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CONTEXTUALIZANDO A GESTÃO E PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO: DA “EXPLOSÃO INFORMACIONAL” AO BIG DATA ROBERTO LOPES DOS SANTOS JUNIOR ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ V ENCONTRO DE HISTÓRIA E ARQUIVOS 15 DE ABRIL DE 2016

Contextualizando a gestão e preservação da informação

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CONTEXTUALIZANDO A GESTÃO E PRESERVAÇÃO DA

INFORMAÇÃO: DA “EXPLOSÃO

INFORMACIONAL” AO BIG DATA

ROBERTO LOPES DOS SANTOS JUNIOR

ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ

V ENCONTRO DE HISTÓRIA E ARQUIVOS

15 DE ABRIL DE 2016

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E NO INICIO

• A partir de 1945, após a segunda guerra mundial, uma nova realidade tomava forma no cenário internacional. Uma característica marcante desse período foi a produção maciça de documentos e o rápido e vertiginoso desenvolvimento de serviços de acumulação e armazenamento da informação, onde pesquisadores e cientistas das mais variadas áreas de estudo repensaram suas práticas de produção e gestão informacional.

• Consolidava-se o que viria a ser conhecido como “era da informação”, que continua com diferentes desdobramentos até os dias atuais.

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• Essa breve apresentação irá identificar os principais conceitos que nortearam a sociedade no pós segunda guerra, contextualizando a realidade onde a gestão, acesso e preservação da informação estão inseridas.

• Separada em quatro principais eixos:

1. Explosão da informação

2. Sociedade da informação

3. Gestão de documentos, da informação e do conhecimento

4. Big data

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APÓS A SEGUNDA GUERRA

• Aparecimento de novas tecnologias, muitas delas relacionadas aos computadores. Apesar de modelos analógicos como, por exemplo, os norte-americanos Analisador Diferencial (1931) e Harvard Mark I (1944), o alemão Z3 (1943), e o inglês Colossus (1943), terem sido importantes marcos de consolidação dessas tecnologias, a primeira geração computacional, marcada por equipamentos de grande porte e com considerável capacidade de processamento de operações, surgiu somente em 1946, obtendo considerável, e por vezes exagerada e confusa, recepção por parte do público, organismos governamentais, imprensa e escritores de ficção científica.

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ENIAC (1946) ; UNIVAC-1 (1951) ; 7090 (1958); 360/370 MAINFRAMES (1964)

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• Nos EUA, as novas tecnologias de informação progressivamente tiveram sua produção e utilização afastadas do contexto estritamente militar, sendo gradativamente inseridos nos ambientes das empresas privadas (na década de 1960) e no âmbito de uso pessoal durante as décadas de 1970 e 1980. Esse fato permitiu o papel de vanguarda e liderança do país na chamada “terceira revolução industrial” .

• Um dos primeiros questionamentos, a partir da evolução desses novos horizontes tecnológicos, foi a de quais vantagens ou problemas poderiam advir na inserção desses novos equipamentos na produção, organização e armazenamento da informação.

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EXPLOSÃO DA INFORMAÇÃO

• As we may think”, de Vannevar Bush (1890-1974), líder de projetos e órgãos de pesquisa no EUA durante a segunda guerra, publicado em meados de 1945 no periódico The Atlantic Monthly, como um dos trabalhos pioneiros na busca de respostas ou direcionamentos para essas questões.

• O autor afirma a iminência de uma realidade denominada de “explosão da informação”, relacionada a produção maciça de material científico e tecnológico, criando dificuldade para a sociedade e pesquisadores de localizarem e identificarem informações ou pesquisas de seu interesse.

• Ao idealizar uma solução para esse problema, Bush sugere o desenvolvimento de uma máquina (ou computador analógico) denominado Memex, equipamento que seria “(...) capaz de ampliar a capacidade da memória humana, permitindo ao usuário guardar e recuperar documentos interligados por associação” que seria constituído por um “(...) teclado, botões e alavancas de seleção, e armazenamento de microfilme e serviria como uma extensão da memória humana e das suas associações” .

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EXPLOSÃO DA INFORMAÇÃO

• Alguns autores indicam esse texto como um importante ponto de discussão dos principais tópicos relacionados à informação no pós-guerra e, talvez, o primeiro grande artigo a resumir essas problemáticas, inspirando décadas mais tarde, conceitos como, por exemplo, de hipertexto. Trabalhos mais recentes, apresentam também que o mesmo possui certa “indefinição epistemológica”, onde o autor não identifica claramente as áreas onde essas ideias, além do próprio Memex, poderiam ser assimiladas ou utilizadas.

• Outras ideias importantes: Cibernética – Norbert Weiner (1948); Teoria matemática da informação – Claude Shannon (1949) e recuperação da informação.

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SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

• Os campos da administração, Comunicação e Sociologia, a partir do inicio dos anos 1960, apresentaram influentes abordagens, análises e avaliações sobre a consolidação de uma nova realidade, sugerindo uma possível obsolescência de antigos paradigmas ligados à produção industrial, científica e tecnológica nos Estados Unidos e Europa ocidental.

• Muitos trabalhos desses campos buscavam classificar esse novo e complexo cenário, onde a informação, o conhecimento, a inovação, o capital imaterial e as novas tecnologias substituíam ou interagiam com a então dominante forma de produção taylorista-fordista nesses países.

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SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

• “Aldeia Global” (Marshall Macluhan)

• ”sociedade do conhecimento” (Fritz Machlup, Peter Drucker)

• “sociedade pós-industrial” (Daniel Bell)

• “sociedade da informação” (Marc Porat)

• “terceira onda” (Alvin Toffler)

• “Sociedade em Rede” (Manuel Castells)

• “cibercultura” (Pierre Levy)

• “capitalismo cognitivo” (Antonio Negri)

• política da informação (Sandra Braman)

• Regime de informação (B. Frohmann )

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GESTÃO DE DOCUMENTOS / INFORMAÇÃO/ CONHECIMENTO

• Além do surgimento das novas tecnologias, outra consequência do pós-guerra nos Estados Unidos foi a produção maciça de documentos, em diferentes suportes, que precisavam ser organizados e armazenados. Uma preocupação sobre como gerenciar essa massa documental gerou novos horizontes para a arquivologia e Biblioteconomia norte-americana, além de oferecer diferentes alternativas teóricas e práticas para o campo da Documentação no país.

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GESTÃO DE DOCUMENTOS/ INFORMAÇÃO

• Gestão de documentos emerge, em meados do século XX, com um forte referencial estatal. No entanto, a gestão de documentos pode ser também compreendida fora das dinâmicas e reestruturações do Estado norte-americano, no cenário da organização capitalista no pós-guerra e da influencia da administração como campo cientifico.

• As primeiras reflexões sobre a gestão da informação incidiram, pois, sobre sua natureza física: reduzir o excesso, otimizar a circulação, identificar com precisão as necessárias e descartar as inúteis ou redundantes.

• estudos empíricos para se determinar os tipos e a importância estratégica das diversas fontes de informação utilizadas no ambiente organizacional, tanto no ambiente interno quanto no externo, mediante determinados critérios estabelecidos acerca de sua qualidade, tomando como referência os objetivos organizacionais.

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GESTÃO DO CONHECIMENTO• Não bastava gerir os recursos informacionais, era preciso também gerir o conhecimento, criando as

condições propícias para transformá-lo em informação. Seguiram-se, ao longo dos anos, diversos modelos definindo as ações necessárias para a execução deste processo.

• Algumas correntes importantes

Conhecimento tácito e explicito de Polanyi

Nonaka e Takeuchi : espiral do conhecimento (externalização, combinação, internalização e socialização ) e práticas de “ba”

Anos 1970 a 1990: capital intelectual , valor agregado , questão da aprendizagem , aspectos interacionais

Choo: reflexões sobre as organizações que aprendem, isto é, que são capazes de gerenciar os contextos nos quais o conhecimento acontece

A partir dos anos 1990: “cultura informacional” , inteligência competitiva , comunidades de prática, serviços de inteligência e segurança , orientação informacional e gestão de informações pessoais

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BIG DATA• Apesar de Big Data ser uma expressão criada para ter impacto mercadológico, acabou definindo uma nova

área de pesquisa.

• Descreve um conjunto de problemas e suas soluções tecnológicas em computação aplicada com características que tornam seus dados difíceis de tratar.

• um dos desafios é a enorme quantidade de dados, ou seja, seu volume. Os sistemas tradicionais atuais não estão preparados para tratar certas coleções de dados que já temos ou vamos obter nos próximos anos.

• Celulares, redes sociais (facebook, Linkedin, twitter, Tumblr), aplicativos (whatsapp, entre outros), smart TV, jogos online...

• Passamos da faixa de muitos gigabytes (bilhões de bytes) ou poucos terabytes (trilhões) para a faixa de petabytes (milhares de trilhões) ou até mesmo exabytes (milhões de trilhões)

• Com a diminuição do custo de armazenamento de dados causada pela redução do preço dos discos rígidos, guarda-se tudo que é possível e, mais tarde, descobre-se como usar. Porém, nem sempre isso é possível.

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BIG DATA

Dilemas e polêmicas do big data (Ekbia et al. 2015):

• Epistemológico• Estético / artístico• Tecnológico• Ético • legais• Político• econômico

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BIG DATA• Segundo Simon Szykman, diretor de informática do Departamento de Comércio Norte-americano, os desafios em relação

aos dados podem ser divididos em:

i) como adquirir;

ii) armazenar;

iii) processar;

iv) transmitir e disseminar;

v) gerenciar e manter;

vi) arquivar por longo prazo;

vii) garantir a segurança;

viii) treinar pessoas para usá-los;

ix) pagar por tudo isso.

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CONCLUINDO... • Estamos inseridos em uma nova realidade tecnológica, onde a mesma, em diferentes maneiras, está

presente em nosso dia a dia. Sejam nos países desenvolvidos ou em grande parte dos subdesenvolvidos, a influência dessa nova era informacional não deve ser ignorada.

• Cabe ao arquivista, e profissionais ligados a informação, não somente se “adaptar” a essa nova era informacional, mas ter consciência da constante e permanente atualização de seus conhecimentos e práticas, como também em possuir sensibilidade sobre diferentes questões que permeiam o funcionamento das instituições contemporâneas (arquivística pós-moderna e arquivística pós-custodial).

• Muita informação gerida, em circulação e perdida. O que preservar ou descartar numa era de produção em exabytes? (instituições públicas, privadas, acervos pessoais, produção da informação em ambiente digital, nuvem, diferentes suportes). Como adaptar a classificação, avaliação e descrição nessa nova realidade tecnológica?

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• Mas não nos esqueçamos, na defesa de qualquer modelo logico ou conceitual, que é preciso haver algum espaço para serendipity, acaso, emoção, paixão, individualidade e idiossincrasia. Um modelo deve apontar – e ser usado – não para produzir autômatos, todos marchando juntos como robôs, mas para abranger a diversidade dentro de uma ampla unidade de visão e proposito (Terry Cook, 2000).

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REFERÊNCIAS • ARAUJO, C. A. A.. Fundamentos da ciência da informação: correntes teóricas e o conceito de informação.

Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 4, p. 57-79, 2014.• Ekbia, H., Matiolli, M., Kouper, I., Arave, G., Ghazinejad, A. Bowman, T., Suri, R., Tsou, A., Weingart, S., &

Sugimoto, C. (2015). Big Data, Bigger Dilemmas: A Critical Review. Journal of American Society for Information Science and Technology, v. 66, n.8, p. 1523-1746, 2015.

• JARDIM, J. M.. Caminhos e perspectivas da Gestão de Documentos em cenários de transformações. Acervo, v. 28, p. 19-50, 2015.

• SANTOS JUNIOR, R. L.. Análise sobre o desenvolvimento do campo de estudo em informação científica e técnica nos Estados Unidos e na antiga União Soviética durante a guerra fria (1945-1991). RBBD. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação (Online), v. 8, p. 130-157, 2012.

• SANTOS JUNIOR, R. L.. Nos primórdios da informática: estudo sobre a construção dos primeiros computadores eletrônicos digitais nos Estados Unidos e União Soviética. In: X Semana de História Política: Minorias étnicas, de gênero e religiosas, 2015, Rio de Janeiro: UERJ / PPGH, 2015. v. 1. p. 2566-2575.

• Xexéo, G. Os desafios do Big Data. Ciência Hoje, v. 52, n.306, p.18-23, 2013.

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Obrigado!