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Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RJ Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA POLPA DE CUPUAÇU (Theobroma grandiflorum Schum) CONGELADA. LIRA, J.S.S. *(IC); MELLO, A.A* (PQ); AZEREDO, D.R.P.*(PQ2) [email protected] Palavras-chave: cupuaçu, polpa congelada, análises físico-químicas, ácidos graxos Introdução O cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum Schum) é uma das plantas frutíferas de maior importância para a Amazônia, principalmente devido a sua participação na composição dos sistemas de produção, cultivados e extrativos, além da grande aceitação e consumo da polpa de seus frutos. Dentre os frutos tropicais nativos da Amazônia, o cupuaçu é aquele que reúne as melhores condições de aproveitamento industrial. A polpa do cupuaçu tem grande importância como matéria-prima, podendo ser produzida nas épocas de safra, armazenadas e processadas nos períodos mais propícios ou segundo a demanda do mercado consumidor, como doces em massa, geléias, gelados comestíveis, néctares entre outros. O presente estudo faz parte do projeto que objetiva avaliar o perfil cromatográfico dos ácidos graxos da polpa de cupuaçu. Nesta fase inicial o objetivo foi caracterizar, através de análises físico-químicas, as amostras de polpas de cupuaçu industrializadas e compará-las a polpa in natura. As amostras comerciais, em embalagens de polietileno de 100g, foram adquiridas em supermercados do Rio de Janeiro e denominadas marcas A e B, tendo sido analisadas em triplicata. As polpas forma mantidas a temperatura de -20ºC. Procederam-se análises de umidade, cinzas, acidez total titulável (ATT), ºBrix(SST) e relação SST/ATT, conforme metodologia descrita por Adolfo Lutz(2005). Para a obtenção da polpa in natura, adquiriu-se a fruta em uma rede de hortifruti do Rio de Janeiro e procedeu-se a lavagem com detergente neutro e escova para eliminar sujidades grosseiras. Após, efetuou-se a sanificação, através de imersão por 15 minutos em dicloro-S-triazenetione pH=7, nome comercial do Clor- in. A dosagem empregada, conforme instruções do fabricante deixa um residual de 20ppm de cloro livre por litro de água. Em seguida, a polpa in natura foi embalada em sacos plásticos e mantida a mesma temperatura das amostras comerciais. Resultados e Discussão Quando comparadas com o padrão de identidade e qualidade (PIQ) para polpa de cupuaçu estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da Instrução Normativa nº1 de 2000, verificou-se que as amostras A e B apresentaram valores de ATT inferiores ao preconizado. Em relação ao teor de sólidos solúveis, somente a marca B apresentou resultado inferior ao padrão estipulado, que é de 9,00ºBrix (Tabela 01). 1

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CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA POLPA DE CUPUAÇU (Theobroma grandiflorum Schum) CONGELADA.

LIRA, J.S.S. *(IC); MELLO, A.A* (PQ); AZEREDO, D.R.P.*(PQ2) [email protected]

Palavras-chave: cupuaçu, polpa congelada, análises físico-químicas, ácidos graxos

Introdução O cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum Schum) é uma das plantas frutíferas de maior importância para a

Amazônia, principalmente devido a sua participação na composição dos sistemas de produção, cultivados e

extrativos, além da grande aceitação e consumo da polpa de seus frutos. Dentre os frutos tropicais nativos da

Amazônia, o cupuaçu é aquele que reúne as melhores condições de aproveitamento industrial.

A polpa do cupuaçu tem grande importância como matéria-prima, podendo ser produzida nas épocas de

safra, armazenadas e processadas nos períodos mais propícios ou segundo a demanda do mercado

consumidor, como doces em massa, geléias, gelados comestíveis, néctares entre outros.

O presente estudo faz parte do projeto que objetiva avaliar o perfil cromatográfico dos ácidos graxos da polpa

de cupuaçu. Nesta fase inicial o objetivo foi caracterizar, através de análises físico-químicas, as amostras de

polpas de cupuaçu industrializadas e compará-las a polpa in natura.

As amostras comerciais, em embalagens de polietileno de 100g, foram adquiridas em supermercados do Rio

de Janeiro e denominadas marcas A e B, tendo sido analisadas em triplicata. As polpas forma mantidas a

temperatura de -20ºC. Procederam-se análises de umidade, cinzas, acidez total titulável (ATT), ºBrix(SST) e

relação SST/ATT, conforme metodologia descrita por Adolfo Lutz(2005).

Para a obtenção da polpa in natura, adquiriu-se a fruta em uma rede de hortifruti do Rio de Janeiro e

procedeu-se a lavagem com detergente neutro e escova para eliminar sujidades grosseiras. Após, efetuou-se

a sanificação, através de imersão por 15 minutos em dicloro-S-triazenetione pH=7, nome comercial do Clor-

in. A dosagem empregada, conforme instruções do fabricante deixa um residual de 20ppm de cloro livre por

litro de água. Em seguida, a polpa in natura foi embalada em sacos plásticos e mantida a mesma

temperatura das amostras comerciais.

Resultados e Discussão Quando comparadas com o padrão de identidade e qualidade (PIQ) para polpa de cupuaçu estabelecido pelo

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da Instrução Normativa nº1 de 2000, verificou-se

que as amostras A e B apresentaram valores de ATT inferiores ao preconizado. Em relação ao teor de

sólidos solúveis, somente a marca B apresentou resultado inferior ao padrão estipulado, que é de 9,00ºBrix

(Tabela 01).

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Tabela 01: Avaliação físico-química da polpa de cupuaçu

Os resultados apresentados foram corroborados por FREIRE et al.(2009), que realizaram análises físico-

químicas, microbiológicas e sensorial na polpa de cupuaçu. Em relação ao teor de sólidos solúveis, este

pode variar com a intensidade de chuva durante a safra, fatores climáticos, variedade, solo, adição eventual

de água durante o processamento por alguns produtores. Outras causas podem explicar a falta de

uniformidade de qualidade das polpas de cupuaçu, tais como processamento inadequado e utilização de mão

de obra não qualificada na produção.

É esperado que os valores de SST, umidade e cinzas da polpa in natura sejam diferentes dos valores

encontrados nas polpas industrializadas.

Em relação ao perfil de ácidos graxos do cupuaçu, no momento, busca-se a otimização das condições de

extração do óleo da polpa, utilizando-se a extração por soxhlet. Uma vez, concluída esta etapa, será

realizada a esterificação da amostra e posteriormente, por cromatografia gasosa, será avaliado o perfil em

ácidos graxos.

Conclusões Com relação aos padrões de identidade e qualidade fixados pela legislação, pode-se concluir que as

amostras não apresentaram uniformidade no tocante às suas características físico-químicas.

Agradecimentos Ao IFRJ e ao CNPq pelo apoio financeiro.

Referências

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos físico-químicos para analises de alimentos. 4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2005. 1002 p. FREIRE et al. Caracterização físico-química, sensorial e microbiológica da polpa de cupuaçu congelada (Teobroma grandiflorum schum). Braz.J. Food Technol. V.12 n.1 p.09-16, 2009. MAIA, M. C. C. A domesticação e o melhoramento do cupuaçu. Embrapa Acre. 2008. Disponível em: <http://www.agrosoft.org.br/agropag/103546.htm>. Acessado em: 29 abr. 2012. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO - MAPA. Instrução Normativa n°1 de 07 de janeiro de 2000. Aprova o Regulamento Técnico para fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para polpa de fruta. Diário Oficial da União de 10/01/2000, Brasília – DF.

Amostra (A) Amostra (B) Polpa in natura Umidade(%) 85,09±0,24 91,16±1,70 - Cinzas(%) 1,25±0,70 2,29±0,63 -

Acidez total expressa em ácido cítrico

(g/100g)

2,32±0,006 1,85±0,008 2,67±0,12

SST( ºBrix) 10,25±0,00 8,50±0,00 - Relação SST/ATT 4,42±0,00 8,50±0,01 -

pH 3,01±0,02 3,22±0,01 3,38±0,06

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Rua Pereira de Almeida, 88 – Praça da Bandeira, RJ CEP 20.260-100 E-mail: [email protected] -Tel. 21 3293-6025 Internet: http://www.ifrj.edu.br

Desenvolvimento inicial de palmito Juçara (Euterpe edulis Martius) sob

fragmento florestal em diferentes pedoformas e posições da encosta no município de Pinheiral - RJ

Allison de Castro Silva1, Diogo da Costa Peixoto1, Janciele de Oliveira Lopes, Lucas Frederico Gottgtroy Ribeiro Gomes3,Carlos Eduardo Gabriel Menezes3; Thiago Andrade Bernini4, Marcos

Gervasio Pereira5 [email protected]

1. Bolsista do Campus Nilo Peçanha – Pinheiral/IFRJ, 2. Estudantes colaboradores do Campus Nilo Peçanha – Pinheiral/IFRJ, 3.Professor orientador, 4. Pesquisador colaborador do Campus Nilo Peçanha – Pinheiral/IFRJ, 5. Pesquisador colaborador da

UFRRJ. Palavras-chave: fragmentos florestais, palmito Juçara, pedoforma e topossequência.

Introdução

Os fragmentos florestais remanescentes na região do Médio Vale do Paraíba do Sul

geralmente são muito pequenos e isolados, muito comumente, não protegidos e sob forte pressão antrópica. Nessas circunstâncias, os esforços de conservação destes fragmentos devem concentrar-se em pesquisas selecionadas para que proponham alternativas aos pequenos agricultores da região que conjuguem os aspectos econômicos associados aos benefícios ambientais.

Devido à exploração predatória, com base exclusiva na coleta, a extração do palmito coloca em risco a sobrevivência da juçara (Euterpe edulis Martius). A secção denominada de “coração” do palmito é extraída antes que a planta frutifique, interrompendo o ciclo natural e consequentemente a propagação por sementes.

O plantio do palmiteiro, a pleno sol, não é viável e o lento retorno financeiro é um dos principais fatores de desestímulo ao seu cultivo. No entanto, o enriquecimento de fragmentos florestais com palmiteiro juçara (Euterpe edulis Martius) pode ser uma alternativa para amenizar a pressão sobre os indivíduos que ocorrem em fragmentos florestais.

O presente projeto objetiva contribuir para busca de alternativas de exploração agrícola sustentável para as propriedades da região em estudo. Propõe avaliar o desenvolvimento vegetativo inicial da Juçara em diferentes pedoformas e posições na paisagem.

O estudo foi realizado no município de Pinheiral – RJ, na região do Médio Paraíba Fluminense, em área sob floresta em estádio avançado de sucessão, em dois modelos contíguos de paisagem - côncavo e convexo, divididos em três terços: terço superior, terço médio e terço inferior de encosta. Nas topossequências (côncava e convexa) foram demarcados em cada terço um talhão com dimensões de 30 x 14 m, onde as mudas foram plantadas em 2 de novembro de 2011(Figuras 1), com espaçamento de 2 m x 2 m, sendo identificadas, inicialmente, 30 plantas por parcela, as quais tiveram seus desenvolvimentos avaliados.

A área selecionada foi amostrada para avaliação da fertilidade do solo. A primeira avaliação foi realizada no dia 29 de dezembro de 2011 (considerado o tempo zero no campo). Foi realizada uma segunda medição 143 dias após a primeira. A diferença das medidas obtidas nas duas avaliações foi utilizada para quantificar o desenvolvimento inicial das plantas no campo. O parâmetro utilizado nessa fase inicial do projeto foi diâmetro do colo (mm). Os resultados foram submetidos à aplicação

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do teste de normalidade (teste de Lilliefors), avaliação da homogeneidade da variância (teste de Cochran e Barttlet) e análise de variância com aplicação do teste F a 5%.

Figura 1: Muda de palmito Juçara no dia do trasplantio.

Resultados e Discussão

As médias de crescimento do diâmetro a altura do colo (DAC) das mudas de palmito Juçara aos 143 dias após o plantio em local definitivo, são apresentadas na Tabela 1. Os valores obtidos nas diferentes formas e posições na encosta não apresentaram diferenças significativas, segundo o teste F a 5%. Tal comportamento pode ser atribuído ao desenvolvimento inicial lento, típico dessa espécie vegetal, nessa fase de estabelecimento sob floresta.

Tabela 1. Médias do diâmetro na altura do colo (DAC), em mm.

Forma Terço Inferior

Terço Médio

Terço Superior

Côncava 1,31ns 0,94ns 1,52ns

Convexa 1,32ns 1,14ns 0,77ns ns = não significativo pelo teste F a 5%.

Há expectativa quanto a influência desses fatores (forma e posição) nas fases seguintes de

desenvolvimento da espécie. A forma da vertente, convexa ou côncava, e o posicionamento nas

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encostas influenciam no fluxo da água, energia e redistribuição do material nas vertentes. Portanto, à paisagem na região do Médio Paraíba Fluminense, com seu relevo fortemente ondulado, apresenta situações que favorecem e outras que desfavorecem o desenvolvimento do palmiteiro juçara, influenciado pelas características do solo.

Espera-se que as plantas posicionadas na vertente convexa tenham melhor desenvolvimento em relação à côncava, devido ao menor fluxo de água, apresentando um ambiente mais estável, enquanto que a côncava fica numa posição de dreno, carreando a camada mais superficial do solo para as partes mais baixas da encosta. No entanto, a vertente côncava pode promover maior disponibilidade de água às plantas por estar em cota mais baixa, com menor incidência solar.

Em relação à posição na encosta, a água, provavelmente, terá grande influência no desenvolvimento do palmiteiro juçara. A capacidade de remoção de matérias pela energia da água das chuvas deverá ser maior nas partes mais baixas, onde terá maior volume e velocidade, o que acarretará solos com mais baixa fertilidade.

Conclusões

O crescimento inicial lento de mudas do palmiteiro Juçara não permitiu a constatação da influência da pedoforma e posições na encosta sobre o desenvolvimento de mudas dessa espécie nas condições da região do estudo.

Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro.

Referências

CONTE, R.; REIS, M.S. dos.; NODARI, R.O.; GUERRA, M.P. Aplicação de sistema de manejo sustentado para o palmiteiro Euterpe edulis Martius na Floresta Nacional de Ibirama - SC. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 50., 1999, Blumenau. Programa e resumos. Blumenau: Sociedade Botânica do Brasil / Universidade Regional de Blumenau, 1999. p.157-158.

GOBIN, A.; CAMPLING, P.; FEYEN J. Soil-landscape modelling to quantify spatial sariability of soil texture. Physics and Chemistry of the Earth. Oxford, v. 26, p. 41-45, 2001.

MONTANARI, R.; MARQUES JÚNIOR, J.; PEREIRA, G. T.; SOUZA, Z. M. Forma da paisagem como critério para otimização amostral de Latossolos sob cultivo de cana-deaçúcar. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 40, p. 69-77, 2005.

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DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIBEIRÃO CACHIMBAL EM PERÍODOS DE SECA Harison da Silva Ventura(IC)*, Rayla Dias Gaspar*(IC), Allana de Souza Izidório*, Luiz Felipe Machado de

Sant’anna Neto*, Mathiusca Batista Feu*

Daniele Gonçalves Nunes *(PQ); José Arimathéa Oliveira*(PQ2)

[email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – Campus Nilo Peçanha/Pinheiral* Palavras Chave: Cachimbal, diagnóstico, qualidade.

Introdução

As preocupações ambientais crescentes colocam a água em foco nas questões mundiais. Os recursos hídricos atualmente sofrem com a deterioração da sua qualidade e com o aumento da escassez que já atinge inúmeras regiões ao redor do planeta. O lançamento de efluentes sem tratamento, disposição inadequada de resíduos, uso irracional da água, manejo inadequado de bacias hidrográficas e a falta de adoção de práticas de conservação do solo, são causas para a poluição de mananciais que já vêm ocorrendo a centenas de anos, sendo o homem, o maior agente causador dessas alterações. As interferências antrópicas, associadas aos fenômenos naturais, alteram a qualidade da água, resultado também das ações de uso e ocupação das bacias hidrográficas.

O presente projeto foi desenvolvido na microbacia do ribeirão Cachimbal, sendo este, afluente do rio Paraíba do Sul, na região do Médio Vale Paraíba, sul do estado do Rio de Janeiro. Esta microbacia é de importância estratégica para o abastecimento público de algumas cidades, como Pinheiral, pois em caso de problemas com a qualidade e o fornecimento da água oriunda do rio Paraíba do Sul, passa a ser a única fonte de abastecimento. Além disso, é essencial a preservação e conservação dos afluentes de cursos de água como o rio Paraíba do Sul, já que grande parte da carga orgânica afluente a esses rios é originada da degradação das bacias hidrográficas afluentes. A área analisada no presente estudo contempla a microbacia do ribeirão Cachimbal, constituinte da bacia do rio Paraíba do Sul, situada na região do Médio Paraíba Fluminense, abrangendo os municípios de Pinheiral, Piraí e Volta Redonda no estado do Rio de Janeiro. O ribeirão Cachimbal situa-se entre as coordenadas geográficas 22°33’ e 22°38’ de latitude sul e 43°57’e 44°05’ oeste (OLIVEIRA, 1998).

Este estudo teve como objetivos: seleção dos principais pontos de coleta no rio principal (ribeirão Cachimbal); análises dos parâmetros de qualidade nos pontos selecionados período de estiagem no ano de 2011.

Resultados e Discussão

Levantamento dos principais pontos de coleta

O reconhecimento da área da bacia hidrográfica do ribeirão Cachimbal foi realizado através de pesquisa de campo, utilizando-se um equipamento receptor GPS (Global Positioning System). Foram coletados dados de coordenadas UTM (Universal Transverse Mercator). Pode-se observar, através das visitas de campo, a predominância de pastagens degradadas, além de pontos de poluição por despejo de dejetos, como na região de Arrozal, no ponto próximo à Praça Anita Abreu. Foram observados 21 pontos importantes dentro da bacia, entre pontos dentro do ribeirão Cachimbal e pontos relacionados aos seus afluentes, sendo demarcados até o presente momento 12 destes pontos. Serão utilizados como pontos de coleta 10 pontos. Isto devido à logística de análises de qualidade de água e medições de vazão (Quadro 1: Imagens dos pontos de coleta e medição).

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RP: Rio principal; AFL: Afluente.

Qualidade de Água

Observa-se, no quadro 2, que a concentração de CO (carbono orgânico) na amostra 1 chega a ser 10 vezes superior à outras amostras. Segundo NUNES (2008), a introdução de matéria orgânica em um corpo de água resulta em consumo de oxigênio dissolvido. Esse consumo se dá pela estabilização de matéria principalmente de origem carbonácea, o que pode explicar os níveis de CO sobem. Esse efeito, observado na amostra supracitada (propriedade do Warley), ocorre devido ao fato de o local de coleta estar próximo à saída de grandes quantidades de esgoto in natura oriundo das propriedades na área urbana. Nas demais amostras, observa-se que a concentração de CO está em níveis mais baixos.

Nota-se também que há presença de Escherichia Coli em todas as amostras analisadas. Isso é preocupante porque, segundo a Secretária de Saúde de São Paulo (2002), a bactéria “causa frequentemente diarreia em crianças em países menos desenvolvidos e em visitantes de países industrializados às áreas menos desenvolvidas.” A presença dessa bactéria está associada ao fato de o ribeirão Cachimbal receber despejos de esgotos e também estar próxima às áreas de pastagens.

A turbidez é um parâmetro que indica a presença de sólidos suspensos em algumas amostras, devendo-se isto, na maioria das vezes a pisoteios de animais ou à falta de conservação do solo da região, caracterizado em sua maioria por pastagens degradadas.

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Quadro 2 – Análise de qualidade da água do ribeirão Cachimbal e afluentes.

Descrição dos pontos

Referência Análises de Qualidade

CO pH Turbidez (NTU)

E Coli (presença/ ausência)

OBS

Sitio Bananal/N3 cachimb Amostra 4 4,0 7,65 20,6 +

Sitio do angico/afl Amostra 7 3,0 8,20 0,02 +

Cachimbal montante

confluência Amostra 3 5,0 7,92 38,3 +

Coletada diretament

e de tubulação

Cachimbal jusante confluência Amostra 5 5,0 7,60 0,02 + Após

vegetação Cachimbal/Pç. Anita Abreu/propriedade

Warley Amostra 1 20,0 7,60 44,6 +

Aparência mais

escura Confluência com

Pau d’Alho Amostra 8 3,0 7,02 6,60 +

Córrego Caixinha de Areia Amostra 9 3,0 7,49 15,7 +

Jusante da confluência com o Caixinha de Areia

Amostra 10 2,0 7,21 0,02 + Idem 4

Bomba da ETA Amostra 2 3,0 7,98 0,02 + Idem 4 Cahcimbal ponte do

campo de futebol Amostra 6 3,0 7,64 17,3 + Aparência mais clara

Conclusões

Pode-se concluir que a urbanização desordenada contribuí para o aumento dos níveis do pH, CO, turbidez e E. Coli, devido ao lançamento de efluentes sem tratamento no curso de água e disposição inadequada de resíduos.

Agradecimentos

Ao IFRJ pelo apoio financeiro, à Direção Geral e à Direção de Produção do CANP/IFRJ pelo suporte técnico e apoio logístico.

Referências

OLIVEIRA, J. A. Caracterização física da bacia do ribeirão Cachimbal – Pinheiral, RJ e de suas principais paisagens degradadas. 154p. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 1998.

SECRETARIA DE SAÚDE DE SÃO PAULO. Manual das doenças transmitidas por alimentos. Texto organizado pela Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, 2002. Disponível via URL em ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/hidrica/ecoli_enterotoxi.pdf (acessado em 15 mai 2012) NUNES, D. G. Modelagem da autodepuração e qualidade da água do rio Turvo Sujo. 118p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2008.

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DIAGNÓSTICO DA QUANTIDADE DA ÁGUA DO RIBEIRÃO CACHIMBAL EM PERÍODOS DE SECA Rayla Dias Gaspar*(IC), Harison da Silva Ventura(IC)*, Luiz Felipe Machado de Sant’anna Neto*, Allana

de Souza Izidório*, Liz Rodrigues de Souza*

Daniele Gonçalves Nunes *(PQ); José Arimathéa Oliveira*(PQ2)

[email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – Campus Nilo Peçanha/Pinheiral* Palavras Chave: Cachimbal, diagnóstico, quantidade.

Introdução

As preocupações ambientais crescentes colocam a água em foco nas questões mundiais. Os recursos hídricos atualmente sofrem com a deterioração da sua qualidade e com o aumento da escassez que já atinge inúmeras regiões ao redor do planeta. O conhecimento da disponibilidade hídrica de uma bacia hidrográfica é fundamental para a gestão dos recursos hídricos. Segundo NUNES (2008), o Brasil apesar de ser um país com abundância de recursos hídricos, possui algumas regiões que já sofrem escassez hídrica, tanto pela quantidade quanto pela deterioração da qualidade da água, devido à ausência de saneamento e ao lançamento de efluentes domésticos e industriais sem qualquer tratamento na maioria dos corpos de água.

O presente projeto foi desenvolvido na microbacia do ribeirão Cachimbal, sendo este, afluente do rio Paraíba do Sul, na região do Médio Vale Paraíba, sul do estado do Rio de Janeiro. Esta microbacia é de importância estratégica para o abastecimento público de algumas cidades, como Pinheiral, pois em caso de problemas com a qualidade e o fornecimento da água oriunda do rio Paraíba do Sul, passa a ser a única fonte de abastecimento. Além disso, é essencial a preservação e conservação dos afluentes de cursos de água como o rio Paraíba do Sul, já que grande parte da carga orgânica afluente a esses rios é originada da degradação das bacias hidrográficas afluentes. A área analisada no presente estudo contempla a microbacia do ribeirão Cachimbal, constituinte da bacia do rio Paraíba do Sul, situada na região do Médio Paraíba Fluminense, abrangendo os municípios de Pinheiral, Piraí e Volta Redonda no estado do Rio de Janeiro. O ribeirão Cachimbal situa-se entre as coordenadas geográficas 22°33’ e 22°38’ de latitude sul e 43°57’e 44°05’ oeste (OLIVEIRA, 1998).

Este estudo teve como objetivos: seleção dos principais pontos de coleta no rio principal (ribeirão Cachimbal); medições de vazão nos pontos selecionados período de estiagem no ano de 2011.

Resultados e Discussão

Levantamento dos principais pontos de coleta

O reconhecimento da área da bacia hidrográfica do ribeirão Cachimbal foi realizado através de pesquisa de campo, utilizando-se um equipamento receptor GPS (Global Positioning System). Foram coletados dados de coordenadas UTM (Universal Transverse Mercator). Pode-se observar, através das visitas de campo, a predominância de pastagens degradadas, além de pontos de poluição por despejo de dejetos, como na região de Arrozal, no ponto próximo à Praça Anita Abreu. Foram observados 21 pontos importantes dentro da bacia, entre pontos dentro do ribeirão Cachimbal e pontos relacionados aos seus afluentes, sendo demarcados até o presente momento 12 destes pontos. Serão utilizados como pontos de coleta 10 pontos. Isto devido à logística de análises de qualidade de água e medições de vazão (Quadro 1: Imagens dos pontos de coleta e medição).

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RP: Rio principal; AFL: Afluente.

Quantidade de Água

Observando-se o quadro 2, pode-se acompanhar o perfil do fluxo de quantidade de água no ribeirão Cachimbal e alguns de seus afluentes. A atividade em campo encontrou alguns obstáculos, principalmente devido ao longo período de estiagem de chuvas na região. As medições foram realizadas durante a segunda quinzena do mês de agosto de 2011, após quase 30 dias consecutivos de ausência de precipitação e foram utilizados dois métodos de medição de vazão: método volumétrico e método do flutuador. Os valores mais extremos foram encontrados nos pontos a montante da confluência com o córrego do Angico (Amostra 3) e no ponto que passa dentro da propriedade do Sr. Warley (Amostra 1), após receber grandes quantidades de esgoto in natura oriundo de área com concentração urbana. Na amostra 3, o baixo valor pode ser causado devido às captações sucessivas para abastecimento de propriedades rurais. Já na amostra 1, o alto valor pode ser oriundo do grande volume de efluentes despejados no ribeirão Cachimbal, fazendo com que sua vazão aumente consideravelmente. Após este ponto o ribeirão segue até os limites do município de Volta Redonda, retornando, devido aos divisores de água, para o município de Pinheiral, onde encontra outro afluente, o córrego Pau d’alho. Ao longo desse percurso, ocorrem também sucessivas captações para abastecimento de diversas propriedades rurais e urbanas, reduzindo a vazão disponível no curso de água. Não foram verificados registros oficiais e também não foram realizados cadastros desses usuários. Podem-se observar vários pontos de assoreamento ao longo do curso do ribeirão e seus afluentes, isso pode prejudicar a disponibilidade hídrica da bacia em relação à quantidade e qualidade da água.

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Quadro 2 – Análise de quantidade da água do ribeirão Cachimbal e afluentes.

Descrição Referência Análises de Qualidade Observações Vazão (L/s)

Sitio Bananal/N3 cachimb Amostra 4 O fluxo da água não era suficiente para

medir. -

Sitio do angico/afl Amostra 7 - 20,02 Cachimbal montante

confluência Amostra 3 Usou-se o método volumétrico. 0,051

Cachimbal jusante confluência Amostra 5 O fluxo da água não era suficiente para

medir. -

Cachimbal/Pç. Anita Abreu/propriedade Warley Amostra 1

Dificuldade em deslizar o flutuador

devido à grande presença de

sólidos/poluição

1716,97

Confluência com Pau d’Alho Amostra 8 - 120,31

Córrego Caixinha de Areia Amostra 9 O fluxo da água não era suficiente para

medir. -

Jusante da confluência com o Caixinha de Areia Amostra 10 - 205,31

Bomba da ETA Amostra 2 - 146,44

Cachimbal ponte do campo de futebol Amostra 6 Folhas dificultaram a

medição 169,00

Conclusões

Pode-se concluir que a urbanização desordenada e a ausência de práticas de conservação do solo contribuem para as variações de vazão na bacia do ribeirão Cachimbal.

Agradecimentos

Ao IFRJ pelo apoio financeiro, à Direção Geral e à Direção de Produção do CANP/IFRJ pelo suporte técnico e apoio logístico.

Referências

OLIVEIRA, J. A. Caracterização física da bacia do ribeirão Cachimbal – Pinheiral, RJ e de suas principais paisagens degradadas. 154p. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 1998.

NUNES, D. G. Modelagem da autodepuração e qualidade da água do rio Turvo Sujo. 118p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2008.

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Estudo da produção de etanol a partir da fermentação da lactose presente

no soro de queijo

Camila da Costa Cavalcanti; Gabrielle dos Santos Marques Elisa Helena da Rocha Ferreira *(PQ); Cláudio Luis Souza Pinto**(PQ2); Allana de Sousa

Izidório**(PQ2) [email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – Campus Pinheiral*, Campus Maracanã** Palavras-chave: Soro de queijo, etanol, lactose.

Introdução Conforme o aumento do crescimento demográfico, as questões ambientais estão cada vez mais

fazendo parte da pauta das reuniões governamentais. A busca por energias renováveis em substituição aos combustíveis fósseis como petróleo ou, o não menos importante, controle e tratamento de resíduos, que cada vez mais impactam o meio ambiente, necessitam de estudos e grandes investimentos financeiros.

Nas empresas privadas ou do setor público, a busca por parcerias com institutos de pesquisas, possibilita o desenvolvimento tecnológico de equipamentos e ou soluções viáveis para os seus resíduos e diminuição do consumo de energia.

Outra questão importante no âmbito ambiental é a perda da biodiversidade em função das alterações climáticas com o aumento da temperatura média da terra, alterando o clima em diversas partes do globo. Assim na busca por contribuir para o desenvolvimento de pesquisas na área, identifica-se que no meio rural/urbano, é constante a busca por soluções alternativas a um resíduo bastante comum nas agroindústrias.

O Campus Nilo Peçanha – Pinheiral (CANP), que integra o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), localizado no Município de Pinheiral, Estado do Rio de Janeiro, possui uma área de 318 hectares de terra, sendo 30 hectares destinados ao setor de Bovinocultura de leite, produzindo aproximadamente 600 litros por dia. O leite é destinado a Unidade Educativa de Produção (UEP) de Agroindústria para o seu processamento e beneficiamento, possibilitando a realização das aulas práticas dos Cursos Técnicos de Agropecuária e Agroindústria. Um dos produtos derivados do leite fabricados pela UEP é o queijo, que durante o procedimento de fabricação gera uma grande quantidade de resíduo, o soro de queijo. Parte desse resíduo é destinada a produção de bebidas lácteas e parte é comercializado.

Segundo DOMINGUES 1999, o soro é o líquido obtido após precipitação da caseína do leite. As características do efluente obtido na produção de queijo que, por um lado, possui um elevado valor nutricional, mas por outro, é um potencial poluente, constituem um ponto de enormes pressões para que as indústrias de lacticínios encontrem alternativas para o seu uso. Porém, pelo alto custo de implantação, a instalação de uma planta de tratamento biológico de soro, muitas vezes torna-se inviável para a maioria das indústrias. Consequentemente, grande parte do soro de queijo produzido em diversas partes do mundo ainda é incorporada às águas residuais dos laticínios, sendo a principal fonte poluidora do meio ambiente gerada por esse setor (DRAGONE, 2009).

Por apresentar lactose, o soro de queijo torna-se uma fonte barata de açúcar diretamente fermentável, desde que seja utilizada uma levedura adequada e que uma suplementação suficiente seja disponibilizada. Para se obter esta fermentação o microrganismo mais utilizado para a produção de etanol é a levedura do gênero Kluyveromyces. (COUTINHO, 2009).

O etanol pode ser produzido por processos bioquímicos, utilizando como substrato os resíduos agroindustriais que, eventualmente podem ser prejudiciais para o meio ambiente, como o soro de queijo. Portanto, a fermentação alcoólica da lactose, presente no soro, por processos altamente produtivos, pode ser considerada uma alternativa de biorremediação de um efluente potencialmente poluente, além de gerar um bioproduto de interesse comercial (SILVEIRA, 2006).

Dentro desse contexto, o estudo propõe alternativa tecnológica para as agroindústrias e indústrias de laticínios, a utilização do soro de queijo como substrato para a fermentação, utilizado na conversão da lactose e geração de produtos de interesse. Neste sentido, a partir dos resultados no laboratório, analisar-se-

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á a viabilidade de se produzir etanol, uma opção entre as fontes não convencionais de energia, em uma planta de produção pré-industrial. Com isto, além de diminuir os impactos ambientais, devido a emissão de agentes poluentes nos cursos d'água, provocando, entre outros, a destruição da flora e da fauna, também a obtenção de um produto de interesse comercial utilizado na matriz energética do país.

As análises laboratoriais foram executadas em parceria com o Campus Maracanã e a metodologia segundo GABARDO, 2010.

A matéria prima utilizada no processo de fermentação, o soro de queijo, foi fornecida pela UEP de agroindústria do Campus Pinheiral do IFRJ. Para sua conservação, o soro de queijo foi estocado em freezer a -16ºC.

Os microorganismos que seriam utilizados no processo de fermentação seriam as leveduras Kluyveromyces marxianus CCT 4086 e Kluyveromyces marxianus CCT 6498, ambas adquiridas da Coleção de Culturas Tropicais da Fundação André Tosello (SP, Brasil), porém, encontramos disponíveis para a venda somente a Levedura Kluyveromyces marxianus CCT 4086.

Para a Manutenção e renovação das culturas microbianas as linhagens foram mantidas em placas de Petri contendo meio nutritivo YEPD, composto de extrato de levedura (10 g.L-1), peptona bacteriológica (20 g.L-1), lactose (20 g.L-1), em substituição à glicose anidra, e ágar (20 g.L-1), pH ajustado para 7,0 com NaOH 0,1M. Previamente a sua utilização, o meio de cultivo adotado foi esterilizado em autoclave a 121ºC por 15 minutos. As linhagens foram plaqueadas em meio YEPD e incubadas em estufa a 30ºC por 24 horas para o crescimento celular e, posteriormente armazenado a 4ºC. A cada 30 dias as culturas foram renovadas via repique.

No preparo do pré-inóculo, uma colônia isolada foi transferida assepticamente para 50 mL de meio YEPD líquido estéril em frasco erlenmeyer de 250 mL. As linhagens foram incubadas em agitador rotacional, e mantidas sob agitação orbital de 180rpm, a uma temperatura de 30ºC (±0,2 ºC), por 12 horas. Em seguida, os inóculos foram preparados através da padronização da concentração celular para densidade óptica (DO 600) igual a 1.

Durante a fermentação em frascos agitados o cultivo foi conduzido em frascos erlenmeyers de 250 mL contendo 135 mL de soro de queijo (70 g/L) esterilizado (121 ºC por 15 minutos), pH 7,0. Previamente a sua utilização, as proteínas do soro de queijo foram hidrolisadas com uma protease comercial (alcalase 2.4L, Novozymes, PR, Brasil). Em seguida, 15 mL de inóculo foi adicionado ao soro de queijo, totalizando um volume de fermentação de 150 mL. Os erlenmeyers contendo as culturas foram incubados em agitador orbital, a uma temperatura de 30ºC (±0,2 ºC), sob agitação de 150 rpm, por 48 horas.

Para a determinação dos métodos analíticos, amostras de 3 mL do meio fermentativo foram coletadas em 0, 6, 12, 24 e 48 horas para determinação da concentração de lactose e etanol. O preparo das amostras foi realizado através de centrifugação a 3000g por 15 minutos, 4ºC para separar as células do meio de cultivo e o sobrenadante analisado

Para a determinação de lactose foi utilizado o método do ácido 3,5-dinitrosalicílico-DNS. A concentração de etanol foi determinada por cromatografia gasosa.

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Resultados e Discussão

Os experimentos de bioconversão da lactose, presente no soro de queijo, a etanol foi verificada apenas para a linhagem de leveduras da espécie de Kluyveromyces marxianus CCT 4086, sendo um dos objetivos a comparação entre dois tipos de leveduras, as linhagens Kluyveromyces marxianus CCT 4086 e Kluyveromyces marxianus CCT 6498, sendo que uma delas não está disponível para compra no mercado comercial. Por este motivo, espera-se que a partir da aquisição da levedura, o projeto seja concluído. Foram feitas análises e o perfil de consumo de lactose e produção de etanol foi praticamente consumido em sua totalidade nas primeiras 12 horas de cultivo e o açúcar foi praticamente consumido nas primeiras 24 horas, sugerindo um metabolismo mais lento da levedura. Contudo, ao final do cultivo, verifica-se que a capacidade de metabolização da lactose corresponde a 94%. Estamos aguardando a entrega da levedura, para concluirmos os testes com o apoio dos laboratórios do CAMPUS Maracanã, já que o nosso, no CAMPUS Pinheiral, encontra-se em reforma geral, impossibilitando novas análises.

Conclusões Identificamos que o uso do soro de queijo para produção de etanol apresentou um grande potencial de aproveitamento, assim, uma alternativa ao uso deste resíduo tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. O presente projeto ainda se encontra em andamento, conforme descrito anteriormente. Estamos

aguardando a chegada do outro microorganismo para uma avaliação conclusiva.

Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro.

Referências

COUTINHO, M. R. V. et al. Produção de etanol em soro de queijo por Saccharomyces fragillis, Kluyveromyces lactis e Kluyveromyces marxianus. Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009. Universidade Norte do Paraná/Centro de Pesquisa em Ciências Agrárias.

DOMINGUES L., N. LIMA e J.A.TEIXEIRA. Novas metodologias para a fermentação alcoólica do soro de queijo. Conferência nacional sobre a qualidade do ambiente, 6, Lisboa, 1999 - "Actas da 6.ª Conferência Nacional sobre a Qualidade do Ambiente". Lisboa : Universidade Nova de Lisboa, 1999. vol. 3, p. 271-280.

DRAGONE, G. et al. Obtenção e caracterização de bebida destilada a partir da fermentação do soro de queijo. Braz. J. Food Technol., VII BMCFB, junho 2009. Disponível em: http://www.ital.sp.gov.br/bj/artigos/especiais/especial_2009_2/v12ne_t0242.pdf Acesso em: 03 de maio de 2011. GABARDO, S; RECH, R; AYUB, M. A. Z. Produção de etanol a partir da fermentação do soro de queijo. Congresso Internacional de Bioenergia. Centro de Eventos Sistemas FIEP, Curitiba, Paraná – Brasil, 2010.

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SILVEIRA, R. F. Produção de etanol por leveduras em biorreatores com células livres e imobilizadas utilizando soro de queijo. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Dissertação de Mestrado em Microbiologia Agrícola e do Ambiente, Porto Alegre, RS – Brasil, 2006.

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Implantação e Implementação de Boas Praticas de Fabricação (BPF) e dos

Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO) em Unidade Educativa de Produção de Carnes e Derivados

Claudia Quintiliano; Leticia Lima

Elisa Helena da Rocha Ferreira (PQ)

[email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – Campus Pinheiral Palavras-chave: Boas Praticas de Fabricacao, Procedimentos Padroes de Higiene Operacional.

Introdução

A produção de alimentos com segurança exige cuidados especiais, para que se eliminem, quase na sua totalidade, os riscos de contaminação provocados por perigos físicos, químicos e biológicos a que esses alimentos estão sujeitos. Para atingir este objetivo, as indústrias de alimentos vêm redirecionando seus sistemas de gestão da qualidade para torná-los cada vez mais preventivos e menos corretivos. Diante deste quadro, o Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), associado às Boas Práticas de Fabricação (BPF), tem-se revelado como ferramenta básica do sistema moderno de gestão da qualidade nas indústrias de bebidas, não só por garantir a segurança dos produtos, mas também por reduzir os custos e aumentar a lucratividade, através da diminuição das perdas e do retrabalho. Além disso, estas ferramentas da qualidade otimizam processos e tornam desnecessárias boa parte das análises laboratoriais realizadas no sistema de controle de qualidade tradicional, tornando o processo de controle transparente e confiável. As Boas Práticas de Fabricação são um conjunto de princípios e regras para o correto manuseio de alimentos, abrangendo desde as matérias-primas até o produto final, de forma a garantir a segurança e a integridade do consumidor. A adoção das Boas Práticas de Fabricação é requisito fundamental em um Programa de Segurança de Alimentos, e sua utilização como instrumento de fiscalização pela Vigilância Sanitária passou a ser regulamentada pela Portaria 1428 do Ministério da Saúde, publicada em 1993 e exigida a partir de 1994. As Portarias 326 (Ministério da Saúde) e 368 (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), possibilitaram a regulamentação e definiram a obrigatoriedade dos estabelecimentos industriais produtores de alimentos implantarem o Programa de Boas Práticas, como também definiram o escopo e a abrangência do programa. Várias outras Portarias e Regulamentos foram publicados posteriormente, possibilitando um aprimoramento das referências para os estabelecimentos iniciarem os seus trabalhos de implementação do Programa de Boas Práticas. Independente da legislação específica, considerando a obrigatoriedade de implementação destes programas, as indústrias de alimentos e os serviços de alimentação que desejavam se manter competitivos no mercado nacional e mesmo internacional, proporcionando ao consumidor produtos com qualidade e segurança, iniciaram os trabalhos de implementação do Programa de Boas Práticas de Fabricação desde o início da década de 90. A principal vantagem da implementação do Programa de Boas Práticas é a garantia de produtos de melhor qualidade e mais seguros, sendo o maior beneficiário a saúde pública. Além disso, as organizações que adotam as BPF podem obter maior lucro e uma imagem de respeito no mercado,

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além de proporcionarem um ambiente de trabalho melhor, mais agradável, limpo e seguro, com funcionários com melhor estado psicológico, maior motivação e produtividade.

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Resultados e Discussão

Este trabalho foi realizado na Unidade Educativa de Producao de Agroindustria de produtos carneos, localizada no IFRJ campus Pinheiral. A Agroindustria iniciou suas atividades em 2011 objetivando o processamento de carne suína produzida no campus. Atualmente, produz-se linguiça frescal e defumada, lombo, lombinho, costela, bacon e kit feijoada (rabo, orelha e pe) defumados embalados a vácuo e comercializados sob refrigeração. A capacidade produtiva atual é de 250 Kg de produtos carneos por semana, podendo chegar a 500 Kg, caso haja demanda. O diagnóstico inicial foi realizado em marco de 2012. Para realização do diagnóstico inicial foi utilizada uma lista de verificação elaborada com base na RDC 326/MS e na RDC 275/MS. A utilização da lista de verificação durante a auditoria teve como principais objetivos garantir a abordagem de todos os pontos importantes nos níveis de profundidade e abrangência necessários, permitir melhor gerenciamento do tempo envolvido em cada área ou atividade, servir como guia auxiliar e facilitar o registro de constatações e observações. Esta auditoria inicial permitiu diagnosticar as não-conformidades existentes e mensurar o nível de aderência da da agroindustria à legislação. Foi registrada a situação da agroindustria, destacando-se os pontos positivos e negativos das áreas envolvidas. O material gerado serviu para sensibilização da Direcao Geral e para ser utilizado em treinamentos, além de ter possibilitado a realização de futuras comparações das mudanças ocorridas ao longo do processo de implementação. Os itens abordados foram:

o Edificação e Instalações: área externa, acesso, área interna, piso, teto, paredes e divisórias, portas, janelas e outras aberturas, escadas, elevadores de serviço, montacargas e estruturas auxiliares, instalações sanitárias e vestiários para os manipuladores, instalações sanitárias para visitantes, lavatórios na área de produção, iluminação e instalação elétrica, ventilação e climatização, higienização das instalações, controle integrado de vetores e pragas urbanas, abastecimento de água, manejo dos resíduos, esgotamento sanitário, lay out;

o Equipamentos, Móveis e Utensílios e sua higienização; o Manipuladores: vestuário, hábitos higiênicos, estado de saúde, programa decontrole de saúde,

equipamento de proteção individual, programa de capacitação dos manipuladores e supervisão;

o Produção e Transporte do Alimento: matéria-prima, ingredientes e embalagens, fluxo de produção, rotulagem e armazenamento do produto final, controle de qualidade do produto final, transporte do produto final;

o Documentação: Manual de Boas Práticas de Fabricação, Procedimentos Operacionais Padronizados.

Durante a realização do diagnóstico, as não-conformidades foram classificadas como itens imprescindíveis ou necessários, de modo a determinar quais itens eram prioritários. Itens imprescindíveis são aqueles que devem ser atendidos obrigatoriamente, pois representam alto grau de risco para a segurança dos produtos elaborados. Já os itens necessários são aqueles que devem ser atendidos, porém não representam um risco direto à segurança do produto. Após a realização do diagnóstico foi elaborado, em conjunto com os responsáveis das áreas, um plano de ação para a eliminação das não-conformidades. Neste plano constavam as ações corretivas associadas a cada não-conformidade, os responsáveis e os prazos para execução.

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Para garantir o sucesso do planejamento, foi feito o monitoramento do cumprimento das ações junto aos responsáveis, através de verificações periódicas. Durante estas reuniões, foi possível determinar os principais entraves em relação às ações planejadas, bem como rever os prazos de execução das ações propostas. Foi elaborada toda a documentação pertinente às Boas Práticas, em conjunto com os colaboradores/supervisores envolvidos nos respectivos processos. Fazem parte desta documentação o Manual de Boas Práticas, os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) e as Instruções de Trabalho (ITs). O treinamento foi reazlizado por aula expositivo dialogada ministrada pelo Prof. Fabiano de Oliveira do CEFET Valenca. Foi abordado questões de higiene pessoal, contaminantes alimentares, doenças transmitidas por alimentos (DTA), manipulação higiênica dos alimentos e a importância que os manipuladores têm para produzir um alimento seguro e com qualidade. O diagnostico final será realizado por auditoria em Junho de 2012.

Conclusões

As Boas Praticas de Fabricacao e os Prodedimentos Padroes de Higiene Operacional são fundamentais para a garantia da qualidade na producao de produtos carneos. O manual de Boas Praticas de Fabricacao e os Procedimentos Padroes de Higiene Operacional estão em fase de implementacao. O diagnostico final do trabalho será realizado em Junho de 2012. A maioria das não conformidades foi corrigida por capacitação, motivação, conscientização dos funcionários e comprometimento da Direção Geral, no entanto é importante enfatizar a necessidade do treinamento contínuo do pessoal.

Agradecimentos

Ao IFRJ pelo apoio financeiro.

Referências

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 275, de 21 de outubro de 2002. Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial [da] República do Brasil, Brasília, DF. Disponível em www.anvisa.gov.br. Acesso em 15/05/2011. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 368, de 04 de Setembro de 1997. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em 16 nov. 2010.

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Implantação de técnicas de horsemanship com ênfase em manejo racional no Campus Nilo Peçanha – Pinheiral do IFRJ

Ana Célia da Silva Gonzalez Dieguez*, Hugo Pereira da Silva* Igor da Silva Fernandes, Fábio Teixeira de Pádua*; João Carlos de Carvalho Almeida**; Marcos Fábio de Lima*

fabio.padua(a)@ifrj.edu.br

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Palavras-chave: comportamento animal, etologia, manejo, doma racional, equinocultura.

Introdução A diferença em algumas características permitem distinguir o cavalo do homem, assim fica mais fácil

entender o que é o Horsemanship. Traduzindo, HORSE-MAN-SHIP significa cavalo – homem – relação, ou seja, a relação entre cavalos e humanos. Porém, o horseman vai muito além de estar presente na vida e no dia a dia dos cavalos. Um ótimo treinador, que vive dos cavalos, que ganha muitas provas pode não ser um bom horseman se essa pessoa não enxergar o cavalo como um animal, com diferenças e principalmente não respeitar e nem exigir o respeito dessa criatura tornando o cavalo apenas uma máquina viva de ganhar dinheiro (Torres, 1992). Da mesma maneira que um simples tratador, com um baixo grau de instrução, mas que se relaciona bem com os animais que estão sob sua responsabilidade, se preocupa com eles, se preocupa em entender o que se passa com eles, pode ser um excelente horseman.

O verdadeiro horseman é o profissional que tem consciência de que homem e cavalo são duas criaturas diferentes, porém, são obrigadas por vontade do ser humano, a conviverem no mesmo mundo. O horseman é o indivíduo que se preocupa em minimizar os impactos dessa fusão de mundos diferentes tanto para o cavalo quanto para o homem, através do entendimento e da compreensão das atitudes (Roberts, 2001).

Certamente que por não falarmos a mesma língua, existem sérios problemas de comunicação e muitos atritos entre essas duas espécies que dividem o mesmo espaço, e se houvesse uma luta honesta e justa o homem sempre perderia principalmente por causa das características físicas. É sempre válido lembrar que os cavalos nunca escolheram essa convivência com o ser humano. O homem é que chegou, invadiu espaço e impôs essa convivência forçada.

Mas é possível que exista sim uma relação harmoniosa e mútua entra essas duas criaturas. Na cabeça dos cavalos, a principio, todo ser humano é predador. Através dos exercícios e das técnicas de horsemanship, essa imagem de predador, de ameaça se transforma na figura do líder que o cavalo teria, se fosse selvagem, no seu habitat natural. Para que isso aconteça é preciso saber interpretar o que os cavalos nos falam. Essa comunicação é mais eficiente através da linguagem corporal. Esse é o principal motivo da importância de se ter uma sensibilidade para perceber os movimentos e atitudes dos equídeos e ter uma resposta adequada, em tempo hábil, para aquela atitude daquele animal.

Com todos esses conceitos e informações, fica claro a importância de entendermos a mente dos equídeos, fazer com que eles nos entendam e fazer dessa convivência obrigatória uma relação onde o respeito, a segurança, a compreensão e o bem estar, tenham a mesma importância e se tornem primordiais para um melhor manejo dos animais que estão ao nosso redor.

Com todas as diferenças e complexidades citadas anteriormente, entender o comportamento dos cavalos e saber como agir desde as situações rotineiras simples até as mais complicadas que podem surgir durante o dia a dia passa a ser uma questão de segurança e de ganho de tempo. Uma vez adquirindo esse conhecimento e sabendo como utilizá-lo tudo passa a ser simples e descomplicado e o mais importante, transmitindo confiança e segurança para os animais. O objetivo do presente projeto é atender a demanda da disciplina de equinocultura, atividades de extensão e demais atividades desenvolvidas na Campus Pinheiral, as quais possa se fazer necessário o uso dos equideos.

Resultados e Discussão

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O que se espera com o desenvolvimento do presente projeto é a evolução da tropa de equideos do Campus Pinheiral no tocante a mansidão, domestição e adaptação as diversas atividades atividades desenvolvidas com estes animais na instituição.

Conclusões

Por se tratar de um tema que se destaca devido a sua importância e pelo potencial da equinocultura na região sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro, bem como, no Brasil, espera-se proporcionar aos alunos envolvidos conhecimento para atuar nesta cadeia produtiva.

Agradecimentos

Ao IFRJ pelo apoio financeiro e a FAPERJ pela concessão das bolsas.

Referências ROBERTS, M. O Homem que ouve cavalos. 1 ed. São Paulo: Bertrand Brasil, 2001. 362 p. TORRES, A. P.; Jardim, W. R. Criação de cavalo e de outros equinos. 3ª. ed. São Paulo: Noel, 1992. 643 p.

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Eficiência produtiva e reprodutiva de fêmeas bovinas de corte de diferentes

grupos genéticos

Bruno Costa de Carvalho *, Igor Luis da Silva Novo*

Fábio Teixeira de Pádua*; João Carlos de Carvalho Almeida**; Marcos Fábio de Lima* fabio.padua(a)@ifrj.edu.br

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*,Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Palavras-chave: heterose; ganho de peso; habilidade materna; conversão alimentar, raças bovinas.

Introdução Nos últimos anos, pressões impostas pela abertura de mercados, além da competição exercida por outros

tipos de carnes e da concorrência por área pelas atividades agrícolas, têm exigido maior eficiência do setor produtivo de carne bovina do Brasil. A competitividade tornou-se elemento fundamental no setor pecuário de corte e, com ela, a necessidade de se disponibilizar para o mercado consumidor produtos de boa qualidade com preços acessíveis. Produzir de forma eficiente e eficaz tornou-se sinônimo de sobrevivência ou permanência no negócio (Alencar, 2004).

No Brasil, até o início da década de 80, os programas de seleção priorizavam frequentemente características morfológicas das raças zebuínas e de seus mestiços, em detrimento dos aspectos funcionais, o que resultou em um atraso no aprimoramento dos animais para produção de carne.

A utilização de animais adaptados ao meio é pré-requisito para a manutenção de sistemas de produção estáveis e eficientes. Sendo assim, inúmeras discussões têm abordado métodos de melhoramento, levando em consideração o ambiente e o sistema de produção. Entretanto, há ainda escassez quase absoluta de informações referentes à eficiência energética de diferentes genótipos para produção de bezerros em ambientes pré-estabelecidos.

Os programas de cruzamento, envolvendo raças européias e zebuínas possibilitam a obtenção, em curto prazo, de animais com bom potencial produtivo, capazes de produzir carcaças de alta qualidade, bem aceitas no mercado internacional. Permitem, ao mesmo tempo, obter-se animais adaptados a cada ambiente, a partir da escolha criteriosa das raças cruzantes.

A importância do setor de cria na eficiência de produção de bovinos de corte não pode ser subestimada, considerando-se que as exigências de mantença da vaca representam cerca de 70% da energia total gasta pela matriz durante o ano (Ferrel e Jenkins, 1982; Salis er al., 1988) e que aproximadamente 50% da energia necessária para a produção de um novilho no ponto de abate são representados pelas exigências de mantença da mãe (Ferrell & Jenkins, 1982). As exigências nutricionais vem sendo objeto de um número crescente de trabalhos, no país, direcionados basicamente a animais em fase de crescimento/terminação.

No entanto, o Brasil não possui ainda normas nacionais de exigências nutricionais de bovinos de corte e há carência completa de estudos voltados ao estabelecimento das exigências nutricionais de vacas zebuínas ou mestiças. São também incipientes os estudos enfocando a eficiência de conversão da energia alimentar de vacas zebuínas e mestiças em peso de bezerro desmamado.

Há controvérsia quanto à existência de diferença na habilidade de utilização de rações ricas em fibra entre animais zebuínos e animais de raças européias e seus mestiços. Os resultados disponíveis não permitem ainda definição clara sobre o tema.

De forma geral, vacas com maior potencial leiteiro (raça leiteira ou de dupla aptidão) têm maior exigência energética de mantença, por unidade de tamanho metabólico, que vacas de raças de corte especializadas (NRC, 1996), e, embora tendam a desmamar bezerros mais pesados, podem não ser vantajosas em ambientes nutricionalmente limitados, quanto se analisa a eficiência energética da produção de bezerros desmamados.

São objetivos do presente estudo avaliar a eficiência reprodutiva de vacas de corte de diferentes grupos genéticos a saber: nelore, gir, tabapuã e F1 marchigiana x nelore, em regime exclusivo de pasto, utilizando para isso os pesos dos bezerros(as) ao parto, a desmama e o ganho de peso durante o período.

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Resultados e Discussão Espera-se com a realização do presente projeto compravar se há ou não diferença entre as fêmeas

bovinas de corte de diferentes grupos genéticos no tocante a capacidade de parir bezerros pesados, desmamá-los pesados e com isso justificar a criação de um grupo em detrimento genético em detrimento a outro.

Conclusões O presente projeto visa diagnosticar o grupo genético de fêmeas bovinas de corte que se adequa as

condições edafo-climáticas, nutricionais e de manejo comuns nas fazendas que exploram a pecuária de corte na região sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro.

Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro e CNPq pela concessão das bolsas de estudos.

Referências ALENCAR, M. M. (2004) Utilização de cruzamentos industriais na pecuária de corte tropical. In: Santos, F. A.

P., Moura, J. C., Faria, V. P. (eds), Pecuária de Corte Intensiva nos Trópicos, Anais... FEALQ, Piracicaba, SP, p.149-171.

FERREL, C. L.; JENKINS, T. G. (1982) Efficiency of cows of different size and milk production. Germoplasma Evaluation Program. Progress Report, n.10, US MARC – ARM. Nc-2 Dec. p. 12-19.

NATIONAL RESEARH COUCIL – NRC. (1996) Nutrient requirements of beef cattle. Seventh Rev. Ed. Update, Washington, DC: National Academic of Sciences, 242p.

SALIS, J. C., BYERS, F. M., SCHELLING, G. T. et al. (1988) Mantenance requirements and energetic efficiency of cows of different breed types. Journal Animal Science. 66:764-773.

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Fixação de Carbono em Sistemas Silvipastoris

Izaias Augusto Sampaio Fernandes*; Raira de Oliveira Lopes*; Fábio Teixeira de Pádua*; João Carlos de Carvalho Almeida**; Maurílio de Faria Vieira Júnior*; Thiago Andrade Bernini*

[email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro** Palavras-chave: sustentabilidade; efeito estufa; produção animal; bem estar animal; sequestro de carbono.

Introdução As florestas de eucalipto oferecem múltiplos usos de acordo com SILVA & SOUZA (1994), tendo em vista

as suas funções ambientais dentre as quais pode-se destacar: melhoria da qualidade do ar; diminuição do aquecimento global, pelo seqüestro de gás carbônico; controle do efeito erosivo do vento; redução de níveis de poluição aérea pela retenção e absorção de gases e de partículas sólidas; redução da intensidade de fenômenos erosivos pelo recobrimento do solo; contribuição no processo de regularização da vazão de mananciais hídricos; melhoria da capacidade produtiva do solo pela ciclagem de nutrientes; redução da pressão sobre remanescentes de florestas nativas; aumento da estabilidade ecológica das áreas dos plantios pelo surgimento de sub-bosque e conseqüente aumento da biodiversidade; abrigo, refúgio e fonte de alimento para a fauna silvestre (sub-bosque); melhoria na qualidade da água; utilização para fins recreacionistas e educativos; melhoria do valor paisagístico, incluindo a valorização do terreno; geração de renda no setor rural; recuperação de áreas degradadas; alternativa energética estratégica, por ser uma fonte renovável; contribuir para o processo global de aprimoramento científico e tecnológico pela geração de novas técnicas na parte florestal e industrial do empreendimento; geração de novas divisas pela garantia de auto-abastecimento do produto florestal e conquista do mercado internacional.

Em comparação com os sistemas convencionais de uso da terra, a agrossilvicultura tem como objetivo principal permitir maior diversidade e sustentabilidade. Do ponto de vista ecológico, a coexistência de mais de uma espécie em uma mesma área pode ser justificada em termos da ecologia de comunidades, desde que as espécies envolvidas ocupem nichos diferentes, de tal forma que seja mínimo o nível de interferência (BUDOWSKI, 1991).

Os sistemas agroflorestais têm sido definidos como sistemas viáveis de uso da terra, que além de aumentarem o rendimento da área, combinam simultaneamente ou em seqüência na mesma unidade de área a produção de culturas agrícolas, espécies florestais e/ou animais (KING e CHANDLER, 1978).

Entretanto, nos reflorestamentos com eucaliptos o valor forrageiro do sub-bosque é baixo ou inexistente. A necessidade de se encontrar formas de redução dos custos de implantação e manutenção das plantações de eucaliptos, de garantir produtividade, de minimizar conflitos de objetivos entre grupos pela posse da terra, de reduzir a variação no emprego de mão-de-obra ao longo do ano e de minimizar os processos de erosão do solo e os impactos ao meio ambiente são questões às quais podem ser aplicadas perspectivas de agroecossistemas, como os sistemas consorciados de florestas com pastagens (SANTOS, 1990) o que justifica o plantio intercalado de forrageiras.

A utilização do gênero Brachiaria spp. em sistemas consorciados com árvores já é prática difundida em muitas regiões, como mostram alguns autores. SANCHEZ et al. (1982) citam a consorciação de braquiárias em sistemas silvipastoris na Amazônia, particularmente as espécies B. decumbens e B. humidicola.

Objetiva-se avaliar os efeitos das atividades silvipastoris sobre o ecossistema e interligar estes efeitos ao nível de degradação, à capacidade de regeneração e à possibilidade de reabilitação do meio ambiente por meio de mudanças de manejo nos sistemas de cultivos tradicionais.

Avaliar economicamente os diferentes sistemas com relação a: resultados financeiros alcançados pelo ganho de peso dos animais, pela produção de fitomassa florestal e a possibilidade da obtenção de créditos oriundos da comercialização do carbono mitigado.

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Resultados e Discussão Espera-se obter com o desenvolvimento do presente projeto a melhoria da qualidade do ar; diminuição do

aquecimento global, pelo seqüestro de gás carbônico; controle do efeito erosivo do vento; redução de níveis de poluição aérea pela retenção e absorção de gases e de partículas sólidas; redução da intensidade de fenômenos erosivos pelo recobrimento do solo; contribuição no processo de regularização da vazão de mananciais hídricos; redução da pressão sobre remanescentes de florestas nativas; aumento da estabilidade ecológica das áreas dos plantios pelo surgimento de sub-bosque e conseqüente aumento da biodiversidade; abrigo, refúgio e fonte de alimento para a fauna silvestre (sub-bosque); melhoria na qualidade da água; utilização para fins recreacionistas e educativos; geração de renda no setor rural; recuperação de áreas degradadas; alternativa energética estratégica, por ser uma fonte renovável; contribuir para o processo global de aprimoramento científico e tecnológico pela geração de novas técnicas na parte florestal e industrial do empreendimento; geração de novas divisas pela garantia de auto-abastecimento do produto florestal e conquista do mercado internacional.

Conclusões Pode-se concluir até o presente momento que o projeto em questão está em sintonia com as diretrizes

dos diversos segmentos da economia mundial, ou seja, a preocupação com as questões ambientais, a busca pela sustentabilidade dos sistemas silvispastoris e o bem estar animal.

Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro e ao CNPq pelas bolsas concedidas que possibilitaram a participação dos alunos no presente projeto.

Referências BUDOWSKI, G. Aplicabilidad de los sistemas agroforestais In: SEMINÁRIO SOBRE PLANEJAMENTO DE

PROJETOS AUTO-SUSTENTÁVEIS DE LENHA PARA AMÉRICA LATINA E CARIBE, 1991, Turrialba. Anais ... Turrialba: FAO, v.1, p.161-167. 1991.

KING, K. F. S. & CHANDLER, T. The easted lands. Nairobi, ICRAF, 1978. 35p. SANCHEZ, P. A., BANDY, J. H., VILLACHICA, J. H. et al. Amazon basin soils: management for continuos

crop production. Science, v.216, n.821, 1982. SANTOS, F. L. C. Comportamento do Eucalyptus cloëziana F. Muell em plantio consorciado com

forrageiras, na região do cerrado, em Montes Claros, Minas Gerais. Viçosa: UFV, Impr. Univ., 1990. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) Universidade Federal de Viçosa, 1990.

SILVA, E.; SOUZA, A. L. Perfil ambiental das florestas plantadas no Brasil. Viçosa: Imprensa Universitária, 1994, 121p. (Documento SIF no12).

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Caracterização de bebida fermentada simbiótica formulada com polpa de yacon

(Smallanthus sonchifolius)

Talita Késia de Almeida*, Giselle Duarte de Oliveira***, Bárbara Eliana Florinda de Oliveira*, Elismara Lilia do Carmo**, Valdiana Marina de Oliveira**, Eliana de Souza Marques dos Santos***;

Armando Sabaa Srur****

E-mail do orientador(a) [email protected]

*Bolsista de Iniciação Científica PIBICIT Jr / CNPq, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – Campus Pinheiral,** Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ, Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Rio de Janeiro – Campus Pinheiral, *** Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – Campus Pinheiral, ****Universidade Federal do Rio de Janeiro - Instituto de Nutrição Josué de Castro

Palavras-chave: Iogurte, yacon, Smallanthus sonchifolius, probiótico e prebiótico

Introdução O yacon (Smallanthus sonchifolius), planta originária das regiões andinas, foi introduzido no Brasil, no

início dos anos 90 (ROSA et al., 2009). A planta yacon apresenta um agradável sabor doce, similar ao melão ou pêra, e devido ao seu alto conteúdo aquoso, deixa a sensação refrescante depois de ser consumida, razão pela qual é considerada como uma fruta (MALDONADO et al., 2008).

Na sua composição, o yacon tem como principais substâncias água e carboidratos, os quais são entre 40 a 70% estão armazenados sob forma de frutooligossacarídeos (FOS) (ROSA et al., 2009). O FOS é utilizado em alimentos como prebióticos que reconhecidamente estimula o crescimento da flora bacteriana intestinal, melhorando o trânsito intestinal, prevenindo o desenvolvimento de câncer de cólon (BEDOYA, CUARÁN & FAJARDO, 2008). Além disso, ela tem uma capacidade geleificante o que influência na absorção de macronutrientes, especialmente carboidratos, atrasando o esvaziamento gástrico e assim retardando sua absorção, ou seja, contribuindo para aumento de saciedade e controle da glicemia pós-prandial (ROLIM et al., 2011).

Basicamente, o yacon tem sido utilizado como ingrediente de sucos, pães ou bolo sob forma de farinha. Entretanto, por se tratar de um alimento com efeito prebiótico e conhecendo o interesse crescente do consumidor por alimentos diet/ light, o iogurte que é um produto fermentado, de grande aceitação, elaborado por uma cultura mista de bactérias, consideradas probióticas, pode contribuir com a melhoria da saúde (SANTANA et al., 2006).

Neste escopo, o objetivo deste estudo foi desenvolver um iogurte com baixos teores de gordura e açúcares com propriedades funcionais simbióticas (probiótica e prebiótica) e para fins especiais, levando-se em conta que o iogurte é um alimento rico em nutrientes, podendo contribuir com o mercado de consumidores que procuram por produtos inovadores capazes de manter a saúde e retardar o aparecimento de doenças.

As matérias-primas utilizadas foram: leite de vaca, adquirida pelo setor de Bovinocultura do próprio campus, o edulcorante artificial aspartame e o tubérculo yacon que foram obtidos no comércio varejista local.

Através de testes sensoriais premilinares, o processo de fabricação do iogurte com baixo teor de gordura e adicionado de 1% de edulcorante aspartame foi feito com o leite, pasteurizado e desnatado, inoculado pela cultura starter Yo-Flex YF-L812 (CH, Brasil) a 45oC e o período de incubação foi de 5 h até atingir o pH 4,6. Em seguida, o iogurte foi resfriado e então separado em 3 amostras diferentes, nos quais foram adicionados 0%, 20% e 40% de polpa de yacon.

O grau de aceitação dos iogurtes adoçados foi avaliado utilizando teste efetivo com 112 provadores com faixa etária maior que 18 anos, de ambos os sexos, escolhidos aleatoriamente, não treinados, e que tivessem o hábito de consumir iogurte. Os provadores receberam 30 g de cada amostra, servidos em copos plásticos descartáveis em temperatura de 10 oC, e concomitantemente uma ficha de Teste de Aceitabilidade – Escala Hedônica estruturada de 9 pontos, na qual os consumidores identificaram gradientes que variaram de gostei extremamente a desgostei extremamente para os atributos: aceitação global, sabor e aparência do produto.

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Os dados foram avaliados por análise de variância (ANOVA) e o teste de Tukey ao nível de significância de 5% utilizando o software Assistat 7.6. O critério de decisão utilizado para o Índice de Aceitabilidade foi igual ou superior a 70% (MEILGAARD; CIVILLE; CARR, 1991).

Ainda foi determinado na polpa de yacon o conteúdo de fibra total e suas frações de acordo com as recomendações dos métodos físico-químicos para análise de alimentos do Instituto Adolfo Lutz (SÃO PAULO, 2008).

Resultados e Discussão Os resultados encontrados de fibra alimentar total e suas frações solúvel e insolúvel estão

apresentados na Tabela 1. O quantitativo de fibras insolúveis (4.30%) foi maior quando comparado com as solúveis (0.15%), o que veio corroborar com os resultados encontrados por Rolim et al. (2011) que a analisou a farinha de yacon, em base úmida, adicionado em pães. Tabela 1. Composição química média de fibras alimentares em base seca dado em g/100 g de polpa de yacon.

Fibra Alimentar Total (FAT)

Fibra Insolúvel (FI) Fibra Solúvel (FS)

Média 4,45 4.30 0.15 Desvio-padrão --- 1.87 1.34

Baseado na legislação brasileira, para um produto ser considerado fonte de fibra é preciso apresentar no mínimo 1,5% em fibras e para ser considerado um produto com alto teor deve apresentar no mínimo 3% (BRASIL, 1998). Dessa forma, o iogurte com baixo teor de gordura e adoçado com edulcorante aspartame foi adicionado com três teores de polpa de yacon diferentes: (A) 0% de polpa de yacon (controle); (B) 20% de polpa de yacon (fonte de fibras); (C) 40% de polpa de yacon (rico em fibras).

Os resultados obtidos na análise sensorial segundo o atributo Aceitação Global estão apresentados na Tabela 2. Observa-se que os iogurtes contendo 20% e 40% de yacon não apresentaram diferença significativa quando comparado com o iogurte controle. No entanto, a nota dada para o iogurte com 40% de polpa de yacon foi equivalente ao gradiente “não gostei nem desgostei”, o que pode ser atribuído pela textura/ aparência já que 19.6% dos consumidores mencionaram que a consistência estava “aguada”, explicado pela natureza da fruta que apresenta alto conteúdo aquoso (MALDONADO et al., 2008). O que pode ter influenciado também nas médias atribuídas ao atributo Aparência (Tabela 3).

Tabela 2. Média do atributo Aceitação Global do consumidor para os iogurtes avaliados.

Aceitação 0% de Polpa de Yacon 20% de Polpa de Yacon 40% de Polpa de Yacon Média 7.65a 6.41b 5.90b

*Médias na mesma linha seguidas de letras diferentes entre as amostras pelo teste de Fisher (p<0,05). Tabela 3. Média do atributo Aparência do consumidor para os iogurtes avaliados.

Aceitação 0% de Polpa de Yacon 20% de Polpa de Yacon 40% de Polpa de Yacon Média 7.87a 7.00b 6.26c

*Médias na mesma linha seguidas de letras diferentes entre as amostras pelo teste de Fisher (p<0,05).

Com relação ao atributo sabor (Tabela 4), apesar de não ter tido diferença estatística entre os iogurtes com 20% e 40% de polpa de yacon, 37% dos provadores indicaram que o que mais gostaram do iogurte com 20% de yacon foi o sabor. Tabela 4. Média do atributo Sabor do consumidor para os iogurtes avaliados.

Aceitação 0% de Polpa de Yacon 20% de Polpa de Yacon 40% de Polpa de Yacon Média 7.86a 6.52b 6.04b

*Médias na mesma linha seguidas de letras diferentes entre as amostras pelo teste de Fisher (p<0,05).

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O iogurte com 20% de polpa de yacon apresentou um Índice de Aceitabilidade de 71%, indicando, segundo Meilgaard, Civille & Carr (1991), boa aceitação do produto. Tal resultado é similar ao encontrado por Teixeira et al. (2009) que adicionou 15% de polpa de yacon in natura em suco de laranja industrializado.

Conclusões O estudo mostrou que a adição de 20% de polpa de yacon em iogurte com baixos teores de gordura

e açúcar teve boa aceitabilidade sensorial comparado a amostra controle. Além disso, Além disso, o novo produto possui como vantagens teor de fibra alimentar com ação prebiótica que associada ao iogurte, considerado um próbiotico, pode ter um sinérgico resultando em benefícios à saúde tais como no auxílio à prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, exemplos o Diabetes mellitus e a obesidade, consideradas problemas de saúde pública no Brasil.

Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro. E ao CNPq e Faperj pela concessão de bolsas de iniciação científica.

Referências 1. BEDOYA, O.A.; CUARÁN, G.P.; FAJARDO, J.C. Extracción, cristalización y caracterización de inulina a partir de yacón (Smallanthus sonchifolius) para su utilización en la industria alimentaria y farmacêutica. Facultad de Ciencias Agropecuarias, v. 6, n. 2, p. 14-20, 2008. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 27, de 13 de janeiro de 1998. Regulamento técnico referente à informação nutricional complementar (declarações relacionadas ao conteúdo de nutrientes), constantes do anexo desta Portaria. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 16 jan. 1998. Disponível em: http://e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php?id=97&word. Acesso em: 15 maio. 2012. 3. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Procedimentos e determinações gerais. In: Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4 Ed. São Paulo, 2008. cap 4, p 133-142 4. MALDONADO, S. et al.. Cinética de la transferencia de masa durante la deshidratación osmótica de yacón (Smallanthus sonchifolius). Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.28, n.1, 2008 5. MEILGAARD, M.; CIVILLE, G. V.; CARR, B. T. Sensory evaluation techniques. 2. ed. London: CRC Press, 1991. 354 p. 6. ROLIM, P.M. et al.. Glycemic profile and prebiotic potential “in vitro”of bread with yacon (Smallanthus sonchifolius) flour. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 31, n. 2, p. 467-474, 2011. 7. ROSA, C.S. et al.. Elaboração de bolo com farinha de Yacon. Ciência Rural, v. 39, n. 6, set. 2009, p. 1869-1872. 8. SANTANA, L.R.R et al.. Perfil Sensorial de Iogurte Light, Sabor Pêssego. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.26, n.3, 2006. 9. TEIXEIRA, A.P. et al.. O Efeito da adição de yacon no suco de laranja industrializado sobre a curva glicêmica de estudantes universitários. Alim. Nutri., v. 20, n. 2, p. 313-319, 2009.

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Validação de linha de produção de envase de refrigerantes em garrafas retornáveis com a substituição parcial de conservantes

Pamela Soares Freire*, Andréa Castro Silva*, Iracema Maria de Carvalho da Hora *; Sônia Couri**

iracema.hora(a)@ifrj.edu.br*; [email protected]**

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Embrapa**

Palavras-chave: hábitos alimentares; refrigerantes; conservantes; linha de produção

Introdução No mundo atual existe um apelo muito forte por melhorias nos hábitos alimentares da população em

geral. Cada dia mais consumidores estão preocupados em se alimentar de forma mais saudável e “natural”, o que faz com que as grandes marcas produtoras de alimentos estejam cada vez mais atentas a capturar esta percepção do consumidor e aplicá-las em seus negócios. Neste contexto, a indústria de refrigerantes, inicialmente caracterizada por fabricar um produto de baixa sensibilidade microbiológica, hoje atravessa uma forte mudança conceitual, trazendo para seu portfólio produtos não carbonatados, assim como buscando tornar o refrigerante propriamente dito um produto mais saudável, em linha com os anseios dos consumidores. Originalmente o refrigerante apresenta três barreiras frente ao crescimento microbiológico: os conservantes (benzoato de sódio), o pH baixo (< 4,0) e o próprio processo de adição de gás carbônico no produto, conhecido na indústria como carbonatação. A tendência em curto prazo, é que o benzoato de sódio seja substituído parcialmente pelo agente conservador sorbato de potássio, tornando os refrigerantes um produto mais sensível, no aspecto microbiológico. As indústrias engarrafadoras de refrigerantes necessitam implementar adaptações nos seus processos fabris e disciplinar sua operação como estratégia para melhoria contínua, de forma que os impactos gerados por esta mudança na sensibilidade microbiológica dos refrigerantes sejam controlados na linha de produção. Esses procedimentos gerenciais minimizam os riscos à segurança dos alimentos e conseqüentes perdas e prejuízos para a indústria.

Para implementar o processo de validação de uma linha de envase de refrigerantes em garrafas retornáveis a partir da alteração da formulação com a substituição parcial do conservante a metodologia foi estruturada seguindo os critérios do método de análise e solução de problemas PDCA, contendo as etapas: 1)P-Planejamento/Identificação – Estudo dos principais impactos à sensibilidade microbiológica do produto acarretadas pela alteração na formulação. Para o mapeamento do processo foram utilizados os relatórios das auditorias internas possibilitando um diagnóstico detalhado sobre os fatores de riscos observados atualmente e que contribuem de forma negativa a essa alteração na formulação - Observação - Diagnóstico detalhado sobre as condições de infra-estrutura e qualificação de mão de obra. - Análise do fenômeno - Análise de perigos com base na mudança do processo. - Plano de Ação – Definição de alterações necessárias no processo de envase. Mudanças de procedimentos, estabelecimento de pontos de controle, requisitos operacionais e ações de contingência e implementação de programas educacionais (treinamentos, campanhas internas etc). 2)D – Execução – Implementação das ações definidas na etapa de planejamento. 3)C– Check– Nesta etapa foi realizado o monitoramento microbiológico dos equipamentos envolvidos no processo de envase de refrigerantes na linha de retornáveis, do ambiente e manipuladores. 4)A – Ação - Atuação sobre desvios identificados.

As BPF, o PPHO e o sistema APPCC são ferramentas necessárias para adequar uma linha de produção de refrigerantes nos aspectos relacionados a segurança dos alimentos. Qualquer modificação em um parâmetro do processo produtivo (incluindo mudança na formulação do produto, alterando sua vulnerabilidade do ponto de vista microbiológico), pode alterar na análise de riscos e de perigos existente no mesmo. Faz-se necessário revisar as condições atuais de infra-estrutura, procedimentos e capacitação de mão de obra, pois estas interferem diretamente no processo produtivo, e na qualidade do produto final. A validação da linha de produção quanto à infra-estrutura, procedimentos e pessoas, assegura ao fabricante e ao consumidor que os fatores críticos de sucesso do ponto de vista de segurança dos alimentos, serão corretamente implementados. O presente trabalho teve como objetivo geral a implementação do processo de validação de uma linha de envase de refrigerantes em garrafas retornáveis a partir da alteração da formulação, com a substituição parcial do conservante. Os objetivos específicos foram a prevenção de contaminação microbiológica no produto; o diagnóstico dos aspectos estruturais do projeto da linha de produção, visando adequá-los aos conceitos de Boas Práticas de Fabricação presentes nas normas ABNT ISO 22000: 2006 e PAS 220:2008 para que os mesmos estejam em condições de suportar a mudança na formulação. A capacitação da mão de obra envolvida no processo de fabricação e a implementação do

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Page 30: Ciências agrárias

HACCP na linha de envase de retornáveis a partir das adequações indicadas nas auditorias realizadas na empresa também foram objetivos do presente estudo.

Resultados e Discussão

Os resultados das auditorias realizadas na empresa antes e após o processo de validação da linha de envase de refrigerantes em garrafas retornáveis a partir da alteração da formulação com a substituição parcial do conservante, encontram-se nos gráficos 1 e 2. Foi elaborado um relatório de diagnóstico dos principais aspectos relacionados às condições estruturais da linha de produção de refrigerantes em garrafas retornáveis, equipamentos e mão de obra envolvida no processo produtivo, porém as ações propostas visando adequar a linha de produção do ponto de vista de segurança dos alimentos ainda não foram implementadas em sua totalidade. Para cada ponto relatado, foram verificados a situação atual, criticidade (relacionada sempre aos aspectos de segurança dos alimentos), e uma proposta de ação a ser implementada, para adequação daquela condição. Pontos avaliados e com ações de melhorias propostas: Piso da sala de envase, sistema de filtração de ar da sala, tubulações de transferência de produto, sistema de aplicação de tampas, pressão positiva, sistema de filtração de detergente da lavadora de garrafas, procedimentos de limpeza, condições da água de enxague dos equipamentos e capacitação de manipuladores. Os resultados parciais das auditorias realizadas no período novembro de 2011 e março de 2012 na empresa, antes e após o processo de validação da linha de envase de refrigerantes em garrafas retornáveis a partir da alteração da formulação com a substituição parcial do conservante, encontram-se nos gráficos 1 e 2. O trabalho ainda se encontra em andamento pois está vinculado ao Programa de Ciência e Tecnologia de Alimentos do IFRJ- Mestrado Profissional, com previsão de conclusão em março de 2013. GRÁFICO 1- Percentual de conformidades observadas antes do processo de validação da linha de envase de refrigerantes em garrafas retornáveis a partir da alteração da formulação com a substituição parcial do conservante

GRÁFICO 2- Percentual de conformidades observadas após o processo de validação da linha de envase de refrigerantes em garrafas retornáveis a partir da alteração da formulação com a substituição parcial do conservante

Conclusões A partir dos resultados encontrados até o momento, pode-se concluir que a validação da linha de envase de refrigerantes em garrafas retornáveis a partir da alteração da formulação com a substituição parcial do conservante, possibilitou um aumento no índice de conformidades com relação à higiene ambiental, higiene operacional, limpeza/desinfecção e controle de pragas na empresa. É possível concluir

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Page 31: Ciências agrárias

que a validação da linha de envase na empresa representa efetivamente um processo de melhoria contínua a partir da aplicação adequada do Sistema de Garantia da Qualidade. Também foi possível concluir que a eliminação da etapa de adição de conservantes no produto representa um risco adicional no processo de envase, sendo essencial a avaliação das condições estruturais da linha de envase assim como seus processos de limpeza e sanitização que passaram a ter um papel fundamental na minimização dos riscos à segurança de alimentos. O mapeamento do processo a partir da mudança na formulação do produto foi utilizado como entrada para a análise de perigos e pontos críticos de controle, assim como para o redesenho dos programas de pré-requisitos da linha de envase e processos paralelos envolvidos, levando em consideração a mudança conceitual do produto. O projeto de pesquisa foi estruturado com a ajuda do método de análise e solução de problemas denominado PDCA( Plan, Do, Check and Action). Com esta metodologia, foi possível qualificar a linha de envase para suportar a mudança na formulação dos refrigerantes, contribuindo para a redução a um nível aceitável dos perigos relativos à segurança dos alimentos decorrentes desta alteração. A continuidade do estudo possibilitará a redução de perdas e a minimização dos riscos associados ao novo produto desenvolvido.

Agradecimentos Ao IFRJ e ao CNPq pelo apoio financeiro.

Referências

1.BRASIL. Decreto nº 2.314, de 04 de setembro de 1997 Regulamenta a Lei No 8.918, de 14 de julho de 1994, que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas.

2.BRASIL. Resolução - RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 Essa Resolução foi desenvolvida com o propósito de atualizar a legislação geral, introduzindo o controle contínuo das BPF e os Procedimentos Operacionais Padronizados, além de promover a harmonização das ações de inspeção sanitária por meio de instrumento genérico de verificação das BPF. Portanto, é ato normativo complementar à Portaria SVS/MS nº 326/97.

3. BRASIL. Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997 Baseada no Código Internacional Recomendado de Práticas: Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos CAC/VOL. A, Ed. 2 (1985), do Codex Alimentarius, e harmonizada no MERCOSUL, essa Portaria estabelece os requisitos gerais sobre as condições higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos.

4.CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-dia. 1994.

5. Elementos de Apoio para o sistema APPCC. Série Qualidade e Segurança Alimentar, 2ª edição (SENAI, 2000).

6. Guia para Elaboração do Plano APPCC. Série Qualidade e Segurança Alimentar, 2ª edição (SENAI, 2000).

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Implementação de Sistema de Gestão de Segurança Alimentar (Boas Práticas de Fabricação e APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) em Linha de

Cerveja Retornável Mariana Batista Cabral*;

Iracema Maria de Carvalho da Hora*; Rafaela Freitas do Rio*

[email protected]

*Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro/Campus Maracanã

Palavras-chave: Segurança Alimentar, APPCC, Cervejaria

Resumo As exigências do consumidor por produtos alimentícios com qualidade e segurança do ponto de vista alimentar vêm forçando as empresas do setor a investir em sistemas de qualidade. Apoiado pela legislação mundial referente à saúde e agricultura, o sistema denominado Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle(APPCC), também conhecido como Hazard Analysis of Critical and Control Points (HACCP) é amplamente empregado por indústrias de alimentos e bebidas. Devido à eficácia do APPCC em garantir a qualidade do produto e segurança do alimento, a cervejaria objeto desse estudo, passou a adotar esse sistema. A aplicação do APPCC em indústrias cervejeiras brasileiras também pode beneficiar as empresas, impulsionando a sua competitividade tanto no mercado externo como interno. Daí a importância de um programa de Gestão eficaz e contínuo para manutenção deste sistema na rotina deste tipo de unidade fabril. Para suportar o Sistema de Gestão da Qualidade a proposta deste trabalho foi associar a ferramenta de Qualidade Plan, Do, Check and Action (PDCA) ao processo por tratar-se de um eficiente tratamento que evita erros lógicos nas análises (ou seja, atua na causa fundamental) contribuindo para a melhoria contínua. Este trabalho teve como objetivo revisar o Plano APPCC para Cerveja Retornável em operação na unidade fabril situada no município do Rio de Janeiro e utilizar a metodologia PDCA para eliminar as causas fundamentais das principais lacunas(Gaps) no atendimento aos pré-requisitos e não-conformidades em auditoria. Para a revisão dos sistemas de gestão em Segurança Alimentar foram utilizadas duas frentes de trabalho: A primeira voltada para a utilização de ferramentas de Gerenciamento da Rotina e a segunda referente a questões técnicas de implantação/revisão da metodologia para o programa APPCC/HACCP. Dessa forma houve um embasamento técnico com suporte de gestão necessário a assegurar a sustentabilidade do sistema de gestão. Gerenciar é o ato de buscar causas (meios) da impossibilidade de se atingir uma meta (fim), estabelecer contra medidas, montar um plano de ação, atuar e padronizar em caso de sucesso. O gerenciamento é conduzido para manter os resultados atuais e para melhorar estes resultados (FALCONI,1994). O método utilizado para a prática do gerenciamento foi o PDCA. O PDCA é aplicado para se atingir resultados dentro de um sistema de gestão e pode ser utilizado em qualquer empresa de forma a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da área de atuação da empresa( Falconi, 1994).

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Até a década de 50, a indústria de alimentos contava apenas com a análise laboratorial dos lotes produzidos para fins de controle da segurança e da qualidade. Assim, um lote era preparado e, se a análise demonstrasse que estava nas condições desejadas, era liberado; caso o contrário, era retido. Nos anos 50, a indústria de alimentos adaptou as Boas Práticas (BP) da indústria farmacêutica, com a denominação específica de Boas Práticas de Fabricação (BPF), dando um grande passo para melhorar e dinamizar a produção de alimentos seguros e de qualidade. Com as Boas Práticas (BP) começou o controle da água, das contaminações cruzadas, das pragas, da higiene e do comportamento do manipulador, da higienização das superfícies, do fluxo do processo e de outros itens, segundo normas estabelecidas por entidades representativas do mercado, agências de regulação, Codex Alimentarius e outros. Assim, as BP, juntamente com a análise do produto final, davam maior garantia à segurança dos alimentos. Com o início dos vôos tripulados, a National Aeronautics and Space Administration (NASA) considerou que o principal veículo de entrada de doenças para os astronautas seria os alimentos; isto porque apenas as BP e as análises não eram suficientes para garantir em níveis próximos a 100% a segurança dos alimentos. Por esse motivo, a NASA desenvolveu, junto com a Pillsbury Co, o sistema Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP), traduzido no Brasil como Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). Esse sistema permite levantar os perigos (biológicos, químicos e físicos) significativos que podem ocorrer na produção de um determinado alimento em uma determinada linha de processamento e controlá-los nos Pontos Críticos de Controle (PCC), durante a produção (PAS, 2011).Gerenciar é o ato de buscar causas (meios) da impossibilidade de se atingir uma meta (fim), estabelecer contra medidas, montar um plano de ação, atuar e padronizar em caso de sucesso. O gerenciamento é conduzido para manter os resultados atuais e para melhorar estes resultados (Falconi, 1994). O PDCA é aplicado para se atingir resultados dentro de um sistema de gestão e pode ser utilizado em qualquer empresa de forma a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da área de atuação da empresa. (Falconi, 1994). A figura 1 ilustra o ciclo PDCA. Os passos para a aplicação da ferramenta de melhoria contínua são os seguintes:

• Plan (planejamento) : estabelecer uma meta ou identificar o problema (um problema tem o sentido daquilo que impede o alcance dos resultados esperados, ou seja, o alcance da meta); analisar o fenômeno (analisar os dados relacionados ao problema); analisar o processo (descobrir as causas fundamentais dos problemas) e elaborar um plano de ação.

• Do (execução) : realizar, executar as atividades conforme o plano de ação. • Check (verificação) : monitorar e avaliar periodicamente os resultados, avaliar processos e

resultados, confrontando-os com o planejado, objetivos, especificações e estado desejado, consolidando as informações, eventualmente confeccionando relatórios. Atualizar ou implantar a gestão à vista.

• Action (ação): Agir de acordo com o avaliado e de acordo com os relatórios, eventualmente determinar e confeccionar novos planos de ação, de forma a melhorar a qualidade, eficiência e eficácia, aprimorando a execução e corrigindo eventuais falhas (FALCONI, 1994).

Para a revisão dos sistemas de gestão em Segurança Alimentar foram utilizadas duas frentes de trabalho: a primeira foi voltada a utilização de ferramentas de Gerenciamento da Rotina e a segunda referente a questões técnicas de implantação/revisão da metodologia para o programa APPCC/HACCP. Dessa forma foi possível o embasamento técnico com suporte de gestão necessário a assegurar a sustentabilidade do sistema de garantia da qualidade na empresa objeto do estudo.

Figura 1: PDCA Método do Gerenciamento de Processos

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Resultados e Discussão

O trabalho consistiu em 2 etapas: A etapa 1 se baseou na revisão do plano APPCC e elaboração de PDCA para itens não atendidos na auditoria externa de Segurança Alimentar realizada em outubro de 2010. Paralelamente conduzimos a etapa 2 onde foi realizado acompanhamento das reclamações do Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC – no que diz respeito às reclamações em linhas de cerveja retornável. O acompanhamento do SAC foi realizado durante todo o ano de 2011. Para os registros do programa de segurança alimentar assim como das reclamações de SAC foram utilizados dados dos sistemas de controles industriais e da Central de atendimento ao cliente, respectivamente.

Quadro 1- Resultados das auditorias de Segurança dos Alimentos com o percentual de conformidades para o

setor de Cerveja Retornável.

Data de Auditoria

Seção N° de itens aplicáveis

Local %

out/10 Processo Específico

123 RETORNÁVEL CERVEJA 83,60%

out/11 Processo Específico

123 RETORNÁVEL CERVEJA 84,80%

RESULTADO POR SEÇÃO

Tabela 1- Reclamações do SAC referentes a problemas relacionados a segurança dos alimentos nas linhas

de Cerveja Retornável.

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Reclamações SAC Cerveja Retornável

2

3

1

4

5

3

5 5

8

4 4

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

JAN FEV MAR ABR MAI JUN AGO SET OUT NOV DEZ

nº c

ham

ados

Conclusões

A análise dos resultados entre as duas últimas auditorias de APCC (tabela 1) assim como o

acompanhamento do histórico das reclamações de SAC relativas a ocorrências de mercado em Cerveja

retornável durante o ano de 2011 (gráfico 1) associada a execução do PDCA para as não conformidades

identificadas na primeira auditoria nos permite concluir que a existência de uma ferramenta de Gestão (neste

caso PDCA) associada ao APPCC mostrou-se eficaz na aderência ao programa de segurança alimentar bem

como a redução das reclamações de mercado (SAC) no setor de Cerveja Retornável da empresa.

Agradecimentos

Ao CNPQ e ao IFRJ pelo apoio financeiro.

Referências

BRASIL. Decreto nº 2.314, de 04 de setembro de 1997 Regulamenta a Lei No 8.918, de 14 de julho de 1994, que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas.

BRASIL. Resolução - RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 Essa Resolução foi desenvolvida com o propósito de atualizar a legislação geral, introduzindo o controle contínuo das BPF e os Procedimentos Operacionais Padronizados, além de promover a harmonização das ações de inspeção sanitária por meio de instrumento genérico de verificação das BPF.

BRASIL. Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997 Baseada no Código Internacional Recomendado de Práticas: Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos CAC/VOL. A, Ed. 2 (1985), do Codex Alimentarius, e harmonizada no MERCOSUL, essa Portaria estabelece os requisitos gerais sobre as condições higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para estabelecimentos produtores /industrializadores de alimentos.

Elementos de Apoio para o sistema APPCC. Série Qualidade e Segurança Alimentar, 2ª edição (SENAI, 2000).

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CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-dia. 1994.

PAS – PROGRAMA ALIMENTO SEGURO. SENAI, 2011. Extraído de http://www.pas.senai.br/novo/web/opas.asp em 29/01/2012)

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DIAGNÓSTICO DAS AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES RURAIS DO

MUNICÍPIO DE PINHEIRAL – RJ: UM INSTRUMENTO PARA O

DESENVOLVIMENTO DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL

Anelize Barboza Oliveira¹; Angélica Roberta Marins da Silva²; Julia Oliveira Barros Santoro3; Luciana

Helena Maia Porte4

1 e 2. Bolsistas PIBIC Jr. 3. Professora Orientadora; 4. Professora Colaboradora. [email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Palavras-chave: Diagnóstico, agroindústria familiar, processamento, Alimentos, legislação.

Introdução

O município de Pinheiral está localizado na região do Médio Vale Paraíba, às margens do Rio Paraíba do Sul no estado do Rio de Janeiro. Possui uma área de 77 Km

2 e 22.724 habitantes, sendo 10,16%

residentes da área rural, divididos em aproximadamente 200 propriedades, a maioria pequenas e médias, variando de 1 a 3 hectares (IBGE, 2010).

Segundo dados da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisa e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro – CEPERJ (2003), o setor primário no município é pouco expressivo e teve no cultivo da cana-de-açúcar sua principal atividade, que na ocasião representava 37% da produção agrícola. Em função dessa produção, ainda subsiste, de forma artesanal, a produção de rapadura, melado e cachaça. Há também, em menor escala, a produção de olerícolas e de algumas culturas anuais, como por exemplo milho, mandioca e feijão.

Com relação à pecuária, o rebanho bovino do município apresenta cerca de quatro mil e quinhentas cabeças, sendo 30% leiteiro e 70% de corte. Entretanto, não há informações do quantitativo de leite e carne produzidos. Sabe-se que parte da produção é enviada a cooperativas e outra parte é comercializada no próprio município, através de leiteiros ambulantes, que ainda levam leite cru à porta do consumidor, desrespeitando a legislação e colocando em risco a saúde de quem o consome. Quanto ao processamento de leite, há pequenos produtores de queijo minas e manteiga (PINHEIRAL, 2010).

De acordo com Mior (2005), a agroindústria familiar rural (AFR) é uma forma de organização em que a família rural produz e/ou processa parte de sua produção agropecuária, visando, sobretudo, a produção de valor de troca que se realiza na comercialização. Assim, este projeto realizou um diagnóstico das agroindústrias familiares rurais do município com o objetivo de conhecer a realidade dos pequenos produtores que beneficiam e/ou processam a sua produção, bem como as dificuldades encontradas para a legalização das suas agroindústrias. Foram realizadas entrevistas nas propriedades (Figura 1), para traçar um panorama técnico das AFRs, a fim de levantar quantas são, onde estão localizadas, o quê e quanto produzem e sob que condições.

Figura 1. Estudantes em campo realizando o diagnóstico das AFRs do Município de Pinheiral - RJ.

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Resultados e Discussão

Foram realizadas visitas técnicas e entrevistas com 34 produtores, sendo esse universo composto principalmente por homens (82,35%), com a faixa etária de 25 a 85 anos de idade. Em sua maioria católicos (52,94%) e praticantes (70,59%), de cor branca (41,18%), casados (70,59%) e com renda mensal variando de R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00 (38,24%), sendo 47,06% aposentados.

A produção agropecuária das propriedades visitadas é diversificada, como mostra a Figura 2.

Figura 2. Produtos agropecuários produzidos nas propriedades visitadas.

Neste estudo foram agrupados na categoria pequenos animais: porcos, peixes, coelhos, abelhas,

carneiro, cabra e aves (ganso, pato, galinha e aves ornamentais) e grandes animais gado de leite e gado de corte. Na produção vegetal os produtos encontrados na categoria fruticultura foram: tangerina, banana, limão, coco, manga, abacaxi, laranja, goiaba, abacate, acerola, azeitona, jabuticaba e caqui. Culturas anuais: milho, feijão, arroz, mandioca e cana-de-açúcar. Olerícolas: cenoura, abóbora, quiabo, berinjela, jiló, beterraba, alface, couve, rúcula, chicória, abobrinha.

Pode se afirmar que a produção agropecuária das propriedades se dá em pequena escala. Não foi possível neste estudo quantificá-la, pois 88,24% dos produtores não souberam informar o volume de produção por safra/ano.

Dos 34 produtores entrevistados, 44,12% faziam o processamento das suas matérias-primas, e destes 38,24% comercializavam os produtos. Somente 11,76% possuíam local específico para esta atividade, enquanto os demais processavam em cozinha doméstica. Foram encontrados os seguintes produtos processados/beneficiados nas propriedades: queijo minas frescal, queijo minas frescal de leite de cabra, iogurte, cachaça, licores, goiabada, geléia de goiaba, mel, cortes de carne suína, coelho abatido e molho para saladas. Todos Esses produtos são comercializados informalmente no município e a comercialização é feita geralmente na propriedade, ou de porta em porta.

Demonstraram interesse em legalizar a sua produção 29,41% dos produtores entrevistados, mas apontaram como impedimento fatores como burocracia, falta de informação e de auxílio da Prefeitura. Informaram não ter interesse em legalizar a sua produção 14,71%.

Quando perguntados se possuem algum tipo de assistência técnica, 85,29% produtores responderam que não possuem nenhum tipo de assistência técnica.

64,71% produtores informaram já terem tido contato com o CANP/IFRJ e 35,29% disseram que não, porém 58,82% disseram não conhecer o profissional técnico em agropecuária.

Perguntados sobre como o CANP/IFRJ poderia ajudá-los, 17,65% não souberam informar enquanto 44,12% responderam com orientações técnicas, sendo citados diversos temas. Também foram citados oferta de cursos, fornecimento de insumos, empréstimo de equipamentos, desenvolvimento de projetos e aproximação dos alunos a realidade de suas propriedades.

Ao avaliar as condições dos ambientes utilizados para o processamento dos alimentos nas propriedades (Figura 3), percebeu-se claramente a falta de adequação e conformidade destes espaços as legislações vigentes. Ao comparar os ambientes de produção com a lista de verificação das Boas Práticas de Fabricação

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- BPFs, em estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos constante no anexo II da Resolução RDC Nº 275, de 21/10/2002 da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária verificou-se que não possuem nenhum quesito em conformidade. Nesse sentido o CANP/IFRJ muito tem a contribuir com orientação para a implantação das BPFs, garantindo assim a segurança dos alimentos produzidos nestes espaços.

Figura 3. a) produção de queijo Minas Frescal b) Produção de goiabada

Conclusões

A verificação das inconformidades dos quatro ambientes de produção visitados com a lista de verificação das BPFs é um indicativo de que o CANP/IFRJ muito tem a contribuir com os produtores, orientando na implementação das boas práticas de fabricação em seus estabelecimentos processadores de alimentos.

Também se concluiu que o CANP/IFRJ pode atender a demanda dos cursos solicitados pelos produtores, pois possui estrutura física e pessoal qualificado para tais atividades, que podem ser organizadas via Coordenação de Extensão do Campus.

Neste sentido, o diagnóstico das AFRs locais possibilitará o desdobramento deste projeto em futuros trabalhos de extensão e pesquisa junto aos produtores rurais do município com efetiva inserção dos estudantes do CANP/IFRJ. Tais atividades irão certamente fortalecer o arranjo produtivo local e consolidar o Campus como pólo de difusão da agroindústria na região do Médio Vale do Paraíba.

Agradecimentos

Ao IFRJ pelo apoio financeiro e aos produtores rurais do município de Pinheiral por terem nos recebido para

o estudo.Referências FUNDAÇÃO CEPERJ. Perfil Econômico do Município de Pinheiral. Disponível em

<http://www.cide.rj.gov.br/cidinho/municipio/pinheiral.pdf>. Acesso em 13 de jun. de 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Contagem populacional. 2010.

Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm>. Acesso em 09 de abr. de 2012. MIOR, L. C. Agricultores familiares, agroindústrias e redes de desenvolvimento rural. Chapecó: Argos,

2005. NETO, F. N. Recomendações básicas para aplicação das boas práticas agropecuárias e de fabricação na agricultura familiar. Brasília DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2006 243p.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PINHEIRAL. Secretaria de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Agricultura. Agricultura e criação de animais. Disponível em:

<http://www.prefeiturapinheiral.com.br/index.php?exibir=secoes&ID=74>. Acesso em 10 de jun. de 2010.

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“Desenvolvimento de uma cerveja formulada com gengibre (Zingiber officinalis) e hortelã do Brasil (Mentha arvensis ): avaliação de compostos fenólicos totais e

comparação com um estilo de cerveja existente no mercado” Gabriel Martins Alexandre Pinheiro (IC)*, Luciana Cardoso Nogueira*(PQ); Sonia Couri**(PQ2)

[email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, IFRJ Palavras-chave: cerveja, gengibre, hortelã, fenólicos totais

Introdução A cerveja é a bebida alcoólica mais consumida no mundo. É obtida a partir da fermentação de grãos

de cereais (principalmente malte de cevada) e adicionada de lúpulo. A fermentação é realizada por uma estirpe de leveduras.

Os dois principais estilos de cerveja são “Ale” e “Lager”, embora exista uma enorme variedade de cervejas no mercado. São ambos adicionados de lúpulo e produzidos, principalmente, a partir de cevada maltada. A característica que distingue estes dois estilos de cerveja é o tipo de levedura utilizada na sua fermentação. Dos estilos “Ale” e “Lager” derivam muitos outros, que diferem entre si nas suas características sensoriais, na quantidade de álcool, de extrato e de malte e no tipo de fermentação.

A maior parte dos estilos clássicos de cerveja são originários da Europa, sendo, no entanto, produzidos com sucesso por todo o mundo. Não existem regras rígidas em qualquer um dos estilos de cerveja, sendo esperadas variações entre eles, no que diz respeito ao “flavor”, aos ingredientes e aos métodos de produção utilizados. Portanto, todas as matérias-primas utilizadas na produção da cerveja, influenciam na sua qualidade final, atribuindo-lhe características especiais e diferenciadas.

A cerveja, assim como o vinho, possui uma série de compostos biologicamente ativos. Determinados compostos fitoquímicos, muitos deles presentes no lúpulo e no malte, têm mostrado que podem proteger contra doenças cardiovasculares. O próprio álcool, considerado um dos principais componentes bioativos da cerveja, têm sido associado à redução de doenças coronarianas devido à elevação dos níveis das lipoproteínas de alta densidade. Outros compostos bioativos como os ácidos fenólicos e vitaminas antioxidantes, parecem colocar a cerveja e não só o vinho, como uma bebida que poderia promover benefícios á saúde do consumidor moderado de bebida alcoólica.

A ingestão moderada de bebida alcoólica (1 a 2 drinques por dia) parece influenciar beneficamente na hiperinsulinemia e na reduzida sensibilidade à insulina, que são fatores de risco para doenças coronarianas (DC) e Diabetes Mellitus tipo II. A resistência à insulina, além de estar associada ao diabetes tipo II, também está associada à patogênese de doenças tais como a hipertensão e dislipidemia, sendo por si só, fator de risco para DC. Estudos controlados em seres humanos sobre a bioatividade da cerveja são poucos. Além disso, não está claro se o consumo de qualquer estilo de cerveja possui o mesmo efeito benéfico à saúde do consumidor.

Por ser a bebida alcoólica mais consumida no país, acreditamos que há necessidade de maiores pesquisas e informações a serem passadas para o consumidor, que muitas vezes, só sabe que o consumo moderado de vinho tinto é benéfico à saúde, enquanto que a cerveja fica esquecida quanto aos seus compostos.

A carência de estudos feitos com cervejas brasileiras aliada ao crescimento da indústria cervejeira no Brasil e a constante necessidade de se ter novos produtos para o consumidor, nos levou a estudar esta bebida. Este trabalho tem como objetivo a formulação e produção de uma cerveja especial com gengibre e hortelã e avaliação dos compostos bioativos nas cervejas formuladas e a comparação com um estilo de cerveja já comumente comercializado no país.

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Resultados e Discussão

O efeito da adição da hortelã e gengibre na formulação da cerveja, quanto a capacidade antioxidante total, será testado através de metodologia de planejamento experimental fatorial, utilizando um delineamento composto central rotacional (DCCR). Através de um planejamento estatístico conhecido como Planejamento Experimental Fatorial a solução do projeto experimental pode ser feita usando um número menor de medidas e explorando todo o espaço experimental. É possível ainda, elaborar um modelo matemático, que se validado estatisticamente, pode ser usado para obtenção da Superfície de Resposta e através desta análise determinar as condições otimizadas, conhecendo-se a significância estatística das respostas. O número de planejamentos experimentais fatoriais necessários depende principalmente do número de variáveis independentes a serem estudadas inicialmente. No caso de duas ou três variáveis independentes ou fatores, não se deve realizar um fatorial fracionado, sendo mais recomendado um Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR) ou Planejamento Fatorial com Pontos Axiais ou ainda Planejamento Estrela (Rodrigues & Iemma, 2005).

As formulações das cervejas foram desenvolvidas em escala laboratorial e as análises físico-químicas de controle de processo e de controle de qualidade do produto acabado foram: álcool em volume a 20ºC, Extrato Real, Extrato Aparente e Extrato Primitivo. Quanto ao teor de compostos fenólicos totais, foi realizado segundo o método proposto por George et al. ( 2005). Tabela 1: Resultados das análises de controle de qualidade das formulações de cerveja e da tipo Pilsen comercializada nos mercados:

Amostra Extrato Primitivo (ºP)

Extrato Real (ºP)

Extrato Aparente (ºP)

Teor Alcoólico

(%v/v)

Teor de Polifenóis*

Formulação 1 11,27 7,16 6,16 4,74 303,26 Formulação 2 11,35 6,56 5,71 4,99 416,73 Formulação 3 11,62 6,62 6,42 5,29 510,96 Cerveja tipo

Pilsen 10,8 4,1 ± 0,40 2,20 ± 0,25 4,2 ± 0,66 222,04 ± 5,98

* concentração de polifenóis expressa em mg equivalente de AC. Gálico/L Os resultados obtidos estão condizentes com os padrões de identidade e qualidade da cerveja segundo a legislação brasileira vigente (PIQ) (DECRETO No 2.314, 1997).

Apesar de ainda não ter sido aplicado um tratamento estatístico dos dados, parece que, de acordo com os resultados da tabela, pode-se observar que o teor de polifenóis dos resultados das formulações apresentaram-se maiores comparados ao da cerveja tipo Pilsen.

Conclusões Ao comparar as formulações das cervejas com a cerveja tipo Pilsen, pudemos verificar que as

nossas formulações apresentaram maiores teores de polifenóis, sugerindo que possuem maior capacidade antioxidante total. Esperamos que ainda neste semestre, já tenhamos realizado a análise sensorial das cervejas, pois o próximo passo será produzir as três melhores formulações (quanto aos melhores valores de compostos fenólicos) na microcervejaria com capacidade para 50L, realizar análise sensorial e teste de prateleira.

Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro.

Referências GEORGE,S.,BRAT, P., ALTER, P., and AMIOT, M.J.. Rapid Determination of Polyphenols and Vitamin C in Plant-Derived Products. J. Agric. Food Chem., Vol. 53, No. 5, p.1370−1373, 2005. MIRANDA, C. L., STEVENS, J.F., IVANOV, V., MCCALL, M., FREI, B., DEINZER, M.L. E BUHLER, D.R. Antioxidant and prooxidant actions of prenylated and nonprenylated chalcones and flavones in vitro. J. Agric. Food Chem., 48: 3876-3884, 2000. SIQUEIRA, P.H.; BOLINI, H.M.A.; MACEDO. G.A. Beer production and its effects on the presence of polyphenols. Alim.Nutr.,v.19,n.4,p.491-498,2008.

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DESENVOLVIMENTO DE UM KIT PARA TREINAMENTO SENSORIAL DE

DEGUSTADORES CERVEJA Abner Alves Serapião da Silva (IC)*, Gisele Chaves da Silva,

Renata Raices*(PQ), Luciana Cardoso Nogueira *(PQ); Ronoel Godoy**(PQ2) [email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, IFRJ Palavras-chave: Cerveja; Análise Sensorial; Compostos Voláteis; GC-MS; SPME

Introdução A cerveja é uma bebida carbonatada que possui teor alcoólico entre 3% e 8%. Sua produção exige o uso de cevada germinada (malte), lúpulo, levedura e água. Por ser uma bebida que apresenta um equilíbrio entre sabor e aroma, a cerveja é quimicamente instável e sofre diversas reações químicas e enzimáticas durante seu processamento e estocagem. A composição em ésteres, aldeídos, dicetonas vicinais, ácidos orgânicos, alcoóis superiores, fenóis, iso-α-ácidos e outros compostos estão diretamente relacinados à sua qualidade. A queda de qualidade pelo surgimento de sabores e aromas indesejáveis e alterações nas propriedades físico-químicas da cerveja é um problema que a industria cervejeira procura solucionar. Este projeto pretende auxiliar cervejarias no desenvolvimento de um método que permita a otimização do processo de preparo de “flavours” usados na capacitação do painel cervejeiro a um custo menos elevado. Atualmente, existe disponível no mercado externo Kits de cápsulas contendo “flavours” de possíveis defeitos da cerveja. Essas cápsulas podem ser diluídas na cerveja e usadas para treinamento o que torna o processo mais prático. No entanto, seu custo é elevado e sua distribuição de um ponto de vista logístico é dificultada pela alta demanda nas unidades fabris. O novo método a ser desenvolvido permitiria aos gestores de análise sensorial o preparo de seus próprios kits para o treinamento. Análises de Voláteis será realizada através da técnica de SPME e Cromatografia Gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM).

A técnica de “Headspace” consiste em amostrar a atmosfera gasosa que circunda uma amostra de interesse. Essa coleta pode ser feita de modo estático ou dinâmico, utilizando no segundo modo um gás inerte que tem como função o arraste dos compostos voláteis, em geral para um adsorvente. Os compostos voláteis podem ser retidos em adsorventes, condensados em superfície fria ou transferidos diretamente para o cromatógrafo. A vantagem desta técnica é a obtenção de uma amostra rica em compostos voláteis sem necessidade de aquecimento da matriz. A SPME( Microextração em fase sólida) tem sido a técnica de amostragem de voláteis mais utilizada nos últimos 10 anos na literatura científica. Facilidades como a ausência de solvente, alto poder de concentração, aplicação a diversos tipos de analitos, uso de aparelhagem em fase gasosa ou líquida (por contato), fases sólidas de natureza química distintas e facilidade de transporte do material extraído para o cromatógrafo explicam seu sucesso. O dispositivo básico da SPME é uma fibra, de sílica fundida, cuja espessura varia entre indo de 30 a 100μm, recoberta com um filme fino de um polímero[(e.g.,polidemetilsiloxano (PDMS), poliacrilato (PA) ou Carbowax (Cwx)] ou de sólido adsorvente[e.g., carvão ativo microparticulado (Carboxen)] na extremidade da agulha. A extração ocorre mergulhando-se a seção recoberta na amostra, ou no seu “headspace”. Realizada a extração, a fibra é recolhida e inserida no injetor do cromatógrafo, onde os analitos são termicamente dessorvidos sob fluxo do gás de arraste e carregados para a coluna cromatográfica.

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Figura 1: fibra de Micro Extração em Fase Sólida.

A análise sensorial será realizada no laboratório de Análise Sensorial do Campus Rio de Janeiro, através de testes discriminativos, por diferença do controle.

O Teste de diferença do controle entre amostras é essencialmente um teste de diferença simples em que se avalia o tamanho da diferença. Ele pode ser usado com objetivo da avaliação sensorial para:

• Determinar se existe diferença entre uma ou mais amostras em relação a um controle/padrão; • Estimar o tamanho da diferença.

Resultados e Discussão O IFRJ acabou de conseguir obter o sistema de Cromatografia Gasosa acoplado a espectrometria de

massa (CG-EM). Portanto, a análise de compostos voláteis está em fase inicial e de treinamento no equipamento. No momento, está sendo realizada uma revisão bibliográfica sobre o tema a fim de investigar compostos de impacto da cerveja com intuito de reproduzir o aroma dos mesmos através da composição de sua essência e testes com os padrões dos compostos voláteis da cerveja.

Conclusões Espera-se com este trabalho desenvolver um método alternativo que aperfeiçoe o preparo de “flavours” para

treinamento sensorial de painel de degustadores de cerveja.

Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro.

Referências FERREIRA, Maria Goretti Valente. Treinamento Sensorial Supervisores Cerveja e Refrigenanc. AmBev, 2007. MIRANDA, Eduardo José Faria. Caracterização dos compostos constituintes químicos responsáveis pelos principais aromas da banana passa produzida pela desidratação da banana d’água. Tese de mestrado em ciências da Uiversidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química, 1999. NORONHA, Regina Lúcia Fimento de. Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas. Rio de Janeiro, 2003. SIQUEIRA, P.H.; BOLINI, H.M.A.; MACEDO. G.A. Beer production and its effects on the presence of polyphenols. Alim.Nutr., v.19,n.4,p.491-498, out./dez.2008 VALENTE, Antônio L.P.; AUGUSTO, Fabio. Microextração por fase sólida. São Paulo: Química Nova,2000.p.523-529.

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INFLUÊNCIA DAS FARINHAS DE ARROZ, BANANA VERDE E OKARA, E DE EMULSIFICANTES NAS PROPRIEDADES FÍSICAS DO PÃO SEM

GLÚTEN Aline Rolim Alves da Silva (bolsista PIBITI)

*, Isabela Pereira dos Santos Rubatino (bolsista PIBITI)*

Lucineia Gomes da Silva*(PQ); Verônica Calado**(PQ2)

[email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Universidade Federal do Rio de Janeiro**

Palavras-chave: glúten, farinha, banana verde, okara.

Introdução

Pão sem glúten é um alimento raramente comercializado no Brasil, embora haja um grupo representativo da população brasileira, intolerante à esta proteína, os celíacos e com grande interesse no consumo deste produto. Alguns pães sem glúten disponibilizados no mercado têm sido caracterizados como de baixa qualidade, exibindo baixo volume, aroma e sabor pouco agradáveis (Gallagher et al.,2004). Várias pesquisas tem sido realizadas relacionadas à melhoria dessas propriedades.

O glúten, presente na farinha de trigo, é uma rede proteica que se forma durante o processamento da massa, a qual resiste à pressão do gás CO2 formado durante a fermentação, retendo esse gás e assim, proporcionando volume adequado ao pão após o assamento. Além disso, o trigo é rico em amido, o principal fator de estruturação da massa (Silva et al.,1990). A obtenção do pão sem glúten exige que a farinha de trigo seja totalmente substituída por outras farinhas isentas de glúten, o que tem representado um grande desafio para os pesquisadores dessa área. A busca por outras farinhas e ingredientes que reproduzam ao máximo, as propriedades tecnológicas e sensoriais que o trigo proporciona à massa do pão tem sido realizada.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência das farinhas de arroz; banana verde e de okara; além de gordura de palma e duas misturas de emulsificantes diacetil tartarato de mono e diglicerídeos (DATEM) e Goma Xantana nas características de Volume da Massa após a fermentação (VMF); Altura da Massa Assada (AMA) e Volume Específico (VE) do pão sem glúten.

De doze ingredientes da formulação, seis foram selecionados para compor experimentos em

delineamentos experimentais: Creme de arroz, farinha de banana verde, variedade Terra, farinha de okara, gordura de palma e duas misturas dos emulsificantes diacetil tartarato de mono e diglicerídeos (DATEM) e Goma Xantana, sendo E20X (20% Xantana:80% DATEM) e E20D (20% DATEM:80% Xantana).

O programa Statistica, versão 7.0, foi usado e obtendo-se 3 planejamentos fatoriais do tipo 2**(6-2). Cada planejamento foi composto por 6 fatores com variações de 2 níveis cada (Figura 1), perfazendo um total de 16 experimentos mais 4 pontos centrais.

*Fatores Planejamento 1

Planejamento 2

Planejamento 3

GP (g) 0,375 1,25 1,25 2,25 0,375 2,25

CA (g) 12,5 25,0 25,0 50,0 12,5 50,0

FB (g) 12,5 25,0 25,0 50,0 12,5 50,0

FOk (g) 6,25 12,5 12,5 19,0 6,25 19,0

E20X (g) 0 0,875 0,875 1,0 0 1,0

E20D (g) 0 0,875 0,875 1,0 0 1,0

Metodologia

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Figura 1: Fatores selecionados para o delineamento experimental e seus respectivos níveis.

*Gordura de Palma (GP); Creme de Arroz (CA); Farinha de Banana (FB); Farinha de Okara (FOk); Goma Xantana: DATEM (20:80)

(E20X); DATEM: Goma Xantana (20:80) (E20D)

Três variáveis de resposta foram obtidas: Volume da massa fermentada (VMF) – 35ºC/1hora; Altura da Massa Assada (AMA) – medida com auxílio de paquímetro e o Volume específico (VE), calculado pela razão entre o Volume do pão, obtido pelo método de deslocamento de sementes e a pesagem do mesmo. Os resultados significativamente diferentes foram obtidos para p < 0,05 e estão apresentados e discutidos nas formas dos gráficos de pareto e dos efeitos das médias.

Resultados e Discussão

Somente nos planejamentos 1 e 2 foram observadas influências dos fatores estudados e de suas interações nas variáveis de respostas deste estudo. No planejamento 1 três efeitos foram significativos: a mistura de emulsificante E20X; a FOk e o efeito secundário GP x E20D, os quais influenciaram na Altura da Massa Assada (Figura 2). A maior AMA ocorreu para 0,875 g da mistura E20X; 6,25 g de FOk e 0,375 g de GP (Figura 3).

Ainda no mesmo planejamento, apenas a mistura E20X, influenciou no VE do pão (Fig. 4), obtendo-se os maiores valores de VE com 0,875 g da mistura, associado a 0,25 g de FOk e 12,5 g de FB (Figura 5).

Figura 4: Efeitos primários e secundários no Volume Específico - Planejmento 1

,1006297

-,229307

,286978

-,328021

,427672

-,491352

,5057822

,661067

,8650297

-1,15274

1,153869

-1,22565

3,714455

p=,05

2by4

1by5

(6)E20D(g)

(2)CA(g)

1by4

1by2

(3)FB(g)

1by6

1by3

2by6

(1)GP(g)

(4)FOk(g)

(5)E20X(g)

Figura 5: Efeito da E20X x FOk x FB no Volume Específico - Planejamento 1

FB(g)

12,5

FB(g)

25,

E20X(g): 0,

FOk(g): 6,25 12,5

1,0

1,1

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

1,7

1,8

VE

(mL

/g)

E20X(g): ,875

FOk(g): 6,25 12,5

AM

A (c

m)

Figura 2: Efeitos principais na Altura da Massa Assada - AMA - Planejamento 1

-,177604

,7346358

-,750782

,9122401

,9687505

-1,08177

-1,2513

-1,53385

-2,1474

-3,05964

4,036461

-6,45026

7,596619

p=,05

(2)CA(g)

2by4

(3)FB(g)

1by4

(1)GP(g)

1by2

1by3

(6)E20D(g)

2by6

1by5

1by6

(4)FOk(g)

(5)E20X(g)

Figura 3: Efeitos dos fatores E20X, GP e FOk na Altura da Massa Assada - Planejamento 1

FOk(g)

6,25

FOk(g)

12,5

GP(g): ,375

E20X(g): 0, ,875

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

3,0

3,2

GP(g): 1,25

E20X(g): 0, ,875

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No planejamento 2, apenas a interação GP x FB influenciou no VE (Figura 6), mostrando efeitos contrários sobre o VE quando se associou esses dois fatores (Figura 7). Quando a FB aumentou de 25 g para 50 g, nos dois valores da mistura E20X (0,875 g e 1,0 g), o VE diminuiu para a GP 0,125 g enquanto que para GP 2,25 g o VE aumentou.

Conclusões

- Foi possível verificar que a interação entre GP, FOk, FB e E20X influenciaram tanto na Altura do Pão (AMA) quanto no Volume Específico (VE). - O mais alto VE foi obtido com 0,875 g da mistura, associado a 0,25 g de FOk e 12,5 g de FB, no

planejamento 1. - Dos três planejamentos, quatro formulações foram selecionadas e estão sendo reavaliadas para expandir

a produção da massa sem perda das propriedades, de modo a serem submetidas à análise sensorial.

Agradecimentos

Ao IFRJ, CNPq e Ecobrás pelo apoio técnico, financeiro e pela doação da okara

Referências

[1] GALLAGHER, E., GORMLEY, T.R., ARENDT, E.K., Recent advances in the formulation of gluten -free cereal-based products. Trends in Food

Science & Technology 15:143–152, 2004.

[2] SILVA, C.E.M., SILVA, A.C.Q.R., RIOS, N.A.S., FONSECA M.F., Pão sem trigo, B. CEPPA, Curitiba, 8:104-115, 1990.

Figura 6: Efeitos principais no Volume Específico - Planejamento 2

-,162965

,1804451

-,465878

-,630969

,8664217

1,123181

1,134144

1,793614

-2,16688

2,586539

2,915959

2,95423

3,737854

p=,05

(5)E20X

(3)FB

(2)CA(g)

1by5

1by6

1by2

(1)GP(g)

2by6

(6)E20D

1by4

2by4

(4)FOk

1by3

Figura 7: Efeitos GP x FB x E20X no Volume Específico do pão - Planejamento 2

GP(g)

1,25

GP(g)

2,25

E20X: ,875

FB: 25, 50,

0,90

0,95

1,00

1,05

1,10

1,15

1,20

1,25

1,30

1,35

1,40

E20X: 1,

FB: 25, 50,

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DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DE UM MICROASPERSOR OPERANDO EM POSIÇÃO INVERTIDA

Rayany Kelly da Silva Soares*, Taisa Gonçalves Macedo*, Ana Luiza Kelly Ribeiro**, Maiala Rodrigues de Freitas**, Marcelo Carazo Castro*

[email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – campus Nilo Peçanha-Pinheiral*,

CIEP – Pinheiral/RJ**

Palavras-chave: microaspersão, cultivo protegido, espaçamento.

Introdução

A irrigação por microaspersão teve seu início no Brasil em 1982 e a partir do ano 2000 ganhou grande desenvolvimento com os maiores fabricantes mundiais implantando fábricas em nosso país. Embora concebido inicialmente para a irrigação em culturas de grande valor econômico, como frutíferas e cafeicultura, o aumento da competitividade do agronegócio brasileiro possibilitou que este sistema se tornasse também viável em diversas outras culturas e sistemas de cultivo (Bernardo, Soares e Mantovani, 2005).

Em se tratando de estufas, viveiros e casas de sombra, a irrigação por microaspersão, normalmente utilizada nestes locais, assemelha-se a irrigação por aspersão uma que toda a área deve ser molhada de forma mais uniforme possível. Assim, uniformidade de distribuição de água pelos microaspersores torna-se um parâmetro importante que influencia o espaçamento a ser adotado entre os mesmos a fim de proporcionar uma alta eficiência de irrigação e diminuir, desta forma, problemas de excesso ou falta de água na área irrigada (Bernardo, Soares e Mantovani, 2005).

Para manter a mesma uniformidade de irrigação sobre toda a área, é necessário que o posicionamento e o espaçamento entre os microaspersores seja constante e adequado, sendo seu valor definido pelas características próprias de aplicação de água do emissor, entre outros fatores.

Existem diversos coeficientes para expressar a uniformidade de aplicação de um sistema de irrigação por aspersão, sendo que o de Christiansen (CUC) é o mais popular. Com base nestes coeficientes, pode-se avaliar a qualidade de uma irrigação já implantada ou definir o espaçamento entre os emissores. Embora estes parâmetros proporcionem a analise mais detalhada das características de aplicação de água, o CUC requer ensaio laborioso e envolve uma quantidade considerável de cálculos para sua determinação. Uma alternativa de simplificação deste trabalho é a análise dos perfis de distribuição de água.

Desta forma, este trabalho objetivou analisar a distribuição de água de um microaspersor não compensado operando na posição invertida com bailarina para trabalho na posição em pé (posição normal para operações em pomares e hortas), como ocorre atualmente no viveiro de mudas e na estufa do IFRJ campus Nilo Peçanha-Pinheiral.

Para tal, utilizou-se um microaspersor marca Plastro, bocal verde, com bailarina preta, posicionando o mesmo de forma invertida em quatro alturas diferentes (0,30m, 0,80m, 1,30m e 1,80m) sempre operado a uma mesma pressão (3,3 kgf/cm2), dentro do viveiro de mudas. Utilizou-se coletores plásticos de 46,93mm de diâmetro e de 38,10mm de altura dispostos lado a lado ao longo de um diâmetro molhado. Paar cada altura avaliada, foram realizadas duas repetições de uma hora de duração cada, sendo controlada periodicamente a pressão por meio de manômetro do tipo Bourdon. Monitorou-se também a temperatura e a umidade relativa do ar com um termo-higrômetro, bem como a evaporação ocorrida durante os ensaios, por meio de três coletores parcialmente preenchidos com volume conhecido de água no início de cada avaliação.

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Resultados e Discussão

A Figura 1 apresenta os raios molhados médios observados em cada altura. Nesta, observa-se que o raio molhado foi um pouco maior na altura de 1,80m (5,30m) e que nas outras alturas o alcance foi praticamente o mesmo (variando entre 4,70m a 4,80m). Comparando-se genericamente a forma de distribuição de água do emissor na Figura 1 com aquela apresentada por Holanda Filho et al. (2001), referente a um microaspersor similar ao ensaiado, porém com bailarina em pé em posição correta de trabalho, percebe-se um mesmo perfil geral de distribuição de água na forma de sino. Na Figura 1, ainda, nota-se uma tendência de se aumentar a concentração de água próximo ao emissor a medida que se reduz a altura. De acordo com Keller e Bliesner (2010), o perfil de distribuição na altura de 0,30m assemelha-se ao de um emissor com operação inadequada devido à pressão muito elevada; já os perfis das alturas de 1,30m e 1,80m equivalem ao do tipo “B” caracterizado por uma recomendação de espaçamento retangular de 40% X 60% do diâmetro molhado (DM) e de espaçamento triangular de 66% DM; finalmente, o perfil na altura de 0,80m equivale ao perfil do tipo “E”, com a mesma recomendação de espaçamento retangular do perfil “B”, porém com uma recomendação de 80% DM para o espaçamento triangular. Deve-se lembrar, entretanto, que recomendações mais precisas poderiam ser obtidas com o ensaio do CUC em cada uma das alturas avaliadas.

Figura 1: Perfil de Distribuição de Água do Microaspersor em Função da Altura de Trabalho

Conclusões

O perfil de distribuição de água do microaspersor avaliado é influenciado pela altura de trabalho do mesmo, o qual influencia também o espaçamento triangular recomendado entre emissores. Não se recomenda a operação do referido microaspersores na altura de 0,30m.

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Agradecimentos

À FAPERJ pelo apoio financeiro.

Referências

BERNARDO, S.; SOARES, A.A.; MANTOVANI, E.C. Manual de Irrigação. Viçosa: UFV, 2005. 611p. HOLANDA FILHO, R.S.F.; PORTO FILHO, F.Q.; MIRANDA, N. O.; MEDEIROS, J. F. Caracterização

Hidráulica do Microaspersor Rondo, da Plastro. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 5, n. 1, Apr. 2001.

KELLER, J.; BLIESNER, R. D. Sprinkle and Trickle Irrigation. New Jersey: The Blackburn Press, 2010. 657p.

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RENDIMENTO DAS BOMBAS CENTRÍFUGAS UTILIZADAS NA AGRICULTURA IRRIGADA

Endiara Beatriz da Silva Rodrigues*, Guilherme Guimarães Kronemberger*,

Marcelo Carazo Castro*

[email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro- Campus Nilo Peçanha-Pinheiral*

Palavras-chave: irrigação, hidráulica, bombeamento.

Introdução

Em tempos de globalização, onde o agronegócio brasileiro se desponta como um sustentador da economia nacional, busca-se continuamente melhores formas de produção com a otimização dos insumos empregados. Entre estas, a agricultura irrigada, apesar de ocupar apenas 5% da área total cultivada em nosso país, é responsável por 35% do valor econômico total da produção (Mantovani, Bernardo e Palaretti, 2007).

Para sua operacionalização, a agricultura irrigada utiliza de conjuntos moto-bombas elétricas ou a óleo diesel, sendo as primeiras de uso mais extensivo devido aos menores custos a elas associadas (Bernardo, Soares e Mantovani, 2005).

Dentre os diversos fatores que devem ser levados em consideração na escolha de uma bomba para uma dada situação de recalque, tem-se o rendimento hidráulico da mesma, que diz respeito à relação entre a potência efetivamente utilizada para realizar o trabalho de bombeamento e a potência absorvida em seu eixo. Durante o processo de seleção das bombas, o projetista consulta catálogos técnicos dos fabricantes para a obtenção do valor do rendimento das mesmas, o qual pode variar amplamente de bomba para bomba e ainda para uma mesma bomba, de acordo com o ponto de operação requerido (Carvalho e Oliveira, 2005).

Uma escolha apropriada do conjunto moto-bomba proporciona ao irrigante maior eficiência energética na irrigação, o que reduz os custos de implantação do sistema de irrigação e da linha de energia elétrica para seu atendimento, devido ao uso de motores de menor potência; reduz ainda os custos de produção decorrente do menor gasto com energia; e do ponto de vista da concessionária de energia elétrica possibilita um atendimento a um maior número de propriedades (Frizzone e Andrade Júnior, 2005).

Embora a abordagem do problema de eficiência energética na irrigação envolva aspectos referentes ao funcionamento do próprio sistema, como disponibilidade de tempo para operação diária, tamanho e conformação da área irrigada, tipo de sistema de irrigação empregado, características do clima e do solo locais e exigências hídricas da cultura irrigada, a seleção adequada do conjunto moto-bomba pode contribuir para uma redução significativa no gasto de energia para acionamento do sistema de irrigação, seja via energia elétrica, óleo diesel ou por qualquer outra forma de energia alternativa, como por exemplo a solar (Frizzone e Andrade Júnior, 2005). Entretanto, os projetistas de sistemas de irrigação não possuem referenciais técnicos efetivos que os auxiliem na escolha energeticamente eficiente de bombas para os sistemas de irrigação. Assim, as seleções são baseadas em critérios subjetivos como, por exemplo, marca ou preço de aquisição, os quais podem conduzir a escolha de bombas de baixo rendimento e consequentemente de baixa eficiência energética.

Silva (1997), por exemplo, avaliando sistemas de irrigação por aspersão, observou que geralmente os agricultores utilizam motores com potências bem superiores ao necessário decorrente da precaução oriunda da falta de projeto técnico do sistema, indicações realizadas pelos vendedores das casas agropecuárias ou mesmo aproveitamento de motor já existente. Em sua análise, este autor concluiu existir um superdimensionamento de potência dos motores de pelo menos 15%, baseado-se na utilização de bombas de melhor rendimento.

Desta forma, o presente trabalho objetivou analisar os rendimentos hidráulicos das bombas centrífugas nacionais utilizadas na agricultura irrigada brasileira proporcionando um instrumento auxiliar para sua seleção.

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Para tal, foi feita uma pesquisa para identificação dos fabricantes nacionais de bombas e, após a obtenção das informações técnicas das mesmas, analisou-se as curvas de desempenho hidráulico das bombas centrífugas de alta rotação (3500 rpm) comercializadas por eles. Identificou-se então o valor de melhor rendimento operacional de cada bomba, bem como seu respectivo ponto de trabalho (pressão manométrica e vazão), e calculou-se a respectiva potência requerida no eixo utilizando-se a metodologia apresentada por Carvalho e Oliveira (2008). Finalmente, determinou-se a relação entre os rendimentos observados com seus respectivos valores de pressão e vazão, por meio de regressão linear múltipla, utilizando-se o programa computacional LAB-Fit desenvolvido pela UFCG.

Resultados e Discussão

Foram encontrados 27 fabricantes nacionais que produzem bombas centrífugas possíveis de serem empregadas na irrigação agrícola. Entretanto, apenas 10 fabricantes (Dancor, Darka, EH, Famac, Glass, Imbil, KSB, Mark Grundfos, Schneider e Thebe) apresentaram informações sobre o rendimento de suas bombas as quais foram utilizados neste trabalho. Foram analisadas 517 curvas características onde se observou, em geral, vazão variando entre 1,25 e 368 m3.h-1 e pressão variando entre 1,3 e 246 mca. O rendimento médio, máximo e mínino encontrados foram 61,81%, 83% e 16%, respectivamente, com desvio padrão de 12,34%, onde se percebe uma grande amplitude de seus valores. O rendimento médio encontrado aproxima-se do valor de 60% mencionado por Carvalho e Oliveira (2005), embora tais autores não apresentem maiores informações sobre o mesmo. Além disso, para um mesmo ponto de trabalho hidráulico da bomba, observou-se que os valores do rendimento variaram muito também em função do fabricante.

A Figura 1 apresenta a relação gráfica entre os valores de rendimento, pressão e vazão observados. A equação 1 apresenta a relação analítica observada entre essas variáveis com r2 = 0,4387. Apesar do baixo valor do coeficiente de correlação, a equação 1 pode ser usada pelos projetistas de sistemas de irrigação como ferramenta de auxílio na escolha de uma determinada bomba de alta rotação, a partir do ponto de trabalho requerido.

O cálculo da potência absorvida no eixo apresentou um valor médio, máximo e mínimo de 24,48CV, 240,24CV e 0,18CV, respectivamente, evidenciando a grande quantidade de bombas de pequena potência.

Figura 1: Relação Gráfica entre Rendimento, Pressão e Vazão das Bombas Analisadas

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+

= HQR

3809,00357,0

*49 (eq. 1)

em que: R = rendimento das bombas de alta rotação; %; H = pressão manométrica no ponto de trabalho, mca; Q = vazão requerida no ponto de trabalho, m3/h.

Conclusões

O valor médio de rendimento hidráulico das bombas centrífugas nacionais utilizadas na agricultura irrigada foi de aproximadamente 62% e os resultados fornecem uma ferramenta de auxílio à seleção energeticamente adequada de bombas de alta rotação.

Agradecimentos

Ao CNPq pelo apoio financeiro.

Referências

BERNARDO, S.; SOARES, A.A.; MANTOVANI, E.C. Manual de Irrigação. Viçosa: UFV, 2005. 611p. CARVALHO, J.A.; OLIVEIRA, L.F.C. Instalações de bombeamento para irrigação: hidráulica e consumo

de energia. Lavras: UFLA, 2008. 354p. FRIZZONE, J.A.; ANDRADE JÚNIOR, A.S. Planejamento de Irrigação: análise de decisão de investimento.

Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. 626p. MANTOVANI, E.C.; BERNARDO, S.; PALARETTI, L.F. Irrigação: princípios e métodos. Viçosa: UFV, 2007.

358p. SILVA, R.T. Racionalização do uso da água e da energia elétrica em instalações de irrigação por

aspersão convencional na região de Atibaia-SP. Campinas: UNICAMP. 118p. 1997. (Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil)

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Resumo

ELABORAÇÃO DE CARTILHA DE TREINAMENTO DE MANIPULADOR

DE ALIMENTO PARA REDE HOTELEIRA Aluno(a):Catia Cristina Brandão Gomes; Bolsista:Thais Lourenço Ferreira,

Professor(a)orietador :Dr.a Márcia Cristina da Silva. ; Professor(a) Co- Orientador(a): Msc. Iracema

Maria de Carvalho da Hora E-mail do orientador(a): [email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Palavras-chave: de 3 a 5: Segurança Alimentar, Treinamento de Manipuladores de Alimentos, Avaliação Microbiológica de Cozinha, Boas Práticas e APPCC..

Introdução O trabalho com alimentos é uma questão de saúde pública, devendo ser realizado com segurança e

confiabilidade. O mercado competitivo de Alimentação, e a maior conscientização do cliente exigem que as Empresas proporcionem serviços cada vez melhores, para atender as expectativas dos seus clientes, que procuram por variedade, características sensórias agradáveis, preço, e acima de tudo ter certeza da qualidade higiênico-sanitária dos produtos que esta consumindo.

Para as empresas, a qualidade relaciona-se, tanto ao fato de garantir a segurança dos alimentos, quanto à saúde do cliente, mas também ao fato de terem maior competitividade no mercado (GERMANO 2003). Em Hotelaria isso se torna ainda mais importante, pois o mercado é muito agressivo, e a competitividade é acirrada, e alimentação é um diferencial na hora de escolher em qual local se hospedar ou realizar o seu evento. Casos de DTAs ocorridas em um Estabelecimento ferem o Nome da Empresa no mercado, trazendo insegurança para os clientes, que podem preferir escolher outros Estabelecimentos. Por outro lado a Segurança do Nome da Empresa no Mercado, acompanhada de bons serviços garantem o fidelidade do cliente.

Segundo GERMANO (2000) o termo “Manipulador de Alimentos” é, genericamente, utilizado para classificar todas as pessoas que podem entrar em contato com parte ou com o todo da produção de alimentos, incluindo os que colhem, abatem, armazenam, transportam, processam ou preparam alimentos.

SOUZA LENKE (2006), afirma que o manipulador de alimentos, quando executa sua higiene pessoal erroneamente e quando não se conduz por boas práticas de fabricação, é um fator de contaminação dos alimentos, pois, sendo uma pessoa oferece várias vias de contaminação: mãos, ferimentos, boca, nariz, pele, cabelo, entre outros. E podem veicular microorganismos deterioradores, patogênicos e de origem fecal aos alimentos.

O fornecimento de um alimento seguro ao consumidor envolve o conhecimento e uso de manipulação adequada, seguindo os princípios de Boas Práticas de Fabricação (BPF). As BPFs englobam os princípios e procedimentos fundamentais necessários à produção de alimentos com qualidade desejável. É importante se utilizarem práticas de higiene, em que medidas sanitárias devem ser seguidas e mantidas pelos estabelecimentos, as quais devem ser sempre aplicadas e registradas, sendo pré-requisitos para outros sistemas, em especial, a análise de perigos e pontos críticos de controle, o APPCC. (LEVINGER, 2005 apud SOUZA, 2006)

Embora as estatísticas brasileiras sejam precárias, acredita-se que a incidência de doenças microbianas de origem alimentar em nosso país seja bastante elevada. Mesmo em países desenvolvidos, nos quais o abastecimento de gêneros alimentícios é considerado seguro do ponto de vista de higiene e saúde pública, a ocorrência de doenças desta natureza é significante e vem aumentando, apesar dos avanços tecnológicos nas áreas de produção e controle de alimentos. (Franco, 2003 apud MESQUITA, 2006).

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a alimentação deve ser disponível em quantidade e qualidade nutricionais adequadas, além de ser livre de contaminações que possam levar ao desenvolvimento de doenças de origem alimentar”. Alimentos contaminados são nocivos à saúde das pessoas que os consomem, provocando diversas enfermidades. Dados demonstram que os agentes etiológicos são, na maioria das vezes, microorganismos, e a contaminação pode ocorrer em diversas fases do processamento do alimento. Dessa forma, são necessárias medidas de controle em todas as etapas do processamento: colheita, conservação, manipulação, transporte, armazenamento, preparo e distribuição dos alimentos. (MESQUITA, 2006)

Dentre as doenças transmitidas pelos alimentos, têm-se as de origem física, química e microbiológica. As Doenças de Origem Alimentar vinculadas por microrganismos têm sido reconhecidas como o problema de saúde pública mais abrangente no mundo atual e causa importante na diminuição da produtividade, das perdas econômicas que afetam os países, empresas e simples consumidores. (MESQUITA, 2006).

Segundo GERMANO (2003) “Qualidade dos Alimentos” refere-se às propriedades de um produto conferir condições de satisfazer as necessidades do consumidor, sem causar agravos a sua saúde. Neste contexto foram desenvolvidas ferramentas para assegurar a qualidade dos alimentos em todas as fases da cadeia produtiva. Mas levando em consideração a importância do Manipulador de Alimentos neste processo, os mesmos devem ter conhecimento de suas tarefas, e dos riscos de erros na execução das suas funções, e acima de tudo motiva-los a fazer o certo, pois sem o comprometimento dele não alcançamos a Qualidade esperada. Mas como na sua grande maioria os Manipuladores de Alimentos possuem pouco estudo, o conteúdo abstrato dos treinamentos de Segurança Alimentar e Higiene são um obstáculo para o aprendizado e não atraem a atenção e o interesse do público. Assim um Treinamento que alcance o público em questão, com linguagem acessível e que prenda a atenção, pode ser o diferencial para formar uma equipe de trabalho motivada e comprometida com bons resultados.

Cabe ressaltar que atividades de educação sanitária dirigidas aos manipuladores constituem as ações mais eficientes, duradouras e econômicas para garantir a qualidade dos alimentos. (GERMANO, 2003)

JUSTIFICATIVA

A eficácia do Programa APPCC em uma empresa de alimentos depende muito do comprometimento dos Manipuladores de Alimentos com a qualidade do serviço e desenvolvimento de suas tarefas, para isso um treinamento bem desenvolvido e aplicado corretamente é a base para se obter resultados positivos. De modo que Elaborar um material didático de fácil compreensão do público alvo é fundamental para alcançar a Qualidade esperada nos serviços oferecidos pelas Empresas de Alimentação. Neste contexto este trabalho visa elaborar uma cartilha de treinamento utilizando técnicas didáticas pedagógicas focando o público alvo, bem como ferramentas que tornem o conteúdo explorado mais acessível e de melhor compreensão.

OBJETIVO

Objetivo Geral Elaborar cartilha de treinamento de Manipuladores de Alimentos a ser utilizado em cozinhas da Rede Hoteleira do Rio de Janeiro.

Objetivos específicos:

-Facilitar o aprendizado dos manipuladores de alimentos, quanto à importância de uma correta e segura manipulação dos alimentos, garantindo o maior comprometimento destes com a segurança alimentar; -Elaborar material de treinamento de Manipuladores de Alimentos, utilizando ferramentas didáticas pedagógicas apropriadas ao público alvo; -Demonstrar, através de análises microbiológicas, as consequências de erros de manipulação de alimentos.

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Resultados e Discussão Embora a legislação Brasileira não estabeleça limites para coliformes a 35ºC (Coliformes Totais),

altos níveis indicam condições higiênico-sanitárias insatisfatórias. (ALVES, 2010). RDC de 12 de janeiro de 2001 não apresenta limites para contagem de bactérias aeróbias mesófilas

e nem de Coliformes Totais, nem em alimentos prontos para o consumo, quanto para mãos de manipuladores. Para ter um padrão de avaliação devemos recorrer à literatura.

As mãos dos funcionários analisados na primeira fase, dia 09 de novembro, dos cinco manipuladores analisados, três apresentavam contagem de mesófilos aeróbios menores que 1 x10², consideradas em boas condições quando comparas a literatura, visto que não há padrões na Legislação para mesófilos em mãos de manipuladores, porém 2 apresentaram limite de contagem superior a 300 UFC por placa, sendo então incontável e considerados em condições de higiene insatisfatória.

Neste mesmo grupo dos 5 analisados, 4 apresentaram quantidades de mesófilos abaixo de 5 x 10¹, quando o limite considerado aceitável é até 1x 10³, segundo dados recolhidos em literatura acadêmica, mostrando correto procedimento de higienização das mãos. Porém um funcionário permaneceu em condição higiênica insatisfatória (valores de UFC acima do limite aceitável para calculo das UFC na placa).

O Material foi utilizado para aprimorar o treinamento de todos os manipuladores, com atenção individual para o funcionário que não teve uma higienização adequada das mãos.

Conclusões Em um serviço de Alimentação a Garantia da Qualidade é primordial, e para isso ter Boas Práticas de Fabricação e o APPCC estruturados e funcionando é essencial, porém isso só é alcançado com o comprometimento dos Manipuladores de Alimentos. Uma ferramenta de treinamento que consiga conscientizá-los sobre a sua importância como veiculo ou mesmo causador de Doença de Origem Alimentar, desenvolve uma postura mais profissional e responsável na equipe. Acreditamos que este trabalho possa minimizar a dificuldade de compreensão do conteúdo abstrato dos Treinamentos voltados aos Manipuladores, e desta forma tornar o assunto mais compreensível ao público alvo.

Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro do CNPQ.

Referências -ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Alimentos: contagem de bolores e leveduras em placas. Rio de Janeiro: ABNT, set. 1987.01 p (MB-2750)

-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Microrganismos viáveis aeróbios e anaeróbios em alimentos: contagem padrão em placas. Rio de Janeiro: ABNT, NOV. 1991. 02 p. 9MB-3462)

-BADARÓ, A .C. L; AZEREDO, R.M.C de; ALMEIDA, M. E. de. Vigilância Sanitária de Alimentos: uma revisão. Nutrir Gerais. Revista Digital de Nutrição- Ipatinga: Unileste – MG, V.1- N.1 – Ago./ Dez. 2007.

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- BELLIZZI, A.; dos SANTOS, C. L.; COSTA, E. Q.; VERRUMA-BERNARDI, M. R. Treinamento de manipuladores de alimentos: uma revisão de literatura. Hig. aliment; 19(133): 36-47, jul. 2005. - BERTHIER, F. M. Ferramentas de Gestão da Segurança de Alimentos: APPCC e ISSO 22000 (uma revisão). Monografia apresentada ao Centro de Excelência de Turismo- CET da Universidade de Brasília- UnB, como requisito parcial à obtenção de grau de Especialista em Tecnologia de Alimentos- Brasília. 2007

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RESPOSTA DA CULTURA DA ALFACE (Lactuca sativa L.) AOS PREPARADOS HOMEOPÁTICOS ARNICA MONTANA E CARBO

VEGETABILLIS

Ana Tábata Werneck, Anelize Barboza Oliveira, Darlene Gomes Baêta, Jeferson Batista da Silva, Marília Rodrigues da Silva, Maurílio de Faria de Vieira Júnior, Thiago Andrade Bernini.

marí[email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Campus Nilo Peçanha - Pinheiral, Rua José Breves 550 – Centro, Pinheiral – RJ Palavras-Chaves: Agricultura Orgânica, homeopatia vegetal, sustentabilidade.

Introdução O Brasil ocupa a terceira posição do ranking dos maiores produtores agrícolas do mundo, entretanto

é líder no consumo de agrotóxicos. Com o objetivo de maximizar a produção e o lucro, suas práticas ignoram a dinâmica ecológica dos agroecossistemas, levando a uma situação de insustentabilidade, visto que degrada os recursos naturais que possibilitam a produção de alimentos para a crescente população mundial. (GLIESSMAN, 2000). A homeopatia vegetal é uma das práticas preconizadas no sistema orgânico de produção, que pode contribuir muito para a alteração no consumo de agrotóxicos, uma vez que permite o controle de pragas, doenças, além de incrementar a produção de biomassa. No entanto pesquisas nessa área ainda são incipientes.

O medicamento Arnica montana vem sendo utilizado em culturas de clima temperado em época de calor, após desbrota, desbastes e nas situações de traumas físicos, estresse, aos quais as plantas são submetidas no momento do transplantio. Já o preparado Carbo vegetabillis atua no re-equilíbrio de plantas submetidas a geadas e a quebra de dormência de algumas sementes. É recomendado também para estados de debilidade em geral, cujos sintomas se agravam em tempo úmido e quente.

O objetivo desse estudo foi o de avaliar a influência da aplicação dos dois preparados homeopáticos: Arnica montana e Carbo vegetabilis no desenvolvimento e produção de alface visando minimizar o impacto ambiental na agricultura.

O experimento foi realizado na Unidade Educativa de Produção “viveiro de mudas” do Campus Nilo Peçanha- Pinheiral IFRJ, no período climático de primavera-verão. Os tratamentos consistiram em aplicações de três dinamizações homeopáticas de A. montana e C. vegetabillis (CH5, CH12 e CH30) e uma testemunha. As mudas da cultivar de alface Babá de Verão foram produzidas em viveiro, em bandejas de isopor de 128 células, preenchidas com substrato. O transplantio foi realizado aos 30 dias após semeadura e transplantadas para Unidade Agroecológica do CANP-IFRJ.Na fase de produção de mudas, cada parcela foi constituída de uma bandeja, onde foi realizada uma única aplicação de Arnica montana nas diferentes dinamizações, no dia do transplantio sendo retiradas as 20 plantas centrais. Os medicamentos foram diluídos na proporção de 1:100ml de álcool 70ºGL e pulverizados sobre as plantas na concentração de 5ml/l de água,sendo o C. vegetabillis pulverizado na segunda, terceira, quarta e quinta semana após transplantio.

No local definitivo as parcelas foram constituídas de canteiros de um metro de largura, com três linhas e 0,20m entre plantas, totalizando 20 plantas.

Além disso o delineamento experimental utilizado nas duas etapas foi o de blocos ao acaso com três repetições. Na 1ª fase foram avaliadas a sobrevivência das mudas aos 15 dias após o transplantio e o aspecto visual. Na 2ª fase foi avaliada a massa fresca da parte aérea: nº de folhas (NF) e peso no ponto de colheita.

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Figura 1. Fase de viveiro Figura 2. Fase de campo Figura 3: Pesagem da massa fresca

Resultados e Discussão

Conforme os resultados demonstrados na tabela 1, verificou-se que dentre os tratamentos avaliados

a maior sobrevivência das mudas ocorreu no tratamento A. montana CH5 e o pior índice foi do tratamento A. Montana CH30. No que se refere ao número de folhas, obteve-se o melhor resultado na testemunha. A massa fresca avaliada aos 60 dias, demonstrou melhor resultado no tratamento C. vegetabillis CH5. O que indica que nesse tratamento as folhas obtiveram um incremento no seu desenvolvimento.

Convém ressaltar que a aplicação dos preparados homeopáticos nas dinamizações testadas não influenciou significativamente, na sobrevivência das mudas, nºde folhas/planta e massa fresca. Apesar dos tratamentos não diferirem estatiscamente entre si, pôde-se observar desempenho superior no tratamento C. vegetabillis CH5 comparando-se com a testemunha. Isso indica que o medicamento em questão estimulou o desenvolvimento de massa fresca na cultura da alface.

Os resultados foram submetidos à análise de variância com aplicação do teste F.Os valores médios, quando significativos pelo teste F, foram comparados entre si pelo teste T-student a 5%.

Tabela 1 – Sobrevivência das mudas, Nº de folhas e Peso úmido.

Testemunha CH5 CH12 CH30 Média CV (%)

N° de plantas 15 dias 18,0a 19,0a 17,3ab 15,7b 17,8 9,62

Nº Folhas 41,7a 40,7ab 34,1b 34,9ab 37,9 10,59

Peso Úmido (gramas) 172,6ns 181,2ns 153,8ns 156,4ns 166,0 14,99 Médias seguidas de mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste T a 5%. ns = não significativo pelo teste T a 5%.

Conclusões O presente trabalho desenvolveu-se com o objetivo de avaliar a influência da aplicação de dois

preparados homeopáticos: Arnica montana e Carbo vegetabilis em diferentes dinamizações no desenvolvimento e produção de alface.

A agricultura passa por um período de transformações em relação ao modelo agrícola convencional. Isso implica uma série de fatores que vão desde a formação profissional até o desenvolvimento de técnicas sustentáveis de produção.

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Com base nos resultados obtidos durante o período primavera/verão, concluiu-se que os melhores resultados ocorreram no tratamento CH5.

Podemos então concluir que o tratamento na dinamização CH5 de A.montana e C.vegetabillis melhor se emprega para os agricultores que realizam todas as etapas da cadeia produtiva da cultura do alface, desde a produção de mudas até a colheita.

Portanto, o desenvolvimento deste projeto visa servir de subsídio para outras pesquisas, na formação dos estudantes do CANP e agricultores locais inseridos na cadeia de produção orgânica.

Em síntese o trabalho indica que a homeopatia pode contribuir no incremento produtivo da alface todavia mais pesquisas devem ser realizadas, para consolidar a recomendação da homeopatia como ferramenta para uma agricultura sustentável.

Agradecimentos Ao IFRJ e ao Núcleo de Estudos e Pesquisa Agroecológica do Campus Nilo Peçanha/Pinheiral.

Referências BONATO, O. M. Mecanismos de atuação da homeopatia em plantas. In: V Seminário Brasileiro sobre Homeopatia na Agropecuária Orgânica, 5, 2003, Toledo, PR. Anais... Viçosa, MG: UFV, 2004, p 17-44. ROSSI, F. Aplicação de preparações homeopáticas em morango e alface visando o cultivo com base agroecologica. 2005, 89p. Tese (Mestrado em Fitotecnia) Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba – SP, 2005. SOUZA, J.L.; RESENDE, P. Manual de horticultura orgânica. Viçosa, MG: Aprenda Fácil,2006.

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Bioatividade de produtos naturais sobre o pulgão-praga de brássicas Mysus

persicae Carolina de Paula Rodrigues (IC)*; Bárbara Carlos do Carmo*(IC); Shaiene Costa Moreno*(PQ);

Marcelo Coutinho Picanço**(PQ2); Carlos Eduardo Gabriel Menezes*(PQ) [email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Universidade Federal de Viçosa** Palavras-chave: inseticidas botânicos, toxicidade, afídeos, hortaliças.

Introdução

Os pulgões (Hemiptera: Aphididae) estão entre os principais grupos de pragas agrícolas. Os danos causados por esses insetos são sucção de seiva, introdução de toxinas e transmissão de viroses. Os sintomas mais visíveis do ataque são encarquilhamento e clorose das folhas e brotações. O pulgão-verde M. persicae é uma espécie polífaga, que ataca diversas plantas cultivadas e não cultivadas (possui cerca de 400 espécies de plantas hospedeiras em mais de 50 famílias) e é altamente eficiente como vetor do vírus, sendo capaz de transmitir mais de 100 vírus de plantas (BLACKMAN; EASTOP, 2000; COLLIER; FINCH, 2007). Tendo em vista os grandes prejuízos causados pelo ataque desta espécie, que pode causar uma redução de até 30 % na produtividade das culturas, os produtores se deparam com a necessidade de recorrer a métodos de controle como o comportamental, biológico, genético, cultural e químico.

O principal método utilizado para o controle de pulgões é o controle químico com a utilização de inseticidas sintéticos. Entretanto, a utilização exagerada desses produtos vem afetando seriamente o ambiente. Além dos perigos aos seres humanos relativos aos aspectos ocupacionais, alimentares e de saúde pública, o uso indiscriminado de inseticidas pode causar a redução das populações de insetos benéficos, a ressurgência e erupção de pragas e a perda de eficácia de inseticidas em razão da seleção de populações resistentes a esses compostos (VIEGAS Jr., 2003). Apesar dos inseticidas sintéticos terem sido uma parte importante das estratégias de manejo de pragas durante anos, as suas desvantagens e riscos estão se tornando cada vez mais evidentes. Como resultado, há uma busca contínua por alternativas mais seguras (VIEIRA et al., 2001).

Dentre os métodos disponíveis para o controle de pragas agrícolas, o uso de inseticidas naturais, apesar de ser uma técnica ainda pouco difundida, tem merecido destaque como método alternativo ao controle químico. Um grande motivo que levou ao aumento do interesse por inseticidas naturais foi o desenvolvimento da agricultura orgânica e de outros modelos de agricultura de base ecológica. Tais modelos de agricultura proíbem o uso de pesticidas sintéticos e seguem regras específicas, preconizando o uso de produtos naturais.

Atualmente muitas receitas de inseticidas naturais são divulgadas sem terem sua atividade inseticida investigada sobre todas as pragas para as quais são recomendadas. Normalmente as recomendações são genéricas e dizem respeito a grupos de pragas, sem levar em consideração a especificidade das espécies de insetos-praga. Uma receita recomendada para controle de pulgões, por exemplo, pode não ser eficiente para todas as espécies de pulgões, e o produtor acaba tendo insucesso no controle. Diante desse contexto, esse trabalho teve como objetivo avaliar a atividade inseticida de receitas de inseticidas naturais sobre os pulgões-pragas de brássicas M. persicae.

Os pulgões utilizados nos experimentos foram obtidos de criação mantida no Laboratório do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Agroecologia do Campus Nilo Peçanha - Pinheiral. Para avaliação da eficiência de receitas de inseticidas botânicos amplamente difundidas pela sabedoria popular, realizamos bioensáios de pulverização das preparações em plantas de couve previamente infestadas com os ninfas de primeiro instar de pulgões M. persicae. As receitas testadas foram selecionadas com base em relatos de produtores e no conhecimento popular relatado por Moreira et al. 2005. As receitas utilizadas estão descritas na tabela 1.

O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições. Os tratamentos foram as diferentes receitas de inseticidas naturais e a testemunha, onde pulverizou-se apenas água. Os insetos vivos e mortos foram contados 12, 24 e 48 horas após aplicação dos tratamentos. Os

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insetos foram considerados mortos quando se apresentavam imóveis. Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância e as médias serão comparadas pelo teste de Scott-Knott a p < 0,05.

Tabela 1. Descrição das receitas de inseticidas botânicos obtidas a partir de conhecimento popular.

No Descrição da receita 1 Extrato de fumo a 25% 2 Mistura de sabão em pó e extrato de fumo 3 Mistura de extrato de frutos de pimenta malagueta e detergente 4 Extrato de alho 5 Extrato de pimenta do reino, alho e sabão 6 Solução a base de sabão de coco 7 Solução a base de sabão de coco e bórax

Resultados e Discussão No tempo de 12 horas observa-se que o extrato de fumo a 25% foi o mais eficaz no controle do

pulgão M. persicae causando 100% de mortalidade, seguido da mistura de sabão em pó e extrato de fumo; extrato de pimenta do reino, alho e sabão; solução a base de sabão de coco; e solução a base de sabão de coco e bórax, que apresentaram mais de 90% de mortalidade de pulgões. O extrato de frutos de pimenta malagueta e detergente apresentou baixa potência de controle, causando apenas 58% de mortalidade. O extrato de alho foi o eficiente, com média de 36,66% de mortalidade (Tabela 2).

No tempo de 24 horas observou-se que o extrato de fumo a 25% e a mistura de sabão e extrato de fumo causaram 100% de mortalidade, não diferindo estatisticamente dos extratos de pimenta do reino, alho e sabão; solução a base de sabão de coco; e solução a base de sabão de coco, que apresentaram mortalidade superior a 95% (Tabela 2).

No tempo de 48 horas, todos os extratos se mostraram eficientes no controle do pulgão, com mortalidades médias superiores a 95%. Apesar da alta eficiência do extrato de frutos de pimenta malagueta e detergente e do extrato de alho no tempo de 48 horas após a pulverização, observamos que esses extratos demonstraram lentidão ao matar os pulgões, o que é uma característica indesejável (Tabela 2). Tabela 2. Média ± erro padrão da mortalidade (%) de pulgões, 12, 24 e 48 horas após pulverização de sete receitas de inseticidas naturais. 25 ± 0,5°C, U.R.= 75 ± 5% e fotofase de 12 horas.

Mortalidade (%) Receita

12 horas 24 horas 48 horas Extrato de fumo a 25% 100,00 ± 0,0 aA 100,00 ± 0,0 A 100,00 ± 0,0 A Mistura de sabão e extrato de fumo 90.67 ± 7,77 bB 100,00 ± 0,0 aA 100,00 ± 0,0 A Extrato de frutos de pimenta malagueta e detergente 58,00 ± 3,74 cC 76,00 ± 5,10 bC 96 ± 2,45 aA Extrato de alho 34.67 ± 5,23 cD 62.67 ± 5,31 bD 92 ± 4,29 aA Extrato de pimenta do reino, alho e sabão 93.33 ± 4,21aB 96,67 ± 3,33 aA 100,00 ± 0,0 aA Solução a base de sabão de coco 93.3 ± 4,21 aB 96.40 ± 2,37 aA 98.75 ± 1,25 aA Solução a base de sabão de coco e bórax 93.33 ± 3,65 aB 97.33 ± 1,63 aA 98.67 ± 1,33 aA Testemunha 0,0 ± 0,0 ± aE 0,0 ± 0,0 aE 0,0 ± 0,0 aC

As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha ou maiúscula na coluna não diferem, entre si, pelo teste Scott - Knott a p < 0,05.

A mistura de sabão em pó e extrato de fumo se mostrou altamente eficiente visto que matou todos os

pulgões em menor tempo (até 12 horas após aplicação), porém foi prejudicial à planta, que apresentou sintomas de intoxicação. Tendo em vista o observado, este extrato não deve ser recomendado para o controle de pulgões na cultura da couve. Entretanto, considerando a elevada eficiência apresentada por esse extrato, estudos devem ser realizados para avaliar a viabilidade de utilização desse extrato em outras culturas que sofrem com o ataque de pulgões.

De acordo com os resultados observados, os extratos de fumo a 25%; extrato de pimenta do reino, alho e sabão; solução a base de sabão de coco; e solução a base de sabão de coco e bórax podem ser recomendados para o controle do pulgão M. persicae na cultura da couve. Tais extratos foram altamente eficientes (mortalidade > 90%) em um período relativamente curto após a aplicação. Apesar de serem naturais e apresentar alta eficiência, é importante lembrar que, alguns desses produtos são altamente tóxicos

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para humanos, como é o caso dos extratos a base de fumo e de pimenta. Tais extratos podem ser mais tóxicos que inseticidas sintéticos e todos os cuidados devem ser observados na ocasião da aplicação dos mesmos.

Conclusões O extrato de fumo a 25% foi o mais eficaz no controle do pulgão M. persicae e pode ser

recomendado para o controle de M. persicae na cultura da couve. O extrato de pimenta do reino, alho e sabão; a solução a base de sabão de coco; e a solução a base

de sabão de coco e bórax também apresentaram eficiência satisfatória e podem igualmente serem utilizados no controle dos pulgões em estudo.

O extrato de frutos de pimenta malagueta e detergente e o extrato de alho apresentaram eficiência satisfatória apenas no tempo de 48 horas após a avaliação, o que indica a

A mistura de sabão em pó e extrato de fumo foi fitotóxica para a planta de couve, não devendo ser recomendada para o controle de pragas nessa cultura.

Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro.

Referências BLACKMAN, R. L.; EASTOP, V. F. Taxonomic Issues. In: H. F. Van Emden; Harrington, R. (Eds.). Aphids as crop pests. London: CABI Publishing, 2007. p. 115-134.

COLLIER, R. H.; FINCH, S. IPM Case Studies: Brassicas. In: H. F. Van Emden; Harrington, R. (Eds.). Aphids as crop pests London: CABI Publishing, 2007. p. 549-560.

MOREIRA, M. D.; PICANÇO, M. C.; BARBOSA, L. C. A.; GUEDES, R. N. C.; SILVA, E. M. Toxicity of leaf extracts of Ageratum conyzoides to Lepidoptera pests of horticultural crops. Biological Agriculture and Horticulture, v. 22, p. 251-260, 2004.

VIEGAS Jr., C. Terpenos com atividade inseticida: uma alternativa para o controle químico de insetos. Química Nova, São Paulo, v. 26, p. 390-400, 2003.

VIEIRA, P. C.; MAFEZOLI, J.; BIAVATTI, M. W. Inseticidas de Origem Vegetal. In: FERREIRA, J. T. B.; CORRÊA, A. G.; VIEIRA, P. C. (Eds.). Produtos naturais no controle de insetos. São Carlos: Editora Universidade de São Carlos, 2001. p. 23-45.

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Eficiência de atrativos alimentares e armadilhas na captura de moscas-das-frutas

em pomar cítrico na região do Sul Fluminense Aramis Paes Pena Barcellos (IC)*; Carlos Eduardo de Crito da Silva *(IC); Shaiene Costa Moreno*(PQ); Marcelo Coutinho Picanço**(PQ2); Carlos Eduardo Gabriel Menezes*(PQ)

[email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Universidade Federal de Viçosa** Palavras-chave: fruticultura, monitoramento de pragas, iscas, Anastrepha spp., Ceratitis capitata.

Introdução A região Sul Fluminense se destaca pelo predomínio de pequenos produtores familiares. Embora não

tenham um mercado fruticultor tradicional, nos últimos anos vêm aumentando nessa região a produção de frutas como o maracujá, a manga, a banana e as frutas cítricas. As moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) são mundialmente reconhecidas como pragas da fruticultura, sendo consideradas pragas-chave em culturas de citros. Existem diversas espécies de moscas-das-frutas de importância econômica, sendo que no Brasil destacam espécies do gênero Anastrepha Schiner e a espécie Ceratitis capitata (Wied.), que são também vulgarmente denominadas de “bichos das frutas” ou “bicho da goiaba” (MALAVASI; ZUCCHI, 2000).

Os prejuízos causados por essas pragas são decorrentes de danos diretos, já que suas larvas se alimentam da polpa da fruta, e de danos indiretos, devido às fêmeas fazerem um orifício na fruta, ao ovipositarem na mesma. Tais orifícios servem de porta de entrada para fungos e bactérias que causam o apodrecimento da fruta. Como conseqüência desses danos, há uma queda prematura e abundante de frutos no solo e desvalorização do fruto atacado no mercado in natura (MALAVASI; ZUCCHI, 2000).

O controle das moscas-das-frutas é realizado principalmente através da pulverização de inseticidas, o que muitas vezes é feito de forma indiscriminada e pode provocar poluição ambiental e comprometer a saúde humana. Atualmente, há uma preocupação mundial em reduzir o uso de produtos fitossanitários, de modo que a produção de alimentos seja feita dentro de padrões mais ecológicos, seguindo as normas da produção integrada (FACHINELLO et al., 2003). Nessas condições, segundo Monteiro e Hickel (2004), as pulverizações devem ser realizadas mediante um trabalho prévio de mensuração da população de moscas-das-frutas e do seu potencial em causar danos. Ou seja, de acordo com a produção integrada de frutas, só devemos lançar mão de medidas artificiais de controle caso o nível populacional da praga atinja o nível de dano econômico. O monitoramento é a ferramenta utilizada para mensurar a população dos insetos sendo indispensável para a tomada de decisão no controle de pragas. Para o monitoramento das moscas-das-frutas, são empregados frascos caça-moscas contendo atrativos alimentares (SALLES, 1999).

A armadilha recomendada para captura de adultos da mosca-das-frutas é o modelo McPhail, que consiste num recipiente, de vidro ou plástico, na forma de sino, com abertura no fundo formando um reservatório de até 500 mL de capacidade (THOMAS et al., 2001). O líquido colocado na armadilha serve como atrativo para captura dos insetos, visto que, as moscas atraídas para o interior da armadilha devido aos odores liberados, afogam-se no líquido. Com base nesta armadilha, outros modelos foram desenvolvidos através do reaproveitamento de embalagens comerciais com o objetivo de reduzir custos. Entretanto, existem poucos estudos comprovando a eficiência dos modelos de armadilhas alternativas ao modelo McPhail no controle das moscas-das-frutas em pomares cítricos, e a cada ano surgem novas variações e modelos. Nesse contexto, estudos com o objetivo de determinar a eficiência de armadilhas na captura de moscas-das-frutas em agroecossistemas produtores de frutas devem ser incentivados. Este trabalho teve, portanto, como objetivo avaliar a eficiência de armadilhas feitas a partir do aproveitamento de garrafas PET no monitoramento de moscas-das-frutas em pomar cítrico na região do Sul Fluminense.

Diferentes tipos de armadilhas confeccionadas a partir de garrafas PET (Polietileno Tereftalado) transparente e verde com capacidade de dois litros foram comparados com a armadilha modelo McPhail usando como atrativo alimentar proteína hidrolisada comercial. Os experimentos foram conduzidos num pomar de laranjeiras da variedade ‘Pera Rio’, plantado no espaçamento de 3 x 4 m, com altura média de 2,0 metros, localizado no município de Pinheiral - RJ.

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Foram testados três tipos de armadilhas de duas cores: transparente e verde, perfazendo um total de seis armadilhas. No primeiro tipo, no terço superior das garrafas foram feitas quatro perfurações circulares com 0,7 cm de diâmetro em cada quadrante da circunferência imaginária servindo de abertura para captura dos adultos. No segundo tipo foram feitas quatro aberturas retangulares de 2,00 x 1,00 cm em cada quadrante. No terceiro tipo a parte superior da tampa foi cortada e invertida, formando uma abertura superior tipo funil.

As armadilhas foram instaladas a uma altura média de 1,6 m do solo nos ramos externos das plantas distanciadas, no mínimo, 20 m entre si. Cada armadilha recebeu 400 mL de atrativo alimentar. As soluções atrativas foram renovadas semanalmente, ocasião em que os adultos capturados foram retirados das armadilhas, acondicionados em recipientes com álcool 70% e levados ao laboratório para contagem. O número de insetos capturados foi apresentado como número médio de adultos/armadilha/semana.

Os experimentos foram conduzidos no delineamento experimental de blocos ao acaso com cinco repetições. Para análise estatística, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (p< 0,05) através do programa estatístico SAEG (SAEG, 2001).

Resultados e Discussão De acordo com os resultados obtidos, as armadilhas de garrafa PET verde com orifícios de entrada

retangular e circular apresentaram a maior eficiência de captura de moscas, sendo estatisticamente semelhantes às armadilhas comerciais modelo McPhail. Cada armadilha com orifícios retangulares capturou uma média de 81,44 moscas por semana, e a com orifício circular 76,56 moscas por semana (Figura 1). A alta eficiência de captura dessas armadilhas indica que as mesmas podem ser usadas em substituição às armadilhas McPhail, representando uma redução do custo de controle por serem feitas com material reciclável de baixo custo.

Dentre as armadilhas de garrafa PET transparentes, as que tiveram melhores resultados também foram as de orifício circular e retangular. A circular apresentou uma média de 32,11 moscas capturadas por semana em cada armadilha, e a de orifício retangular 31,89 moscas por semana (Figura 1).

As armadilhas tipo funil, tanto a verde quanto a transparente foram as que apresentaram a menor eficiência de captura. Na tipo funil verde foi observada uma média de 10,44 moscas capturadas por semana por armadilha, e a transparente apresentou uma média de 1,56 moscas capturadas por semana em cada armadilha (Figura 1).

aa

b

a

Verde TransparentePET Retângulo PET Círculo PET Funil McPhailPET Retângulo PET Círculo PET Funil

No d

e m

osca

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ptur

adas

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a

0

20

40

60

80

100a

aa

b b

cd

Figura 1: Número de moscas capturadas por armadilha durante um período de sete dias. Os histogramas seguidos pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de de Tukey a p< 0,05. As barras verticais representam o erro padrão da média.

A baixa eficácia das armadilhas do tipo funil é possivelmente consequência das chuvas. Esse tipo de armadilha tem o orifício de entrada na parte superior, e voltado para cima. Isso fez com que a água da chuva entrasse com maior facilidade na armadilha e se misturasse com o atrativo diluindo assim a solução. Esse fato fez com que a nossa pesquisa comprovasse que a armadilha tipo funil não deve ser recomendada para captura da mosca-da-fruta pelo seu baixo rendimento perante as outras opções.

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Neste trabalho, observamos maior preferência pelas armadilhas de coloração verde em comparação às armadilhas transparentes. A maior atratividade da cor verde pode ser explicada pela semelhança com a coloração das folhas e frutos verdes, o que pode ter confundido os insetos.

Conclusões As armadilhas de garrafa PET de cor verde com orifícios de entrada retangulares e circulares

obtiveram os melhores resultados, se igualando em termos de eficácia com a armadilha modelo McPhail e podem, portanto, serem recomendadas como alternativa ao modelo comercial. A partir dos resultados obtidos, concluímos que a armadilha de garrafa PET é uma boa alternativa a se indicar para a captura da mosca-da-fruta com a intenção de se reduzir os custos com o monitoramento e controle desta praga, já que podemos obter os mesmos resultados da armadilha comercial modelo McPhail.

As armadilhas tipo funil apresentaram baixa eficiência na captura de moscas e devem ser evitadas com o objetivo de monitorar e/ou controlar moscas das frutas, pois podem subestimar a população de moscas de um pomar, levando ao produtor a possíveis falhas no controle.

Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro.

Referências FACHINELLO, J. C.; COUTINHO, E. F.; MARODIN, G. A. B.; BOTTON, M.; MAY DE MIO, L. L. Normas técnicas e documentos de acompanhamento da produção integrada de pêssego. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, 2003. 92 p.

MALAVASI, A.; ZUCCHI, R. A. Moscas-das-frutas de importância econômica do Brasil: conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto: FAPESP-Holos, 2000. 327 p.

MONTEIRO, L. B.; HICKEL, E. Pragas de importância econômica em fruteiras de caroço. In. MONTEIRO, L. B.; MAY DE MIO, L. L.; SERRAT, B. M.; MOTTA, A. C. V.; CUQUEL, F. L. Fruteiras de caroço: uma visão ecológica. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1939. 309 p.

SALLES, L.A. Efeito do envelhecimento e da decomposição do atrativo na captura de adultos de Anastrepha fraterculus (Wied.) (Diptera: Tephritidae). Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.5, n.2, p. 147-148, 1999.

THOMAS, D. B.; HOLLER, T. C.; HEATH, R. R.; SALINAS, E. J.; MOSES, A. L. Trap-lure combinations for surveillance of Anastrepha fruit flies (Diptera: Tephritidae). Florida Entomologist, v. 84, n. 3, p. 344-351, 2001.

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OS HIDROCARBOBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAs) ESTÃO PRESENTES NA SEMENTE DO GUARANÁ (Paullinia cupuna)?

Nicolle Gonçalves Varela da Silva*(IC); Luciana Lima de Albuquerque da Veiga* (PQ); Ronoel Luiz de O.

Godoy*(PQ); Renata Raices* (PQ); Simone Lorena Quitério de Souza* (PQ) *[email protected]

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*

Palavras-chave: HPAs; guaraná; segurança alimentar.

Introdução

A fiscalização com a qualidade dos alimentos vem crescendo ao longo dos anos devido à preocupação em relação à segurança dos alimentos. Tal fato é reflete na sociedade, estando esta mais criteriosa em relação à escolha dos alimentos que consume. Existem diversos critérios de análise de contaminantes em alimentos estabelecidos pelos Órgãos internacionais e nacionais vinculados a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde.

Assim como muitos outros alimentos, o guaraná possui uma cultura muito artesanal, sendo geralmente realizada longe das grandes cidades. Uma das etapas de processamento é torrefação, que é comunmente realizada através de técnicas bastante rudimentares, utilizando o carvão vegetal para queima. Esta combustão possibilita a contaminação dos grãos de guaraná por Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs), que são formados pela queima incompleta do carvão. Os HPAs são compostos químicos com potencial carcinógenos e já foram detectados como contaminantes em diferentes tipos de alimentos.

Enfatizando a importância da fiscalização de poluentes em produtos a base de guaraná, este trabalho tem como objetivo avaliar da presença de HPAs nos grãos de guaraná, determiná-los e quantificá-los.

Entre os métodos utilizados para análise de HPAs em alimentos, a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência tem sido amplamente utilizada em diferentes matrizes devido a sua grande sensibilidade na detecção e para uma maior confiabilidade na identificação dos hidrocarbonetos, utiliza-se o detector de arranjo de diodos.

Resultados e Discussão

Análise Cromatográfica Na primeira etapa do trabalho, desenvolveu-se o método a ser utilizado para a identificação e

quantificação dos HPAS por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. Realizou-se diversos testes com diferentes condições cromatográficas até chegar ao método de melhor

separação e identificação. No método final adotado, foi utilizado um sistema cromatográfico Ultimate 3000 da Dionex constituído

por uma bomba quaternária, detector de lâmpada fluorescente com comprimento de onda programado (Tabela 1), detector de arranjo de díodos e duas colunas cromatográficas C18 de 150 mm x 2,1 mm x 3 µm em sequência, termicamente estável a 50°C.

O Mix de 16 HPAs(Tabela2), adquirido da Supelco Inc, utilizado como padrão foi eluído com fase móvel em gradiente segundo o Gráfico 3, composta de água e acetonitrila (Tedia Company Inc) a uma vazão de 0,500 mL min-1. O volume de injeção foi de 5 µL.

Tabela 1: Programação de comprimento de onda Tabela 2: Lista de HPAs no Mix

Tempo (min) λ ex, nm λ em, nm

0 303 323

6,5 220 320

8,5 240 368

9,3 240 400

10,5 240 430

12,4 250 400

15,5 269 404

1- Naftaleno 9- Benzo[a]antraceno

2- Acenaftileno 10- Criseno

3- Acenafteno 12- Benzo[b]fluoanteno

4- Fluoreno 12- Benzo[k]fluoanteno

5- Fenantreno 13- Benzo[a]pireno

6- Antraceno 14- Dibenzo[a,h]antraceno

7- Fluoranteno 15- Benzo[g,h,i]perileno

8- Pireno 16- Indeno[1,2,3-cd]pireno

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Gráfico 1: Gradiente da fase móvel(porcentagem de acetonitrila/tempo)

O cromatograma obtido na corrida do Mix de HPAs, com concentrações que variam de 1 a 20mg L-1 nos

detectores de fluorescência e de ultravioleta, sob as condições descritas, está representado nas Figuras 1 e 2, respectivamente.

Figura 1: Cromatograma por CLAE referente à solução-padrão de HPAs no detector de fluorescência

Figura 2: Cromatograma por CLAE referente à solução-padrão de HPAs no detector de ultravioleta 254nm

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Na segunda etapa da analise cromatográfica, será realizada a validação do método e da curva de calibração a ser utilizada. Amostras

As amostras de grão de guaraná torrado analisadas são oriundas da Cidade de Maués – Amazonas, safras de 2010 e 2011 (Colheita se dá no período de Outubro e novembro). As amostras foram moídas e serão preparadas e extraídas com adição de KOH metanólico, e destiladas sob refluxo com solvente cicloexano, seguindo a metodologia descrita em CAMARGO (2006).

Para que se realize a extração é necessária a validação do método cromatográfico a ser utilizado, devido à instabilidade do composto obtido dessa.

Diversos estudos indicam que processos como a defumação, a secagem e a torrefação, que usam o carvão vegetal como fonte de energia, podem resultar na formação de HPAs. Logo, é possível ocorrer a contaminação do guaraná, uma vez que este passa pelo processo de torrefação. Desta forma, espera-se identificar e quantificar os possíveis HPAs presentes.

Conclusões

O método cromatográfico desenvolvido para a análise de HPAs, a primeira instância, mostrou-se

eficiente para a identificação e quantificação. No entanto, é necessária a realização da validação do método

segundo as normas, para que se possa afirmar a sua exatidão.

Ainda não houve a análise das amostras, logo não é possível a afirmar a presença de HPAs no guaraná,

porém espera-se que haja a presença dos mesmos devido aos processos implementados na fabricação das

amostras que podem contaminá-los com altos níveis de hidrocarbonetos.

Agradecimentos

Ao IFRJ pelo apoio ao projeto.

Referências

CAMARGO, Mônica Cristiane Rojo, TFOUNI, Silvia Amélia Verdiani, VITORINO, Silvia Helena Pereira, MENEGÁRIO, Thaís Feres, TOLEDO, Maria Cecília de Figueredo. Determinação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAS) em guaraná em pó (Paullinia cupana). Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26 (1), 230-334, 2006

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