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FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA - ÁREA1 DANIEL SANTOS DA COSTA INFRAESTRUTURA COM FOCO NOS TRANSPORTES NAS CIDADES Trabalho de Automação de Processos de Manufatura apresentado no curso de Engenharia da Computação da Faculdade Área1, como requisito parcial para obtenção da nota da segunda unidade do semestre de 2011.2. Professor: Renato de Sousa Cabral SALVADOR 2011

Infraestrutura Com Foco Nos Transportes Nas Cidades

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FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA - ÁREA1

DANIEL SANTOS DA COSTA

INFRAESTRUTURA COM FOCO NOS

TRANSPORTES NAS CIDADES

Trabalho de Automação de Processos de Manufatura apresentado no curso de Engenharia da Computação da Faculdade Área1, como requisito parcial para obtenção da nota da segunda unidade do semestre de 2011.2. Professor: Renato de Sousa Cabral

SALVADOR

2011

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RESUMO

FELZEMBURG, Elmo. Infraestrutura com foco nos transportes nas cidades.

II Seminário Internacional de Engenharia – Faculdade Área1, Salvador. 24 out. 2011.

Este trabalho segue como uma pesquisa mais aprofundada sobre o tema

atual da infraestrutura dos transportes nas cidades, tendo como ponto de partida, a

palestra de Elmo Felzemburg apresentada no II Seminário Internacional de

Engenharia, promovida pela Faculdade Área1, no dia 24 de outubro de 2011. As

cidades dos países em desenvolvimento crescem rapidamente, o que as tornam

cada vez mais congestionadas. Ao mesmo tempo, em muitas localidades, o

transporte público declina em detrimento da economia da cidade, do seu meio

ambiente e do bem-estar dos moradores menos favorecidos. A deterioração das

condições de transporte, associada à expansão urbana descontrolada e à gradativa

motorização, são fatores prejudiciais à economia das grandes cidades. Políticas

estruturais, como a bem planejada expansão das infraestruturas dos transportes, a

desconcentração planejada, o insentivo de transportes de energia limpa como a

bicicleta, a gestão abrangente do uso do solo ou a liberalização dos mercados de

terras, podem ajudar, porém exigem uma coordenação cuidadosa das políticas do

setor de transportes dentro de uma estratégia mais ampla de desenvolvimento

urbano.

Palavras-Chave: II Seminário Internacional de Engenharia, Faculdade Área1,

Infraestrutura dos Transportes, Planejamento.

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ABSTRACT

FELZEMBURG, Elmo. With focus on transport infrastructure in cities.

II International Seminar of Engineering - Faculty Area1, Salvador. 24 October 2011.

This work continues as further research on the subject of current transport

infrastructure in cities, taking as a starting point, the Elmo Felzemburg lecture

presented at the Second International Conference on Engineering, sponsored by the

Faculty Area1, on October 24, 2011 . Cities in developing countries grow rapidly,

making them increasingly congested. At the same time, in many places, public

transport declines over the city's economy, its environment and the welfare of

disadvantaged residents. The deterioration of transport associated with urban sprawl

and the gradual engine, are factors harmful to the economy of big cities. Structural

policies, as well as the planned expansion of transport infrastructure, the planned

devolution, exempt from the clean energy transport such as cycling, the

comprehensive management of land use or the liberalization of land markets can

help, but require coordination careful transport sector policies within a broader

strategy for urban development.

Keywords: II International Conference on Engineering, Faculty Area1, Transport

Infrastructure, Planning.

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SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................... 01

ABSTRACT ............................................................................................................... 02

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 04

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................... 06

3 APLICAÇÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS ...................................................... 10

3.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 10

3.2 SISTEMAS DE TRANSPORTES INTELIGENTES - STI ................................ 11

3.3 TRÂNSITO INTELIGENTE NO BRASIL ......................................................... 15

4 O CASO DE BELO HORIZONTE ........................................................................ 21

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 24

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 25

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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da economia, associado às novas necessidades da

população, acentuou os níveis de mobilidade nas grandes metrópoles. Contudo, a

capacidade de adaptação das cidades pode tornar-se complexa. Pois novos usos

atribuídos à cidade tornam-se cada vez mais densos e diversificados, originando por

vezes a dificuldade de circulação no seu perímetro de abrangência.

Segundo pesquisas do Banco Mundial, o setor de transportes urbanos do

Brasil é de fundamental importância para a melhoria da qualidade de vida da

população nas cidades do país. Mas esse setor atravessa um momento em que

importantes políticas têm de ser delineadas para melhorar o seu desempenho. A

população das grandes cidades aumentou, particularmente as classes de baixa

renda, o número de automóveis e congestionamentos é cada vez maior, o sistema

de ônibus formal é ineficiente para responder aos novos desafios e o setor informal

das vans capturou uma importante fatia dos usuários. As grandes cidades

necessitam de mais transporte de massa, seja na forma de trens suburbanos, linhas

de metrô e/ou “canaletas” exclusivas para ônibus e bicicletas. E, mais do que isso,

precisam de uma integração física e tarifária desses sistemas, assim como uma

integração com o uso do solo e a qualidade do ar. Poucas são as cidades em que os

três níveis de governo criaram autoridades regionais para coordenar e planejar a

longo prazo as suas regiões metropolitanas e poucos foram os governos locais que

se comprometeram a resolver, com audácia e visão, os problemas de transporte

urbano. Além disso, os usuários de baixa renda são os que mais sofrem (BANCO

MUNDIAL,2004).

Contudo, Ana Ferreira, atuante no e-GEO (Centro de Estudos de Geografia e

Planeamento Regional), afirma que tem-se visto uma evolução no que respeita ao

funcionamento e complementaridade entre os diferentes modos, e os mesmos meios

de transportes. Isto é, verifica-se cada vez mais uma aposta na criação de medidas

que simplifiquem o cotidiano da população. A consolidação de medidas que

favorecem a intermodalidade e a multimodalidade; o cruzamento de dados relativos

à utilização dos diferentes modos de transportes; a criação de passes sociais e todo

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o sistema de bilhética que lhe está inerente e, que integre os diferentes modos de

transportes; bem como a redução nas tarifas somente é possível através da

integração de todo este sistema, transformando qualquer cidade, numa cidade mais

simples, mais inteligente do ponto de vista funcional, mais cómoda aos seus

habitantes e visitantes, mas sobretudo mais igualitária para aqueles que nela

circulam (FERREIRA,2008).

É visto que medidas e planejamentos estão sendo feitos para uma melhor

infraestrutura dos transportes nas cidades, pois a dificuldade de acesso aos locais

de trabalho e aos serviços, é um importante componente de exclusão social que

caracteriza a pobreza urbana. Porém, a atual política de transporte urbano não tem-

se mostrado contribuir para o crescimento econômico, além de não introduzir um

consciente foco de redução de pobreza nos investimentos de infra-estrutura, no

planejamento do serviço de transporte público e nas estratégias de subsídio tarifário

e de financiamento. Há uma extensa agenda de políticas de transporte urbano que

visam ao crescimento e à redução da pobreza, porém, as esperanças de mudanças

são poucas.

É diante desta problemática que o palestrante Elmo Felzemburg se mostrou

preocupado com a atual situação dos transportes nas cidades, e que consiste o

atual tema desta pesquisa.

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

Em grande parte dos países em desenvolvimento, o setor urbano responde

por pelo menos 50% do produto interno bruto (PIB), e em algumas localidades ele

ultrapassa os 70%. É comum que, nesses países, as cidades dediquem de 15% a

25% de seu orçamento anual aos sistemas de transporte, às vezes, a porcentagem

de destinação é significativamente maior.

De 8% a 16% da receita das famílias urbanas são gastos, em geral, com

transporte, ainda que esse nível possa subir a mais de 25% entre as famílias mais

pobres das cidades muito grandes. Cerca de um terço das necessidades de

investimento em infra-estrutura urbana será necessário para esse setor. E, a

despeito dos recentes avanços no envolvimento do setor privado no financiamento à

infra-estrutura de transporte, a maior parte desse capital vem do orçamento

municipal.

A população urbana cresce a uma taxa de mais de 6% ao ano na maioria dos

países em desenvolvimento. Em diversas economias anteriormente agrárias, como a

da China, devido à necessidade de se reduzir a quantidade de pessoas

dependentes da agricultura e aumentar a produtividade das áreas rurais, a

urbanização é entendida como um pré-requisito rumo ao crescimento. Esse

crescimento significa um incremento de dois bilhões – igual ao total da população

atual dos países em desenvolvimento.

Espera-se que dobre a quantidade de megacidades com mais de 10 milhões

de habitantes, sendo que 75% delas se localizarão em países em desenvolvimento.

Algum incremento populacional será visto em zonas periféricas de alta densidade,

fora do alcance do poder público e dos equipamentos urbanos existentes. Grande

parte, provavelmente consistirá de uma expansão urbana que dificulta a adequada

prestação de serviços de transporte público e estimula a dependência do automóvel

e, daí, reduz o acesso ao trabalho e aos equipamentos urbanos pelos pobres.

Assim, é importante explorar as possibilidades de melhorar o desempenho

econômico das cidades, por meio de uma melhor integração do transporte com os

demais aspectos da estratégia de desenvolvimento da cidade.

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As cidades existem devido à economia de aglomeração associada às

atividades industriais e comerciais. É nelas que os setores “de ponta” se localizam, e

a produtividade da mão-de-obra é, geralmente, maior nas áreas urbanas que nas

rurais. A predominância de cidades centrais grandes e densas em muitos países em

desenvolvimento sugere que estas vantagens continuam existindo mesmo em

cidades de tamanhos extremamente grandes.

Nessas cidades, o transporte motorizado sobre pneus é o principal meio de

locomoção. Apesar de o transporte de longo percurso de passageiros e de bens

poder usar amplamente as demais modalidades, e o transporte não-motorizado

desempenhar um papel importante nas movimentações de curta distância de

pessoas, em todo o mundo a maioria das grandes cidades que não são

dependentes do transporte motorizado sobre pneus – de pessoas e carga – é

bastante carente, relativamente improdutiva e deseja mudar a sua situação.

Entretanto, muitas megacidades apresentam os mais altos índices de tempo de

viagem, os maiores congestionamentos e os ambientes mais poluídos. Em especial

nos países em que as capitais são muito dominantes, o dilema estratégico é como

reter os benefícios econômicos do tamanho da cidade, ao mesmo tempo em que se

limita a degradação do desempenho do transporte, fato aparentemente associado à

dimensão e à densidade.

Em particular na Ásia, esse fenômeno parece ter gerado o rápido crescimento

de motocicletas, mais ágeis que as bicicletas (por causa de sua potência) ou que os

ônibus (por causa de sua natureza). As motocicletas novas são tão baratas que

mesmo os relativamente pobres podem comprá-las. Por exemplo, um estudo

realizado em Dheli, Índia, demonstrou que, com uma renda per capita abaixo dos

US$ 2.000 ao ano, mais de 80% das casas possuem veículos, especialmente de

duas rodas. As motocicletas oferecem mobilidade motorizada pessoal, muito embora

a um alto custo ambiental e de acidentes.

Existem, ainda, indícios de que as motos utilizam mais efetivamente o espaço

das vias que as bicicletas ou os carros particulares. A curto prazo, portanto, parece

de fato existir para os países em desenvolvimento um caminho de desenvolvimento

envolvendo uma maior mobilidade motorizada individual que a que estava disponível

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nos países industrializados de níveis equivalentes de renda. A longo prazo, a

questão estratégica é: as motocicletas continuarão a ser vistas como uma etapa de

transição para um nível insustentável de propriedade e utilização do automóvel

particular ou, com boas práticas de gestão de tráfego e de segregação, podem ser

mantidas como o centro de um sistema de transporte urbano com mais mobilidade,

ao mesmo tempo seguro e sustentável?

Ao analisar esse dilema, deve-se reconhecer que as cidades são muito

diferentes em suas características sociais, econômicas e espaciais. Além disso,

qualquer aglomeração urbana se transforma ao longo do tempo. Não se pode

esperar produzir um único modelo de desenvolvimento dos sistemas de transporte

urbano, que se adapte a todas as cidades. No entanto, a despeito do fato de cada

cidade ter suas próprias peculiaridades, quatro características se destacam nas

explicações das diferenças de transporte:

Renda: A propriedade de veículos depende basicamente da renda, quer em

países em desenvolvimento ou industrializados. Apesar de os países ricos tenderem

a ter mais infra-estrutura viária que os pobres e a oferta de rodovias pavimentadas

em âmbito nacional ser bem menor nas nações com renda per capita média e baixa,

o crescimento do espaço viário urbano conjuntamente com a renda tem uma

tendência a ser menor que o do volume do tráfego. Assim, a menos que a utilização

dos veículos seja muito restrita, a exemplo de Cingapura, é bastante provável que os

níveis de tráfego e congestionamento aumentem com a renda.

Dimensões e distribuição por tamanho: À medida que aumentam as

dimensões da cidade, e particularmente, a densidade, ampliam-se as distâncias

médias das viagens, o nível de congestionamento e o impacto ambiental do tráfego

viário. As megacidades apresentam alguns dos maiores problemas de pobreza e de

transporte urbano. Tal fenômeno ocorre notadamente em países cujas capitais

desempenham um papel dominante.

História política: A forma das cidades modernas inevitavelmente reflete a

transição histórica entre sistemas econômicos e sociais. As diferenças mais

aparentes são as existentes entre as cidades planejadas de ex-repúblicas

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socialistas, onde as aglomerações urbanas apresentam zonas residenciais

adensadas e bem dispersas, servidas por transporte de massa; e aquelas onde as

forças de mercado desempenharam um papel mais marcante na configuração do

uso do solo. As economias de transição, em particular, combinam uma crescente

taxa de motorização com uma capacidade fiscal em rápido declínio, visando à

sustentação de seus sistemas de transporte público tradicionalmente grandes.

Taxas de crescimento populacional: Cidades que crescem muito rápido

são distintas porque aparentemente, têm taxas de motorização acima da média em

relação ao nível nacional de renda e tendem a ter espaço viário abaixo da média.

Juntos, esses dois fatores contribuem para grandes congestionamentos.

Essas influências claramente se sobrepõem e interagem. Abstraindo a

questão do tamanho da cidade, esses fenômenos nos oferecem uma classificação

de tipos de cidade que abrange as cidades maiores e que, além disso, explica o tipo

de sistemas de transporte público adotados por elas. Por exemplo, em países de

alta renda, há elevados níveis de motorização e congestionamentos, mas também é

maior a capacidade de garantir a operação de sistemas de transporte de massa

sobre trilhos. Nos lugares em que houve um rápido crescimento, existe uma menor

predisposição de o desenvolvimento de transporte de massas acompanhar esse

crescimento. Já nas cidades em que o crescimento populacional foi menor, e em

particular nas antigas áreas socialistas, que padeceram da estagnação na renda, a

probabilidade de haver um sistema de transporte de massa é maior que os

rendimentos poderiam sugerir. É necessário concentrar nessas diferenças e nas

influências que as causam, quando se interpretam as discussões mais genéricas a

seguir.

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3 APLICAÇÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O transporte urbano tem-se tornado nos últimos anos um tema do cotidiano

dos brasileiros que moram nas cidades de grande e médio porte. Os

congestionamentos, os acidentes de trânsito, a baixa qualidade do transporte

público, as dificuldades de estacionamento, o novo código de trânsito brasileiro,

suas inovações, infrações e penalidades têm-se tornado foco da mídia, tema de

campanhas políticas e educativas, alvo de movimentos populares e assunto de

conversas informais. Começa-se assim a reconhecer que os problemas de

transporte urbano têm uma dimensão social, que afeta a saúde e a qualidade de

vida da nossa população, sem mencionar as deseconomias geradas pelos

congestionamentos e pelos acidentes de trânsito. Esta descoberta já faz parte da

história dos países desenvolvidos, que, ao longo da última década, vêm tentando

dominar a expansão do transporte individual com pesados investimentos na

melhoria do transporte público, na aplicação da telemática no planejamento e

controle dos sistemas de transportes e na implantação de novos serviços de

informações aos usuários.

A aplicação da tecnologia da informação, aliada à telecomunicação e à

eletrônica, no planejamento, gestão, operação e fiscalização dos transportes urbano

tem-se configurado como alternativa viável em termos de custo-eficácia, além de

contribuir para o atendimento das indispensáveis características de sustentabilidade

do setor de transportes, dentre elas a redução do tempo perdido em

congestionamentos, dos acidentes de trânsito, dos custos do transporte, do

consumo de energia e dos danos ambientais. Esta nova ciência conhecida como

Sistemas de Transportes Inteligentes - STI (ITS - Intelligent Transportation Systems)

encontra-se em franca expansão nos países desenvolvidos e começa a dar seus

primeiros passos no Brasil. O leque de aplicações voltadas para os transportes

inteligentes é extremamente amplo abrangendo: sistema de informação para

usuários, gerenciamento de rodovias e de transporte coletivo, controle de tráfego e

semáforo, gerenciamento de serviços de emergência, arrecadação automática de

tarifas no transporte coletivo, nos estacionamentos e nos pedágios, rastreamento de

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frotas de veículos de carga, de transporte público e de emergência, coleta

automática de dados, fiscalização eletrônica, veículos e vias inteligentes, etc.

Tradicionalmente, as soluções para os problemas de transporte urbano têm-

se embasado na ampliação da sua infra-estrutura e/ou da sua oferta. No entanto,

esta abordagem não têm produzido os efeitos desejados ou não têm-se mostrado

adequada, principalmente se considerarmos os altos custos que, na maioria das

vezes, envolvem soluções deste tipo, bem como seus custos sociais e ambientais.

O advento dos STI, que se traduz numa aplicação massiva da telemática e de

técnicas de gerenciamento e controle do transporte rodoviário, tem como objetivo

integrar e conectar os gestores, operadores, usuários, veículos e a infra-estrutura de

transporte.

Diante deste cenário, será apresentado uma breve descrição do estado d’arte

das principais aplicações de sistemas de transporte inteligentes na área de trânsito

urbano, passíveis de ser utilizadas a curto e médio prazos nas cidades brasileiras,

destacando o caso de Belo Horizonte, onde já se começa a conceber e a

implementar alguns sistemas inteligentes, voltados para o planejamento do

transporte coletivo e do trânsito, para o controle do tráfego, para a fiscalização

eletrônica do trânsito, para a coleta automática de dados de tráfego e para a

arrecadação automática de tarifas no transporte coletivo por ônibus.

3.2 SISTEMAS DE TRANSPORTES INTELIGENTES – STI

As inúmeras inovações tecnológicas disponíveis atualmente no mercado,

associadas ao assédio dos fornecedores proclamando suas “maravilhas

tecnológicas”, têm levado alguns organismos a investimentos equivocados ou a

projetos que não se viabilizam, gerando frustração e desconfiança entre técnicos e

junto aos usuários.

Na maioria das vezes, a razão do fracasso reside na falta de planejamento e

no desconhecimento da tecnologia. Então, o que resta é pesquisar, treinar e

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planejar, pois só assim será possível alcançar os resultados desejados de forma

eficiente e duradoura.

O planejamento dos STI se fundamenta na definição de uma arquitetura ou

um plano diretor para implementação dessas tecnologias. STI dizem respeito

basicamente a informação coletada, compartilhamento, processamento e

redistribuição da informação com a finalidade de melhor transportar pessoas e

mercadorias. Estes conceitos já são praticados no setor de transporte aéreo, onde

tecnologia e gerenciamento de informações são utilizados para otimizar serviços,

frotas, custos e informar os usuários.

Uma arquitetura é uma estrutura global que define limites, entidades

envolvidas e estratégias para este processo de gerenciamento de informação, que,

por sua vez, nos leva a definir padrões e que resulta em eficiência, economia de

escala, compatibilidade e interoperabilidade.

Os programas de transportes inteligentes e suas respectivas arquiteturas já

se encontram estruturados, definidos e em implantação nos EUA, Canadá, Japão,

Austrália e Comunidade Econômica Européia e são fruto da cooperação mútua entre

os setores público e privado. Nesses países a definição de uma arquitetura nacional

foi iniciativa dos organismos públicos nacionais, o que destoa da situação brasileira,

na qual o governo federal tem feito pouco ou nada neste sentido.

Porém, o que persiste é um coquetel tecnológico, onde cada cidade, cada

estado adquire equipamentos e sistemas, ao sabor das pressões da “moda”, da

indústria e da problemática do cotidiano, sem contudo ter desenvolvido um

planejamento sistêmico ou uma arquitetura que preserve a economicidade dos

investimentos, a integração e interoperabilidade dos sistemas e que garanta a

consecução dos objetivos.

O desenvolvimento da arquitetura de STI requer diversos passos, conforme

os itens descritos abaixo:

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• Discussões públicas dos benefícios dos STI para seus diversos usuários e

definição da amplitude do programa de STI;

• Descrição das metas do programa de STI;

• Definição da arquitetura básica do sistema, envolvendo a descrição das

funções e informações necessárias e dos componentes físicos necessários

à implementação das funções e troca de informações;

• Consideração de questões práticas inerentes à implantação, tais como:

restrições (econômicas, sociais, institucionais, etc.), análise de custos,

ponto de vista e feedback dos usuários;

• Definição de um cenário coerente para o STI no futuro: plano diretor e

recomendações para agilizar a implantação;

• Definição e descrição de padrões e das necessidades e programas de

treinamento e formação de recursos humanos.

Basicamente, a arquitetura de STI está fundamentada na interação de três

“camadas” de infra-estrutura:

Camada de Transportes: é composta pela infra-estrutura física de STI,

contendo os usuários, veículos, centros de controle e equipamentos viários.

Camada de Comunicações: é composta pela infra-estrutura de informações

que conecta todos os elementos da camada de transportes. É a camada que

dá a característica de “sistema”, propiciando coordenação e compartilhamento

de informações entre sistemas e pessoas. A arquitetura descreve

cuidadosamente quais os tipos de informações e comunicação são

necessários aos vários serviços de STI; como os dados devem ser

compartilhados e usados por quais entidades físicas (subsistemas); e quais

os tipos de padrões são necessários para facilitar este compartilhamento.

Camada Institucional: é composta pelas nossas organizações e regras

sociais que definem as fronteiras institucionais e os papéis dos organismos

governamentais, empresas privadas, associações de usuários e outros

participantes no contexto dos serviços de STI. As atividades deste nível

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incluem o desenvolvimento de uma política local, o financiamento de STI e a

criação de parcerias que direcionem o desenvolvimento de STI. Neste caso, a

arquitetura recomenda quem deve estar conectado com quem e quais os

tipos de informações que devem ser trocadas.

A título de referência, vale a pena enumerar os 30 (trinta) tipos de serviços de

STI, previstos na arquitetura norte-americana (US.DOT,1996). São eles:

a) Gerenciamento de Viagens e Tráfego

� Informação anterior à viagem

� Informação para motoristas durante a viagem

� Serviço de informações para passageiros

� Orientação sobre rotas/trajetos

� Serviços de reservas e combinação de viagens

� Gerenciamento de incidentes (acidentes, eventos, obras, etc.)

� Gerenciamento da demanda de viagens

� Controle de tráfego

� Controle e mitigação de emissões

� Controle de cruzamentos rodoferroviários

b) Operação de Veículos Comerciais (caminhões)

� Desembaraço eletrônico de veículos comerciais

� Inspeção automatizada das condições de segurança e dos veículos

� Processos administrativos automatizados de veículos comerciais

� Monitoração de segurança a bordo

� Gestão de frotas comerciais

� Notificação de incidentes com cargas perigosas

c) Gerenciamento de Transporte Público

� Informação para usuários durante a viagem

� Gerenciamento integrado do transporte público

� Transporte coletivo personalizado

� Segurança pública nos transportes

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d) Pagamento Eletrônico

� Serviços de pagamento eletrônico (transporte público, estacionamento,

pedágio, etc)

e) Gerenciamento de Serviços de Emergência

� Gestão de frotas de emergência

� Notificação de emergências e segurança pessoal

f) Sistemas Avançados de Segurança Veicular

� Prevenção de colisões longitudinais

� Prevenção de colisões laterais

� Prevenção de colisões em interseções

� Prevenção de colisões pela melhoria da visibilidade

� Sensoriamento de segurança

� Desenvolvimento de dispositivos de segurança pré-colisão

� Operação automatizada de veículos.

3.3 TRÂNSITO INTELIGENTE NO BRASIL

Os problemas de trânsito nas grandes cidades podem ser sintetizados em

duas palavras: congestionamentos e acidentes. Um estudo realizado em 1998 pelo

IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) (IPEA,1998) entre 10 grandes

cidades brasileiras estimou que as deseconomias geradas pelos congestionamentos

atingem a cifra de R$ 474 milhões por ano, enquanto que os custos dos acidentes

de trânsito (BRASIL,1997) impõem ao país perdas da ordem de R$ 1 bilhão anuais.

As dificuldades para reverter esse quadro são diversas, que vão desde a fragilidade

institucional às restrições orçamentárias dos organismos gestores, passando pela

ausência de pesquisas e desenvolvimento tecnológico e pelo despreparo da

população para uma convivência harmônica no ambiente de trânsito.

Também deve ser destacado o vertiginoso crescimento da frota de veículos,

sem a correspondente contrapartida de melhorias no sistema viário.

Independentemente disso, mesmo dispondo-se de recursos, é impossível e inviável

a expansão das vias na mesma proporção, de acordo com os efeitos ambientais e

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energéticos que essa expansão provocaria. A solução para o problema representada

pela redução expressiva dos deslocamentos realizados por automóveis e sua

respectiva transferência para o transporte coletivo é um processo de longa

maturação, que envolve a integração das políticas públicas de transporte,

desenvolvimento urbano e economia, além de respeitáveis investimentos na

melhoria da qualidade do transporte coletivo, capazes de atrair os usuários do

transporte individual.

Diante dessas dificuldades, que são estruturais não só na nossa sociedade,

mas mesmo nos países desenvolvidos, vislumbrou-se que a modernização

tecnológica do transporte rodoviário, através de sistemas de transportes inteligentes,

tem um grande potencial de transformação num horizonte de curto prazo e contribui

para o aprimoramento do transporte coletivo. O programa de STI norte-americano

(US.DOT- US.1998), por exemplo, prevê os seguintes resultados no período 1996 a

2015: redução dos custos dos acidentes em 44%, economia de tempo de viagem em

41% e redução de emissões e consumo de combustível em 6%.

Conforme pôde ser visto anteriormente o cardápio de serviços de STI é

bastante amplo, porém no presente trabalho pretende-se enfocar apenas as

aplicações voltadas para a gestão do trânsito urbano passíveis de ser utilizadas, de

imediato, no Brasil.

As aplicações aqui descritas já se encontram em operação comercial ou já

foram aqui testadas ou estão disponíveis para comercialização, através de

representantes/revendedores nacionais, como também, podem ser utilizadas a partir

de adaptações, ou ainda, como um “upgrade” em sistemas já existentes.

A gestão do trânsito urbano compreende as atividades de coleta de dados, o

planejamento, o projeto, a operação, o controle, a fiscalização, a arrecadação de

tarifas, e a informação aos usuários. Para cada uma dessas atividades se dispõe

atualmente de equipamentos e sistemas que otimizam as ações do engenheiro de

tráfego.

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a) Coleta de dados

A informação é um dos principais ingredientes para o sucesso das

intervenções no trânsito, em todas as suas etapas do planejamento à avaliação de

projetos. Existem atualmente equipamentos conjugados com sistemas para

processamento e tabulação de dados para levantamentos de:

� Fluxo de tráfego: volume e classificação do tipo de veículo, através de

sensores ou detectores baseados em tecnologia de laços indutivos, tubos

piezoelétricos, microondas, raio infravermelho, raio laser e processamento

de imagens. Dispõe-se também de microcoletores de dados operados

manualmente que permitem contagens de tráfego por movimento em

interseções;

� Velocidades: medidores eletrônicos de velocidade ou radares baseados em

efeito Doppler, células fotoelétricas, raio laser e laços indutivos podem ser

utilizados para medição de velocidades pontuais;

� Velocidade e tempo de percurso: na medição de velocidades e tempos de

percurso ao longo de rotas dispõe-se de equipamentos a serem instalados

no interior de um veículo, no qual se registra de maneira automática os

eventos e sua duração e as extensões percorridas;

� Origem e destino por placas: através de técnicas de filmagem de placas e o

respectivo processamento de imagens, as placas filmadas em diferentes

postos são “casadas” entre si, definindo a origem e destino dos

deslocamentos;

� Condições ambientais: através de estações de medição de qualidade do ar

instaladas às margens das vias é possível monitorar a concentração de

poluentes do ar e de ruídos

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b) Planejamento e projetos informatizados

Encontram-se disponíveis no mercado vários pacotes de softwares para

planejamento e projeto viário. Os pacotes para planejamento podem ser

classificados em duas categorias: aqueles voltados para simulação e aqueles

voltados para estudos específicos de análise operacional de interseções, de

segurança viária e análise de capacidade viária. Os softwares de simulação

permitem análises a nível estratégico de diferentes políticas de transporte, permitem

análises de demanda e a avaliação do efeito de diferentes tipos de intervenção. É

importante também destacar o uso dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG)

como ferramenta de cadastro de informações, geração de mapas temáticos,

subsídio para os modelos de simulação, além de outras aplicações específicas.

Os pacotes voltados para projeto viário são ferramentas do tipo CAD que

possibilitam a elaboração de projetos de geometria e de sinalização, podendo ser

associados a outros softwares para criação de modelos em 3D (três dimensões),

que facilitam a visualização e apresentação da infra-estrutura projetada.

Merecem ainda ser destacados os pacotes para cálculo de programação

semafórica para redes viárias semaforizadas, que se utilizam de técnicas de

simulação e métodos de otimização para determinar uma programação ótima que

minimize os atrasos e paradas dos veículos nos semáforos.

c) Controle de tráfego centralizado

Em primeiro lugar, devem ser mencionados os sistemas de controle

centralizado de semáforos, ou seja, uma rede de semáforos interligados a uma

central de controle a partir da qual é possível monitorar falhas, alterar a

programação dos semáforos, etc., dependendo da estratégia de controle adotada.

Existem sistemas simples que praticamente só monitoram o funcionamento dos

semáforos, até sistemas sofisticados do tipo adaptativo em tempo real, nos quais o

computador central calcula a cada instante os melhores tempos semafóricos

necessários para atender as flutuações do tráfego, medidas também a cada

instante, através de sensores instalados nas vias.

Page 20: Infraestrutura Com Foco Nos Transportes Nas Cidades

19

O controle do tráfego também pode ser executado através de sistemas de

Circuito Fechado de Televisão (CFTV) com câmeras instaladas nas vias e

controladas por um computador e monitores de TV instalados num centro de

controle.

Outra ferramenta de controle centralizado é a sinalização dinâmica de

regulamentação e advertência, a qual pode ter suas mensagens alteradas

dependendo das circunstâncias, estando voltadas principalmente para o controle de

velocidade e para o bloqueio de vias ou faixas de tráfego.

d) Fiscalização eletrônica

A fiscalização eletrônica está baseada no registro da imagem do veículo

infrator no momento da infração. As aplicações da fiscalização eletrônica estão

voltadas principalmente para o controle de velocidade, de avanço de sinal e de

invasão da faixa de pedestres, existindo equipamentos que desempenham estas

três funções simultaneamente. A detecção da infração é realizada através de

sensores de diferentes modalidades (item a acima) e o registro da imagem do

infrator é feito por meio de fotografias convencionais em películas ou de imagens

digitais.

e) Controle de estacionamentos

Estão disponíveis sistemas para controle de estacionamento na via pública e

em edifícios garagem. Os sistemas de controle na via pública se limitam aos

parquímetros eletrônicos e equipamentos emissores de tíquetes de estacionamento.

Mais sofisticados são os sistemas de gestão de edifícios garagens, que monitoram a

ocupação desses edifícios, controlam os acessos, emitem bilhetes, arrecadam

tarifas e orientam os usuários nos trajetos de acesso aos edifícios, através de

sinalização dinâmica nas vias públicas que indicam a localização e o nível de

ocupação de cada edifício.

Page 21: Infraestrutura Com Foco Nos Transportes Nas Cidades

20

f) Informação aos usuários

Talvez esta seja uma das aplicações menos desenvolvidas no Brasil, pois

implicam na existência de um centro de controle de tráfego para onde as

informações sobre as condições operacionais das vias devem convergir.

Informações anteriores à realização das viagens podem ser veiculadas através da

Internet ou por meio de pagers, sendo que pela Internet podem estar disponíveis

imagens de câmeras de CFTV. Geralmente, as informações dizem respeito a níveis

de congestionamento e ocorrência de acidentes, incidentes, obras, etc. Informações

durante as viagens podem ser veiculadas por Painéis eletrônicos de Mensagens

variávies (PMV), instalados nas vias transmitindo os mesmos tipos de informações

citadas acima, bem como recomendações sobre trajetos.

Os sistemas aqui enumerados correspondem basicamente à camada de

transportes da arquitetura de STI. Entretanto, a camada de comunicações deve ser

destacada, pois ela é essencial para integração dos sistemas e transmissão de

informações. Os poucos sistemas em operação no Brasil utilizam-se de linhas

telefônicas para transmissão de dados, em função da ainda baix a cobertura de

redes de fibra ótica (essenciais para imagens de vídeo) e da precariedade das

transmissões por telefonia celular.

Page 22: Infraestrutura Com Foco Nos Transportes Nas Cidades

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4 O CASO DE BELO HORIZONTE

Em Belo Horizonte, a gestão do trânsito, do transporte coletivo, táxi e

transporte escolar é feita pela Prefeitura Municipal, através da Bhtrans - Empresa de

Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A. O município conta atualmente com

uma frota registrada da ordem de 830 mil veículos, com cerca de 2,5 habitantes por

veículo, ou seja, com uma taxa de motorização elevada que se aproxima das taxas

de países europeus. Como conseqüência os problemas de trânsito relacionados aos

congestionamentos já são graves em algumas áreas nos períodos de pico, assim

como, a despeito da redução de 55% da taxa de mortos/10.000 veículos nos últimos

5 anos, ainda são altas as taxas de acidentes, principalmente envolvendo pedestres.

A aplicação de STI no trânsito de Belo Horizonte encontra-se ainda em fase

embrionária, podendo-se apontar duas razões básicas para este fato: restrições

orçamentárias e falta de conhecimentos técnicos especializados para lidar com STI.

O que se tem procurado adotar é um procedimento cauteloso, em que se procura

testar e analisar diferentes tecnologias para uma mesma aplicação, antes de adotá-

la de maneira intensiva. Assim, tem sido, por exemplo, a implantação da fiscalização

eletrônica.

Apesar de não se dispor ainda de uma arquitetura ou um plano diretor para

implantação de STI em Belo Horizonte, já existe uma preocupação com os aspectos

de integração e interoperabilidade, como ocorre no caso da implantação da

arrecadação automática de tarifas no transporte coletivo por ônibus pela Bhtrans e

no Trem Metropolitano pela Superintendência de Trens Urbanos - STU/BH.

Page 23: Infraestrutura Com Foco Nos Transportes Nas Cidades

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As aplicações de STI em Belo Horizonte encontram-se listadas abaixo:

Em termos de perspectivas futuras, pretende-se a elaboração de um plano

diretor de STI, um treinamento intensivo de recursos humanos voltados para as

aplicações de telemática e em termos de projetos específicos para a área de

trânsito:

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� A adoção de equipamentos automáticos de coleta de dados (volumes de

tráfego, velocidade e tempo de percurso);

� A implantação de um sistema de controle de tráfego centralizado para os

corredores de tráfego (CTA II);

� A implantação de um sistema de informações para usuários, via INTERNET,

com ascondições de tráfego e imagens de CFTV do sistema viário principal

da cidade;

� A ampliação da cobertura da fiscalização eletrônica de velocidade e avanço

de sinal;

� A intensificação do uso de softwares que auxiliem no planejamento e projeto

viário.

Page 25: Infraestrutura Com Foco Nos Transportes Nas Cidades

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5 CONCLUSÃO

Os sistemas de transportes inteligentes efetivamente tomaram fôlego só no

início dos anos 90 e portanto encontram-se ainda em fase de implantação nos

países desenvolvidos. Assim sendo, ainda são poucos os resultados apurados que

possibilitam uma avaliação em profundidade dos seus efeitos, dos seus custos e

eficácia. O que se nota é uma grande disposição e entusiasmo na implantação

desses projetos, o que é comum quando se trabalha com novas tecnologias. Desta

forma, é recomendável que organismos de gestão de transporte urbano

acompanhem a evolução dos projetos de STI no estrangeiro, a fim de formar uma

base de conhecimento para decisões futuras.

Deve-se novamente ressaltar a importância da criação de uma arquitetura de

STI brasileira, de maneira a preservar investimentos e a interoperabilidade entre

sistemas. Embora a iniciativa devesse brotar do Governo Federal, talvez esse

processo pudesse ser conduzido através de organizações não-governamentais

como a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT e/ou Associação

Nacional de Transportes Públicos - ANTP. Todavia, é indispensável uma política

pública para o setor.

Outro ponto importante a ser destacado, se refere à formação de recursos

humanos para esta área, que é eminentemente multidisciplinar. É imprescindível

uma parceria entre empresas produtoras de equipamentos e sistemas, empresas de

consultoria, universidades e órgãos gestores de transporte urbano, para troca de

conhecimentos, no sentido de formar uma tecnologia nacional de STI. A cooperação

mútua é a chave dos programas de STI em implantação nos países desenvolvidos.

Por fim, não pode deixar de ser salientada a necessidade de definir uma

equação financeira para implantação desses projetos. Os projetos devem já nascer

dentro de uma expectativa empreendedora de autofinanciamento, com pouca ou até

nenhuma participação dos orçamentos públicos. Como exemplo, citamos novamente

o Programa de STI dos EUA, orçado em US$ 209 bilhões a serem investidos até o

ano de 2011, no qual a iniciativa privada estará participando em 80% dos

investimentos.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANCO MUNDIAL. Cidades em movimento: estratégia de transporte urbano do

banco mundial. Washington, 2004. Disponível em:

<http://brasil.indymedia.org/media/2006/12//369499.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2011.

FERREIRA, Ana. Mobilidade em espaço urbano: a emergência de cidades

inteligentes. 2008. Disponível em:

<http://www.geogra.uah.es/inicio/web_11_cig/cdXICIG/docs/01-

PDF_Comunicaciones_coloquio/pdf-1/com-P1-30.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2011.

MEIRELLES, Alexandre. Sistemas de transportes tnteligentes: aplicação da

telemática na gestão do trânsito urbano. Belo Horizonte, 2008. Disponível em:

<http://www.ip.pbh.gov.br/ANO1_N1_PDF/ip0101meirelles.pdf>. Acesso em: 02 nov.

2011.