O contributo mínimo em propriedade industrial

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Palestra na Universidade Clássica de Lisboa

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  • 1. O Contributo Mnimo em Propriedade industrial Denis Borges Barbosa Professor Permanente dos cursos de mestrado e doutorado do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Academia de Propriedade Intelectual e de Inovao do INPI brasileiro. Professor nos cursos de especializao em Propriedade Intelectual da Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro e da Fundao Getlio Vargas em So Paulo.

2. Bibliografia COUTO GONALVES, L.M., Manual de Dieito Industrial, Almedina, 2. Ed. P. 85-88. HAEGHEN, G. Vander. Brevets DInvention Marques et Modles. Bruxelles: Ferdinand Larcier, 1928, p. 67-96; LADAS, Stephen P. Patents, Trademarks, and Related Rights- National and International Protection. Massachusetts: Harvard University Press, 1975, p. 295-300; LUZZATTO, Enrico, Trattato Generale delle Privative Industriali, Imprenta, Milano : Pilade Rocco, 1914; MIRANDA, Pontes . Tratado de direito privado Tomo XVI. Propriedade in electual. Propriedade industrial, So Paulo, RT, 4 edio, 1983, pg. 296298; MOTA MAIA, J., Propriedade Industrial, vol. I, Almedina, 58-60. PHELIP Bruno. Droit et pratique des brevets dinvention France tranger Brevet Europen. Paris: Delmas, 1977, p. C17-C24; POLLAUD-DULIAN, Frdric. La Brevetabilit Des Inventions - tude comparative de jurisprudence France-OEB. Paris: Litec, 1997, p. 109-134 ; POUILLET, Eugne, Trait Teorique et Pratique des Brevets d'Invention et de la Contrefaon, 4 me edition, Paris : Marchal et Billard, 1899; RAMELLA, Agostino. Propriet Industriale. Parte I. Torino: Editrice Torinense, 1927, p. 70-76; RAPELA, M. Angel. Derechos de Propiedad Intelectual en Vegetales Superiores. Buenos Aires: Ciudad Argetina, 2000, p. 49-50; RODRIGUES, Clvis Costa. Concorrncia Desleal. Rio de Janeiro: Peixoto, 1945, p. 235; SINGER, Romuald & SINGER Margarete, rev. LUNZER Raph. The European Patent Convention A comentary. London: Sweet & Maxwell, 1995, pg. 176211; STEFANIS, Pietro. Novit Inventiva e Novit Intuitiva. Firenze: Societ Editrice Toscana, 1932, p. 24-36; 3. Bibliografia POUILLET, Eugne, Trait Teorique et Pratique des Brevets d'Invention et de la Contrefaon, 4 me edition, Paris : Marchal et Billard, 1899; RAMELLA, Agostino. Propriet Industriale. Parte I. Torino: Editrice Torinense, 1927, p. 70-76; RAPELA, M. Angel. Derechos de Propiedad Intelectual en Vegetales Superiores. Buenos Aires: Ciudad Argetina, 2000, p. 49-50; RODRIGUES, Clvis Costa. Concorrncia Desleal. Rio de Janeiro: Peixoto, 1945, p. 235; SINGER, Romuald & SINGER Margarete, rev. LUNZER Raph. The European Patent Convention A comentary. London: Sweet & Maxwell, 1995, pg. 176-211; STEFANIS, Pietro. Novit Inventiva e Novit Intuitiva. Firenze: Societ Editrice Toscana, 1932, p. 24-36; SCHMIDT-SZALEWSKI, Joanna & PIERRE, Jean-Luc Pierre. Droit de la Proprit Industrielle. Paris: Litec, 2001, p. 47-51, TERRELL, Thomas & TERRELL, Courtney; rev. JONES, J Reginald. The Law and Practice relating to Letters Patent for Inventions. Londres: Sweet & Maxwell Ltd., 1934, p. 64-73. 4. Um olhar especial nas Patentes de Inveno 5. Uma percepo genial 6. Engenhosa combinao sem questo que no se devedar privilgio exclusivo ao inventor de insignificante novidade, e simples alterao de forma nas obras das artes ordinrias, que no manifesta engenhosa combinao, ou lavor difcil, nem produz um novo e fixo artigo de comrcio, ou ramo de indstria, que antes no existia. Visconde de Cayru, Observaes Sobre aFranqueza da Indstria, e Estabelecimento de Fbricas no Brasil, Imprensa Rgia, 1810. 7. Atividade inventiva? Art. 5 ...... ..... XXIX - a lei assegurar aos autores de inven-tos industriais privilgio temporrio para sua utilizao, bem como proteo s criaes industriais, propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnolgico e econmico do Pas Art.218 (...) 2 - A pesquisa tecnolgica voltar-se- predominantemente para a soluo dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional. Art. 219 - O mercado interno integra o patrimnio nacional e ser incentivado de forma a viabilizar o desenvolvimento cultural e scio econmico, o bem estar da populao e a autonomia tecnolgica do Pas, nos termos de lei federal. SUPREMO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO Acrdo do Supremo Tribunal Administrativo n. 2/2013 Acrdo do STA de 09-01-2013, no Processo n 771/12 () consideramos que est em jogo no apenas o direito propriedade industrial - alis sem assento constitucional especfico Em sentido contrrio ao deste entendimento, as recorrentes alegam que os invocados direitos de propriedade industrial so direitos fundamentais de natureza anloga dos direitos, liberdades e garantias e, como tal, com proteco acrescida ao nvel da prpria Constituio, a cujas normas est directamente vinculada a Administrao Pblica que, por isso, no poderia deixar de considerar, no mbito daquele procedimento de concesso de AIMs, tais invocados direitos, prevenindo e reprimindo a respectiva violao. Mas, no colhe essa alegao. Dirio da Repblica, 1. srie N. 20 29 de janeiro de 2013 8. Atividade inventiva? 2 - Considera-se que uma inveno implica actividade inventiva se, para um perito na especialidade, no resultar de uma maneira evidente do estado da tcnica. (C. Munique, art. 56) Art. 13. A inveno dotada deatividade inventiva sempre que, para um tcnico no assunto, no decorra de maneira evidente ou bvia do estado da tcnica. Art. 14. O modelo de utilidade dotado de ato inventivo sempre que, para um tcnico no assunto, no decorra de maneira comum ou vulgar do estado da tcnica.Artigo 50. Requisitos de concesso 1 - Uma inveno considerada nova quando no est compreendida no estado da tcnica.3 - Considera-se que uma inveno susceptvel de aplicao industrial se o seu objecto puder ser fabricado ou utilizado em qualquer gnero de indstria ou na agricultura. Artigo 122. Objecto do modelo 1 - Podem ser protegidas como modelos de utilidade as invenes novas implicando uma actividade inventiva e susceptveis de aplicao industrial, que consistam em dar a um objecto uma configurao, estrutura, mecanismo ou disposio de que resulte o aumento da sua utilidade ou a melhoria do seu aproveitamento. 9. A frgil novidade 10. A frgil novidade Objeto de apurao de novidade: a regra de um sdocumento Afirma-se que haver novidade sempre que o invento noseja antecipado de forma integral por um nico documento do estado da tcnica [1]. Tal entendimento, que encontra guarida, por exemplo, nos Parmetros de Exame do EPO (C-IV, 7.1), tem certas excees a mais relevante das quais a que permite combinar documentos quando estejam literalmente referenciados uns nos outros, de tal forma que o homem do ofcio combinaria naturalmente as informaes. No dizer corrente no procedimento europeu, o estado da tcnica no pode ser lido como um mosaico de anterioridades.[1] Por exemplo, Danemann, Siemsen, Biegler & Ipanema Moreira, Comentrios LPI, Renovar, 2001, p. 47. 11. A frgil novidade Dizem as Diretrizes de Exame do INPI: 1.5.4 Falta de novidade (...) Como regra geral entende-se que h novidade sempreque a inveno ou modelo no antecipado de forma integral por um nico documento do estado da tcnica. (...) No caso de um documento (primeiro documento) referindose explicitamente a um outro documento que fornece informao mais detalhada sobre certas caractersticas, o ensinamento deste ltimo documento deve ser considerado como incorporado ao primeiro documento que contm a referncia. 12. A frgil novidade Assim, o que o examinador ou Perito tem de fazer indicar qual a fonte (documento ou outra fonte) que reproduz integralmente o contido na reivindicao da patente em questo. Uma nica fonte. O perito no pode combinar fontes. Se no forpossvel determinar a integralidade da revelao nesta nica e integral fonte, h novidade. A novidade s isso. Novidade para engenheiros pode ser outra coisa. No sistema de patentes s isso Salvo, como indicado, essa nica fonte se referir literalmentea outras fontes. Por exemplo: esta soluo tcnica idntica constante do documento publicado na revista tal, nmero tal, pgina tal, com a diferena que .... 13. O ncleo da constitucionalidade 14. O ncleo de constitucionalidade do sistema de patentes Introduzido formalmente na legislao ptria pelo art.8 do CPI/96 Lei 9.279/96 a atividade inventiva um elemento crucial do sistema legal das patentes. Certos autores indicam mesmo que tal requisito constri o ncleo de constitucionalidade do sistema de patentes; a histria de sua latncia antes da formulao em textos legais indica que tal hiptese tem verossimilhana. [1] SINGER, Romuald & SINGER Margarete, rev. LUNZER Raph. The European Patent Convention A comentary. London: Sweet & Maxwell, 1995, pg. 176; The practitioner is confronted with the issue of obviousness or inventiveness more often than with any other single issue. 15. objetividade J de incio, atividade inventiva surge comouma questo substantivamente constitucional. A sua construo na lei ordinria pressupe refinada ponderao de interesses, o que se torna especialmente sensvel quando os elementos da inovao tocam s necessidades humanas fundamentais. A eficcia da ponderao realizada na lei ordinria exige extrema objetividade na avaliao em cada caso singular, excluda a discricionariedade e a subjetividade. 16. Devido Processo Leagl Em segundo lugar, a apurao da atividade inventivapresume um segundo elemento constitucional, que a de que se faa dentro das exigncias do devido processo legal. Cada caso em que se alega existncia ou carncia de tal atributo exige avaliao tcnica cuidadosa e sindicabilidade das concluses tanto pelos titulares dos direitos exclusivos quanto dos titulares das situaes jurdicas de outra natureza, em equivalncia de condies. No aceitvel, em nosso sistema, que de direito estrito, que o exame do requisito se faa de maneira imotivada e insindicvel, com manifestaes de cunho subjetivo do tcnico ou do perito judicial. 17. Atividade inventiva como requisito constitucional 18. A escolha dos meios A escolha de um sistema de direitos exclusivos comoum dos meios possveis para promover a inovao traz, necessariamente, a necessidade de construir um mecanismo legal equilibrado e eficiente. A opo, no caso, de um instrumento de poder sobre o mercado, parte da liberdade geral de atuao econmica, que apropriada e delegada pelo Estado, que o entrega gesto privada, para se atingir fins pblicos (a inovao) mediante incentivos privados (a apropriao dos respectivos resultados). 19. Algo Novo A novidade o elemento contributivo dainovao - torna-se assim uma figura crucial para justificar constitucionalmente todos os sistemas de propriedade intelectual Como tantas vezes se repetiu, a concesso de direitos exclusivos como mecanismo de incentivo econmico de mercado presume uma criao tecnolgica ou expressiva que contribua para o acervo disponvel algo novo. 20. Ou o bolo se adequa forma, ou a forma ao bolo Para que se justificasse esse aparato deproteo, pareceu logo aos aplicadores das leis que um mnimo de densidade do novo um mnimo de contribuio ao conhecimento comum - seria necessrio. o que se denominaria o contributo mnimo. Outra soluo seria adequar a proteo contribuio, graduando o tempo e o alcance da proteo: uma inovao menor receberia meses ou poucos anos de tutela, ou direito percepo do fructus, sem direito a excluso de competidores. Vide quanto a isso o excelente estudo de J.H. Reichman e outros em 94 Colum.L.Rev.2308(1994). 21. Ou o bolo se adequa forma, ou a forma ao bolo A fixao de prazo mnimo e alcance de proteopara as patentes de inveno por TRIPs enrijece o modelo, e torna a atividade inventiva um requisito crucial. At agora, temos postulado que tal atributo sejacaracterstico do sistema de patentes. Mas os requisitos de distinguibilidade dos cultivares e de originalidade autoral (num sentido objetivo) parecem compreender-se no mesmo plano: o de uma margem mnima de contribuio social alm do simples investimento, dificuldade ou esforo. 22. Justifique o monoplio Assim definimos tal requisito: O segundo critrio o da atividade inventiva. Este vai ainda mais fundo na questo do equilbrio de interesses para que seja concedida uma patente. preciso que no s haja novidade, mas tambm que a eficcia e a importncia econmica dessa nova tcnica seja discernvel, de forma que se promova no apenas mnimos aumentos incrementais da tecnologia, e sim algo que seja to grandioso que justifique a criao de um monoplio instrumental (...) Para justificar esse monoplio instrumental preciso que haja um salto inventivo que, como nota em particular a jurisprudncia da Suprema Corte dos Estados Unidos, tambm um requisito constitucional, no s uma questo tcnica. 23. Justifique o monoplio Cdigo da PropriedadeIndustrial de Portugal Disposies gerais Artigo 1. Funo social da propriedade industrial A propriedade industrial desempenha a funo social de garantir a lealdade da concorrncia pela atribuio de direitos privativos no mbito do presente diploma, bem como pela represso da concorrncia desleal.Art. 2 A proteo dos direitos relativos propriedade industrial, considerad o o seu interesse social e o desenvolvimento tecnolgico e econmico do Pas, efetua-se mediante: 24. Atlantic Works v. Brady, Supreme Court of United States, 1882, 107 U.S, 2 S.Ct. 255 L.Ed. 438. O processo de desenvolvimento do setor manufatureiro cria uma constante demanda para novos aplicativos, para cuja elaborao a habilidade dos engenheiros e capatazes em geral normalmente adequada, o que, de fato, o resultado natural e devido de tal desenvolvimento. Cada passo adiante prepara terreno para o prximo e cada um dessas etapas usualmente formada por tentativas espontneas em centenas de lugares. Conceder a um nico titular o monoplio de cada mnimo avano tcnico efetuado, salvo quando for o exerccio de inveno, de alguma forma acima da habilidade mecnica ou de engenharia comum, seja claramente demonstrada, injusto como principio e tem consequencias daninhas. 25. Atlantic Works v. Brady, Supreme Court of United States, 1882, 107 U.S, 2 S.Ct. 255 L.Ed. 438. O objetivo das leis de patente recompensar quelesque faam uma inveno substancial, que se soma ao nosso conhecimento e represente um passo a frente nas artes teis. Tais inventores so merecedores de todo favor. Nunca foi finalidade daquelas leis assegurar um monoplio para cada pequeno artefato, para cada sombra de esboo de uma ideia, que naturalmente e espontaneamente ocorre a qualquer operador mecnico habil no progresso comum da manufatura. Tal concesso indiscriminada de privilgios exclusivos tende mais a obstruir do que a estimular a inveno. 26. Atlantic Works v. Brady, Supreme Court of United States, 1882, 107 U.S, 2 S.Ct. 255 L.Ed. 438. Cria uma classe de especuladores inescrupulososque fazem de seu negcio ficar observando uma onda crescente de desenvolvimento e se aproveitar de sua espuma atravs de monoplios patentrios, que os permitem impor uma tributao pesada sobre a indstria do pas, sem nada contribuir para o real avano das artes. Restringe os negcios honestos com os medos e receios de que hajam nus e contingncias desconhecidas que exponham o investidor a aes judiciais e imposies vexatrias sobre os lucros adquiridos de boa f. 27. No modelo brasileiro 28. O modelo constitucional brasileiro O modelo da patente, como configurada sob osistema constitucional brasileiro, compreende uma srie de elementos de configurao, dos quais so especialmente relevantes: a) Contribuio tcnica para ter direito exclusiva preciso que o postulante demonstre que vem oferecer ao conhecimento tcnico da sociedade algo que represente um passo a frente nas artes teis, em grau proporcional ao privilgio fixado pela lei. b) A suficincia descritiva - para obter o privilgio o postulante tem de revelar a tecnologia de forma que possibilite ao tcnico mdio da indstria o uso completo e eficaz na concorrncia em todas as hipteses em que a lei o faculta . 29. O modelo constitucional brasileiro Para obter a mxima eficcia do incentivo inovao atravs da exclusiva, o conhecimento revelado deve ser o suficiente (suficincia descritiva): (1) para que, no futuro, seja possvel realizar ainveno na indstriasem conhecimentos alm daquele detido por um tcnico mdio do setor considerado. (2) para que, imediatamente, possa ser insumo do processo inovador na pesquisa e experimentao dos concorrentes 30. O modelo constitucional brasileiro Este ltimo elemento da equao no explicitado, por exemplo, no sistema americano, embora tenha constiudo matria de deciso da Corte Constitucional Alem no caso Klinik-Versuch (BverfG, 1 BvR 1864/95, de 10/5/2000), entendendo que se o titular da patente tem sua exclusividades baseada entre outras razes - no interesse do desenvolvimento cientfico e tecnolgico, no lhe possvel usar sua patente exatamente para impedir tal desenvolvimento. 31. O modelo constitucional brasileiro O modelo da patente, como configurada sob o sistema constitucionalbrasileiro, compreende uma srie de elementos de configurao, dos quais so especialmente relevantes: c) Prazo a exclusiva vige, afastando os demais agenteseconmicos empenhados na concorrncia do uso da tecnologia reivindicada, por prazo certo e imutvel, configurado no ato da concesso. d) O uso conforme o uso efetivo da exclusiva, como uma delegao estatal de um quantum de poder potencial sobre o mercado, deve se conformar aos fins sociais para os quais ela configurada, sem excesso de poder ou desvio de finalidade. e) A exausto dos poderes exclusivos, uma vez que o titular do privilgio tenha uma oportunidade de reaver o investimento efetuado no processo inovativo, pela operao econmica, que a patente tornou exclusiva atravs da venda ou outra realizao econmica do bem ou atividade pertinente. f) Submisso s limitaes e excees exclusiva, como as que impedem o uso do privilgio para frustrar o processo inovativo, ou condicionam o exerccio da exclusiva ao eminente interesse pblico, inclusive ao uso no comercial para fins pblicos. 32. Uma equao de direito estrito Todos esses elementos da equaomanifestam uma coeso de equilbrio, e uma busca de eficcia social, num modelo fechado. A patente, em nosso sistema constitucional, resulta de um processo administrativo vinculado, em que no h lugar para a manifestao volitiva do Estado quanto convenincia e oportunidade da concesso de cada privilgio singular. 33. Uma equao de direito estrito Como dissemos em Bases Constitucionais das Criaes Industriais, op. cit.; O procedimento administrativo de concesso do privilgioessencialmente declara a existncia dos pressupostos desenhados na Constituio e corporificados na legislao ordinria. Como tal, o procedimento necessariamente vinculado, e nele no cabe qualquer medida de discricionariedade. No pode o rgo pblico competente dar patentes onde em sede constitucional se veda tal concesso, como, por exemplo, no caso de criaes abstratas, inclusive a de programas de computador em si mesmos, nem pode aplicar critrios de convenincia e oportunidade. Se h direito subjetivo constitucional, cabe ao ente pblico: - Examinar a existncia dos pressupostos; - Declarar-lhes a existncia; - Constituir o direito de exclusiva. 34. Sem anuncias Pois, assim como todos os elementos domodelo configurado acima so fixados em lei, sem espao para poltica pblica discricionria, a fixao do contributo mnimo: a) em que pese resultar de um exerccio finssimode ponderao, a priori, ou seja, no momento em que a lei ordinria estabelece impessoalmente a equao descrita, b) aplica-se a cada demanda de privilgio como um instrumento preciso e complexo, mas sem qualquer espao para subjetividades. 35. A poltica pblica vinculada e discricionriaIniciativaDesenvolvimentoSadePropriedade Intelectual 36. A poltica pblica vinculada e discricionriaInteresses constitucionaisObrigaes Internacionais 37. A poltica pblica vinculada e discricionria Fixada pelo poder legislativo o cubo relativo propriedade intelectual, toda atuao da Administrao inteiramente vinculada. 38. Objetividade Na verdade, toda a complexidade do institutoda atividade inventiva resulta exatamente da busca do critrio objetivo do contributo inventivo em face do conhecimento j disponvel. O prmio ao inventor resulta, no modelo legal brasileiro, no do montante do investimento, do gnio criativo, ou do esforo pessoal, mas simplesmente de um fato objetivo: a satisfao de um mnimo de contribuio ao estado da arte. 39. A economia do contributo mnimo 40. Economia Landes e Posner apontam que o requisito direciona osistema de monoplios instrumentais para um problema econmico especfico: as inovaes em que a incerteza do resultado desestimularia o investimento. Como a incerteza, sem a patente, estimularia a concentrao em inovaes menores, haveria um custo social que resulta em desestmulo ao progresso tcnico objetivo. Uncertainty has a further significance. In his classic article on the economicsof invention, Kenneth Arrow pointed out that risk aversion would result in underinvestment, from a social standpoint, in risky undertakings, such as invention.This point balances Arnold Plant's argument that patentability draws resources from what might be socially more valuable productive activities that do not offer monopoly returns. Unfortunately, the weights of these two offsetting factors are unknown. LANDES, W. M. & POSNER, R. A.. The Economic Structure of Intellecttual PropertyLaw. Massachussets: Harvard University Press, 2003, p. 304-306: 41. Economia De outro lado, a eficcia social do requisito dependede que a atividade inventiva seja avaliada com procedimentos que garantam que s um nvel relativamente elevado de contributo seja retribudo. Exatamente por isso, as enormes crticas que se levantaram ao baixo nvel de patentes nas Amricas, especialmente nos setores de software e de servios financeiros, ao abrigo de jurisprudncia das cortes inferiores, levaram recentemente a uma reao da Suprema Corte americana, de reiterar os parmetros mais elevados estipulados, em 1966, em Grahan v. John Deere, prestigiando o padro constitucional. No caso,KSR International Co. v. Teleflex Inc. 42. Economia Um terceiro ngulo merece igualmente ser indicado:numa economia com menor dinmica inovativa, a exigncia de atividade inventiva leva a um nmero menor de patentes de inventores locais, quando comparado ao estoque de patentes de origem estrangeira. Isso certamente ocorre no caso brasileiro . 43. Economia ALBUQUERQUE, E. Patentes de inveno de residentes no Brasil (1980-1995): uma investigao sobre a contribuio dos direitos de propriedade intelectual para a construo de um sistema nacional de inovao. Rio de Janeiro, UFRJ, 1998. Tese de Doutorado. Pases desenvolvidos (com sistemas maduros) combinaminovaes radicais com inovaes incrementais prximas da fronteira tecnolgica internacional. Inovaes de primeira e de segunda gerao tm lugar. Pases em desenvolvimento (com sistemas imaturos)concentram as suas atividades tecnolgicas na adaptao de tecnologias estrangeiras, na imitao, na cpia e em melhoramentos marginais, em outras palavras, em inovaes de segunda e terceira gerao.. 44. Economia Pases em desenvolvimento (comsistemas imaturos) concentram as suas atividades tecnolgicas na adaptao de tecnologias estrangeiras, na imitao, na cpia e em melhoramentos marginais, em outras palavras, em inovaes de segunda e terceira gerao.. 45. Economia Resulta da a convenincia de um sistema suplementar de monopliosinstrumentais sem imposio do requisito de atividade inventiva, como o de modelos de utilidade, mas tambm com um grau efetivo de proteo (menor prazo, menor impacto de excluso) compatvel com a necessidade de desenvolvimento de inovaes de segunda gerao (adaptao, etc.) . Dissemos, em nosso Uma Introduo Propriedade Intelectual, 2ed. Ed., Lumen Juris, 2003: "Restringidos, via de regra, a aperfeioamentos ou melhoramentos emferramentas, equipamentos ou peas, tais patentes menores protegem a criatividade do operrio, do engenheiro na linha de produo, do pequeno inventor ou do arteso. Em tese, a tutela dos aperfeioamentos resultando na maior eficcia ou comodidade num aparato fsico qualquer. (...) Os requisitos de concesso deste privilgio se alteraram na Lei 9.279/96, de forma que merece anlise cuidadosa. Pela Lei 5.772/71 era exigvel do Modelo de Utilidade to simplesmente a novidade e a utilidade - ou aplicao industrial. (...) 46. Economia Curiosamente, a Lei 9.279/96 introduz para esta "patente menor" umrequisito de atividade inventiva menor, nominalmente o "ato inventivo", definido como a forma ou disposio nova que no seja decorrncia comum ou vulgar do estado da tcnica. A simples novidade, entendida como o distanciamento do estado da tcnica, parece no ser suficiente para a concesso da proteo. No entanto, o que faz do modelo de utilidade um instrumento til para os pases como o Brasil exatamente a inexistncia do requisito de atividade inventiva: instrumento mais pedaggico, talvez, do que de mercado, esta patente reconhece avanos mnimos da produo industrial, dando-lhe proteo mais curta e menos vigorosa exatamente por no exigir maior distncia entre os nveis inventivos". 47. Economia H indcios veementes de que o atual sistema demodelo de utilidade desatende o requisito constitucional de equilbrio de interesses: seu prazo de 15 anos, e o poder de excluso, em abstrato, igual o do sistema de patentes. A poltica dessa modalidade de privilgios clama por uma modificao atenta sua funo econmica, sob pena de invalidao jurdica. 48. Devido processo legal e apurao de atividade inventiva 49. Motivao e objetividade. No tocante especificamente apurao daatividade inventiva, a construo do devido processo legal mostra uma necessidade especialssima de motivao e objetividade. Tal necessidade singulariza o tema, mesmo em face dos demais requisitos da patente. 50. Objetividade Nota o Prof. Jochen Pagenberg, do Instituto MaxPlank [1]: A deciso sobre a no-obviedade requer um julgamento que se baseia em fatos e na sua avaliao, que devem servir como base para o que teoricamente ser a nica resposta "correta", uma resposta que, em teoria, deve ser a mesma independentemente da identidade da pessoa que avalia, desde que essa pessoa tenha a mesma informao e instrues. No se pode deixar de enfatizar energicamente que a no- obviedade "no uma questo que seja deixada ao critrio de cada examinador ou juiz. 51. Objetividade Nota o Prof. Jochen Pagenberg, do Instituto MaxPlank [1]: Disto resulta que qualquer pessoa deve ser capaz de reconstruir cada passo da deciso, uma vez que ela deve basear-se em elementos objetivos e no resultar de uma inspirao divina. Portanto, examinadores e juzes tm a obrigao de indicar as razes da sua deciso, no s para convencer as partes quanto correo de sua anlise e, assim, estabelecer a paz judiciria, mas tambm porque todos os rgos judiciais tm sobre os ombros uma responsabilidade para com a comunidade e esto sujeitos ao controle pblico, este geralmente exercido por uma instncia recursal superior 52. Objetividade Essa sindicabilidade resulta, como natural, da objetividade do critrio legal. Como nota o autor, no se admite critrios de julgamento subjetivos na determinao da atividade inventiva, mesmo porque a definio de no-obviedade foi escolhida, entre todas que foram desenvolvidas pelo Direito, exatamente por seu carter objetivo.Comentando o art. 56 da Conveno Europia de Patentes, diz SINGER, Romuald & SINGER Margarete, rev. LUNZER Raph. The European Patent Convention A comentary. London: Sweet & Maxwell, 1995, pg. 176-211: The formulation of the first sentence of Article 56 indicates that, despite the fact that any such evaluation inherently contains an element of subjectivity, nevertheless the intention is that the test should be made as objective as is humanly possible. 53. A sindicabilidade da anlise 54. A sindicabilidade da anlise Quais os procedimentos indispensveis para amanifestao de atividade inventiva? Quais permitem a sindicabilidade e, consequentemente, a repetibilidade do teste de atividade inventiva? O requisito da atividade inventiva realiza uma das principais exigncias constitucionais para um sistema de patentes: o de que, para se ter um privilgio temporrio, o autor de um invento industrial deve reportar sociedade uma contribuio mnima aos conhecimentos tecnolgicos disponveis, de direta utilidade industrial. 55. A sindicabilidade da anlise Abandonando as elaboraes doutrinrias ejurisprudenciais anteriores a 1952, todos os sistemas jurdicos adotaram o critrio da atividade inventiva, como o padro geral universal e, depois do Acordo TRIPs, o padro coativo para os pases afiliados Organizao Mundial do Comrcio. No sistema internacional vigente, assim como no sistema legal brasileiro, o requisito central desse sistema de sua objetividade. 56. A sindicabilidade da anlise O examinador, perito e juiz, para realizar o mandado dedireito estrito que decorre dos art. 8 e 13 do Cdigo de Propriedade Industrial vigente, adotar o ponto de vista desse sujeito hipottico, para realizar as seguintes operaes lgicas: a) examinar o estado da tcnica provido do campo de viso deum tcnico mediano atuando efetivamente no setor industrial pertinente; b) determinar qual o problema tcnico relevante, ao qual o invento sob anlise se prope resolver; c) determinar qual a diferena entre o estado da tcnica e a soluo oferecida; d) determinar se, para tal tcnico no assunto, a soluo oferecida seria evidente ou bvia, vale dizer, se a contribuio tcnica excede ao que seria intuitivo e natural ao sujeito que o parmetro legal, no momento e no contexto fixado pelo depsito do pedido. 57. O processo de apurao de atividade inventiva 58. O tcnico da arte Olho do homem da arteEm princpio, O mesmo olho Do engenheiro Que depois vai copiar a revelao Quando a patente Cair em domnio Pblico. O olho da suficincia Descritiva.. 59. Campo de viso 60. Identificao do problemaProblema tcnico 61. Mensurao da distnciaEstado Da Soluo TcnicaArteProblema tcnico 62. Campo de viso Longe de mais....oObviedadeO tcnico que vai copiar a revelao 63. Campo de viso Fora do faixo MecnicaEng. MetalrgicoMateriais plsticos 64. Soluo tcnica bvia no alcance e dentro da faixaSoluo TcnicaProblema Tcnico 65. Soluo tcnica no-bvia fora do faixoSoluo Tcnica Problema Tcnico 66. O livre convencimento deve ser sindicvel 67. A sindicabilidade da anlise A prtica internacional tambm impe um requisitoadjetivo, que no Brasil tem um aspecto constitucional: o de que sendo a avaliao da atividade inventiva de direito estrita e objetiva tal juzo seja suscetvel de sindicabilidade e repetibilidade. 68. No s matria de fato Constitui-se tal exame, inclusive, umaexceo norma de que a matria de fato no est sujeita ao crivo de apelao. Em primeiro lugar, porque no juzo de atividade inventiva, ainda que relevem as questes eminentemente tcnicas, h estreita e inextricvel interao destas com a matria de direito [1]. 1] CABANELLAS, Guillermo de las Cuevas. Derecho de las Patentes de Invencin, tomo I. Buenos Aires: Editora Heliasta, 2001, p. 735 e seg. 69. Nem o juiz singular pode julgar sozinho Em segundo lugar, porque a prticajurisprudencial em matria de atividade inventiva efetivamente exige a motivao da deciso, na qual a simples expresso do livre convencimento do juiz no suficiente [1]. [1] CHAVANNE, Albert & BURST, J. Jacques. Droit de la Proprit Industrielle. Paris:Prcis Dalloz, 1993, p. 51-61 e AZMA, Jacques & GALLOUX, J. Christophe. Droit de la Proprit Industrielle. Paris: Dalloz, 2006, p. 169-184.; 70. A sindicabilidade da anlise Disto resulta que qualquer pessoa deve ser capaz de reconstruir cadapasso da deciso, uma vez que ela deve basear-se em elementos objetivos e no resultar de uma inspirao divina. Portanto, examinadores e juzes tm a obrigao de indicar as razes da sua deciso, no s para convencer as partes quanto correo de sua anlise e, assim, estabelecer a paz judiciria, mas tambm porque todos os rgos judiciais tm sobre os ombros uma responsabilidade para com a comunidade e esto sujeitos ao controle pblico, este geralmente exercido por uma instncia recursal superior. Para assegurar a sindicabilidade e repetibilidade do juzo de atividade inventiva, os sistemas jurdicos propem mtodos de avaliao. O objetivo de tais mtodos , alm de visar ao mximo de certeza possvel, assegurar que a reiterao do exame, dentro dos exatos parmetros postulados, levar a igual resultado. 71. A sindicabilidade da anlise A deciso sobre a no-obviedade requer umjulgamento que se baseia em fatos e na sua avaliao, que devem servir como base para o que teoricamente ser a nica resposta "correta", uma resposta que, em teoria, deve ser a mesma independentemente da identidade da pessoa que avalia, desde que essa pessoa tenha a mesma informao e instrues. ] No se pode deixar de enfatizar energicamente que a no- obviedade "no uma questo que seja deixada ao critrio de cada examinador ou juiz. 72. A sindicabilidade da anlise Nenhum mtodo em especial exigido na lei brasileira. A exigncia decorrente do devido processo legal, noentanto, que haja um mtodo e que este mtodo seja explicitado para possibilitar o direito de defesa dos legitimados a faz-lo, e assegurar o interesse geral do pblico em que os privilgios satisfaam os requisitos legais. O mtodo qualquer que seja deve ser constantemente seguido no exame, e o examinador, perito ou juiz deve explicitar como as operaes lgicas indicadas imediatamente acima so satisfeitas, com preciso e transparncia. 73. A sindicabilidade da anlisehaja um mtodo e queeste mtodo seja explicitado 74. Os mtodos 75. A sindicabilidade da anlise A avaliao inclui necessariamente juzo dedireito e de fato. Por tal razo, os vrios mtodos legais e regulamentares vigentes em todos os sistemas incluem duas baterias de testes: a) A avaliao direta, Tal incumbe primordialmente ao examinador ou perito tcnico. Para realiz-la, existem requisitos mnimos de habilitao. 76. A sindicabilidade da anlise Sempre possvel pelo menos para osrealmente dotados de conhecimento e equilbrio reduzir seu nvel crtico para o parmetro legal. Mas inimaginvel que um conhecimento insuficiente, uma limitada experincia, uma inaptido medular, chegue ao padro legal. De outro lado, como recm indicado, perfeitamente possvel ao especialista mximo na questo, o professor nobelista, adequar-se ao critrio legal: 77. A sindicabilidade da anlise Neste ltimo aspecto a do passo inventivo ouatividade inventiva o parmetro no s mnimo, mas tambm mximo. Quando Albert Estein examinava patentes no INPI suo, tinha ele que rebaixar sua genialidade ao parmetro do tcnico normal, mas experiente, no ramo da fsica. A Teoria da Relatividade em gestao no crebro do gnio no seria filtro legal razovel para as contribuies, normalmente limitadas, para que a lei assegura patente. 78. A sindicabilidade da anlise Dentro da regra de exigncias de sindicabilidade,porm, necessrio que o examinador ou perito explicite a operao que faz para adequar-se ao parmetro legal. preciso que indique, com preciso e transparncia, porque o tcnico no assunto no o real examinador ou perito que oficia no feito conseguiria ou no chegar intuitiva e naturalmente soluo tcnica, s com apoio nos conhecimentos gerais de sua formao e o estado da tcnica limitado ao seu ngulo particular de viso. A simples afirmao, sem motivao, de que tal ocorre, evidentemente no atende ao devido processo legal. 79. A sindicabilidade da anlise b) A avaliao indicial Como o elemento central da avaliao direta aapurao da no-obviedade, num momento especfico, sempre no passado, todos os sistemas jurdicos pertinentes admitem que a avaliao direta seja confirmada ou questionada por duas baterias separadas de testes indiciais. Note-se bem: em nenhum caso cabe substituir a avaliao direta pelos testes indiciais, mesmo porque estes ltimos apenas se voltam ao aspecto temporal da obviedade. 80. A sindicabilidade da anlise b) A avaliao indicial Precisando: tais testes visamsuperar o problema central da atividade inventiva: a incerteza da viso retroativa da obviedade. O paradoxo inevitvel do ovo de Colombo. H vrios testes indiciais possveis. 81. A sindicabilidade da anlise Duas baterias de testes indiciais se listam: osque dizem respeito ao campo tcnico e os que so atinentes ao campo concorrencial. O privilgio recai sobre um objeto tcnico e se exerce na concorrncia, como monoplio instrumental. Em tese, assim, os dois critrios podem ser vlidos, se usados com a mesma preciso e transparncia da avaliao direta. 82. A sindicabilidade da anlise Os testes indiciais tm, alm disso, mais umafuno capital no tocante aos processos judiciais. Nota a Suprema Corte americana, useira e vezeira em enfrentar o problema de atividade inventiva, como citado anteriormente neste estudo: "Tais testes podem ajudar o poder judicial, que, como oSr. Ministro Frankfurter observou, muito mal equipado para a atender os deveres tecnolgicos que lhe so impostos pela lei de patentes. Eles tambm servem para "evitar com que se escorregue na viso restrospectiva" ... e para resistir tentao de ler nas anterioridades os ensinamentos da inveno em questo. " 83. A observao do Ministro Frakfurter 84. Os mtodos indiciais de carter tcnico 85. A sindicabilidade da anlise Mtodo indicial de primeiro nvel Sempre foram utilizados, em apoio aos mtodosdiretos de apurao da atividade inventiva, os critrios indiciais de determinao de obviedade. As Diretrizes do INPI, vale repetir aqui, listam um nmero limitado de tais ndices: Alguns fatores podem ser considerados como indcios daexistncia da atividade inventiva: - dados comparativos em relao ao estado da tcnica que mostram a superioridade da inveno e so convincentes na demonstrao da atividade inventiva; - existncia de problema tcnico cuja soluo era necessria e desejada h muitos anos e a inveno a resposta a esta necessidade; - a soluo apresentada pela inveno contrria s atividades normais na mesma rea tcnica e um tcnico no assunto no pensaria em seguir o mesmo caminho; 86. A sindicabilidade da anlise Mtodo indicial de primeiro nvel Obvium desiderata Perante um problema especfico, grandes esforos tm sido despendidos na concorrncia para se encontrar uma soluo. Parece razovel que, num caso duvidoso, haver o quid imprevisum se o requerente apresenta a soluo buscada. Neste contexto, o tempo durante o qual se busca, sem sucesso, a soluo, elemento especialmente relevante Progresso tcnico relevante O sistema de patentes no , necessariamente, progressista, no sentido de que s se protegeriam solues melhores dos que as j existentes no estado da tcnica Na verdade, a prpria natureza de monoplio instrumental das patentes aponta a necessidade social de solues alternativas para o mesmo problema tcnico, mesmo fora do eixo do progresso. O preconceito superado Se no estado da tcnica se encontram evidncias de que o caminho seguido pela soluo em anlise era tido como inoperante para resolver o problema tcnico, parece razovel entender que a soluo no bvia. Aqui a soluo no motivada, mas sim desmotivada pelo estado da tcnica 87. A sindicabilidade da anlise Mtodo indicial de primeiro nvel Efeito surpreendente Para uma doutrina que se define como quid imprevisum, parece curioso apontar como indcios de atividade inventiva a existncia de um efeito imprevisto Novidade do problema Se nunca o problema tinha sido colocado, em face de um resultado desejado, h um indcio de atividade inventiva. Por exemplo, estabelecer como problema a ser resolvido como atuar sobre o subconjunto X` do conjunto X para conseguir o efeito Y, enquanto que, at ento, o problema formulado era o de como atuar sobre o conjunto todo, h um novo problema colocado; distinguir-se-a invento protegido mesmo se a soluo for bvia Disperso ou complexidade do estado da tcnica Como se viu, o homo habilis tem um campo natural de viso, que o de seu campo industrial e em menos profundidade os campos vizinhos. Se para se obter a soluo em anlise preciso a conjugao de uma sria complexa de anterioridades, ou se a soluo emprestada de rea remota, haver sinal de que o invento no decorre de maneira evidente ou bvia do estado da arte. 88. Os mtodos indiciais de carter econmico 89. A sindicabilidade da anlise Mtodo indicial: O sucesso comercial e outros ndicessimilares A viabilidade de sucesso comercial do objeto de uma patente irrelevante para concesso do privilgio. Na verdade, o que se examina, quanto aos resultados alegados de uma soluo em exame : a) a viabilidade lgica do efeito tcnico. Por exemplo, se entendecomo insuscetvel de causar efeito industrial as pretensas solues tcnicas que afrontem as leis da natureza. So exemplos clssicos de falta de utilidade industrial o moto contnuo ou outros inventos contrrios lei da fsica ; b) a existncia de informao suficiente no relatrio para propiciar a utilizao dos ensinamentos da patente, segundo a melhor maneira que o requerente tiver realizado data do depsito. O art. 24 da Lei 9.279/96 exige, como um requisito do relatrio do pedido de patente, que ele determine a melhor forma de execuo da soluo tcnica reivindicada. Assim, alm do requisito da utilidade, a lei brasileira contempla como exigncia de suficincia descritiva que a soluo descrita seja efetivamente suscetvel de realizao industrial. 90. A sindicabilidade da anlise Assim, no h qualquer pertinncia jurdica entre oefeito econmico do invento, e sua patenteabilidade. Por isso mesmo, tal critrio tem recebido crticas tanto da anlise econmica quanto dos autores jurdicos. O recente caso KSR da Suprema Corte americana reiterou, no entanto, a validade do indcio. Segundo a mais prudente anlise, o sucesso comercial s ter relevncia qualificada por outros ndices, como - nota-o a EPO aps longa demanda pela soluo, esta resulta em sucesso comercial. Ainda assim, exige-se demonstrar que o sucesso deve-se aos aspectos tcnicos da soluo, e no de outros fatores, como marca, publicidade, moda, etc.. Tal advertncia consta das diretrizes do INPI. 91. A sindicabilidade da anlise Outros dois fatores comerciais que tambm tm sidoindicados como ndice de atividade inventiva: a) o fato de a tecnologia em questo ser licenciada por competidores, indicando que novas alternativas so custosas ou improvveis; b) o fato de o competidor infringir a patente, ou, conversamente, ter negociado ou demandado a tecnologia indica, igualmente, caracteres de no-obviedade. 92. Mtodos indiciais: indispensveis mas sempre subsidirios 93. A sindicabilidade da anlise A prudncia aponta para a subsidiariedade daavaliao indicial. J o dissemos, e nunca ser demais repetir, os testes indiciais criticam para legitimar ou questionar a avaliao direta, mas jamais a substituem. 94. A sindicabilidade da anlise O peso de vrios ndices contrrios avaliaodireta, cujo poder de convencimento sensibilizam ao juiz, pode questionar uma avaliao direta, para fazlo escolher outra, j que, como narra recente acrdo da 2. Turma Especializada em Propriedade Industrial do TRF da 2. Regio, acima citado: Evidenciada a existncia nos autos de dois laudos tcnicoscom concluses antagnicas, o magistrado, pelo princpio do livre convencimento motivado que informa o sistema processual brasileiro, pode optar por qualquer um para proferir sua deciso, desde que de maneira fundamentada Ou simplesmente, levando em conta que no foi satisfeito o nus da prova, pode o magistrado rejeitar, inclusive por preponderncia das evidncias, a alegao de noobviedade. 95. A sindicabilidade da anlise Por tais razes, o perito ou examinadortcnico deve apontar todos os testes indiciais pertinentes que legitimam sua avaliao direta. A deciso de atividade inventiva sempre de fato e de direito, e os testes indiciais auxiliam o decisor final, que, na maior parte das vezes, carecer de meios para repetir, ele mesmo, a integridade da avaliao direta. 96. Um requisito geral na Properiedade Intelectual 97. Um requisito geral na Properiedade Intelectual ... basta que a criao, para ser objeto de umaproteo exclusiva pelos sistemas da Propriedade Intelectual, seja nova? A noo de novo, neste caso, simplesmente aquilo que a sociedade ainda no tinha acesso. O pressuposto desta obra que, em cada modalidade dessas exclusivas, uma exigncia de fundo constitucional se impe, para exigir, como um elemento objetivo da criao, um aporte sociedade de algo a mais do que o simplesmente novo. 98. Um requisito geral na Properiedade Intelectual Numa destilao ainda mais incisiva do problema, a pergunta :o direito exclusivo que se atribui ao criador ou quele que deriva seu ttulo do criador, por cesso ou operao de lei proporcional ao acesso obtido pela sociedade? H uma correlao razovel entre os benefcios que o criador obtm do sistema jurdico pela criao que fez, em face daquilo que todos demais tem de benefcio? Como se percebe, toda a questo pressupe que a proteo exclusiva (a patente, a marca, o direito autoral, etc.) seja devida ao criador como uma retribuio por um benefcio causado sociedade. Se uma patente fosse dada como um dever absoluto e incondicionado do Estado, correlativa a um poder absoluto do criador de se ver protegido independentemente da sociedade na qual o direito vige, a proporcionalidade seria uma categoria impertinente. Os estudos deste livro procuram lidar com este problema de proporcionalidade, num contexto em que as protees exclusivas so fixas em escopo e efeitos, e as criaes surgem de todos os modos, de todas formas. Em cada caso, patente, direito autoral, etc., a questo essa criao minimamente proporcional ao direito que a lei prev? 99. Um requisito geral na Propriedade Intelectual A originalidade dos Desenhos Industriais (...)Muito embora os requisitos de originalidade e novidade por vezes se confundam, conforme ensina o Dr. DENIS BORGES BARBOSA, importante se averiguar o grau de distino do desenho: [...] entendo que o requisito, em sua nova roupagem, deva ser entendido como a exigncia de que o objeto da proteo seja no s novo,ou seja, no contido no estado da arte, mas tambm distintivo em face desta, em grau de distino comparvel ao ato inventivo dos modelos de utilidade. [BARBOSA, Denis Borges. Uma introduo Propriedade Intelectual. 2 ed., Rio de Janeiro: Editora Lmen Jris, 2003, p.579] Em outro trabalho, o mesmo autor esclarece, sobre o requisito legal de originalidade : O sistema brasileiro [...] segue os mesmos imperativos de direito internacional. Segue, igualmente, j luz da norma constitucional, um imperativo de contributo mnimo, ou seja, de que a proteo s seja atribuda nos casos em que a criao ornamental, alm da novidade, ainda manifeste um elemento significativo de criao. Sob tal tica, lendo a lei luz da Constituio, no basta a simples autenticidade originalidade subjetiva -,como expresso pessoal do criador, que (na margem) se reduz ao critrio de vedao da cpia. necessrio que a criao ornamental, objetivamente, seja uma contribuio positiva ao que j se conhece, ou seja, deve ter determinado grau de inventividade esttica capaz de resultar na efetiva distinguibilidade da nova configurao se comparada a produtos similares. nosso entendimento, assim, que a originalidade no s requisito autnomo, destacado do da novidade, mas diz respeito obra ornamental em si; e, mais, em face ao j conhecido (estado da tcnica) deve destacar-se quanto ao aspecto de aparncia global - significativamente das anterioridades. [BARBOSA, Denis Borges. O Contributo Mnimo na Propriedade Intelectual: Atividade Inventiva, Originalidade, Distinguibilidade e margem mnima. 1.ed., Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2010, PP.547/548] Apesar de se reconhecer, com supedneo no laudo pericial e na manifestao tcnica do INPI, que o cabedal presente no registro do desenho objeto de nulidade novo, porque no compreendido no estado da tcnica, ou seja, no foi apresentada prova da existncia de um outro exatamente igual ao ora em litgio, no h como se reconhecer a sua originalidade, eis que no se distingue de diversos outros reconhecidamente constantes do mercado poca do depsito do pedido de registro. o que se extrai, inclusive, da afirmao da empresa apelada de que o seu produto obedece s "tendncias da moda" - o que, embora no posas ser reconhecido como confisso, nos termos da legislao processual civil, constitui forte prova de que modelos de tnis muito parecidos j se encontravam no mercado de h muito. Assim, tendo sido o desenho industrial concedido em desacordo com os preceitos legais, deve ser decretada a sua nulidade. Impe-se, portanto, a procedncia do pedido autoral". Tribunal Regional Federal da 2 Regio, 2 Turma Especializada, J.C Mrcia Maria Nunes de Barros, AC 100. Um requisito geral na Properiedade Intelectual A originalidade dos Desenhos Industriais Com efeito, na ltima das nossas obras citadas, assim dissemos quanto ao filtro da originalidade : c] este requisito complementar (denominado no-obviedade, ou carter singular), se apura tomando por base a simples novidade, ao qual se acresce um elemento que transcende tal base. [d] a medida da suficincia da distncia alm da novidade realizada com auxlio de um analista hipottico ao qual (por fico jurdica) se atribui uma viso qualificada, diversa da viso do homem do povo ou consumidor inespecfico; [e] cabe a este tcnico na matria ou utilizador informado comparar a impresso geral da anterioridade coma impresso geral do desenho tido por indito, para apurar a suficincia de contribuio da criao ornamental. [f] a comparao se efetua no vetor da aparncia, e no da funcionalidade ou tecnicidade. Direito Industrial - Vol. VIII Do requisito de originalidade Livraria Almedina - 2012 nos desenhos industriais: a Dr. Denis Borges Barbosa perspectiva brasileira O mesmo texto se encontra em BARBOSA, Denis Borges. Do Requisito deOriginalidade nos Desenhos Industriais. Revista da ABPI, v. 106, p. 3- 101. Um requisito geral na Propriedade Intelectual A originalidade dos Desenhos Industriais J fazendo presena do aspecto de originalidade comercial do mesmo requisito: "Em sntese, o INPI vinha mantendo registros, inclusive aps exame de colidncia, de objetos um tanto parecidos. Creio que a profunda especializao de seus tcnicos tem influenciado sobremaneira nessas decises enquanto que, a meu ver, interessaria mais, em hipteses como a vertente, a viso do ponto de vista de um consumidor mdio, no de um gemetra especialista. dizer, um gemetra especializado olha dois objetos e visualiza, de plano, cada detalhe quase minsculo desse objeto. O consumidor mdio no. S percebe o efeito global mais impactante. Agora, se at para um gemetra especializado for difcil aferir a distinguibilidade de um objeto, sobretudo se este se referir quele grupo acima mencionado de objetos de baixa complexidade tecnolgica, ento a mim me parece que o objeto no seria privilegivel. A meu ver, a sutileza na distino de algum detalhe s emprestaria registrabilidade a um objeto se ela fosse capaz de evocar no consumidor, por si s, significao morfolgica distinta do outro objeto que lhe anterior. (...) Relativamente a objetos com baixo grau de complexidade tecnolgica, como aqueles relacionados alimentao, vesturio, calados, brinquedos etc, a originalidade deve ser aferida tendo-se como referencial o consumidor mdio daqueles produtos. dizer que a distncia percebida entre o desenho dito "novo" e aqueles j compreendidos no estado da tcnica deve ser aquela passvel de ser captada pelo consumidor destinatrio final do produto, e no por um gemetra especializado." TRF2, AC 2008.51.01.805451-9, JFC Marcia Helena Nunes, 10 de setembro de 2009. 102. Um requisito geral na Propriedade Intelectual A originalidade no Direito Autoral "Criao do esprito, como criao intelectual, que configura obra intelectualprotegida, uma idia formal ( contedo e forma), original ou inovadora, marcada pela criatividade (e, segundo a tradio, pela individualidade). O carter criativo se verifica pela singularidade, pela existncia da marca pessoal do autor. Por isso se diz que, quando se passa da criao para a descrio, quando h descoberta e no inovao, quando o objeto que comanda em vez de o papel predominante ser o da viso do autor samos do mbito da tutela. J a individualidade ou personalidade tem sido critrio de caracterizao substitudo (passando a integrar o elemento da criatividade), nos ltimos tempos, pela idia de espao em branco em que ocorresse uma criao, de modo que o que resultasse de condicionamentos tcnicos no seria uma obra. Em sntese, tem-se, como fundamento de atribuio do Direito do Autor: um novo elemento, que no constava do quadro de referncias objetivas da comunidade, no se apresentava como bvio nem se reduz a uma aplicao unvoca de critrios preestabelecidos, foi introduzido por um ato criativo (Jos de Oliveira ASCENSO). (...) No caso concreto, evidente que o objeto preponderou sobre a pessoalidade da autora, no estando corporificada obra intelectual protegida. TRF5, AC 410209 CE (2000.81.00.000828-6), Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5 Regio, por unanimidade, JFC Francisco Cavalcanti, 08 de novembro de 2007. 103. Um requisito geral na Propriedade Intelectual A originalidade no Direito Autoral "2. O contributo mnimo, que consiste no mnimo grau criativo necessrio para que uma obra seja protegida por direito de autor, tem tambm status de norma constitucional, devido sua qualidade de elemento presente no cerne do balanceamento - entre o exclusivo autoral e o acesso cultura - justificador do direito do autor. Alm disso, o contributo mnimo decorre de normas fundamentalmente constitucionais, tendo em vista a fundamentalidade das normas constitucionais que tratam do direito do autor e do direito de acesso cultura. (...) A doutrina acima apontada foi conferida face ter sido mencionada quando da leitura da obra denominada "O Contributo Mnimo na Propriedade Intelectual: Atividade Inventiva, Originalidade, Distinguibilidade e Margem Mnima", especificamente na parte "Contributo Mnimo em Direito do Autor: o mnimo grau criativo necessrio para que uma obra seja protegida; contornos e tratamento jurdico no direito internacional e no direito brasileiro", cujo excelente trabalho da autoria de Carolina Tinoco Ramos, entre outros: Denis Borges Barbosa e Rodrigo Souto Maior. Ensina Carolina Tinoco Ramos que contributo mnimo : o mnimo grau criativo necessrio para que uma obra seja protegida por direito de autor. (ob. cit. P.281). No quarto captulo de sua exposio, diz Carolina que nos Estados Unidos o contributo mnimo um requisito de ndole constitucional, desde o julgamento do caso Feist. No Brasil, destaca que o contributo mnimo "... tambm um requisito com status de norma constitucional devido sua qualidade de elemento presente no cerne do balanceamento - entre o exclusivo autoral e o acesso cultura - justificador do direito do autor". "Alm disso, o contributo mnimo decorre de normas fundamentalmente constitucionais, tendo em vista a fundamentalidade das normas constitucionais que tratam do direito do autor e do direito de acesso cultura". Aponta Carolina Tinoco Ramos, no captulo quarto, s fls. 404/411, precedentes do STF e do STJ que em "...diversas decises utilizaram os mais variados termos para identificarem o que seria o contributo mnimo". Na obra j citada, na parte que toca a Carolina Tinoco Ramos, pgina 483, destaca a doutrinadora que "...apontamos a importncia do contributo mnimo no limiar entre o que seria um plgio ou uma obra derivada, indicando ainda que a tendncia tem sido de se exigir um grau de criatividade relativamente maior para caracterizao de uma obra derivativa do que o necessrio para caracterizar uma criao originria. Alm disso,