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136 ESCARAVELHO a. Lê o título do livro de onde foi retirada esta história e tenta desco- brir o nome de alguns dos bichos sobre os quais escreveu Álvaro Magalhães. b. A curta história que vais ler é constituída por duas partes que te apresentamos aqui em desordem. Numera os parágrafos e ordena-os. (1.ª parte) – Sabes, como sou ainda muito novo (ainda nem fiz um ano), acho um disparate que me chamem escaravelho. Era uma vez um escaravelho que ficava muito zangado sempre que eu o encontrava e lhe dizia: “Olá, escaravelho”. Eu não sabia porquê e só passado muito tempo é que ele me explicou: – Até amanhã, escaranovo! E eu logo: (2.ª parte) Ele ficou muito admirado a olhar para mim e eu pensei: “Este deve ser mesmo velho” e emendei com um sorriso: – Bom dia, escaranovo! – disse eu. Depois, virou-me as costas com o maior desprezo e foi-se embora. Era uma vez outro escaravelho que eu encontrei a seguir. – Bom dia, escaravelho! – Fique sabendo, caro senhor, que o meu nome é Alfredo. Os escaravelhos são assim. Então é que ele ficou arreliado. Olhou-me bem de frente e disse: Álvaro Magalhães, Histórias Pequenas de Bichos Pequenos, 3.ª ed., Ed. ASA, 1990 Texto A

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ESCARAVELHO

a. Lê o título do livro de onde foi retirada esta história e tenta desco-

brir o nome de alguns dos bichos sobre os quais escreveu Álvaro

Magalhães.

b. A curta história que vais ler é constituída por duas partes que te

apresentamos aqui em desordem. Numera os parágrafos e ordena-os.

(1.ª parte)

– Sabes, como sou ainda muito novo (ainda nem fiz um

ano), acho um disparate que me chamem escaravelho.

Era uma vez um escaravelho que ficava muito zangado

sempre que eu o encontrava e lhe dizia: “Olá, escaravelho”. Eu

não sabia porquê e só passado muito tempo é que ele me

explicou:

– Até amanhã, escaranovo!

E eu logo:

(2.ª parte)

Ele ficou muito admirado a olhar para mim e eu pensei:

“Este deve ser mesmo velho” e emendei com um sorriso:

– Bom dia, escaranovo! – disse eu.

Depois, virou-me as costas com o maior desprezo e foi-se

embora.

Era uma vez outro escaravelho que eu encontrei a

seguir.

– Bom dia, escaravelho!

– Fique sabendo, caro senhor, que o meu nome é

Alfredo.

Os escaravelhos são assim.

Então é que ele ficou arreliado. Olhou-me bem de frente

e disse:

Álvaro Magalhães, Histórias Pequenas de Bichos Pequenos, 3.ª ed., Ed. ASA, 1990

Texto A

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LER ❦ COMPREENDER

1. Lê em voz alta o texto ordenado.

2. Transcreve a história para o teu caderno diário. Assinala claramenteos doze parágrafos que a constituem (começa cada parágrafo um oudois dedos dentro da linha). Entre a primeira e a segunda parte, deixauma linha de intervalo.

3. Assinala a resposta correcta:

O narrador:

participa na história que narra;

está ausente da história que narra.

4. Explica por que razão o narrador chamou escaranovo ao primeiroescaravelho.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

1. Indica os elementos essenciais, isto é, o sujeito e o predicado, dasfrases seguintes:

a. Álvaro Magalhães escreveu histórias de bichos pequenos.

b. O escaravelho não gostava do seu nome.

c. Era muito novo aquele escaravelho.

Nota: A consulta da informação apresentada na página 120 poderá ajudar-te a resolver esteexercício.

ESCREVER

1. Neste livro, Álvaro Magalhães escreve mais histórias sobre animais.Vamos dar-te outro exemplo:

Barata

Era uma vez uma barata que estava sempre a falar, a falar. Falava

por tudo e por nada: era uma fala-barata. Um dia estava à conversa

com uma aranha e disse: “Hoje está um dia esplêndido!” Uma formi-

ga que ia a passar, comentou: “Ó barata, hoje estás a falar caro!”.

Ela não ligou nenhuma. E continuou. A falar barato.

1.1. Explica o significado das expressões “uma fala-barata” e “falarcaro”.

Page 3: Pop manuais

Texto B

O GRILO

a. O grilo surge em algumas histórias. Vê se te consegues lembrar de

alguma que já tenhas lido ou ouvido contar, em que o grilo seja a

personagem principal ou uma personagem secundária.

b. Esta é a história de um grilo, contada em verso, à qual retirámos

quase todas as formas verbais, que te apresentamos ao lado em

desordem. Descobre o lugar a que cada uma pertence. (Atenção:

há três formas verbais que se repetem.)

Jacinto um grilo

numa gaiola

uma folha de alface

e à espera

que o grilo .

Mas o grilo não !

a folha de alface

por uma folhinha de hera

e à espera

que o grilo

mas o grilo nada!

Nem nem !

E o Jacinto sem saber

o que de fazer

a gaiola

e o grilo cá fora.

E o grilo contente

ao ao quintal

na relva

e a

assim de tal maneira

que o Jacinto encantado

na gaiola

e fora.

Eduardo Valente da Fonseca, Cães, Pedras, Paus e Gazelas, 1.ª ed.,Ed. Campo das Letras, 1996

cantar

pôs

atirou-a

apanhou

cantasse [2]

desapareceu

abriu

meteu-o

Trocou

cantava [2]

pegou

chegar

deu-lhe

ficou [2]

comia

havia

começou

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com tal apetite que cresceu, e cresceu, e cresceu, até alcançar

o tamanho de um boi. Só nessa altura voltou a procurar

Graciosa. A vaquinha, porém, olhou-o-com susto:

– Meu Deus, um gato boi!

O grito dela atraiu os outros animais. Todos o olhavam com

horror. Os gatos já não o aceitavam – ele deixara de ser um

gato. As vacas fugiam ao vê-lo. Felini, tristíssimo, decidiu

então partir para outro país. O mundo era imenso. Em algum

lado encontraria quem o aceitasse sem estranheza.

�José Eduardo Agualusa, Estranhões & Bizarrocos, 1.a ed., Publ. Dom Quixote, 2000

LER ❦ COMPREENDER

1. O que aconteceu ao gato Felini, na adolescência?

2. Quais as consequências desse acontecimento?

3. A mãe de Felini, ao saber a novidade, mostrou-se:

indignada; baralhada; admirada; desesperada.

4. Ela guardou segredo sobre o que o filho lhe contou? Justifica a resposta.

5. A atitude dos amigos perante a notícia foi:

aceitar a sua opção; fazer troça;dar-lhe coragem; criticar a situação.

6. Como tentava Felini conquistar Graciosa?

7. O seu esforço era recompensado? Justifica com frases do texto.

8. A mãe de Felini estava preocupada. O que fez para tentar que o filhomudasse de opinião?

9. Ele ouviu as palavras da mãe? Tê-las-á interpretado no sentido correc-to? Justifica a tua resposta.

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Formas nominais

Há formas verbais que não exprimem por si nem o modo nem otempo. São as chamadas formas nominais do verbo:

a. infinitivo*

Escrever é um prazer para algumas pessoas.

Desempenha a função de sujeito, equivalendo a um nome = A escrita

b. particípio

Ele gritou com uma voz enfurecida.

Equivale a um adjectivo = furiosa

c. gerúndio**

Eles aproximaram-se, chorando.

Equivale a um advérbio = tristemente

10. “(…) e com tal apetite que cresceu, e cresceu, e cresceu (…)” [linha 31]

10.1. Com que intenção se recorreu à repetição nesta frase?

11. Ao procurar de novo Graciosa, esta recebeu-o:

com indiferença;

assustada;

preocupada.

12. Logo no primeiro parágrafo, o narrador começa por afirmar queFelini era um gato com características especiais, sem, no entanto,revelar o que o tornava diferente. Em que momento do conto nos éfeita essa revelação?

13. Reflecte sobre esta história e expõe a tua opinião sobre os seguin-tes aspectos:

Haverá, nesta história de animais, uma crítica a certos comporta-mentos dos homens? Quais? Consegues dar um exemplo?

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

O verbo (II)

O infinitivo pode aparecerconjugado em pessoa e emnúmero – infinitivo pessoal.

*

Também se designa ogerúndio como uma forma

adverbial do verbo.

* *

PLIN5-10

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2. Lê as seguintes afirmações:

� O rapaz há imenso tempo que olha para o lobo.� A atitude das outras crianças contrasta com a do rapaz.� Os olhos do rapaz seguem os movimentos do lobo.� A jaula do lobo não era agradável.

2.1. Comprova estas afirmações, com palavras do texto.

3. As personagens são o lobo e o rapaz, mas apenas da primeira sabe-mos o que pensa.

3.1. Que sinal de pontuação é usado para assinalar as palavras quereproduzem o seu pensamento?

3.1.1. Se as falas da personagem tivessem sido ditas em voz alta,provavelmente teria sido usado um sinal de pontuação dife-rente. Qual?

3.2. Os pensamentos do lobo revelam:

curiosidade;

receio;

firmeza;

tranquilidade;

irritação.

4. Este lobo encontra-se enjaulado num jardim zoológico, embora já tenhasido livre. O que permite tirar esta conclusão?

5. Exprime a tua opinião e ouve a dos teus colegas relativamente àexistência de jardins zoológicos: parece-te correcto manter animaisem cativeiro?

OUVIR ❦ FALAR

“Um animal não é uma coisa, mas um ser vivo tal como o

Homem. Ele tem, assim, direito ao nosso respeito.”

Animal, Associação Nortenha de Intervenção no Mundo Animal

1. Tens algum animal doméstico? Se não tens, gostavas de ter? Pensasque um animal doméstico te pode fazer companhia? Que cuidadosdeve ter quem adopta um animal?

1.1. Em conjunto com os teus colegas, conversem sobre estas ques-tões e elaborem um conjunto de regras que devem estar presen-tes, quando se adopta um animal.

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gritava-lhe aos ouvidos cucu-cucu, as abelhas precipitavam-se

como um esquadrão de aviões, bombardeando-o com seus fer-

rões, a águia pegou-lhe na espingarda, atirou-a ao rio, os patos

levaram cada qual seu cartucho para bem longe, os milhafres

rasgaram-lhe o fato, os coelhos roeram-lhe as botas, as formi-

gas faziam-lhe cócegas por todo o corpo.

Só o largaram quando caiu por terra, inteiriçado de dor,

chorando baba e ranho.

(…)

Os pássaros voltaram a cantar, as perdizes a trazer flores,

as cobras a alisar o chão.

No seu lugar, de rastos, o caçador assistiu a toda a patusca-

da. E na manhã seguinte, quando conseguiu recobrar forças, lá

se esgueirou, envergonhado, maltratado e nu para a povoação.

Se ficou em casa a curar as maleitas ou se foi para o hospi-

tal é coisa que ninguém sabe na floresta. Mas de qualquer

modo deve ter perdido a vontade de lá voltar.

�Luísa Ducla Soares, Histórias com Bichos, Ed. Livros Horizonte, 1981

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LER ❦ COMPREENDER

1. Os animais da mata não conseguiam viver com tranquilidade.Porquê?

2. Quem veio propor uma solução?

3. O que propôs? Com que objectivo?

4. Quem foi o porta-voz?

4.1. O pedido foi apresentado de uma forma:

arrogante;simpática;envergonhada.

5. Qual foi a atitude do caçador perante o pedido da bicharada?

6. Qual a consequência da sua resposta?

7. Agora reinava grande azáfama na mata. Transcreve frases que com-provem esta afirmação.

8. Quem veio perturbar este ambiente? De que maneira?

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9. Todos os animais participaram na vingança ao caçador traidor. Indicao que cada um fez, associando correctamente a coluna da esquerdacom a coluna da direita:A águia debicavam-lhe a careca.A raposa silvavam, prendendo-lhe os braços.O lobo gritava-lhe aos ouvidos.Os coelhos mordia-lhe as canelas.Os milhafres mordia-lhe os tornozelos.Os pássaros bombardeavam-no com os seus ferrões.Os patos rasgaram-lhe o fato.O cuco levaram os cartuchos para bem longe.As cobras pegou-lhe na espingarda e atirou-a ao rio.As abelhas faziam-lhe cócegas por todo o corpo.As formigas roeram-lhe as botas.

10. Por fim, a paz foi restabelecida. Transcreve uma frase que compro-ve esta afirmação.

11. Parece-te justo o castigo que o caçador sofreu? Justifica a tua opinião.

12. Apresenta a tua opinião sobre o título do conto.

12.1. Sugere um título diferente.

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FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

Lê as seguintes informações, antes de realizares os exercícios a seguirpropostos.

O nome (ou substantivo)

Os nomes ou substantivos são as palavras com que designamosou nomeamos algo ou alguém.

Há várias subclasses do nome:

� próprios: designam seres, objectos ou pessoas individualizadas,bem definidas, e escrevem-se com letra inicial maiúscula→ Pedro, Tejo, Braga…

� comuns: referem-se a seres, objectos ou realidades não individuali-zadas → homem, rio, cidade…

� concretos: designam seres, objectos ou realidades do mundo físi-co, isto é, realidades que são directamente observáveis→ caçador, livro, Setúbal…

� abstractos: designam realidades que não pertencem ao mundo físi-co, isto é, que não podem ser directamente observá-veis (noções, acções, qualidades, estados, sentimen-tos) → justiça, colheita, velhice, alegria…

Page 9: Pop manuais

f i qu e i ❆ a ❆ s a b e r ?

Lê a seguinte adivinha:

Tenho asas, não tenho penas,

sou mamífero e sei voar,

de dia durmo e descanso,

de noite vou passear.

(Solução: o morcego)

1.1. Identifica todas as formas verbais.

1.2. À excepção de duas, todas as formas verbais se encontram nomesmo modo, tempo, pessoa e número. Indica-as.

1.3. Indica a conjugação a que pertence cada uma das formas verbais.

1.4. Coloca os verbos (excepto voar e passear) no pretérito imperfeitodo indicativo, na primeira pessoa do plural e reescreve a adivinha.

Completa a seguinte anedota com as indicações que estão entreparênteses:

Um ladrão, antes de se (deitar: infinitivo),

(ajoelhar: pretérito perfeito do indicativo) e (rezar: pretérito perfeito

do indicativo) a seguinte oração:

– Meu Deus, não te (implorar: presente do indicativo) que

me (conceder: presente do conjuntivo) riquezas. -me

(dizer: imperativo) só onde elas (estar: presente do indicativo)

que as (ir: futuro do indicativo) (buscar: infinitivo).

Lê a anedota seguinte:

Na escola, o professor escolhe um aluno da turma e interroga-o:

– Joãozinho, indica uma situação de injustiça.

O rapaz pensa um minuto e depois exclama:

– Quando o meu pai se engana nos exercícios e depois o pro-

fessor me culpa a mim!

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3.1. Transcreve todos os nomes para o respectivo lugar da grelha(não te esqueças de que um nome pode pertencer a mais doque uma subclasse):

Reescreve o parágrafo seguinte substituindo os nomes repetidos(em itálico) por outros equivalentes:

O refeitório estava cheio de estudantes e professores. O baru-

lho era muito, porque todos falavam alto. Para diminuir o barulho,

os professores pediram aos estudantes que conversassem em voz

baixa, pois era desagradável estar naquele refeitório.

Resolve estas palavras cruzadas:5

4

Comuns Próprios Concretos Abstractos Colectivos

Nomes

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1

1 22

53

4 5

Horizontais:1. Nome comum que designa um animal roedor.2. Nome colectivo que designa um conjunto de aves.3. Nome comum que se refere a um móvel onde se guardam coisas.4. Nome colectivo que designa um conjunto de soldados.5. Nome abstracto que se refere à sensação produzida pela falta de calor.

Verticais:1. Nome comum que se refere a um adereço que cobre a cabeça.2. Nome próprio de um país de língua portuguesa.3. Nome abstracto que designa “falta de saúde”.4. Nome comum que designa um curso natural de água.5. Nome próprio de homem.

Assinala com uma cruz (x) o género, o número e o grau de cadaum dos nomes indicados:

6

rapazola

cadelas

garota

mocinhos

casarões

égua

mãezinha

ricaços

masculino feminino singular plural normal aumentativo diminutivoNomes

Género Número Grau

Autocorrecção: páginas 251-252.

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