s -do-chatildeo que daacute para o parque fui para ali onde fico se mpre no mecirc s de junho e s se mecirc s que inaugura o Inve rno Tinha v arrido a casa tinha limpo tudo como se fos se ante s do me u fune ral Es tav a tudo de purado de v ida is e nto vaz io de s inais e de pois dis s e para comigov ou come ccedilar a e s cre v e r para me curar da me ntira de um amor que acaba Tinha lav ado as minhas coisas quatro coisas e s tav a tudo limpo o me u corpo o me u cabe lo a minha roupa e tambeacute m aquilo que e nce rrav a o todo o corpo e a roupa e s te s quartos e s ta casa e s te parque E de pois come ce i a e s cre ve r
Margue rite Duras
07 de julho
08 de julho
O home m natildeo ama
Jamais o s e u pe ito mais duro que o accediloPalpita a natildeo se r a louca ambiccedilatildeoS upotildee -se - orgulhoso - que eacute sobe ranoQue todas as be las vassalas lhe satildeoMais falso que a brisa que as flore s bafe jaS e mil fore m be las a mil finge amarAss im um jaacute dis se e ass im faz e m todos Embora natildeo que iram jamais confe s sarCrueacute is como Ne ro satildeo todos os home nsAte iam as chamas de arde nte paixatildeoDe pois obse rv am sorrindo os e s tragos E diz e m cov arde s que tecirc m coraccedilatildeo
Luiza Ameacute lia de Que iroz
Minha cor Minha flor Minha cara Quarta e s tre la Le tras trecirc s Uma e s trada Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E pe rguntou Te m lugar pra mim
Espatoacutede a Gine ce u Cor de poacutele n S ol do dia Nuve m branca S e m sardas Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E e xplicou O mundo pra mim
Natildeo se i se e sse mundo taacute satildeo Mas pro mundo que e u v im jaacute natildeo e ra Me u mundo natildeo te ria razatildeo S e natildeo fosse a Zoeacute
Nando Re is09 de julho
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
De um lado cantav a o sol De um lado cantav a o soldo outro suspirav a a luaNo me io brilhav a a tuaface de ouro g iras sol Oacute montanha da saudadea que por acaso v imoutrora fos te um jardime eacute s agora e te rnidade De longe re cordo a corda g rande manhatilde pe rdidaMorre m nos mare s da v idatodos os rios do amor Ai ce le bro-te e m me u pe itoe m me u coraccedilatildeo de salOacute flor sobre naturalg rande g iras sol pe rfe ito Acabou-se -me o jardimS oacute me re s ta do passadoe s te re loacuteg io douradoque ainda e spe rav a por mim
Ce ciacutelia Me ire le s
04 de julho
Ens iname nto
Minha matildee achava e s tudoa coisa mais fina do mundoNatildeo eacute A coisa mais fina do mundo eacute o s e ntime ntoAque le dia de noite o pai faz e ndo se ratildeoe la falou comigoCoitado ateacute e s sa hora no se rv iccedilo pe sadoArrumou patildeo e cafeacute de ixou tacho no fogo com aacutegua que nte Natildeo me falou e m amorEssa palav ra de luxo
Adeacute lia Prado
05 de julho
Daacute-me a tua matildeo
Daacute-me a tua matildeo Vou agora te contar como e ntre i no ine xpre s s iv o que se mpre foi a minha busca ce ga e s e cre ta De como e ntre i naquilo que e xis te e ntre o nuacuteme ro um e o nuacuteme ro dois de como v i a linha de mis teacute rio e fogo e que eacute linha sub-re ptiacutec ia Entre duas notas de muacutes ica e xis te uma nota e ntre dois fatos e xis te um fato e ntre dois g ratildeos de are ia por mais juntos que e s te jam e xis te um inte rvalo de e spaccedilo e xis te um se ntir que eacute e ntre o s e ntir - nos inte rs tiacutec ios da mateacute ria primordial e s taacute a linha de mis teacute rio e fogo que eacute a re spiraccedilatildeo do mundo e a re spiraccedilatildeo contiacutenua do mundo eacute aquilo que ouv imos e chamamos de s ilecirc ncio
Clarice Lispe ctor
06 de julho
Onte m agrave noite
Onte m agrave noite de pois da sua partida de finitiv a fui para aque la sala do reacute s -do-chatildeo que daacute para o parque fui para ali onde fico se mpre no mecirc s de junho e s se mecirc s que inaugura o Inve rno Tinha v arrido a casa tinha limpo tudo como se fos se ante s do me u fune ral Es tav a tudo de purado de v ida is e nto vaz io de s inais e de pois dis s e para comigov ou come ccedilar a e s cre v e r para me curar da me ntira de um amor que acaba Tinha lav ado as minhas coisas quatro coisas e s tav a tudo limpo o me u corpo o me u cabe lo a minha roupa e tambeacute m aquilo que e nce rrav a o todo o corpo e a roupa e s te s quartos e s ta casa e s te parque E de pois come ce i a e s cre ve r
Margue rite Duras
07 de julho
08 de julho
O home m natildeo ama
Jamais o s e u pe ito mais duro que o accediloPalpita a natildeo se r a louca ambiccedilatildeoS upotildee -se - orgulhoso - que eacute sobe ranoQue todas as be las vassalas lhe satildeoMais falso que a brisa que as flore s bafe jaS e mil fore m be las a mil finge amarAss im um jaacute dis se e ass im faz e m todos Embora natildeo que iram jamais confe s sarCrueacute is como Ne ro satildeo todos os home nsAte iam as chamas de arde nte paixatildeoDe pois obse rv am sorrindo os e s tragos E diz e m cov arde s que tecirc m coraccedilatildeo
Luiza Ameacute lia de Que iroz
Minha cor Minha flor Minha cara Quarta e s tre la Le tras trecirc s Uma e s trada Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E pe rguntou Te m lugar pra mim
Espatoacutede a Gine ce u Cor de poacutele n S ol do dia Nuve m branca S e m sardas Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E e xplicou O mundo pra mim
Natildeo se i se e sse mundo taacute satildeo Mas pro mundo que e u v im jaacute natildeo e ra Me u mundo natildeo te ria razatildeo S e natildeo fosse a Zoeacute
Nando Re is09 de julho
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Ens iname nto
Minha matildee achava e s tudoa coisa mais fina do mundoNatildeo eacute A coisa mais fina do mundo eacute o s e ntime ntoAque le dia de noite o pai faz e ndo se ratildeoe la falou comigoCoitado ateacute e s sa hora no se rv iccedilo pe sadoArrumou patildeo e cafeacute de ixou tacho no fogo com aacutegua que nte Natildeo me falou e m amorEssa palav ra de luxo
Adeacute lia Prado
05 de julho
Daacute-me a tua matildeo
Daacute-me a tua matildeo Vou agora te contar como e ntre i no ine xpre s s iv o que se mpre foi a minha busca ce ga e s e cre ta De como e ntre i naquilo que e xis te e ntre o nuacuteme ro um e o nuacuteme ro dois de como v i a linha de mis teacute rio e fogo e que eacute linha sub-re ptiacutec ia Entre duas notas de muacutes ica e xis te uma nota e ntre dois fatos e xis te um fato e ntre dois g ratildeos de are ia por mais juntos que e s te jam e xis te um inte rvalo de e spaccedilo e xis te um se ntir que eacute e ntre o s e ntir - nos inte rs tiacutec ios da mateacute ria primordial e s taacute a linha de mis teacute rio e fogo que eacute a re spiraccedilatildeo do mundo e a re spiraccedilatildeo contiacutenua do mundo eacute aquilo que ouv imos e chamamos de s ilecirc ncio
Clarice Lispe ctor
06 de julho
Onte m agrave noite
Onte m agrave noite de pois da sua partida de finitiv a fui para aque la sala do reacute s -do-chatildeo que daacute para o parque fui para ali onde fico se mpre no mecirc s de junho e s se mecirc s que inaugura o Inve rno Tinha v arrido a casa tinha limpo tudo como se fos se ante s do me u fune ral Es tav a tudo de purado de v ida is e nto vaz io de s inais e de pois dis s e para comigov ou come ccedilar a e s cre v e r para me curar da me ntira de um amor que acaba Tinha lav ado as minhas coisas quatro coisas e s tav a tudo limpo o me u corpo o me u cabe lo a minha roupa e tambeacute m aquilo que e nce rrav a o todo o corpo e a roupa e s te s quartos e s ta casa e s te parque E de pois come ce i a e s cre ve r
Margue rite Duras
07 de julho
08 de julho
O home m natildeo ama
Jamais o s e u pe ito mais duro que o accediloPalpita a natildeo se r a louca ambiccedilatildeoS upotildee -se - orgulhoso - que eacute sobe ranoQue todas as be las vassalas lhe satildeoMais falso que a brisa que as flore s bafe jaS e mil fore m be las a mil finge amarAss im um jaacute dis se e ass im faz e m todos Embora natildeo que iram jamais confe s sarCrueacute is como Ne ro satildeo todos os home nsAte iam as chamas de arde nte paixatildeoDe pois obse rv am sorrindo os e s tragos E diz e m cov arde s que tecirc m coraccedilatildeo
Luiza Ameacute lia de Que iroz
Minha cor Minha flor Minha cara Quarta e s tre la Le tras trecirc s Uma e s trada Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E pe rguntou Te m lugar pra mim
Espatoacutede a Gine ce u Cor de poacutele n S ol do dia Nuve m branca S e m sardas Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E e xplicou O mundo pra mim
Natildeo se i se e sse mundo taacute satildeo Mas pro mundo que e u v im jaacute natildeo e ra Me u mundo natildeo te ria razatildeo S e natildeo fosse a Zoeacute
Nando Re is09 de julho
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Daacute-me a tua matildeo
Daacute-me a tua matildeo Vou agora te contar como e ntre i no ine xpre s s iv o que se mpre foi a minha busca ce ga e s e cre ta De como e ntre i naquilo que e xis te e ntre o nuacuteme ro um e o nuacuteme ro dois de como v i a linha de mis teacute rio e fogo e que eacute linha sub-re ptiacutec ia Entre duas notas de muacutes ica e xis te uma nota e ntre dois fatos e xis te um fato e ntre dois g ratildeos de are ia por mais juntos que e s te jam e xis te um inte rvalo de e spaccedilo e xis te um se ntir que eacute e ntre o s e ntir - nos inte rs tiacutec ios da mateacute ria primordial e s taacute a linha de mis teacute rio e fogo que eacute a re spiraccedilatildeo do mundo e a re spiraccedilatildeo contiacutenua do mundo eacute aquilo que ouv imos e chamamos de s ilecirc ncio
Clarice Lispe ctor
06 de julho
Onte m agrave noite
Onte m agrave noite de pois da sua partida de finitiv a fui para aque la sala do reacute s -do-chatildeo que daacute para o parque fui para ali onde fico se mpre no mecirc s de junho e s se mecirc s que inaugura o Inve rno Tinha v arrido a casa tinha limpo tudo como se fos se ante s do me u fune ral Es tav a tudo de purado de v ida is e nto vaz io de s inais e de pois dis s e para comigov ou come ccedilar a e s cre v e r para me curar da me ntira de um amor que acaba Tinha lav ado as minhas coisas quatro coisas e s tav a tudo limpo o me u corpo o me u cabe lo a minha roupa e tambeacute m aquilo que e nce rrav a o todo o corpo e a roupa e s te s quartos e s ta casa e s te parque E de pois come ce i a e s cre ve r
Margue rite Duras
07 de julho
08 de julho
O home m natildeo ama
Jamais o s e u pe ito mais duro que o accediloPalpita a natildeo se r a louca ambiccedilatildeoS upotildee -se - orgulhoso - que eacute sobe ranoQue todas as be las vassalas lhe satildeoMais falso que a brisa que as flore s bafe jaS e mil fore m be las a mil finge amarAss im um jaacute dis se e ass im faz e m todos Embora natildeo que iram jamais confe s sarCrueacute is como Ne ro satildeo todos os home nsAte iam as chamas de arde nte paixatildeoDe pois obse rv am sorrindo os e s tragos E diz e m cov arde s que tecirc m coraccedilatildeo
Luiza Ameacute lia de Que iroz
Minha cor Minha flor Minha cara Quarta e s tre la Le tras trecirc s Uma e s trada Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E pe rguntou Te m lugar pra mim
Espatoacutede a Gine ce u Cor de poacutele n S ol do dia Nuve m branca S e m sardas Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E e xplicou O mundo pra mim
Natildeo se i se e sse mundo taacute satildeo Mas pro mundo que e u v im jaacute natildeo e ra Me u mundo natildeo te ria razatildeo S e natildeo fosse a Zoeacute
Nando Re is09 de julho
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Onte m agrave noite
Onte m agrave noite de pois da sua partida de finitiv a fui para aque la sala do reacute s -do-chatildeo que daacute para o parque fui para ali onde fico se mpre no mecirc s de junho e s se mecirc s que inaugura o Inve rno Tinha v arrido a casa tinha limpo tudo como se fos se ante s do me u fune ral Es tav a tudo de purado de v ida is e nto vaz io de s inais e de pois dis s e para comigov ou come ccedilar a e s cre v e r para me curar da me ntira de um amor que acaba Tinha lav ado as minhas coisas quatro coisas e s tav a tudo limpo o me u corpo o me u cabe lo a minha roupa e tambeacute m aquilo que e nce rrav a o todo o corpo e a roupa e s te s quartos e s ta casa e s te parque E de pois come ce i a e s cre ve r
Margue rite Duras
07 de julho
08 de julho
O home m natildeo ama
Jamais o s e u pe ito mais duro que o accediloPalpita a natildeo se r a louca ambiccedilatildeoS upotildee -se - orgulhoso - que eacute sobe ranoQue todas as be las vassalas lhe satildeoMais falso que a brisa que as flore s bafe jaS e mil fore m be las a mil finge amarAss im um jaacute dis se e ass im faz e m todos Embora natildeo que iram jamais confe s sarCrueacute is como Ne ro satildeo todos os home nsAte iam as chamas de arde nte paixatildeoDe pois obse rv am sorrindo os e s tragos E diz e m cov arde s que tecirc m coraccedilatildeo
Luiza Ameacute lia de Que iroz
Minha cor Minha flor Minha cara Quarta e s tre la Le tras trecirc s Uma e s trada Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E pe rguntou Te m lugar pra mim
Espatoacutede a Gine ce u Cor de poacutele n S ol do dia Nuve m branca S e m sardas Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E e xplicou O mundo pra mim
Natildeo se i se e sse mundo taacute satildeo Mas pro mundo que e u v im jaacute natildeo e ra Me u mundo natildeo te ria razatildeo S e natildeo fosse a Zoeacute
Nando Re is09 de julho
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
08 de julho
O home m natildeo ama
Jamais o s e u pe ito mais duro que o accediloPalpita a natildeo se r a louca ambiccedilatildeoS upotildee -se - orgulhoso - que eacute sobe ranoQue todas as be las vassalas lhe satildeoMais falso que a brisa que as flore s bafe jaS e mil fore m be las a mil finge amarAss im um jaacute dis se e ass im faz e m todos Embora natildeo que iram jamais confe s sarCrueacute is como Ne ro satildeo todos os home nsAte iam as chamas de arde nte paixatildeoDe pois obse rv am sorrindo os e s tragos E diz e m cov arde s que tecirc m coraccedilatildeo
Luiza Ameacute lia de Que iroz
Minha cor Minha flor Minha cara Quarta e s tre la Le tras trecirc s Uma e s trada Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E pe rguntou Te m lugar pra mim
Espatoacutede a Gine ce u Cor de poacutele n S ol do dia Nuve m branca S e m sardas Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E e xplicou O mundo pra mim
Natildeo se i se e sse mundo taacute satildeo Mas pro mundo que e u v im jaacute natildeo e ra Me u mundo natildeo te ria razatildeo S e natildeo fosse a Zoeacute
Nando Re is09 de julho
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Minha cor Minha flor Minha cara Quarta e s tre la Le tras trecirc s Uma e s trada Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E pe rguntou Te m lugar pra mim
Espatoacutede a Gine ce u Cor de poacutele n S ol do dia Nuve m branca S e m sardas Natildeo se i se o mundo eacute bom Mas e le ficou me lhor Quando vocecirc che gou E e xplicou O mundo pra mim
Natildeo se i se e sse mundo taacute satildeo Mas pro mundo que e u v im jaacute natildeo e ra Me u mundo natildeo te ria razatildeo S e natildeo fosse a Zoeacute
Nando Re is09 de julho
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
ldquoAss im como a matildeo te m o pode r de e s conde r o sol
a me diocridade te m o pode r de e s conde r a luz inte rior
Natildeo culpe os outros por sua proacutepria incompe tecirc nciardquo
10 de julho
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Algo existe
Algo e xis te num dia de v e ratildeoNo le nto apagar de suas chamas Que me impe le a s e r sole ne
Algo num me io-dia de v e ratildeoUma fundura - um azul - uma fragracircnciaQue o ecirc xtase transce nde
Haacute tambeacute m numa noite de v e ratildeoAlgo tatildeo brilhante e arre batadorQue soacute para v e r aplaudo -
E e scondo minha face inquiridoraRe ce ando que um e ncanto as s im tatildeo trecirc muloE sutil de mim se e scape
Emily Dickinson
11 de julho
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Vimos che gar as andorinhasconjugare m-se agraves e s tre lasimpacie ntare m-se os v e ntos
Agorae spe re mos o v e ratildeo do te u nascime ntotranquumlilos pre guiccedilosos
Tatildeo inse paraacutev e is as nossas fome sTatildeo e maranhadas as nossas v e iasTatildeo inde s trutiacutev e is os nossos sonhos
Espe ra-te um nomebre ve como um be ijoe o re ino ilimitadodos me us braccedilos
Viraacutescomo a luz maiorno sols tiacutec io de junho
Rosa Lobato de Faria
12 de julho
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
ldquo Os meus passos no caminho satildeo como os passos da lua vou chegando vais fugindo
minha alma eacute a sombra da tuardquo
Ceciacutelia Meireles
13 de julho
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
14 de julho
ldquoNha te rra eacute que l piquininoEacute S atildeo Vice nte eacute que di me u Nas praiasDa minha infacircnciaMorre m barcosDe smante lados
Fantasmas De pe scadore sContrabandis tasDe sapare cidosEm qualque r v agaNe m e u se i onde
E e u sou a me smaTe nho de z anosBrinco na are iaEmpunho os re mos Canto e sorrioA e mbarcaccedilatildeoPara o marEacute para o mar
E o pobre barcoO barco tris teCansado e frioNatildeo se mov e u
Yolanda Moraz zo
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
ldquoPorque o que natildeo s e compre e nde eacute ge ralme nte inte rpre tado mal
dis torcidame nte e aquilo que se v ecirc s e m pure z a inte rior de ixa e m se u lugar um te rriacutev e l vaz io para a alma De que v ale ria a um profano conte mplar os
Mis teacute riosS ome nte ge raria confusatildeo
um caminho s e guro ateacute a loucura e ao ce ptic ismo
Mais v ale mos trar-lhe s as coisas ao s e u alcance pois natildeo se ntiraacute o v az ione m abraccedilaraacute o e rro mas ante s aprov e itaraacute ao maacuteximo as suas
pote ncialidade s e spirituais Daiacute a utilidade das re lig iotildee s e xoteacute ricas
O g igante natildeo pode calccedilar a sandaacutelia do anatildeo ne m a e s te lhe s e rv e a daque le
Jorge Ange l Liv raga
15 de julho
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
JURA S ECRETA
S oacute uma coisa me e ntris te ce O be ijo de amor que natildeo roube i A jura se cre ta que natildeo fiz A briga de amor que e u natildeo cause i Nada do que posso me alucina Tanto quanto o que natildeo fiz Nada do que e u que ro me suprime Do que por natildeo sabe r ainda natildeo quis S oacute uma palav ra me de vora Aque la que me u coraccedilatildeo natildeo diz S oacute o que me ce ga o que me faz infe liz Eacute o brilho do olhar que e u natildeo sofri
S ue li Cos taAbe l S ilv a
16 de julho
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Que ro e scre v e r o borratildeo v e rme lho de sanguecom as gotas e coaacutegulos pingandode de ntro para de ntroQue ro e scre v e r amare lo-ourocom raios de trans lucide z Que natildeo me e nte ndampouco-se -me -daacuteNada te nho a pe rde rJogo tudo na v iolecirc nciaque s e mpre me pov oouo g rito aacutespe ro e agudo e prolongadoo g rito que e upor falso re spe ito humanonatildeo de i
Mas aqui vai o me u be rrome rasgando as profundas e ntranhasde onde brota o e s te rtor ambic ionadoQue ro abarcar o mundocom o te rre moto causado pe lo g ritoO c liacutemax de minha v ida se raacute a morte
Que ro e scre v e r noccedilotildee sse m o uso abus iv o da palav raS oacute me re s ta ficar nuanada te nho mais a pe rde r
Clarice Lispe ctor
17 de julho
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Esse olhar paradose m hoje ne m passadoEsse olhar se m e spe racomo canto pre soe m boca e ntre abe rtaEsse olhar cansadode s fe itose m je itonatildeo g rita natildeo choraEsse olhar de sarmadocomo barco se m le meExis teNatildeo posso ignoraacute-lo
Eugeacute nia Tabosa
18 de julho
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
19 de julho
S omos donos do que calamos e e scravos do
que falamos
Jorge Ange l Liv raga
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Passam no te u olhar nobre s corte jos Frotas pe ndotildee s ao v e nto sobrance iros Lindos v e rsos de antigos romance iros Ceacute us do Orie nte e m brasa como be ijos
Mare s onde natildeo cabe m te us de se jos Passam no te u olhar mundos inte iros Todo um povo de he roacuteis e marinhe iros Lanccedilas nuas e m ruacutetilos lampe jos
Passam le ndas e sonhos e milagre s Passa a Iacutendia a v isatildeo do Infante e m S agre s Em ce nte lhas de cre nccedila e de ce rte za
E ao s e ntir-s e tatildeo g rande ao v e r-te ass imAmor julgo traz e r de ntro de mimUm pe daccedilo da te rra portugue sa
Florbe la Espanca
20 de julho
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
21 de julho
S omos fug itiv as de todos os bairros de z inco e caniccedilo Fug itiv as das Munhuanas e dos Xipamanine s v ie mos do outro lado da c idade com nossos olhos e spantados nossas almas tranccediladas nossos corpos submissos e e s cancarados De matildeos aacutev idas e v az ias de ancas bambole ante s lacircmpadas v e rme lhas s e ace nde ndo de coraccedilotildee s amarrados de re pulsa de sce mos atraiacutedas pe las luze s da cidade ace nando conv ite s alic iante s como s inais luminosos na noite Vie mos Fug itiv as dos te lhados de z inco pingando cacimba do se m sabor do caril de ame ndoim quotidiano do doe r e spaacuteduas todo o dia v e rgadas sobre s e das que outras e xibiratildeo dos v e s tidos de sbotados de chita da ce rte z a te rriacutev e l do dia de amanhatilde re trato fie l do que passou s e m uma pince lada v e rde forte falando de e spe ranccedila
Noeacute mia de S ouz a
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Agraves s e is da tarde as mulhe re s chorav am no banhe iroNatildeo chorav am por is so ou por aquilochoravam porque o pranto subia garganta acimame smo se os filhos cre s c iam com boa sauacutede s e hav ia comida no fogoe s e o marido lhe s dav a do bom e do me lhorChorav am porque no ceacute ualeacute m do basculante o dia s e punhaporque uma acircns ia uma dor uma gas turae ra soacute o que sobrava dos se us sonhos Agora agraves se is da tarde as mulhe re s re g re s sam do trabalhoo dia s e potildee os filhos cre s ce mo fogo e spe rae e las natildeo pode m natildeo que re m chorar na conduccedilatildeo
Marina Colasanti
22 de julho
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Canccedilatildeo do Amor-Perfeito
O te mpo se ca a be le zase ca o amor s e ca as palav ras De ixa tudo solto le v e de sunido para se mprecomo as are ias nas aacuteguas O te mpo se ca a saudade se ca as le mbranccedilas e as laacutegrimas De ixa algum re trato ape nas vagando se co e v az iocomo e s tas conchas das praias O te mpo se ca o de se joe suas v e lhas batalhas S e ca o fraacuteg il arabe scov e s tiacuteg io do musgo humanona de nsa turfa mortuaacuteriaEspe rare i pe lo te mpocom suas conquis tas aacuteridas Espe rare i que te se que natildeo na te rra Amor-Pe rfe itonum te mpo de pois das almas
Ce ciacutelia Me ire le s
23 de julho
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Ateacute quando te raacutes minha alma e s ta doccedilura
e s te dom de sofre r e s te pode r de amar a forccedila de e s tar s e mpre ndash inse gura ndash
se gura como a fle cha que se gue a traje toacuteria
obscura fie l ao s e u mov ime nto e xata e m se u
lugar
Ce ciacutelia Me ire le s
24 de julho
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Natildeo te m v olta
S e v ocecirc vai por muito te mpov ocecirc nunca voltaVocecirc re tornaVocecirc contornamas natildeo te m v oltaa e s trada te sopra pro altopra outro ladoe nquantoaque le te mpov ai mudandoAiacute de quandoe m quando vocecirc le mbraaque le be ijoaque le me domas v ocecirc sabeque tudo ficou antigoe v ocecirc natildeo voltane m com e scoltane m amarradoporque o passadojaacute te pe rde ue o pe rigomuda me smo de e nde re ccediloNatildeo e xis te pre te xtoO dia mudouo carte iro natildeo v e ioo principio eacute o me ioe v ocecirc re tornamas natildeo te m v olta
Zeacute lia Duncan25 de julho
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz io
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ionunca a ningueacute m acale ntane nhuma voz a cantou
Canccedilatildeo de laacutebios ce rradosque e s tre me ce u no s ilecirc nciomuito ante s de te r princiacutepio
Canccedilatildeo de pe ito oprimidoque natildeo e ncontra palav rasporque ne m o be rccedilo e xis te
Ah que m sonhara acalantos fonte s e scorre ndo le itepara inconce bidos anjos
Num paiacutes irmatildeo da noitecanccedilatildeo da loucura mansapara ouv idos que natildeo ouve m
Canccedilatildeo do be rccedilo vaz ioe ntre cortada de pratose de risos e scondidos
Laacute do outro lado do mundo canccedilatildeo se m ne nhum se ntidopobre louca e s taacute cantando
He nrique ta Lisboa
26 de julho
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
A laranje ira Pe rfumada laranje iraLinda ass im de ssa mane iraS orrindo agrave luz do arre bolToda e m flore s branca toda- Pare ce a noiva do S olPre parada para a boda
E e sposa do S ol que a adoraCom que cuidados div inosCurva e la os ramos agoraE e ntre as folhas abrigados S e us filhos frutos dourados Pare ce m sois pe que ninos
Juacutelia Lope s de Alme ida
27 de julho
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
S ou de v idro
Me us amigos sou de v idroS ou de v idro e s cure cidoEncubro a luz que me habitaNatildeo por s e r fe ia ou bonitaMas por te r as s im nascidoS ou de v idro e s cure cidoMas por te r as s im nascidoNatildeo me atinjam natildeo me toque mMe us amigos sou de v idro
S ou de v idro e s cure cidoTe nho fumo por v e s tidoE um cinto de e s curidatildeoMas trago a transparecirc ncia Envolv ida no que digoMe us amigos sou de v idroPor is so natildeo me maltrate mNatildeo me que bre m natildeo me partamS ou de v idro e s cure cido
Te nho fumo por v e s tidoMas por as s im te r nascidoNatildeo por s e r fe ia ou bonitaEnvolv ida no que digoEncubro a luz que me habita
Liacutedia Jorge
28 de julho
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
Frutos e flore s
Me u amado me dizque sou como maccedilatildecortada ao me ioAs se me nte s e u te nhoeacute be m v e rdade E a s ime tria das curvasTiv e um ce rto ruborna pe le lisaque natildeo se ise ainda te nhoMas se e m abril flore scea macie irae u maccedilatilde fe itae pra laacute de maduraainda me de sdobroe m brancas flore scada v e z que sua facame traspassa
Marina Colasanti
29 de julho
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
30 de julho
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga
Que e s te amor natildeo me ce gue ne m me s iga E de mim me sma nunca se ape rce ba Que me e xclua de e s tar s e ndo pe rse guida E do torme nto De soacute por e le me sabe r e s tar se ndo Que o olhar natildeo se pe rca nas tulipas Pois formas tatildeo pe rfe itas de be le za Vecirc m do fulgor das tre vas E o me u S e nhor habita o rutilante e scuro De um supos to de he ras e m alto muro Que e s te amor soacute me faccedila de sconte nte E farta de fadigas E de frag ilidade s tantas Eu me faccedila pe que na E diminuta e te nra Como soacute soe m se r aranhas e formigas Que e s te amor soacute me v e ja de partida
Hilda Hils t
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach
31 de julho
Es tou aqui natildeo porque de va e s tar natildeo porque me s into cativo ne s ta s ituaccedilatildeo
mas porque pre firo e s tar contigo a e s tar e m qualque r outro lugar no mundo
Richard Bach