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Cobit 5 na prática – Parte I – Como nós fazemos Cobit Quando comecei a trabalhar com Scrum, utilizei um livrinho que me ajudou demais no início, chamado “Scrum e XP direto das trincheiras” com o sub-título de “Como nós fazemos Scrum” de Henrik Kniberg. O que me chamou a atenção e fez com que eu realmente me interessasse pelo livro, foi o sub-título. Já na introdução do livro, Mr. Kniberg deixa claro: “A boa notícia é que vou te dizer exatamente como faço Scrum, em um nível de detalhes excruciantemente doloroso. A má notícia é, bem, esta é a maneira como EU faço Scrum. E isto não significa que Você deva fazê-lo exatamente da mesma maneira. De fato, eu também faria de maneira diferente, se encontrasse situações diferentes”. Bem, em relação ao Cobit 5 e esse artigo, a situação é mais ou menos a mesma. Vou descrever exatamente como EU faço Cobit e utilizando para isso ITIL V3, PMBOK 5ª Ed e CMMI/MPS-BR. A abordagem será a mais prática possível, sempre indicando templates (onde for possível) para lhe dar suporte a sua implantação. Para evitar ser malhado pelos profissionais certificados em Cobit e nos demais frameworks mencionados, que porventura cheguem até este obscuro blog, portanto com muito mais capacidade de implementação que eu, roubo novamente as palavras de Mr. Kniberg: “Isto não significa que Você deva fazê-lo exatamente da mesma maneira”. A maior dificuldade no uso e entendimento do Cobit, é que por ser um framework, ele não dirá COMO deve ser feito. Lhe apontará apenas O QUE deve ser feito, como sendo uma boa prática, adotada por milhares de instalações de TI pelo mundo afora. Portanto não adianta buscar templates Cobit, pois na verdade não são necessários. O que você terá que fazer é definir um planejamento para sua área de TI e lá você mencionará suas metas, processos, práticas, métricas etc, baseados no que sugere o Cobit. Boa sorte em sua implementação. Espero ajudar de alguma forma. Cobit 5 – Introdução COBIT 5 está focado em governança corporativa de TI, deixando claro a distinção entre governança e gestão. Provê um framework que auxilia as corporações a atingirem suas metas e entregar valor por meio de uma efetiva governança e gestão da TI corporativas. Aqui poderia começar a descrever os princípios, conceito de habilitadores, cascateamento de objetivos etc, mas já estaria fugindo do meu objetivo principal que é a parte prática. Para conhecer melhor o framework, há alguns recursos que considero interessantes: No site do próprio ISACA você encontra grátis a descrição geral do framework: “COBIT 5: A Business Framework for the Governance and Management of Enterprise IT”. Não fique muito animado, é apenas a descrição em linhas gerais do framework, em inglês. O COBIT 5 é um conjunto de produtos, que está à

Cobit 5 na prática – parte i – como nós fazemos cobit

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Cobit 5 na prática – Parte I – Como nós fazemos Cobit

Quando comecei a trabalhar com Scrum, utilizei um livrinho que me ajudou demais no início, chamado

“Scrum e XP direto das trincheiras” com o sub-título de “Como nós fazemos Scrum” de Henrik Kniberg. O

que me chamou a atenção e fez com que eu realmente me interessasse pelo livro, foi o sub-título.

Já na introdução do livro, Mr. Kniberg deixa claro: “A boa notícia é que vou te dizer exatamente como faço

Scrum, em um nível de detalhes excruciantemente doloroso. A má notícia é, bem, esta é a maneira como

EU faço Scrum. E isto não significa que Você deva fazê-lo exatamente da mesma maneira. De fato, eu

também faria de maneira diferente, se encontrasse situações diferentes”.

Bem, em relação ao Cobit 5 e esse artigo, a situação é mais ou menos a mesma. Vou descrever exatamente

como EU faço Cobit e utilizando para isso ITIL V3, PMBOK 5ª Ed e CMMI/MPS-BR. A abordagem será

a mais prática possível, sempre indicando templates (onde for possível) para lhe dar suporte a sua

implantação.

Para evitar ser malhado pelos profissionais certificados em Cobit e nos demais frameworks mencionados,

que porventura cheguem até este obscuro blog, portanto com muito mais capacidade de implementação que

eu, roubo novamente as palavras de Mr. Kniberg: “Isto não significa que Você deva fazê-lo exatamente da

mesma maneira”.

A maior dificuldade no uso e entendimento do Cobit, é que por ser um framework, ele não dirá COMO

deve ser feito. Lhe apontará apenas O QUE deve ser feito, como sendo uma boa prática, adotada por

milhares de instalações de TI pelo mundo afora.

Portanto não adianta buscar templates Cobit, pois na verdade não são necessários. O que você terá que

fazer é definir um planejamento para sua área de TI e lá você mencionará suas metas, processos, práticas,

métricas etc, baseados no que sugere o Cobit.

Boa sorte em sua implementação. Espero ajudar de alguma forma.

Cobit 5 – Introdução

COBIT 5 está focado em governança corporativa de TI, deixando claro a distinção entre governança e

gestão. Provê um framework que auxilia as corporações a atingirem suas metas e entregar valor por meio

de uma efetiva governança e gestão da TI corporativas.

Aqui poderia começar a descrever os princípios, conceito de habilitadores, cascateamento de objetivos etc,

mas já estaria fugindo do meu objetivo principal que é a parte prática.

Para conhecer melhor o framework, há alguns recursos que considero interessantes:

No site do próprio ISACA você encontra grátis a descrição geral do framework: “COBIT 5: A Business

Framework for the Governance and Management of Enterprise IT”. Não fique muito animado, é apenas a

descrição em linhas gerais do framework, em inglês. O COBIT 5 é um conjunto de produtos, que está à

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venda no site do ISACA. Segue o link para o documento gratuito:

http://www.isaca.org/COBIT/Pages/COBIT-5-Framework-product-page.aspx

Na mesma página você encontra o link para o Toolkit, que traz alguns itens que serão muito úteis, como o

“12.COBIT5-Governance-and-Management-Practices-Activities”, uma planilha Excel com a relação das

práticas para cada processo. Segue o link para download direto:

http://sas-origin.onstreammedia.com/origin/isaca/COBIT/COBIT5-Tool-Kit.zip

E há também o excelente mini curso do Wesley Vaz, Diretor Institucional do Capítulo Brasília do ISACA:

http://bit.ly/1gyGnrL

Para quem ainda não adquiriu o framework, e quer ter uma forma de iniciar suas definições, ainda é

possível achar espalhado pela web, o draft liberado para o público em Junho de 2011. Há diversas falhas no

documento, mas com boa vontade, será uma boa forma de iniciar, já que há informações que só poderão ser

conseguidas na versão definitiva do “COBIT 5 Enabling Processes”, ou no draft disponibilizado ao público

“COBIT 5 Process Reference Guide”. Segue um dos links onde pode encontrar o draft:

http://bit.ly/1iWLi4H

Por que implantar COBIT????

Para que eu preciso de COBIT em minha corporação? ITIL não é suficiente? Você já se fez essas

perguntas?

Todos nós já ouvimos a frase “Alinhar a TI ao negócio”, bem, COBIT nos ajuda a realizar esse

alinhamento.

Os “Stakeholders” não estão lá muito interessados no mundo de “TI”. Eles querem apenas saber, se seus

objetivos estratégicos estão sendo atingidos e consequentemente se a corporação está ou não sendo

lucrativa e trazendo resultados. No nosso caso, se a TI está gerando valor para o negócio.

Para cada decisão a ser tomada em relação ao futuro de um negócio (Stakeholder Needs), você deveria

responder a 3 perguntas: O que eu posso fazer para alcançar um benefício (objetivo) (Benefits

Realisation)? Com baixo risco (Risk Optimisation)? Com otimização dos meus recursos, ou seja, menos

gastos (Resource Optimisation)?

O COBIT 5 define 17 objetivos genéricos para a corporação. Objetivos que são comuns em quase todas as

empresas. Na sua empresa pode não ser chamada exatamente dessa forma, mas o sentido é o mesmo.

Para cada objetivo há a indicação para cada uma das perguntas descritas acima, se o objetivo é “Primário

(P)” ou “Secundário (S)”. Exemplo: “1.Stakeholder value of business investments”, atende principalmente

à necessidade dos stakeholders “Benefits Realisation”, mas também atende ao “Resource Optimization”, só

que de forma secundária, adicional.

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Define também 17 objetivos para a área de TI alinhados aos da corporação:

Você deve ter notado a coluna “BSC Dimension”. Grandes corporações utilizam uma metodologia de

medição e gestão de desempenho, chamada BSC (Balanced Score Card), que busca a maximização dos

resultados baseados em quatro dimensões (ou perspectivas) que refletem a visão e estratégia empresarial:

financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento.

Para maiores informações sobre BSC, comece lendo o Wikipedia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Balanced_scorecard

Para uma visão de BSC para a área de TI, caso sua companhia utilize BSC e deseje se aprofundar na gestão

de sua área, alinhada ao modelo de gestão de sua corporação, sugiro que leia esse artigo no site do ISACA

“The IT Balanced Scorecard – A Roadmap to Effective Governance of a Shared Services IT Organization”:

http://bit.ly/1kSijDn

E se puder, leia também esse livro “Implementing The IT Balanced Scorecard – Aligning IT with

Corporate Strategy” de Jessica Keyes. O achei disponível na web no link a seguir:

http://hlp4asp.files.wordpress.com/2011/10/it-scorecard.pdf

Page 4: Cobit 5 na prática – parte i – como nós fazemos cobit

O relacionamento completo entre os objetivos da corporação e os da área de TI, você poderá encontrar na

página 50 do “COBIT 5: A Business Framework for the Governance and Management of Enterprise IT”.

Aqui mostro apenas uma parte da tabela, a título de exemplo:

Um exemplo:

Atingindo o objetivo “09 IT agility”, você contribuirá para o atingimento de diversos objetivos

corporativos:

Em uma escala maior (P):

2. Portfolio of competitive products and services

8. Agile responses to a changing business environment

11. Optimisation of business process functionality

17. Product and business innovation culture

Em uma escala menor (S):

1. Stakeholder value of business investments

3. Managed business risk (safeguarding of assets)

6. Customer-oriented service culture

13. Managed business change programmes

14. Operational and staff productivity

16. Skilled and motivated people

Para que um objetivo seja alcançado, devo tomar ações para que o atingimento desse objetivo seja

facilitado ou viabilizado. Essas ações estão descritas nos processos do COBIT.

A relação completa de processos x objetivos de TI, você poderá encontrar na página 52 do “COBIT 5: A

Business Framework for the Governance and Management of Enterprise IT”. Aqui mostro apenas uma

parte da tabela, a título de exemplo:

Page 5: Cobit 5 na prática – parte i – como nós fazemos cobit

Por exemplo: para que o objetivo “09 IT agility” possa ser alcançado, a implementação de alguns

processos, contribuiriam de forma direta ao atingimento do objetivo:

APO01 Manage the IT Management Framework

APO03 Manage Enterprise Architecture

APO04 Manage Innovation

APO10 Manage Suppliers

BAI08 Manage Knowledge

EDM04 Ensure Resource Optimisation

Alguns processos, caso fossem implantados, contribuiriam de forma indireta para o objetivo:

APO02 Manage Strategy

APO05 Manage Portfolio

APO07 Manage Human Resources

APO09 Manage Service Agreements

APO11 Manage Quality

APO12 Manage Risk

BAI02 Manage Requirements Definition

BAI04 Manage Availability and Capacity

BAI05 Manage Organisational Change Enablement

BAI06 Manage Changes

BAI07 Manage Change Acceptance and Transitioning

BAI09 Manage Assets

BAI10 Manage Configuration

DSS01 Manage Operations

DSS03 Manage Problems

DSS04 Manage Continuity

EDM01 Ensure Governance Framework Setting and Maintenance

MEA01 Monitor, Evaluate and Assess Performance and Conformance

Imagine que você definiu o processo “APO10 Manage Suppliers” para implantar nesse momento. Quais as

atividades que deveriam ser desenvolvidas?

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Conforme mencionei anteriormente, no toolkit há a planilha “12.COBIT5-Governance-and-Management-

Practices-Activities.xls”. Na aba “Processes-Practices” filtrando pelo Domain “Align, Plan and Organize” e

pelo Process ID “APO10”, você terá as práticas que compõem o processo.

Defina as práticas a serem implementadas.

Na mesma planilha na aba “Activities” você encontrará todas as atividades a serem desenvolvidas para as

práticas escolhidas. Por exemplo: para a prática “APO010.05 Monitor Supplier performance and

compliance”, as atividades são:

Ok. Mas se eu tenho que atingir um objetivo, tenho que ter uma forma de medir o desempenho do meu

processo. Para isso precisamos definir as métricas que serão utilizadas na medida. Essas métricas você

pode encontrar no “COBIT 5 Process Reference Guide”, mencionado no início do post:

Page 7: Cobit 5 na prática – parte i – como nós fazemos cobit

Note que nesse documento por ser um draft, com erros, o objetivo está como “S” para o processo, quando

na verdade ele é “P”. No documento “COBIT 5 Enabling Processes”, disponível para aquisição no site do

ISACA, você encontrará as informações sem os erros. A apresentação da informação é um pouco diferente

também, como você pode notar abaixo:

No próximo post, passaremos a implementação.