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Relatório PIBAGRO Brasil Maio 2014

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Relatório PIBAgro-Brasil

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RELATÓRIO PIBAGRO-BRASIL

Maio de 2014 GPD Agribussines – Brazil Outlook

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Relatório PIBAgro-Brasil

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Relatório PIBAgro-Brasil G P D A G R I B U S S I N E S – B R A Z I L O U T L O O K

O Relatório PIB Agro – Brasil é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados

em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O cálculo do PIB do agronegócio é feito pela ótica do valor adicionado, a preços de mercado, computando-se os

impostos indiretos líquidos de subsídios. A quantificação dessa medida reflete a evolução do setor em termos de renda real, a

qual se destina à remuneração dos fatores de produção: trabalho (salários e equivalentes), capital físico (juros e depreciação),

terra (aluguel e juros) e lucros. Considera-se, portanto, no cômputo do PIB do agronegócio tanto o crescimento do volume

produzido como dos preços, já descontada a inflação.

O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: (a) insumos para a agropecuária, (b) produção

agropecuária básica ou, como também é chamada, primária ou “dentro da porteira”, (c) agroindústria (processamento) e (d)

distribuição. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o setor agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao

serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.

É importante destacar que este relatório considera os dados disponíveis – preços observados no mês corrente e

estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais

atualizadas, pode, portanto, haver alteração dos resultados de meses e também de anos passados. Recomenda-se, portanto, o

uso do relatório mais atualizado.

Os cálculos sobre a variação do volume partem das mais recentes projeções de safra para o ano em curso. Essas

quantidades são confrontadas com as projeções de volume correspondentes do ano anterior. A variação obtida entre os dois

anos é, então, usada para o cálculo da taxa mensal de variação do volume, bem como da taxa acumulada a partir de janeiro

do ano em curso. No final do ano, a taxa acumulada por esse procedimento coincidirá com a taxa de variação do volume

(confirmado e não mais projetado) entre o ano corrente e o anterior. Quanto aos preços, a comparação é feita entre a média

real do período (número de meses) transcorrido no ano corrente e a média real do mesmo período do ano anterior. Essa

variação anual é, então, usada para o cálculo da taxa mensal e da taxa acumulada desde janeiro do ano em curso.

Equipe Responsável: Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, Ph.D, Pesquisador Chefe/Coordenador Científico do Cepea/Professor titular Esalq/USP; Dra. Adriana Ferreira Silva, Dr. Arlei Luiz Fachinello, Bel. Nicole Rennó Castro e Bel. Leandro Gilio, Pesquisadores do Cepea

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Relatório PIBAgro-Brasil

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AGRONEGÓCIO ACUMULA ALTA DE 1,79% NOS CINCO PRIMEIROS MESES DO ANO O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro estimado pelo Centro de Estudos Avançados em

Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, com o apoio financeiro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

(CNA), registrou expansão de 0,56% em maio, mantendo a tendência de alta observada nos meses anteriores. No

acumulado de janeiro a maio de 2014 a expansão foi de 1,79%. O resultado favorável no mês foi influenciado

principalmente pelo segmento primário, que apresentou crescimento de 0,99%. Todos os segmentos se elevaram, insumos

e distribuição apresentaram as taxas mais expressivas: ambos com alta próxima de 0,53%. Para a indústria, a

expansão foi mais modesta, mas positiva (0,18%) – diferente do ocorrido em abril quando o segmento recuou 0,21%. O

básico permaneceu praticamente estável, com elevação de 0,99%. (Ver Figuras 1 e 2 e Tabela 5).

O PIB do agronegócio da agricultura teve expansão de 0,28% em maio, elevando para 0,88% o crescimento

acumulado em 2014. O desempenho positivo no mês refletiu o crescimento em todos os segmentos. Já no ano apenas a

indústria registra leve queda, de 0,10%. Paralelamente, o segmento primário acumulou a alta mais expressiva, de

2,93%.

O ramo da pecuária manteve a trajetória ascendente em maio, com elevação de 1,20% no mês e 3,88% nos

cinco primeiros meses de 2014. Entre os segmentos, o primário (básico) apresentou a maior expansão, de 1,36% no mês

e de 4,23% no ano. Os demais também cresceram em maio: 0,92% (insumos), 1,02% (indústria) e 1,19% (distribuição).

No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, as taxas se elevam para 2,39%, 3,98% e 4,11%. (Tabela 1).

Figura 1 - Taxas de crescimento do PIB do agronegócio em maio de 2014 (%)

Fonte: Cepea/USP e CNA

0,53

0,99

0,18

0,53 0,56

0,26

0,70

0,05

0,23 0,28

0,92

1,36

1,02 1,19 1,20

-0,40

0,00

0,40

0,80

1,20

Insumos Básico Indústria Distribuição Agronegócio

Agropecuária Agricultura Pecuária

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Relatório PIBAgro-Brasil

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Figura 2 - Taxas de crescimento acumuladas de janeiro a maio de 2014 (%)

Fonte: Cepea/USP e CNA

COM PREÇOS DOS ADUBOS EM BAIXA, PRODUTOR ANTECIPA COMPRAS

O segmento de insumos cresceu 0,53% em maio, refletindo a alta tanto para a cadeia agrícola (0,26%) quanto

pecuária (0,92%). No acumulado, o crescimento foi de 1,70%.

Na comparação entre os cinco primeiros meses de 2014 e o mesmo período de 2013, o grupo de adubos e

fertilizantes registrou queda de 16,22% no faturamento. Essa baixa esteve ligada ao menor patamar tanto dos preços

(7,11% a.a., já descontada a inflação), quanto do volume (9,80%). A desvalorização do petróleo no início do ano

pressionou as cotações das principais matérias-primas na fabricação de fertilizantes formulados, o que tem promovido a

antecipação das compras por parte dos produtores rurais. Para os próximos meses, caso o dólar venha a apresentar

aceleração, os preços dos adubos podem voltar a crescer, comprometendo o efeito de baixa causada pelo recuo nos

preços internacionais e aumento dos estoques.

Em relação ao grupo de alimentos para animais, as cotações seguiram praticamente estáveis em maio (-0,14%), mas na comparação entre os períodos (cinco primeiros meses de 2014 contra o mesmo período de 2013) houve queda significativa (-4,04%). Em volume, houve aumento de 2,60% a.a. até maio, na comparação com o mesmo período de 2013. Assim, o faturamento da atividade ficou 1,55% inferior ao resultado dos primeiros cinco meses do ano passado.

Puxado por maiores preços e volume, o setor de combustíveis é o único com perspectiva de expansão na renda (7,45%) na comparação entre os quadrimestres (2014/2013). A alta de preços foi de 4,32%, e em volume a expectativa anual é de elevação de 3%.

1,70

3,50

0,44

1,50 1,79

1,22

2,93

-0,10

0,38

0,88

2,39

4,23 3,98 4,11

3,88

-0,5

0,5

1,5

2,5

3,5

4,5

Insumos Básico Indústria Distribuição Agronegócio

Agropecuária Agricultura Pecuária

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Relatório PIBAgro-Brasil

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Figura 3 - Variação anual do volume, dos preços e do faturamento dos insumos (janeiro a maio - 2014/2013).

Fonte: Cepea/USP e CNA (elaborado a partir de dados do IBGE; FGV, ANDA e Sindirações).

PRODUÇÃO EM ALTA GARANTE RECEITA DO PRODUTOR

Em maio, o segmento primário do agronegócio manteve tendência de expansão do ano, crescendo 0,99%. Com

isso, na parcial de 2014, acumulou alta de 3,50%. Este resultado deve-se ao desempenho positivo tanto da agricultura

(0,70% no mês e 2,93% no ano) quanto da pecuária (1,36% no mês e 4,23% no ano). Ver Figura 4 e Tabela 1.

Considerando-se a média de janeiro a maio/2014 em relação ao mesmo período de 2013, o faturamento

médio do conjunto de atividades da agropecuária registrou expansão 7,18% a.a. Esta alta reflete as expectativas de

aumento da produção, de 3,94% (considerando-se as estatísticas disponíveis até maio/14), e de preços, de 3,33%, na

comparação entre os cinco primeiros meses do ano (2014 contra 2013).

O comportamento da agricultura em 2014, que toma como base as estimativas de safra anual e os preços

médios (em comparação com 2013), é apresentado na Figura 4.

Com preços e volumes em alta, se destaca o faturamento do algodão (33,64%), arroz (3,85%), banana

(43,43%), cacau (56,22%), laranja (47%), mandioca (12,68%), soja (12,94%) e trigo (34,79%). O café e a uva também

registram expectativa de expansão no ano (7,08% e 8,71%, nesta ordem), sendo o patamar superior de preços

responsável pelo impulso. No caso do feijão, o maior volume explica a expansão (0,12%).

No caso do arroz, pesquisadores do Cepea apontam que o Indicador Arroz em Casca ESALQ/BM&FBovespa

subiu em praticamente todo o mês de maio, com as variações mais intensas sendo observadas na primeira quinzena, o

que esteve atrelado à necessidade das indústrias em atender os setores atacadista e varejista dos grandes centros

consumidores brasileiros. Novos contratos de exportação também deram sustentação aos preços. Entretanto, em meados

de maio, indústrias alegaram lentidão nas vendas de arroz beneficiado e dificuldade em repassar custos. Com isso, as

novas aquisições foram feitas apenas quando houve necessidade.

Em relação ao algodão, mesmo mantendo expectativa de crescimento para o ano, foi menos expressiva em

maio em função do recuo de preços no mês. Segundo a equipe Algodão/Cepea, a cotação da pluma caiu pelo quarto

mês consecutivo, apesar da resistência de parte dos vendedores. A pressão veio da qualidade inferior dos lotes, devido

à proximidade do final da safra 2012/13, do baixo interesse de compra das indústrias e da menor paridade de

exportação. O Indicador CEPEA/ESALQ com pagamento em 8 dias recuou 4,26%, encerrando o mês a R$ 1,9279/lp. A

média mensal, de R$ 1,9504/lp, foi 6,6% inferior à de abril/14 e 8,15% menor que a de maio/13 (atualizado pelo

IGP-DI de abril/14). Os pesquisadores destacam que as quedas nos preços da pluma poderiam ter sido ainda mais

intensas não fosse o volume de vendas da pluma ao mercado externo, especialmente nas duas primeiras semanas do

mês, e a necessidade de compra das indústrias do Nordeste na segunda quinzena.

7,45%

-16,22%

-1,55%

4,32%

-7,11% -4,04%

3,00%

-9,80%

2,60%

-25%

-15%

-5%

5%

15%

Comb. e Lubrificantes Fertilizantes e Adubos Alim. para animais

Valor Preço Quantidade

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Relatório PIBAgro-Brasil

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No caso da soja, pesquisadores da equipe de grãos destacam que enquanto os preços internacionais caíram no

correr de maio, diante da expectativa de safra recorde nos Estados Unidos, no Brasil, os valores do grão tiveram leves

oscilações. Os pesquisadores relataram que no início do mês, parte dos produtores nacionais esteve mais interessada na

venda da soja, fazendo com que compradores ofertassem preços menores para aquisição do grão. Já na segunda

quinzena de maio, o ritmo de negócios no mercado brasileiro esteve mais aquecido, puxado pela firme demanda tanto

doméstica quanto externa, impulsionando os valores da oleaginosa.

Para o café, chama atenção a queda na produção do arábica, o que, segundo a Conab, se justifica pela forte

estiagem verificada nos primeiros meses de 2014, às podas nos cafezais e à inversão da bienalidade em algumas

regiões produtoras. Já para o robusta, a Companhia estima crescimento, o que se deve, sobretudo, à recuperação da

produtividade, que na safra anterior sofreu com a forte seca, e ao crescimento da área, principalmente no estado do

Espírito Santo, maior produtor da variedade.

No mercado da mandioca, pesquisadores do Cepea destacam que o mês de maio for marcado por algumas

mudanças pontuais na oferta, que pressionaram as cotações. As recentes e significativas desvalorizações da raiz levaram

parte dos produtores a restringir a entrega à indústria. Além disso, houve períodos em que não se avançou com a

colheita por conta de condições climáticas desfavoráveis.

As culturas que apresentaram retração do faturamento esperado para 2014 foram: batata (14,72%), cana-de-

açúcar (4,86%), cebola (29,64%), fumo (3,44%), milho (9,10%) e tomate (18,13%). Em situação mais desfavorável

esteve o milho, que enfrentou queda nas cotações e na expectativa de produção para o ano. No caso da batata, cana,

cebola, fumo e tomate, a baixa vincula-se a cotações menores.

No caso do milho, pesquisadores do Cepea destacam que a pressão sobre as cotações em maio (queda de

7,79% em relação a abril), ser justifica pela proximidade da finalização da colheita da primeira safra e pelo bom

desenvolvimento das lavouras de segunda temporada. Além disso, prevaleceu o maior interesse de venda e a

postergação das compras – indústrias consumidoras apostam em preços menores nos próximos meses.

Em relação à queda da renda do tomate, pesquisadores do Cepea destacam as condições climáticas atípicas

neste início de ano - entre janeiro e meados de fevereiro houve estiagem e forte calor, e, a partir de então, a ocorrência

de pancadas de chuva – o que reduziu a qualidade do fruto, comprometendo a oferta. Para o preço, voltaram a ganhar

ritmo em maio, com crescimento de 14,74% em relação a abril, período em que o volume de frutos ofertado foi baixo

nas regiões que iniciaram a colheita da primeira safra de inverno. Conforme os pesquisadores, a oferta reduzida se

deve, principalmente, aos problemas com viroses enfrentados por produtores paulistas de Sumaré e Mogi Guaçu e

também de Araguari (MG).

Para a cana-de-açúcar, a queda no faturamento estimada para 2014 reflete o menor nível de preços, de

6,68% a.a. Em volume, a expectativa de crescimento se mantém devido à expansão da área cultivada nos estados de

São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais onde se concentra o maior número de novas usinas.

Entretanto, a Conab destaca que a estiagem em algumas regiões, durante o período de desenvolvimento da planta

refletiu em estimativas de produção aquém das obtidas na safra passada em estados importantes como São Paulo e

Minas Gerais.

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Relatório PIBAgro-Brasil

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Figura 4 – Variação anual do volume, dos preços e do faturamento das lavouras (janeiro a abril - 2014/2013).

Fonte: Cepea/USP e CNA (elaborado a partir de dados do IBGE, Conab, IEA/SP, FGV, Cepea, Seagri/BA, UDOP).

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

Valor Preço Quantidade

Algodão Arroz Banana Batata Cacau Café Cana Cebola Feijão Fumo Laranja Mandioca Milho Soja Tomate Trigo Uva

Valor 33,64 3,85 43,43 -14,72 56,22 7,08 -4,86 -29,64 0,12 -3,44 47,00 12,68 -9,10 12,94 -18,13 34,79 8,71

Preço 3,40 0,74 38,80 -18,16 49,76 18,10 -6,68 -38,26 -20,42 -4,15 45,63 2,89 -5,26 6,69 -20,13 0,71 11,80

Quantidade 29,24 3,08 3,34 4,20 4,32 -9,33 1,95 13,96 25,80 0,74 0,94 9,52 -4,06 5,86 2,51 33,84 -2,76

Page 8: Relatório PIBAGRO Brasil Maio 2014

Relatório PIBAgro-Brasil

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O resultado positivo para a pecuária, avaliado até maio, deve-se tanto à elevação dos preços, em 3,42%,

quanto à expectativa de produção, de 7,23%. Com isso, espera-se aumento de 10,45% no faturamento médio para o

conjunto das atividades primárias do setor.

Com preços e volumes em alta, o faturamento da bovinocultura de corte, de leite e a produção de ovos

acumularam expressivas altas no período, de 15,98%, 19,81% e 11,80%, nesta ordem. Na pecuária de corte e

avicultura de postura, o desempenho positivo refletiu, em especial, o patamar superior de preços: 14,70% e 9,17%

acima do nível observado no mesmo período do ano passado. Na atividade leiteira, o volume produzido, com alta de

14,24%, justifica o crescimento significativo no faturamento, uma vez que em preços a elevação foi de 4,88%. Em maio,

o preço do leite pago ao produtor teve alta de 1,92%, segundo dados do Cepea. Segundo a equipe Leite/Cepea este

aumento foi influenciado pela valorização do produto no Sul do país, principalmente Paraná, e em São Paulo.

Destacam ainda que, segundo agentes consultados, esta alta, típica em período de entressafra, não deve se sustentar

nos próximos meses, uma vez que a demanda pela matéria-prima se desaqueceu em razão das elevadas cotações dos

derivados no atacado e no varejo.

Na avicultura de corte, os volumes em alta (11,75%), paralelos ao menor nível de preços em 2014, na

comparação com os cinco primeiros meses de 2013 (12,52%), resultaram em queda de 2,52% no faturamento da

atividade. Conforme pesquisadores do Cepea, o movimento dos valores do frango vivo seguiu de baixa em maio,

refletindo um cenário de oferta ligeiramente superior à demanda. No atacado, as desvalorizações da carne chegaram

a ser limitadas por conta do maior consumo de início de mês; para o congelado, essa maior procura gerou até

acumulados positivos nas variações mensais. Ainda assim, as vendas ficaram abaixo das esperadas por agentes,

frustrando as expectativas de atacadistas de aquecimento maior com o Dia das Mães. Com isso, o mercado ficou com

estoques relativamente altos.

Em relação à suinocultura, a alta anual esperada no faturamento é de 4,72%, resultado do aumento nas

cotações (5,26% a.a.), uma vez que em volume a expectativa é de baixa (0,51%). Mesmo com esta elevação

esperada para o ano, em maio, pesquisadores do Cepea relataram que por conta das vendas fracas no atacado e

varejo, frigoríficos permaneceram retraídos na compra de animais, na tentativa de negociar o suíno vivo a preços

menores. Em alguns casos, os abatedouros preferiram redistribuir as escalas, alongando-as. Sem condições de

barganhar ao menos a manutenção dos preços, suinocultores venderam os animais a valores mais baixos.

Na Figura 5 estão as variações dos preços reais, dos volumes produzidos e do faturamento das atividades da

pecuária em 2014, no comparativo com 2013.

Figura 5. Variação anual do volume, dos preços e do faturamento da pecuária (janeiro a maio - 2014/2013).

Fonte: Cepea/USP e CNA (elaborado a partir de dados da Cepea, FGV e IBGE).

15,98

-2,24

19,81

11,80

4,72

14,70

-12,52

4,88 9,17

5,26

14,24

-30

-20

-10

0

10

20

Boi gordo Frango Leite Ovos Suínos%

Valor Preço Quantidade

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Relatório PIBAgro-Brasil

Page 9 CEPEA- CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA

AGROINDÚSTRIA VOLTA A CRESCER EM MAIO

Em maio, a indústria ligada ao agronegócio voltou a crescer (0,18%), após recuar no mês anterior, acumulando

alta de 0,44%, nos cinco primeiros meses do ano (Tabela 1). Este desempenho foi resultado, em especial, do

crescimento registrado pela indústria pecuária, que no mês cresceu 1,02%, visto que a indústria de base agrícola ficou

praticamente estável, com leve alta de 0,05%. Em termos acumulados, a indústria pecuária registrou alta de 3,98%

a.a., contra queda de 0,10% da agrícola.

A performance pouco animadora da indústria de base agrícola em maio esteve condicionada à queda

acumulada em seis das dez acompanhadas para o segmento de processamento vegetal (Ver Tabela 2).

Em abril, as indústrias de madeira e mobiliário, têxtil, vestuário, beneficiamento de produtos vegetais e óleos

vegetais recuaram, intensificando a queda no acumulado do ano. A indústria de papel e celulose também registrou leve

queda no mês (0,04%), mas no acumulado do período ainda está em alta (0,21%). Por outro lado, as indústrias de

café e de açúcar, cresceram em maio, mas no balanço do período acumularam recuo semelhante, de 0,18%. As

indústrias de elementos químicos (etanol) e outros alimentos tiveram expansão no mês (0,03% e 0,59%,

respectivamente) e também no acumulado do ano (2,14 e 0,05%, nesta ordem).

Na Figura 6, são apresentadas as variações do volume, dos preços reais e do valor do faturamento das

principais agroindústrias em 2014, na comparação com 2013.

Figura 6. Variação anual do volume, preços e faturamento das agroindústrias (janeiro a maio - 2014/2013)

Fonte: Cepea/USP e CNA (elaborado a partir de dados do IBGE, FGV e Cepea)

A indústria de processamento animal voltou a ganhar ritmo e em maio cresceu 1,02%. Com isso, no acumulado

dos cinco primeiros meses do ano a expansão chegou a 3,98% (Tabela 1).

A indústria de lacticínios se manteve com o desempenho mais expressivo dentre as atividades acompanhadas,

alta de 1,26% no mês e 4,69% no acumulado do período (Tabela 2). Na comparação entre os períodos (jan a mai/14

contra jan a mai/13), o preço médio real dos lácteos cresceu 3%, refletindo o cenário de aceleração das cotações da

matéria-prima e de concorrência na compra do leite cru. Em volume, a expansão foi ainda mais expressiva, de 8,39%

(Figura 6).

-8

-4

0

4

8

12

%

Valor Preço Quantidade

Mad. Mobiliário Cel., Pap. Gráfica Etanol Têxtil Vestuário Café Benef. Prod Vegetais Açúcar Óleos Veg. Outros Alim. Calçados Abate Animais Laticínios

Valor -2,38 0,51 5,21 -2,86 -4,16 -0,43 -7,57 -0,40 -5,06 0,14 4,04 9,41 11,64

Preço -1,34 1,69 3,69 0,04 -2,20 -4,79 0,35 -4,39 -6,67 -1,32 2,79 7,19 3,00

Quantidade -1,06 -1,17 1,47 -2,90 -2,00 4,58 -7,89 4,17 1,73 1,47 1,22 2,07 8,39

Page 10: Relatório PIBAGRO Brasil Maio 2014

Relatório PIBAgro-Brasil

Page 10 CEPEA- CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA

Também com cotações e produção em alta, no comparativo entre os períodos, as indústrias de abate e de

calçados cresceram em maio (0,94% e 0,57%, respectivamente) acumulando no período alta de 3,92% e 1,68%, nessa

ordem.

O segmento de distribuição (comércio e transporte) do agronegócio nacional apresentou crescimento de 0,53%

em maio, acumulando no ano expansão de 1,50%. Para o setor agrícola, a expansão da distribuição no mês foi de

0,23%, o que elevou para 0,38% a taxa acumulada no ano. Refletindo o ritmo mais aquecido a montante, o setor

pecuário cresceu 1,19% no mês e 4,11% no acumulado do período.

CONCLUSÕES

Passados os cinco primeiros meses do ano, o agronegócio nacional seguiu crescendo. Em maio, registrou

expansão de 0,56% elevando para 1,79% a taxa acumulado no ano.

No agronegócio da agricultura, o ritmo de elevação também se manteve (0,28% no mês e 0,88% no período),

especialmente no segmento de insumos e nas atividades dentro da porteira. Já a indústria de processamento vegetal,

mesmo crescendo no mês 0,05%, recuou no acumulado do período (-0,10%). Esta performance negativa refletiu o recuo

acumulado em sete das dez indústrias acompanhadas.

No ramo da pecuária, o crescimento chegou a 1,20% no mês e 3,88% no acumulado dos cinco primeiros meses

do ano. As atividades primárias seguiram liderando o crescimento, acumulando alta de 4,23%. Destaque para a

bovinocultura de corte, que com preços em forte aceleração, fechou o período com expectativa de alta na renda

de15,98%, para 2014.

O bom desempenho do agronegócio neste início de 2014, porém, deve ser considerado com cautela, uma vez

que para os próximos meses a expectativa é de desaceleração nas cotações. O efeito da estiagem tem ficado para

trás, e a oferta, bem como os preços dos alimentos tem voltado à regularidade. Se aos produtores este cenário não é

bem-vindo, aos consumidores o efeito é exatamente o oposto, uma vez que a inflação em maio, medida pelo IPCA foi

de 0,46%, taxa menos expressiva que a de abril (0,67%). Segundo o IBGE, esta desaceleração se explica,

principalmente, pelo grupo alimentação e bebidas, que passou de 1,19% em abril para 0,58% em maio.

Tabela 1 - Variação do PIB do agronegócio nacional (%)

AGROPECUÁRIA

2013/2014 Insumos Primário (A) Indústria Distribuição Agronegócio

Global(B)

Maio 0,21 0,26 -0,80 -0,31 -0,22

Junho 0,17 0,42 0,27 0,25 0,29

Julho 0,05 0,33 0,28 0,25 0,26

Agosto -0,80 -0,53 0,16 -0,11 -0,24

Setembro -0,47 0,02 0,21 0,06 0,03

Outubro 0,09 0,72 0,36 0,24 0,39

Novembro -0,03 0,62 0,20 0,25 0,31

Dezembro 0,46 0,40 0,71 0,56 0,54

Janeiro -0,13 0,20 0,15 0,13 0,13

Fevereiro 0,12 0,41 0,16 0,27 0,26

Março 0,43 0,73 0,15 0,33 0,41

Abril 0,73 1,12 -0,21 0,23 0,42

Maio 0,53 0,99 0,18 0,53 0,56

Acum. no Período (2014) 1,70 3,50 0,44 1,50 1,79

Obs.: (A) Envolve as atividades primárias: "dentro da porteira"; (B) Engloba os quatro segmentos:

insumos, primário, indústria e distribuição.

Page 11: Relatório PIBAGRO Brasil Maio 2014

Relatório PIBAgro-Brasil

Page 11 CEPEA- CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA

AGRICULTURA

2013/2014 Insumos Primário (A) Indústria Distribuição Agronegócio

Global(B)

Maio 0,24 0,08 -0,96 -0,58 -0,47

Junho 0,06 0,19 0,21 0,09 0,16

Julho -0,58 -0,62 0,17 -0,16 -0,20

Agosto -1,45 -1,58 0,07 -0,48 -0,65

Setembro -1,10 -1,17 0,10 -0,41 -0,48

Outubro -0,26 -0,03 0,37 -0,04 0,08

Novembro -0,06 0,43 0,20 0,18 0,22

Dezembro -0,20 0,07 0,66 0,41 0,36

Janeiro -0,33 -0,07 0,02 -0,14 -0,09

Fevereiro 0,08 0,39 0,06 0,11 0,16

Março 0,46 0,77 0,06 0,16 0,30

Abril 0,74 1,11 -0,30 0,01 0,23

Maio 0,26 0,70 0,05 0,23 0,28

Acum. no Período (2014) 1,22 2,93 -0,10 0,38 0,88

Obs.: (A) Envolve as atividades primárias: "dentro da porteira"; (B) Engloba os quatro segmentos:

insumos, primário, indústria e distribuição.

PECUÁRIA

2013/2014 Insumos Primário (A) Indústria Distribuição Agronegócio

Global(B)

Maio 0,16 0,53 0,34 0,38 0,40

Junho 0,35 0,74 0,66 0,64 0,64

Julho 1,05 1,71 1,06 1,27 1,39

Agosto 0,21 0,96 0,80 0,77 0,76

Setembro 0,52 1,66 0,89 1,20 1,24

Outubro 0,63 1,71 0,32 0,90 1,12

Novembro 0,03 0,86 0,17 0,41 0,51

Dezembro 1,46 0,83 1,02 0,89 0,97

Janeiro 0,17 0,54 1,02 0,76 0,61

Fevereiro 0,18 0,45 0,80 0,63 0,51

Março 0,39 0,68 0,75 0,73 0,66

Abril 0,71 1,13 0,33 0,74 0,85

Maio 0,92 1,36 1,02 1,19 1,20

Acum. no Período (2014) 2,39 4,23 3,98 4,11 3,88

Obs.: (A) Envolve as atividades primárias: "dentro da porteira"; (B) Engloba os quatro segmentos:

insumos, primário, indústria e distribuição.

Fonte: CEPEA-USP e CNA

Tabela 2 - Variações Mensais e Acumulada no ano (%) da Agroindústria 2014

INDÚSTRIA

2013/2014 Madeira e

Mobiliário

Celulose,

Papel e

Gráfica

Elementos

Químicos

Têxtil Vestuário Café

Maio 0,06 0,19 -3,53 -0,31 -0,58 0,15

Junho 0,21 0,14 1,58 -0,41 -0,15 -0,02

Page 12: Relatório PIBAGRO Brasil Maio 2014

Relatório PIBAgro-Brasil

Page 12 CEPEA- CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA

Julho 0,34 0,10 1,18 -0,17 -0,24 0,13

Agosto -0,12 0,28 1,20 -0,23 0,14 0,19

Setembro 0,80 0,09 1,45 0,30 0,21 0,09

Outubro -0,15 0,03 3,40 0,06 0,39 -0,05

Novembro 0,20 -0,34 1,67 0,08 -0,33 0,01

Dezembro 0,32 0,15 1,94 0,17 -1,50 -0,14

Janeiro 0,10 0,09 0,91 0,04 -0,28 -0,54

Fevereiro 0,19 0,22 0,26 0,02 -0,04 0,13

Março -0,07 0,02 0,79 -0,08 -0,16 -0,07

Abril -0,82 -0,08 0,13 -0,77 -0,78 0,07

Maio -0,41 -0,04 0,03 -0,42 -0,51 0,23

Acum. no Período (2014) -1,00 0,21 2,14 -1,20 -1,76 -0,18

INDÚSTRIA

2013/2014 Beneficiamento

de Produtos

Vegetais

Açúcar Óleos

Vegetais

Outros

Alimentos Calçados

Abate

de

Animais

Laticínios

Maio 0,71 -3,01 -1,85 -0,37 0,25 -0,10 1,27

Junho 0,26 -0,03 -1,90 -0,34 0,34 0,10 1,92

Julho 0,19 -1,08 -2,90 0,04 0,81 0,11 3,05

Agosto 0,57 -0,85 -2,58 -0,60 1,14 -0,13 2,53

Setembro -0,87 -0,72 -2,71 -0,28 1,49 0,24 1,97

Outubro -0,03 -5,10 -1,41 -0,67 0,63 -0,72 2,20

Novembro 1,01 -0,71 -1,13 -0,83 1,13 -0,70 1,50

Dezembro 1,35 -0,51 -1,57 0,32 1,06 0,76 1,48

Janeiro -0,42 -0,61 -1,57 -0,28 0,32 0,84 1,51

Fevereiro 0,09 0,12 -0,80 -0,13 0,42 0,87 0,78

Março -0,94 -0,01 0,06 -0,01 0,46 0,87 0,61

Abril -1,56 0,04 0,43 -0,12 -0,10 0,34 0,45

Maio -0,40 0,29 -0,24 0,59 0,57 0,94 1,26

Acum. no Período (2014) -3,19 -0,17 -2,11 0,05 1,68 3,92 4,69