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Prof. João Pedro Chanoca Página 1 Um Blogue no 1º ciclo, porquê e para quê? Introdução A construção de um modelo pedagógico tem sido, ao longo dos nossos últimos anos, alvo de constantes mutações, de reflexões e de co-construções, sustentada em três pilares motrizes da nossa acção pedagógica: na reflexão/formação na acção, no desenvolvimento sócio-moral dos alunos e na sua plena participação na gestão do currículo escolar. Portanto, os alunos responsabilizam-se por colaborarem com o professor no planeamento das actividades curriculares, por se interajudarem nas aprendizagens que decorrem de projectos de estudo, de investigação e de intervenção e por participarem na sua avaliação: na condução da sua vida escolar. Este propósito assenta numa negociação cooperada dos juízos de apreciação e do controlo dos objectivos assumidos nos planos curriculares colectivos e nos planos de acção individuais de trabalho de aprendizagem, que servem para registo e que monitorizam o que se pretende a cada nível de aprendizagem, visto aqui como etapas fundamentais de aprendizagem - transferabilidade (Fénix). A organização do trabalho e o exercício do poder partilhados transformarão os nossos alunos em pessoas implicadas e, ao mesmo tempo, co-responsabilizam-se sobre a tarefa. Simultaneamente, esta experiência de socialização com os valores democráticos suporta o sustentáculo do trabalho e do desenho curricular na turma, “entendidas como comunidades de aprendizagem”, num envolvimento cultural (currículo) agregador e cultivador de novos valores pedagógicos: uma audiência que ultrapassa e rompe as fronteiras da escola. Este processo de interdependência educativa tem-se revelado como a melhor estrutura social para aquisição de competências essenciais. Na aprendizagem solidária, interdependente do outro, o sucesso de um aluno contribui para o sucesso do conjunto de todos em geral e deste em particular. A inter-ajuda pedagógica, a pares ou em pequenos grupos para atingirem o mesmo fim, contraria a tradição individualista e competitiva da escola, da vida e das instituições centralistas e oligárquicas. Pressupõe que cada um, no grupo, só pode atingir o seu objectivo se cada um estabelecer circuitos múltiplos, multiculores e multifacetados de comunicação, que estimulem o desenvolvimento de formas variadas de representação e de construção interactiva/activa/participada dos conhecimentos. Esta matriz comunicativa (postagem) radica em canais de comunicação das aprendizagens e de fruição dos produtos culturais (desenvolvimento curricular), para que todos consigam e possam aceder à informação. As trocas sistemáticas de argumentos e comentários concretizam a dimensão social das aprendizagens e o sentido solidário da construção cultural dos saberes e das competências instrumentais que os expressam (a produção textual). As atitudes, os valores e as competências sociais e éticas que a democracia integra (compromisso social de escola) na minha sala de aula constroem-se, em cooperação verdadeira e racional.

Porquê blogar - Um Blogue no 1º ciclo, porquê e para quê?

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Uma breve exposição do Prof. João Chanoca, da EB1 de Vagos.

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Prof. João Pedro Chanoca Página 1

Um Blogue no 1º ciclo, porquê e para quê?

Introdução

A construção de um modelo pedagógico tem sido, ao longo dos nossos últimos

anos, alvo de constantes mutações, de reflexões e de co-construções, sustentada em três

pilares motrizes da nossa acção pedagógica: na reflexão/formação na acção, no

desenvolvimento sócio-moral dos alunos e na sua plena participação na gestão do

currículo escolar. Portanto, os alunos responsabilizam-se por colaborarem com o

professor no planeamento das actividades curriculares, por se interajudarem nas

aprendizagens que decorrem de projectos de estudo, de investigação e de intervenção e

por participarem na sua avaliação: na condução da sua vida escolar.

Este propósito assenta numa negociação cooperada dos juízos de apreciação e do

controlo dos objectivos assumidos nos planos curriculares colectivos e nos planos de

acção individuais de trabalho de aprendizagem, que servem para registo e que

monitorizam o que se pretende a cada nível de aprendizagem, visto aqui como etapas

fundamentais de aprendizagem - transferabilidade (Fénix). A organização do trabalho e o

exercício do poder partilhados transformarão os nossos alunos em pessoas implicadas e,

ao mesmo tempo, co-responsabilizam-se sobre a tarefa.

Simultaneamente, esta experiência de socialização com os valores democráticos

suporta o sustentáculo do trabalho e do desenho curricular na turma, “entendidas como

comunidades de aprendizagem”, num envolvimento cultural (currículo) agregador e

cultivador de novos valores pedagógicos: uma audiência que ultrapassa e rompe as

fronteiras da escola. Este processo de interdependência educativa tem-se revelado como a

melhor estrutura social para aquisição de competências essenciais.

Na aprendizagem solidária, interdependente do outro, o sucesso de um aluno

contribui para o sucesso do conjunto de todos em geral e deste em particular. A inter-ajuda

pedagógica, a pares ou em pequenos grupos para atingirem o mesmo fim, contraria a

tradição individualista e competitiva da escola, da vida e das instituições centralistas e

oligárquicas. Pressupõe que cada um, no grupo, só pode atingir o seu objectivo se cada um

estabelecer circuitos múltiplos, multiculores e multifacetados de comunicação, que

estimulem o desenvolvimento de formas variadas de representação e de construção

interactiva/activa/participada dos conhecimentos.

Esta matriz comunicativa (postagem) radica em canais de comunicação das

aprendizagens e de fruição dos produtos culturais (desenvolvimento curricular), para que

todos consigam e possam aceder à informação. As trocas sistemáticas de argumentos e

comentários concretizam a dimensão social das aprendizagens e o sentido solidário da

construção cultural dos saberes e das competências instrumentais que os expressam (a

produção textual). As atitudes, os valores e as competências sociais e éticas que a

democracia integra (compromisso social de escola) na minha sala de aula constroem-se,

em cooperação verdadeira e racional.

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O blogue; conceito e funcionalidade

Esta postura de diálogo é o instrumento fundamental de construção de projectos

comuns e diferenciados. As mudanças estratégicas e práticas na sala de aula ainda têm um

longo caminho a percorrer, isto porque, muitas vezes, precisamos de um simples impulso,

abanão ou empurrão para avançar em direcções e alternativas um pouco mais profundas

e submersas: passar das ferramentas de comunicação unilaterais para uma aprendizagem

mais biunívoca, online, que estimule os alunos, que apoie e promova comunidades

criativas. Ser capaz de expressar as suas próprias ideias, partilhar e desenvolver um

espírito crítico na forma e no modo como se lê o mundo é uma das fontes mais

importantes da nova consciencialização e alfabetização escolar para este século XXI.

O Blogue (a postagem”1, a edição de imagens estáticas e em movimento, os sons e o

podcasting2) proporciona-nos a produção de novos espaços de discussão sobre as

aprendizagens mais significativas do desenvolvimento curricular, do estudo do meio ao

desenvolvimento das competências linguísticas, do pensamento crítico à capacidade de

diálogo, à argumentação e à persuasão. Paralelamente, promove oportunidades únicas,

quando os alunos passam a ser geradores das suas aprendizagens, mais do que simples

consumidores, um pouco passivos e acríticos. O Blogue e todas as suas ferramentas de

auxílio3 e, muito concretamente, o podcasting4, dão aos alunos instrumentos e ferramentas

para uma nova audiência5 para as suas ideias, opiniões e produções, o que acarreta, por

sua vez, um aumento considerável nos níveis de exigência, de interesse e de motivação

para a aprendizagem.

A edição de um blogue, visto como um novo espaço cooperativo de escrita e de

leitura colaborativa (aprendizagem), é, ao mesmo tempo, a ligação directa com a

informação. Parece-nos, pois, o espaço perfeito para introduzir os alunos no mundo

potencial de comunicação, num mundo de aprendizagem em rede e, finalmente introduzi-

los nas aprendizagens de um nova competência textual: a leitura e a escrita com novos e

inéditos objectivos.

• Mas, como podemos preparar as nossas salas de aula, muitas vezes antagónicas

em termos de espaço físico, num espaço capaz de se tornar num sítio de aprendizagem

reflectida e com a forte possibilidade de auto-sustentar estes processos?

• Quais são as expectativas de que precisámos para que analisemos o aceitável e o

inaceitável em termos de conteúdos a colocar ao serviço dessa aprendizagem?

1 “Blogar”, do inglês Blogging, criar, alimentar e cuidar de um blogue.

2 Ver em http://estatudopertodenos.blogspot.com/2011/04/o-nosso-album.html

3 Idem.

4 Para nós este termo idealiza o nosso conceito de Audiolivro.

5 Uma nova audiência, por oposição à tradicional audiência escolar: os colegas e professor.

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De facto, este texto servirá para conceptualizar6 algumas ideias-guia que

prevaleceram na construção e estruturação de um blogue na minha turma, tendo como

base de trabalho os seguintes parâmetros:

A - Introduzir os alunos num novo mundo novo: Blogue

a) Esquema e plano de acção:

a. Introdução

b. Plano de Segurança

c. Compromisso da turma

d. Escrita relevante: o que devemos/podemos colocar e divulgar no

nosso blogue.

B - Criação de um blogue: mas como e para quê?

a) Logística da formatação/construção dos posts7

b) Diferença entre uma audiência mundial8 e a “tradicional e hermética”

escrita e leitura em sala de aula

c) Como criar uma comunidade de partilha sobre as nossas aprendizagens

através do blogue da turma?

d) Avaliação e autoavaliação do aluno sobre o trabalho produzido.

Assim, a ponderação sobre cada um destes temas e o seu planeamento diário levar-

nos-á a uma reflexão sobre as acções futuras: reflexão sobre a acção e na acção.

A – Esquema de planificação: Plano de acção?

1º. Saber, antecipadamente, que criar um Blogue é mais do que criar

colaborativamente, um espaço estático e fechado com os alunos.

• Fomentar a solidariedade e o compromisso educativo com a criação de uma

aprendizagem em comunidade, que permite aos alunos documentar e divulgar o seu

trabalho e as suas actividades em tempo real e, globalmente apresentar e desenvolver um

diálogo argumentativo com os seus colegas; colaborar nesses processos de aprendizagem

colaborativa (ouvir e ser ouvido), permitindo ainda, uma reflexão permanente sobre os

seus trabalhos e sobre a sua aprendizagem imediata e, paralelamente, a conexão

dialogante das suas ideias aos pensamentos críticos dos outros.

6 Ajudar outros a encontrarem um caminho.

7 Post, postagem, texto ou mensagem relevante a ser colocada no blogue.

8 Intercâmbio de experiências com outras escolas no planeta: EUA, Grécia, Argentina, Canadá, Brasil, Holanda…

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Leitura e escrita “tradicional” e unívoca Escrita e leitura de um post

Comunicação unívoca Diálogo biunívoco

Um único estilo de leitura Colaboração

As decisões estão no professor e este decide

que informação a repassar Reflexão

Os alunos estão desligados da

aprendizagem Conexão

Os alunos não estão envolvidos nas tarefas Criação

Os alunos não estão ligados às

aprendizagens dos colegas da turma A nossa aprendizagem

Aprendizagem individual Aprendizagem colaborativa

Inter-ajuda pedagógica

Pensamos que o post no 1º ciclo apresenta-se como um grandioso recurso de

aprendizagem, sendo assim, o nosso plano de acção para a acção em sala de aula está

dividido em cinco partes interactuantes, com o objectivo de apresentar aos alunos uma

ideia clara e operativa do que pretendemos. Assim temos:

1º - Conhecimentos prévios: o que sabem acerca de blogues e da Net?

Entender quais os fundamentos básicos de um blogue: para que

servem e como utilizá-los?

Conceito de Blogue como instrumento de leitura e escrita

colaborativa;

a) Segurança da Internet;

Preservação das suas identidades.

b) Bullying e ciberbullyng;

Comportamento responsável e as orientações para esse

comportamento;

c) Processos de (re)escrita e de (re)leitura, o antes e o pós-

comentário/leitura/escrita;

d) Processo de escrita (escrita, reescrita e edição) de um post (produção

textual).

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Neste sentido, surgem-nos quatro etapas a ter em conta na

estruturação/composição de um blogue:

B - Introdução do plano de aula para o início da estruturação de um blogue

1. Proporcionar aos alunos a exploração das ideias que têm acerca da noção de

Blogue, o que significa e para que serve um Blogue de turma, de escola…?;

2. Desenvolver a sua própria lista de coisas que os alunos conhecem acerca dos

blogues e de escrita, dos post, que tipos de post vemos com mais frequência…?;

3. Orientar os alunos para o entendimento do que é editar, criar e alimentar um

Blogue:

leitura e escrita: produção textual;

uma conversação: reflexão do que se pretende com o texto,

imagens e ligações (hiperligações e demais ferramentas9);

9 Construir com os alunos uma “caixa de ferramentas” a utilizar, entre as quais teremos, edição, media e

áudio-video, PhotoStory, Vuvox, Audacity, entre muitas outras… Ver o meu ppt: 20 ferramentas para um post .

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a comunicação com uma audiência maior, o fazer parte das

redes globais: intercâmbio global com outras escolas à volta

do Mundo;

que assuntos deve abordar o nosso blogue?

construir um portfólio (caminho) de aprendizagens, de

trabalho, de pensamentos, de sentimentos, da sua vida

escolar…

4. Conhecer e perceber exemplos de Blogue escolares. Divisão da turma em grupos

para explorar diversas ligações, por nós diagnosticadas: guião de exploração de blogues,

mas com uma atenção especial a:

• Saber para que anos são ou foram construídos os blogues?

• A sua escrita:

Que temas são discutidos nesses blogues e como o são apresentados?

Que tipos de texto apresentam: guiões de exploração utilizados?

• Comentários:

Como fazem os comentários e se estes têm algo a ver com os post?

Os alunos têm a seu cargo o próprio blogue ou este é gerido só pelo

professor e feito por adultos para adultos?

Os alunos podem colocar os seus textos ou são filtrados, sem actividade

recíproca, pelos professores? Podem colocar comentários?

• Segurança online: os alunos usão os seus nomes verdadeiros? Que outras

informações pessoais nos dão esses blogues?

• Que tipo de ligações existem nesses Blogues?

Se são ligações comerciais?

Outro objectivo não previsto…

C – Plano de Segurança

O Mundo online dá-nos a oportunidade de aceder democrática e solidariamente a

informações nunca antes partilhadas, a comunicar com os outros, a entreter-nos, a ligar-

nos com pessoas de outros países e culturas, com outras escolas, por isso o nosso título:

Está tudo Perto de Nós.

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Quando nos ligamos com estes sítios, temos sempre que desempenhar um papel

inteligente, pré e pró-activo para nos mantermos e precavermos contra ataques

maliciosos.

Eis algumas orientações trabalhadas (a trabalhar) com os alunos:

1. Nunca publicar as seguintes informações:

O nosso endereço verdadeiro

Sobrenome e moradas dos autores

Senhas e endereços, e-mail pessoal…

Número de telefone particular

Descrição física detalhada

Localização detalhada da nossa localização, onde pode ser encontrado,

determinados dias, sítios e horas

Fotografias de si

E,

Pensar e reflectir com os colegas antes de colocar algo na Net: tornar claro

que o que está escrito é adequado para colocar online.

Ser cauteloso sobre as mensagens de correio electrónico que nos enviam

sobre qualquer assunto ou pessoa, nunca dar informações pessoais e nunca

organizar ou aceitar reuniões secretas. Dialogar com o professor e pais

imediatamente, sempre que este tipo de situações ocorra.

Ter em atenção que o trabalho que fazemos na Net nunca é privado.

Nunca dizer ou escrever qualquer coisa via correio electrónico, chats,

blogues, ou wikis que não foi discutido na escola, com os colegas e

professor.

Garantir que o nosso trabalho nos orgulha e que foi antes partilhado com os

nossos colegas e professor.

As maiúsculas são consideradas “GRITOS”.

Nunca utilizar o computador para prejudicar outros ou utilizar os

comentários para praguejar.

Já acerca da Identidade Online, pessoal e colectiva:

O que queremos que se saiba acerca da nossa escola? O que se pode colocar

online e o que não se pode colocar?

Deveremos criar uma identidade específica? Avatares, alcunhas ou

nicknames?

D - Pensar e reflectir antes de colocar algo, texto, imagem, filme ou outro trabalho

no nosso Blogue

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Para decidirmos se algo que vamos colocar Blogue é um bom trabalho, honesto e

integro, devemos pensar e reflectir com a turma, em que é que este trabalho pode

acrescentar ou ilustrar algo sobre a nossa turma, escola ou comunidade. Construir uma

“consciência virtual”, isto é, ler e comentar em grande grupo algo antes de o colocar no

blogue.

E - Bullying Online:

Falar e identificar três papéis desempenhados no bullying:

A vítima

O agressor

O espectador

Construir uma consciência de como o cyberbullying pode afectar-nos

Manter sempre presente que atrás de cada utilizador online, avatar ou

identidade virtual poderá estar uma pessoa real com sentimentos

(maliciosos ou não).

Discutir com os alunos como reconhecer e evitar cyberbullying.

Ensinar e reflectir sobre o que fazer, caso assistamos a cyberbullying

• Abandonar imediatamente a rede ou actividade onde está a

acontecer o Bullying

• Bloquear os e-mails ou as mensagens instantâneas recebidas dos

autores de bullying e nunca responder.

• Registar todas as mensagens e enviá-las ao nosso fornecedor de

Internet. A maioria de prestadores destes serviços tem políticas

sobre os utilizadores maliciosos.

• Dialogar com pessoas confiáveis, professor, pais e familiares e alertar

a polícia quando o bullying envolve ameaças à integridade física.

Mais actividades que podemos desenvolver:

• Deixar que os alunos decidam sobre a sua identidade virtual

• Os alunos deverão criar, ilustrar, ou ter uma imagem que os

identifique e nunca uma foto.

• Criar uma lista das keywords dos nossos alunos e nessa lista englobar

o que significa estar seguro online.

F – Plano de aula – Compromissos entre a turma

1º Diferença entre o compromisso social e o compromisso escolar

Este tipo de Blogue, que potencializamos, promove uma espécie de sala de aula

virtual de trabalhos comunitários com uma influência positiva e directa na aprendizagem

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dos alunos. Enquanto esperamos que o conteúdo de um texto, comentário ou reflexão seja

ou não significativo para essa aprendizagem, há ainda outra dimensão de compromisso.

Os alunos devem estar conscientes e saber que os compromissos assumidos na sala de

aula transpõem os muros da escola através do nosso blogue e deverão estar sempre

presentes nessa construção. Isto quer dizer que os compromissos escolares são sempre

cumpridos.

Mas este tipo de compromisso precisa de ser discutido, praticado e revisto a toda a

hora. Paralelamente, é importante deixar que os alunos saibam quais são as suas

expectativas e capacidades sobre os seus conhecimentos explícitos, das regras de escrita e

como se deve escrever. É preciso comunicar claramente quais são as nossas expectativas

para com os alunos e destes com eles mesmos.

Poderemos elencar da seguinte forma o início de qualquer reflexão:

• Este fez-me pensar...

• Pergunto-me por que razão...•

• A tua escrita permite-me ter uma opinião sobre...

• O presente post é relevante porque...

• A tua escrita fez com que eu investigasse mais esse assunto...

• Quem me dera…

• Compreendemos...

• Isso é importante porque...

• Outra coisa a considerar é…

• Descobri que ...

F- A escrita colaborativa e reflexiva

Estamos finalmente preparados para a escrita de textos com os nossos

alunos.

Até agora estivemos a pensar na preparação dos alunos para:

• explorar outros blogues

• falar em segurança online e no cyberbullying

• perceber a diferença entre os compromissos entre a aprendizagem

escolar e a social

Como compromisso, falar com os alunos sobre a diferença entre a escrita social e a

escolar. Um Blogue educativo não é, por princípio, uma ferramenta de socialização, mas

sim de inter-ajuda pedagógica entre os alunos e o professor e aposta no crescimento dos

nossos alunos enquanto pessoas. O trabalho dos professores sustentará o foco do trabalho

com blogues num enfoque colaborativo, ajudando os alunos a construir um pensamento

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critico e a suscitar dúvidas e questões que possam promover uma aprendizagem

significante e construtiva.

Estes serão, quanto a mim, os principais pontos de trabalho para o início de

trabalho num blogue:

1. Dar a cada aluno um espaço virtual onde este regista o trabalho que se pretende

fazer.

2. Cada aluno escolherá uma alcunha e escreverá uma nota. Todos os alunos irão

escrever o mesmo e colocá-los-ão num local visível de todos.

3. Dar início ao trabalho de postagem, com o tema o escolhido por eles, dentro dos

temas que estamos a tratar na escola ou do seu interesse e pedir-lhes que incluam uma

ilustração, para posterior reflexão com os colegas.

4. Dar tempo para que os alunos leiam as produções de cada um.

5. Recordar e manter os compromissos assumidos com a turma e pedir que

utilizem uma outra cor que identifique os comentários (orais ou escritos) para responder

aos post de algum colega. A referida observação será sempre assinada com a sua alcunha.

6. Repetir os passos 3 a 5 com o tempo necessário.

7. Ler com a turma os comentários que fizemos aos diversos trabalhos, discutir e

rever os textos e registar os comentários mais referenciados. Discutir quais os textos que

receberam mais comentários por parte da turma.

8. Recordar aos alunos que o professor modera os trabalhos e os comentários.

Então é chegada a hora de passar de papel e lápis para o Blogue.

Mostrar toda a logística de formatação de um Blogue. Dialogar sobre o título, o tipo

de texto, as várias secções, o como inserir links, fotos e filmes. Criar um portfólio (caixa de

ferramentas) de aplicações que nos permitam colocar online as nossas produções e

estamos prontos para avançar para a sua projecção no papel.

O escrever os nossos textos para os colocar online passa a abrir um novo mundo

para a turma. Muito provavelmente será a primeira vez que os leitores dos nossos (e

deles) trabalhos irá ser alguém diferente do que é habitualmente: o professor e,

possivelmente, os pais. Assim, temos que entender este novo manancial de potenciais

leitores, uma audiência mundial, poderão ter efeitos positivos nos nossos trabalhos.

Mas de que forma é que estas produções poderão fazer a ponte entre o currículo e

o trabalho do blogue?

O trabalho do blogue, as produções que fazemos, ligará cada sujeito com as suas

aprendizagens. Os textos criados poderão falar de qualquer tema, ou tópico, ou conteúdo

estudado. A diversão começa quando os nossos alunos unem aquilo que nas salas de aula

aprendem, sobre a escrita, o que é obviamente a envolvência de qualquer conteúdo, com o

que o necessitam apreender em termos sociais: uma possível leitura do mundo.

Perguntamos, que tipo de escrita queremos que os nossos os alunos pratiquem?

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• Persuasiva

• Descritiva

• Expositora

• Poética

• Investigação

• Narrativa

• Hypertexto…

Aqui estão alguns pontos e orientações para quando se desenvolve a nossa própria

aula de escrita colaborativa.

o garantir que o seu trabalho é o melhor que pode ser;

o pensar antes de se colocar o post: o que está escrito é adequado para

colocar online?;

o dizer sempre a verdade no seu post;

o exprimir os assuntos de acordo com as reflexões da turma,

o tentar a ligação com outras ideias ou recursos, com outras questões e

tentar chegar a mais explicações e aumentar seu conteúdo e

vocabulário;

o é, no fundo, a sua pós-aprendizagem;

o tornar a sua escrita fisicamente aliciante. Acrescentando uma

imagem, utilizar as marcas textuais e uma articulação de modo

apropriado;

o citar as fontes e obras que vamos utilizar. Nunca utilizar o plágio ou

plagiar conteúdos da Internet;

o partilhar os seus conhecimentos com os colegas, transmitir algo

novo que descobriu para que os colegas possam beneficiar desses

novos conhecimentos,

o cuidadosamente, rever e reescrever colaborativamente os trabalhos

antes de os colocar online e usar e potenciar as aprendizagens

gramaticais.

E acima de tudo, quando pretendemos produzir um trabalho devemos:

1. Estruturar a escrita, organizá-la e direccioná-la para os objectivos do trabalho.

2. Apresentar um esquema detalhado das suas ideias: storytelling.

3. Utilizar um discurso simples e objectivo para que a sua escrita (e posterior

leitura) seja interessante.

4. Utilizar um bom nível vocabular.

5. Editar a pontuação e a gramática.

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Começar e criar um Blogue.

Quando queremos alojar um blogue, poderemos optar por diferentes locais. As

opções mais populares são o EndNot, o WordPress e o Blogger.

No nosso caso optamos pelo Blogger, por nos parecer mais prático e simples.

Poderemos especificar os passos: se pretender criar novos utilizadores com opção de

edição clique sobre Os utilizadores e “Acrescentar novo Utilizador”. Indique um nome de

utilizador para cada novo utilizador. Lembrar que o nome de utilizador é visível no Blogue

quando a postagem é realizada. Não é preciso incluir o primeiro ou último nome, nem o

endereço.

Construa um e-mail de escola para cada um dos seus alunos (atenção ao que

referimos anteriormente): pois com o Gmail, um professor pode ter 30 contas e-mail e

serão todos entregues no seu e-mail. Portanto, se a sua conta é [email protected], tudo

o que precisa de fazer é acrescentar uma “alcunha do aluno” antes do símbolo @, para

fazer uma ligação conta. Por isso, o e-mail enviado ao professor irá parar directamente a

“alcunha do aluno” @gmail.com para [email protected]. Colocar uma senha de cada

vez. Existem diferentes papéis que podem ser atribuídos a cada utilizador:

• Administrador - alguém que tenha acesso a todas as características da

administração

• Editor - alguém que pode publicar um post, gerir o blogue, bem como conseguir

postar…

• Autor - alguém que pode publicar e só gerir os seus próprios post.

• Colaborador - alguém que pode escrever e gerir os seus post, mas não publicar

post

• Assinante - alguém que pode ler comentários/comentário/receber notícias

Para a criação do nosso Blogue, as funções referidas deverão ser atribuídas e o

professor deverá ser sempre o administrador do Blogue. Cada aluno irá receber o seu

próprio nome de utilizador e terá o papel de colaborador. Como contribuintes, os alunos

poderão colocar os seus post, mas não têm autoridade para moderar e gerir o blogue.

Logo que o seu posto esteja colocado, é apresentado ao administrador para que seja

efectuada a sua revisão final. O administrador ou editor vai ter de aprovar a publicação

antes da sua publicação online…