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1 O Histograma e o Sistema de Zonas - Claudio J Rombauer O Histograma O Histograma é um gráfico que mostra os diversos níveis de luminosidade de uma imagem e a quantidade de pixels presentes em cada um destes níveis. Entendendo o que é o histograma Precisamos entender antes o comportamento de um pixel em uma imagem e como ele é mostrado no histo- grama. Em uma foto digital cada pixel pode variar de 0 (preto absoluto) até 255 (branco absoluto). Em outras palavras, o brilho de um pixel é determinado por um número que vai de 0 a 255. Então podemos ter 255 zonas de brilho e o histograma nada mais é que a representação de quantos pixels na imagem caem em cada uma dessas 255 zonas de bri- lho. Ou seja, quantos pixels na imagem são totalmente pretos (nivel de brilho 0), quantos estão no nível 1, nível 2.....até o nível 255. Em um histograma, o “cinza médio” é representado pelo pixel de brilho 128. No caso de uma imagem co- lorida (RGB), cada pixel tem um brilho correspondente, obtido através de uma média luminosa de seus canais RGB. Para a análise dos tons, é recomendado que se use o histograma de luminosidade e não o separado em canais, que é mais difícil de ser analisado. Mais que uma poderosa ferramenta, o histograma é a total revolução da fotografia digital, é como se sua ca- mera tivesse 255 fotômetros spot, como se o sistema de zonas do Ansel Adams tivesse 255 zonas! A partir do conhecimento da análise de um histograma, o fotó- grafo saberá com exatidão, após fazer uma imagem, todas as suas tonalidades, se errou, ele saberá onde e o quanto ele errou, o quanto é possível corrigir e como. 1. Imagem totalmente cinza O cinza médio no histograma tem nível de brilho 128, logo, uma imagem cinza média criada digitalmente deve ter todos os pixels na zona 128 e resulta no se- guinte histograma: 2 Imagem totalmente branca Vamos agora à uma imagem totalmente branca (255), como esperamos que seja seu histograma? Veja na figura acima que agora todos os pixels caem na zona de brilho 255 (branco absoluto), logo o filete à direita representa todos os pixels da sua foto. 3 Imagem totalmente preta Para uma cena totalmente preta (0), teremos o resul- tado abaixo, onde todos os pixels caem na zona de brilho 0, representada pelo filete à esquerda:

Histograma r2

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O Histograma e o Sistema de Zonas - Claudio J Rombauer

O HistogramaO Histograma é um gráfico que mostra os diversos níveis de luminosidade de uma imagem e a quantidade de pixels presentes em cada um destes níveis.

Entendendo o que é o histogramaPrecisamos entender antes o comportamento de um pixel em uma imagem e como ele é mostrado no histo-grama. Em uma foto digital cada pixel pode variar de 0 (preto absoluto) até 255 (branco absoluto). Em outras palavras, o brilho de um pixel é determinado por um número que vai de 0 a 255.

Então podemos ter 255 zonas de brilho e o histograma nada mais é que a representação de quantos pixels na imagem caem em cada uma dessas 255 zonas de bri-lho. Ou seja, quantos pixels na imagem são totalmente pretos (nivel de brilho 0), quantos estão no nível 1, nível 2.....até o nível 255.

Em um histograma, o “cinza médio” é representado pelo pixel de brilho 128. No caso de uma imagem co-lorida (RGB), cada pixel tem um brilho correspondente, obtido através de uma média luminosa de seus canais RGB. Para a análise dos tons, é recomendado que se use o histograma de luminosidade e não o separado em canais, que é mais difícil de ser analisado.

Mais que uma poderosa ferramenta, o histograma é a total revolução da fotografia digital, é como se sua ca-mera tivesse 255 fotômetros spot, como se o sistema de zonas do Ansel Adams tivesse 255 zonas! A partir do conhecimento da análise de um histograma, o fotó-grafo saberá com exatidão, após fazer uma imagem, todas as suas tonalidades, se errou, ele saberá onde e o quanto ele errou, o quanto é possível corrigir e como.

1. Imagem totalmente cinzaO cinza médio no histograma tem nível de brilho 128, logo, uma imagem cinza média criada digitalmente deve ter todos os pixels na zona 128 e resulta no se-guinte histograma:

2 Imagem totalmente brancaVamos agora à uma imagem totalmente branca (255), como esperamos que seja seu histograma?

Veja na figura acima que agora todos os pixels caem na zona de brilho 255 (branco absoluto), logo o filete à direita representa todos os pixels da sua foto.

3 Imagem totalmente pretaPara uma cena totalmente preta (0), teremos o resul-tado abaixo, onde todos os pixels caem na zona de brilho 0, representada pelo filete à esquerda:

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4 Imagem TexturizadaEm uma cena real, dificilmente o histograma será re-presentado apenas por um filete, salvo os casos acima de imagens criadas no computador, as cenas registra-das por uma camera em exposições normais sempre apresentam variações de tonalidades, por mínimas que sejam, considere o histograma da imagem abaixo:

É muito simples analisar este histograma, existem basi-camente duas áreas bem distintas, a área escura, com mais variação de tons (por isso é mais larga no gráfico) e a área branca, com menos variação de tons (por isso é mais fina e mais alta no gráfico).

Concluímos então que quanto mais textura e detalhes uma tonalidade apresenta, mais suave será sua transi-ção no gráfico, e também concluímos que um pico no histograma representa uma área mais homogênea.

Estas conclusões serão de grande importância para a análise dos casos práticos.

4 O histograma como feedbackEm diversas situações o preview do nosso LCD não é confiável, podemos estar em sol forte, ambente muito escuro, etc. Independente de qualquer situação, aprender a interpretar o histograma é o meio mais preciso para analisar a gama de tons de uma imagem, independente do tamanho e precisão de sua tela, o histograma “não mente”.

Através dessa análise, o fotógrafo saberá com exatidão se obteve o resultado desejado, e se errou, ele saberá onde e o quanto ele errou, o quanto é possível corrigir e como será feita essa correção.

Considere a imagem da caneca e seu respectivo histograma. A pequena área à esquerda representa as tonalidades do preto, desde o preto sem informação até as tonalidades de cinza escuro. O pequeno monte a seguir representa as tonalidades escuras do azul e vermelho e um filete à direita representando o fundo estourado branco. Como o objetivo era um fundo branco para recorte totalmente homogêneo, o filete era esperado.

Entendendo o que representam as linhas do histogra-ma, fica mais fácil de julgar a imagem, por exemplo, se o filete à direita estivesse deslocado, saberíamos que a área em volta da caneca estaria cinza, e neste caso como desejávamos o branco 255, teríamos que refazer a foto, este é o feedback que a análise do histograma proporciona, não existe nada tão preciso.

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5 O BalãoConsidere a imagem do balão abaixo e seu respectivo histograma:

Os tons mais escuros da base do balão e a área de sombra são representados pela área à esquerda do histograma. O grande pico representa o céu azul, que como já sabemos, normalmente é médio. A parte clara do céu é representada mais a direita e por final, o branco do balão é representado pela área à direita do histograma. Repare que a distância desta àrea que representa ao branco à parede direita do histograma nos mostra que a imagem não está estourada.

Vamos supor que a imagem tivesse estourado:

Repare agora a parede à direita, mostrando grande quantidade de brancos sem informação (brilho 255). Mesmo em condições adversas de preview do LCD, a análise do histograma mostra que esta imagem está com os brancos estourados.

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O Casarão

Nesta foto do casarão, a análise do histograma é bem simples. O dia era de sol fortíssimo, próximo do meio dia, logo é uma cena de alto contraste. O que de certa forma facilida a identificação dos tons no histograma. A minha prioridade era não deixar os brancos estoura-rem, então eu fiz a fotometria pensando nisso.

Analisando o histograma da esquerda para a direita, temos a primeira pequena concentração de pixels, que representa a área mais escura da imagem, formada pelas esquadrias das janelas e pela parte do brasão do casarão. Logo adiante um outro pico bem mais estreito (lembre-se dos casos hipotéticos acima, um pico estreito representa uma área mais homogênea) representando as janelas do casarão. Logo após este pico estreito, está um monte baixinho, representando a área de sombra laranja. Ela é larga, pois existem vários tons de laranja na sombra, a parede é de textura bem mais irregular que o vidro. Logo a seguir um outro pico alto mais largo, representando o céu escuro (usei um polarizador, senão provavelmente este céu cairia no centro do histograma) e a largura desse pico é devido a uma ligeira transição no azul escura para um azul um pouco mais claro, se fosse um azul mais constante ele seria mais estreito. Continuando, o penúltimo pico é baixo e largo, um pouco mais claro que o tom médio, logicamente trata-se da área laranja clara (um ótimo locam para se fazer a fotometria spot. Por fim, o último pico representa os brancos ainda com um pouco de textura, e a localização desse pico me mostrou que eu não perdi informação nesta área importante.

O Lago

Típico de uma cena de natureza, o histograma do lago é bem mais concentrado. Não existem muitas áreas homogêneas e sim uma grande quantidade e varieda-de de tons médios, mais predominantemente escuros, devido à sombra das árvores. Também não existe nada próximo do branco nem do preto absolutos, então por isso a centralização do gráfico.

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Tipos de medição do fotômetro incorporadoMedição Spot Parcial Ponderada ao Centro

(Center Weighted)Matricial (Evaluative) (Multi-Pattern)

Símbolo

Cobertura

Características Limita a medição à uma pe-quena área geralmente central ao VF. A medição spot cobre de 1% a 3,5% da área da imagem, e todo o resto é desprezado pelo fotômetro.Com o auxílio de uma tele, a medição spot fica ainda mais precisa, permitindo a leitura de áreas ainda mais detalhadas.

Limita a medição à uma área geralmente central ao VF. A medição parcial cobre geralmente 9,5% da imagem, e todo o resto é desprezado pelo fotômetro.Com o auxílio de uma tele, a medição parcial pode se tornar extremamente precisa, elimi-nando a necessidade de se ter a opção de medição spot.

É feita uma media de toda a imagem porém é dada ênfase à parte central (típicamente entre 60% e 75%).Tipo mais comum de padrão de medição, encontrado na grande maioria das SLR manuais, e sempre presente nas modernas SLR, analógicas ou digitais.

Funciona através da segmen-tação da área da imagem. A leitura é feita em cada segmen-to separadamente, e depois o padrão é comparado com uma biblioteca de situações conhecidas.Dados como ponto de foco, tamanho do sujeito, posição, distancia, nível de luz, luz frontal, luz de fundo, cores, etc. São levados em conta no ajuste da exposição. O funcionamento deste sistema pode variar de acordo com a camera, mas todos seguem basicamente o mesmo conceito.

Quando Usar Quando existem grandes diferenças de brilho, quando necessitamos de precisão na medição.

Idem Quando o sujeito cobre a maior parte da imagem, por exemplo, quando está circundado por sombras.

Cenas padrão, com sombras extremas e áreas de forte luminosidade.

Prós Controle preciso Controle preciso Medição fácil da maioria das cenas com compensações relativamente simples

Conforto de quase não precisar pensar

Contras Variações bruscas na leitura Variações bruscas na leitura Risco de erro em cenas com muito céu, em caso de não compensar a leituraImprecisão em cenas com-plexas.Erro em situações de predomi-nância de luz ou sombras.

Imprevisível em diversas situa-ções práticas.

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Exposição

O que é exposição?Exposição pode ser definida como a simples combi-nação de três importantes fatores: Abertura, Tempo de Exposição e ISO. A combinação destes 3 elementos, além de influenciar diversas características da imagem, determina a quantidade de luz que será gravada na mídia.

Na prática a exposição é uma questão de ajustes da câmera e leituras de fotômetro, mas acima de tudo deve haver um critério definido. Tudo isso é dependen-te do julgamento pessoal de cada um, não existe por-tanto um ajuste padrão para uma exposição correta.

A idéia de exposição correta é valiosa, mas só se for expressa de forma livre!

Em condições normais, a melhor exposição é aquela que permite o registro de maior quantidade de informa-ção, produzindo uma fotografia que se assemelhe ao cenário visto pelo olho humano.

Numa vista típica, todos os tons estão presentes, des-de a sombra à luz intensa. As zonas de luz intensa são brilhantes mas conservam alguma textura, e as zonas de sombra são escuras mas não escondem o detalhe.

Exposição Normal

Exposição normal é aquela sugerida pelo fotômetro da sua camera, nem sempre esta exposição resultará em uma exposição correta. Isto é pelo simples fato da camera ser cega, ela não sabe o que fotografa, apenas consegue medir a quantidade de luz que o sujeito (seja lá quem for) está refletindo e sugere uma certa exposição baseada na média de 18% de refletância da maioria das cenas.

Exposição Correta

A exposição correta é aquela obtida após nossa interferência nos parâmetros (ISO, abertura ou shutter) visando obter uma apresentação que julgamos correta das tonalidades que estão sendo registradas. Como fa-zer isso nas mais diversas situações, veremos adiante.

Exposição Criativa

A exposição criativa é aquela onde, como o próprio nome diz, usamos nossa criatividade para alterar os parâmetros e, fugindo da sugestão do fotômetro, obtemos as tonalidades e efeitos que desejamos, indepentede das mesmas representarem a realidade. Por exemplo, uma silueta em contra luz, onde a pessoa é apresentada propositalmente em subexposição, uma roda gigante com longo tempo de exposição, etc.

Mas afinal, porque tudo sai cinza???A camera adora cinza? É mais ou menos isso, ela não vê o que nós vemos, mas ela consegue medir a quanti-dade de luz, e isso nós não conseguimos, então temos que trabalhar em equipe! Ela diz quanta luz a cena reflete e em troca nós temos que “descrever” a cena para ela. Imagine a câmera como uma pessoa que não enxerga mas consegue sentir a luz.

Teste dos tecidos

Para entender o que a camera faz, vamos fotografar 3 tecidos, um branco, um cinza e um preto, aceitando a sugestão da camera, sem nenhuma compensação (0EV). O resultado é óbvio, mas pra muitos é uma surpresa!

Veja o histograma de cada uma das 3 imagens:

Tecido Branco

Tecido Cinza

Tecido Preto

Isto é muito simples de entender. Como a camera não enxerga, ela pré-supõe que o que ela está fotografando é médio, nem muito branco, nem muito preto, assim, na mão de um fotógrafo inexperiente ela tem mais chance de acertar a foto, pois a maioria das cenas fotografadas são médias.

Mas aí entra a nossa ajuda, temos que passar informa-ções à camera sobre o que estamos vendo!

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Resolvendo o Problema:

Tecido branco

Como o tecido é branco, temos que “avisar” à camera que essa cena é mais clara que o normal, fazemos isso sobreexpondo a cena em aproximadamente 2 pontos (+2EV) (mais adiante vamos entender por que essa diferença depende do equipamento usado e da tonali-dade desejada).

Assim a camera nos entrega uma cena aproximada-mente 2 pontos mais clara que a média, e assim o tecido branco é apresentado como branco na imagem!

Tecido cinza

Aqui a camera levou sorte, por coincidência, a cena que ela está fotografando é aproximadamente média, logo não precisamos fazer nada, seja em manual, auto-mático, ela vai chegar muito próximo da tonalidade do tecido, pois ela presume que ele seja cinza médio e de fato ele é próximo disso.

Tecido preto

Como o tecido é preto, temos mais uma vez que ajudar a pobre câmera, pois a cena é mais escura que a mé-dia. Assim subexpomos a cena em aproximadamente 2 ou pontos (-2EV). Assim a camera nos entrega uma cena aproximadamente 2 pontos mais escura que a média, e assim o tecido preto é apresentado como preto na imagem!

Ajuste por substituiçãoUma maneira muito usada de se fazer a fotometria é usar um elemento de substituição que julgamos ser neutro. Muitos usam um cartão cinza médio de 13 ou 18%.

Vamos usar como referência o mesmo tecido cinza. Colocamos a camera no modo manual e fotografa-mos o tecido de acordo com a sujestão do fotômetro. Ora, ele é cinza e saiu cinza, então o ajuste da câmera para a luminosidade do ambiente está correto, não é mesmo?

Agora, sem alterar os parâmetros de exposição, basta fazer uma foto do tecido branco, e depois do preto!

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Sistema de Zonas

O tom médio (cinza 18%)Para entender o sistema de zonas é preciso um ponto de partida, um referencial. E este referencial está no meio da escala entre os brancos e pretos absolutos, é o tom V, o cinza médio ou cinza 18% (ele reflete 18% da luz que sobre ele incide).

A zona 5Vamos pegar nosso tecido cinza e fotografá-lo nova-mente com a sugestão da nossa camera, independen-te desse tecido ter tonalidade média exata, o fato de usarmos a sugestão do fotômetro ao fotografá-lo, faz o mesmo ser reproduzido na midia como cinza médio.

O obtemos o seguinte resultado, na minha experiência usei f8 - 1/30s: (ao tentar fazer esta experiência, de-pendendo das suas condições de luz e tonalidade do seu sujeito, esta exposição pode não resultar no cinza médio, como um facilitador para fazer a experiência usando as mesmas configurações que eu usei, ajuste o ISO da camera ou varie a luz até que esta combina-ção bata com a sugestão da camera).

Este então é o nosso referencial de cinza médio, ou zona 5. Sempre que fotografarmos alguma coisa usan-do a sugestão do fotometro, seja um gato branco, seja um gato preto, independente dos parâmetros utiliza-dos, o mesmo aparecerá no mesmo tom do tecido e o pico de histograma referente a este elemento estará posicionado no centro do gráfico, ou bem próximo.

O que deve ficar na zona V? Depende! Esse é o se-

gredo, não existem regras, uma foto pode até não ter zona 5, depende de você e só de você. Uma camera no modo automático jamais faria uma foto sem zona 5, mas se estamos fotografando uma cena escura, por exemplo, podemos manter todas as tonalidades da nossa imagem abaixo da zona 5. É a nossa “exposição criativa”. Em uma cena comum, entretanto, a zona 5 pode ser o azul do céu, uma pedra cinza, uma mata vista de longe, a pele escura de uma pessoa, etc...

A Escala de TexturaA partir da nossa zona 5, vamos fazer 5 fotos, res-pectivamente com +1, +2, +3, +4 e +5 pontos de exposição. Assim obtemos as zonas 6, 7, 8, 9 e 10, respectivamente:

Zona 6 (+1EV em relação à zona 5, f5.6 - 1/30s)

A zona 6 é chamada por alguns autores simplesmente de “cinza claro”, e é bastante rica em detalhes, como podemos deduzir pela largura da coluna no histogra-ma. A zona 6 normalmente representa o tom de pele de pessoas brancas sob o sol, uma pedra clara, um céu azul claro, etc.

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Zona 7 (+2EV em relação à zona 5, f4 - 1/30s)

A zona 7 é um cinza bastante claro, mas ainda com detalhes, pode representar a pele muito clara, objetos cinza-claro, etc.

Zona 8 (+3EV em relação à zona 5, f4 - 1/15s)

A zona 8 representa os brancos com textura, os tons delicados, as altas luzes nas peles de pessoas bran-cas.

Zona 9 (+4EV em relação à zona 5, f4 - 1/8s)

A zona 9 é o branco sem textura, aproximando-se do branco puro. É a neve com luz direta, por exemplo.

Zona 10 (+5EV em relação à zona 5, f4 - 1/4s)

A zona 10 é a ausência total de informação, no nos-so histograma são os pixels 255, na impressão é a própria base do papel branco. Representa os brilhos especulares ou fontes de luz, geralmente.

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Agora vamos para o lado negro!Voltamos à exposição que gerou a zona 5, vamos fazer mais 5 fotos, respectivamente com -1, -2, -3, -4 e -5 pontos de exposição. Assim obtemos as zonas 4, 3, 2, 1 e 0, respectivamente:

Zona 4 (-1EV em relação à zona 5, f11 - 1/30s)

A zona 4 é também chamada por alguns autores de “cinza escuro”. Pode representar em cenas médias a sombra de folhagens, pedras e paisagens escuras. Pode também representar sombras normais da pele de pessoas brancas em luz natural ou um céu azul escuro.

Zona 3 (-2EV em relação à zona 5, f16 - 1/30s)

A zona 3 é um cinza bem escuro, mas ainda com bas-tante textura.

Zona 2 (-3EV em relação à zona 5, f22 - 1/30s)

A zona 2 é a primeira aparição de textura nos pretos, é chamado o preto com detalhes. Tonalidades profundas que representam a parte mais escura da imagem.

Zona 1 (-4EV em relação à zona 5, f22 - 1/60s)

A zona 1 é chamada de “limiar efetivo” no negativo, é o primeiro passo acima do preto total, uma leve tonalida-de, mas sem textura.

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Zona 0 (-5EV em relação à zona 5, f22 - 1/125s)

A zona 0 é o preto absoluto, no digital se aproxima dos pixels com nível 0 de brilho, é o preto total na cópia.

Todas as zonas na mesma imagemAgora, simulando uma imagem hipotética real, junta-mos todas as 11 imagens em uma só, todas as curvas caem na mesma posição, assim podemos analisar elas lado a lado:

Simplificando, temos

Reparem que o conjunto de curvas não é centralizado. Isso nos mostra claramente uma maior tolerância da

camera em guardar detalhes nas baixas luzes do que nas altas, ou seja, a camera estoura mais facilmente do que perde detalhes nas baixas luzes.

Analisando o conjunto de tonalidades

Vamos analisar com cuidado, a 100% de zoom, as 11 imagens que fizemos nesse teste, perceber como a textura do tecido é gravada em cada uma delas, e em que momento ela começa a deixar de ser registrada, e entender que sempre que desejarmos que uma determinada área da nossa imagem caia na zona V, por exemplo, ela será apresentada como no teste que fizemos.

Sabendo o posicionamento das zonas no histogra-ma, também teremos um total controle ao analisar o histograma, sabemos, de acordo com a posição do histograma, a exata tonalidade e nível de detalhes e saturação de cada objeto da imagem.

Assim, estamos em uma paisagem com um belo céu azul. Agora vc é quem manda, vc escolhe como quer registrar esse céu, se quer que ele saia como um azul profundo, coloque-o na zona 4! Mas se na mesma cena do céu também existe uma casa mais escu-ra, colocar o céu na zona 4 pode fazer a casa ficar subexposta, então, a partir de agora, vc terá que fazer escolhas sábias, ponderando quem é mais importante na sua imagem e quem pode ser sacrificado.

Obs.: Dependendo de algumas cameras com elevada latitude, as zonas baixas (0 e 1) podem apresentar mais ou menos informação, por isso é importante o co-nhecimento da própria câmera, para um total controle dos registros.

Se quiser ir mais além, mande imprmir as imagens em um bom fornecedor de impressão e faça esta análise no papel. Se ainda quiser aumentar a precisão, pode criar 21 imagens, com intervalos de 1/2 ponto, para ter uma análise mais detalhada das texturas e posiciona-mento das curvas.

Reconhecendo as zonas em uma imagemVoltamos à imagem do casarão e seu histograma, agora com as zonas marcadas

4

3

2

5.5

7.5

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Repare que existe muito pouco na tonalidade média, o que significa que usando medição pontual, teríamos que compensar de alguma forma. A fotometria pontual poderia ter sido feita de diversas maneiras:

1) medir no branco com +2.5EV (entre as zonas 7 e 8) 2) medir na região amarela clara com +0.5EV (entre as zonas 5 e 6) 3) medir no céu azul com -1EV (zona 4)

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Fotometria práticaEscolhendo a referência

Quando a latitude da cena é maior

O histograma da imagem do parque é o histograma de uma cena comum, porém a curva está no limite. Esta-mos tanto perdendo detalhes nas baixas luzes quanto na iminência de um estouro nas altas luzes.

Se quisermos abrir um ponto pra puxar mais detalhe das escuras áreas de vegetação (o que deslocaria o histograma como um todo para a direita), os brancos vão estourar.

Então prefiro deixar assim, pois é mais prejudicial no caso desta imagem um estouro nas altas que a perda de detalhe nas baixas. A fotometria é feita de escolhas e sacrifícios.

Existe diversas nameiras de se resolver este “proble-ma” de falta de latitude, uma delas seria o uso de um filtro ND graduado, que escureceria a imagem na pate superior, mas por causa dos cisnes isso não se aplica neste caso.

Digitalmente é muito fácil corrigir este problema, mas aí saímos da fotografia e entramos em outro assunto, podemos discutir isso em uma outra oportunidade.

Algumas situações práticas

Quando os tons médios são mais importantes

Existem imagens onde os tons médios são os mais im-portantes, muitas vezes dominantes na imagem. Este é o caso onde muitas vezes o fotômetro da camera dará uma sugestão bem próxima da exposição ideal. Deve-mos usar como referência as tonalidades próximas à Zona 5 (0EV).

Quando os tons claros são mais importantes

Neste caso, o céu e a parte branca do balão são consideradas áreas importantes para referência, pois não queremos que eles atinjam a zona 8 (brancos sem textura). Uma maneira segura de fazer a fotometria neste caso seria medir nos brancos claros do balão com +2EV ou +2.5EV (entre as zonas 7 e 8). No caso de não se ter o spot, o mais seguro seria colocar o céu na zona 5 (0EV), assim o branco do balão automatica-mente cairia entre as zonas 7 e 8.

Mas conhecendo o histograma, nada impede que vc faça uma foto, analise com cuidado o resultado e refa-ça com base no resultado do gráfico.

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Quando os tons escuros são mais importantes

Esta imagem da camera do Redivo, notavelmente abaixo da média de tons, o meu maior compromisso foi o de preservar a textura do metal com a logo da camera. Não me importei na perda de informação do fundo, aliás isto foi um objetivo, então me concentrei em registrar esta lateral como um cinza bem escuro (zona 3 ou 4), não é preto, pois a camera possui várias partes em preto.

Uma maneira simples de fazer esta fotometria é medir spot no fole e colocá-lo na zona 4 (-1EV), caso tenha uma zoom e medição spot, pode medir a lateral da logo, subexpondo 2 pontos (-2EV, zona 3).

Outro método seria medir a cena com “center weighted average”, que despreza a área em volda do sujeito, e baixar de 2 a 2.5 pontos (-2 ou -2.5EV), mas tem que ter bastante sensibilidade pra perceber que a média de tons da camera está na zona 3!

Particularmente eu acho a medição pontual mais fácil, mas existem fotógrafos renomados que nasceram e crasceram fotografando em câmeras que só tinham ponderada central e não fotometram de outra maneira. Apesar de teoricamente ser um método mais fácil, pelo contrário, exige experiência e sensibilidade.

Situações de baixo contrasteEm situações de baixo contraste temos mais opções de exposição. Como a latitude da cena é menor do que o nosso equipamento pode registrar, temos uma faixa de exposições “aceitáveis” pra trabalhar, podemos as-sim optar por uma imagem mais clara ou mais escura.

Em cenas claras ou escuras, podemos compensar toda a cena com medição ponderada ao centro e compensando de 1EV a 3EV, dependendo do blilho ou escuridão desejada. Como a variação de tons é baixa, não existe a real necessidade de leitura pontual e as leituras médias funcionam muito bem.

Em cenas médias de baixo contraste, leitura pontual, parcial ou ponderada central tendem a fornecer o mes-mo resultado, é uma cena das mais fáceis de acertar a exposição.

Situações de alto contrasteEm cenas de alto contraste corremos sério risco de perder detalhes, pois a latidude delas é quase sempre maior que a do nosso equipamento, cabe aqui a nossa decisão de quais tons devem ser preservados. Com a ajuda do Sistema de Zonas saberemos analisar estes tons na cena e teremos uma estimativa precisa do resultado final.

Bibliografia e ReferênciasLivrosLuz & Iluminação, Michael Freeman

Understanding Exposure, Bryan Peterson

On-camera Spotmetering - Bahman Farzad

O Negativo - Ansel Adams

The Photographer’s Guide to Light - John Freeman

WebsitesNelson Ricciardi http://www.ricciardi.eng.br/

The Luminous Landscape http://www.luminous-landscape.com/

Fotografia Brasil

http://www.fotografiabrasil.com/

Agradecimentos Aos fotógrafos Edson Redivo, Leo Terra, Marcelo Estaky, pelas informações esclarecedoras que me ajudaram muito nessa pesquisa.