3
Policiamento Comunitário: Por que Nada Mudou, no Entanto, Tudo é Diferente Por Ross Venhuizen Se há uma coisa que é consistente no policiamento, é que nada muda, mas ainda assim há sempre algo novo. Não faz sentido? Deixe-me explicar... Em 1829, a primeira polícia de Londres foi criada por Sir Robert Peel. Este ato foi recebido com grande oposição pois muitos londrinos temiam as forças policiais, tendo apenas experimentado a Gendarmerie francesa (similar a uma polícia na época), conhecida por ser secreta e militarizada. Para aliviar esses temores, Sir Robert queria que as pessoas soubessem que a força policial de Londres seria diferente. Eles estavam lá para fazer o policiamento de uma maneira correta então delineou nove princípios para uma força policial ética. Princípio 1: "A missão básica pelo qual a polícia existe é prevenir o crime e a desordem." Princípio 2: "A capacidade da polícia em exercer suas funções depende de aprovação pública das ações da polícia." Princípio 3: "A polícia deve garantir a cooperação voluntária do público no cumprimento da lei, para ser capaz de garantir e manter o respeito do público." Princípio 4: "O grau de cooperação do público que pode ser assegurado diminui proporcionalmente à necessidade do uso da força física." Princípio 5: "A polícia busca e preserva a favor do público, não se abastecendo da opinião pública, mas constantemente demonstrando um serviço imparcial e absoluto à lei." Princípio 6: "A polícia usa a força física na medida necessária para garantir o controle da lei ou para preservar a ordem apenas quando o exercício da persuasão, aconselhamento e aviso é tido insuficiente." Princípio 7: "Em todos os momentos, a políciadeve manter um relacionamento com o público que ofereça uma realidade à tradição histórica, que a polícia é o público e o público é a polícia;ela deve ter apenas membros do público que são pagos para dar atenção integral aos deveres que incumbem a cada cidadão visando o interesse do bem-estar da comunidade e existência. " Princípio 8: "A polícia deve sempre dirigir a suas ações estritamente no sentido da sua funcionalidade e nunca aparecer para usurpar os poderes do judiciário." Princípio 9: "O teste de eficácia da polícia é a ausência de crime e desordem, não a evidência visível da ação policial em lidar com eles." Quase 200 anos depois, esses princípios ainda servem como referênciapara a segurança pública, como o policial Bratton da NYPD (sigla em inglês para Polícia de New York). E lendo através deles é claro ver o porquê: os fundamentos de aplicação da lei não mudaram. E os dos crimes também não. As pessoas continuam a brigar, roubar e matar.

Policiamento comunitário

Embed Size (px)

Citation preview

Policiamento Comunitário: Por que Nada Mudou, no Entanto, Tudo é Diferente Por Ross Venhuizen

Se há uma coisa que é consistente no policiamento, é que nada muda, mas ainda assim há sempre algo novo.

Não faz sentido? Deixe-me explicar...

Em 1829, a primeira polícia de Londres foi criada por Sir Robert Peel. Este ato foi recebido com grande oposição pois muitos londrinos temiam as forças policiais, tendo apenas experimentado a Gendarmerie francesa (similar a uma polícia na época), conhecida por ser secreta e militarizada. Para aliviar esses temores, Sir Robert queria que as pessoas soubessem que a força policial de Londres seria diferente. Eles estavam lá para fazer o policiamento de uma maneira correta então delineou nove princípios para uma força policial ética.

Princípio 1: "A missão básica pelo qual a polícia existe é prevenir o crime e a desordem."

Princípio 2: "A capacidade da polícia em exercer suas funções depende de aprovação pública das ações da polícia."

Princípio 3: "A polícia deve garantir a cooperação voluntária do público no cumprimento da lei, para ser capaz de garantir e manter o respeito do público."

Princípio 4: "O grau de cooperação do público que pode ser assegurado diminui proporcionalmente à necessidade do uso da força física."

Princípio 5: "A polícia busca e preserva a favor do público, não se abastecendo da opinião pública, mas constantemente demonstrando um serviço imparcial e absoluto à lei."

Princípio 6: "A polícia usa a força física na medida necessária para garantir o controle da lei ou para preservar a ordem apenas quando o exercício da persuasão, aconselhamento e aviso é tido insuficiente."

Princípio 7: "Em todos os momentos, a políciadeve manter um relacionamento com o público que ofereça uma realidade à tradição histórica, que a polícia é o público e o público é a polícia;ela deve ter apenas membros do público que são pagos para dar atenção integral aos deveres que incumbem a cada cidadão visando o interesse do bem-estar da comunidade e existência. "

Princípio 8: "A polícia deve sempre dirigir a suas ações estritamente no sentido da sua funcionalidade e nunca aparecer para usurpar os poderes do judiciário."

Princípio 9: "O teste de eficácia da polícia é a ausência de crime e desordem, não a evidência visível da ação policial em lidar com eles."

Quase 200 anos depois, esses princípios ainda servem como referênciapara a segurança pública, como o policial Bratton da NYPD (sigla em inglês para Polícia de New York). E lendo através deles é claro ver o porquê: os fundamentos de aplicação da lei não mudaram. E os dos crimes também não. As pessoas continuam a brigar, roubar e matar.

Em 1800, os roubos eram feitos porbatedores de carteiras, um crime onde o dinheiro literalmenteera tomado dos bolsos das vítimas. Hoje em dia, os ladrões tiram dinheiro de nossos bolsos em um sentido figurado, usando técnicas tais como pescando seu dinheiro ou até mesmo sendo um hacker. Os crimes não mudam, seus métodos sim.

Como com o clássico policiamento e crime, os métodos baseados em comunidades são iguais em sua essência, mas os detalhes são diferentes. O policiamento comunitário ainda é sobre a construção da confiança através de interações positivas. Mas para muitas agências, a natureza dessas interações mudou, com mais foco em pontos de contato digitais. O policiamento não mudou, mas seus veículos estão precisando ser atualizados.São várias as maneiras que a nova tecnologia está permitindo respostas mais inteligentes, e rápidas. Depois de falar com vários oficiais, as ideias de policiamento com base em informações eas abordagens para a segurança contra o tráfico e crime ressoam. Mas o que dizer sobre o policiamento voltado para a comunidade? Como pode uma filosofia que tem como foco as relações pessoais ser afetada positivamente pela tecnologia?

Tomemos, por exemplo, agências, como as de Ottawa em Ontário (Canadá), Fort Worth no Texas e San José na Califórnia, que implementaram o software de mapeamento de crime para simplificar o acesso dos cidadãos aos dados de criminalidade, reduzir os pedidos de informação e aumentar a confiança do público. As mesmas interações positivas com a comunidade que foram realizadas anteriormente pessoalmente ou por telefone foram automatizados e digitalizadas. Páginas Web como CrimeReports.com e RaidsOnline.com recebem milhares de visitas a cada semana de visitantes curiosos à procura de mais informações sobre o crime na sua cidade.

Outras cidades dos Estados Unidos como Seattle e Baltimore deram um passo adiante com portais abertos de dados que vão além do que apenas das informações de segurança pública, proporcionando a transparência de dados do Governo. Da mesma forma, esses portais abertos servem para melhorar o policiamento voltado para a comunidade, promovendo um governo que seja transparente, participativo e colaborativo. "A visão é a de transformar a maneira como os cidadãos e o Governo interagem. Facilitamos para que os cidadãos tenham o que precisam", declarou Kristin Russell, CIO e Secretário de Tecnologia do Estado do Colorado nos EUA. A medida que os cidadãos se beneficiam de uma maior transparência e de pedidos de informações mais rápidos, eles ficam mais comprometidos, ea confiança do público na cidade e nos oficiais de segurança pública aumentam.

Até mesmo as interações humanas agora estão sendo complementadas com tecnologia. Muitos policiais estão migrando para asmídias sociais para melhorar suas relações com a comunidade. O oficial Tommy Norman, da polícia de North Little Rock, estado de Arkansas, começou a publicar suas interações na cidade em sua página no Instagram, há alguns anos, e através de imagens e vídeos interativos, ele ganhou mais de 100.000 seguidores. Seus esforços de policiamento comunitário não afetaram apenas North Little Rock, mas agora milhares de pessoas dentro e fora de sua área experimentam também essas interações positivas.

Para atingir o mesmo fim, o oficialDaniels não necessariamente foca suas postagens sociais sobre policiamento comunitário, mas envia lotes de conteúdo para seus 400 mil

seguidores sobre sua vida como um policial: interações com a comunidade, piadas policiais, memes e tendências atuais. Todos esses esforços humanizam a profissão, e mostram que a polícia também é gente.

O elemento humano do policiamento voltado para a comunidade é fundamental para a construir relações sustentáveis e de confiança, mas o advento da tecnologia permitiu que isso se espalhe mais do que nunca. Embora os fundamentos permanecem consistentes, é importante que agências de segurança pública abracem as novas mídias através da qual elas possam manter sua comunidade conectada, segura e confiante.

Ross Venhuizen é o Especialista Global em Marketing para as Soluções Inteligentes em Segurança Pública da Motorola Solutions. Conecte-se com ele pelo Linkedin em:www.linkedin.com/in/rossvenhuizen