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Diretrizes de Acessibilidade à Web - WCAG 2.0 Lucila Santarosa, Débora Conforto As diretrizes de acessibilidade para o conteúdo publicado na Web buscam contemplar as especificidades de pessoas com deficiência em processos de interação com os recursos da Internet, como limitações visuais, auditivas, físicas, cognitivas, na área da linguagem e da comunicação, em seus mais variados tipos, graus e combinações de incapacidades. Não podemos esquecer que, devido às alterações naturais decorrentes do processo de envelhecimento, respeitar os princípios de acessibilidade facilita fortemente a utilização das tecnologias digitais, em especial as associadas à Web, por pessoas idosas, bem como os demais usuários. A versão WCAG 2.0 substituiu as Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web 1.0 [WCAG1.0], publicadas pela W3C, em 1999. Para acompanhar as constantes evoluções dos recursos e funcionalidades Web, em 2004, o grupo de pesquisadores da W3C/WAI organizou as 14 normativas de acessibilidade em quatro grandes princípios. Embora WCAG 1.0 ainda estejam em vigor, o consórcio da W3C recomenda a utilização da versão WCAG 2.0 e que cursos e discussões sobre a acessibilidade façam referência às diretrizes WCAG 2.0. O curso, respondendo às orientações da W3C, organiza os conteúdos do curso, apresentando para os professores-cursistas a versão atualizada das diretrizes de acessibilidade. Com o objetivo de possibilitar uma maior compreensão dos quatro princípios que orientam a construção de conteúdo acessível à Web, para cada princípio de acessibilidade estabelecido pela W3C, notas explicativas e exemplos da forma de aplicação são apresentados e problematizados, para ajudar na sua apropriação. Princípio Perceptível: Fornecer Alternativas textuais para qualquer conteúdo não textual, permitindo que possa ser alterado, se necessário, para outros formatos, como impressão com tamanho de fontes maiores, Braille, fala, símbolos ou linguagem mais simples. Fornecer Alternativas para mídias baseadas no tempo. Criar conteúdo que pode ser apresentado de modos diferentes (por exemplo, um layout simplificado), sem perder informação ou estrutura.

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Diretrizes de acessibilidade na web.

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Diretrizes de Acessibilidade à Web - WCAG 2.0

Lucila Santarosa, Débora Conforto

As diretrizes de acessibilidade para o conteúdo publicado na Web buscam contemplar

as especificidades de pessoas com deficiência em processos de interação com os recursos da

Internet, como limitações visuais, auditivas, físicas, cognitivas, na área da linguagem e da

comunicação, em seus mais variados tipos, graus e combinações de incapacidades. Não

podemos esquecer que, devido às alterações naturais decorrentes do processo de

envelhecimento, respeitar os princípios de acessibilidade facilita fortemente a utilização das

tecnologias digitais, em especial as associadas à Web, por pessoas idosas, bem como os

demais usuários.

A versão WCAG 2.0 substituiu as Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web

1.0 [WCAG1.0], publicadas pela W3C, em 1999. Para acompanhar as constantes evoluções

dos recursos e funcionalidades Web, em 2004, o grupo de pesquisadores da W3C/WAI

organizou as 14 normativas de acessibilidade em quatro grandes princípios. Embora WCAG

1.0 ainda estejam em vigor, o consórcio da W3C recomenda a utilização da versão WCAG 2.0

e que cursos e discussões sobre a acessibilidade façam referência às diretrizes WCAG 2.0. O

curso, respondendo às orientações da W3C, organiza os conteúdos do curso, apresentando

para os professores-cursistas a versão atualizada das diretrizes de acessibilidade.

Com o objetivo de possibilitar uma maior compreensão dos quatro princípios que

orientam a construção de conteúdo acessível à Web, para cada princípio de acessibilidade

estabelecido pela W3C, notas explicativas e exemplos da forma de aplicação são apresentados

e problematizados, para ajudar na sua apropriação.

Princípio Perceptível:

Fornecer Alternativas textuais para qualquer conteúdo não textual, permitindo que possa ser alterado, se necessário, para outros formatos, como impressão com tamanho de fontes maiores, Braille, fala, símbolos ou linguagem mais simples.

Fornecer Alternativas para mídias baseadas no tempo. Criar conteúdo que pode ser apresentado de modos diferentes (por exemplo, um layout

simplificado), sem perder informação ou estrutura. Tornar mais fácil aos usuários a visualização e a audição de conteúdos, incluindo as

separações das camadas de frente e de fundo.

Descrição das imagens e do conteúdo no formato de áudio e vídeoUm dos pontos importantes aspectos que deve ser observado na análise da acessibilidade de um site é quanto à descrição de suas imagens. Como verificar esse aspecto? Para verificar se a imagem apresenta descrição, coloque o cursor sobre a imagem. Deve aparece na tela uma caixinha (geralmente de cor amarela) com o texto descrevendo a imagem. Para os usuários que utilizam leitores de tela, será esse texto que será lido.

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Como verificar o carregamento automático de imagens?

Se você utiliza o navegador FireFox.:

1. Na barra do navegador FireFox, menu Ferramentas, escolha o item Opções;

2. Selecione o painel conteúdo.

3. Desmarque a opção Carregar imagens automaticamente.4. Clique em OK.

Como evitar a poluição sonora! Para evitar a poluição sonora, não deve ser feita a descrição de imagens decorativas. Isso gera um sobrecarga de informação, o que dificulta a apropriação do conteúdo apresentado pelo site por parte do usuário.

Carregamento automático das imagens, verificação importante! Você também pode verificar se a navegação do site está associada a imagens e se essa vinculação poderá ser acessível a todos os usuários. Uma maneira de analisar esse aspecto é desativar o carregamento automático das imagens, assim poderá avaliar secada imagem foi descrita corretamente, se existem links associados às imagens.

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Se você utiliza o navegador Internet Explorer:

1. No menuFerramentas, escolha Opções de Internet.

2. Selecione o painel Avançadas.3. Na caixa de seleção, procure com a barra de rolagem a opção Multimídia.

4. Desmarque a opção

Mostrar imagens.5. Clique em OK.

Conteúdo em formato de áudio e/ou vídeo

Para verificar se o conteúdo publicado no site em formato de áudio e vídeo está acessível, uma dica importante é desabilitar o volume de seu computador, o que o impossibilitará ouvir qualquer som. Assim, você estará simulando a utilização de um usuário com limitação auditiva, ou mesmo surdo. Ao desabilitar o som de seu computador, você poderá perceber se o site disponibiliza um conteúdo escrito para o conteúdo no formato áudio ou vídeo.

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Princípio Operável Fazer com que todas as funcionalidades estejam disponíveis no teclado. Prover tempo suficiente para que os usuários leiam e usem o conteúdo. Prover formas de ajudar os usuários a navegar e a localizar conteúdos.

Verifique a navegação sem o uso do mouse

Muitos usuários não utilizam o mouse para a navegação na Internet. Por isso, é fundamental verificar a navegabilidade do site, utilizando o teclado, por exemplo. Para verificar a navegabilidade do site, utilize as teclas Tab - Shift-Tab. Se isso não for possível, esse site provavelmente não será acessível para usuários que não utilizem o mouse como dispositivo de entrada, como também para usuários com leitores de tela.

Verifique a possibilidade de aumentar o tamanho dos textos

Para verificar a possibilidade de redimensionar o texto de uma página na Web, você pode utilizar as teclas de atalho. Essas teclas valem para o navegador FireFox e Internet Explorer:

Pressione a tecla Ctrl e junto a tecla + (Ampliar o texto)Pressione a tecla Ctrl e junto a tecla - (Reduzir o texto)

Pressione a tecla Ctrl e junto a tecla 0 (Retornar ao tamanho original)Se o site não permitir a alteração do tamanho da fonte, a informação textual poderá não estar

acessível a usuários com baixa visão.

Veja o exemplo de um site com as imagens carregadas e com a opção de carregamento automático de imagens desativado:

Fonte: http://www.terra.com.br

Observe que, com o não carregamento das imagens, o link de acesso ao E-mail, Horóscopo, Previsão do Tempo (área na imagem identificada com o número 2) não está mais visível. Esse será o comportamento da página se o usuário utilizar um leitor de tela. Se você também desativar a opção Permitir JavaScript, as áreas do site identificadas com os números 1, 4 e 5, não serão visíveis e também não acessíveis para os usuários que utilizam leitores de tela. Na imagem anterior, o item identificado com o número 3 indica que a imagem foi descrita:"Apesar da violência da batida, que também atingiu dois carros, não houve feridos". Será que essa é uma boa descrição da imagem? Assim, é possível perceber a importância de descrever as imagens com qualidade, pois será essa a informação que o leitor de tela dará ao usuário que faz uso da tecnologia assistiva. O mesmo vale para qualquer conteúdo publicado no formato com áudio e com vídeo. É importante que as informações vinculadas à recursos midiáticos sejam apresentadas também no formato de texto. A descrição das imagens e do conteúdo vinculado no formato áudio e vídeo permite o acesso das informações em diferentes dispositivos móveis e facilita a ação dos robôs de pesquisa nos sites de busca como o Google, por exemplo.

Algumas instituições públicas e empresas disponibilizam recursos de acessibilidade em seus sites, dando ao usuário o controle para alterações no tamanho da fonte e também de contraste. As imagens apresentadas abaixo ilustram essa importante possibilidade!

Fonte: http://www.acessibilidadelegal.com

Fonte: http://bento.ifrs.edu.br/site/

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Princípio Compreensível Tornar o conteúdo de texto legível e compreensível. Fazer com que as páginas da Web apareçam e funcionem de modo previsível. Ajudar os usuários a evitar e corrigir erros.

Apoiar o usuário na navegação!

Para usuários que utilizam leitores de tela e realizam a navegação pelo teclado é importante fornecer atalhos a fim de que esses internautas possam agilizar a navegação pelo site, sem a necessidade de passar repetidamente por áreas e páginas que não desejam acessar. Uma forma de solucionar esses problemas é fornecer ao usuário o mapa do site e links que lhe permitam escolher de forma mais rápida

Fornece feedback ao usuário? Ajuda a evitar erros?

Um os aspectos que de forma mais direta facilita a navegação é a qualidade do retorno que é dado para cada ação realizada pelo usuário. Informar de maneira segura e objetiva o que o usuário deve fazer, bem como apresentar de forma clara a ação que está sendo realizada pelo sistema, permite uma exploração do site mais orientada e tranquila, garantindo uma diminuição da sobrecarga cognitiva associada à navegação na Web. Por exemplo, formulários objetivos e com informações adicionais ajudam o usuário no seu preenchimento. Alternativa sonora para o código de segurança (captcha), modelos e a possibilidade do SABER MAIS, como apresentado a seguir, no formulário para a criação de conta no Gmail.

Fonte: http://bento.ifrs.edu.br/site/

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O Princípio Compreensível é a Diretriz de Acessibilidade à Web fortemente relacionada

aos problemas enfrentados por sujeitos com limitação auditiva:

A deficiência auditiva necessita ser percebida de forma mais ampla para que a busca

da acessibilidade possa ser efetivamente contemplada. O sujeito surdo pertence a uma

comunidade com cultura própria, o que faz da surdez uma deficiência singular em relação às

Ouvir ou distinguir alterações de frequência; Localizar sons; Perceber informações auditivas; Utilizar uma segunda língua, visto que a língua gestual é a primeira língua

de pessoas surdas.

Símbolo Internacional da Surdez

Fonte: http://www.gmail.com

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demais. Como um usuário com deficiência auditiva irá se beneficiar do potencial de

aprendizagem dos recursos da Internet quando a linguagem que apresenta e estrutura a

informação está baseada em um código e em uma gramática diferente da linguagem gestual

que caracteriza a comunidade surda?

Interagir com páginas construídas sem a correspondente tradução em LIBRAS faz com

o sujeito surdo tenha que realizar um constante processo de tradução: do português para a

linguagem dos sinais. As dificuldades vivenciadas nesse processo são as mesmas que sofrem

os usuários que acessam sites de idiomas estrangeiros.

O surdo é um sujeito que se beneficia de recursos imagéticos, cores e imagens, em

especial, pois facilitam a compreensão e a apropriação de conhecimento. A construção de

conteúdo para a web deve ter presente essa premissa: sujeitos com limitação auditiva são

seres visuais e, por isso,valorizam informações em linguagem visual.

Dicas para construção e análise da adequação de conteúdo acessível a sujeitos surdos: Evite textos longos, utilize o recurso de marcadores. Organize a informação em blocos. Imagens e cores são recursos que ampliam a percepção e a compreensão da informação. Evite o uso de metáfora e jargões; opte por uma linguagem clara e objetiva. Use legendas com a possibilidade de controle de velocidade do vídeo. Descreva áudios e vídeos; Transcreva em LIBRAS, sempre que possível.

Recursos tecnológicos para usuários surdos:Alguns sites, já preocupados com a garantia de acesso da informação que apresentam, disponibilizam tecnologias específicas para usuários com limitação auditiva:

Dicionário Digital da Língua Brasileira de Sinais: Dicionário Bilíngue Português–Libras.

Player Rybená (Figura 8): programa de tecnologia nacional que traduz textos digitalizados, em português e páginas da Internet para linguagem de Libras.

Fonte: http://bento.ifrs.edu.br/site/

Fonte: http://www.escoladegente.org.br/acessibilidade.php

Instrução no uso do Rybená:

1. Selecione o texto desejado. 2.Com o texto selecionado, clique no banner do Rybená. O navegador deve permitir a exibição de pop-up.3. Você irá perceber que uma janela será aberta e que, na mesma, depois de um tempo, uma animação de um personagem começará a exibir a animação do texto selecionado em Libras. Ao terminar, feche a janela do Rybená

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Princípio Robusto Maximizar a compatibilidade entre os atuais e futuros agentes do usuário,

incluindo as tecnologias assistivas.Tornar o conteúdo do texto legível e compreensível.

Verifique se os links estão ativosUsuários que utilizam leitores de tela navegam pela Internet por meio da "tabulação"

pelos links, ou seja, por meio do teclado, clicando na tecla Tab. Assim, é necessário que todos os links tenham texto descritivo com sentido. Por exemplo, "Clique aqui" ou "mais" são muito comuns nos sites, mas também dificultam a navegação por não informar de forma clara para qual é o destino do link. Se o texto de orientação para o link for grande, utilize o atributo título como estratégia para ampliar a possibilidade do usuário quanto ao destino do link. Veja o exemplo: <a href="descontos.html" title="Como obter descontos adicionais nas suas compras ">Descontos adicionais</a><a href="descontos.html" - endereço da página que será acessado ao clicar no link title="Como obter descontos adicionais nas suas compras" - título que permite ampliar a informação sobre o link para o usuário. Descontos adicionais - texto do link no site.

Verifique a compatibilidade com Tecnologias AssistivasÉ fundamental verificar o grau de acessibilidade do site, utilizando tecnologias assistivas:

diferentes tipos de mouses, teclados, simuladores e acionadores; lupas eletrônicas, leitores de tela. Outra importante ação é realizar a validação com vários navegadores, novos e antigos. Não esqueça, também, de testar em computadores de mesa, notebooks e tablets. A navegação pode sofrer alterações quanto ao acesso e à navegabilidade, conforme as especificidades técnicas de cada equipamento.