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JUNHO 2016 TEMAS ESPECIAIS Inovação é a chave para driblar a crise Desde 2015 a crise econômica brasileira tem causado um aumento no número de desempregos no país, abrindo espaço para novos empreendedores. Stephanie de Paula O Brasil se tornou manchete mundial nos últimos meses, devido à crise econômica enfrentada no país. Crise que tem feito com que muitas pessoas desempregadas ou que necessitam de uma segunda fonte de renda se preocupem. Afinal, qual é a solução? A solução pode estar no empreendedorismo, que nos dá a chance de tirar do papel um projeto antigo que nunca tivemos coragem de prosseguir ou de nem ao menos começar. Nesses casos o ideal é procurarmos o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) que auxilia no desenvolvimento de projetos empreendedores de todo o país. Segundo os dados do Sebrae, em 2013, 99% das empresas formalizadas no país eram micro e pequenas empresas, sendo aproximadamente 9 milhões, responsáveis por 27% do PIB, e geradoras de 52% dos postos de trabalho. O consultor Eduardo Tadeu Mantovani conta que é grande a procura de informações no órgão. “Se contarmos com atendimentos oferecidos individualmente e coletivamente, atendemos em torno de 150 clientes por dia, considerando toda a região que contempla 29 municípios”, diz. Mantovani acrescenta que “para ser empreendedor é necessário que o indivíduo entenda que está assumindo uma grande responsabilidade, além da paciência e comprometimento, sendo a maior dificuldade o comportamento em vez da técnica”. E-commerce ou empresa física? “Não há diferença entre uma empresa online ou física, a única coisa que muda é sua logística, pois a responsabilidade continua sendo a mesma, ou seja, tendo a mesma administração. Os cursos oferecidos pelo Sebrae têm como objetivo melhorar a gestão, porque a maioria dos fracassos acontecem pela falta de conhecimento na gestão empresarial, já que qualquer área necessita dela”, explica o consultor. Com crise, conforme Mantovani, o Sebrae recebe consultas de muitas pessoas desempregadas, que estão com medo de serem despedidas ou simplesmente se cansaram de trabalhar como funcionários e viram o empreendedorismo como uma alternativa, mas de forma voluntária e não involuntária. Além do Sebrae, existem as startups, grupos que tem como proposta inicial conectar pessoas e ideias com o intuito de fomentar o ecossistema empreendedor na cidade, ajudando a criar e desenvolver negócios impactantes. Em Sorocaba já há um grupo formado. Danielle Vieira, CEO e fundadora, fala um pouco sobre a história e a proposta. “Surgiu em 2014 com a necessidade de identificar os negócios inovadores de Sorocaba & Região e os empreendedores por trás dessas ideias. Até então era muito difícil saber tudo o que de excelente existia por aqui e, através de um mapa bem simples, conseguimos nos aproximar desses negócios e dessas pessoas. Já impactamos mais de cinco mil pessoas através de cursos, conteúdo no site, eventos, participação em palestras. Iniciamos nossos eventos com uma média de dez pessoas e hoje conseguimos reunir mais de cem pessoas da comunidade de Sorocaba & Região, em um único evento. Sobre os eventos, ela diz que no início eram mensais e hoje são realizados meetups (encontros informais) a cada três meses, sempre com temas e em locais diferentes, para engajar mais pessoas. Em média ocorrem anualmente mais de dez eventos. Nosso grande objetivo é fazer de Sorocaba uma referência em inovação e empreendedorismo e, para que isso seja mesmo possível, é necessário estabelecer uma nova cultura. Quando falamos de cultura estamos falando de mudança de hábitos e isso exige regularidade, disciplina”, explica. Para abrir um novo negócio é preciso conhecer o mercado onde se pretende atuar, conhecer as necessidades e dores do seu público-alvo, saber dos diferenciais do seu produto. “As empresas que se destacaram no mercado foram exatamente aquelas que fizeram essa lição de casa”, diz. Segundo Danielle, as startups também foram beneficiadas com a crise. “Embora estejamos vivenciando um período econômico crítico, alguns startups têm se beneficiado fazendo da crise oportunidade, e alguns dos fatores que tem contribuído para isso é o fato de serem simples, enxutas, dinâmicas, rápidas” Com o incentivo de equipes como a do Sebrae e a da Startup Sorocaba, é possível colocar em prática diversos esboços, transformando-os em realidade como nas duas histórias a seguir, de dois trabalhadores que não se deixaram abalar pela crise e que deram a volta por cima. Oesner Amaro provou que um bom empreendimento pode surgir de qualquer lugar, gerando novas oportunidades de emprego, ao fechar parcerias lucrativas. Ele conta como surgiu a ideia da “Feira Livre” “Surgiu de acordo com o mercado que tem decaído, sendo as feiras livres as únicas que tem conseguido manter seu público. Eu e meu amigo Mario decidimos então montar uma pequena feira, onde todos os envolvidos teriam vantagem, Sua estratégia também foi primordial para escolha de sua clientela. “A feira tem um público diferenciado, corremos atrás de produtores com os melhores produtos e preços, para poder diversificar”, explica Amaro. “Empreender é um enorme desafio, mas hoje já existem maneiras de fazer com que poupemos tempo e recursos financeiros em busca dos nossos sonhos, minimizando as chances do negócio dar errado”, comenta Danielle. “Não há nenhum problema em falhar, aliás, na trajetória de um empreendedor tudo é aprendizado, mas hoje é possível falhar e aprender mais rápido.” Milton Ramos de Lacerda também serve de inspiração para outros empreendedores. Ex-motorista de ônibus, foi afastado do emprego e superou a crise vendendo ao lado de sua filha, Priscilla Ramos, suco natural de laranja, investimento de mais de mil reais em um carrinho manual, criado especialmente para atender suas necessidades, Milton fez de seu empreendimento sua fonte de renda, levando seu trabalho a diversos bairros, hoje com clientela fixa. “Nosso principal objetivo é levar o suco até as pessoas, levar onde ela está”, diz. Real x Virtual Quando não sabemos dosar nosso comportamento na internet, um conflito entre o real e o virtual se estabelece. Aline Nunes Milton Ramos juntamente a sua filha e seu genro ao lado de seu invento. Foto Divulgação: Startup Sorocaba. Vivemos uma realidade e compartilhamos apenas um esboço dela. Essa é a ver- dade quando se trata da exposição que fazemos nas redes sociais. De certo modo, a tecnologia trouxe consigo inúmeros benefícios, mas a preocupação está no seu mau uso. O virtual está sendo motivo de frustações, brigas entre casais, ansiedade, desconfianças, ilusões e vícios, que acabam gerando pouca interatividade social. O vício virtual está deixando as relações interpessoais escassas, à medida em que as pessoas passam mais tempo na internet do que juntas em um mesmo espaço físico, o contato olho no olho é reduzido. Isso é evidente em casa de famílias com adolescentes, o diálogo entre pais e filhos ocorre com menor frequência, onde muitas vezes, parecem não habitar o Nesse mundo em que a expectativa se instala e em um teclar de dedos tudo pode acon-tecer, vivemos pensando no que poderia se realizar. Em receber a resposta imediata de uma mensagem, por exemplo, ou um convite para sair. Onde está o botão curtir da vida real? Parece que hoje em dia não dá para ser fe-liz apenas uma vez, é preciso reforçar essa felicidade de serem vistas e curtidas, dando a impressão de que, nada que viveu faria sentido se não tivesse sido retratado através de um post. Em casos extremos, a intensidade do filtro usado ultrapassa os limites e chega ao seu grau máximo, onde a “personagem virtual” se torna dificil de ser mantida, e, há quem perca o controle sobre a própria vida original, quando a Segundo a psicóloga Marina de Abreu Alves, em entrevista para o site Como disse Gil Giardelli, um estudioso da Cultura Digital, “Todo mundo deseja uma vida perfeita, mesmo que seja virtual”. Não deixar de viver coletivamente, de ter o contato com próximo e evitar a descaracteri- zação de nós mesmos nas redes, é a base para transitar de forma saudável entre os dois universos. Ali está um recinto onde tudo demonstra se ajustar, as fotos são as mais belas, as histórias da linha do tempo contam a parte mais interessante de cada “personagem”. Minha Vida, nas redes sociais existe uma tendência de expressão emocional mais intensa. Tanto de alegria, como de angústia. “Percebo A busca do equilíbrio entre esses mundos, o real e o virtual, requer disciplina. A questão é, como conviver nos dois mundos de forma positiva? mesmo ambiente. Outra consequência desse vício, é a ansiedade. nas redes, a fim de alimentar o desejo prioridade está reduzida em telas.

Startup Sorocaba: Entrevista - Jornal Rede Repórter

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Page 1: Startup Sorocaba: Entrevista - Jornal Rede Repórter

JUNHO 2016 TEMAS ESPECIAIS Inovação é a chave para driblar a crise

Desde 2015 a crise econômica brasileira tem causado um aumento no número de desempregos no país, abrindo espaço para novos empreendedores.

Stephanie de PaulaO Brasil se tornou manchete mundial nos últimos meses, devido à crise econômica enfrentada no país. Crise que tem feito com que muitas pessoas desempregadas ou que necessitam de uma segunda fonte de renda se preocupem. Afinal, qual é a solução? A solução pode estar no empreendedorismo, que nos dá a chance de tirar do papel um projeto antigo que nunca tivemos coragem de prosseguir ou de nem ao menos começar. Nesses casos o ideal é procurarmos o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) que auxilia no desenvolvimento de projetos empreendedores de todo o país.Segundo os dados do Sebrae, em 2013, 99% das empresas formalizadas no país eram micro e pequenas empresas, sendo aproximadamente 9 milhões, responsáveis por 27% do PIB, e geradoras de 52% dos postos de trabalho.

O consultor Eduardo Tadeu Mantovani conta que é grande a procura de informações no órgão. “Se contarmos com atendimentos oferecidos individualmente e coletivamente, atendemos em torno de 150 clientes por dia, considerando toda a região que contempla 29 municípios”, diz.

Mantovani acrescenta que “para ser empreendedor é necessário que o indivíduo entenda que está assumindo uma grande responsabilidade, além da paciência e comprometimento, sendo a maior dificuldade o comportamento em vez da técnica”.E-commerce ou empresa física? “Não há diferença entre uma empresa online ou física, a única coisa que muda é sua logística, pois a responsabilidade continua sendo a mesma, ou seja, tendo a mesma administração. Os cursos oferecidos pelo Sebrae têm como objetivo melhorar a gestão, porque a maioria dos fracassos acontecem pela falta de conhecimento na gestão empresarial, já que qualquer área necessita dela”, explica o consultor.

Com crise, conforme Mantovani, o Sebrae recebe consultas de muitas pessoas desempregadas, que estão com medo de serem despedidas ou simplesmente se cansaram de trabalhar como funcionários e viram o empreendedorismo como uma alternativa, mas de forma voluntária e não involuntária.

Além do Sebrae, existem as startups, grupos que tem como proposta inicial conectar pessoas e ideias com o intuito de fomentar o ecossistema empreendedor na cidade, ajudando a criar e desenvolver negócios impactantes.

Em Sorocaba já há um grupo formado. Danielle Vieira, CEO e fundadora, fala um pouco sobre a história e a proposta. “Surgiu em 2014 com a necessidade de identificar os negócios inovadores de Sorocaba & Região e os empreendedores por trás dessas ideias. Até então era muito difícil saber tudo o que de excelente existia por aqui e, através de um mapa bem simples, conseguimos nos aproximar desses negócios e dessas pessoas.

Já impactamos mais de cinco mil pessoas através de cursos, conteúdo no site, eventos, participação em palestras. Iniciamos nossos eventos com uma média de dez pessoas e hoje conseguimos reunir mais de cem pessoas da comunidade de Sorocaba & Região, em um único evento.

Sobre os eventos, ela diz que no início eram mensais e hoje são realizados meetups (encontros informais) a cada três meses, sempre com temas e em locais diferentes, para engajar mais pessoas. Em média ocorrem anualmente mais de dez eventos.

Nosso grande objetivo é fazer de Sorocaba uma referência em inovação e empreendedorismo e, para que isso seja mesmo possível, é necessário estabelecer uma nova cultura. Quando falamos de cultura estamos falando de mudança de hábitos e isso exige regularidade, disciplina”, explica.

Para abrir um novo negócio é preciso conhecer o mercado onde se pretende atuar, conhecer as necessidades e dores do seu público-alvo, saber dos diferenciais do seu produto. “As empresas que se destacaram no mercado foram exatamente aquelas que fizeram essa lição de casa”, diz.

Segundo Danielle, as startups também foram beneficiadas com a crise. “Embora estejamos vivenciando um período econômico crítico, alguns startups têm se beneficiado fazendo da crise oportunidade, e alguns dos fatores que tem contribuído para isso é o fato de serem simples, enxutas, dinâmicas, rápidas”

Com o incentivo de equipes como a do Sebrae e a da Startup Sorocaba, é possível colocar em prática diversos esboços, transformando-os em realidade como nas duas histórias a seguir, de dois trabalhadores que não se deixaram abalar pela crise e que deram a volta por cima.Oesner Amaro provou que um bom empreendimento pode surgir de qualquer lugar, gerando novas oportunidades de emprego, ao fechar parcerias lucrativas. Ele conta como surgiu a ideia da “Feira Livre” “Surgiu de acordo com o mercado que tem decaído, sendo as feiras livres as únicas que tem conseguido manter seu público. Eu e meu amigo Mario decidimos então montar uma pequena feira, onde todos os envolvidos teriam vantagem,

Sua estratégia também foi primordial para escolha de sua clientela. “A feira tem um público diferenciado, corremos atrás de produtores com os melhores produtos e preços, para poder diversificar”, explica Amaro.

“Empreender é um enorme desafio, mas hoje já existem maneiras de fazer com que poupemos tempo e recursos financeiros em busca dos nossos sonhos, minimizando as chances do negócio dar errado”, comenta Danielle. “Não há nenhum problema em falhar, aliás, na trajetória de um empreendedor tudo é aprendizado, mas hoje é possível falhar e aprender mais rápido.”

Milton Ramos de Lacerda também serve de inspiração para outros empreendedores. Ex-motorista de ônibus, foi afastado do emprego e superou a crise vendendo ao lado de sua filha, Priscilla Ramos, suco natural de laranja, investimento de mais de mil reais em um carrinho manual, criado especialmente para atender suas necessidades, Milton fez de seu empreendimento sua fonte de renda, levando seu trabalho a diversos bairros, hoje com clientela fixa. “Nosso principal objetivo é levar o suco até as pessoas, levar onde ela está”, diz.

Real x VirtualQuando não sabemos dosar nosso comportamento na internet, um conflito entre o real e o virtual se estabelece.

Aline Nunes

Milton Ramos juntamente a sua filha e seu genro ao lado de seu invento.

Foto Divulgação: Startup Sorocaba.

Vivemos uma realidade e compartilhamos apenas um esboço dela. Essa é a ver-dade quando se trata da exposição que fazemos nas redes sociais. De certo modo, a tecnologia trouxe consigo inúmeros benefícios, mas a preocupação está no seu mau uso. O virtual está sendo motivo de frustações, brigas entre casais, ansiedade, desconfianças, ilusões e vícios, que acabam gerando pouca interatividade social.

O vício virtual está deixando as relações interpessoais escassas, à medida em que as pessoas passam mais tempo na internet do que juntas em um mesmo espaço físico, o contato olho no olho é reduzido. Isso é evidente em casa de famílias com adolescentes, o diálogo entre pais e filhos ocorre com menor frequência, onde muitas vezes, parecem não habitar o

Nesse mundo em que a expectativa se instala e em um teclar de dedos tudo pode acon-tecer, vivemos pensando no que poderia se realizar. Em receber a resposta imediata de uma mensagem, por exemplo, ou um convite para sair.Onde está o botão curtir da vida real? Parece que hoje em dia não dá para ser fe-liz apenas uma vez, é preciso reforçar essa felicidade

de serem vistas e curtidas, dando a impressão de que, nada que viveu faria sentido se não tivesse sido retratado através de um post. Em casos extremos, a intensidade do filtro usado ultrapassa os limites e chega ao seu grau máximo, onde a “personagem virtual” se torna dificil de ser mantida, e, há quemperca o controle sobre a própria vida original, quando a

Segundo a psicóloga Marina de Abreu Alves, em entrevista para o site

Como disse Gil Giardelli, um estudioso da Cultura Digital, “Todo mundo deseja uma vida perfeita, mesmo que seja virtual”.

Não deixar de viver coletivamente, de ter o contato com próximo e evitar a descaracteri-zação de nós mesmos nas redes, é a base para transitar de forma saudável entre os dois universos.

Ali está um recinto onde tudo demonstra se ajustar, as fotos são as mais belas, as histórias da linha do tempo contam a parte mais interessante de cada “personagem”.

Minha Vida, nas redes sociais existe uma tendência de expressão emocional mais intensa. Tanto de alegria, como de angústia. “Percebo A busca do equilíbrio entre esses mundos, o real e o virtual, requer disciplina.

A questão é, como conviver nos dois mundos de forma positiva?

mesmo ambiente. Outra consequência desse vício, é a ansiedade.

nas redes, a fim de alimentar o desejo

prioridade está reduzida em telas.