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i USO OPTIMAL DO TERRITÓRIO DE BACIA HIDROGRÁFICA COM FUNDAMENTOS NO CONCEITO DE GEOCIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS – BACIA DO RIBEIRÃO ENTRE RIBEIROS NO VALE DO RIO PARACATU.

Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu

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A agricultura oferece um desafio à humanidade não somente no que diz respeito à produção, mas, sobretudo à não destruição dos sistemas naturais nos quais está inserida e faz parte, a saber, a bacia hidrográfica e os ecossistemas associados. Nesse sentido, faz-se necessário adotar e perseguir modos de conjugação da atividade econômica com a geo-ecologia para um processo de sustentação tanto dos sistemas naturais quanto dos aspectos econômicos inerentes e desenvolvidos nestas regiões. A bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, pertencente ao Vale do Rio Paracatu, afluente da margem esquerda no médio curso do Rio São Francisco, ocupada basicamente pela atividade agrícola, é um caso claro onde uma intervenção abrupta sobre o ambiente natural foi proferida, haja visto que várias condições geo-ambientais não foram e não têm sido devidamente contempladas e respeitadas. Os reflexos, em decorrência do intenso e, muitas vezes, inadequado uso, apresentam, atualmente, um baixo grau de conservação ambiental, com conseqüências sobretudo nos recursos hídricos, na vegetação e na fauna. Soma-se a isso, o fato de que a maior parte dos produtores rurais da bacia se encontra, hoje, em uma situação econômica extremamente delicada, fruto de crises conjunturais passadas e de intensos investimentos e empréstimos que ainda não foram amortizados. Diante deste quadro, este estudo visou fornecer e projetar, a partir do levantamento sistemático das características de formação e da avaliação das condições atuais da bacia, algumas medidas e proposições de solução e mitigação frente aos principais desequilíbrios, no intuito de alcançar um ordenamento territorial e, conseqüentemente, conferir a possibilidade de usar o terreno de maneira ótima e inteligente. Para isso foi realizado um levantamento bibliográfico com ênfase em técnicas de plantio e conceitos para aplicação de corredores florestais com vistas a compreender e indicar medidas que conciliem o binômio ecologia-economia. Após esta etapa, foram avaliadas as principais distorções do uso antrópico na bacia e elaborado um mapa de utilização do território atual o qual possibilitou verificar o grau de estabilidade e geovulnerabilidade através do índice de vegetação para as relações entre as formações vegetais e áreas desmatadas, isto é, tipos de vegetação que ainda permaneceram pelas áreas totais da bacia. Este mostrou que tal bacia apresenta um quadro preocupante, uma vez que a cobertura natural está na ordem de 31,21% em relação à sua área total e ainda com tendências a uma maior diminuição. O passo seguinte foi a geração de uma proposta de zoneamento através de Unidades Geoambientais homogêneas, visto que esta permite uma compreensão ampliada e aplicada dos processos e favorece a gestão territorial. Tal proposta culminou na criação de 7 Unidades tendo como base o cruzamento das classes de Geomorfologia, Pedologia e Lito

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USO OPTIMAL DO TERRITÓRIO DE BACIA HIDROGRÁFICA

COM FUNDAMENTOS NO CONCEITO DE GEOCIÊNCIAS

AGRÁRIAS E AMBIENTAIS – BACIA DO RIBEIRÃO ENTRE

RIBEIROS NO VALE DO RIO PARACATU.

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Reitor

João Luiz Martins

Vice-Reitor

Antenor Barbosa Júnior

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

Tanus Jorge Nagem

ESCOLA DE MINAS

Diretor

José Geraldo Arantes de Azevedo Brito

Vice-Diretor

Marco Túlio Ribeiro Evangelista

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Chefe

Selma Maria Fernandes

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EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – SÉRIE M - VOL. 44

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Nº 256

USO OPTIMAL DO TERRITÓRIO DE BACIA HIDROGRÁFICA COM

FUNDAMENTOS NO CONCEITO DE GEOCIÊNCIAS AGRÁRIAS E

AMBIENTAIS – BACIA DO RIBEIRÃO ENTRE RIBEIROS NO VA LE DO

RIO PARACATU.

Lawrence de Andrade Magalhães Gomes

Orientador

Paulo Pereira Martins Júnior

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais

do Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito

parcial à obtenção do Título de Mestre. Área de Concentração: Geologia Ambiental e Conservação de

Recursos Naturais

OURO PRETO

2007

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Andrade, L.M.G., 2007. Uso Optimal do Território de Bacia Hidrográfica com Fundamentos no Conceito de ....................

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Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br Escola de Minas - http://www.em.ufop.br Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/ Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita 35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: [email protected] Os direitos de tradução e reprodução reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância das normas de direito autoral.

ISSN 85-230-0108-6

Depósito Legal na Biblioteca Nacional

Edição 1

Catalogação: [email protected]

G633u Andrade, Lawrence Magalhães Gomes. Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais [manuscrito]: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu / Lawrence de Andrade Magalhães Gomes. xxviii, 191 f. : il. color.; grafs.; tabs.; mapas. (Contribuições às ciências da terra, Série M, v.44, n. 256,) ISSN: 85-230-0108-6 Orientador: Prof. Dr. Paulo Pereira Martins Júnior. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Geologia. Programa de Pós-graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais.

1. Geociências - Teses. 2. Ciências ambientais - Teses. 3. Bacia hidrográfica - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

CDU: 55

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“Soluções que não levam em conta

as reações do coração humano

ou são nocivas, ou são simplórias”

Ivan Illich

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Agradecimentos

Agradeço aos meus pais, minha irmã, e todos os familiares pelo amor, apoio, carinho, força e

compreensão durante essa etapa da minha vida. Sem a ajuda deles nada disso teria sido possível. Amo

vocês!

À Paula, meu amor, por alegrar incomensuravelmente minha vida, pelo companheirismo, afeto, ternura, e

por ser minha fonte de inspiração, e minha luz brilhante nas noites mais escuras.

Um agradecimento especial ao meu orientador, Paulo Martins, pela sugestão do tema da dissertação e por

ser responsável pelo grande salto de conhecimento conseguido no decorrer deste trabalho, tanto do ponto

de vista científico e, sobretudo, humanístico, além do exemplo de determinação, bondade e de existência.

À Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), Setor de Recursos da Água (SAA), pela

disponibilização de infra-estrutura, pelo apoio institucional e logístico, buscando a interação entre

Universidade e Fundação no desenvolvimento da pesquisa aplicada no estado, através do programa de

pesquisas coordenado pelo orientador.

À equipe e amigos do CETEC, dentre eles Leandro Arb, pelo grande auxílio na produção cartográfica,

Marcos Brito, pela normatização e tratamento final de algumas imagens cartográficas, Danilo Paiva, Vitor

Vieira, Rafael Franca, Cláudio Diniz, Kristoffer, Juan Soria, Daniel Campolina, Jairo Cambraia, Marco

Aurélio, João Álvaro, Marco Antônio e Luis Felipe.

À Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Departamento de Geologia (DEGEO) pela oportunidade

de desenvolver o trabalho de dissertação.

Na UFOP, agradeço aos professores Mariângela Garcia, Frederico Sobreira, Paulo de Tarso, André

Danderfer, pelos ensinamentos e por sempre se prontificaram a comentar e tirar dúvidas durante o

desenvolvimento da dissertação.

Aos funcionários Édson e Aparecida pela cordialidade e prestatividade, além do grande auxílio logístico

fornecido na secretária da Pós-Graduação.

Aos meus colegas do curso de pós-graduação que me acompanharam e ajudaram a vencer as dificuldades

existentes nessa desafiante etapa. Em especial para a Cristina Rocha, pelo apoio, sobretudo, nos trabalhos

de campo, à Milene Domingues, Makênia Oliveira, Ruzimar Tavares, Leonardo Andrade, Carolina,

Josefa, Augusta, Cláudio, Larissa Andrade, Ronal Rafael, Érica e Aline.

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Sou incalculavelmente grato ao carinho, receptividade e cuidados provenientes da Tia Lúcia, Miriam, e

minha prima Natália que me hospedaram em sua casa em Mariana-MG durante o meu percurso e

realização das cadeiras em Ouro Preto.

À Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): ao Instituto de Geociências (IGC), ao Departamento de

Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA) e ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB), pela realização de

algumas disciplinas e principalmente aos professores Cristiane Valéria Oliveira, Nilo Nascimento e Leila

Nunes Menegasse que contribuíram enormemente para o aprendizado no mestrado.

À REDEMAT pela possibilidade de cursar a disciplina Epistemologia Fundamentadora, ministrada pelo

Professor e Orientador desta dissertação, Paulo Martins.

Aos amigos, a família que nos foi possível escolher, sejam os de infância, de faculdade ou constituídos no

decorrer da vida: Alexandre, Cibele, Digo, Guilherme, Hellerman, Hugo, Mariana, Sal, Érica, Fernando

Gomes Braga, Fernando César, Marco (Polo), Paulo Roberto Braga, André, Gabriela, Bruna, Lucas,

Allan, Alex, entre outros tantos, pela companhia nos momentos de descontração, pelo apoio de uma

maneira geral e por enriquecerem minha vida.

Um agradecimento especial aos Professores convidados a compor a Banca Examinadora, na qual estão

presentes a Professora Mariângela Garcia Leite, do DEGEO/UFOP, e a Professora Cristiane Valéria

Oliveira, do IGC/UFMG, além é claro do Professor e Orientador Paulo Martins (DEGEO/UFOP). É de

grande satisfação e honra ser avaliado por Professores tão competentes e cordiais.

Por fim, e de suma importância para concretização deste estudo, agradeço ao Fundo Setorial CT-Hidro do

Ministério de Ciência e Tecnologia pelo fornecimento de uma bolsa de estudos, através do CNPq, bem

como pelo financiamento deste ao Projeto de Conservação de Recurso Hídrico no Âmbito da Gestão

Ambiental e Agrícola de Bacia Hidrográfica (CRHA), que teve ainda o apoio financeiro da FINEP, sendo

este Projeto, fundamental e responsável por recursos disponibilizados, principalmente quanto aos

materiais, análises e trabalhos de campo.

Se eu me esqueci de alguém, mil desculpas, mas pode ter certeza que a sua ajuda foi de grande valia e

importância.

OBRIGADO A TODOS.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Sumário

AGRADECIMENTOS.................................................................................................... ...........ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES..................................................................................................... xv

LISTA DE TABELAS.............................................................................................................. xix

LISTA DE QUADROS ............................................................................................................ xxi

LISTA DE ANEXOS.............................................................................................................. xxiii

RESUMO ..................................................................................................................................xxv

ABSTRACT........................................................................................................................... xxvii

CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS ........................................................ 1

1.1. Introdução e Fundamentação do Problema ................................................................... .........1

1.2. Objetivos ................................................................................................................................ 4

1.3. Localização ............................................................................................................................ 5

1.4. Métodos Utilizados e Propedêutica........................................................................................ 7

CAPÍTULO 2. CORREDORES FLORESTAIS ECOLÓGICO-ECONÔMI COS – UMA

BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................. 11

2.1. Definições Primárias. ........................................................................................................... 12

2.2. Geometria de Corredores. .................................................................................................... 14

2.3. Procedimentos e Técnicas de Plantio para o Resgate de Espaços Florestais ....................... 17

2.3.1. Chuva de Sementes ................................................................................................. 17

2.3.2. Dispersão de Sementes............................................................................................ 18

2.3.3. Transposição de Solos............................................................................................. 19

2.4. Algumas Limitações na Implantação de Corredores............................................................ 22

2.5. Processos de Sucessão e Outros Métodos de Nucleação...................................................... 22

2.6. Alguns Comentários Sobre Espécies Invasoras. .................................................................. 30

2.7. Questões Seqüenciais Sobre Viabilidade ............................................................................. 32

2.7.1. Introdução de Espécies de Valor Econômico e Subsistência.................................. 32

2.7.2. Escolha de Espécies Ecológico-Econômicas .......................................................... 36

2.7.3. Aspectos Geomórficos ............................................................................................ 36

CAPÍTULO 3. CONCEITOS PARA O DESENVOLVIMENTO ECO-SU STENTÁVEL

EM ÁREAS RURAIS AGRÍCOLAS E FLORESTAIS............................... 39 3.1. Conceito de Geociências Agrárias e Ambientais................................................................. 40

3.2. Ecologia Economia - O Binômio Desejável......................................................................... 40

3.3. Modelos de Conservação de Recursos Hídricos .................................................................. 41

3.4. Modelos de Florestas – As Florestas Ecológico-Econômicas.............................................. 42

3.5. Ordenamento do Território................................................................................................... 44

3.6. Planejamento, Autonomia e Gestão de Bacias Hidrográficas.............................................. 45

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3.7. Cenários Ambientais e Monitoramento Ambiental Contínuo .............................................. 47

3.8. Unidades Geoambientais ...................................................................................................... 49

3.9. Zonas de Recarga de Aqüíferos e Áreas Precisas de Recarga.............................................. 50

3.10. Geovulnerabilidade Ambiental........................................................................................... 51

3.11. Política de Uso Optimal do Solo ........................................................................................ 52

3.12. Produção Rural em Agro-Negócio e em Pequenas Propriedades.......................................53

3.13. Políticas de Fomento .......................................................................................................... 55

3.14. Mapeamento dos Instrumentos Legais ............................................................................... 55

CAPÍTULO 4. ASPECTOS GERAIS E CARACTERIZAÇÃO DO MEI O FÍSICO DA BACIA HIDROGRÁFICA EM ESTUDO..................................................... 59

4.1. Geologia Regional ................................................................................................................ 59

4.2. Geomorfologia...................................................................................................................... 64

4.3. Pedologia .............................................................................................................................. 68

4.4. Clima .................................................................................................................................... 72

4.5. Rede Hidrográfica ................................................................................................................ 73

4.6. Hidrologia............................................................................................................................. 78

4.7. Hidrogeologia ....................................................................................................................... 82

4.8. Aspectos Bióticos ................................................................................................................. 83

4.8.1. Cobertura Vegetal ................................................................................................... 83

4.8.2. Fauna....................................................................................................................... 86

4.9. Processo de Ocupação da Região ......................................................................................... 89

4.10. Contexto Sócio-Econômico ............................................................................................... 91

CAPÍTULO 5. CENÁRIO ATUAL DA BACIA – PRINCIPAIS

DESCONFORMIDADES ............................................................................... 95

5.1. Desmatamento Extensivo ..................................................................................................... 95

5.2. Problemas Hídricos – Consumo Elevado da Água e Conflitos no Uso da Irrigação, Contaminação e Ocupação de Zonas de Recarga de Aqüíferos......................................... 106

5.3. Degradação do Solo............................................................................................................ 113

5.4. O Projeto de Colonização Paracatu Entre Ribeiros e a Atual Situação de Grande Parte dos Agricultores da Bacia......................................................................................................... 116

CAPÍTULO 6. PROPOSTA DE ZONEAMENTO EM UNIDADES GEOA MBIENTAIS MORFOGEOPEDOLÓGICAS.................................................................... 119

6.1. Unidade 1 – Áreas de Superfície Tabular Elevada............................................................. 124

6.2. Unidade 2 – Áreas de Cristas e Vertentes. ......................................................................... 125

6.3. Unidade 3 – Áreas de Colinas e Vertentes ......................................................................... 126

6.4. Unidade 4 – Áreas Associadas ao Calcário ........................................................................ 127

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6.5. Unidade 5 – Áreas de Superfície Tabular Intermediária.................................................... 128

6.6. Unidade 6 – Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada. ...................................128

6.7. Unidade 7 – Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo......................................... 129

6.8. Mapa de Unidades Geoambientais da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros. ......................... 130

CAPÍTULO 7. CENÁRIO ALTERNATIVO – A PROPOSIÇÃO DO U SO ORDENADO

E OPTIMAL DA BACIA DO RIBEIRÃO ENTRE RIBEIROS ...... ........ 133

7.1. Proposta de Conservação, “Reconstrução” e Integração do Bioma com os Corredores Florestais Ecológico-Econômicos em Entre Ribeiros. ...................................................... 134

7.2. Outras Medidas de Mitigação para a Situação dos Produtores, Conservação do Solo e da Água. ................................................................................................................................. 138

7.3. Conclusões. ........................................................................................................................ 142

CAPÍTULO 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 145

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 149

ANEXOS .................................................................................................................................. 155

BANCA EXAMINADORA ( Ficha de Aprovação) ............................................................... 191

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Lista de Ilustrações

Figura 1.1- Localização da Região em Estudo............................................................................. 6

Figura 2.1- Estrutura e Composição Geral dos Corredores Florestais Ecológico-Econômicos Propostos para um Cenário em que as Variáveis Físicas e Sociais se Mostrem Favoráveis.. 15

Figura 4.1- Perfil Geológico Esquemático da Região em Estudo.............................................. 61

Figura 4.2- Carta Lito-Estratigráfica da Área da Bacia de Entre Ribeiros................................. 63

Figura 4.3- Carta de Geomorfologia da Área da Bacia de Entre Ribeiros................................. 65

Figura 4.4- Modelo Digital de Elevação do Terreno da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros....... 68

Figura 4.5- Carta de Pedologia da área da bacia de Entre Ribeiros ........................................... 69

Figura 4.6- Balanço Hídrico Climatológico da Bacia do Rio Paracatu – 1961-1990 ................ 73

Figura 4.7- Carta da Rede Hidrográfica da Área da Bacia de Entre Ribeiros............................ 74

Figura 4.8- Carta da Rede Hidrográfica da Área da Bacia de Entre Ribeiros sob o Ordenamento de Canais de Strahler.............................................................................................................. 75

Figura 4.9- Vista do Ribeirão Entre Ribeiros............................................................................. 77

Figura 4.10- Hidrograma Representando a Contribuição de Todas as Sub-Bacias na Vazão Total do Rio Paracatu............................................................................................................. 79

Figura 4.11- Hidrograma Representando as Vazões Médias Mensais no Médio Paracatu entre 1940 e 1994............................................................................................................................ 80

Figura 4.12- Hidrograma Representando a Contribuição de Todas as Sub-Bacias na Vazão do Médio Paracatu ................................................................................................................. 80

Figura 4.13- Hidrograma Representando a Contribuição Percentual das Sub-Bacias na Vazão do Médio Paracatu ................................................................................................................. 81

Figura 4.14- Carta de Aqüíferos da Área da bacia de Entre Ribeiros........................................ 82

Figura 4.15- Exemplo do Ecossistema de Veredas na Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros ......... 86

Figura 4.16- Espécie Hydrochaerus hidrochaeris (Capivara) em uma Lagoa Represada da Bacia ...................................................................................................................................... 88

Figura 5.1- Exemplo de Desmatamento Extensivo Devido à Agricultura Intensiva em Entre Ribeiros .................................................................................................................................. 97

Figura 5.2- Queimadas e Retirada da Vegetação Nativa para Produção de Carvão. Nesta região foram observados vários fornos de carvoejamento e usos de moto-serra. ............................. 99

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Figura 5.3- Exemplo de Retirada da Vegetação do Curso d’Água (Mata Ciliar) para dar Lugar à Pastagem............................................................................................................................... 102

Figura 5.4- Exemplo de Degradação de um Ambiente Aquático, no caso uma Lagoa Marginal Represada ............................................................................................................................. 102

Figura 5.5- Uso do solo em Entre Ribeiros. Vegetação e Atividades Antrópicas com destaque para a “Descontinuidade Floral do Bioma”.......................................................................... 104

Figura 5.6- Exemplo Típico de uma Área Cultivada Irrigada por Pivô Central na Foz do Ribeirão Entre Ribeiros. A topografia favorece bastante este método de manejo, entretanto, o uso intenso e a supressão de todo o ecossistema natural comprometem o tempo de uso, os recursos hídricos e, conseqüentemente, o futuro econômico da região.................................................................................................................................... 105

Figura 5.7- Exemplo da Magnitude dos Pivôs Centrais em Entre Ribeiros ............................. 106

Figura 5.8- Caso Típico de Irrigação por Aspersão com Pivô Central no Vale de Entre Ribeiros em que Ocorre uma Elevada Perda por Evaporação. Neste caso ainda é possível visualizar quatro espécies oportunistas da avifauna adaptadas às intervenções antrópicas, caracterizando uma situação adaptativa ............................................................................... 107

Figura 5.9- Exemplo de um dos Extensos Canais de Irrigação no Vale de Entre Ribeiros. A exposição demasiada à insolação e às temperaturas elevadas acarreta em grandes perdas de água por evaporação............................................................................................................. 108

Figura 5.10- Barragem Construída sobre o Ecossistema de Vereda. Percebe-se claramente a descontinuidade e o comprometimento deste ambiente com a elevação do nível d’água.... 109

Figura 5.11- Represamento de um Ecossistema de Veredas em um Estágio Mais Avançado. 109

Figura 5.12- Exemplo de uma Ocupação Intensiva, Favorecida pelas Características Físicas, em uma Possível Área de Recarga de Aqüífero na Porção Oeste da Bacia ............................... 110

Figura 5.13- Imagem de Satélite Evidenciando a Magnitude dos Projetos Agrícolas na Foz do Ribeirão Entre Ribeiros........................................................................................................ 112

Figura 5.14- Erosão Laminar em Área de Agricultura de Sequeiro Abandonada e Tomada pela Pastagem............................................................................................................................... 115

Figura 5.15- Erosão Laminar em Conseqüência da Retirada da Vegetação Natural e Agravada pelo Gado ............................................................................................................................. 115

Figura 6.1- Mapa com a Proposta de Unidades Geoambientais da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros na Escala de 1:250.000 .......................................................................................... 131

Figura 7.1- Proposta de Corredores Florestais Ecológico-Econômicos pelas Linhas de Cumeadas, sendo esta uma Forma de Replantio entre outras não menos Expressivas, mas Selecionada em Função das Características Geológicas e Geomórficas Favoráveis, onde os Desníveis não são tão Acentuados e as Cumeadas, em geral, também são Propícias e Aptas para a Silvicultura e ao Manejo Agrícola, bem como em Função do Atual Uso ................. 136

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Figura 7.2- Exemplo de um dos Extensos Canais de Irrigação no Vale de Entre Ribeiros que Necessitam de uma Medida para Diminuir as Enormes Perdas de Água por Evaporação. . 139

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Lista de Tabelas

Tabela 5.1- Largura da Faixa Marginal Considerada Área de Preservação Permanente em Função da Largura dos Cursos d’Água................................................................................ 100

Tabela 5.2- Largura da Faixa Marginal Considerada Área de Preservação Permanente em Função da Localização das Lagoas Marginais..................................................................... 101

Tabela 6.1- Resultado Simplificado do Cruzamento Entre as Classes de Geomorfologia, Lito-Estratigrafia e Pedologia ...................................................................................................... 121

Tabela 6.2- Matriz de Correlação Entre as Classes de Geomorfologia, Lito-Estratigrafia e Pedologia Destacando os Valores Relativos de Incidência em Relação à Área Total da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros................................................................................................... 122

Tabela 6.3- Matriz de Correlação Entre as Classes de Geomorfologia, Lito-Estratigrafia e Pedologia Destacando a Associatividade Entre as Classes.................................................. 123

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Lista de Quadros

Quadro 4.1- Litoestratigrafia da Bacia de Entre Ribeiros.......................................................... 62

Quadro 4.2- Formas Mórficas da Bacia de Entre-Ribeiros........................................................ 66

Quadro 4.3- Unidades Pedológicas da Bacia de Entre-Ribeiros................................................ 70

Quadro 4.4- Espécies Ameaçadas de Extinção que Foram Catalogadas na Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros ........................................................................................................................ 88

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Lista de Anexos

Anexo I- Modalidades Cósmicas segundo Martins Jr. (2002) baseado em Dooyeweerd (1958) .............................................................................................................................. 155

Anexo II- Rodas de Correlação presentes nos Sistema Orci .................................................... 157

Anexo III- Carta de Curvas de Nível da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros............................. 159

Anexo IV- Carta de Altimetria da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros....................................... 161

Anexo V- Lista das Espécies de Fauna Presentes na Bacia por Nome Científico e Popular.... 163

Anexo VI- Tabela com os cálculos de Cobertura Vegetal Atual da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros ................................................................................................................................ 165

Anexo VII- Carta de Fraturas sobre as Unidades Geomorfológicas da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros ................................................................................................................................ 171

Anexo VIII- Síntese da Tabela de cálculos das Matrizes e a denominação de Unidades ........ 173

Anexo IX - Mapa com os pontos visitados nos trabalhos de campo realizados entre Outubro de 2005 e Setembro de 2006..................................................................................................... 181

Anexo X- Síntese das tabelas com as descrições dos pontos visitados nos trabalhos de campo .................................................................................................................................. 183

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Andrade, L.M.G., 2007. Uso Optimal do Território de Bacia Hidrográfica com Fundamentos no Conceito de ....................

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Resumo

A agricultura oferece um desafio à humanidade não somente no que diz respeito à produção, mas,

sobretudo à não destruição dos sistemas naturais nos quais está inserida e faz parte, a saber, a bacia

hidrográfica e os ecossistemas associados.

Nesse sentido, faz-se necessário adotar e perseguir modos de conjugação da atividade econômica

com a geo-ecologia para um processo de sustentação tanto dos sistemas naturais quanto dos aspectos

econômicos inerentes e desenvolvidos nestas regiões.

A bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, pertencente ao Vale do Rio Paracatu, afluente da margem

esquerda no médio curso do Rio São Francisco, ocupada basicamente pela atividade agrícola, é um caso

claro onde uma intervenção abrupta sobre o ambiente natural foi proferida, haja visto que várias condições

geo-ambientais não foram e não têm sido devidamente contempladas e respeitadas.

Os reflexos, em decorrência do intenso e, muitas vezes, inadequado uso, apresentam, atualmente,

um baixo grau de conservação ambiental, com conseqüências sobretudo nos recursos hídricos, na

vegetação e na fauna. Soma-se a isso, o fato de que a maior parte dos produtores rurais da bacia se

encontra, hoje, em uma situação econômica extremamente delicada, fruto de crises conjunturais passadas

e de intensos investimentos e empréstimos que ainda não foram amortizados.

Diante deste quadro, este estudo visou fornecer e projetar, a partir do levantamento sistemático

das características de formação e da avaliação das condições atuais da bacia, algumas medidas e

proposições de solução e mitigação frente aos principais desequilíbrios, no intuito de alcançar um

ordenamento territorial e, conseqüentemente, conferir a possibilidade de usar o terreno de maneira ótima e

inteligente.

Para isso foi realizado um levantamento bibliográfico com ênfase em técnicas de plantio e

conceitos para aplicação de corredores florestais com vistas a compreender e indicar medidas que

conciliem o binômio ecologia-economia.

Após esta etapa, foram avaliadas as principais distorções do uso antrópico na bacia e elaborado

um mapa de utilização do território atual o qual possibilitou verificar o grau de estabilidade e

geovulnerabilidade através do índice de vegetação para as relações entre as formações vegetais e áreas

desmatadas, isto é, tipos de vegetação que ainda permaneceram pelas áreas totais da bacia. Este mostrou

que tal bacia apresenta um quadro preocupante, uma vez que a cobertura natural está na ordem de 31,21%

em relação à sua área total e ainda com tendências a uma maior diminuição.

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Andrade, L.M.G., 2007. Uso Optimal do Território de Bacia Hidrográfica com Fundamentos no Conceito de ....................

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O passo seguinte foi a geração de uma proposta de zoneamento através de Unidades

Geoambientais homogêneas, visto que esta permite uma compreensão ampliada e aplicada dos processos e

favorece a gestão territorial. Tal proposta culminou na criação de 7 Unidades tendo como base o

cruzamento das classes de Geomorfologia, Pedologia e Lito-Estratigrafia associado à análise do uso

antrópico do território.

Ao final, apresentou-se um cenário alternativo com propostas de mitigação sob o conceito de

“ecologia-economia” tendo como medida base a introdução de corredores ecológico-econômicos. Assim

foram evidenciados vários benefícios que os mesmos poderiam acarretar à região. Destacou-se ainda que

tal proposição quando aliada às medidas “tradicionais” de conservação, como conservação do solo e da

água, além de um maior subsídio aos produtores, permitem uma ampla possibilidade de alcançar o

ordenamento territorial, bem como resguardar o amplo espectro de suas funções ecológico-econômicas.

Dessa forma, o uso optimal pode ser auferido.

A posse desse estudo e de outros mais específicos, constitui-se a base para se tomar decisões e

para orientar programas de organização e ordenamento do território que sejam compatíveis com a

dinâmica viva do ambiente e a sua organização sistêmica. Além disso, deve-se contar com um processo

contínuo de monitoramento para que se observe a aplicação das medidas desenvolvidas, bem como a

demanda para novas soluções de acordo com a modificação do espaço e ambiente.

Assim, novos estudos serão demandados, novos níveis de decisão serão exigidos, e mais uma vez

será necessária uma visão de diversas abordagens e a interação e integração de diferentes campos do saber

para traduzir, reconstruir e contextualizar a realidade.

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Abstract

Agriculture not only offers a challenge to the humanity in what concerns to the its production, but,

mostly to the destruction of the natural systems in which it's inserted and it is part of, precisely, the

watershed and the ecosystems associated.

In this sense, it's necessary to adopt and to pursue ways of conjugating the economic activity with

the geo-ecology one reaching the natural systems sustainability as like as the inherent development of

economic aspects in these regions.

The Entre Ribeiros watershed, belonging to the Valley of the River Paracatu, tributary of the left

edge in the River San Francisco's average course, is a visible case example of an abrupt intervention on

the natural environment, since several geo-ambient conditions had not been established and they have not

been duly contemplated and respected.

The repercussion, in result of the intense and, many times, inadequate use of the watershed's area,

is, currently, a low degree of natural environment conservation, with consequences all over the water

resources, the vegetation and the fauna. Adding to this idea it is important to assert that most of the

agricultural producers of the watershed are, today, in extremely delicate economic situation, as a result of

last conjunctural crises and intense investments and loans that had still not been amortized.

Ahead this situation, this study aims to supply and project some measures and propositions of

solutions and mitigations facing the most important territorials' imbalances through systematical research

of the watershed's composition and the evaluation of its recent conditions, achieving, thus, a territorial's

organization and, consequently, making possible the use of territory in a optimal way.

In this context, the first step was a careful bibliographic research with emphasis in plantation

techniques and concepts for application of forest corridors with aim to understand and to indicate

measures that conciliating the binomial ecology-economy.

In the sequence, the main distortions of the human use in the watershed were evaluate and a map

of use of the current territory was elaborate with the aim to verify the geo-vulnerability and stability

degree through the index of vegetation for the relations between the vegetal formations and deforested

areas, that is, types of vegetation that had still remained for the total areas of the watershed. This showed

that the watershed presents a preoccupying situation, once that the natural covering is in the order of

31,21% in relation to the total area and still with trends to a bigger reduction.

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The next step, the conception of a proposal of zoning through homogeneous Geo-ambient Units,

since this allows an extended understanding of the processes and its applications and favors the territory's

management. Such proposal culminated in the creation of 7 Units basing in the crossing of the classrooms

of Geomorphology, Pedology and Estratigraphic-Rocks associated with the analysis of the human use of

the territory.

In the end, an alternative scene with proposals of mitigation under the concept of "ecology-

economy" was presented having as measure base the introduction of ecological-economic corridors. Such

proposal when allied to "the traditional" measures of conservation, as conservation of the soil and the

water, beyond a bigger subsidy to the producers, allows a great possibility to reach the territorial order,

besides protecting the ample specter of its ecological-economic functions, achieving the optimal use.

The ownership of this study and the other most specific ones consisted a base to help on making

decisions and to guide programs of territory's organization and ordainment that are compatible with the

alive dynamics of the environment and its systemic organization. Moreover, a continuous process must be

its monitoring so that the observing of the application of the developed measures, as well as the demand

for new solutions in accordance with the modification of the space and environment can be made.

Thus, new studies will be demanded, new levels of decision will be required, and once more it

will be necessary a vision of diverse approaches and the interaction and integration of different fields of

knowledge to translate, to reconstruct and to contextualize the reality.

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CAPÍTULO 1

CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS

1.1 – INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DO PROBLEMA.

O início da atividade agrícola é considerado como um dos marcos da história da civilização.

Atualmente o pensamento científico, voltado, por exemplo, a explicar a lógica do sistema econômico,

historicamente organizado pelo homem, vem reduzindo, enquanto paradigma teórico conceitual, a

agricultura a um papel de ramo do setor industrial. Assim há de um lado a lógica econômica da

maximização do lucro configurada, como bem demonstrou Romeiro (1992), pelo desenvolvimento

tecnológico conhecido como "revolução verde". Ressalta-se que esta lógica demanda um desenvolvimento

tal que propicie condições de produção adequadas para viabilizar uma forma de subordinação da atividade

agrícola à industrial. Por outro lado, há uma política ambiental que estabelece restrições a este

desenvolvimento ao fortalecer os mecanismos de participação da sociedade em busca da redução da

degradação do meio natural e social. Baseia-se, fundamentalmente, no processo de reeducação através da

formação de uma nova consciência acompanhada de medidas reguladoras que delimitam os direitos

individuais, em termos do interesse coletivo: interpessoal e intergerações.

Em termos práticos e / ou aplicativos a agricultura se depara com um grande desafio de dupla via:

Atender à humanidade no que diz respeito à produção, principalmente ao se verificar que as projeções

referentes ao aumento populacional mostram valores altamente preocupantes. Todavia, deve,

concomitantemente, preocupar-se em não destruir ou desequilibrar os sistemas naturais e os ecossistemas

nos quais está atividade se desenvolve.

É sabido que toda intervenção em sistemas dos relevos e da circulação de água, no âmbito da

bacia hidrográfica e dos ecossistemas associados, oferece riscos que podem precipitar o ambiente em um

processo irreversível de perda de solos e até mesmo de desertificação. Tais condições, reconhecidas no

campo dos estudos geológicos, leva-nos a adotar e a perseguir modos de conjugação da atividade

econômica com a geo-ecologia para um processo de sustentação, sobretudo, dos sistemas naturais, mas

também dos aspectos econômicos inerentes e desenvolvidos nestas regiões. Dessa forma, é possível

esboçar um modelo regional de uso da terra com fins de desenvolvimento rural integrado a um processo

de gestão geo-ambiental de bacia hidrográfica.

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Diante dessa necessidade, esta dissertação parte em busca do desenvolvimento e aplicação de

técnicas que conciliem o binômio: ecologia-economia, tendo, como exemplo neste caso, a proposta de

implementação de projetos de silvicultura ecológico-econômicos a partir da avaliação das condições

geoambientais que favoreçam os mesmos. Tais projetos aliados às medidas de mitigação “tradicionais”

podem conferir a possibilidade de reorganização da paisagem, com a conservação do meio ambiente e dos

recursos hídricos, bem como fomentar um avanço econômico resguardando, ou sem ameaçar, o equilíbrio

ambiental. Com isso, o terreno para projetos agrícolas pode ser utilizado de uma maneira economicamente

eficiente e ecologicamente sustentável e, desta maneira, auferir o uso optimal.

Este trabalho foi inserido no contexto de um programa de pesquisa do Projeto de Conservação de

Recurso Hídrico no Âmbito da Gestão Ambiental e Agrícola de Bacia Hidrográfica – CRHA (Martins Jr.

et al. 2006) em parceria do Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC com a Universidade Federal de

Ouro Preto - UFOP aprovado pelo Fundo Setorial CT-Hidro do Ministério de Ciência e Tecnologia.

A área escolhida, como campo de estudos para o desenvolvimento deste projeto, foi a bacia do

Ribeirão Entre Ribeiros, pertencente ao Vale do Rio Paracatu, afluente da margem esquerda no médio

curso do Rio São Francisco, inserida no Projeto CRHA (Martins Jr. et al. 2006).

De acordo com os levantamentos, desenvolvidos no projeto CRHA (Martins Jr. et al. 2006) e

durante esta dissertação, várias condições geo-ambientais não foram e não têm sido devidamente

contempladas e respeitadas nesta bacia, onde existem extensivas plantações do que se denomina “fronte

agrícola”. Os reflexos, em decorrência do intenso e, muitas vezes, inadequado uso, apresentam, hoje, um

baixo grau de conservação ambiental, com conseqüências, sobretudo, nos recursos hídricos, na vegetação

e na fauna.

Nesse contexto, a ausência de diretrizes políticas para a conservação do meio ambiente, no geral, e

na área da bacia de Entre Ribeiros, em particular, agravada pela pequena articulação institucional local,

permitiu que o uso intensivo, a que foi submetida a região, acarretasse na descontinuidade de matas sobre

grandes áreas devido a supressão de grande parte da cobertura vegetal nativa e, conseqüentemente, a

perda, em abundância e diversidade, tanto da vegetação quanto da fauna local. Ademais, é possível

perceber uma deterioração, bem como um comprometimento dos ambientes aquáticos (veredas e lagoas

marginais) e de boa parte da vegetação ciliar, além de possíveis impactos sobre os aqüíferos e logo, o

estabelecimento de conflitos no uso de recursos hídricos. Soma-se a tudo isso, o aparecimento, mesmo que

de forma pontual na bacia, da erosão laminar e em sulcos.

Complementarmente, pode-se constatar como decorrência da ausência de instrumentos de política

ambiental específicos para a região, um reduzido número de áreas com status legal de proteção e

conservação ambiental, não se caracterizando como amostras efetivas da biodiversidade regional.

Além disso, foi verificado que a maior parte dos produtores rurais da bacia se encontra,

atualmente, em uma situação econômica extremamente delicada, fruto de crises conjunturais passadas e

de intensos investimentos / empréstimos que ainda não foram amortizados.

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Assim, a mudança deste cenário antinômico implica em considerar os diversos aspectos modais

inerentes a área em estudo. Estes têm como base a Teoria das Modalidades Cósmicas (Dooyeweerd, 1958)

identificadas como um “conjunto de coisas e de relações que guardam coerência própria, unidade e que

são perceptíveis de modo distinto de outra modalidade (possuem soberania), embora sendo totalmente

inter-relacionadas” (Martins Jr., 2002).

Destarte, o espectro da realidade é composto por quatorze modalidades descritas abaixo de forma

abrangente: Numérica; Espacial; Cinemática; Física; Biótica; Psico-sensorial; Lógico-analítica; Histórica;

Lingüística; Social; Econômica; Estética; Jurídica; Moral; Pística.

A partir desta breve conceituação epistemológica fundamentada na Teoria das modalidades

Cósmicas e, sendo a bacia hidrográfica sob a lógica das geociências, objeto de estudo da presente

dissertação, pode-se inferir que a mesma se propôs a estudá-la como sujeito da modalidade lógico-

analítica.

Desta maneira, é possível realizar análises da região dentro dos campos das demais modalidades

seguindo suas Leis Típicas e Modais.

Logo, é possível relacionar os diversos problemas ambientais da região às suas respectivas

modalidades cósmicas como pelos exemplos a seguir:

� A descontinuidade de matas sobre grandes áreas (supressão de grande parte da cobertura

vegetal nativa) devido a expansão da atividade agrária (Modalidade Biótica versus Modalidade

econômica);

� Impactos sobre os corpos d’água como assoreamento e contaminação; diminuição da vegetação

ciliar; pressão sobre as veredas e, sobretudo, conflitos de uso d’água para a agricultura irrigada

(Modalidade Física e/ou Modalidade Biótica e/ou Modalidade Social e/ou Modalidade Econômica);

� Impactos sobre aqüíferos e destarte o comprometimento das zonas de recarga, além de uma

possível contaminação por uso excessivo de agrotóxicos (Modalidade Física e/ou Modalidade Biótica e/ou

Modalidade Social e/ou Modalidade Econômica);

� Impactos sobre a vegetação e a fauna com a perda em abundância e diversidade (Modalidade

Biótica);

� Impactos sobre o solo com o aparecimento da erosão laminar e em sulcos (Modalidade Física);

� Reduzido número de áreas com status legal de proteção e conservação ambiental (Modalidade

Jurídica e Modalidade Biótica versus Modalidade Econômica);

� Situação econômica extremamente delicada da maioria dos produtores rurais (Modalidade

social e Modalidade Econômica).

Logo, este projeto pretendeu contribuir para um melhor entendimento de vários problemas

existentes no âmbito do espaço agrário, bem como subsidiar informações e questões para futuros estudos.

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1.2 - OBJETIVOS.

Diante do quadro apresentado e tendo como base o conceito de Geociências Agrárias e

Ambientais, uma vez que o mesmo propõe a interação e integração de diversas áreas do conhecimento,

este estudo visou fornecer e projetar, a partir do levantamento sistemático das características de formação

e da avaliação das condições atuais da bacia, algumas medidas e proposições de solução e mitigação frente

aos principais desequilíbrios. O mesmo teve como base uma visão epistemológica e o intuito de gerar um

produto que seja compreensível aos diferentes grupos de atores presentes e atuantes nessa região. A

intenção foi a de alcançar um ordenamento territorial e, conseqüentemente, conceder a possibilidade de

usar o terreno de maneira ótima e inteligente.

A partir de análises regionais na bacia, também foram selecionadas áreas para a inserção de

corredores, para o desenvolvimento do tema de florestamento com as justificativas geo-ambientais

pertinentes.

Ressalta-se que tendo em vista que este espaço possui um caráter topológico, fez-se necessário

considerar o maior número de variáveis inerentes possíveis, além de suas principais inter-relações, assim

como evidenciar orientações atemporais, no que diz respeito aos possíveis usos da região.

Reitera-se também, que a região em estudo abarca um variado espectro de campos do saber e,

dessa forma, um entendimento significativo da mesma só se torna factível se o estudo disciplinar for

conectado a outras disciplinas, emergindo assim os conceitos de pluridisciplinaridade e de

interdisciplinaridade.

Outros objetivos de grande importância podem ser decodificados separadamente, para melhor

entendimento, a saber:

Objetivo geral:

Avaliar as atuais condições geoambientais da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros no Vale do Rio

Paracatu e, a partir disto, apresentar um esboço regional, na escala de 1:250.000, com a proposição de

inserção de corredores florestais ecológico-econômicos, bem como indicar ademais correções desejáveis

(ações mitigadoras) para as distorções atualmente existentes nas relações geo-ambientais e agrícolas no

intuito de estabelecer uma proposta para o uso optimal da bacia.

Objetivos específicos:

1- Esboçar uma proposta de zoneamento geoambiental com áreas homogêneas, na escala de

1:250.000, a partir do cruzamento entre as classes de morfotemas x rochas x solos e sob uma análise

fisiográfica.

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2 - Realizar a extração do índice de vegetação para as relações entre as formações vegetais e áreas

desmatadas, isto é, tipos de vegetação existentes pelas áreas totais da bacia para avaliar as atuais

condições de estabilidade e de geovulnerabilidade.

3 – Apresentar e rever técnicas para a implementação de corredores florestais ecológico-

econômicos como possíveis medidas de reparação e/ou conservação com produção agro-ecológica.

1.3 LOCALIZAÇÃO.

A bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, inserida no Vale do Rio Paracatu, localiza-se na porção

noroeste do estado de Minas Gerais, sendo compreendida no quadrilátero formado pelas coordenadas

UTM: 276000 – 373000 e 8175000 – 8090000 e pelas coordenadas geográficas: 46º10'0"W - 47º10'0"W e

16º30'0"S - 17º20'0"S, em uma área de, aproximadamente, 3.900 km², dos quais 100% estão em Minas

Gerais, entre os municípios de Paracatu e Unaí (Martins Jr. et al. 2004), conforme poder ser visto na

figura 1.1.

A área da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, encontra-se nas porções sul e norte dos municípios de

Unaí e Paracatu, respectivamente. O acesso à região é permitido pelas rodovias federal BR-040, que segue

a noroeste para Brasília, bem como pela estadual MG-188, em direção ao norte para Unaí. Ambas passam

pela cidade de Paracatu. Cabe ressaltar ainda, que a bacia apresenta uma malha de estradas vicinais

satisfatória.

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Figura 1.1 – Localização da Região em Estudo. Fonte: Geominas - Forma de apresentação dada pelo autor

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1.4 – MÉTODOS UTILIZADOS E PROPEDÊUTICA.

Todas as etapas dessa dissertação, desde a escolha do tema, passando pela elaboração de sua

estrutura até as conclusões, foram direcionadas com base em uma abordagem epistemológica (Martins Jr.

2002). A metodologia foi apresentada pelo orientador dessa dissertação, Prof. Dr. Paulo Pereira Martins

Junior, durante o Projeto CRHA (Martins Jr. et al. 2006) e no Mestrado, com a disciplina “Epistemologia

Fundamentadora”.

Inicialmente, foram realizadas pesquisas e revisões bibliográficas sobre o tema

florestamento/reflorestamento através de corredores florestais, com um viés ecológico-econômico. O

intuito foi apresentar e rever algumas medidas para a implementação dos corredores e destacar alguns

condicionantes e benefícios, além da sua aplicabilidade como possíveis medidas de reparação e/ou

conservação com produção agro-ecológica.

Paralelamente, o mesmo processo foi conferido aos conceitos norteadores para o desenvolvimento

eco-sustentável e a sua prática nas Geociências agrárias e ambientais. Nesta fase da pesquisa foram

analisados e introduzidos alguns dos conceitos produzidos durante o Projeto CRHA (Martins Jr. et al.

2006), bem como por outros autores, sendo estes, preponderantes para uma proposta de desenvolvimento

eco-sustentável em áreas rurais, agrícolas e florestais, com ênfase na conjugação do binômio: ecologia e

economia.

Em seguida, partiu-se para a coleta de informações sobre o local de estudo, como o espectro dos

componentes básicos do meio físico (geologia, geomorfologia, solos, clima, drenagem, hidrologia,

hidrogeologia e aspectos bióticos), além de dados históricos, sócio-econômicos, demográficos entre outros

sobre a bacia, obtidos principalmente em CETEC (1981) e Consórcio Magna/Dam/Eyser, Ruralminas,

SEAPA–MG (1998).

Conseqüentemente, ocorreu o levantamento e a preparação das bases cartográficas a serem

utilizadas através de programas de sistema de informação geográfica (SIG). Como não existiam cartas

específicas para a área da bacia, foi necessária a seleção e a extração de alguns temas das cartas regionais

da Bacia do Rio Paracatu em escala de 1:250.000 (geologia, geomorfologia, hidrogeologia e pedologia) e

de 1:100.000 (no caso a carta da rede hidrográfica) que foram atualizadas. Outras imagens foram geradas,

como por exemplo, a elaboração da carta do modelo digital de elevação do terreno, decorrente da

atualização das cartas de altimetria e de curvas de nível, além da carta de ordenamento dos canais da rede

hidrográfica.

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Em um momento seqüente, foi planejado e realizado o primeiro trabalho de campo para o

reconhecimento da área e pontos de interesse, além do registro e referenciação dos principais pontos

através da determinação de suas coordenadas por GPS, bem como para averiguar questões pendentes nas

análises de imagens.

A partir disso, foi possível realizar uma análise mais elaborada do meio físico, através de estudos

ambientais existentes, além de interpretações das imagens (cartas, fotos aéreas, imagens ópticas e

orbitais), possibilitando uma descrição e síntese dos dados da bacia regionalmente.

Essas informações reunidas, aliadas à interpretação dos dados do trabalho de campo, propiciaram,

na etapa seguinte, o início das análises sobre o atual uso da bacia e, a partir disso, foi elaborado um mapa

do uso e ocupação do solo, através do cruzamento entre os mapas produzidos por CETEC (1981), dados

do IEF (1994) e imagens de satélite atuais, para verificar as condições geoambientais das áreas e suas

evidentes distorções e desconformidades vigentes.

Concomitantemente a esta etapa, ocorreu um segundo trabalho de campo para verificação e

constatação dos principais impactos, além de análises de descontinuidade floral territorial e entre maciços

e a pré-escolha dos locais para a inserção de corredores, no intuito de promover uma política geo-

ambiental de florestamento ecológico-econômico. Nesse período, também foram estabelecidos contatos

com algumas associações locais, com o Comitê de Bacia, a Prefeitura de Paracatu e empresas.

Nesse contexto, foram avaliadas as atuais condições de estabilidade e segurança dos locais

estudados em face aos projetos agrícolas e realizada a extração do índice de vegetação para as relações

entre as formações vegetais e áreas desmatadas, isto é, tipos de vegetação existentes pelas áreas totais da

bacia.

Complementarmente, foram coletados e inseridos outros dados secundários sobre os principais

projetos agrícolas presentes na bacia, com o intuito de ilustrar a atual e sensível situação dos produtores,

além de comprovar a magnitude dos processos modificadores.

Posteriormente, foi conferido o cruzamento, através de matrizes de correlação, entre as classes de

morfotemas x rochas x solos, e a partir desta associatividade, bem como de análises sob um enfoque

fisiográfico e interpretações de trabalhos de campo, foi possível estabelecer uma proposta de áreas

homogêneas ou unidades geoambientais com o intuito de auxiliar na gestão territorial.

Como se tratou de um cruzamento entre três variáveis (rochas, formas e solos), onde cada uma

delas abarcava uma série de características, foi considerado o conjunto de correlações e identificadas

particularidades comuns.

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Esse elenco de correlações, análises e sínteses, permitiu compartimentar a área em unidades

territoriais homogêneas caracterizadas pela convergência de semelhanças dos componentes físicos,

bióticos e de suas dinâmicas, sem deixar de destacar o uso antrópico e suas principais conseqüências.

Dessa maneira foi realizada a Vetorização e os cálculos das áreas das unidades geoambientais e,

conseqüentemente, produziu-se um mapa de Zoneamento Geoambiental na escala de 1:250.000.

Ressalta-se que o capítulo 5, o qual poderia ser integrado ao capítulo 6, não o foi em função de

que alguns dos principais problemas identificados na bacia transpassam as Unidades Geoambientais

definidas.

A continuidade do estudo se deu através da realização do terceiro trabalho de campo para

conferência e constatação dos locais escolhidos para inserção dos corredores e das principais medidas de

mitigação. Além disso, foi realizado um seminário com a população local para discussão e apresentação

de alguns temas referentes à presente dissertação.

Em seguida, partiu-se para a proposta de um novo cenário, através da organização do enfoque

regional para a decisão de florestamento e reflorestamento a partir das áreas escolhidas para inserção dos

corredores com a elaboração de um esboço regional na escala de 1:250.000 e da proposição de soluções

mitigadoras dos problemas regionais existentes nas relações geoambientais e agrícolas.

Conseqüentemente, tem-se uma proposta de uso optimal e ordenado da bacia ancorado nos

conceitos de eco-sustentabilidade e no binômio ecologia-economia.

Dessa forma, a presente dissertação se estrutura apresentando, de início, uma breve revisão

bibliográfica contendo conceitos e técnicas para a introdução de corredores florestais, além do

estabelecimento de alguns de seus fatores positivos e limitantes.

Na seqüência, são apresentados alguns dos conceitos norteadores para o desenvolvimento eco-

sustentável e a sua prática nas Geociências Agrárias e Ambientais.

A partir da contextualização histórica e da definição desses conceitos, partiu-se para uma análise

da bacia hidrográfica em estudo. Em um primeiro momento foram descritos os aspectos físicos, o processo

de ocupação, características sócio-econômicas e outros elementos concernentes, de maneira geral, na

região.

Em seguida, ocorreu a avaliação do cenário atual da bacia evidenciando e dissecando as principais

desconformidades como, por exemplo, a descontinuidade do bioma sobre grandes extensões, os problemas

relacionados à conservação da água e do solo, além das dificuldades econômicas que circundam grande

parte dos produtores.

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Levantadas tais desconformidades, os esforços foram direcionados para a busca de soluções

visando uma mudança desta realidade.

Contudo, com o objetivo de subsidiar soluções concernentes às distorções, além da finalidade de

racionalizar a ocupação foi efetuado, primeiramente, um zoneamento, em unidades geoambientais. Este

foi esboçado a partir do cruzamento e associação entre as formas de relevo, as rochas e os solos, bem

como através da análise de processos ambientais bastante semelhantes que acometem cada uma dessas

unidades. A interação entre as variáveis estudadas permitiu dividir a bacia em 7 unidades, definidas como:

(1) Áreas de Superfície Tabular Elevada; (2) Áreas de Cristas e Vertentes; (3) Áreas de Colinas e

Vertentes; (4) Áreas Associadas ao Calcário; (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária; (6) Áreas de

Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada; e (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo.

Após o zoneamento, partiu-se de fato, para a análise de medidas de mitigação e correção das

distorções. Nesse contexto, verificou-se a possibilidade da implementação de corredores florestais

ecológico-econômicos como uma proposição bastante coerente. Assim, procurou-se apresentar um cenário

alternativo engendrando soluções ecológico-econômicas aliadas a um conjunto de medidas mitigadoras no

intuito de se aproximar a um uso optimal da bacia.

Por fim, destacam-se as principais conclusões e apresentam-se algumas sugestões para futuros

trabalhos.

Espera-se, também, apresentar e disponibilizar os resultados desta dissertação aos órgãos

administrativos, como as Prefeituras locais (Paracatu e Unaí) e ao Comitê de Bacia do Rio Paracatu, bem

como à Associação dos Produtores para que os mesmos possam rediscutir e repensar o atual uso e, se

possível, intervir na realidade aplicando tais proposições desenvolvidas.

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CAPÍTULO 2

CORREDORES FLORESTAIS ECOLÓGICO-ECONÔMICOS – UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A grande área territorial brasileira nem sempre tem sido aproveitada racionalmente, embora

disponha de um grande potencial turístico, agropecuário, imobiliário e industrial, dentre outros aspectos

(Costa,1995).

A expansão e modernização da agricultura, por exemplo, apesar de contribuírem

significativamente para o aumento da produção e da produtividade agrícola e pecuária, provocaram grande

redução da cobertura florestal e diminuição da oferta de produtos florestais, causando alterações no

funcionamento dos ecossistemas naturais, especialmente no que se refere ao desequilíbrio no regime das

águas e do clima.

A sociedade brasileira necessita cada vez mais de soluções que permitam a expansão da produção

agrícola e de produtos florestais, associados à preservação ambiental, além de alternativas de emprego e

renda, particularmente para os pequenos e médios produtores rurais (Rodigheri, 1997).

Diante desse panorama, torna-se importante a adoção de medidas que assegurem o aumento da

oferta de produtos agrícolas e florestais, acompanhadas da conservação e recuperação dos solos, da

despoluição da água e da preservação da floresta nativa remanescente.

Nesse contexto, a implementação de corredores florestais passa a ser uma alternativa interessante,

pois visa promover a recuperação da vegetação nativa, ao interligar fragmentos isolados importantes e

prioritários, além de aumentar a conexão entre eles. Garante, também, a manutenção dos recursos hídricos,

o deslocamento de várias espécies da fauna, seja para reprodução, seja para a busca de alimentos, e

promove uma maior propagação das espécies da flora, entre outros benefícios ambientais. Além disso,

visa estimular o desenvolvimento de atividades sustentáveis como a agrossilvicultura que traria ganhos

consideráveis aos produtores (Martins Jr. et al. 2006).

Assim, a seguir são apresentados algumas definições, conceitos e procedimentos para uma futura

implementação de corredores florestais, com ênfase no binômio ecologia-economia.

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2.1 – DEFINIÇÕES PRIMÁRIAS

Uma série de definições é necessária para se estabelecer uma linguagem adotada e bem definida

como base de conhecimentos com os quais essa reflexão é desenvolvida. Assim, entende-se por:

(1) Corredores - um sistema florestal cuja geometria apresenta maior comprimento do que a

largura, em geral, e servem para unir maciços florestais e/ou florais próximos ou sobre grandes extensões

do território, como também sobre a totalidade de um bioma, unindo os maciços a corpos d’água e a Matas

Ciliares e a outras florestas.

No Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente do IBGE (2004) o “corredor é um

termo adotado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que abrange as porções de

ecossistemas naturais ou semi-naturais que interligam unidades de conservação e outras áreas naturais,

possibilitando o fluxo de genes e o movimento da biota entre elas, facilitando a dispersão de espécies, a

recolonização de áreas degradadas, a preservação das espécies raras e a manutenção de populações que

necessitam, para sua sobrevivência, de áreas maiores do que as disponíveis nas unidades de

conservação”.

Para Dean (1996), a criação de Corredores Florestais implica no uso de uma técnica conhecida

como sistema agroflorestal, que conjuga o plantio de espécies nativas, de interesse também para a fauna,

com cultivos arbóreos e agrícolas de interesse comercial para o homem. Desta forma o fazendeiro está

assegurando uma via de locomoção para os animais e gerando alguma renda adicional, demonstrando mais

uma vez que é perfeitamente possível a conjugação da conservação ambiental com práticas de

desenvolvimento rural.

Por sua vez corredor florestal ecológico-econômico é todo corredor que articula vegetação

natural e plantada, seja com plantas nativas e exóticas de caráter econômico. Outra característica é a

combinação das plantas nativas obedecerem aos aspectos de associações fito-sociológicas e fito-

ecológicas entre as várias espécies na montagem desses corredores (Martins Jr. et al. 2006).

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(2) Estrutura de corredores - é o conjunto de possibilidades de organização florestal das espécies,

desde o ponto de vista da solução ecológico-econômica, em se combinar espécies nativas, árvores

frutíferas, árvores de madeiras de lei e energéticas, à geometria dos corredores, que deve obedecer a uma

concepção geral que por sua vez deverá obedecer às particularidades de cada situação (Martins Jr. et al.

2006);

(3) Conservação florestal – é a condição de uso da floresta com permanência de sua estrutura e

das redes de relações fito-sociológicas, alteradas, mas não o suficiente para romper relações (Martins Jr. et

al. 2006);

(4) Conservação das relações plantas / solos / água – essa relação tripla é fundamental para a

estabilidade de florestas, savanas, campos, veredas e quaisquer outros tipos de formações vegetais; é o

tipo de relação mais fundamental que suporta a preservação natural dinâmica de quaisquer ecossistemas e

das bacias hidrográficas (Martins Jr. et al. 2006);

(5) Integração da fito-sociologia em florestamento e reflorestamento – a noção de fito-sociologia

implica na associação e inter-relações entre populações de diferentes espécies vegetais cujas

características podem ser de vizinhança espacial, limitada por distanciamentos médios específicos,

proximidade associativa efetiva, favorecimento de relações com o mundo biótico (animal, micro-

organismos, simbiose, etc.) e com o mundo abiótico (relações de sombreamento / luz, temperatura, água,

proteção contra excesso relativo de energia, etc.) (Martins Jr. et al. 2006);

(6) Permacultura – método de implantação de propriedades rurais produtivas em que o binômio da

“conservação ambiental x economia” é associado à “organização da produção” (OP), que se faz por meio

da eficiência termodinâmica, do desenvolvimento de relações ecológicas, da recuperação de terras, da

cooperação sistêmica entre vegetais + vegetais , animais + animais , animais + vegetais , animais +

animais + vegetais (pressupondo-se que “x ” representa um conjunto aberto, formado por x

combinações reais de conexões fauna-flora-solos. A partir da associação desse trinômio à OP é possível

desenvolver um sistema de produção que seja, ao mesmo tempo, estável e, cresça como um sistema

ecológico de produção maturo, no intervalo produtivo ininterrupto de 1 a 50 anos; tal sistema agrega

agricultura, silvicultura e zoocultura em propriedades rurais (Mollisson & Holmgren, 1983); e

(7) Inclusão social – a inclusão social é entendida como o processo de integração do homem em

sua sociedade e desta com o meio natural, de modo a cultivá-lo, com obtenção de renda efetiva, entrada no

mercado, sem contudo, afetar a estabilidade do sistema sob intervenção (Martins Jr. et al. 2006).

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2.2 – GEOMETRIAS DE CORREDORES

Por geometrias de corredores, entende-se o conjunto de relações de extensão, largura, estrutura

interna das plantas nativas e exóticas e as relações entre plantas, solos, disponibilidade hídrica, clima,

formas do terreno, altitude, fito-sociologia, e também as técnicas e as questões de seqüência temporal e

sucessão floral (Martins Jr. et al. 2006).

Assim as várias geometrias implicam nos conceitos de espaço euclidiano (extensão, largura,

altitude topográfica) e de espaço topológico de relações (condições geotécnicas, fito-sociologia,

disponibilidade hídrica, clima, relações plantas-água-solos, tipos de solos, formas do terreno, seqüência e

sucessão floral).

As geometrias dos corredores envolvem ainda, especificadas aqui por uma geometria principal,

diversas geometrias variantes que podem surgir em função do substrato rochoso / geomórfico / pedológico

e das variações climáticas e de disponibilidade hídrica em uma massa florestal de extensão sobre dezenas

ou centenas de km.

De acordo com os estudos desenvolvidos em Martins Jr. et al.(2006), o corredor ideal, estrutura-se

de uma faixa central composta de plantas nativas ao bioma e aos ecossistemas locais, respectivamente, e

de três faixas de plantas arbóreas, a serem conjugadas de modo a formarem dois paredões protetores

externos ao longo da faixa central, como uma geometria geral, sem se considerar especificidades locais.

A sucessão de várias espécies econômicas deverá obedecer às condições geo-ambientais

necessárias a sua viabilidade, e implicam idealmente em uma faixa interna, contígua à faixa central de

plantas nativas, margeada por uma faixa de árvores frutíferas. Em seqüência a essa 2ª faixa de frutíferas,

uma 3ª faixa mais externa poderá ser de árvores de madeira de lei, que possuem um tempo de maturação

mais elevado e, conseqüentemente, terão uma retirada mais tardia. Em seqüência a essa 3ª faixa, uma 4ª

faixa mais externa ainda, de plantas de madeiras energéticas como o eucalipto, que se enquadram nesta

borda por possuírem um tempo de retirada mais curto que a anterior, e também arbustíferas como mamona

e pinhão manso, bons exemplares de plantas oleaginosas. Essa configuração geométrica é geral, e terá

tantas variações quanto as condições geo-ambientais do substrato o determinem, no sentido das

viabilidades ecológica e econômica. É preciso se ter em mente que podem ocorrer casos em que não se

poderá obter sucesso algum com plantio de árvores, em função do estado avançado de perda de solos e/ou

de nutrientes, ou ainda em caso de solos estéreis e de contexturas pétreas.

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A figura 2.1 ilustra a composição e estrutura proposta para os corredores florestais ecológico-

econômicos.

Figura 2.1 – Estrutura e composição geral dos corredores florestais ecológico-econômicos propostos para

um cenário em que as variáveis físicas e sociais se mostrem favoráveis.

Fonte: Projeto CRHA (Martins Jr. et al. 2006)

Vale dizer que a largura do corredor e suas respectivas faixas também estão sujeitas às variações

do terreno e substrato, bem como aos interesses econômicos específicos dos proprietários balizados em

planos de viabilidade econômica. Todavia devem buscar salvaguardar uma largura média do eixo central

(composto pelas plantas nativas) estimada em torno de 70 metros, para que a mesma possa cumprir suas

funções conservacionistas.

Todavia, uma situação problemática que poderá ocorrer, até com certa freqüência, em

reconstituição de paisagens com matas nativas, em áreas de extensos desmatamentos, é a relação dos solos

tratados quimicamente com o replantio de plantas nativas. Este assunto necessita de pesquisas para ser

resolvido.

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Uma outra questão que se coloca é a do plantio de espécies econômicas, sendo que muitas dessas

podem ser exóticas, em especial as árvores de madeiras energéticas, madeiras de lei, plantas da

farmacopéia e frutíferas. Essas plantas devem, em princípio, serem plantadas segundo a lógica sistêmica

das diversas situações locais e para tanto, deve-se adotar os seguintes princípios gerais:

- oferecer proteção à parte central do corredor, que deve ser constituída de árvores, arbustos,

briófitas e pteridófitas, sendo as plantas mais notáveis de preservação do bioma e de seus ecossistemas

locais, para propiciar interligação da flora e da fauna sobre vastas áreas;

- permitir a estabilidade do substrato com a adequação dos projetos de florestamento,

reflorestamento e de corredores ecológico-econômicos de modo articulado com a realidade geotécnica,

pedológica e geomorfológica dos terrenos.

A proteção esperada para os corredores consiste nas seguintes situações: (1) manutenção das áreas

sensíveis do corredor fora do alcance de animais domésticos (2) evitar, por longo tempo, a freqüência do

homem àquelas partes, ou atuação em sua vizinhança imediata (3) proteção dos percursos territoriais da

fauna nativa (4) escalonamento dos plantios exóticos econômicos como modos de acessos mínimos ao

núcleo do corredor, sobretudo em se tratando de árvores para corte, como é no caso das árvores de

madeiras energéticas e de madeiras de lei e, finalmente, (5) a razão econômica que sustente uma política

regional de bacia hidrográfica e de propriedades rurais para o sucesso de implantação desses corredores.

Eis, portanto, a estrutura básica desse paradigma florestal: os corredores ecológico-econômicos são

construções de curta, média e longas extensões sobre áreas desmatadas, ou em áreas de conexões entre

maciços florestais e entre corredores já existentes, com fins de integrar espécies nativas em reconstituição

de ambientes nativos, protegidos por ambientes mistos voltados para a produção florestal e agroflorestal.

Outra característica bastante relevante na implementação de corredores com esta configuração, diz

respeito à captura de CO2 da atmosfera.

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Nesse sentido, a ordem para os plantios e plantas, já proposta, implica nos seguintes aspectos: (1)

a faixa interna central não contribui de modo notável para captura de CO2 pela tendência a funcionar em

regime após ter se desenvolvido; (2) a faixa de frutíferas contribui muito com a captura de CO2 com

longos tempos de residência do gás nessas plantas, que não são para serem cortadas; quanto aos frutos

esses também retêm em parte o CO2 dado que são consumidos e entram em outros circuitos; (3) a faixa de

madeiras de lei contribui de modo notável por crescer ao longo de mais anos, e ao serem cortadas darem

espaço para novos plantios, e assim refazer-se o processo de retenção do CO2; ademais essas árvores são

para serem aplicadas na construção civil, na indústria moveleira e mesmo na indústria de papel; (4) a faixa

mais externa com árvores e arbustos energéticos retém o CO2 na terra, nos resíduos dos cortes, que viram

húmus, e no ciclo do uso da madeira na forma de carvão vegetal e/ou de óleos combustíveis, em

substituição parcial ao uso de combustíveis fósseis. Esses espectros de possibilidades estabelecem, de fato,

as duas condições fundamentais gerais, que são a adequação geoambiental e a viabilidade ecológico-

econômica (Martins Jr. et al. 2006).

2.3 - PROCEDIMENTOS PARA O RESGATE DE ESPAÇOS FLORESTAIS

Dadas as características geométricas e de composição dos corredores, este estudo passa a enfocar

algumas técnicas e procedimentos de plantio para que os mesmos possam ser implementados no intuito de

resgatar os espaços florestais.

Dessa forma, são descritas, a seguir e de modo sucinto, algumas possibilidades e dentre as quais

estão (1) a chuva de sementes, (2) a dispersão de sementes e (3) a transposição de solo.

2.3.1 - Chuva de Sementes

A chuva de sementes (seed rain), também estudada por Caldato et al. (1996) e Vieira (1996),

representa a quantidade de sementes que chega em determinada superfície do solo, em um tempo

conhecido. Ela é formada pelo conjunto de propágulos que uma comunidade recebe através das diversas

formas de dispersão, propiciando a chegada de sementes que têm a função de colonizar áreas em processo

de sucessão primária ou secundária (Bechara, 2003).

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A chuva de sementes é fator chave na dinâmica dos ecossistemas e, portanto, é procedimento

importante quando se almeja a regeneração daqueles. O estudo da chuva de sementes é muito recente e a

literatura disponível ainda restrita. No entanto estudos clássicos de dispersão de sementes são básicos para

seu conhecimento, pois a mesma é resultado das diversas formas e comportamentos de dispersão dentro de

um ecossistema (Reis, 2004).

Conhecendo os mecanismos que propiciam a chegada natural de sementes dentro das

comunidades, é possível tentar reproduzi-los e, assim, transpor uma das principais barreiras da

regeneração natural: a falta de propágulos que possam originar novos indivíduos em uma área após sua

degradação (Reis, 2004). Um procedimento, na utilização de chuva de sementes, para transpor a

dificuldade de obtenção de sementes nativas, é a colocação de coletores de sementes sob a vegetação de

um fragmento preservado, semelhante ao ecossistema original da área a ser “restaurada”, ou estruturado

como um corredor florestal. Recolhendo-se o material dos coletores mensalmente, pelo período de pelo

menos um ano, e colocando-o na área do corredor florestal, realiza-se uma semeadura direta com as

sementes presentes no fragmento preservado. Assim, é possível garantir uma alta biodiversidade e

espécies que intercalam sua produção de sementes ao longo de todo o ano. Isto é muito importante para a

manutenção dos dispersores na área em processo de implantação de um corredor estritamente ecológico

(Reis, 2004).

2.3.2 - Dispersão de Sementes

As plantas necessitam enviar propágulos a locais distantes para evitar condições adversas ao redor

da planta-mãe, como o ataque de inimigos naturais, a intensa competição intra-específica e o

endocruzamento (Janzen, 1970, Connel, 1971). Além disso, a dispersão é uma maneira de aumentar a

probabilidade de encontrar locais com melhores condições para o desenvolvimento da prole (Willson,

1992).

Segundo Pijl (1982), os propágulos podem ser transportados pelo vento (anemocoria), por animais

(endozoocoria, epizoocoria e sinzoocoria), pela água (hidrocoria), por mecanismos explosivos (autocoria),

pela ação da gravidade (barocoria), e por outros vetores como automóveis e maquinários agrícolas.

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Janzen (1970) e Connel (1971) sugerem que as sementes tendem a se concentrar perto da planta-

mãe e se diluem gradativamente, apresentando uma distribuição leptocúrtica (mais “concentrada”). Dentro

de uma comunidade os focos de concentração de sementes são importantes recursos para os consumidores,

tanto para patógenos de plantas adultas como para os consumidores que concentram suas atividades em

regiões de alta concentração desse recurso. Regiões de menor densidade de propágulos são zonas de maior

recrutamento para a planta, devido ao menor ataque de consumidores. Por este motivo, alcançar essas

regiões é extremamente necessário, principalmente para as espécies que não apresentam outras defesas

contra os ataques acima referidos (Janzen, 1970).

A curva de dispersão de cada espécie nem sempre segue essa tendência leptocúrtica, pois depende

de fatores abióticos e bióticos, principalmente do comportamento dos dispersores animais, já que os locais

de chegada de propágulos estão relacionados com as atividades destes animais (Willson, 1992).

2.3.3 - Transposição de Solos

A técnica de transposição de solos auxilia na reestruturação do solo e no estabelecimento de

espécies pioneiras que se encontravam no banco de sementes desta porção de solo transposta. Aliada à

técnica de transposição de chuva de sementes, esta também contribui para o restabelecimento do banco de

sementes da área em recuperação. Restabelecer essa diversidade, garantindo a disponibilidade de recursos

para as populações animais durante o ano todo é aspecto chave para o sucesso desta recuperação. O

método de transposição de solos é o mais atual e completo conceito para recuperação, ou para mitigação

de áreas em vários estágios de alteração (Reis, 2004).

Winterhalder (1996) aplicou esta técnica, que chamou de “plantação de blocos de solo”, na

“restauração” de uma paisagem industrial perturbada em Sudbury – Ontário (Canadá), e comprovou a

eficácia desse método. A transposição criou uma ilha de fertilidade, permitindo dobrar o papel da

nucleação. A transposição de pequenas porções (núcleos) de solo não-degradado representa grandes

probabilidades de recolonização da área com microorganismos, sementes e propágulos de espécies

vegetais pioneiras. O objetivo desta técnica é a reabilitação do solo, componente de grande importância

nos ecossistemas, responsável pela sustentação da vegetação, embora, muitas vezes, pouco enfocado nos

projetos de recuperação.

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Com a transposição de solo, reintroduz-se populações de diversas espécies da micro, meso e

macro fauna/flora do solo (microrganismos decompositores, fungos micorrízicos, bactérias nitrificantes,

minhocas, algas, etc.), importantes na ciclagem de nutrientes, reestruturação e fertilização do solo. A

fauna desempenha diversas funções no solo: predação, controle biológico, parasitismo de plantas e

animais, processamento da serrapilheira através de sua fragmentação que aumenta a área de superfície

exposta ao ataque dos microorganismos, distribuição da matéria orgânica, de nutrientes e

microorganismos (transporte da superfície para as camadas mais profundas), alteração das propriedades

físicas do solo pela construção de galerias, ninhos e câmaras e alteração nas taxas de decomposição da

matéria orgânica e de mineralização de nutrientes (Moreira & Siqueira, 2002; Assad, 1997).

A transposição de solo consiste na retirada da camada superficial do horizonte orgânico do solo,

horizonte constituído por material orgânico em propor superior ao especificado para o horizonte mineral

(geralmente a serapilheira mais os primeiros 5 cm de solo) de uma área com sucessão mais avançada. Reis

et al. (2003 apud Martins Jr. et al. 2006) sugerem a utilização de solos de distintos níveis sucessionais

para que seja reposta uma grande diversidade de micro-, meso- e macro-organismos no ecossistema a ser

recuperado.

Quando um “novo” banco de sementes é disposto na área degradada, grande parte das sementes de

espécies pioneiras, que, originalmente estavam enterradas no solo, ficam na superfície e tendem a

germinar, já que em geral são fotoblásticas positivas1. As sementes que após a transposição continuarem

enterradas e não germinarem, irão compor o novo banco de sementes na área degradada.

No caso de empreendimentos que envolvem a degradação de grandes áreas, a transposição da

camada fértil do solo merece ser planejada no sentido de haver transposição concomitante ao processo de

remoção e degradação. Em hidrelétricas, onde toda a área do lago terá o solo inundado, as áreas

degradadas com a formação de áreas de empréstimo e bota-fora, podem ser cobertas com o solo fértil

disponível na área do futuro lago. Esta ação é parte integrante de um programa de resgate da biota, pois

representa uma forma eficiente de garantir a sobrevivência de muitas populações de micro-, meso- e

macro- organismos que vivem no solo (Martins Jr. et al. 2006).

1 Que apresentam maior capacidade de germinação à luz.

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A técnica de transposição de solo (Reis et al. 2003 apud Martins Jr. et al. 2006) como agente

nucleador, além de barata, é simples de proceder e tem a vantagem de recompor o solo degradado não

somente com sementes, mas com propágulos e grande diversidade de micro-, meso- e macro- organismos

capazes de dar um novo ritmo sucessional ao ambiente. Para a aplicação desta técnica, deve-se utilizar

camadas de solo de áreas próximas à área que se quer recuperar, buscando refazer a paisagem original.

Estas camadas de solo devem conter sementes de espécies das mais variadas formas de vida (herbáceas,

arbustivas, arbóreas, lianas) e de diferentes estádios sucessionais.

Apesar dos parágrafos anteriores, relacionados ao item Transposição de Solos, se referirem à

recuperação de áreas degradadas, os mencionados procedimentos e técnicas podem perfeitamente serem

adaptados e aplicados à implementação de corredores florestais não somente nessas áreas, mas de uma

maneira geral. Deve-se dar preferência, no processo de transposição, aos períodos onde há maior

abundância de sementes no ecossistema de origem. Estes períodos coincidem com a maturação dos frutos

e podem ser auferidos por estudos de fenologia ou etnoconhecimento local. A fenologia, como já

mencionado no capítulo 5, é o estudo da ocorrência dos fenômenos biológicos repetitivos e das causas de

sua ocorrência em relação às forças seletivas bióticas e abióticas e de sua inter-relação entre as fases

caracterizadas por estes eventos dentro de uma mesma ou em várias espécies (Lieth, 1974). A fenologia

trata de vários ciclos de um vegetal, desde a produção e queda de folhas, a floração e frutificação (Reis,

2004).

No caso da implementação de corredores florestais, utilizando áreas com algum processo de

degradação, deve-se dar preferência à transposição de solos vindos de clareiras em florestas adjacentes. Os

solos de clareiras apresentam um banco de sementes com maior correlação com a vegetação estabelecida

nos respectivos ecossistemas (Reis, 2004). Outro critério que pode ser adotado é a escolha de solos em que

o banco de sementes seja mais abundante, por exemplo, embaixo de árvores frutíferas e de poleiros de

animais. Fragmentos menos impactados também apresentam bancos de sementes mais adequados para

transposição.

A técnica de transposição de solos possibilitará a formação de um número significativo de

diferentes espécies (maior biodiversidade), permitindo uma continuidade dos processos de polinização de

uma maneira mais homogênea ao longo do ano. Isso propicia aos animais polinizadores que se

estabeleçam no ecossistema.

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2.4 – ALGUMAS LIMITAÇÕES NA IMPLANTAÇÃO DE CORREDOR ES

As áreas constituídas de campos rupestres, campos cerrados ou outras vegetações

predominantemente arbustivas, indicam a limitação, principalmente de solos, para o desenvolvimento de

florestas de maior porte (com finalidade econômica e/ou ecológica), de porte intermediário e / ou arbóreo.

Estas limitações não impedem que se façam corredores ligando fragmentos de vegetação rupestre.

Qualquer corredor deve ser implantado com espécies predominantes das áreas adjacentes, se possível,

através da técnica de transposição de solos (Martins Jr. et al. 2006).

É obrigatório que o corredor seja de ecossistema semelhante ao dos fragmentos, para garantir o

fluxo gênico das espécies da flora e fauna. Contudo, esses corredores se tornam inviáveis caso os solos

não sejam adequados para a introdução das espécies ligadas ao ecossistema do fragmento (principalmente

no caso de corredores de grande extensão, que atravessem diferentes ambientes da bacia hidrográfica ou

propriedades). O ecossistema original ou pré-existente nos locais onde passará o corredor indica as

limitações ambientais típicas (solo, clima, declividade, disponibilidade hídrica, etc.) que serão impostas na

implantação de corredores florestais. Contudo, neste caso ainda pode ser possível a utilização de núcleos

de vegetação e/ou poleiros e abrigos artificiais intercalados, perfazendo um caminho possível de ser

percorrido pela fauna (Martins Jr. et al. 2006).

2.5 – PROCESSOS DE SUCESSÃO E OUTROS MÉTODOS DE NUCLEAÇÃO

No processo de sucessão, as espécies componentes da comunidade ao se implantarem e

completarem seu ciclo de vida, modificam as condições físicas e biológicas do ambiente, permitindo que

outros organismos mais exigentes possam colonizá-lo. Há espécies, no entanto, que são capazes de

modificar os ambientes de forma mais acentuada (Martins Jr. et al. 2006).

Ricklefs (1996), denomina-as como espécies facilitadoras, onde facilitação é o processo pelo qual,

numa fase inicial, a espécie altera as condições da comunidade de modo que as outras tenham maior

facilidade de estabelecimento. Hulbert (1971), descreve que cada indivíduo dentro de uma comunidade

pode interagir com cada um dos outros indivíduos que a compartilham. Dentro deste contexto, o autor

propõe o conhecimento das probabilidades de encontros inter-específicos de cada espécie como uma

ferramenta básica para o entendimento da estabilidade de uma comunidade. Para esse autor, as espécies

com maiores probabilidades de encontros inter-específicos são as que mais contribuem para o

aceleramento do ritmo de sucessão de uma comunidade.

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Yarranton & Morrison (1974), constataram que espécies arbóreas pioneiras ao ocuparem áreas em

processo de formação de solo, geraram pequenos agregados de outras espécies ao seu redor, acelerando,

assim, o processo de sucessão primário. Este aumento do ritmo de colonização, a partir de uma espécie

promotora, foi denominado pelos autores de nucleação. Scarano (2000), usa o termo “planta focal” para

plantas capazes de favorecer a colonização de outras espécies, como a palmeira Allagoptera arenaria

Kuntze e plantas do gênero Clusia L., capazes de propiciar a formação de moitas na restinga, favorecendo

o desenvolvimento de cactáceas e bromeliáceas. Miller (1978), e Winterhalder (1996), sugerem que a

capacidade de nucleação de algumas plantas pioneiras é de fundamental importância para processos de re-

vegetação de áreas degradadas.

Robinson & Handel (1993), aplicaram a teoria da nucleação em “restauração” ambiental e

concluíram que os núcleos promovem o incremento do processo sucessional, introduzindo novos

elementos na paisagem, principalmente, se a introdução dessas espécies somar-se à capacidade de atração

de aves dispersoras. A capacidade nucleadora de indivíduos arbóreos remanescentes em áreas

abandonadas após uso com agricultura ou em pastagens mostrou que os mesmos atraem pássaros e

morcegos que procuram proteção, repouso e alimentos. Estes animais propiciam o transporte de sementes

de espécies mais avançadas na sucessão, contribuindo para o aumento do ritmo sucessional de

comunidades florestais secundárias Guevara et al. (1986). Selecionando 4 árvores do gênero Ficus Tourn.

ex Lin., Guevara & Laborde (1993), registraram a deposição de 8.268 sementes, de 107 espécies vegetais,

no período de 6 meses. Estas quatro figueiras isoladas foram visitadas por 47 espécies de pássaros

frutívoros e 26 não frutívoros durante o período. Zimmermann (2001), observando 4 indivíduos de Trema

micrantha Blume em área urbana, registrou, durante 13 horas de observação, a presença de 18 espécies de

aves que consumiram 767 frutos.

Além dessas aplicações, recomenda-se, ainda, quebrar a dormência de apenas uma parte das

sementes. Aquelas sem tratamento vão formar um banco de sementes, permitindo que ocorra germinação

ao longo dos anos. A formação de um novo e efetivo banco de sementes atua, também, como agente

nucleador de um banco mais diversificado (Austrália, 2001, apud Reis, 2004).

Além dos métodos de nucleação já relacionados, como a transposição de solos e a transposição da

chuva de sementes, deve-se mencionar outros tipos como: [a] poleiros; [b] transposição de galharia; [c]

plantio de mudas em ilhas de alta diversidade e [d] coleta de sementes com manutenção da variabilidade

genética, a seguir descritos, sendo importantes agentes nucleadores.

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� Poleiros Artificiais: Aves e morcegos são os agentes dispersores de sementes mais efetivos,

principalmente, quando se trata de transporte entre fragmentos de vegetação. Atrair estes animais constitui

numa das formas mais eficientes para propiciar chegada de sementes em áreas degradadas e,

conseqüentemente, acelerar o processo sucessional.

Aves e morcegos utilizam árvores remanescentes em pastagens para proteção, para descanso

durante o vôo entre fragmentos, para residência, para alimentação ou como latrinas (Guevara et al., 1986).

Estas árvores remanescentes formam núcleos de regeneração de alta diversidade na sucessão secundária

inicial devido à intensa chuva de sementes promovida pela defecação, regurgitação ou derrubada de

sementes por aves e morcegos (Reis et al., 2003 apud Martins Jr. et al. 2006).

Mcdonnel & Stiles (1993) instalaram poleiros artificiais em campos abandonados e observaram

que as regiões abaixo dos poleiros se tornaram núcleos de vegetação diversificada devido à deposição de

sementes pelas aves que os utilizavam. Mcclanahan & Wolfe (1993) observaram que poleiros artificiais

atraem aves, que os utilizam para forragear suas presas e para descanso, e trazem consigo sementes de

fragmentos próximos. Reis et al. (2003 apud Martins Jr. et al. 2006) sugerem a implementação destes

poleiros para incrementar a chuva de sementes em locais que se pretende recuperar. Esta chuva irá formar

o novo banco de sementes destes locais.

Além de atrair diversidade de propágulos para a área, os dispersores, que utilizam poleiros, geram

regiões de concentração de recurso, como as descritas por Janzen (1970), atraindo, também, consumidores

para o local.

A escolha de técnicas de recuperação ambiental deve ser norteada pela manutenção dos

dispersores na área, o que dependem, basicamente, desta área oferecer locais de repouso ou abrigo e,

principalmente, apresentar disponibilidade de alimento o ano todo. Para tal finalidade, os poleiros

artificiais podem ser efetivos.

Os poleiros artificiais podem ser pensados de diversas formas para se tornarem um atrativo aos

dispersores dentro de uma área que se pretende recuperar. Os poleiros podem ser secos ou vivos servindo

a diferentes finalidades.

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� Poleiros Secos: Este tipo de poleiro, sugerido por Reis et al. (2003 apud Martins Jr. et al.

2006), imita galhos secos de árvores para pouso de aves. As aves os utilizam para repouso ou

forrageamento de presas (muitas aves são onívoras e, enquanto caçam, depositam sementes). O poleiro

seco pode ser confeccionado com diversos materiais, como por exemplo, restos de madeira ou bambu.

Eles devem apresentar ramificações terminais onde as aves possam pousar e serem relativamente altos

para proporcionar um bom local de caça e serem esparsos na paisagem.

Estes poleiros podem ser instalados nos percursos de recuperação do corredor, dispostos de

maneira sucessiva, e próximos uns aos outros. Poleiros atraem as aves e morcegos, aumentando a

diversidade e a riqueza da chuva de sementes sobre o solo em até 150 vezes (Mcclanahan & Wolfe, 1993).

A instalação de poleiros propicia o desenvolvimento de núcleos de vegetação, que servirão como refúgio

para fauna e flora, e posteriormente poderão se interligar, constituindo uma cobertura contínua para o

corredor.

Espécies de Eucalyptus spp. e Pinus spp., devido aos seus rápidos crescimentos, podem ser

aneladas para que morram, servindo estas, neste caso, como poleiros secos. No caso de Pinus spp., em

uma unidade experimental, avaliações preliminares apontam as áreas sob estes poleiros como locais de

maior intensidade e diversidade de chuva de sementes em comparação com as demais áreas desta unidade

(Vieira et al, 2003).

Outras soluções podem ser adotadas: [a] instalação de cabos aéreos ligando os poleiros de Pinus

anelado, aumentando a área de deposição de sementes devido ao pouso de aves sob o cabo; [b] as cercas

com moirões também formam poleiros artificiais em pastagens, devido à intensa deposição de sementes

por aves que ali pousam (para aproveitar este comportamento das aves, pode-se imitar uma cerca em áreas

abertas); [c] o enleiramento de galharia, técnica sugerida por Reis et al. (2003 apud Martins Jr. et al.

2006) para aporte de matéria orgânica e oferta de abrigo, também exerce função de poleiro em áreas

abertas. Outra função de poleiros secos pode ser o incremento da chuva de sementes e, conseqüentemente,

do banco de sementes de regiões com vegetação inicial, erguendo-se poleiros que ultrapassem os arbustos

e arvoretas para a atração de aves trazendo sementes de fragmentos em estágio mais avançado de

sucessão.

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� Poleiros Vivos: Os poleiros vivos são aqueles com atrativos alimentícios ou de abrigo para os

dispersores. Eles imitam árvores vivas de diferentes formas para atrair animais com comportamento

distinto e que não utilizam os poleiros secos. Dentro desse grupo, destacam-se os morcegos, que procuram

locais de abrigo para completarem a alimentação dos frutos colhidos em árvores distantes. Aves frutívoras

também são atraídas por poleiros vivos quando estes ofertam alimento.

No caso de ligação entre dois fragmentos em que o corredor passará, por exemplo por uma linha

de cumeada, sendo que a vegetação dessa linha é constituída de campos (rupestre, cerrado, etc.), com

algumas espécies frutíferas, o corredor poderá conjugar a vegetação original com espécies florestais de

uso econômico como o eucalipto. A importância da utilização de alguma espécie econômica florestal,

além da geração de renda e de madeira para subsistência (principalmente para lenha e carvão, devido à

baixa produtividade neste tipo de solo), poderá servir como poleiros e locais dormitórios para aves,

insetos, morcegos, etc. permitindo sua locomoção migratória, repouso, proteção, alimento e reprodução

(Reis, 2004), que é um dos sentidos ecológico-econômicos possíveis. Também possibilitam a formação de

núcleos vegetacionais a partir das sementes trazidas por tais animais através da regurgitação, defecação e

derrubada de frutos e sementes (cerca de 60% a 90% da propagação de sementes em florestas tropicais é

feita por estes vetores, (Morellato & Filho, 1992)). Estes dispersores também possuem grande importância

no processo de polinização da flora, visto que estudos comprovam que são os principais vetores de

propagação em florestas tropicais, enquanto que o vento só contribui com 2,5% (Bawa et al. 1985). Os

corredores de eucalipto/campo natural também exercem função de quebra-vento e melhoria da

estabilidade do solo contra a erosão.

Um poleiro vivo pode ser feito, plantando-se alguma espécie lianosa de crescimento rápido na

base de um poleiro seco. Este poleiro vai apresentar em pouco tempo um aspecto verde com folhagem. À

medida que a liana se adensar ela cria um ambiente protegido propício para o abrigo de morcegos e aves.

Para aumentar seu poder atrativo, a espécie lianosa escolhida pode ser frutífera, atuando como uma

“bagueira2” na área (Reis et al. 1999 apud Martins Jr. et al. 2006).

2 Espécie capaz de atrair grande número de animais.

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Os poleiros vivos servem a outras funções que não somente a atração direta de dispersores, como

é o caso das torres de cipó sugeridas por Reis et al. (2003 apud Martins Jr. et al. 2006). Quando dispostos

lado a lado, os poleiros com cipós podem formar uma barreira efetiva contra os ventos dominantes. Estas

torres imitam árvores dominadas por lianas na borda das matas que têm o papel de abrigo para morcegos.

Além disso, criam um microclima favorável ao desenvolvimento de espécies esciófitas3 (Reis et al., 2003

apud Martins Jr. et al. 2006).

� Transposição de Galharia: Um exemplo (prático e de baixo custo) de produção de matéria

orgânica é o de uso dos resíduos da exploração florestal do desmatamento. Ao invés de queimá-los,

podem ser enleirados, formando núcleos de biodiversidade básicos para o processo sucessional secundário

da área que se queira fomentar processos de recomposição de solos e da vegetação. Estas leiras no campo

podem germinar ou rebrotar, fornecer matéria orgânica ao solo e servir de abrigo, gerando um microclima

adequado a diversos animais. Roedores, cobras e avifauna podem, ainda, utilizá-las para alimentação

devido à presença de coleópteros decompositores da madeira, cupins e outros insetos (Reis, 2004).

� Plantios de Mudas em Ilhas de Alta Diversidade: A implantação de mudas produzidas em

viveiros florestais é uma forma de gerar núcleos capazes de atrair maior diversidade biológica para as

áreas degradadas. O plantio de toda uma área degradada com mudas geralmente é oneroso e tende a fixar

o processo sucessional por um longo período, promovendo apenas o crescimento dos indivíduos das

espécies plantadas. Além disso, este procedimento costuma não ser o mais eficaz para a revegetação e

enriquecimento de determinada área com espécies nativas. Isto advém de alguns fatores: [1] plantio de

poucas espécies; [2] ocasionando baixa diversidade de espécies e de formas de vida, em nível de

comunidade e baixa diversidade genética das espécies; [3] sendo estas procedentes de ecossistemas

distantes das áreas reflorestadas; [4] plantio das espécies, distantes de áreas com cobertura florestal nativa;

[5] mudas (muitas vezes), de má qualidade; [6] preparo do solo, quase que totalmente, realizado pelo

sistema de gradagem, destruindo o banco de sementes do solo pré-existente e [7] inexistência de tratos

culturais no início de desenvolvimento do plantio, etc (Martins Jr. et al. 2006).

3 Espécies mais tolerantes à sombra.

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A produção de ilhas como defendido por Reis et al. (1999 apud Martins Jr. et al. 2006) e

Kageyama & Gandara (2000) sugere a formação de pequenos núcleos onde são colocadas plantas de

distintas formas de vida (ervas, arbustos, lianas e árvores). Espécies com maturação precoce têm a

capacidade de florir e frutificar rapidamente atraindo predadores, polinizadores, dispersores e

decompositores para os núcleos formados. Isso gera condições de adaptação e reprodução de outros

organismos, como as plantas nucleadoras registradas nos trabalhos que embasaram a teoria desta proposta

de recuperação.

O conjunto de núcleos criados através das ilhas de alta diversidade, torna-se mais efetivo quando

seu planejamento previr uma produção diversificada de alimentos (floração e frutificação durante todo o

ano).

� Coleta de Sementes com Manutenção da Variabilidade Genética: Processos naturais de

dispersão de sementes tendem a propiciar a manutenção da diversidade genética das populações

colonizadoras, tornando a disseminação um processo aleatório e dificilmente privilegiando sementes de

um ou poucos indivíduos no processo de colonização de uma área. A diversidade genética favorece a

adaptação às mais variadas situações ambientais (Martins Jr. et al. 2006).

O processo de coleta de sementes, no entanto, nem sempre consegue manter a diversidade

genética de populações, uma vez que, geralmente, poucos indivíduos são representados nos lotes de

sementes coletados, fazendo com que os viveiros florestais produzam grande quantidade de mudas meio-

irmãs, ou seja, provenientes de um mesmo indivíduo (Reis, 2004). Vencovsky (1987) discute a

representatividade genética intra-populacional e sugere que lotes de sementes utilizados sejam

provenientes de, no mínimo, 12 a 13 indivíduos, no sentido de atender às variações ambientais do novo

ambiente e evitar que os novos cruzamentos, localizados na área implantada sejam endogâmicos

(fertilização na mesma planta).

É desejável que o material genético a ser colocado nas áreas dos corredores, dentro da visão

nucleadora, tenha a maior heterozigosidade possível, pois a sucessão da área dependerá do material

genético produzido localmente nas gerações seguintes. Um programa de coleta durante todo o ano e o

mapeamento do maior número possível de matrizes de cada uma das espécies selecionadas garantirá

colonização efetiva das espécies e função nucleadora das mesmas (Martins Jr. et al. 2006).

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Uma das formas de garantir o abastecimento de sementes durante todo o ano e de forma

diversificada é através da colocação de coletores de sementes permanentes (como já mencionado) dentro

de comunidades florestais, como sugere Reis et al. (1999 apud Martins Jr. et al. 2006). Estes coletores

distribuídos em comunidades vizinhas das áreas do corredor, em distintos níveis de sucessão primária e

secundária, captam a chuva de sementes nestes ambientes, propiciando uma diversidade de formas de

vida, de espécies e de variabilidade genética dentro de cada uma das espécies. O material captado nos

coletores pode ir para canteiros de semeadura indireta (sementeiras) e posterior repicagem para

recipientes, ou direto para o campo, formando pequenos núcleos com folhas e sementes dentro das áreas

dos corredores.

Sobre as técnicas de nucleação anteriormente citadas, pode-se ainda dizer que, comumente,

utiliza-se o plantio de mudas, geralmente de espécies arbóreas, como forma de recuperação e cobertura

rápida de uma área. Este processo pode ser muito caro e trabalhoso, além de não refletir a paisagem

natural do ecossistema que existia anteriormente no local e nem o processo sucessional natural. Desta

forma, sugere-se a aplicação de técnicas, nos corredores florestais, que visem à uma proximidade real de

“restauração” do ecossistema como um todo através do incremento do processo sucessional. Este é enfim

um tipo de modelagem para corredores e /ou de maciços ecológicos. A utilização de ações nucleadoras,

capazes de aumentar a resiliência das áreas degradadas (quanto mais complexa uma comunidade mais

estável é, e estabilidade tem sido definida como: resiliência, persistência, resistência e variabilidade),

representa um compromisso em imitar processos sucessionais primários e secundários naturais. Neste

sentido, o maior desafio é iniciar o processo de sucessão de forma semelhante aos processos naturais,

formando comunidades com biodiversidade, tendendo a uma rápida estabilização com o mínimo aporte

energético (Martins Jr. et al. 2006).

A proposta de recuperação e/ou estruturação de corredores florestais, através do princípio da

nucleação, tornar-se-á uma realidade quando houver claras exigências legais e um maior esforço em

formar recursos humanos voltados a esta temática. Pode-se afirmar com segurança que a noção de

corredores ecológico-econômicos não depende de leis dado que são soluções que acompanham o projeto

agrícola com abertura de perspectivas e soluções de médio e longo prazos viáveis (Martins Jr. et al. 2006).

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2.6 - ALGUNS COMENTÁRIOS SOBRE ESPÉCIES INVASORAS

Faz-se necessário, evitar o aparecimento (através de medidas de prevenção, controle e erradicação

- descritas a seguir), de espécies de plantas invasoras, que tendem a ocupar rapidamente as áreas de solo

exposto e em regeneração, e acabam por impedir ou dificultar o processo de sucessão ecológica, causando

perda de interações entre os níveis tróficos das cadeias alimentares (conectância) (Bechara, 2003).

As gramíneas representam um grupo de plantas muito rústicas e importantes neste nível de

processos restaurativos, mas seu lado forte na produção de substâncias antibióticas evita o processo

sucessional (antibiose4) (Reis, 2004). Por isso, deve-se introduzir espécies de gramíneas de ciclo curto. Ao

final do ciclo, o substrato em decomposição, proveniente das gramíneas, fornecerá nutrientes ao solo e

abrirá caminho ao aparecimento de espécies sucessoras. Diante de sua capacidade de colonização, de

produção de matéria orgânica e da melhoria das qualidades do solo, sugere-se que sejam selecionadas

gramíneas que apresentem baixos níveis de antibiose, tais como as anuais: Avena sp. L. (Aveia-forrageira)

Secale cereale L. (Centeio-forrageiro), Setaria spp. (Capim-rabo-de-gato). Apesar das duas primeiras

espécies serem exóticas, seus papéis passageiros na comunidade justificam seu uso (Reis, 2004).

As espécies exóticas que se naturalizam, ou seja, aquelas que conseguem avançar áreas além dos

seus locais de introdução, e se adaptam a um novo ambiente são chamadas de exóticas invasoras (Reis,

2004).

E é justamente a ação das espécies exóticas invasoras a segunda maior causa de extinção de

espécies no mundo, superada apenas pela perda e fragmentação de hábitats (Brasil, 2002 apud Martins Jr.

et al. 2006). Vitousek et al. (1987) ressaltam que em ecossistemas de ilhas, a perda de biodiversidade

causada pela introdução de espécies invasoras é tão impactante que supera a ação humana.

As espécies invasoras podem impactar negativamente espécies nativas de diversas maneiras: as

predando, competindo, cruzando e diminuindo a diversidade genética, introduzindo patógenos e parasitas,

ou diminuindo os nutrientes disponíveis (ESA, 2003).

Desta maneira, uma espécie introduzida pode alterar inteiramente a composição das espécies,

diminuindo as espécies raras, e até mudar ou degradar o funcionamento normal do ecossistema (ESA,

2003).

4 Emissão de substâncias no solo capazes de impedir a germinação ou o crescimento de outras espécies.

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Lugo (1988) coloca que as plantas exóticas invasoras tendem a homogeneização da flora mundial,

ameaçando a biodiversidade global devido ao seu poder expansivo e degradador de ambientes naturais.

Primack & Rodrigues (2001) destacam que as espécies exóticas podem deslocar as espécies

nativas através de competição por limitação dos recursos, e citam como exemplo Pivello (2000), que

destaca a Brachiaria sp., uma gramínea africana de grande rusticidade na América do Sul, que vêm

dominando o estrato herbáceo de muitas reservas do Cerrado, podendo se tornar um problema para a

sustentabilidade de muitas espécies arbóreas, já que as plântulas dessas espécies têm dificuldade em

competir com a Brachiaria sp. A falta de inimigos, sejam parasitas, predadores ou doenças, tem sido

freqüentemente sugerida como a maior responsável pelo sucesso das invasoras (Williamson & Fitter,

1996).

Um importante marco na problemática da contaminação biológica foi a criação em 1997, pela

União Mundial de Conservação (UICN), do GISP (Programa Global de Espécies Invasoras), um comitê

internacional de exóticas invasoras. Este comitê, formado por diversos países, componentes da ONU

(Organização das Nações Unidas), como EUA, Canadá, México, Brasil, Austrália e Nova Zelândia, tem

como objetivo evitar a perda da diversidade biológica pela ação de espécies exóticas invasoras, através do

melhoramento das técnicas de detecção e prevenção, e métodos de controle e erradicação (UICN, 2000).

Segundo o GISP, as ações de diminuição da contaminação biológica são a prevenção, o controle e

a erradicação, e devem estar apoiadas pelas comunidades locais e sociedade em geral. A prevenção é

apontada como a opção mais econômica, efetiva e preferida, o que justifica sua maior prioridade. Levando

em consideração as conseqüências das espécies exóticas na biodiversidade, as introduções intencionais das

respectivas espécies devem ser fundamentadas no princípio da precaução, mencionado na Convenção da

Diversidade Biológica. Para que ocorra a redução das introduções não-intencionais, as principais rotas de

entrada devem ser identificadas e controladas. Após o estabelecimento da invasão, medidas de controle e

erradicação são necessárias, porém mais onerosas. Os métodos de controle devem ser social, cultural,

eticamente aceitáveis, eficientes, não contaminantes, não afetando a flora e fauna nativas, a saúde e o bem-

estar humanos, os animais domésticos e os cultivos (UICN, 2000).

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2.7 - QUESTÕES SEQÜENCIAIS SOBRE VIABILIDADE

São diversas as questões, aqui apresentadas, decorrentes de Martins Jr. et al. (2006). Destacam-se

algumas como: (1) introdução de espécies de valor econômico e de subsistência, (2) escolha de espécies

ecológico-econômicas e (3) aspectos geomórficos para decisão sobre possibilidades de plantio, tipos de

métodos, estilos de corredores e construção de condições sistêmicas de trocas genômicas. Segue a análise

de técnicas e dos condicionantes.

2.7.1 - Introdução de Espécies de Valor Econômico e de Subsistência.

Nos casos de enriquecimento da vegetação com espécies de valor econômico e de subsistência,

nativas ou não, deve-se considerar outros processos de propagação, além das técnicas de transposição de

solos e dispersão de chuva de sementes (Martins Jr. et al. 2006), tais como: formação de plântulas e mudas

em maior estágio de crescimento, semeadura direta e/ou hidro-semeadura e cultivo direto ou mínimo.

O Plantio Direto compreende um conjunto de técnicas integradas que visam melhorar as

condições ambientais (água-solo-clima) para explorar da melhor forma possível o potencial genético de

produção das culturas. Respeitando os três requisitos mínimos - não revolvimento do solo, rotação de

culturas e uso de culturas de cobertura para formação de palhada, associada ao manejo integrado de

pragas, doenças e plantas daninhas - o Plantio Direto não deve ser visto como uma receita universal, mas

como um sistema que exige adaptações locais. A semeadura direta é um sistema de exploração

agropecuária onde a mobilização do solo é realizada apenas na linha de semeadura, tendo como objetivo

manter o solo coberto com resíduos vegetais, acarretando menores perdas de solo por erosão, além de ser

uma operação mais rápida. Neste aspecto, assume grande importância nas semeaduras de safrinha, onde

esse período é bastante curto. O principal problema que pode existir com a semeadura direta,

particularmente nos solos argilosos, é o possível desenvolvimento de camada compactada, dificultando ou

mesmo impedindo o crescimento normal do sistema radicular e a sustentação das plantas. Assim sendo,

recomenda-se que, ao optar pela semeadura direta, seja verificada a existência de camada compactada,

bem como, sua profundidade e espessura, além da acidez do solo (EMBRAPA, 1998).

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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A Hidrosemeadura merece atenção especial por tratar-se de uma técnica altamente eficiente no

combate a erosão e recomposição vegetal. O processo adotado é executado através de jateamento de uma

solução concentrada, composta por fertilizantes químicos e orgânicos, totalmente biodegradáveis.Esta

técnica tem sido bastante utilizada principalmente na África e na Austrália no intuito de minimizar custos

de projetos agro-florestais e proteger solos expostos (Knight, et al., 1998; Owuor et al., 2001, apud Reis,

2004).

A técnica do cultivo mínimo nasceu da conscientização e da abolição da queima de áreas como

forma de limpeza do terreno. Nasceu também do desenvolvimento e da adoção de técnicas

conservacionistas para o manejo do solo. É um sistema de cultivo que está situado entre o sistema de

cultivo convencional e o sistema de plantio direto. A técnica trouxe como benefício a redução da erosão, a

maior conservação da umidade do solo, a redução da reinfestação de plantas invasoras (mato), a menor

intervenção operacional nas áreas de cultivo e redução drástica da necessidade de manutenção das

estradas. Isso tudo permitiu maior facilidade de controle das atividades e administração dos trabalhos;

conservação do solo e dos nutrientes, assim como de sua microbiologia; e a conservação dos mananciais

hídricos. A produtividade está diretamente relacionada à questão do material genético e a nutrição,

portanto, a contribuição do cultivo mínimo neste processo se dá em função da adaptação dos materiais

genéticos em diferentes lugares (Pinheiro et al. 2003).

O cultivo mínimo como substituto da queima dos resíduos após a colheita, sendo este não

sustentável em longo prazo, pois que causa empobrecimento dos solos, traz a alternativa da subsolagem,

que consiste na desagregação do solo para que as raízes absorvam mais água e nutrientes. É a técnica de

afofar a terra e prepará-la para a adubação e o plantio, que substitui a aragem e a gradagem em área

total (Martins Jr. et al. 2006). Em terrenos planos, é feita uma cavidade triangular na terra com 40 a 60

centímetros de profundidade. Para terrenos em declive, é utilizado o coveamento mecanizado, com um

equipamento apropriado que faz as covas com a mesma profundidade. Com a subsolagem, é feita a

primeira etapa da adubagem, que é a aplicação do fosfato para fertilizar a terra. (Gazeta Mercantil –

Florestas Plantadas – 27/05/2004 – Pág. 2 apud Martins Jr. et al. 2006).

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No caso da implantação de espécies exóticas de rápido crescimento (Eucalyptus spp.), estas

devem ser plantadas em covas, com espaçamentos regulares ideais de (3x2)m ou (3x3)m, mantendo 3 a 4

linhas nas laterais do corredor. Outros espaçamentos são legítimos. No exemplo proposto, as linhas ficam

a 3m de distância entre elas, sendo cada uma das mudas plantadas a (2 e 3)m de espaçamento,

respectivamente. Nas entrelinhas do plantio são mantidos os resíduos, como folhas, galhos e cascas, que

auxiliam no processo de adubação. Após o plantio das mudas de eucalipto deve ser feita a adubação,

preferencialmente orgânica, a cada três meses, durante o primeiro ano. Depois, com a formação das copas,

a adubação se torna desnecessária, pois a ciclagem de nutrientes é feita naturalmente. As mudas das

espécies nativas de valor econômico deverão, também, serem adubadas com quantidades e composições

diferentes daquelas das espécies de eucalipto. As covas poderão ser feitas manualmente (dependendo da

extensão do corredor), adotando-se a técnica do coroamento (capina, com diâmetro de ± 1m em torno da

cova), ao invés do cultivo mínimo, que normalmente é adotado para áreas de grande extensão. Nas áreas

com as covas, em torno de um mês após o plantio deverão ser realizados monitoramentos de campo para

avaliar a necessidade de replantio das mudas que não resistirem o que em condições ideais não deve

ultrapassar o índice de 10%. Por último, no primeiro ano, nas áreas plantadas com eucalipto e espécies de

valor econômico, talvez seja necessária ainda a aplicação de herbicidas para combater as ervas daninhas

invasoras, que competem com as mudas por água, luz solar e nutrientes (Martins Jr. et al. 2006).

As espécies nativas (de porte médio a arbóreo) deverão ser introduzidas, com espaçamentos

irregulares, não inferiores a (4x4)m ou (4x5)m, no interior do corredor e, nos intervalos destes plantios

serão efetuadas as transposições de solos. A quantidade de espécies implantadas dependerá da largura do

corredor. Com o desenvolvimento das plantações, para evitar a competição entre as espécies, deve-se

realizar desbastes seletivos (de forma a provocar o mínimo de dano possível na vegetação remanescente),

no sentido de propiciar o desenvolvimento de espécies de interesse. A intensidade e época dos desbastes

dependerão do uso final que se queira dar à madeira (tanto para o eucalipto como para as espécies

nativas). Assim, espaçamentos maiores propiciarão a obtenção de material com maior diâmetro e menor

porte e, espaçamentos mais adensados permitirão a obtenção de produto com características opostas

(Martins Jr. et al. 2006).

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Na escolha das espécies, devem ser considerados os parâmetros ecológicos, visando o

estabelecimento de maiores interações entre as espécies da flora e fauna. Dentre esses critérios, deve-se

considerar a diversidade, a especificidade de ambientes dessas espécies, suas características sucessionais e

seus padrões de abundância na comunidade de origem (Rodrigues & Nave, 2000).

Conforme mencionado acima, o eucalipto pode aparecer como uma das espécies utilizáveis nas

bordas mais externas do corredor florestal, apesar de controvérsias em relação ao seu suposto elevado

consumo de água durante a fase de crescimento. Isto é desmentido por estudos recentes, que têm mostrado

não haver muita diferença entre o consumo de água de diversas espécies florestais e o eucalipto. Isso

também é verdade em comparação com a agricultura: ele apresenta consumo parecido com o do café e

menor do que o da cana-de-açúcar. Em países com pouca disponibilidade de água, como Espanha, Itália,

Israel e Marrocos, grandes áreas são usadas para o plantio de eucaliptos, sem problemas. Em Israel, áreas

de deserto são usadas para agricultura, depois do cultivo do eucalipto por períodos entre 20 e 30 anos

(Calder, et al, 1992 e Lima, W. de P., 1992, apud Fibra – Jornal da Cenibra, 2003 citado em Martins Jr. et

al. 2006). Com relação à eficiência do uso da água pelo eucalipto (1kg/350 L), este apresentou uma

eficiência melhor que as culturas de: batata (1kg/2.000L); milho (1kg/1.000 L); cana-de-açúcar (1kg/500

L) e cerrado (1kg/2.500 L) (Novais et al, 1996, apud Fibra – Jornal da Cenibra, 2003 citado em Martins

Jr. et al. 2006).

Quanto às características físicas, químicas e microbiológicas dos solos em plantios de eucalipto,

deve-se mencionar que o trabalho executado no CETEC: “Avaliação das Alterações no Solo Provocadas

pela Cultura de Eucalyptus spp.” (CETEC, 1984 apud Martins Jr. et al. 2006), no qual se comparou as

características mencionadas com os solos de Cerrado, não demonstraram diferenças significativas entre

estas formações vegetais (CETEC, 1981 apud Martins Jr. et al. 2006). Foram realizados testes em

amostras de solos no interior das duas formações em diferentes localidades de Minas Gerais.

Outra espécie arbórea, o Palmito (Euterpe edulis Martius), possui bom potencial para manejo

sustentável em florestas secundárias, podendo ser utilizado na implementação de corredores florestais,

devido à importância econômica da espécie. Sobre seu plantio: a base do processo é a formação de um

banco de plântulas, uma vez que este é a principal característica regenerativa do palmito dentro de uma

comunidade arbórea. Posteriormente, a manutenção deste banco dependerá da ação de polinizadores e de

dispersores de sementes e, principalmente, de uma mudança radical na forma de exploração da espécie

(Reis, 2004).

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2.7.2 – Escolha de Espécies Ecológico-Econômicas.

A escolha de espécies para a implementação de corredores ecológico-econômicos deve primar

pelas plantas que apresentam maior interação com outras espécies, por exemplo, possibilitando a formação

de cadeias alimentares mais complexas. Os aspectos fito-sociológicos devem ser considerados para

aumento de eficiência da plantação. Na estruturação de corredores florestais, seguindo as margens dos rios

(matas ciliares) deve-se preferir utilizar gramíneas e macrófitas adaptadas aos terrenos úmidos, como nas

planícies de inundação, nos bancos aluvionais e florestas nas demais áreas (Mander et al., 2005 apud

Martins Jr. et al. 2006).

Além disso, torna-se importante a realização de estudos específicos de viabilidade econômica e

fluxo de caixa por parte dos produtores que teriam suas propriedades participando da área dos corredores.

Assim seriam avaliadas as variáveis físicas que condicionariam a escolha das espécies e, a partir disso, tais

estudos entrariam em questão com o objetivo verificar o retorno do investimento x prazo x área plantada x

espécies admitidas.

2.7.3 – Aspectos Geomórficos.

Para decisão sobre possibilidades de plantios, tipos de métodos, estilos de corredores e adequação

de condições sistêmicas para trocas genômicas, os aspectos geomórficos devem ser tratados segundo as

definições dos morfotemas cartografados, ou seja, das formas geológicas como feições constitutivas do

relevo. Tais formas oferecem em si mesmas, tanto possibilidades quanto dificuldades, ou mesmo aspectos

impossibilitadores. Esses aspectos devem ser tratados, regionalmente, por uma “classificação maior de

toda a tipologia de paisagens” com o fim de indicar essas possibilidades e conveniências (Martins Jr. et al.

2006).

Neste sentido este estudo aproxima a questão rochas / morfotemas / solos ao modo proposto por

Descartes, ou seja, o modo das aproximações sucessivas. Desta maneira a lógica emerje das condições

regionais às mais variadas condições locais do substrato geológico em ambientes diversos de geodinâmica

externa.

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Neste cenário, espera-se que a combinação de estratégias da agrossilvicultura moderna com as

estratégias tradicionais de inovação tecnológica para a agricultura e resgate de espaços florestais nativos, a

partir da implementação de corredores florestais ecológico-econômicos, favoreça a incorporação de

soluções agrícolas, florestais e ambientais de uma maneira mais eficiente e sustentável.

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CAPÍTULO 3

CONCEITOS PARA O DESENVOLVIMENTO ECO-SUSTENTÁVEL EM

ÁREAS RURAIS, AGRÍCOLAS E FLORESTAIS

Após a apresentação de alguns conceitos, técnicas e estudos concernentes ao florestamento e

reflorestamento através de corredores, passa-se a dar ênfase ao âmbito deste projeto, que é a bacia

hidrográfica do Ribeirão Entre Ribeiros.

Entretanto, cabe antes de adentrar no plano específico da bacia em estudo, elucidar alguns

conceitos e temas que permitam esboçar um modelo para o desenvolvimento eco-sustentável, neste caso

em áreas rurais, agrícolas e florestais. Este intento pousa como um real desafio, dadas as atuais e

emergenciais condições não somente da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, mas também de várias áreas

que possuem semelhantes distorções e austeros desequilíbrios ambientais em uma escala regional ou mais

ampla.

O intuito de explicitar estes conceitos é o de se aproximar ao máximo da realidade, porém

conferindo-a uma possibilidade de se reorganizar. Isso ocorre ao combinar, por exemplo, projetos

ecológicos e econômicos gerados a partir de uma reflexão e da integração de vários campos dos saber que

compõem uma “arquitetura de conhecimentos”, haja visto que esta última permite auxiliar na melhor

decisão para a correção e mitigação de tais distorções.

Cabe destacar que os conceitos que se sucedem neste capítulo foram e vêm sendo desenvolvidos

pelo professor e orientador desta dissertação, Dr. Paulo Martins, extraídos, principalmente, do Projeto

CRHA (Martins Jr. et al. 2006), bem como por sua equipe de pesquisadores, que conta inclusive com o

autor dessa dissertação, e possuem como base, também, a teoria proposta em Martins Jr. (1998).

Estes, serão fundamentais e norteadores no que tange à tentativa de proposição de um cenário

alternativo (capítulo 7), além de elucidar e situar algumas idéias que permeiam o estudo.

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3.1 - CONCEITO DE GEOCIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

Segundo Martins Jr. (1998), a inexistência de uma reflexão com práticas sistemáticas e integradas

nas Geociências em interseção, por exemplo, com a Agronomia, Engenharia florestal e Engenharia

agronômica / agrícola, permitiu a fundamentação de um ramo das Geociências, então proposto como

Geociências Agrárias e Ambientais - GAA. Nesse contexto, GAA implicam em integrar diversas ciências

que subsidiem a prática da agricultura, silvicultura e zoocultura, de modo conservacionista, no âmbito da

gestão de bacia hidrográfica. A integração de diversos campos de conhecimentos, principalmente os

específicos das Geociências, como a Geologia Estrutural, Hidrogeologia, Geomorfologia, Climatologia,

Geotecnia, Pedologia, Aptidão de solos, Lito-estratigrafia com outras ciências afins compõe o quadro de

conhecimentos das GAA. Assim, as questões interdisciplinares envolvem uma verdadeira articulação de

conhecimentos distintos, desenvolvidos com diferentes objetivos, para serem articulados em uma

Arquitetura de Conhecimentos que permita desenvolver sistemas de auxílio à decisão, de modo que todos

os aspectos dos problemas geo-ambientais e agrários possam ser integrados em um quadro de soluções

que sejam ao mesmo tempo ecológica e economicamente viáveis. As questões distintas são, todavia,

reportadas às mesmas referências: ambiente, solos, uso da água e conservação.

3.2 - ECOLOGIA ECONOMIA - O BINÔMIO DESEJÁVEL.

Introduzir o pensamento ecológico no pensamento econômico implica em escolher métodos

econômicos, temas, modelos e outros aspectos dessa ciência que intersectem com as atividades humanas e

a questão da valoração do ambiente enquanto tal. A tarefa pode evoluir pelo simples processo de geração

de modelos econômicos financeiros para a produção agrícola, pastoril, florestal e o uso da terra no qual o

aspecto ecológico entrará por meio da agroclimatologia, da aptidão dos solos, da conservação de solos,

das relações de conservação de florestas naturais e o espaço agrícola e pastoril. Tais atividades ainda

podem ser agregadas quanto aos aspectos de uso da água, seus custos e conservação, uso dos pesticidas,

insumos e adubos, com as implicações de poluição, de tal modo que estes aspectos todos sejam

correlacionados e ao fim emerja uma visão econômica parametrizada por um pensamento e práticas

conservacionistas. Ainda que bom, pode ser pouco (Martins Jr. et al. 2006).

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Este binômio está também representado no sistema ORCI1 nas rodas de macroeconomia /

ecologia, microeconomia / ecologia e ecologia / economia (Martins Jr. et al, 2005-2008 em execução). O

conjunto de rodas apresenta um amplo espectro do que deve ser tratado, embora possa haver outros

aspectos também importantes em situações particulares. Em princípio, as três instâncias (macroeconomia /

ecologia, microeconomia / ecologia e ecologia / economia), e como elas estão representadas recobrem o

espectro maior do problema ecologia-economia.

Vale lembrar que a Ecologia-Economia é uma possibilidade efetiva, quando na modelagem

econômica se conta o custo imediato e eventual da conservação, e também se conta a conservação como

ganho no longo prazo.

3.3 - MODELOS DE CONSERVAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS.

De acordo com Martins Jr. et al.(2006), a conservação de recursos hídricos envolve, de maneira

geral:

1 - manter as zonas de recarga de aqüíferos com condições ideais de infiltração;

2 - a minimização do escoamento superficial derivado diretamente das chuvas por meio de re-

ocupação adequada do território com agricultura e silvicultura;

3 - o uso adequado de quantidade de água para a agricultura irrigada com o melhor

aproveitamento da relação de culturas / condições / técnicas de rega;

4 - o uso adequado urbano;

5 - os métodos de captação de água da chuva, particularmente, em regiões semi-áridas e áridas;

6 - a conservação de florestas ripárias /ciliares / de galeria;

7 - a proteção de fontes em seu entorno imediato e nos trechos mais frágeis dos cursos d’água.

1 Sistema – Organograma das Rodas de Correlações e Impactos, desenvolvido no Projeto CRHA (Martins Jr. et al. 2006) e Projeto ACEE

(Martins Jr. et al. 2005-2008). Recomenda-se o acesso a www.sisorci.cetec.br para ler e entender cada aspecto e usar dos serviços do sistema.

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Além disso, deve-se considerar o valor econômico da água, sendo essa um bem de domínio

público, um recurso natural finito e vulnerável, tendo valor econômico em todos os seus usos

competitivos. No passado, o não reconhecimento do valor econômico da água conduziu a sérios danos

ambientais. A gestão da água como um bem econômico é uma importante forma de atingir eficiência e

equidade no seu uso e de promover sua conservação.

A cobrança pelo uso da água é um instituto recente no mundo, e considerado novíssimo no Brasil.

Atualmente, é um dos instrumentos de gestão que tem merecido bastante atenção no processo brasileiro de

regulamentação da Política Nacional de Recursos Hídricos. Entretanto, verifica-se que a discussão sobre a

cobrança pelo uso da água está mais concentrada na cobrança das águas superficiais. Há necessidade,

entretanto, de se estender tais discussões para o caso das águas subterrâneas que podem ser entendidas

como as de maior valor econômico em função das dificuldades de recuperação, uma vez degradadas.

Para SEROA DA MOTTA (1998), devido à ausência de critérios econômicos objetivos nas

legislações de Recursos Hídricos, a regulamentação da cobrança torna-se, assim, uma outra fase de

negociação política. Todavia, a ausência desses critérios significa que, embora se reconheça o valor

econômico da água, não se identificam as implicações desse reconhecimento.

3.4 - MODELOS DE FLORESTAS – AS FLORESTAS ECOLÓGICO-ECONÔMICAS.

Para Martins Jr. et al.(2006), florestas naturais podem ser de diversos tipos como as do cerrado, as

florestas úmidas, a caatinga e toda uma gama de variantes específicas de tipologias vegetais. A sabedoria,

a inteligência e o bom senso devem impelir a gestão das relações humanas com as florestas, de tal modo

que, mantendo-as com adequados programas de conservação e de exploração, possamos viver e enriquecer

com seu produto natural. Tal coisa não tem sido, todavia a história da constituição territorial do Brasil.

Nas Regiões Sudeste e Sul ocorre que grande parte das florestas já foi desmatada. Nestas Regiões

e podemos também incluir a Região Nordeste, na Zona da Mata Atlântica cabe repensar a questão florestal

com algumas premissas:

1 - paralisação total de autorização de exploração madeireira, com algumas ressalvas locais, por

um período moratório de dez anos,

2 - implantação de um programa de pesquisas sobre desenvolvimento florestal para madeiras de

lei e árvores especialmente escolhidas da Floresta Atlântica e do Cerrado,

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3 - implantação de centenas de hortos regionais para produção de milhões de mudas de espécies

importantes, como as madeiras de lei, as frutíferas e outras,

4 - mapeamento rigoroso das florestas e maciços florestais remanescentes de tal modo que se

possa vir a realizar um rigoroso programa de planejamento de replantio,

5 - identificação de maciços florestais para serem reunidos por florestamento e reflorestamento

sobre grandes extensões,

6 - estabelecimento de um programa de geração de firmas de florestamento e reflorestamento

biodiverso com alta tecnologia de gestão,

7 - produção e oferta de cursos, com apoio do IEF / outras instituições e empresas, em diversos

níveis, para a criação de núcleos de pessoal técnico em administração, engenharia florestal e atividades

gerais de florestamento / reflorestamento,

8 - criação de modelos gestionários e de modelos de prospectiva em economia física e financeira.

Por modelos de florestas, pode-se defini-los como (Martins Jr. et al. 2006):

� o conjunto de conceitos normativos que indicam os procedimentos para florestamentos, cujos

povoamentos florestais poderão ser regidos por relações ecológico-econômicas, ecológicas ou

econômicas, indicando-se assim o sentido funcional primordial de uma floresta.

� todo modelo ecológico-econômico deve necessariamente recobrir as condições de sustentar a

interação de plantas nativas, plantas econômicas nativas ou mesmo exóticas à Região, constituindo

maciços e/ou corredores florestais, tais que as relações entre a presença do homem e dos animais silvestres

sejam favorecidas pela própria estrutura da floresta.

� todo modelo ecológico é aquele no qual estão presentes apenas espécies nativas em condições

tais que o maciço florestal possa ser mantido em integridade de modo a permitir o tráfego de animais

nativos com condições para o impedimento das invasões dos animais domesticados.

� todo modelo econômico é aquele que, sem ofender necessariamente o balanço local de relações

ecológicas, está fortemente ancorado na produtividade econômica total do corpo florestal, e neste caso

algumas medidas ecológicas estratégicas deverão ser mantidas para que as condições ecológicas da micro

região não seja comprometida.

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3.5 - ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO.

Em primeiro lugar, cumpre delimitar o conceito Ordenamento do Território. Segundo Martins Jr.

et al. (2006) o ordenamento do território pode ser entendido como o planejamento e gerenciamento das

atividades humanas em um determinado território. O objetivo do ordenamento territorial é prover a

utilização racional dos recursos naturais de uma região, obtendo uma maior produtividade em paralelo a

um máximo de preservação e conservação ambiental.

Já para o IBGE (2005) O ordenamento territorial constitui a expressão territorial das políticas

econômica, social, cultural e ecológica. Nesse sentido, seu entendimento caminha na direção de um

“disciplinamento” no uso do território, de modo a compatibilizar, ou, ao menos, diminuir eventuais

conflitos existentes nas diversas ações públicas e privadas que alteram dinamicamente os conteúdos

físicos, sociais, econômicos e culturais contidos no território.

Costa (1988) entende que ordenar o território é pensar e atuar no conjunto das forças que

modelam atualmente o desenvolvimento do país, a partir de um olhar da União sobre o conjunto das

regiões e lugares e de uma estratégia que vise, sobretudo, a coordenar as políticas territoriais setoriais e

emprestar a elas uma necessária racionalidade técnica, no atual contexto do planejamento marcado pela

dispersão.

Cabeza (2002) afirma que a ordenação do território tem sido objeto de diversas interpretações no

mundo. Ele afirma não haver unidade de critério, chegando-se inclusive a concepções ecléticas como a da

Carta Européia de Ordenação do Território. Na compreensão deste, a CEOT confunde os resultados com o

instrumento ao definir a ordenação do território como a expressão espacial da política econômica, social,

cultural e ecológica de toda sociedade e complica mais as coisas ao adicionar que é uma disciplina

científica, uma técnica administrativa e uma política. Após examinar vários outros autores, Cabeza (2002)

conclui que a ordenação do território é um conceito ainda em construção, de caráter polissêmico, sujeito a

diversas interpretações sem que exista uma definição universal que satisfaça a todos.

A partir dessas, faz-se necessário traçar, em amplo espectro, a relação entre o Direito Ambiental e

os instrumentos de Ordenamento do Território, visando ao desenvolvimento sustentável, com especial

ênfase na preservação de recursos hídricos. Mapeadas as interconexões jurídicas entre as duas questões,

passa-se a uma análise de viabilidade do manejo integrado do ordenamento do território em conjunto com

a preservação dos recursos hídricos. Nessa proposta, é fundamental o papel dos órgãos legisladores, dos

produtores rurais, e da população em geral, no tocante aos instrumentos de gestão territorial-ambiental.

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3.6 – PLANEJAMENTO, AUTONOMIA E GESTÃO DE BACIAS HI DROGRÁFICAS.

O enfoque do planejamento de Bacias Hidrográficas se mostra potencialmente bastante eficaz na

gestão ambiental de territórios, visto que estas podem ser pesquisadas como sistemas naturalmente

delimitados, onde há trocas de matéria, energia e informação bem definidas (como escoamento superficial

na saída da sub-bacia, precipitação hídrica e de energia solar, erosão, migração de animais e de seres

humanos, balança comercial, etc., à exceção, em alguns casos, de processos hidrogeológicos ainda não

estudados). Outra vantagem da gestão de Bacias Hidrográficas é que ela permite o trabalho em múltiplas

escalas, desde grandes rios nacionais que atravessam diversos Estados e deságuam no oceano, até bacias

de pequenos riachos dentro de uma propriedade rural. Essas diferenças de escala permitem que as bacias

hidrográficas sejam usadas desde o ordenamento territorial em grandes planos setoriais governamentais,

até o planejamento das atividades de produtores rurais em suas propriedades particulares (Martins Jr. et al.

2006).

Ao estudar comparativamente as bacias hidrográficas, percebe-se que cada uma possui

características e dinâmicas ambientais diferentes. Estas características vão influenciar diretamente as

atividades humanas nestas bacias hidrográficas, selando inclusive a viabilidade de determinados

empreendimentos. É esse o caso da disponibilidade de minerais para indústria extrativista, da aptidão de

solos para certos cultivares da agricultura, da disponibilidade de água para irrigação, do relevo adequado

para tratores e equipamentos agrícolas, etc.

As características ambientais vão definir a maneira como a população vai sobreviver dentro da

bacia hidrográfica, determinando de maneira indireta, mas crucial, a sua cultura e modo de vida. Exemplos

extremos são as populações de uma bacia hidrográfica do semi-árido, outra da bacia amazônica e outra de

uma região de fronteira agrícola, cada uma delas com sua população singular. Enfim, dessa maneira, as

bacias hidrográficas precisam ser encaradas do ponto de vista ecológico, econômico e social, já que essas

três esferas interferem entre si e são reciprocamente interligadas e limitantes.

Segundo Martins Jr. et al. (2006), muito tem se discutido sobre a defesa da autonomia e

sustentabilidade dos povos, sobre como se mostra estratégico para um povo conseguir suprir suas próprias

necessidades, diminuindo assim sua dependência e exploração por um povo externo. Uma população com

autonomia alimentar, energética, hídrica e econômica se encontra protegida contra crises e reveses que

atinjam a região, ou mesmo, o mundo como um todo, já que as necessidades da população podem

continuar a ser supridas.

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Do ponto de vista ético e moral, também deve ser considerada como essa autonomia regional é

importante para defender a dignidade de um povo, podendo sobreviver sem ser submisso a um outro grupo

externo, mantendo assim seu modo de vida, seus valores, sua cultura, seus saberes tradicionais, sem

esquecer também o direito a uma vida segura e qualitativamente boa. Ressalva-se que a autonomia de um

povo não significa o seu isolamento do restante da sociedade global, mas sim que consiga levar adiante

seu projeto de desenvolvimento ecológico-econômico, de uma maneira madura, em que sua interação com

os demais povos se dê como uma cooperação entre iguais, e não na forma de dominado-dominador.

Acrescentando o viés da sustentabilidade, é necessário planejar e agir para garantir esses direitos não

apenas para a geração presente, mas também para as que estão por vir, o que implica também em não

esgotar os recursos naturais e as potencialidades dos ecossistemas.

Nesse sentido, pretende-se estender essas metas de autonomia para a gestão de bacias

hidrográficas. Afinal, como já visto que há uma singularidade tanto do sistema natural quanto do humano

dentro das bacias hidrográficas, torna-se útil utilizá-las como unidades estratégicas de desenvolvimento

sustentável. Do ponto de vista da economia física, elas serão então consideradas como unidades naturais e

humanas de produção. Acreditamos ser viável, na prática, o planejamento administrativo, visando a

autonomia das bacias de segunda e até terceira ordem no Brasil, isto é, a partir do rio maior que define a

primeira ordem como determinado pela Secretaria Nacional de Recursos Hídricos.

Gestão é um processo participativo, contínuo, interativo e adaptativo, que inclui uma série de

deveres associados, os quais devem ser desenvolvidos de forma que se possa alcançar metas e objetivos

pré-determinados (CICINSAIN, 1993). Constitui-se no processo de articulação das ações dos diferentes

agentes sociais que interagem em um dado espaço, visando garantir, com base em princípios e diretrizes

previamente acordados/definidos, a adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais -

naturais, econômicos e socioculturais - às especificidades do meio ambiente (LANNA, 1995).

O gerenciamento dos recursos hídricos pode ser traduzido como sendo um instrumento que

orienta o Poder Público e a sociedade, a longo prazo, na utilização e monitoramento dos recursos

ambientais - naturais, econômicos e socioculturais, na área de abrangência de uma bacia hidrográfica, de

forma a promover o desenvolvimento sustentável (LANNA, 1995).

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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3.7 - CENÁRIOS AMBIENTAIS e MONITORAMENTO AMBIENTAL CONTÍNUO.

Para que o ordenamento do território seja feito de forma eficaz, ele precisa estar muito bem

fundamentado em estudos ambientais sobre a região. Pois sem conhecer o ambiente que está sendo

estudado, é impensável fazer um planejamento minimamente eficiente que vise o desenvolvimento

sustentável da região.

Para Martins Jr. et al. (2006), uma metodologia para se realizar este estudo é a construção de

cenários, enfocando três momentos:

� Passado: como o ambiente em questão se portaria originalmente, sem a interferência humana.

Isso permite aproximar-se de quais são as condições ideais às quais o ecossistema da região se adaptou ao

longo dos milhões de anos de evolução. Este cenário serve como uma meta ideal (porém utópica) de

preservação ambiental, que embora não possa ser alcançada, visto que se deve conciliar nela as atividades

humanas, a mesma serve como ponto de referência para o estabelecimento de metas e objetivos.

� Presente: como o ambiente se configura atualmente, além de suas características estáticas e

dinâmicas e processos ecológicos. Devem ser estudadas, tanto as condições dos ambientes naturais,

quanto do ambiente humano, e as interações entre ambos. As informações contidas nesse cenário vão dar

ao planejador a consciência dos atuais problemas ambientais presentes na região.

� Futuro: um conjunto de cenários com previsões de evolução do quadro atual do ambiente de

uma região. São computadas as tendências de ocupação territorial, crescimento urbano e rural, acúmulo de

substâncias poluentes, desmatamentos, capacidade de recuperação do ambiente, e tantas mais, quanto for

possível, já que o objetivo é fazer uma previsão a mais abrangente possível, sendo tanto mais eficiente

quanto mais variáveis recobrir. Devem ser feitos cenários tanto para o caso do ritmo de degradação

ambiental se manter, caso não seja implementado nenhum programa de gestão ambiental, quanto também

cenários para cada uma das alternativas de planos de ação ambiental a serem executados. Em tempo, a ser

percorrido entre cada previsão pode variar tanto quanto os processos ecológicos que ocorrem em um meio

ambiente, mas também devem se adaptar aos ciclos administrativos humanos, para que possa ser

acompanhada sua evolução em paralelo com a atividade de gestão ambiental. Por exemplo, a degradação

ou recuperação de uma floresta pode levar décadas, mas podem ser definidas etapas intermediárias que

permitam acompanhar esses processos.

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Andrade, L.M.G., 2007. Uso Optimal do Território de Bacia Hidrográfica com Fundamentos no Conceito de ....................

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Todavia, Martins Jr. et al. (2006) afirmam que o processo de elaboração de cenários, assim como

a gestão ambiental, não devem e nem podem entregar um produto estático e acabado com a solução para

os problemas. Devido a constante imprevisibilidade dos processos sociais, econômicos e naturais, a gestão

ambiental deve conter um processo contínuo de monitoramento e de reciclagem do modelo, quando este

for quantitativo matemático, capaz de rastrear as alterações ambientais, em especial os efeitos das

intervenções humanas.

Existem várias maneiras de efetuar esse monitoramento. Com o desenvolvimento da tecnologia de

banco de dados, o cadastramento de proprietários e empresas obrigadas a fornecer informações sobre sua

situação ambiental (incluindo a propriedade e as atividades impactantes ao meio ambiente) pode gerar

uma grande rede de informações ambientais, tornando possível, inclusive, o acompanhamento das

modificações ambientais ao longo do tempo. Estas redes locais de informação ambiental precisam ser

integradas às demais redes de dados dos demais órgãos ambientais do Brasil, compartilhando a

informação para os diversos níveis de decisão e poder de ordenamento territorial sustentável. Essa é uma

situação que ainda está em processo de implementação no Brasil, visto que os órgãos ambientais já

começaram a estruturar suas redes de dados. Todavia, além da falta de dados, ainda não há integração

entre estas diversas redes. O resultado tem sido um conjunto de ilhas de informação, com dados escassos e

isolados das demais informações que permitiriam uma visão mais ampla no processo de gestão ambiental.

As recentes inovações da tecnologia de imageamento remoto por satélites e aeronaves, inclusive

com preços mais acessíveis, permitirão um monitoramento cada vez mais freqüente da evolução da

situação ambiental de uma região. Pode-se lançar mão, tanto de imagens ópticas (dentro do espectro

luminoso da visão humana em espectros mais amplos de ultravioleta e/ou infravermelho), quanto de

imagens de radar (obtidas pela reflexão de microondas sobre uma região).

As imagens ópticas são muito boas para observação de atributos físicos (como forma, umidade e

temperatura), enquanto as imagens de radar são direcionadas para atributos eletromagnéticos e de

reflexividade. Ambos os tipos de imagens possuem suas especificidades técnicas de interpretação,

revelando diferentes informações sobre o território coberto, e sua importância tem sido crescente no

monitoramento de desmatamentos e de expansão rural e urbana.

Além dos cadastros e do imageamento remoto, é imprescindível a atuação de fiscais dos

departamentos de meio ambiente, para ir a campo, conferir a veracidade das informações e fazer valer o

poder concedido pelo governo aos órgãos ambientais. Este é um grave problema do aparato

governamental brasileiro, pois apesar de possuirmos uma legislação coerente com a preservação do meio

ambiente, os órgãos, sem o mínimo de pessoal efetivo para realizar a administração e fiscalização

ambiental, não conseguem fazer valer o que as normas jurídicas determinam.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Por fim, para gerenciar toda a gama de informações de uma maneira inteligente e eficaz, os

programas (softwares) de geoprocessamento se mostraram ferramentas essenciais. Por conseguir integrar

milhares de informações cartográficas e de banco de dados, os SIG (Sistemas de Informações

Geográficas) permitem alçar a gestão ambiental a um novo patamar, agilizando operações cartográficas

tradicionais e possibilitando inclusive novas operações antes inviáveis. O uso de ferramentas específicas

destes programas possibilita que tarefas que antes demandavam meses de trabalhos de uma equipe de

técnicos, agora sejam realizadas em horas por um computador, sem esquecer da facilidade de atualizações

e correções contínuas no material disponível em formato digital. Devido a estas novas facilidades, o uso

de programas SIG tem proporcionado aumento na qualidade e quantidade de informações ofertadas, e o

seu uso tornou-se praticamente obrigatório na elaboração de planos diretores, assim como no processo

contínuo de gestão ambiental e ordenamento territorial.

A partir dessas fontes de dados sobre a região, entra em cena todo um trabalho de interpretação

por parte de profissionais especialistas em meio ambiente, sem esquecer da necessidade de saídas a campo

para que possam complementar ainda mais os dados obtidos.

A transformação dos dados em informações úteis deve ser feita da maneira a mais pluridisciplinar

possível, tentando recobrir o maior número possível de ciências e áreas de conhecimento. Dessa forma,

procura-se retratar o objeto de estudo em suas muitas faces e possibilidades de interpretação. Em

seqüência, vem o trabalho não menos delicado de integrar essas informações de maneira interdisciplinar,

relacionando todos estes dados para uma gestão integrada do ordenamento territorial. Novamente, não se

pode esquecer dos programas de geoprocessamento / SIGs, que permitem uma apresentação de dados de

maneira flexível e adaptável às necessidades das diversas interpretações ambientais, além de facilidades de

tratamento matemático e estatístico de dados em grande escala (Martins Jr. et al. 2006).

3.8 - UNIDADES GEOAMBIENTAIS.

Alguns pontos deste processo de interpretação merecem um destaque especial. Um deles é a

identificação das Unidades Geo-Ambientais, que receberá o foco neste momento e serão desenvolvidas

em um capítulo adiante.

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Andrade, L.M.G., 2007. Uso Optimal do Território de Bacia Hidrográfica com Fundamentos no Conceito de ....................

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É fato que, ao realizar o estudo comparado de bacias hidrográficas, segundo múltiplas variáveis

ambientais, pode-se perceber que algumas regiões contínuas, destacáveis nos mapas, apresentam

características e processos ambientais bastante parecidos: portanto serão chamados de “Áreas

Homogêneas”, ou “Unidades Geo-Ambientais”. A identificação dessas áreas permite uma melhor

compreensão dos sistemas ecológicos de um território, e pela situação ambiental específica de cada uma

dessas áreas será possível determinar planos de ação diferenciados, que respeitem os recursos naturais e a

vulnerabilidade de cada um destes sistemas. Alguns profissionais também têm incorporado na delimitação

das unidades geo-ambientais, não apenas variáveis de caracterização natural, mas também das atividades

humanas presentes e potenciais. Embora essa maneira alternativa crie unidades não exatamente

correspondentes aos sistemas naturais, ela tem a vantagem de fornecer diferenciações úteis na hora de

formular políticas ambientais específicas para cada uma das unidades geo-ambientais, já que elas também

devem levar em conta a população, empresas e demais setores sociais e econômicos (Martins Jr. et al.

2006).

Para Lucena (1998), a Unidade Geoambiental, ou Unidade Territorial Básica (UTB), exprime o

conceito geográfico de zonalidade através de atributos ambientais que permitem diferenciá-la de outras

unidades vizinhas, ao mesmo tempo em que possui vínculos dinâmicos que articulam a uma complexa

rede integrada por outras unidades territoriais. Estas UTB´s podem ser definidas por foto-interpretação, no

processo manual de observação e identificações de regiões e imagens de satélite.

Já segundo Bertrand (1971), um geossitema é uma categoria espacial caracterizada por uma

relativa homogeneidade dos seus componentes, cuja estrutura e dinâmica resulta da interação entre o

“potencial ecológico”, a “exploração biológica” e a “ação antrópica”, e que se identifica por um mesmo

tipo de evolução. O geossistema estaria em estado de clímax quando o potencial ecológico e a exploração

biológica se encontrassem em equilíbrio. Intervenções humanas implicariam em um rompimento deste

equilíbrio.

3.9 - ZONAS DE RECARGA DE AQUÍFEROS E ÁREAS PRECISAS DE RECARGA.

Um outro ponto crucial é a identificação das Zonas de Recarga de Aqüífero. Seu conceito, em

interpretação ampla, pode ser definido como uma “área que contribui para alimentação de um aqüífero,

por infiltração direta ou por escoamento seguido de infiltração” (Martins Jr. et al. 2006).

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Em se tratando da atividade do ordenamento territorial, as zonas de recarga são identificadas

como as áreas em que essa infiltração cumpre um papel especial neste ecossistema, e que caso sejam

degradadas, causariam um desequilíbrio de grande impacto no ciclo hidrológico. Com o desmatamento

das áreas de vegetação nativa que recobrem essas zonas especiais de infiltração, e as subseqüentes

alterações na camada superficial do solo, a água passa a escorrer mais superficialmente, sem se infiltrar no

solo. Conseqüentemente, essas alterações fazem aumentar as enchentes repentinas na época das chuvas, e

diminui a quantidade de água disponível nos aqüíferos subterrâneos, água esta que seria destinada a

alimentar as nascentes na época de seca, além de manter a umidade do solo e poder ser utilizada para uso

humano, via poços artesianos (Martins Jr. et al. 2006).

As Zonas de Recarga devem ser alvos especiais de preservação ambiental, embora sua

identificação requeira estudos complexos de hidrogeologia, climatologia, hidrologia e geologia estrutural.

Segundo Rebouças (1997), é importante, no Brasil, que a abordagem extrativista tradicional da

água subterrânea seja substituída pelo gerenciamento efetivamente integrado e descentralizado dos

recursos hídricos. Para tanto, torna-se necessário superar esta falta de conhecimento hidrogeológico

básico, responsável, certamente, por boa parte do tratamento cheio de preconceitos e mal entendidos

hidrológicos.

De acordo com Albuquerque (1999), é necessário que a população brasileira e a população do

planeta comecem a entender melhor o que é esse recurso. O fato de estar escondido, de estar confinado em

sub-superfície, pouco valor lhe é dado. Somente nos momentos de escassez terrível de águas superficiais é

que algum núcleo populacional desperta para as possibilidades e cuidados com o recurso subterrâneo.

3.10 - GEOVULNERABILIDADE AMBIENTAL.

Outra importante questão relativa aos estudos ambientais diz respeito à avaliação da

geovulnerabilidade (e seu oposto, a geo-estabilidade) das bacias hidrográficas e/ou das unidades geo-

ambientais.

O conceito de geo-vulnerabilidade, conforme apresentado por Martins Jr. et al. (2006), é: “o

conjunto de condições tais que, no limite de um processo de intervenção antrópica ou de alteração

induzida naturalmente, tem uma taxa de intensidade exergética disponível tal que permita um sistema

natural flutuar para longe de sua condição anterior de equilíbrio meta-estável, de modo irreversível”.

Ou seja, é um limite de intervenção em um ecossistema, a partir do qual ele não consegue mais se

recuperar e se reorganizar da maneira que era antes.

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Exemplos possíveis de irreversibilidade são a (1) extinção de espécies da fauna e da flora, (2) a

quebra de processos ambientais e (3) transformações nos tipos de rocha e solo, podendo encadear (4)

processos irreversíveis de perda de solo e (5) arenização.

A medida de irreversibilidade deve ser tomada como referência para estabelecer os limites

tolerados de interferência no ambiente, além de servir como critério de escolha entre duas áreas, nas quais

deve ser implementada alguma atividade que possa eventualmente abrir um processo de degradação

ambiental (Martins Jr. et al. 2006).

Afinal, atualmente é impossível não interferir nos ecossistemas, e por via de regra, o ideal seria

perturbá-los apenas dentro dos seus limites naturais de recuperação, tarefa que por si só já é dificílima.

3.11 - POLÍTICA DE USO OPTIMAL DO SOLO.

Finda a breve e generalizada exposição sobre os estudos ambientais de gestão territorial, passa-se

então às questões sobre as atividades humanas a serem desenvolvidas nas bacias hidrográficas. Atenção

maior será dada às atividades rurais e seus efeitos, foco prioritário do projeto em questão.

Por “uso optimal dos solos”, “entende-se a maneira de dispor certas atividades e

empreendimentos humanos (incluindo os de preservação) por sobre um território, de maneira ótima e

inteligente, que satisfaça as metas sociais, econômicas e ambientais” (Martins Jr. et al. 2006).

A ênfase no conceito - uso optimal dos solos -, será no aspecto “solos”, em especial sobre as

características pedológicas (como nutrientes, salinidade, acidez, porosidade, retenção de água, etc.) e seus

potenciais para as diversas destinações a que possa ser dado o uso de um terreno. Também é interessante

conjugar informações sobre rochas e relevo, visto que influenciam diretamente nas potencialidades do

solo.

O mínimo de estudos que devem ser feitos é o levantamento de aptidão agro-climatológica para

diversos tipos de cultivares e o zoneamento legal das áreas de reserva nativa, que deve então ser acrescido

do zoneamento áreas de recarga, das fontes, das áreas ambientais homogêneas, das áreas geotecnicamente

sensíveis, das populações da fauna e flora, etc (Martins Jr. et al. 2006).

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Esta primeira visão sobre as potencialidades do solo deve então ser cruzada com o potencial

mercadológico de cada tipo de uso do solo, para que se tenha uma visão realista da viabilidade econômica

de cada alternativa de ocupação. Neste momento de escolha, vale lembrar da possibilidade de gerar valor

agregado à produção, através do beneficiamento dos produtos na própria propriedade, cooperativa ou ao

menos na bacia hidrográfica, em vez de apenas exportar os produtos gerados a partir dos recursos naturais.

Outra preocupação é a do conhecimento técnico necessário para a produção, questão que costuma ser

relevada por pesquisadores e agrônomos, mas que se torna um fator proibitivo no caso de populações de

baixa instrução convencional ou com pouca abertura a mudanças em seus estilos de vida e de produção.

Inúmeras outras questões poderiam ser discutidas sobre este tema de Uso Optimal de Solos, mas

por motivos de extensão e abordagem desta dissertação, limitou-se a mencionar algumas delas:

� Manejo Florestal (de florestas nativas, monoculturas e de florestas biodiversas);

� Corredores Florestais;

� Unidades de Conservação;

� Expansão urbana;

� Importância geopolítica da ocupação efetiva do território nacional.

3.12 - PRODUÇÃO RURAL em AGRO-NEGÓCIO e em PEQUENAS PROPRIEDADES.

Para Martins Jr. et al. (2006), na visão de um planejador ambiental, outras questões afiguram-se.

Na questão agrícola, pode-se, a grosso modo, definir duas maneiras de encarar a ocupação dos territórios:

as frentes agrícolas X agricultura familiar.

As frentes agrícolas, com o bastão do agro-negócio, envolvem tipicamente grandes extensões de

monocultura (hoje em grande parte cereais e grãos), mecanizada e com administração empresarial de alto

nível. Por um lado, de início ela tem se mostrado economicamente viável, mas por outro, tem esgotado em

velocidade assustadora os recursos naturais das regiões por onde se alastra, consumindo as águas, os

recursos do solo e acabando com os ecossistemas nativos. Têm-se tornado cada vez mais comuns

situações onde o poder público necessita de intervir para contornar calamidades públicas como rios que

secam ou que se têm suas águas tornadas altamente tóxicas pela intensa adição de agrotóxicos.

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Já a agricultura familiar, a princípio apresenta problemas em se mostrar um empreendimento

viável, ainda mais quando estendido como proposta para grandes camadas populacionais. Comparado ao

agro-negócio, apresenta sérias dificuldades iniciais ao produtor, como obter e gerenciar capital de giro,

adquirir competência técnica, exercer pressão política, analisar tendências de mercado, entre outras, o que

costuma levar a uma menor percentagem de lucro líquido, pelo menos inicialmente. Especialmente por

isso, uma das importantes funções do sistema SisORCI é essa: disponibilizar à população em geral o

conhecimento necessário de micro e macro economia-ecologia para se gerir projetos rurais e ambientais,

de uma maneira clara e direcionada para o uso prático. E analisando a população rural típica do Brasil,

percebe-se que há um grande e difícil trabalho pela frente para preparar a população de uma maneira

competitiva para o mercado agrícola em unidades familiares.

No entanto, tendo em vista estas dificuldades levantadas, porque valeria a pena investir em

pequenas unidades de produção, como agricultura familiar, pequenas vilas rurais e ecovilas? Em oposição

ao sistema agrícola de monocultura em larga escala, pequenas propriedades com predominância de

policultura e demais atividades rurais geram um mosaico de território muito mais rico ecologicamente,

devido à diversidade de espécies, intercambio de nutrientes e menos pressão sobre alguns recursos do solo

e do ambiente em geral. O sistema permacultural (Mollisson & Holmgren, 1983), com as dinâmicas de

agroflorestas e da ciclagem de nutrientes, já demonstra de forma científica o resultado positivo dentro das

propriedades. Assim, é possível pensar sobre como poderiam ser amplos os benefícios destes sistemas

caso fossem implementados em bacias hidrográficas de situação ambiental delicada.

Além do ganho ambiental, devem ser computados os ganhos de âmbito social da política de

agricultura familiar. A importância pessoal para um habitante rural, de poder cultivar sua própria terra,

garantir o sustento seu e de sua família, levando assim uma vida digna segundo a sua cultura e os seus

saberes tradicionais, é algo que deve ser levado em conta, em respeito à população brasileira.

Comparando novamente às frentes agrícolas de agro-negócio, que utilizam bastante maquinário e

pouca mão de obra, há de se pensar como, em larga escala, uma boa política de fixação do homem no

campo diminuiria o êxodo rural e a pressão sobre os sistemas urbanos que não estão preparados para

suportar o aporte contínuo de retirantes que chegam diariamente aos seus limites. Mostra-se muito mais

interessante assentar um homem em uma pequena propriedade rural do que tê-lo em uma favela,

desempregado e sem condições de se sustentar. E isto tanto do ponto de vista moral, quanto também para

o desenvolvimento econômico e para as boas condições de saneamento ambiental urbano.

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3.13 - POLÍTICAS de FOMENTO.

Tendo em mente os problemas, limitações e possibilidades destes dois caminhos de ocupação

territorial rural, resta saber o papel do governo em meio aos rumos do ordenamento territorial no Brasil.

Tradicionalmente, o governo é capaz de influenciar sobremaneira a direção a ser tomada pelo

desenvolvimento econômico e pela ocupação territorial através de políticas de fomento. Incentivos,

campanhas educativas, financiamentos, atendimento técnico e jurídico, são alguns dos instrumentos usuais

para se efetivar essas políticas (Martins Jr. et al. 2006).

Quanto ao agro-negócio, haja vista que se tornou um fato na realidade brasileira, as políticas

públicas precisam assumir o importante papel de conduzi-lo por alternativas e minimizem os seus

impactos ecológicos e sociais, por exemplo, direcionando-o para as áreas corretas, e estabelecendo

prêmios e sanções em vista da sustentabilidade ecológico-econômica dos empreendimentos.

Já em relação à agricultura familiar, e aos pequenos produtores rurais em geral, as políticas de

fomento são, hoje, talvez um dos únicos modos de viabilizar a recolocação de mercado de tais atividades.

Entretanto, crê-se que após o direcionamento técnico, ecológico e mercadológico adequado e a oferta de

boas condições iniciais para os pequenos empreendimentos rurais, os produtores terão meio de se

sustentarem de maneira autônoma e de manter a competitividade de suas atividades produtivas.

3.14 - MAPEAMENTO dos INSTRUMENTOS LEGAIS.

Segundo Martins Jr. et al. (2006), os maiores motivos de desregulação do ciclo hidrológico, e de

muitos dos graves desequilíbrios ambientais, nos dias de hoje, com certeza são fruto da má utilização

antrópica de seu espaço geográfico. Ao desmatar e ocupar as áreas de reserva de aqüífero e a área de

vegetação ripária que fica ao longo dos rios e em torno das áreas de nascentes, o processo de crescimento

da sociedade acaba modificando o ciclo de infiltração, armazenamento o escoamento da água no meio

ambiente.

Cuidados básicos como deixar algumas áreas intocadas, ou estabelecer limites e condições de

construções em outras áreas pode fazer a diferença crucial na manutenção de um ambiente que torne

sustentável o atendimento das necessidades humanas e naturais ao longo das gerações atuais e futuras.

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Em vista disso, muitas das medidas de preservação hídrica, instituídas na Política Nacional de

Recursos Hídricos têm enfoque direto ou indireto sobre medidas de ordenamento e utilização territorial. O

exemplo mais claro é o dos Planos Diretores de Bacia Hidrográfica. Os planos diretores de bacia

hidrográfica partem de um estudo amplo sobre as características geográficas e sócio-econômicas da região

em questão, com enfoque em sua articulação com os recursos hídricos. Em especial, faz-se um

levantamento sobre a situação do recurso hídrico na bacia hidrográfica, incluindo sua disponibilidade,

qualidade, demanda e, porventura, as disputas e conflitos pela utilização da água. Frisa-se que na

elaboração de um Plano Diretor, não basta apenas fornecer apenas uma caracterização atual da bacia

hidrográfica, mas também apontar as tendências de mudança ao longo dos tempos vindouros. Baseando-se

em todo este estudo, o Plano Diretor deve então propor um conjunto de metas de curto, médio e longo

prazo (para até 20 anos), e as respectivas ações e programas que devem ser desenvolvidos para alcançar

essas metas.

Outro instrumento jurídico de principal importância para o ordenamento territorial é a Política

Florestal. Encabeçada pela Lei nº 4771/1965 (Código Florestal), a legislação brasileira estabelece faixas

que não devem ser desmatadas, baseando-se na proximidade de corpos d’água, critérios de relevo (por

motivos de erosão e recarga de aqüíferos), e ecossistemas especialmente protegidos. O Decreto Estadual

43710/2004 regulamenta a política florestal em Minas Gerais.

Não se pode esquecer também, dentro da política ambiental, da importância da legislação de

Unidades de Conservação, que tem como documento régio a Lei 9985/2000, e que regulamenta o poder do

governo em instituir áreas especiais, de interesse ambiental, que devem ser preservadas de modo

específico. Esses redutos naturais, embora sejam pouco extensos se comparados à gigantesca área que é

desmatada e ocupada todos os anos pela expansão urbana e rural, são ainda uma das únicas alternativas

para conseguir preservar espécies ameaçadas de extinção, e também para assegurar fontes de água limpa

destinadas à captação para centros urbanos.

Ainda dentro do tema das Unidades de Conservação, uma preocupação delicada, a se considerar, é

se o poder público conseguirá administrar e fiscalizar essas respectivas áreas. A falta de estrutura dos

órgãos públicos em garantir a preservação das áreas de conservação, leva ao que costuma se chamar de

“parques de papel”, que existiriam na teoria, mas não na prática. Apesar disso, e sem querer tirar demérito

da necessidade urgente de se investir nas áreas de conservação, também se tem como consenso entre

ambientalistas que a mera instituição de uma região como Unidade de Conservação já inibe parte das

tentativas de ocupação do solo (principalmente nas áreas de menor pressão antrópica).

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Paralelo à legislação ambiental, outro instrumento que vem se mostrando de grande importância é

o dos Planos Diretores Municipais, dos quais o documento legal de maior referência é a Lei Federal

10.257/2001 (Estatuto da Cidade). Os planos diretores municipais, de maneira análoga aos Planos

Diretores de Bacia Hidrográfica, devem se valer de um amplo estudo de caracterização sócio-econômico-

ambiental do território municipal, para a partir disto propor suas diretrizes e as conseqüentes ações,

condicionantes e limitações a serem aplicadas pela administração pública local.

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CAPÍTULO 4

ASPECTOS GERAIS E CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO DA

BACIA HIDROGRÁFICA EM ESTUDO

Após a exposição conceitual e teórica presentes nos capítulos anteriores, este estudo se direciona

para o enfoque do quadro natural, detalhando o espectro dos componentes básicos do meio físico no

intuito de revelar e compreender tais características da bacia em estudo. Além disso, também é destacado

o processo histórico de ocupação da região, bem como seu contexto sócio econômico. Isto possibilita,

também, inferir uma compreensão do cenário passado até a atualidade.

4.1 – GEOLOGIA.

A área da bacia do Paracatu é constituída por um conjunto de rochas pré-cambrianas e por uma

seqüência de depósitos sedimentares de idade cretácica, além de sedimentos e coberturas detríticas do

Terciário-Quaternário (CETEC, 1981).

Para Almeida (1977), no contexto geotectônico, a região de Paracatu se insere na faixa de

dobramentos Brasília e abrange uma pequena porção de uma unidade geotectônica maior, pré-brasiliana,

denominada Cráton São Franscisco. Este último (CSF), estabilizou-se no final do ciclo Transamazônico e

atuou como antepaís para as faixas orogênicas que o delimitam.

O posicionamento geográfico, a nomenclatura e a idade destes cinturões de dobramentos são

respectivamente: à oeste: Faixa de Dobramentos Brasília, gerada durante o ciclo Brasiliano; à leste: Faixa

Araçuaí, de idade proterozóica superior; a norte: Faixa Rio Preto; a sul: Faixa Alto Rio Grande.

A infra-estrutura da Faixa Brasília é formada por terrenos do Maciço de Goiás o qual representa

um fragmento crustal arqueano retrabalhado pela orogênese Brasiliana. Rochas supracrustais, Meso e

Neoproterozóicas exibem deformação e metamorfismo com polaridade dirigida para leste (Fuck et al.

1994).

De acordo com CETEC (1981), com relação aos aspectos estruturais, a região em estudo se

caracteriza por uma porção central de Plataforma Estável, limitada a leste e oeste por Zonas de

Deformações Marginais.

A Plataforma Estável corresponde a uma área cratônica, onde as rochas pré-cambrianas

apresentam-se, de um modo geral, sub-horizontais e sem evidências de metamorfismo. Em alguns locais

dessa plataforma, tais rochas refletem reativações de falhamentos do embasamento cristalino.

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As Zonas de Deformações Marginais apresentam dobras e falhas inversas, com planos

aproximadamente paralelos aos limites sul e oeste do Cráton do São Francisco.

Quanto à estratigrafia, embora haja inúmeros estudos sobre a região de Unaí_Paracatu_Vazante, a

qual define as cabeceiras da bacia do Rio Paracatu, ainda não há um consenso formal para a designação e

sucessão sedimentar desta região. Na proposta inicial os metapelitos e carbonatos que ocorrem nesta bacia

hidrográfica eram agrupados no Grupo Bambuí sob a denominação de Formação Paraopeba (Braun 1968,

Almeida 1968), excetuando-se o trabalho de Almeida (1968), no qual os quartzitos e filitos cinza-escuros,

que ocorrem na região do meridiano de Paracatu, foram separados desta e designados como Formação

Paracatu.

A divisão da Formação Paraopeba, proposta por Dardenne (1976), em unidades A formada por

filitos e quartzitos, B por rochas carbonáticas e meta-pelíticas e C por ardósias, prevaleceu até que o

mesmo autor em 1978 reuniu as unidades B e C sob a denominação de Formação Vazante, dividindo-a

nos membros Morro do Calcário, Serra do Poço Verde e Serra do Garrote. Nesta concepção a Formação

Vazante seria mais antiga que o Grupo Bambuí cronocorrelato ao Grupo Paranoá de idade

mesoproterozóica. Madalosso e Valle (1978) propuseram a divisão da Formação Vazante. Pimentel et al.

(2001) passou a denominar a Formação Vazante como Grupo Vazante. Recentemente, Coelho et al.

(2005) propõe a correlação estratigráfica dessas unidades ao Grupo Bambuí alicerçadas em seções

sísmicas transbacinais.

Da estratigrafia formal do Grupo Bambuí composta por seis formações, da base para o topo,

denominadas Jequitaí, Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré, Serra da Saudade e Três

Marias apenas as unidades glacial (Jequitaí) e orogênica (Três Marias) são reconhecidas na região. A

Formação Jequitaí constituída essencialmente por metadiamictito de matriz silto-arenosa foi identificada a

oeste de Paracatu ao longo dos ribeirões Cristal e Moreira e córrego da Lajinha, tributários do Rio São

Marcos (Cukrov et al. 2005). A Formação Três Marias é constituída por meta-arenitos arcoseanos e meta-

siltitos verdes a cinza-esverdeados com coloração de alteração rósea a avermelhada. Exceto a Formação

Três Marias, as demais formações do Grupo Bambuí formam o Subgrupo Paraopeba (Marini et al. 1984).

As unidades sotopostas ao Grupo Bambui estão representadas pelos grupos Canastra e Paranoá

nesta ordem ao menos nos domínio setentrionais da seção Paracatu_Cristalina com as unidades do Grupo

Canastra cavalgando o Grupo Paranoá (Marini et al. 1984).

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Entretanto, Martins Jr. et al. (2006) discordam desta proposição, pois, não encontraram estrutura

de cavalgamento que viesse sobrepor as unidades do Canastra às unidades neoproterozóicas do Grupo

Bambuí. Segundo os autores do Projeto CRHA, em Martins Jr. et al. (2006), as relações estruturais e

estratigráficas levantadas em duas seções na rodovia Unaí_Brasília e Paracatu_Cristalina, na altura do

meridiano de Paracatu, são normais e o contato entre os xistos cloríticos e os metapelitos do Grupo

Bambuí é transicional.

Adicionalmente, a presença de rochas glaciogênicas da Formação Jequitaí no topo do Grupo

Paranoá, nesta mesma região (Cukrov et al. 2005), impele a interpretar que os filitos e xistos cloríticos de

alteração rósea ocupam a porção basal do Grupo do Bambuí. Nestas condições, esta seqüência basal é

correlacionável à Formação Ibiá tanto estratigráfica quanto litologicamente.

Mais a leste da bacia afloram as unidades arenosas de idade cretácica das formações Areado e

Urucúia. Coberturas detrito-lateríticas e detríticas são encontradas em duas superfícies de aplainamento, a

mais nova em torno da cota de 700m e a mais antiga em torno da cota de 1000m (Martins Jr. et al. 2006).

Quanto à geologia local, estratigraficamente, a área da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros apresenta

o arcabouço geológico composto pelas rochas dos Grupos Vazante e Paracatu (Freitas-Silva & Dardenne,

1992) e Paraopeba. O empilhamento das camadas não segue a ordem cronológica estratigráfica, ou seja,

de leste para oeste se tem (figura 4.1):

� o Grupo Paraopeba (indiviso), cronologicamente mais novo;

� Grupo Vazante, unidade mais antiga da região;

� Grupo Paracatu, unidade mais nova que o grupo anterior e mais velha que o Subgrupo

Paraopeba.

Figura 4.1: Perfil geológico esquemático da região em estudo.

Fonte: Consórcio Magna/Dam/Eyser, Ruralminas, SEAPA–MG (1998)

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Em ambos os casos, o contato entre as unidades litoestratigráficas é do tipo abrupto por

falhamento reverso / cavalgamento, o que justifica a justaposição de unidades cronologicamente distintas

lado a lado.

A seguir são apresentadas as unidades lito-estratigráficas através do quadro 4.1 e da figura 4.2:

Quadro 4.1: Litoestratigrafia da bacia de Entre Ribeiros

ERA PERÍODO GRUPO SUB-GRUPO CÓDIGO DESCRIÇÃO LITOLÓGICA

Qa Sedimentos inconsolidados –

argilas, cascalhos e areia.

TQd

Coberturas detrítico-lateríticas,

detríticas e eluvionares em

superfície de aplainamento. Cenozóico Terciário-

Quaternário

TQda

Coberturas detrítico-lateríticas,

detríticas e eluvionares em

superfície de aplainamento mais

antigas.

EoCpd

Filitos carbonosos, calcários e

ardósias com predominância de

dolomitos.

Proterozóico

Superior

Bambuí

Vazante

Paracatu

Paraopeba

EoCp

Margas, siltitos, argilitos,

quartzitos, calcários e ardósias.

Fonte: CETEC (1981).

Nota-se que no quadro acima não está presente a seqüência de depósitos sedimentares de

idade cretácica, uma vez que estes se configuram na porção leste da Bacia do Paracatu.

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Figura 4.2: Carta lito-estratigráfica da área da bacia de Entre Ribeiros.

No que tange os aspectos estruturais locais, as principais feições presentes na área em pauta são o

acamamento S0, foliação principal Sn, foliação milonítica incipiente, fraturas, falhas e dobramentos

suaves geralmente intrafoliais e veios extensionais. Em alguns pontos também estão presentes falhas

reversas com movimento direcional (CETEC, 1981).

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4.2 – GEOMORFOLOGIA.

A paisagem regional se insere nas mega-unidades geomorfólogicas denominadas de Planalto do

São Francisco e Depressão Sanfranciscana. Estas unidades geralmente apresentam datações relativas

desde o Cretáceo superior / Terciário inferior até o Pleistoceno. A morfogênese na região foi controlada

pela interação dos fatores litólicos, estruturais, processos de pedimentação e dissecação fluvial

permutantes entre si (CETEC, 1981).

As superfícies cimeeiras se situam em cotas variando entre 900 e 1.000 metros e se caracterizam

como: superfície tabular, superfície tabular reelaborada, superfície aplainada evoluídas por processos de

pedimentação. O patamar intermediário, com cotas variando entre 600 e 750 metros é composto de formas

evoluídas por processos de dissecação fluvial, onde os principais morfotipos são: vertentes (ravinadas;

ravinadas com vales encaixados; em chevron; convexas), colinas (com vertentes ravinadas; com vertentes

ravinadas e vales encaixados), cristas (com vertentes ravinadas e vales encaixados; estruturais com

vertentes ravinadas), vales encaixados e cristas esparsas. Nesse domínio altimétrico ocorrem, também,

morfotemas cuja evolução se processou pela combinação de dissecação fluvial e pedimentação: superfície

tabular e rampas de colúvio, superfície de aplainamento degradada, superfície ondulada, superfície

ondulada com vertentes ravinadas, formas tabulares, patamares rochosos, patamares pedimentados,

pedimentos, patamares rochosos em geral, rampas de colúvio e colinas. As cristas de Unaí se inserem

neste segundo patamar geomorfológico se caracterizando como um relevo tipicamente karstico controlado

pela estruturação regional NNW/SSE. O patamar geomorfológico inferior, com altimetria em torno de 500

metros, é constituído de pedimentos, além de depósitos evoluídos devido à deposição fluvial, ou seja

planície fluvial, planície fluvial e veredas degradadas e planície fluvial e vale acolmatado (CETEC, 1981).

Mediante análises de campo e de mapas produzidos por meio de dados prévios (CETEC, 1981),

percebe-se que, na região em pauta, os morfotipos se constituem de formas evoluídas por processos de

pedimentação, dissecação fluvial, formas mistas, processos kársticos, exsudação, deposição fluvial e

erosão acelerada. Estes podem ser observados na figura 4.3 e especificados no quadro 4.2:

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Figura 4.3: Carta de Geomorfologia da área da bacia de Entre Ribeiros.

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Quadro 4.2 – Formas mórficas da bacia de Entre-Ribeiros Formas evoluídas por processos de pedimentação st - superfície tabular – superfície de aplainamento em área de planalto, com depósitos de cobertura

arenosos e argilosos e rede de drenagem pouco densa, constituída por veredas. Ocorrência de áreas de infiltração acentuada, sobre formações arenosas.

str - superfície tabular reelaborada – superfície de aplainamento em área de planalto, com depósitos de cobertura predominantemente arenosos; rede de drenagem constituída por veredas em densidade relativamente elevada.

sa - superfície tabular aplainada – superfície de aplainamento em área de depressão, com depósitos de cobertura de textura variada, rede de drenagem constituída por veredas e vales pouco aprofundados.

pd - pedimentos – vertentes de declividade inferior a 8% elaboradas sobre rochas expostas ou cobertas por formações superficiais que se integram com os depósitos colúvio-aluviais das superfícies de aplainamento. Áreas com escoamento superficial difuso.

Formas evoluídas por processos de dissecação fluvial r - vertentes ravinadas – vertentes dissecadas pelo escoamento fluvial concentrado, elaboradas

predominantemente sobre rochas de baixa permeabilidade. rv - vertentes ravinadas e vales encaixados – vertentes íngremes dissecadas pelo escoamento fluvial,

concentrado em talvegues profundos. ch - vertentes em chevron – vertentes litólicas ravinadas e/ou com vales encaixados, elaboradas sobre

flancos de estruturas dobradas. Áreas de escoamento superficial concentrado e difuso intenso. c - colinas – formas côncavo-convexas elaboradas pelo escoamento superficial concentrado. Áreas com

padrão de drenagem predominantemente dendrítico. k - cristas – formas erosivas e/ou estruturais, constituídas por alinhamento de topos com vertentes

abruptas. cr - colinas com vertentes ravinadas. crv - colinas com vertentes ravinadas e vales encaixados. ker - cristas estruturais com vertentes ravinadas - Cristas elaboradas sobre estruturas dobradas, truncadas

e posteriormente ressaltadas por processos erosivos. Área de escoamento superficial concentrado. krv - cristas com vertentes ravinadas e vales encaixados. kerv - cristas estruturais com vertentes ravinadas e vales encaixados. rvk - vertentes ravinadas, vales encaixados e cristas esparsas. Formas de origem mista, evoluídas por processos de pedimentação e de dissecação fluvial sto - superfície de aplainamento degradada em área de planalto, com depósitos superficiais pouco

espessos. Predomínio de escoamento superficial concentrado. so – superfície ondulada – superfície de aplainamento degradada em área de depressão, cujos depósitos

de cobertura foram ou estão sendo removidos pelo escoamento superficial concentrado. sor - superfície ondulada com vertentes ravinadas. pdr - pedimentos ravinados. rc - rampas de colúvio – vertentes recobertas por depósitos de origem coluvial, com predomínio de

escoamento superficial difuso. Formas evoluídas por processos de exudação ve - veredas – vales rasos com vertentes côncavas arenosas, de caimento pouco pronunciado; ocorrências

de solos hidromórficos. d - depressões rasas de fundo plano – áreas de má drenagem com rebaixamento pouco pronunciado

evoluídas sobre as superfícies de aplainamento, com ocorrências de solos hidromórficos e concentração de lagoas temporárias.

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Formas evoluídas por processos kársticos v - verruga – elevação em rocha calcária envolvida por áreas rebaixadas de origem kárstica. kav - grupamento de formas kársticas com concentração de verrugas calcárias kka - crista kárstica – crista elaborada em calcário, com desenvolvimento de formas kársticas. soka - superfície onduladas com desenvolvimento de formas kársticas. Formas evoluídas por processos de deposição fluvial pf - planície fluvial – terraços e várzeas não diferenciados; ocorrência de áreas de permeabilidade

acentuada (sobre aluviões arenosas) e de lagoas (sobre aluviões argilosas). cd - cones de detritos – formas originadas do escoamento torrencial resultantes da deposição de detritos

colúvio-aluviais em confluências e/ou em sopés de escarpas. tf1 - terraço baixo. tf2 - terraço alto. Formas evoluídas por processos de erosão acelerada A - erosão acelerada – grupamentos de formas de relevo, resultantes da atuação de processos erosivos

intensificados pela ação antrópica. Erosão laminar, ravinas e voçorocas. Fonte: CETEC, 1981

A partir da figura 4.3 é possível perceber o predomínio de aplainamento por pedimentos, com

domínio do morfotipo Sa – superfície tabular aplainada, sobretudo na parte oriental e boa parcela da

porção central da bacia. Em campo, pode-se observar, também nessas regiões, a grande presença das

formas evoluídas por processos de deposição fluvial, como os espessos terraços aluvionares onde as cotas

variam em torno de 480 a 560 metros, bem como de planícies fluviais, além das formas evoluídas por

processos de exsudação, como as depressões rasas de fundo plano onde se presenciam várias lagoas

temporárias e veredas.

Já a parte ocidental da bacia, contempla a maior parte das unidades mórficas se configurando

como uma região bem mais dinâmica. Nesta estão presentes quase todos os grupos mórficos relatados no

quadro 4.2. Destaca-se, por exemplo, a presença das formas evoluídas por processos kársticos, como as

Cristas de Unaí, que se tratam de feições alongadas, em forma de crista, com vertentes ravinadas em

relevo escarpado e com grande influência de calcário. Nesta porção, também predominam as formas

evoluídas por processos de dissecação fluvial, como as cristas, colinas e vertentes, sendo grande parte

destas ravinadas. Configuram-se, também, grandes feições provenientes dos processos de pedimentação,

como as superfícies tabulares, tabulares reelaboradas e, mais uma vez, tabulares aplainadas (estas últimas

com feições de chapadas), além das formas de origem mista, ou seja, evoluídas por processos tanto de

pedimentação quanto de dissecação fluvial, como as superfícies onduladas, pedimentos ravinados, rampas

de colúvio, dentre outras.

Esta constatação também pode ser visualizada na figura 4.4, que ilustra o modelo digital de

elevação do terreno da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, e enaltece a diferença entre o modelado do relevo

nas porções ocidental e oriental da bacia.

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Este produto foi gerado a partir dos mapas de altimetria e de curvas de níveis presentes no Anexo.

Figura 4.4: Modelo Digital de Elevação do Terreno da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros.

4.3 – PEDOLOGIA.

O Noroeste de Minas Gerais, conforme já mencionado, encontra-se nos divisores da bacia do Rio

São Francisco onde ocorreram diversos trabalhos de metamorfização e movimentação do relevo,

imprimindo à região condições geológicas e geomorfológicas bem características, com algumas feições,

que por sua vez, permitem diferentes tipos de solos.

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Os levantamentos exploratórios realizados pelo CETEC no 2º Plano de Desenvolvimento

Integrado do Noroeste Mineiro (1981), pelo RADAM – BRASIL nos levantamentos dos Recursos

Naturais – folha Brasília e posteriormente pela EMBRAPA-EPAMIG-FUNARB (1998), identificaram a

existência, na bacia de Entre Ribeiros, das seguintes unidades de mapeamento, distribuídas como

mostrado na Figura 4.5 e especificados no quadro 4.3.

Figura 4.5: Carta de Pedologia da área da bacia de Entre Ribeiros.

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Quadro 4.3: Unidades Pedológicas da bacia de Entre-Ribeiros

Solos com Horizonte B Latossólico LVAd1 – Latossolos vermelho amarelos distróficos típicos, argilosos, A moderado. Fase cerrado com

relevo plano e suave ondulado. LVAd4 – Latossolos vermelho amarelos distróficos típicos, argilosos, A moderado + Latossolo vermelhos

distróficos típicos argilosos, A moderado. Fase cerrado com relevo plano e suave ondulado. LVd1 – Latossolos vermelhos distróficos típicos, argilosos, A moderado. Fase cerrado com relevo plano e

suave ondulado. LVd3 – Latossolos vermelhos distróficos típicos, textura média, A moderado. Fase cerrado com relevo

plano e suave ondulado LVd4 – Latossolos vermelhos distróficos típicos, argilosos, A moderado+ Latossolos vermelho amarelos

distróficos típicos, argilosos, A moderado. Fase cerrado com relevo plano e suave ondulado. Solos com Horizonte B Câmbico CXbd2 – Cambissolos háplicos tb distróficos típicos, argilosos, A moderado + Neossolos litólicos

distróficos, textura indiscriminada, A fraco e moderado. Fase campo cerrado com relevo ondulado.

CXbd3 – Cambissolos háplicos tb distróficos típicos, textura média, A moderado. Fase campo cerrado + Latossolos vermelho amarelos distróficos típicos, argilosos, A moderado. Fase cerrado com relevo plano e suave ondulado.

Solos Hidromórficos GXbd – Gleissolos háplicos tb distróficos típicos, textura indiscriminada, A moderado, fase campo de

várzea + Latossolos vermelho amarelos distróficos, plínticos, argilosos, A moderado, fase campo cerrado com relevo plano.

Solos Pouco Desenvolvidos RUbe2 – Neossolos flúvicos tb eutróficos típicos, de textura indiscriminada, horizonte A moderado +

Planossolos háplicos indiscriminados + Gleissolos indiscriminados, fase campo de várzea com relevo plano.

RLd1 – Neossolos litólicos distróficos típicos, textura indiscriminada, A fraco e moderado. Fase campo cerrado com relevo forte ondulado.

RLd2 – Neossolos litólicos distróficos típicos, textura indiscriminada, A fraco e moderado + Cambissolos háplicos Tb distróficos típicos, textura média, A moderado. Fase campo cerrado com relevo ondulado e forte ondulado.

RLd4 – neossolos litólicos distróficos típicos, textura indiscriminada muito cascalhenta, A fraco + Neossolos litólicos distróficos típicos, textura indiscriminada, A fraco e moderado. Fase campo cerrado com relevo ondulado a escarpado

RLe1 – Neossolos litólicos eutróficos chernossólicos + Neossolos litólicos eutróficos típicos, A moderado, ambos textura indiscriminada, fase floresta caducifólia, relevo montanhoso + Neossolos litólicos distróficos típicos, A moderado, textura indiscriminada. Fase campo cerrado com relevo montanhoso + afloramentos de rochas

RLe2 – Neossolos litólicos eutróficos chernossólicos + Neossolos litólicos eutróficos típicos, A moderado, ambos com textura indiscriminada + Cambissolos háplicos Tb eutróficos lépticos e típicos, argilosos, A moderado. Fase floresta caducifólia com relevo ondulado e forte ondulado.

Fonte: CETEC (1981), atualizado para o novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos – EMBRAPA (1999)

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A partir da figura 4.5 e do quadro 4.3 é possível verificar que, assim como nos aspectos

geomorfológicos, há uma maior homogeneidade nas porções leste e boa parte da região central bacia, onde

nestes casos predominam as classes de latossolos vermelhos amarelos distróficos – LVAd4 e latossolos

vermelhos distróficos – LVd4, respectivamente. Além dessas, presenciam esta porção do território,

manchas de solos hidromórficos, GXbd, bem como neossolos flúvicos, RUbe2, que acompanham os

principais cursos d’água, principalmente, nos trechos de médio e baixo curso onde se verificam as

planícies aluvionares e as lagoas marginais.

De maneira geral, essas regiões, provenientes da unidade dos pedimentos do terciário quaternário

e que compõem a maior parcela na bacia, possuem uma boa estabilidade, sendo que os processos erosivos

que se verificam são de natureza laminar. Assim, apresentam uma aptidão para a agropecuária anual com

o devido manejo e aplicação da tecnologia e capital bastante favorável.

Por outro lado, a região oeste da bacia e parte da porção central, por apresentarem um maior

dinamismo do relevo e classes geomorfológicas variadas, contemplam uma variedade maior de tipos de

solos.

Na região das Cristas de Unaí, por exemplo, ocorrem nas vertentes solos rasos eutróficos sob

campo cerrado e manchas de mata seca. Já a região dos pedimentos, associados aos talus, permite a

ocorrência de solos mais profundos variando entre latossolos e cambissolos. Entretanto, são solos que

imprimem uma aptidão de uso apenas para áreas de reserva e preservação permanente.

De forma geral, na região ocidental se destacam, nas áreas acidentadas, os solos com o horizonte b

câmbico ou cambissolos, CXbd2 e CXbd3, e os neossolos litólicos, RLd1, RLd2, RLd4, RLe1 e RLe2.

Estas condições de relevo e solos rasos proporcionam uma alta instabilidade, tornando a área da mesma

inapta para o uso agropecuário.

Já nas áreas de relevo mais estável dessa região, mas também elevadas, como as chapadas, estão

presentes, mais uma vez, representativas manchas de latossolos como LVd1, LVd3, LVd4 e LVAd1. Por

se tratarem de áreas pouco instáveis e, conseqüentemente, com baixa susceptibilidade à erosão, permitem

um manejo agropecuário com alta tecnologia e aplicação de capital. Porém, ressalva-se que são áreas

coincidentes com as zonas de recarga de aqüíferos e que, desta forma, devem receber uma atenção

especial, com restrições a alguns usos.

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4.4 – CLIMA.

De acordo com CETEC (1981) e com o Plano Diretor de Recursos Hídricos do Rio Paracatu -

Consórcio Magna/Dam/Eyser, Ruralminas, SEAPA–MG (1998), a localização geográfica da bacia de

Entre Ribeiros, faz com que haja uma predominância climática de natureza essencialmente tropical, onde

as diferenciações térmicas são pequenas e, portanto, as variações dos índices pluviométricos predominam

na definição de zonas climaticamente diferenciadas.

A bacia em questão, segundo a classificação de Köeppen, apresenta um clima megatérmico

chuvoso do tipo Aw, o que significa dizer que se trata de um clima quente e úmido com chuvas de verão.

É o clima tropical chuvoso típico, com chuvas concentradas nas estações da primavera e verão, estação

seca bem marcante e temperatura média do mês mais frio superior a l8ºC.

A região em estudo se encontra sob o domínio do anticiclone semifixo do Atlântico Sul, sujeita à

influência da massa de ar tropical continental e das correntes perturbadas provenientes à oeste, o que

resulta em um regime pluviométrico caracterizado por máximos no verão e mínimos no inverno.

Os valores médios, do intervalo entre 1940 e 1994, evidenciam a influência, no regime

pluviométrico, das correntes perturbadas de oeste ao observa a distribuição espacial dos totais anuais de

chuva, que decrescem de 1600mm para 1000mm no sentido predominante de oeste para leste, com média

na bacia na ordem de 1452,6 mm (Plano Diretor de Recursos Hídricos do Rio Paracatu - Consórcio

Magna/Dam/Eyser, Ruralminas, SEAPA–MG , 1998).

O período chuvoso abrange os meses de outubro a abril, quando caem cerca de 93% do total

anual, destacando-se o trimestre novembro, dezembro e janeiro. O período seco abrange o período de

junho a agosto, quando chove cerca de 2% do total anual.

As temperaturas médias anuais variam entre 21ºC e 24ºC. Os índices termométricos variam pouco

de uma estação para outra, sofrendo influência mais acentuada da orografia do que da variação latitudinal.

As temperaturas máximas ocorrem geralmente no mês de setembro e seu valor médio varia entre

28,3ºC e 31,7ºC. As temperaturas mínimas ocorrem no mês de julho, com média variando entre 11,8ºC e

13,4ºC.

A umidade média anual é da ordem de 72%, decrescendo nos sentidos norte-sul e leste-oeste. Os

meses mais úmidos correspondem aos chuvosos de verão, dezembro e janeiro, com a umidade atingindo

valores da ordem de 80%, e os menos úmidos aos meses de agosto e setembro, quando a umidade cai para

valores entre 49,0% e 68,4%.

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A insolação média anual é da ordem de 2.450 horas, decrescendo no sentido leste-oeste, tendo o

trimestre junho, julho e agosto como o mais ensolarado e os meses de novembro, dezembro e janeiro

como os de menor insolação.

A nebulosidade, expressa em décimos de céu encoberto, tem valor médio anual da ordem de 5,5,

sendo maior na porção O-SO, decrescendo para E-NE. Os maiores valores ocorrem nos meses chuvosos

de novembro a janeiro, enquanto os menores no trimestre junho, julho e agosto.

A evapotranspiração anual média, na bacia, é da ordem de 1.140mm, com valores mensais

variando de um mínimo de 50 a 80mm nos meses de junho e julho, a um máximo de 90 a 163mm, nos

meses de outubro a março.

O balanço hidroclimático, figura 4.6, realizado nos estudos climatológicos, mostra que, durante o

período de abril a setembro, ocorre déficit hídrico em toda a região, enquanto que nos meses de dezembro

a fevereiro ocorre excesso hídrico.

Figura 4.6: Balanço Hídrico Climatológico da Bacia do Rio Paracatu – 1961-1990.

Fonte: INMET (1992).

4.5 – REDE HIDROGRÁFICA.

A bacia do Ribeirão Entre Ribeiros se destaca como uma das mais importantes sub-bacias do rio

Paracatu, sendo este, um dos principais afluentes do rio São Francisco.

A Figura 4.7 apresenta a rede hidrográfica da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, destacando e

nomeando seus principais tributários, além da divisão das sub-bacias.

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Andrade, L.M.G., 2007. Uso Optimal do Território de Bacia Hidrográfica com Fundamentos no Conceito de ....................

74

Figura 4.7: Carta da Rede Hidrográfica da área da bacia de Entre Ribeiros. Já na figura 4.8 é possível verificar o ordenamento de canais, segundo Strahler (1952).

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

75

Figura 4.8: Carta da Rede Hidrográfica da área da bacia de Entre Ribeiros sob o Ordenamento de Canais

de Strahler.

O Ribeirão Entre Ribeiros, como mostra a figura 4.8, configura-se como um rio de sexta ordem

(Strahler), resultado do encontro Ribeirão São Pedro e Barra da Égua, ambos de quinta ordem. Outros

tributários importantes são o Ribeirão da Aldeia (quarta ordem), Ribeirão do Carmo (quarta ordem) e o

Ribeirão Vereda Grande (terceira ordem).

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Andrade, L.M.G., 2007. Uso Optimal do Território de Bacia Hidrográfica com Fundamentos no Conceito de ....................

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Segundo CETEC (1981), o alto Ribeirão São Pedro é caracterizado como um curso d’água

encaixado com desenvolvimento segundo a direção dos falhamentos e da foliação regional NW/SE. Neste

primeiro percurso o padrão de drenagem é do tipo dentrítica com tendência a retangular. Já na porção

mediana, a direção preferencial do canal passa para W/E (aproximadamente), prosseguindo para NE/SW.

Isto ocorre devido à estruturação do substrato que apresenta uma falha reversa que coloca filitos (Grupo

Paracatu) e calcários dolomíticos (Grupo Vazante) lado a lado. Outro fator de destaque desta porção é a

elevada taxa de deposição de sedimentos ocasionada pela mudança do canal principal e diminuição na

velocidade do fluxo. Considerando ainda o médio São Pedro, uma segunda mudança de direção do canal

principal se processa para NW/SE. Destaca-se ainda pelo padrão dentrítico, sinuosidade mista,

angulosidade média e assimetria fraca. No baixo São Pedro o canal principal é meandrante, sendo estes

irregulares e a planície de inundação é larga ocorrendo freqüentes lagoas marginais. A direção do canal

principal é NE/SW com sentido de fluxo SW/NE. A velocidade do fluxo é menor em função da menor

declividade e, conseqüentemente, a taxa de deposição de sedimentos é elevada.

O Ribeirão da Aldeia possui características bastante semelhantes às do Ribeirão São Pedro. Isso

ocorre tanto no padrão e alterações da direção do canal principal quanto na drenagem, velocidade do fluxo

e taxas de deposição.

Já o Ribeirão do Carmo e o Ribeirão Barra da Égua são caracterizados como cursos d’água com

um nível menor de encaixamento, em função do relevo, e com desenvolvimento segundo a direção

NW/SE.

O Ribeirão Vereda Grande, em oposição ao Entre Ribeiros, apresenta sua tendência preferencial

de direção segundo NE/SW e direção de fluxo SW/NE. O canal principal se apresenta retilíneo e os

tributários com baixa densidade configuram um padrão paralelo perpendicular à direção do fluxo principal

segundo NW/SE.

O Ribeirão Entre Ribeiros, figura 4.9, possui uma tendência geral segundo a direção regional

NW/SE com componente vetorial tendendo a W/E até sua foz no rio Paracatu. Essa drenagem consiste em

um canal principal meandrante irregular apresentando tributários que definem um padrão

aproximadamente paralelo com densidade e angulosidades baixas. A tropia é bidirecional e a assimetria

em relação ao canal principal é forte. Também há a ocorrência de extensos paleoterraços onde o canal

principal do Entre Ribeiros se encontra em um processo ativo de escavação.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

77

Figura 4.9: Vista do Ribeirão Entre Ribeiros.

Em suma, os principais ribeirões da região apresentam um forte controle estrutural, quando o

desenvolvimento longitudinal do canal principal é segundo NW/SE, o fluxo principal se processa na

direção da foliação e fraturamentos regionais (contato da Faixa Brasília com o Cráton São Francisco),

logo são ditos geneticamente como do tipo subseqüente. Quando a direção do canal principal é NE/SW

com fluxo de SW para NE o controle, também, são os falhamentos secundários (fraturas de alívio do bloco

Brasília), estes também são classificados como subseqüentes (CETEC, 1981).

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Andrade, L.M.G., 2007. Uso Optimal do Território de Bacia Hidrográfica com Fundamentos no Conceito de ....................

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4.6 – HIDROLOGIA.

O rio Paracatu, como aponta CETEC (1981), possui um comprimento total de 485 km e pode ser

dividido em três trechos principais: Alto, Médio e Baixo Paracatu. Nesse contexto a bacia do Ribeirão

Entre Ribeiros, com 163 km de extensão, apresenta-se como um dos principais tributários do Médio

Paracatu e está presente na margem esquerda do mesmo com uma área total de 3.973 km2.

O estudo hidrológico do regime de variação das vazões dos rios principais da bacia evidenciou

que o ano hidrológico na região inicia-se em outubro, quando as vazões dos rios começam a crescer

devido às primeiras chuvas da primavera, e termina em setembro, quando as vazões atingem os seus

valores mínimos.

O período de águas altas vai de novembro a abril, quando nos rios principais da bacia, não

raramente, ocorrem dois picos de cheia nos meses de dezembro e março, ou nas maiores cheias, um único

pico, em fevereiro.

O período de recessão das vazões abrange os meses de maio a setembro, quando as descargas

atingem valores da ordem de 20 a 30% da média anual, sem no entanto se anular, o que significa que os

principais cursos d’água da região são perenes.

As descargas específicas, de modo geral, são elevadas na bacia em estudo, tendo em vista que a

localidade a oeste do Vale do rio Paracatu, região onde a mesma está inserida, possui a influência de

elevadas taxas de precipitação, além de características hidrogeológicas favoráveis.

Outro aspecto que deve ser elevado, diz respeito ao formato da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros,

o qual se aproxima de um triângulo eqüilátero, e que possui em sua borda ocidental suas áreas de

nascentes que contribuem significativamente para a formação das vazões. Já seu trecho intermediário e

íngreme tende a concentrar as águas, buscando as áreas mais baixas e planas já nas proximidades do Rio

Paracatu.

De acordo com o Plano Diretor de Recursos Hídricos do Rio Paracatu - Consórcio

Magna/Dam/Eyser, Ruralminas, SEAPA–MG (1998), ao analisar a contribuição das sub-bacias na

formação das vazões do rio Paracatu em seus diversos trechos (Alto, Médio e Baixo), e deste no rio São

Francisco, e em um intervalo de 54 anos (1940-1994), tem-se a considerar:

� o Alto Paracatu contribui com cerca de 19 % na vazão total do rio Paracatu, enquanto o Médio

contribui com 45 % e o Baixo com 36 %, mostrando assim o predomínio do trecho intermediário onde

afluem os rios da Prata, Preto e o Ribeirão Entre Ribeiros, entre outros;

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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� a contribuição do trecho do Alto Paracatu é de cerca de 20% no período de cheias e de 18% no

período de estiagem. No Médio Paracatu a situação se inverte, sendo este trecho provedor de cerca de 47%

na época de cheia e de cerca de 50% no período de estiagem. No Baixo Paracatu a contribuição é

praticamente constante, variando de 33% a 32% nas épocas de cheia e estiagem, respectivamente;

� a principal sub-bacia do rio Paracatu é a do rio Preto, responsável por cerca de 27% da vazão

de águas altas e por cerca de 29% da vazão de águas baixas. O percentual de contribuição do Ribeirão

Entre Ribeiros mantém-se praticamente constante em 8% ao longo de todo o ano. Já o rio Escuro e o rio

do Sono, embora tenham uma contribuição geral de cerca de 13%, distribuem-na de forma diversa, sendo

o rio Escuro melhor contribuinte na época de estiagem e o rio do Sono na época de cheias.

Os hidrogramas a seguir, visualizados nas figuras 4.10, 4.11, 4.12 e 4.13, mostram a contribuição

do Ribeirão Entre Ribeiros no âmbito geral, e do Médio Paracatu de acordo com o Plano Diretor de

Recursos Hídricos do Rio Paracatu - Consórcio Magna/Dam/Eyser, Ruralminas, SEAPA–MG (1998)

sendo a média do intervalo entre 1940 e 1994.

CONTRIBUIÇÃO NOMINAL DAS SUB-BACIAS NA VAZÃO TOTAL DO RIO PARACATU

0

200

400

600

800

1000

1200

out nov dez jan fev mar abr maio jun jul ago set

Meses

Vaz

ão (

m³/s

)

Ribeirão Entre RibeirosRio da PrataEscuroRio do SonoRio PretoBacias não nominadas

Figura 4.10: Hidrograma representando a contribuição de todas as sub-bacias na vazão total do Rio

Paracatu.

Fonte: Consórcio Magna/Dam/Eyser, Ruralminas, SEAPA–MG (1998)

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80

VAZÕES MÉDIAS MENSAISMÉDIO PARACATUperíodo 1940 - 1994

0,0

200,0

400,0

600,0

800,0

1000,0

1200,0

out nov dez jan fev mar abr maio jun jul ago set

Meses

Vaz

ões

(m³/

s)

Figura 4.11: Hidrograma representando as vazões médias mensais no Médio Paracatu entre 1940 e 1994. Fonte: Consórcio Magna/Dam/Eyser, Ruralminas, SEAPA–MG (1998)

CONTRIBUIÇÃO NOMINAL DAS SUB- BACIAS NA VAZÃO DO MÉDIO PARACATU

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

out nov dez jan fev mar abr maio jun jul ago set

Meses

Vaz

ão (

m³/s

)

Bacias não Nominadasrio da PrataEntre Ribeirosrio Preto

Figura 4.12: Hidrograma representando a contribuição de todas as sub-bacias na vazão do Médio Paracatu. Fonte: Consórcio Magna/Dam/Eyser, Ruralminas, SEAPA–MG (1998)

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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CONTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DAS SUB- BACIAS NA VAZÃO DO MÉDIO PARACATU

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

out nov dez jan fev mar abr maio jun jul ago set

Meses

Vaz

ão (

m³/s

)

Bacias não Nominadasrio da PrataEntre Ribeirosrio Preto

Figura 4.13: Hidrograma representando a contribuição percentual das sub-bacias na vazão do Médio Paracatu.

Fonte: Consórcio Magna/Dam/Eyser, Ruralminas, SEAPA–MG (1998)

De modo geral, e com base nos parâmetros estabelecidos por CONAMA (2005), as águas

superficiais da bacia em estudo, em seus estados naturais, apresentam condições ainda favoráveis, tanto

para abastecimento d'água quanto, consequentemente, para outros usos.

As restrições em alguns parâmetros físicos (principalmente cor e turbidez) e bacteriológicos

(coliformes) decorrem de origens conhecidas, naturais e/ou de intervenções antrópicas. Algumas são

sazonais, causadas pelas chuvas que carreiam sedimentos, portanto parcialmente fora de controle, como é

o caso dos fertilizantes e pesticidas agrícolas, cujos usos, no entanto podem ser regulamentados e

controlados, aliviando os seus impactos negativos sobre a qualidade das águas superficiais; outras

decorrem do uso inadequado do solo (controlável e regulamentável, como é o caso de minerações e

garimpos); e outras ainda resultam do lançamento de esgotos brutos e lixo nos corpos d’água (também

controlável a partir da adoção de tratamentos adequados).

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4.7 – HIDROGEOLOGIA.

A partir de CETEC (1981) e Martins Jr. et al. (2006), a bacia do Ribeirão Entre Ribeiros é

constituída pelos seguintes sistemas de aqüíferos, cujas localizações são apresentadas na Figura 4.14 e a

síntese é descrita a seguir:

Figura 4.14: Carta de Aqüíferos da área da bacia de Entre Ribeiros.

A descrição das principais unidades hidrogeológicas é aqui apresentada, segundo Projeto CRHA

(Martins Jr. et al. 2006):

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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� Meio Granular (terciário-quaternário)

Os aqüíferos aluviais são representados pelos depósitos aluviais recentes;

Já os aqüíferos de coberturas detríticas são constituídos por areias finas a médias com argilas, às

vezes lateritizadas e com níveis de cascalheiras que compõem os aluviões e coberturas detríticas do

Terciário/Quaternário. Este sistema perfaz cerca de 20% da bacia.

� Meio Karstico-Fraturado

Os aqüíferos kársticos são representados pelas fácies carbonatadas, calcários e dolomitos com

intercalações argilosas do Grupo Bambuí. Já os aqüíferos karstico-fraturados são constituídos pelas fácies

argilo-carbonatadas a pelíticas do Grupo Bambuí de idade Precambriana. Distribuem-se em áreas

correspondentes a 10,5% da área total da bacia;

� Meio Fraturado Proterozóico Superior

Os aqüíferos fraturados são representados pelos filitos e quartzitos do Grupo Paranoá e

metaarcósios da Formação Três Marias, ambas pertencentes ao Grupo Bambuí, englobando ainda

quartzitos e xistos do Grupo Canastra. De ampla distribuição, estendem-se por quase 70% da área total da

bacia.

Cabe ressaltar que na porção oeste da bacia estão presentes as principais zonas de recarga dos

aqüíferos que recarregam tanto a Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, quanto sua vizinha a oeste, a Bacia do

Rio São Marcos. Isto se deve a diversos fatores como a presença de rochas fraturadas que permitem e

favorecem a infiltração e a condutividade da água; nas áreas menos acidentadas, como as chapadas, a

característica de um manto de sedimentos que apresenta boa porosidade, boa armazenabilidade e

transmissividade; taxas de pluviosidade mais elevadas em função do relevo orográfico, dentre outras.

4.8 – ASPECTOS BIÓTICOS.

4.8.1 – Cobertura Vegetal

De acordo com CETEC (1981) e IBGE (2004), a bacia do Ribeirão Entre Ribeiros está inserida no

conjunto vegetacional Cerrado (Latu Sensu). Nesse complexo, várias formações podem ser encontradas,

uma vez que não se constitui em uma região fitogeográfica uniforme, distinguindo-se:

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� Cerrado Sensu Strictu ou Cerrado Propriamente Dito: Denominado como savana arborizada, o

cerrado propriamente dito apresenta, geralmente, paisagem monótona com árvores tortuosas de cascas

grossas e gretadas, interrompidas de longe em longe por uma outra árvore de porte mais ereto.

Freqüentemente, o cerrado é composto por três estratos: o arbóreo, que é aberto e mais ou menos

contínuo; o arbustivo e sub-arbustivo, que se mostra denso e de composição florística muito variável; e o

estrato herbáceo, constituído principalmente por gramíneas. Essa formação pode também se apresentar

rala e com pouca representatividade sobre terrenos pobres ou que se empobreceram através do manejo

inadequado ou do pastoreio intensivo;

� Cerradão: Cobertura vegetal peculiar que difere do cerrado pelo seu aspecto silvestre, pois

além de possuir uma densidade maior, as árvores não são tão ramificadas quanto neste. Ocorre em solos

latossólicos vermelhos e arenosos, sendo composto também por três estratos: o arbóreo (denso); arbustivo

(nítido e não raro denso); e o herbáceo, constituído por algumas poucas gramíneas;

� Campo Limpo: Também conhecido como vegetação estépica, trata-se de uma formação vegetal

caracterizada por campos revestidos maciçamente por gramíneas, apresentando, algumas vezes, arvoretas

muito afastadas entre si. Ocorre em solos arenosos, nos quais há uma comprovada deficiência hídrica

durante os meses secos. Muito utilizado como pastagem. Na área em estudo, essa formação vegetal se

encontra praticamente antropizada;

� Campo Sujo: Também denominado como savana estépica, trata-se de uma forma de cerrado

que se mostra composto, principalmente, por um campo graminoso, no qual aparecem algumas arvoretas e

arbustos muito afastados entre si, porém, com maior freqüência que no campo limpo. Assim como a

formação anterior, boa parte se encontra antropizada na bacia;

� Campo Cerrado: Ocorre em solos rasos, cascalhentos, quase sempre em relevo ondulado ou,

mais raramente, em relevo plano ou suave-ondulado de chapadas. É chamado de savana estépica

gramíneo-lenhosa pelo sistema universal de classificação. A composição florística é quase a mesma do

cerrado propriamente dito, sendo que a cobertura vegetal se torna bem mais baixa, reduzindo-se a

arbustos.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Na bacia ainda estão presentes as seguintes formações vegetacionais:

� Mata Perenifólia de Galeria ou Mata Ciliar: Denominada por floresta ombrófila aluvial sub-

montana, por se situar em locais com grande disponibilidade hídrica, ao longo dos aluviões dos cursos

d’água e nas áreas de sopé, a mata ciliar é hoje reduzida a capões esparsos, representando estações

avançadas da mata atlântica no Planalto Central. As matas ciliares desempenham importante função na

manutenção da qualidade da água, na estabilidade das margens dos cursos d’água e constituem habitat’s

propícios para muitas espécies da fauna silvestre. A sua ausência indica uma alta susceptibilidade de

carreamento de sedimentos, nutrientes e pesticidas para dentro dos cursos d’água afluentes do Ribeirão

Entre Ribeiros. Apresenta-se, geralmente, associada ao cerradão, diferindo deste principalmente pelo seu

solo ser mais fértil, pela camada de folhas mortas que é mais espessa e por se localizar comumente em

depressões onde haja uma certa abundância de água. De forma geral, o cerrado e as formações florestais,

como a mata perenifólia, além de outras formas se apresentam sempre degradadas pela extração constante

de espécies de maior valor madeireiro;

� Mata Seca: Formação florestal sujeita a um ritmo estacional que se traduz pela queda de suas

folhas durante o período seco. Daí sua denominação floresta (devido ao porte e densidade da biomassa)

estacional (influenciada pela estação seca) mesófila (adaptada a ambientes com média disponibilidade

hídrica) decídua (perde totalmente as folhas na estação seca) na classificação universal da vegetação. A

sua presença está associada a um ambiente de solos litólicos, bem como a afloramentos calcários e

dolomíticos. A vegetação desenvolve sobre a rocha fraturada. Dessa maneira, na época das chuvas, devido

à grande disponibilidade de água, a vegetação se mantém exuberante e com dossel denso visto que a água

se infiltra pelas fraturas da rocha e poros do solo. No entanto, no período de estiagem, com a perda de

umidade tanto da atmosfera quanto do substrato, a vegetação perde 100% de suas folhas, apresentando

aspecto seco;

� Veredas: Nos locais onde os afloramentos do lençol freático propiciam o encharcamento do

solo, associados com nascentes ou cabeceiras d’água, surgem as veredas (figura 4.15), que possuem uma

fisionomia sempre verde, com forração graminóide e agrupamento de palmeiras típicas (estrato arbóreo),

os buritis (Mauritia Vinifera Mart.). As veredas, assim como a mata seca, compõem um ecossistema de

ocorrência espacial restrita quando comparadas aos outros ecossistemas do bioma. Entretanto, possuem

suma importância ao desempenharem papéis ecológicos importantes nos ambientes em que estão

presentes. São consideradas como bacias coletoras das águas absorvidas pelos platôs adjacentes,

funcionando como vias de drenagem. Pelo seu aterro gradual, aliado ao tipo de solo e à umidade,

transformam-se gradativamente em uma forma típica de floresta, com espécies características, de porte

não muito desenvolvido, conhecidas como “matas de alagado”.

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Figura 4.15: Exemplo do ecossistema de veredas na Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros.

4.8.2 – Fauna

Dentre os aspetos que mais influenciam a ocorrência das espécies, estão a formação vegetacional

e o relevo. Conforme CETEC (1981) e Costa et al. (1981), a região da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros

possui uma variedade significativa de espécies presentes nas seguintes categorias:

� Herpetofauna: São encontrados répteis e anfíbios em suas áreas típicas como áreas construídas,

corpos d’água temporários e perenes e matas ciliares. Estão presentes espécies de lacertílios como o

calanguinho, o calango e o teiú. Já dentre as espécies de ofídios se encontram a cascavel, jararaca, coral

verdadeira, falsa coral, jacaré do papo amarelo, sucuri, jararacuçu, jibóia. Dentre os anfíbios presentes,

encontram-se espécies de pererecas do gênero Hyla (família Hylidae) e de pererecas e sapos do gênero

Bufo (família Bufonidae) e rãs, como as espécies pertencentes ao gênero Leptodactylus (famílias

Leptodactylidade). Além desses, também está presente na bacia o Phrynops tubercullatus (cágado);

� Ictiofauna: As espécies de peixes que ocorrem são, de modo geral, comuns a todo Estado de

Minas gerais. São encontradas as espécies: Mandi amarelo, mandi alumínio, trairão, piapara, curimatá,

pacu, lambari, lambari, timboré, traíra, piau da lagoa, piau três pintas, dourado, matrinxã, pacamã, piaba,

piabinha e o surubim;

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Avifauna: Dentre as aves presentes com maior freqüência na região estão o urubu de cabeça

vermelha, urubu de cabeça preta, gavião de rabo branco, pato do mato, pato mergulhão, rolinha caldo de

feijão, pomba tocal, pomba galega, rola vaqueira, fogo apagou, juriti, juriti gemedeira, codorna, periquito

de encontro amarelo, anu preto, anu branco, coruja buraqueira, andorinha, joão de barro, bem-te-vi,

pássaro preto, garça branca, garrincha do buriti, quero-quero, siriema, sabiá, sabiá laranjeira, sabiá poca,

perdiz, canário da terra, xexeuzinho do brejo, curicaca, pintassilgo, jacu, pica-pau do campo, pinhé,

sanhaço cara suja, jaó, mutum, gavião carcará, tico-tico, sofrê, socó boi, arara de barriga amarela, inhambu

xororó, suiriri, papagaio verdadeiro, jandaia de testa vermelha, arara vermelha, ema, galito, juruva, chupa-

dentes, tiziu, jaburu, sanhaço cara suja, curió, maria preta, príncipe, pinhé, trinca ferro, beija flor rabo

branco de sobre amarelo, tico-tico, maritaca, gavião real, e o tucano toco.

� Mastofauna: Dente os mamíferos, estão presentes na área em estudo a capivara que é uma

espécie habitante preferencialmente de matas e áreas alagadiças e circunstancialmente freqüentam áreas

abertas. As regiões de matas ciliares ainda possibilitam a ocorrência de espécies semi-aquáticas

ameaçadas de extinção como a lontra e a ariranha. Também estão presentes o tatu-bola, tatu-galinha, tatu-

peba, tatu-canastra, raposa, tamanduá bandeira, quati, guariba, macaco guariba preto, mico-estrela, preá,

mão pelada, caititu, tamanduazinho, melete, gato do mato, veado, veado campeiro, veado catingueiro,

gambá de orelha branca, saruê, paca, anta, cotia, gato maracajá, jaguatirica, suçuarana e lobo gurará. Há

relatos também da existência da Panthera onça (onça), entretanto a perseguição e a expansão da ocupação

humana tem levado o desaparecimento desta e de outras espécies que demandam uma grande área vital,

além da diminuição expressiva no número das demais espécies.

� Invertebrados: A maioria das coleções de invertebrados não é catalogada e nem informatizada.

Isso se deve a razões históricas, ao tamanho dos acervos, ao grau insatisfatório de conhecimento sobre

muitos grupos e à carência de pessoal e equipamento. São esparsas e incompletas as informações sobre a

fauna de insetos e outros invertebrados no Cerrado, principalmente se comparadas às disponíveis sobre a

entomofauna de outras formações florestais. Dentre os invertebrados observados na região, destacam-se

várias espécies de borboletas, abelhas, libélulas, formigas, cupinzeiros, gafanhotos, besouros, cigarras,

pulgões e a entomofauna em geral.

Comparando os dados do Ministério do Meio Ambiente1 e da Fundação Biodiversitas (1998), a

respeito dos animais ameaçados de extinção, com a listagem dos presentes na bacia, foi possível constatar

que na região estão presentes seis espécies de aves, duas de répteis e dez de mamíferos ameaçadas de

extinção como mostra o quadro 4.4. Já a figura 4.16, ilustra um exemplo de uma espécie da mastofauna da

região, no caso a Hydrochaerus hidrochaeris (capivara).

1 www.mma.gov.br

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Quadro 4.4: Espécies ameaçadas de extinção que foram catalogadas na Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros

Grupo Nome Científico Nome Comum Habitat Eunectes notaeus Sucuri Habitats aquáticos (rios, lagoas e veredas)

Répteis Caiman latirostris Jacaré do papo amarelo Habitats aquáticos (rios, lagoas e veredas) Crypturellus undulatus Jaó Matas Crax fasciolata Mutum Matas Ara ararauna Canindé Matas, cerradão Amazona aestiva Papagaio Cerrados, campos e veredas Sicalis flaveola Canário da terra Cerrados, campos e veredas

Aves

Amazona xanthops Papagaio galego Cerrado, mata ciliar, cerrado alterado Myrmecophaga tridactyla Tamanduá bandeira Cerrados, campos, mata ciliar Chrysocyon brachiurus Lobo guará Cerrado, cerrado alterado, campos Lutra longicaudis Lontra Cerrado, mata ciliar, rios Puma concolor Suçuarana Cerrado, mata ciliar, campos Leopardus tigrinus Gato do mato Cerrado, mata ciliar, campos Ptronura dichotomus Ariranha Cerrado, mata ciliar, rios Tayassu tajacu Caititu Campos, cerrados e matas Toloypeutes tricinctus Tatu-bola Campos, cerrados e matas Panthera onça Onça Pintada Campos, cerrados e matas

Mamíferos

Leopardus pardalis Jaguatirica Campos, cerrados e matas Fonte: Ministério do Meio Ambiente - www.mma.gov.br (acesso em outubro de 2006).

Figura 4.16: Espécie Hydrochaerus hidrochaeris (capivara) em uma lagoa represada da bacia.

Embora tais espécies, e várias outras igualmente ameaçadas, também ocorram em outros

ecossistemas, os cerrados são habitats de suma importância para sua sobrevivência em longo prazo.

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4.9 – PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO.

Segundo CETEC (1981), historicamente, o Vale do Paracatu, onde está presente e inserida a bacia

do Ribeirão Entre Ribeiros, constitui-se como de ocupação antiga, sendo a extração de minerais e a

pecuária as atividades responsáveis pelo início desse processo. Estas atividades surgiram de forma

relativamente simultâneas, revelando o alto grau de complementariedade que apresentavam nessa etapa de

formação histórica do País.

Com a descoberta de ouro na região, inúmeras expedições convergiram para lá, propiciando o

estabelecimento de pontos de passagem e apoio às incursões exploratórias, formando primitivos

aglomerados populacionais. Surge, desta forma, uma incipiente ocupação do território regional, com base

em pequenas e esparsas concentrações humanas.

Concomitantemente, ocorre a ocupação e a divisão das grandes extensões de áreas em fazendas de

criação de gado, cujo processo deu origem ao surgimento de inúmeros povoados, sendo que alguns deles

se transformaram em cidades.

Com a decadência da mineração a partir da segunda metade do século XVIII, e que se acentua ao

longo do tempo, a pecuária passa a representar a principal atividade dessa área, permitindo uma ocupação

populacional e produtiva do território, embora insuficiente para imprimir dinamismo ao processo de

desenvolvimento regional.

A estruturação socioeconômica da área, bem como de todo o Planalto Central, apresentava-se

ainda muito incipiente na transição dos séculos XIX e XX. A precariedade das ligações viárias,

conectando a região aos principais mercados nacionais localizados no Sul/Sudeste do País, somada à baixa

integração econômica do espaço interno, constituíam forte constrangimento ao crescimento e

diversificação da base produtiva, inclusive da perspectiva urbana.

Esta situação perdurou até meados do século XX, começando a ser revertida somente a partir dos

anos de 1960, tendo como principais marcos a construção de Brasília e a ampliação e modernização do

sistema de transporte. De fato, a transferência da capital federal para o Centro-Oeste e a abertura da BR-

040 acoplada a um sistema de grandes rodovias troncais, foram responsáveis pelo rompimento e

isolamento geográfico desta região, reorientando fluxos populacionais e econômicos.

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Outro fato indutor do desenvolvimento regional refere-se às inúmeras interferências

governamentais ocorridas nesta área, sobretudo na década de 1970, com a implantação de programas

voltados para o aproveitamento de seus recursos econômicos, principalmente no que diz respeito à

expansão da fronteira agrícola, representada pela exploração mecanizada de grãos nos cerrados, com

destaque para os Programas PRODECER - Programa de Desenvolvimento do Cerrado, PERGEB -

Programa Especial da Região Geoeconômica de Brasília e PAD/DF - Programa de Assentamento

Dirigido.

Especificamente para a área mineira, deve ser considerado o PLANOROESTE I a partir dos anos

de 1970, cujos objetivos consistiam em dotar a região de infra-estrutura de transporte e eletrificação,

ampliando sua base econômica e demográfica. Além disso, esse programa propiciou a criação de núcleos

de colonização, incentivando o povoamento de determinadas áreas, o uso de técnicas agrícolas modernas e

a introdução de novas culturas.

No início dos anos de 1980, têm prosseguimento as ações do PLANOROESTE I, através do

PLANOROESTE II, consolidando-se as bases de desenvolvimento regional, com recursos direcionados

para a complementação da infra-estrutura econômica e de apoio às atividades produtivas.Ressalta-se

também a importância da colonização privada, representada pela Companhia de Promoção Agrícola -

CAMPO que, atuando em consórcio com cooperativas, combinou colonização e cooperativismo em

grandes projetos de colonização com agricultores originários de outras regiões, introduzindo nessa área

uma mentalidade empreendedora e moderna.

À exploração tecnificada dos cerrados, vem somar-se a agricultura irrigada, que se expande de

forma rápida ao longo dos anos de 1980 e 1990.

Essas novas formas de exploração da terra impuseram também modificações nas relações sociais

de produção, com o crescimento do assalariamento no campo. Como resultante desse processo, ocorreram

rebatimentos em alguns núcleos urbanos da área, com a fixação nas periferias de contingentes expressivos

de população migrante, com as cidades se expandindo como centros de apoio ao meio rural. Essas

transformações, expressam-se no adensamento populacional e na diversificação terciária da economia.

Observa-se, no entanto, que essas modificações econômicas ocorridas ao longo das últimas

décadas não foram capazes de promover o desenvolvimento integrado da região, visto que persistem

desigualdades expressas através de deficiências quanto à infra-estrutura socioeconômica.

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4.10 – CONTEXTO SÓCIO-ECONÔMICO

A bacia do Ribeirão Entre Ribeiros permeia os municípios de Paracatu, principalmente, e Unaí,

atualmente considerados municípios pólos da Região Noroeste de Minas Gerais. A consolidação desta

posição de destaque se dá devido à união de diversos fatores que atraem e contribuem para o

desenvolvimento de setores como a agricultura, pecuária, mineração, educação e tecnologia.

As presenças de empresas como a CAMPO – Companhia de Promoção Agrícola, CMM –

Companhia Mineira de Metais, RPM – Rio Paracatu Mineração S.A., Avents Seeds do Brasil, Monsanto,

Cerâmica Unaí, Comercial de Couros Unaí, ALCONOR – Algodoeira do Noroeste Ltda, COOPERVAP –

Cooperativa Agropecuária do Vale do Paracatu, são exemplos reais da grande representatividade destes

municípios, que têm como principais atrativos econômicos, a posição geográfica, além do clima e da

disponibilidade hídrica.

Quanto à posição geográfica, esta região é servida pelas rodovias BR 040, MG 188 e BR 251, que

facilitam o escoamento da produção e o acesso a outros canais produtivos do país e centros nacionais

como Belo Horizonte (482 Km), Brasília (220 Km) e Rio de Janeiro (917 Km) de distância de Paracatu.

Já as condições de clima, temperatura e topografia, como já apresentadas neste capítulo, são

bastante satisfatórias, apenas no período de inverno, como mencionado, ocorre uma redução do índice

pluviométrico na região.

As situações de Paracatu e Unaí são semelhantes quanto à disponibilidade de recursos hídricos. A

região da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, por ser bem drenada, foi a principal razão para a implantação

dos projetos de agricultura irrigada do PCPER (Projeto de Colonização Paracatu Entre Ribeiros), tendo

como os principais cursos d’água o Ribeirão Entre Ribeiros, Ribeirão do Carmo, Ribeirão Vereda Grande,

Ribeirão São Pedro e Ribeirão da Aldeia, os quais deram nome as suas respectivas sub-bacias.

Nos últimos 20 anos, a região Noroeste cresceu significativamente deixando de ser importadora

de alimentos na década de 1970 para ser responsável por cerca de 25% da produção de grãos do Estado,

sendo participante de cerca de 6% do PIB-MG – Produto Interno Bruto de Minas Gerais, conforme relato

da Associação dos Produtores de Entre Ribeiros e dos dados das últimas safras.

A base da economia dos dois municípios é constituída por:

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(1) Setor Primário: Para o desenvolvimento do setor primário, pode-se citar importantes entidades

como a EMATER, o IMA, e o IEF, além da CAMPO, da COOPERVAP e do Sindicato dos Produtores

Rurais. A CAMPO teve como principal atribuição, a implantação do Programa de Cooperação NIPO-

BRASILEIRA para o Desenvolvimento dos Cerrados - PRODECER, que possibilitou o assentamento de

pequenos e médios produtores organizados em cooperativas. Segundo Emiliano Botelho, presidente da

CAMPO, “No final da década de 1970 e início da década de 1980 a produção agrícola nos cerrados

praticamente não tinha nenhuma expressão econômica. Atualmente, responde por quase um quarto da

produção brasileira de grãos, sendo que sai da região 50% de toda soja produzida no país, o que

representa 10% da produção mundial”. No setor primário, tem-se: (1.1) a Agricultura, que se configura,

atualmente, como tecnificada, bem desenvolvida, tendo ainda um notório crescimento da área irrigada, o

que agrava ainda mais os problemas hídricos na região. Os principais alimentos produzidos na bacia do

Ribeirão Entre Ribeiros são o milho, a soja, o feijão, além do sorgo, arroz, algodão, da banana, abacaxi,

limão e melancia; e (1.2) a Pecuária, que de acordo com o IBGE2 (Censo agropecuário, 1996), tem como

destaque o rebanho bovino, com 231.537 cabeças, e que apesar de ser mista, possui uma maior tendência

para corte. Já a pecuária leiteira possui uma produção que gira em torno de 40 mil litros/dia, tendo como

principais compradores a Nestlé e a COOPERVAP. Cabe destacar ainda, a suinocultura (13.825) e os

eqüinos (8.664). A partir da década de 1980 houve um incremento com os programas POLOCENTRO e

PRODECER;

� (2) Setor Secundário: De acordo com os dados do último censo do IBGE (2000), o setor

secundário da região se caracterizava, na sua maioria, pela mineração, indústria de confecção, fabricação

de produtos de panificação e confeitaria, gráfica, beneficiamento de grãos, construção civil, entre outros.

Pelo próprio processo de colonização, a mineração ocupa um papel importante na economia da região. A

presença da RPM – Rio Paracatu Mineração S.A., que produz minérios como chumbo, calcário, enxofre,

ouro e zinco e da CMM – Companhia Mineira de Metais, que produz minérios de zinco e chumbo,

contribuem significativamente para o desenvolvimento econômico da região. Citam-se ainda, importantes

empresas como a Monsanto do Brasil, a Avents, a Dow Sementes e a Santa Helena. Outro fator que

favorece a entrada de indústrias, diz respeito à isenção de alguns impostos na região, como por exemplo

50% do ISS, que atraíram as empresas Ruberplast, Transgrãos, Lasa Engenharia, entre outras. Quanto à

agroindústria, destaca-se a produção de aguardente, biscoitos, carvão, entre outros. Vale ressaltar que

ainda é desenvolvido o artesanato, como alternativa de renda, utilizando a argila, bordados e fibras,

crochê, tricô, produtos de madeira, lapidação de pedras como ônix, ágata e outras ricas na região.

2 www.sidra.ibge.gov.br

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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� (3) Setor Terciário: Os dois municípios apresentam esse setor bastante desenvolvido. Trata-se

de um comércio aquecido e movimentado que atrai, até mesmo, consumidores de outros municípios. Já o

setor de serviços conta com uma ampla rede, com destaque para o setor bancário, dispondo de agências do

Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, HSBC, Real, Mercantil e a CREDIPARNOR.

Ainda nesse setor, pode-se mencionar o grande potencial turístico da região, seja cultural, religioso,

histórico e ecológico com a presença de grutas e cachoeiras. Acredita-se que este poderia ser bem mais

aproveitado. O município de Paracatu conta com importantes entidades, como a ACIPA – Associação

Comercial e Industrial de Paracatu, a CDL – Câmara de Dirigentes Logistas e ADESP – Agência de

Desenvolvimento Econômico e Social de Paracatu.

Quanto a infraestrutura, os municípios de Paracatu e Unaí além de serem servidos pelas

importantes rodovias já mencionadas, contam com um significativo número de estradas vicinais,

facilitando o acesso. Há também aeroportos nos dois municípios. Existe também, uma balsa no Rio

Paracatu que atende o Projeto de Colonização Paracatu Entre Ribeiros, para o escoamento da produção. Já

segundo relatos da Secretaria do Meio Ambiente e da Prefeitura de Paracatu, município predominante na

área da bacia, a energia elétrica é fornecida pela CEMIG, mas se percebe uma tendência a escassez de

geração o que pode vir a comprometer o desenvolvimento da região. O saneamento básico é realizado pela

COPASA, perfazendo 99% de cobertura na zona urbana. Na área rural são utilizados poços artesianos e

cisternas para consumo humano. Já o serviço de esgoto sanitário, prevê melhorias no atendimento,

chegando a 90% na zona urbana. Todo esgoto sanitário é lançado in natura no Córrego Rico, tributário do

Rio Paracatu. A zona rural não dispõe desse serviço, onde a grande maioria, quase 100%, utiliza a fossa

negra.

No que concerne à saúde, o município dispõe de um hospital privado (Hospital São Lucas), um

hospital municipal que atende pelo SUS – Sistema Único de Saúde, seis postos nas zonas urbana e rural,

duas unidades móveis de atendimento médico e odontológico, e desenvolve PSFs - Programas de Saúde

da Família.

Em relação à educação, perfazem o total de matriculados cerca de 25 mil alunos, sendo

distribuídos 50% deles na rede estadual, tanto na zona rural como urbana. O CESEC - Centro de Estudos

de Educação Continuada atende cerca de 2.600 alunos. O ensino superior é oferecido pelas faculdades

TECSOMA e FINOM, que ministram os cursos de Administração, Ciências Biológicas, Letras,

Enfermagem, licenciatura plena em História, Geografia e Pedagogia.

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CAPÍTULO 5

CENÁRIO ATUAL DA BACIA - PRINCIPAIS DESCONFORMIDADE S

Como apresentado na introdução e no capítulo anterior, na bacia do Ribeirão Entre Ribeiros estão

presentes grandes projetos de agricultura mecanizada e irrigada principalmente para a produção de soja,

milho e feijão, cujo sistema de irrigação predominante é o pivô central. A rápida expansão desses projetos,

nos últimos vinte anos, produziu e ainda produz problemas ecológicos e graves conflitos na dinâmica

natural. Esse aumento descontrolado da área ocupada por culturas, a intensificação do uso da água no

processo produtivo agrícola, o manejo muitas vezes inadequado e o não planejamento da utilização dos

recursos naturais, principalmente da água, geraram grandes desconformidades ambientais e até mesmo

sociais em Entre Ribeiros.

Ao elencar os principais e mais evidentes problemas, constatam-se (1) o extensivo desmatamento

do bioma Cerrado, vegetação típica natural da região, e de boa parte das demais vegetações nativas

presentes como as Matas Ciliares ou de Galeria, Veredas, etc, provocando grandes impactos, também,

sobre a fauna e a circulação hídrica; (2) o consumo extremo da água e o desconhecimento e ocupação das

áreas de recarga de aqüíferos agravando os conflitos sobre a utilização dos recursos hídricos; (3) a

degradação dos solos e o aparecimento, em algumas regiões, da erosão laminar e em sulcos. Todos esses

são frutos da intensa atividade agro-pastoril sem um devido planejamento e nenhum plano para a

sustentabilidade ambiental.

Existe ainda um (4) problema que se trata do endividamento dos agricultores, visto que os

projetos implementados a partir do PRODECER – Programa de Desenvolvimento dos Cerrados, iniciados

na região na década de 1980, como por exemplo o PCPER – Projeto de Colonização Paracatu Entre

Ribeiros, apenas deram frutos após mais de uma década de sua implantação.

Tais problemas, apesar de estarem interligados, serão dissecados de forma separada a seguir:

5.1 – DESMATAMENTO EXTENSIVO

Em escala nacional, o monitoramento sistemático dos desmatamentos no bioma Cerrado, nos

moldes daqueles realizados, por exemplo, por instituições de pesquisa e desenvolvimento como o INPE e

o SIPAM para o bioma Amazônico (Shimabukuro et al., 2000; Ferreira et al. 2006), é algo relativamente

novo, se não inexistente, tanto por questões políticas quanto técnicas.

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A região do Cerrado, ainda que seja o 2º maior ecossistema do país em área, e um dos hotspots

mundiais para a conservação da biodiversidade (Myers et al., 2000), ainda não recebe o merecido destaque

por parte dos programas governamentais de preservação ambiental, sendo muitas vezes ofuscada pela

elevada atenção, não menos importante, para os passivos ambientais na Amazônia.

Somente na última década, mas precisamente a partir de 1998, com o então projeto Ações

Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Cerrado e Pantanal (Brasil, 1999), passa-se a

reconhecer a importância biológica e social deste bioma, hoje fortemente ameaçado. Nos últimos anos,

percebe-se um maior envolvimento da comunidade científica em projetos como o SIAD - Goiás1, IPÊ2 e o

PROBIO/Cerrado3.

Em termos técnicos, poderíamos apontar uma série de dificuldades para o efetivo monitoramento

da região, tais como a extensa área a ser recoberta por imagens de satélite com resolução espacial médio-

alta (aproximadamente 276 cenas do CBERS - sensor CCD, 20 metros), o longo período com ocorrência

de nuvens (praticamente seis meses/ano) (Sano et al., 2006), além da dificuldade inerente aos

processamentos e diferenciação das fitofisionomias de Cerrado. Esta última, já abordada por inúmeras

pesquisas, refere-se à forte mistura espectral presente em algumas classes de Cerrado e de uso da terra, tais

como o Campo Limpo/Campo Sujo e a pastagem (Ferreira et al., 2006), o que dificulta a identificação dos

desmatamentos.

Outro entrave para o início de um monitoramento sistemático refere-se à necessidade de um mapa

de uso da terra e remanescentes retratando, de forma mais fidedigna possível, a realidade do Cerrado em

um dado momento (mapa-base). A partir deste mapa, e com apoio de técnicas para a detecção de

mudanças na paisagem, é possível a contabilização das áreas convertidas para a agricultura, pastagem e

outras formas de uso ao longo do tempo.

Entretanto, o conhecimento sobre o atual estágio de conversão para todo o bioma Cerrado persiste

insuficiente e, por vezes, contraditório. Normalmente, as estimativas diferem-se por questões

metodológicas, isto é, diferenças quanto às bases de dados adotadas e no entendimento relativo às classes

de uso do solo e fisionomias. Por exemplo, a ONG Conservação Internacional (CI), com base em dados do

sensor MODIS (1 km), aponta que, aproximadamente, 55% do bioma Cerrado já tenham sido convertidos

em agricultura e pastagem (Machado et al., 2004). Outros estudos estimam uma conversão na ordem de

40% (Mantovani e Pereira, 1998; Mittermayer et al., 1999; Sano et al., 2002).

1 Sistema Integrado de Alerta de Desmatamentos para o Estado de Goiás (SIAD - Goiás). Projeto desenvolvido pelo Laboratório de

Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (LAPIG/UFG) em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado de Goiás (SEMARH/GO).

2 Integração de Informações Espaciais para o Planejamento e Gestão Estratégica do Cerrado - IPÊ/CNPq. 3 Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica - PROBIO/Cerrado.

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Sendo assim, este estudo visou identificar e analisar aspectos e conseqüências relevantes do

desmatamento na bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, bacia esta acometida pelos processos citados acima,

em que áreas agrícolas vêm substituindo o bioma Cerrado de forma abrupta.

Nesse sentido, como apresentado no capítulo anterior, cabe relembrar que o processo de ocupação

nesta bacia se iniciou, de forma mais representativa, a partir da construção da nova capital federal,

Brasília. Todavia, o maior impulso remonta o início da década de 1980 com a implementação, por parte

do governo federal, de programas e planos de incentivo para o setor primário, como por exemplo, o

Projeto de Colonização Paracatu Entre Ribeiros, cuja área destinada foi a foz do Entre Ribeiros e que será

detalhado mais adiante neste capítulo. Além disso, devido a este incentivo, implantaram-se latifúndios a

priori com cultivo de sequeiro e depois houve a adoção da agricultura irrigada, de maior produtividade.

A partir disso, as atividades agrárias na bacia se iniciaram e se expandiram em escala exponencial,

e conseqüentemente, ocorreu e ainda vem ocorrendo uma maciça supressão e utilização dos recursos

naturais, que culminou na descaracterização de grande parte dos ecossistemas locais. Um exemplo disso

pode ser observado na figura 5.1.

Figura 5.1: Exemplo de desmatamento extensivo devido à agricultura intensiva em Entre Ribeiros.

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O reflexo desse processo foi a destruição e modificação de habitats e comunidades inteiras de

animais e plantas nativas para dar lugar, sobretudo, aos projetos agrícolas e as pastagens

(agroecossistemas).

Assim, é evidente que esta descontinuidade floral territorial e entre maciços do bioma acarreta

sérias restrições, principalmente, à fauna, uma vez que a esta fica impossibilitado o deslocamento e a troca

genética, ou seja, há o impedimento de atingirem áreas importantes para alimentação, reprodução ou

refúgio, o que acaba por comprometer várias espécies em um curto intervalo temporal. Aliado a isso,

existe ainda, o impacto causado pelas estradas e cercas, através da obstrução dessa movimentação normal

dos animais, seja pelas cercas de arame farpado, ou através de atropelamentos nas estradas, especialmente

nas vias mais movimentadas e de maior velocidade.

Também merece destaque, a ação de caça e pesca predatórias e seletivas para a obtenção de carne,

peles, penas, amuletos, cera, mel e animais vivos para venda como animais de estimação, bem como para

eliminar espécies consideradas daninhas ao homem. Ressalta-se ainda, a destruição dos animais por

intoxicação, causada pela contaminação das águas e solos por resíduos de agrotóxicos (inseticidas,

fungicidas, herbicidas, algicidas), pelo processo de eutrofização das águas, causado pelo excesso de

nutrientes lançados pelos esgotos domésticos e sobretudo industriais.

Há de se altear também, a presença de atividades como o carvoejamento e a silvicultura. A

primeira exerce pressão direta sobre as formações arbóreas na bacia, sendo que o seu controle, incipiente,

não permite uma avaliação de seu real efeito local. A silvicultura, ao se encontrar em estagnação, segundo

tendência observada para a bacia, remete as demandas de carvão para os remanescentes de vegetação

nativa, constituindo um círculo vicioso da utilização não sustentável dos recursos locais (figura 5.2).

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Figura 5.2: Queimadas e retirada da vegetação nativa para produção de carvão. Nesta região foram

observados vários fornos de carvoejamento e usos de moto-serra.

Outro grande problema observado, refere-se às freqüentes queimadas do Cerrado latu sensu que

possuem como objetivo, principalmente, a renovação dos pastos. Um exemplo típico é a queimada das

pastagens nativas de Cerrado para a obtenção de forragem para o gado na estação da seca.

Ocasionalmente, existem queimadas sem interferência humana que se originam por raios, por

exemplo. Enquanto as queimadas antropogênicas predominam na estação seca, as naturais ocorrem

preferencialmente na estação das chuvas, quando há ocorrência de descargas elétricas.

Queimadas realizadas em épocas diferentes não têm o mesmo efeito sobre a vegetação, visto que

as plantas estão em diferentes estágios fenológicos4. A queimada pode provocar efeitos diversos

destruindo partes vegetativas, ou flores, frutos e sementes afetando no crescimento e reprodução dessas

plantas. As queimadas tardias, quando já estão em andamento a substituição das folhas e a floração, são

altamente nocivas, prejudicando a maioria das árvores. O resultado é a morte de algumas e a recoberta de

4 Estágios do ciclo vital da planta, como brotamento, floração, etc.

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folhas em outras, cujo florescimento ocorrerá somente um ano depois, o que torna o processo de

regeneração e crescimento dos biomas muito difícil.

Cabe ressaltar que a queimada é aconselhável ou permitida pelo órgão responsável, no caso o

Instituto Estadual de Florestas – IEF, desde que o fogo seja adequadamente manejado, isto é, que as

queimadas não sejam realizadas todo ano no mesmo local, que se mantenha um intervalo entre elas de 3 a

4 anos, que se realizem em certos dias e horários, que não sejam muito intensas, etc.

Quanto à fauna, durante as queimadas parte dos animais e insetos é posta em fuga pelo fogo e pela

fumaça, mas muitos morrem carbonizados. Há também a destruição de ninhos e ovos e a perda de filhotes.

Observa-se também que o fogo reduz significativamente a oferta de alimentos aos animais.

Em relação ao solo, se as queimadas forem realizadas em intervalo de 3 ou 4 anos, ou mais, o

retorno dos nutrientes, via atmosfera, compensará a perda. Caso contrário, poderá ocorrer o

empobrecimento dos nutrientes que caracterizam a fertilidade dos solos.

Vale mencionar ainda, que as gramíneas, no que diz respeito a rebrota, tiram proveito das

queimadas. Justamente por isso que muitos proprietários rurais promovem as queimadas, sendo que nem

todas possuem a devida autorização do IEF.

Outro grave problema típico da bacia, é a pressão sobre as Veredas e Matas Ciliares, ou seja,

APP’s – Áreas de Preservação Permanente, que acabam incidindo diretamente nos ambientes aquáticos.

Representantes de Associações Ambientais e de Desenvolvimento local, como a ADESP5, estimam que,

atualmente, apenas 10% das propriedades rurais obedecem à legislação. A largura da faixa marginal a ser

preservada varia em função da largura do curso d’água, tabela 5.1 (IEF, 1995; CONAMA, 2002), e da

localização e superfície da lagoa ou reservatório, tabela 5.2 (CONAMA, 2002).

Tabela 5.1 – Largura da faixa marginal considerada Área de Preservação Permanente em função

da largura dos cursos d’água.

Largura do curso d’água (m)

Largura da faixa marginal a ser protegida (m)

< 10 30 10 a 50 50 50 a 200 100 200 a 600 200

> 600 500

Fonte: IEF (1995) e atualizada em CONAMA (2002).

5 Agência para o Desenvolvimento Econômico e Social de Paracatu

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Tabela 5.2 – Largura da faixa marginal considerada Área de Preservação Permanente em função

da localização das lagoas marginais.

Ambiente de localização Largura da faixa marginal a ser

protegida (m)

Áreas urbanas consolidadas 30 Áreas rurais, exceto os corpos d`água com até vinte hectares de superfície, cuja faixa

marginal será de cinqüenta metros;

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Fonte: CONAMA (2002)

Além disso, nas áreas onde estes ecossistemas não foram preservados, verifica-se que os outros

recursos naturais apresentam um estágio de degradação bem evoluído, com o maior impacto sendo

observado nos cursos d’água, que tiveram a qualidade e quantidade alteradas negativamente. As figuras

5.3 e 5.4 ilustram exemplos dessa situação.

No primeiro caso, houve a retirada de grande parte da vegetação ciliar ao longo do curso d’água

dando lugar à pastagem. Percebem-se, neste local, indícios de erosão e assoreamento do curso d’água. O

solo exposto favorece, principalmente no período chuvoso, a lixiviação, a não proteção dos cursos d’água,

e não absorção da água da chuva.

Já no segundo exemplo, tem-se uma lagoa marginal barrada pela estrada com a presença de drenos

para o processo de irrigação. Observa-se também que boa parte da vegetação das margens não está

presente, dando lugar, mais uma vez, ao pasto, o que acarreta problemas de erosão, o qual será tratado

mais adiante. Percebe-se ainda, que o corpo d’água apresenta um processo de eutroficação já considerável

e evoluído

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Figura 5.3: Exemplo de retirada da vegetação do curso d’água (Mata Ciliar) para dar lugar à pastagem.

Figura 5.4: Exemplo de degradação de um ambiente aquático, no caso uma lagoa marginal represada.

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Quanto ao uso do solo da bacia, em um estudo realizado pelo IEF (1994), a região apresentava

uma cobertura vegetal natural de 44,77% de sua área total, sendo 16,28% de Cerrado Sensu Strictu,

10,76% de campo Cerrado, 1,62% de Cerrado em regeneração, 0,22% de cerradão (Cerrado Latu Sensu:

28,88%), e 15,89% correspondiam os demais tipos fisionômicos que formam o mosaico vegetacional do

bioma Cerrado (Matas Ciliares e de Galerias, Matas Secas, Veredas, etc). O restante do território, 55,23%,

estava ocupado por atividades antrópicas (agricultura, pecuária, reflorestamento, mineração, etc).

Atualmente, ao concluir a extração do índice de vegetação para as relações entre as formações

vegetais e áreas desmatadas, através do cruzamento entre os mapas produzidos por CETEC (1981), dados

do IEF (1994), Projeto CRHA (Martins Jr. et al. 2006) e imagens de satélite atuais, percebe-se que houve

uma redução ainda maior da vegetação nativa. A região apresenta, atualmente, uma cobertura natural na

ordem de 31,21% em relação à sua área total, sendo 21,06% de Cerrado Latu Sensu (Cerrado Sensu

Strictu, Campo Cerrado e Cerradão) e 10,14% correspondendo aos demais tipos fisionômicos

característicos do bioma (Matas Ciliares e de Galerias, Matas Secas, Veredas, etc). O restante do território,

71,79%, apresenta ocupação por atividades antrópicas (agricultura, pecuária, reflorestamento, mineração,

etc). Esse resultado espelha que muitos limites da intervenção sobre este ecossistema local podem estar

sendo ultrapassados, remetendo assim a um quadro claro de geovulnerabilidade ambiental.

Além disso, ao analisar a evolução da ocupação na bacia nos últimos anos, é possível inferir que a

tendência ainda é a da expansão da atividade agrícola, sobretudo com a utilização do manejo irrigado.

Caso não sejam realizadas medidas no intuito de orientar para um uso adequado, equilibrado, ordenado,

sustentado e ótimo, as adversidades tenderão a se expandir e o reflexo será um aumento ainda mais

elevado do comprometimento natural que, conseqüentemente, poderá acarretar em uma perda econômica

em um curto intervalo de tempo.

A figura 5.5 ilustra a situação atual da bacia.

Outra constatação importante, refere-se ao número reduzido de áreas com status legal de proteção

e conservação ambiental, não se caracterizando, dessa forma, como amostras efetivas da biodiversidade

regional.

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Figura 5.5 – Uso do solo em Entre Ribeiros. Vegetação e Atividades Antrópicas com destaque para a

“Descontinuidade Floral do Bioma”. Fonte: Projeto CRHA, (Martins Jr. et al. 2006) com atualizações na dissertação.

Ao verificar a figura 5.5, nota-se que a extensão do desmatamento, sobretudo do bioma Cerrado,

da área é cerca de 40 km X 50 km considerando os dois principais eixos desta forma triangular da bacia.

É possível visualizar ainda a intervenção e diminuição da largura, em parcelas relevantes, da

vegetação ciliar e dos corpos d’água. Ressaltam-se ainda, manchas consideráveis de ocupação na parte

ocidental e mais elevada da bacia.

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Entretanto, o maior impacto ocorre, sem dúvida, nas planícies fluviais do baixo curso do ribeirão

Entre Ribeiros (figura 5.6). Observa-se a ocupação de praticamente toda a área por agricultura irrigada. Há

também a ocorrência de agricultura de sequeiro, mas estas áreas estão, atualmente, quase todas

abandonadas. A vegetação foi praticamente suprimida, restando remanescentes isolados e de pouca

expressividade espacial. As Matas Ciliares das margens dos cursos e em torno dos corpos d’água,

reduziram-se, em muitos casos, a estreitas faixas, não cumprindo em sua maioria o exigido pela legislação.

Figura 5.6: Exemplo típico de uma área cultivada irrigada por pivô central na foz do Ribeirão Entre Ribeiros. A topografia favorece bastante este método de manejo, entretanto, o uso intenso e a supressão de todo o ecossistema natural comprometem o tempo de uso, os recursos hídricos e, conseqüentemente, o futuro econômico da região.

Tais impactos também são comuns na área central, ao norte e a sudeste da bacia, visto que

apresentam uma topografia estável, solos mais espessos, e outros atributos físicos favoráveis. Predominam

as pastagens, mas há também uma boa parcela destinada às lavouras de sequeiro, além de muitas manchas

de agricultura irrigada. Esta última se acentua nos baixos cursos dos Ribeirões São Pedro, Vereda Grande

e Barra da Égua.

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Já as menores alterações estão na sub-bacia do Ribeirão da Aldeia. Isso se deve ao fato de grande

parte dessa, mais de 50%, apresentar um relevo mais acidentado, com afloramentos rochosos e solos mais

rasos, pouco propícios às atividades agrícolas, bem como à pecuária. Esta situação se configura em boa

parte da porção ocidental, em função das mesmas características físicas.

Ao avaliar o atual estágio de ocupação, pode-se afirmar que o caso da bacia do Ribeirão Entre

Ribeiros é um exemplo típico do modelo que prioriza apenas os objetivos econômicos, visto que nenhuma

medida de planejamento sustentável foi conferida. Soma-se a isto, a falta de conhecimento sobre a relação

flora e fauna e a grande importância da primeira para os recursos hídricos.

5.2 – PROBLEMAS HÍDRICOS - CONSUMO ELEVADO DA ÁGUA E CONFLITOS NO

USO DA IRRIGAÇÃO, CONTAMINAÇÃO E OCUPAÇÃO DE ZONAS DE RECARGAS

DE AQÜÍFEROS

Outro grave reflexo, também oriundo da expansão e avanço das atividades antrópicas na região,

sobretudo da agricultura irrigada, é o aumento exacerbado da utilização dos recursos hídricos na bacia.

Este consumo é ampliado tendo em vista que o método de manejo mais comum é o pivô central.

Segundo a Associação dos Produtores em Entre Ribeiros, são encontrados na bacia os mais extensos pivôs

de todo o território nacional. A figura 5.7 exemplifica essa afirmação.

Figura 5.7: Exemplo da magnitude dos pivôs centrais em Entre Ribeiros.

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O excesso de maquinário, a crescente utilização irracional com muitos demandantes, a drenagem

através de inúmeros canais quilométricos e a falta de um devido planejamento para a aplicação dos

recursos hídricos, acentuam as dificuldades e os conflitos, que são agravados principalmente na estação da

seca, onde já se percebe consideráveis déficits em alguns cursos d’água.

Soma-se a isto, a grande perda de água por evaporação, seja nos próprios pivôs (figura 5.8), seja

nos extensos canais de irrigação expostos (figura 5.9), em função das altas taxas de insolação e

temperatura que predominam no clima tropical típico da região.

Sem contar ainda a alta “transferência virtual” de água devido à exportação de grãos para outras

regiões e países, tendo em vista que estes grãos são compostos, em sua maioria, por água.

Figura 5.8: Caso típico de irrigação por aspersão com pivô central no Vale de Entre Ribeiros em que

ocorre uma elevada perda por evaporação. Neste caso ainda é possível visualizar quatro

espécies oportunistas da avifauna adaptadas às intervenções antrópicas, caracterizando uma

situação adaptativa.

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Figura 5.9: Exemplo de um dos extensos canais de irrigação no Vale de Entre Ribeiros. A exposição

demasiada à insolação e às temperaturas elevadas acarreta em grandes perdas de água por

evaporação.

Nesse contexto, a agricultura irrigada, da maneira que é realizada atualmente, é responsável por

vários conflitos de disponibilidade hídrica, aumento no custo de energia elétrica, além da

descaracterização dos ambientes úmidos/aquáticos (várzeas, Veredas e lagoas marginais), através de sua

drenagem e captação de água.

Outro aspecto de alteração do meio pela ocupação humana que se destaca, são as construções de

barramentos sem um devido planejamento ao longo dos cursos d’água e o represamento de Veredas. Vale

mencionar que as barragens possuem suma importância no auxílio ao armazenamento da água por um

período temporal mais extenso na bacia, desde que sejam realizadas nos devidos locais, aproveitando os

aspectos geológicos e topográficos mais apropriados, não comprometendo os ecossistemas de Veredas e

nem prejudicando a vazão à jusante.

As figuras 5.10 e 5.11 ilustram exemplos de ecossistemas de Veredas represados. As alterações na

dinâmica hídrica local, como o aumento do nível d’água, causam mudanças neste ecossistema, levando a

vegetação à degradação e a morte de algumas espécies da flora ao longo do tempo.

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Figura 5.10: Barragem construída sobre o ecossistema de Vereda. Percebe-se claramente a descontinuidade e o comprometimento deste ambiente com a elevação do nível d’água.

Figura 5.11: Represamento de um ecossistema de Veredas em um estágio mais avançado.

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Além desses, há mais um fato que merece uma atenção crítica. Trata-se da ocupação de parcelas

consideráveis nas áreas elevadas a oeste da bacia, onde a agricultura intensiva e os desmatamentos

também são praticados. Estas áreas são parte das principais zonas de recarga de aqüíferos que abastecem

tanto a bacia do Ribeirão Entre Ribeiros quanto a bacia do Rio São Marcos. As características físicas,

como o relevo em forma de chapada, caracterizando uma topografia estável, taxas pluviais elevadas e

solos mais profundos favorecem tal uso. A figura 5.12 exemplifica tal fato.

Figura 5.12: Exemplo de uma ocupação intensiva, favorecida pelas características físicas, em uma

possível área de recarga de aqüífero na porção oeste da bacia.

Soma-se a isso, o fato dos projetos agro-pastoris, ao longo do tempo, serem responsáveis por uma

compressão e compactação do solo, suficientes para reduzir, significativamente, as taxas de infiltração o

que, conseqüentemente, acarreta o impedimento da recarga necessária dos aqüíferos.

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Um outro agravante provável diz respeito à contaminação dos mananciais e de todo o sistema

hídrico em função dos agrotóxicos e insumos utilizados deliberadamente, incidindo em toda fauna,

obviamente na flora e, conseqüentemente, no próprio consumo humano.

Todos estas adversidades vão ao encontro dos depoimentos dos produtores que trabalham na bacia

há mais de vinte anos. Segundo eles, houve uma considerável redução, ao longo do tempo, da vazão,

sobretudo na foz da bacia. Cabe ressaltar, mais uma vez, que essa região se caracteriza como a área mais

crítica, visto que na mesma estão compreendidos e concentrados a maior parte dos projetos instituídos

pelo PRODECER no início da década de 1980.

A figura 5.13 mostra, claramente, a magnitude de tais projetos e a sua conseqüente modificação

dos sistemas naturais, bem como a evidente demanda para com os recursos hídricos.

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Figura 5.13: Imagem de satélite evidenciando a magnitude dos projetos agrícolas na foz do Ribeirão

Entre Ribeiros. Fonte: Martins Jr. et al.(2006).

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5.3 – DEGRADAÇÃO DO SOLO

O solo está sujeito a processos degenerativos sempre que o equilíbrio biótico-mineral for rompido

por processos climáticos ou pela intervenção humana. Quando desprotegido, o mesmo sofre a ação dos

raios solares e do vento, desagregando-se e sendo erodido. A água pluvial o arrasta, resultando em perdas

de nutrientes, inicialmente, até grandes perdas da massa através de processos erosivos, o que pode resultar

em uma degradação físico-química muitas vezes irreversível, além de problemas de assoreamento nos

cursos e corpos d’água.

A cobertura vegetal e a presença de matéria orgânica protegem o solo eficazmente contra essas

alterações, além de favorecerem a infiltração da água pluvial e, conseqüentemente, se for o caso,

contribuem para a recarga dos aqüíferos.

Quando ocorre a retirada da vegetação e a utilização de formas de cultivo errôneas, ambos casos

característicos na bacia em estudo, tais processos são favorecidos e, uma vez rompido o equilíbrio entre

formação dos solos e os processos erosivos, a erosão passa a se processar mais rapidamente superando os

processos de formação dos mesmos, não permitindo sua reconstituição e podendo originar o que é

conhecido como erosão acelerada.

Os fatores controladores ou determinantes da erosão são aqueles que determinam as variações nas

taxas de erosão.

Toy (1977) propõe um modelo conceitual em que apresenta tais fatores sob uma notação

matemática em que: E = f (C, T, R, V, S, ..., H, ...) onde: E = erosão do solo; C = clima; T = topografia; R

= tipo de rocha; V = vegetação; S = característica do solo; H = interferência humana.

Já Freire (1974 apud Bahia et al. 1992) classifica os fatores controladores da erosão em fatores

extrínsecos e intrínsecos:

• Fatores Extrínsecos

⇒ Naturais: chuvas, ventos e ondas;

⇒ Ocasionais: cobertura e manejo do solo.

• Fatores Intrínsecos

⇒ Topográficos: declividade e comprimento de rampa;

⇒ Propriedades dos Solos: textura, estrutura, porosidade e permeabilidade, capacidade de

infiltração, teor de matéria orgânica, natureza do complexo coloidal e natureza dos cátions adsorvidos, etc.

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Basicamente, todos os fatores acima foram divididos em quatro grandes grupos por Guerra &

Cunha (1995): (1) Erosividade das Chuvas; (2) Propriedades do Solo; (3) Cobertura vegetal; (4)

Características das encostas.

É em virtude da interação desses fatores que algumas áreas se tornam mais susceptíveis à erosão

do que outras. A mais usada forma de representação dos fatores que controlam ou determinam a erosão é a

Equação Universal de Perda de Solos (EUPS) de Wischmeier & Smith (1978): A = R K L S C P. Onde: A

= perda de solo média anual (t/ha ano); R = fator erosividade da chuva (MJ mm/ha h); K = fator

erodibilidade do solo (t ha h/ha MJ mm); L = fator comprimento de rampa (adimensional); S = fator de

declividade (adimensional); C = fator de uso/manejo (adimensional) e P = fator práticas conservacionistas

(adimensional).

No caso de Entre Ribeiros, que apresenta, em grande parte, condições geotécnicas mais estáveis

como declividade e topografia, tais riscos são reduzidos.

Entretanto, o intensivo desmatamento e a utilização, ainda intensa, de técnicas inapropriadas como

a aração, gradagem, queimadas e a pecuária extensiva, sobretudo nas áreas agrícolas de sequeiro,

promovem o aparecimento de erosões, principalmente, superficiais, laminares e, em alguns casos, com a

presença de sulcos.

As figuras 5.14 e 5.15 ilustram exemplos dos casos mais típicos de erosão que ocorrem na área em

estudo.

No primeiro caso, tal processo ocorreu em uma área agrícola de sequeiro que foi abandonada e

tomada pela pastagem. O abandono do solo desprotegido e o pisoteio do gado aceleraram veementemente

o processo erosivo. Trata-se ainda, de uma região com um gradiente de declividade um pouco mais

elevado, o que corroborou ainda mais para a ocorrência do mesmo e para o aparecimento de canais

erosivos.

Já no segundo exemplo, houve a supressão da vegetação natural. O solo desnudo aliado, mais uma

vez, à presença da pastagem resultou no surgimento de tal processo.

Pode-se dizer, que tais fatos costumam ocorrer de maneira pontual no âmbito geral da bacia.

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Figura 5.14: Erosão laminar em área de agricultura de sequeiro abandonada e tomada pela pastagem.

Figura 5.15 – Erosão laminar em conseqüência da retirada da vegetação natural e agravada pelo gado.

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5.4 – O PROJETO DE COLONIZAÇÃO PARACATU ENTRE RIBEI ROS E A ATUAL

SITUAÇÃO DE GRANDE PARTE DOS AGRICULTORES DA BACIA

Como já mencionado, o Projeto de Colonização Paracatu Entre Ribeiros - PCPER é parte

integrante do Programa de Desenvolvimento do Cerrado – PRODECER. Este último, foi resultado de uma

política macroeconômica do governo federal que contou com uma parceria entre o Brasil e o Japão e que,

na região, foi mediado pela Companhia de Promoção Agrícola - CAMPO. Tal projeto tinha como objetivo

a expansão da fronteira agrícola, tendo em vista que as pesquisas agronômicas realizadas nas décadas de

1960 e 1970 já apontavam que os solos do Cerrado, após serem corrigidos (através de calagem e

fosfatagem) e corretamente manejados se tornavam aptos à produção agrícola. Os Cerrados são

caracterizados por apresentarem solos de gênese muito antiga, cuja fração argila é composta,

predominantemente, por óxidos de ferro e alumínio que, em condições naturais, são de baixa capacidade

de retenção de nutrientes essenciais às culturas se caracterizando como pobres e ácidos. Todavia, tais solos

revelam, como vantagem para a exploração agrícola, excelentes qualidades físicas e a predominância de

um relevo plano e suave ondulado, o que o torna mais susceptível à mecanização.

Em função das condições topográficas, o PCPER foi implantado na região da foz do Ribeirão

Entre Ribeiros em 1983, tendo em princípio a exploração de lavouras de sequeiro, que devido às

condições climáticas da região se mostraram inviáveis. Como a região conta com uma drenagem

favorecida, foi aproveitado o “potencial” do curso d’água para a criação de projetos de irrigação.

Dessa maneira, o PCPER proporcionou à agricultura local uma evolução quantitativa e

qualitativa, com destaque para a introdução de novas tecnologias e novas práticas de manejos das culturas.

Contudo, segundo relatos da Associação dos Produtores6, para que isso ocorresse foram

necessários grandes investimentos, sobretudo na fase inicial do mesmo. Ressalta-se ainda, que tal projeto,

devido a sua magnitude, configura-se como de maturação e retorno em longo prazo, visto que nos anos

iniciais de abertura dos Cerrados e de sua adaptação à produção de grãos, os níveis de produtividade são

pequenos.

Soma-se a isso o fato de que a situação conjuntural e o cenário econômico de tal período foram

extremamente desfavoráveis, tendo em vista uma inflação alta e galopante, combinada à elevação das

taxas de juros, à redução da disponibilidade de crédito e, conseqüentemente, houve uma incapacidade de

capitalização dos seus beneficiários.

6 Em 1985 os produtores se organizaram e fundaram a Associação dos Produtores do Entre Ribeiros. Esta conta, hoje, com 29 associados, tendo como atual presidente o Sr. Eurípedes Tobias. Dentre os principais objetivos da associação, estão a defesa e o desenvolvimento da produção rural animal e ou vegetal, além de melhores condições de comercialização, entre outros. Dos associados, 51% são provenientes de outras regiões, e a grande maioria possui escolaridade entre ensino médio e superior completos (82%). Além disso, todas as propriedades dos produtores irrigantes são abastecidas por energia elétrica e 92% possuem telefonia.

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Além disso, ocorreu uma redução considerável do valor do subsídio ao crédito rural durante a

década de 1980, bem como constantes desvalorizações dos preços dos grãos. No caso da soja, por

exemplo, houve uma redução de 22,5% nesse período em relação à década de 1970, e tal tendência

continuou até o primeiro qüinqüênio dos anos de 1990. A primeira safra do Plano Real (1994/1995),

também penalizou a agricultura por considerar a correção monetária nos empréstimos, sem a contrapartida

de correção dos preços mínimos. Segundo a Associação, naquela safra muitos produtos não alcançaram

sequer o preço mínimo.

O crédito mais caro e escasso provocou a redução do ritmo da expansão da produção e

produtividade em nível nacional, embora este problema tenha sido sentido mais agudamente pelos

segmentos menos capitalizados.

Nesse contexto, a escassez de crédito e o agravamento dos problemas de inadimplência, levaram

muitos produtores a buscar alternativas de financiar suas safras, principalmente através do processo

conhecido como “soja verde”, parceria que, em princípio, foi bastante desfavorável aos produtores por

embutir altas taxas de juros.

A construção de canais de irrigação e da rede elétrica em projetos coletivos /comunitários facilitou

a situação dos condôminos pela diluição dos custos dessa obra de infra-estrutura. Vale ressaltar que o

primeiro canal foi implantado a partir de 1988, sendo ampliado em 1993. Trata-se de 34 km com captação

de 11.060 m³/hora. Os financiadores desse investimento foram os bancos BDMG e BNCC e, segundo a

Associação dos Produtores, as dívidas junto a estes agentes financeiros estão equacionadas. Já em 1997

foram concluídas as obras de mais um amplo projeto de irrigação e eletrificação com custos estimados na

ordem de R$14.000.000,00 e R$11.000.000,00 respectivamente. Tais obras foram financiadas a “fundo

perdido” com recursos dos Governos Estadual e Federal, além do Banco Mundial compreendendo a

captação de 27.360 m³/hora, estações elevatórias, canal de 43 km e rede elétrica.

Já a solução de securitização das dívidas melhorou, mas não resolveu a situação, uma vez que a

maioria dos produtores já apresentava débitos superiores a R$200.000,00.

Os débitos relativos aos diversos investimentos vêm sendo renegociados ao longo do tempo,

sendo pequeno o nível de amortização do estoque destas dívidas.

Atualmente, além do elevado endividamento e, conseqüentemente, da maior dificuldade em se

obter recursos financiados, vêm se somando outros empecilhos à situação dos produtores. Dentre eles, está

a previsão do início da cobrança da água, bem como novas condições para a outorga por parte do Comitê

de Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu – CBH Paracatu.

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Além disso, a falta de um planejamento mercadológico e a produção, em sua maioria, de produtos

brutos, ou commodities, que não agregam valor, e que são mais susceptíveis às oscilações do mercado,

reduzem ainda mais as perspectivas de melhoria para os mesmos. De forma geral, isto é um fato recorrente

no histórico brasileiro, que costuma concentrar sua produção em torno de uma única cultura, como foram

os casos dos ciclos da cana de açúcar, do café e, recentemente, da soja.

Agregam-se a tudo isso, os reflexos da intensa modificação dos sistemas naturais, como

apresentados neste capítulo, que começam, também, a corroborar para uma crise hídrica e o aumento do

comprometimento econômico em um prazo não muito longínquo na bacia.

Dessa forma, toda esta situação conjuntural demanda um grande esforço e a combinação de

diversos fatores no intuito de atenuar tanto as distorções ambientais quanto econômicas. É nesse sentido

que os projetos ecológicos-econômicos, já mencionados, e que serão tratados, com maior nível de detalhe

e aplicação nos capítulos adiante, podem atuar.

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CAPÍTULO 6

PROPOSTA DE ZONEAMENTO EM UNIDADES GEOAMBIENTAIS

MORFOGEOPEDOLÓGICAS

Após a apresentação das principais desconformidades, os esforços passam a ser direcionados para

a busca de soluções que favoreçam a mudança desta realidade.

Todavia, no intuito de subsidiar a escolha de soluções condizentes às distorções, além da

finalidade de racionalizar a ocupação e auxiliar na gestão territorial, buscou-se esboçar, a partir da

associação e do cruzamento entre as cartas de Geomorfologia, Lito-Estratigrafia e Pedologia, um

zoneamento, em unidades geoambientais, ou seja, áreas contínuas que são acometidas por processos

ambientais bastante parecidos.

Lollo (1996) estabelece que a possibilidade de divisão da área de estudo em unidades cada vez

menores é função da escala. Das maneiras de se avaliar o terreno o autor distingue duas modalidades de

análise: enfoque fisiográfico e enfoque paramétrico.

O enfoque fisiográfico, priorizado neste estudo, envolve trabalhos de leitura, análise e

interpretação, onde na primeira ocorre a identificação da área total e na análise o intérprete examina as

feições morfológicas, reconhece os menores elementos texturais.

Na interpretação, as propriedades observadas juntamente com as feições extraídas, permitem ao

intérprete a atribuição dos significados geológico-geomorfológico-pedológicos dessas zonas homólogas

estabelecidas em conjunto com observações de campo.

Por equivalência de uma ou mais propriedades, as zonas podem ser aglutinadas ou subdivididas,

conforme o grau de heterogeneidade mínimo da paisagem observados inclusive com trabalhos de campo.

Já os atributos morfométricos das vertentes têm no enfoque paramétrico os meios pelos quais se

delimita áreas diferentes quanto à geometria das áreas homogêneas – declividade, amplitude, extensões e

rede de drenagem.

Lollo & Zuquette (1998), buscando trabalhar com um conceito operacional, exclusivamente

fisiográfico, com reconhecimento objetivo e rápido, sem conotações interpretativas, elaboraram o seguinte

conceito: “...porção do terreno originada a partir de processos naturais e distinguível das porções

vizinhas em pelo menos um dos seguintes elementos de identificação: forma e posição topográfica,

freqüência e organização dos canais, inclinação das vertentes e amplitude de relevo”.

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Para os autores, o uso dos elementos do terreno com finalidade de zoneamento regional se deve a

Bourne (1931) que estabelece o “princípio da similaridade dos elementos da paisagem”.

Dadas essas definições, e tendo como critério escolhido o enfoque fisiográfico, partiu-se para a

elaboração da proposta de zoneamento da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros em uma escala de 1:250.000.

Nesse sentido foi realizado, primeiramente, o cruzamento entre as classes de formas de relevo,

rochas e solos através do método de matriz de correlação (Geomorfologia X Lito-Estratigrafia;

Geomorfologia X Pedologia; Lito-Estratigrafia X Pedologia). Esse cruzamento permitiu verificar o

intercâmbio e inter-relação entre as classes na área da bacia. Em seguida, foi feita uma relativização, isto

é, verificou-se a freqüência de associatividade entre as classes em relação à área total da bacia. De posse

desses resultados foi possível classificar, de acordo com a maior incidência, e assim, filtrar e selecionar as

interações de classes mais representativas. A partir disso, procurou-se analisar e interpretar as associações

agregando, também, as características fisiográficas mais relevantes das áreas, tendo como auxílio os

mapas de altimetria, curvas de níveis e do modelo digital de elevação do terreno, além de características

de ocupação e do uso atual do território. Na seqüência, foram atribuídos significados

morfogeopedológicos e de uso e ocupação e, ao final, estabeleceu-se as zonas homólogas que,

conseqüentemente, foram definidas em Unidades. Ressalta-se que, para a definição das Unidades foram

considerados as características e embasamentos mais relevantes, peculiares e particulares, ou seja, um

traço ou característica morfo-geo-pedológico determinante que difere e que até influencie na ocupação.

Tais características estão discriminadas no capítulo 4, em suas tabelas correspondentes (vide tabelas 4.1,

4.2 e 4.3).

A tabela 6.1 mostra o resultado do cruzamento entre as classes, evidenciando as de maior

incidência e representatividade. Vale mencionar que dentre as 287 possibilidades de interação observadas,

45 correspondem a quase 86% da área total da bacia.

Já as tabelas 6.2 e 6.3 apresentam o mesmo cruzamento no formato de matrizes, sendo a primeira

indicando os valores relativos de incidência e a segunda enaltecendo a associatividade. Tal associatividade

foi constituída apenas para facilitar a interpretação dos cruzamentos, uma vez que se trata de um

cruzamento entre 3 variáveis. Assim, as letras representam os valores de incidência de tais interações.

Ressalta-se que as 242 interações restantes, que juntas somam cerca de 14% da área total, também

foram analisadas, traduzidas e classificadas às propostas de Unidades concernentes às suas características

mais determinantes.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Tabela 6.1: Resultado simplificado do cruzamento entre as classes de Geomorfologia, Lito-

Estratigrafia e Pedologia:

Classes Geomorfologia Lito-Estratigrafia Pedologia

Área - Inter-Relação % Associatividade (Letras)

c EoCp LVd1 20812910,455 0,53 J c EoCp RLd1 18298967,185 0,47 A cr EoCp CXbd2 30085751,403 0,77 B crv EoCp CXbd2 51943388,372 1,32 K d EoCp GXbd 75063236,774 1,91 C d TQd GXbd 40919282,241 1,04 AJ kerv EoCp RLe1 160975801,272 4,09 D kerv EoCp RLd1 75140382,502 1,91 L kerv EoCpd RLe1 55580393,518 1,41 AA kka EoCpd RLd1 65236895,797 1,66 AB kka EoCpd RLe1 18973922,286 0,48 AF krv EoCp RLd4 52758350,269 1,34 E krv EoCp RLd1 39181045,670 1,00 P krv EoCp RLd2 23798167,755 0,61 M pf EoCp RUbe2 36013007,729 0,92 F pf Qa RUbe2 114621663,384 2,91 AQ r EoCp RLd1 32253936,649 0,82 V r EoCp RLd2 18263284,652 0,46 G r EoCpd RLd1 17139331,770 0,44 AI rc EoCp RLd1 41688489,918 1,06 T rc EoCpd RLd1 23511499,962 0,60 AG rv EoCp RLd1 167406915,849 4,26 Y rv EoCp RLd2 39759012,871 1,01 Q sa EoCp GXbd 21151725,409 0,54 N sa EoCp LVd4 809152779,967 20,57 H sa EoCp LVAd4 341912170,001 8,69 R sa EoCp LVd1 160533446,026 4,08 U sa EoCp CXbd2 25403886,365 0,65 W sa EoCpd LVd4 42973832,055 1,09 AC sa Qa LVd4 36611714,808 0,93 AR sa Qa LVAd4 26995757,388 0,69 AS sa TQd GXbd 16107682,415 0,41 NA sa TQd LVAd4 137631657,257 3,50 AK sa TQd LVd4 133402383,598 3,39 AM sa TQd LVd1 31590309,646 0,80 AO So EoCp CXbd2 52319477,358 1,33 S So EoCp LVd1 36082475,147 0,92 X So EoCp RLd1 32354896,936 0,82 Z So EoCpd CXbd2 50344881,321 1,28 AD Soka EoCpd LVd3 33314553,696 0,85 AE Soka EoCpd LVd4 29460620,434 0,75 AH Soka TQd LVd1 21229177,274 0,54 AL St EoCp CXbd3 31874140,618 0,81 I St Tqda LVAd1 35286562,399 0,90 AP Sto EoCp CXbd3 40364691,574 1,03 O Sub-Total 3365524459,975 85,58 -

Demais Classes (DC) 567232137,680 14,42 AT Total 3932756597,655 100,00 -

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Tabela 6.2: Matriz de Correlação entre as classes de Geomorfologia, Lito-Estratigrafia e Pedologia destacando os valores relativos de

incidência em relação à área total da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros.

% em relação à área total da Bacia Geomorfologia Pedologia

Geologia c cr crv d kerv kka krv pf r rc rv sa so soka st sto DC Cxbd2 Cxbd3 Gxbd Lvad1 Lvad4 Lvd1 Lvd3 Lvd4 Rld1 Rld2 Rld4 Rle1 Rube2 DC

0,47 0,77 1,91 4,09 1,34 0,92 0,46 20,57 0,81 0,77 0,81 1,91 20,57 0,47 0,46 1,34 4,09 0,92 0,53 1,32 1,91 0,61 0,54 1,03 1,32 1,03 0,54 0,53 1,91 0,61

1,00 1,01 8,69 1,33 1,33 8,69 1,00 1,01 1,06 4,08 4,08 1,06 0,82 0,65 0,92 0,65 0,92 0,82 4,26 4,26

EoCp

0,82 0,82 1,41 1,66 1,09 1,28 0,85 1,28 0,85 1,09 1,66 1,41 0,48 0,60 0,75 0,75 0,60 0,48 0,44 0,44

EoCpd

1,04 3,50 0,54 1,04 3,50 0,54 3,39 3,39 0,41 0,41

Tqd

0,80 0,80 Tqda 0,90 0,90

2,91 0,93 0,93 2,91 Qa 0,69 0,69

DC 14,42 14,42

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Tabela 6.3: Matriz de Correlação entre as classes de Geomorfologia, Lito-Estratigrafia e Pedologia destacando a Associatividade entre as

classes.

Associatividade

Geomorfologia Pedologia Geologia

c cr crv d kerv kka krv pf r rc rv sa so soka st sto DC Cxbd2 Cxbd3 Gxbd Lvad1 Lvad4 Lvd1 Lvd3 Lvd4 Rld1 Rld2 Rld4 Rle1 Rube2 DC

A B C D E F G H I B I C H A G E D F J K L M N O K O N J L M P Q R S S R P Q T U U T V W X W X V Y Y

EoCp

Z Z AA AB AC AD AE AD AE AC AB AA AF AG AH AH AG AF AI AI

EoCpd

AJ AK AL AJ AK AL AM AM AN AN

Tqd

AO AO Tqda AP AP

AQ AR AR AQ Qa

AS AS

DC AT AT

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O resultado destes cruzamentos, ou seja, a interação entre as variáveis, juntamente com o estudo

das características fisiográficas, de análises de campo e do uso atual do território, permitiu dividir a bacia

em 7 Unidades, definidas como: (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada; (2) Áreas de Cristas e

Vertentes; (3) Áreas de Colinas e Vertentes; (4) Áreas Associadas ao Calcário; (5) Áreas de Superfície

Tabular Intermediária; (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada; (7) Áreas de Planícies

Aluvionares e Hidromorfismo. A descrição dessas Unidades é dada na seqüência e, ao final, é esboçado

um mapa situando tais Unidades na área da bacia.

6.1 – UNIDADE 1 – ÁREAS DE SUPERFÍCIE TABULAR ELEVA DA.

Trata-se de áreas de chapada com cotas superiores a 900 metros, que correspondem aos divisores

Oeste e Sudoeste da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros. Predomina a Formação Paracatu, com filitos e um

manto de sedimentos areno-argiloso do terciário.

Esta superfície vem sofrendo um processo de dissecação, determinado pela orientação Oeste-

Leste, onde ocorrem rupturas deixando algumas testemunhas em formas de cristas e colinas (Unidades 2 e

3).

Sobre o colúvio de sedimentos do terciário, verifica-se a presença dos Latossolos Vermelhos

Amarelos, distróficos, álicos, A moderado, textura argilosa, fase cerrado, relevo plano e suave ondulado,

associados aos Cambissolos háplicos, distróficos, álicos, A moderado, textura argilosa, fase campo

cerrado, relevo plano e suave ondulado, além dos Latossolos Vermelhos, distróficos, álicos, A moderado,

textura argilosa, fase cerrado, relevo plano e suave ondulado;

Apesar da textura predominantemente argilosa, corresponde--se a uma Unidade de recarga para

os aqüíferos, visto que a cobertura sedimentar apresenta boa porosidade, armazenabilidade e

transmissividade. Configura-se como uma porção estável na superfície, ou seja, de baixa susceptibilidade

à erosão. Tais características favorecem um manejo agropecuário com alta tecnologia, sendo este um uso

recorrente nesta faixa territorial, como apresentado no capítulo anterior. Porém algumas dessas utilizações

e aplicações, as quais esta região vem sendo submetida, restringem e dificultam a infiltração, o que

acarreta no comprometimento da recarga e na alteração do sistema hidrológico-hidrogeológico de toda a

bacia.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Nesse sentido, deve-se buscar medidas para atenuar tais incongruências buscando, a partir da

restrição e, conseqüentemente, de uma seleção apropriada, um uso coerente para que não se interfira nos

processos de recarga, mas que ao mesmo tempo possa oferecer um retorno e compensação econômica.

Tal Unidade permeia cerca de 5% da área total da bacia.

6.2 – UNIDADE 2 – ÁREAS DE CRISTAS E VERTENTES.

Com cerca de 19% da área total, configura-se como regiões de forte gradiente topográfico, ou

seja, relevo escarpado, forte ondulado e ondulado, com presença de processos de ravinamento, onde

predominam os afloramentos e um manto de intemperismo muito raso de decomposição do material

rochoso local, em muitos casos formando anfiteatros.

A geologia local é constituída por filitos e quartzitos sobrepostos pelo manto de intemperismo,

onde desenvolvem solos rasos, representados, basicamente, pelos Neossolos Litólicos e Cambissolos.

Dentre eles estão os Neossolos Litólicos distróficos, típicos, textura indiscriminada, A fraco e moderado,

álicos, fase campo cerrado com relevo forte ondulado que também podem ser associados aos Cambissolos

háplicos Tb distróficos, típicos, argiloso, textura média, A moderado, álicos, fase campo cerrado com

relevo ondulado e forte ondulado ou aos Neossolos Litólicos distróficos, típicos, textura indiscriminada

muito cascalhenta, A fraco, álicos, fase campo cerrado com relevo ondulado a escarpado, além de

Neossolos Litólicos eutróficos chernossólicos associados aos Neossolos Litólicos eutróficos, típicos, A

moderado, ambos com textura indiscriminada e aos Cambissolos háplicos Tb eutróficos, lépticos e típicos,

argilosos, A moderado, fase floresta caducifólia com relevo ondulado e forte ondulado.

Trata-se de regiões com predominância do escoamento superficial, com baixa condição de

retenção e armazenamento da água, exceto em algumas regiões que apresentam fraturas.

Estas condições impõem a toda Unidade uma alta instabilidade, com potencial erosivo elevado, o

que torna a mesma inapta para exploração agro-pastoril. Além disso, configura-se como sendo uma Área

de Preservação Permanente em função das elevadas taxas de declividade o que, de maneira geral,

contribui para o ainda elevado grau de conservação verificado nesta Unidade.

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6.3 – UNIDADE 3 – ÁREAS DE COLINAS E VERTENTES.

Ocupando em torno de 14% da superfície da bacia, esta Unidade compreende uma área de colinas

com rampas inclinadas, segundo o direcionamento das dissecações das superfícies tabulares,

apresentando-se como remanescentes do processo de dissecação destas superfícies, e outra área de colinas

um pouco mais arrasadas, associadas a pedimentos coluviais provenientes do deslocamento areno-argiloso

já no período do quaternário.

Este estado determina a esta Unidade um relevo ondulado a forte ondulado, na primeira condição,

inclusive com o desenvolvimento de processos de ravinamento aleatórios, cujo substrato é composto

basicamente por rochas metamórficas como meta siltitos e meta argilitos e, na faixa de colinas menos

acentuadas, associa-se a um relevo ondulado a suave ondulado próximo aos níveis de base representado

pelos mananciais de água.

A ocorrência de tipos de solo, segue a seguinte seqüência: Nas colinas mais acentuadas

predominam os Cambissolos e os Neossolos Litólicos como os Cambissolos háplicos Tb distróficos,

típicos, argiloso, textura média, A moderado, álicos, fase campo cerrado, com relevo ondulado e forte

ondulado, associados ou não aos Neossolos Litólicos distróficos, típicos, textura indiscriminada, A fraco,

álicos, fase campo cerrado, com relevo ondulado. Já as colinas menos proeminentes também apresentam,

nas encostas, Cambissolos álicos e distróficos profundos, como os Cambissolos háplicos Tb distróficos,

típicos, argiloso, textura média, A moderado, álicos, fase campo cerrado com relevo ondulado, e já na

vertente pedimentar, verificam-se os Latossolos Vermelhos distróficos, típicos, argilosos, A moderado,

álicos, fase cerrado, com relevo suave ondulado.

Desta forma, trata-se, também, de uma Unidade com uma porção mais instável, com declividade

elevada, em torno de 40% a 50%, com manto de intemperismo em torno de 1 a 2 metros, formando vales

encaixados, em que o escoamento superficial prepondera sobre a infiltração, refletindo em uma baixa

capacidade de recarga dos mananciais. Além de uma faixa territorial mais estável devido, principalmente,

aos pacotes de colúvio e às declividades menos acentuadas onde a recarga é mais favorecida.

Nesse contexto, a aptidão da Unidade se torna regular para o manejo agro-pastoril nas áreas de

pedimento, regular para pastagens nos casos de Cambissolos em relevo ondulado, e inapta para as demais

unidades de solo (Neossolos Litólicos em regiões de vertentes acentuadas).

Tal Unidade apresenta, de maneira geral, um grau de conservação ainda bastante favorável,

Entretanto, algumas porções vêm sofrendo uma pressão elevada das atividades antrópicas, decorrentes,

sobretudo, do avanço das pastagens e, de forma mais incipiente, do manejo agrícola.

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6.4 – UNIDADE 4 – ÁREAS ASSOCIADAS AO CALCÁRIO.

A Unidade em questão abarca cerca de 6% da bacia e está inserida na área de domínio das rochas

calcárias. Assim como a anterior, tal Unidade contempla, de um lado, uma porção geomorfológica já

destacada na bacia, denominada de “Cristas de Unaí”, que por sua vez são formações em formas de cristas

que se alongam no sentido Noroeste Sudeste, cortando a bacia do Ribeirão São Pedro e, inclusive,

determinando o sentido de drenagem do alto desta bacia, e por outro lado, corresponde aos pedimentos

próximos às cristas normalmente representados por vales e rampas destas cristas.

As áreas de cristas imprimem vertentes longas, de alta declividade, formando um relevo escarpado

e montanhoso, determinando um manto de intemperismo bastante raso. Essas condições de relevo,

associadas a solos rasos proporcionam uma alta instabilidade para estas porções, tornando-as inaptas para

o uso agropecuário.

Já as áreas de pedimentos, apresentam profundidades variáveis, visto que os mesmos preencheram

pequenos vales e ravinas anteriores e nestes pontos se apresentam como profundos. Todavia, podem estar,

também, associados a afloramentos que possuem formas diversas, típicas de relevo kárstico, desde

pequenos pontões às colinas de baixa altitude. Ocorrem ainda nestas áreas, depósitos de Talus, devido ao

rolamento de grandes blocos de calcário, bem como formas de dolinamento. Apresenta graus variáveis de

estabilidade/instabilidade, com a restrição de usos variando de acordo com os mesmos.

Quanto ao solo, nas faixas de cristas e nas demais regiões com declividade acima de 30%,

predominam os rasos como os Neossolos Litólicos distróficos, típicos, textura indiscriminada, A fraco e

moderado, álicos, fase mata seca e campo cerrado, com relevo montanhoso a escarpado e afloramentos de

rochas, associados aos Neossolos Litólicos eutróficos chernossólicos e Neossolos Litólicos eutróficos

típicos, A moderado, ambos textura indiscriminada, fase floresta caducifólia, relevo forte ondulado. Nas

outras regiões, preponderam, nas áreas com declividades inferiores, um pedimento mais espesso com

domínio dos Latossolos Vermelhos distróficos, típicos, argilosos, A moderado, álicos, associados ou não

aos Latossolos Vermelho Amarelos distróficos, típicos, argilosos, A moderado, álicos, e os Latossolos

Vermelhos distróficos, típicos, textura média, A moderado, álicos, fase floresta sub-caducifólia, com

relevo plano e suave ondulado

No que tange ao uso desta Unidade, verifica-se que as áreas de cristas permanecem com um alto

grau de conservação, já as áreas de pedimentos apresentam muitas porções tomadas pela atividade agro-

pastoril de forma intensiva. Ressalta-se que esta Unidade contempla os aqüíferos Kárstico e Kárstico-

fraturado de toda bacia.

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6.5 – UNIDADE 5 – ÁREAS DE SUPERFÍCIE TABULAR INTERMEDIÁRIA.

Abrangendo por volta de 4%, esta Unidade é semelhante à Unidade 1 (Áreas de Superfície

Tabular Elevada), pois se trata de uma superfície tabular com grande parte das características já citadas, no

entanto com cotas variando entre 600 e 700 metros, configurando-se, desta forma, como um patamar

intermediário aos divisores de bacia.

Outro ponto a destacar desta Unidade, é que na parte mais alta a mesma se diferencia das cotas de

base da bacia do Ribeirão São Pedro, com uma área de ruptura com vertentes ravinadas em direção ao

manancial. Entretanto, no sentido leste seu decaimento é gradativo, indo ao encontro da região de

pedimento sem apresentar uma transição abrupta, caracterizando, assim, dois níveis de base para a bacia

em estudo.

6.6 – UNIDADE 6 – ÁREAS DE PEDIMENTO - SUPERFÍCIE TABULAR REBAIXADA.

A Unidade dos pedimentos do terciário e quaternário e se constitui como a maior área da bacia,

correspondendo a cerca de 40% desta. Trata-se de uma Unidade de relevo suave ondulado, com

declividades inferiores a 10%, com uma grande superfície de aplainamento, correspondendo às cotas

inferiores da bacia. Abrange parte do trecho médio até a foz do Ribeirão São Pedro, além dos Ribeirões

Barra da Égua, Vereda Grande e Entre Ribeiros, onde, inclusive, desenvolve-se a maioria das atividades

agrícolas da bacia.

Esta Unidade foi formada a partir da deposição de colúvios das partes superiores, no período do

terciário e quaternário, desenvolvendo mantos espessos acima de 5 metros. Estes colúvios, por sua vez,

sofreram dissecações que correspondem à maioria dos afluentes dos Ribeirões mencionados. Estas

características permitiram o desenvolvimento de rampas longas de baixo declive que condicionam uma

boa estabilidade a toda Unidade, sendo que os processos erosivos que se verificam são de natureza

laminar.

Predominam nesta, os solos profundos como o Latossolo Vermelho Amarelo, distrófico, A

moderado, textura argilosa, fase cerrado, relevo plano e suave ondulado; e o Latossolo Vermelho,

distrófico, A moderado, textura argilosa, fase cerrado relevo plano e suave ondulado, permitindo que toda

esta Unidade tenha uma aptidão para a agricultura anual com manejo e aplicação de tecnologia, desde que

sejam resguardadas e respeitadas as áreas de proteção e conservação, além do bioma de uma maneira

geral.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Todavia, tais condições, como apresentadas no capítulo anterior, não têm sido contempladas, o

que caracteriza esta Unidade como uma das mais problematizadas e carentes de alternativas. Desta forma

a mesma será o alvo principal das propostas de mitigação e da intervenção com soluções ecológico-

econômicas nos capítulos seguintes.

6.7 – UNIDADE 7 – ÁREAS DE PLANÍCIES ALUVIONARES E HIDROMORFISMO.

Esta Unidade é uma condição especial verificada em toda a bacia compreendendo as planícies

aluvionares, bem como as superfícies de rebaixamento e depressões, que permitem o acúmulo de água ou

exudação do lençol freático, desenvolvendo áreas com maior umidade e, conseqüentemente, permitindo

um processo de hidromorfismo no local.

São constituídas basicamente por sedimentos do quaternário, com granulometria areno-argilosa e

possuem um relevo plano e suave ondulado com declividades muito baixas.

Associados a estes sedimentos aluvionares é comum encontrar nestas áreas paleolagoas originadas

de meandros abandonados dos mananciais, bem como lagoas marginais intermitentes, que ficam com

represamento de água no período de chuva e que podem se estender por alguns meses, conforme for a

condição de recarga. Por outro lado, podem, através de processos de dissecação determinados pelo

transbordamento, favorecer o surgimento de Veredas.

Os principais solos que ocorrem nesta Unidade são os Gleissolos háplicos tb distróficos, típicos,

textura indiscriminada, A moderado, álicos, fase campo de várzea com relevo plano, associados aos

Latossolos Vermelho Amarelos distróficos, plínticos, argilosos, A moderado álicos, fase floresta

perenifólia, com relevo plano a suave ondulado. Além de Neossolos flúvicos tb eutróficos, típicos, de

textura indiscriminada, horizonte A moderado, associados aos Planossolos háplicos indiscriminados e aos

Gleissolos indiscriminados, fase campo de várzea com relevo plano.

São áreas muito sensíveis e que merecem uma atenção especial no que diz respeito à conservação,

sendo restritas a diversos usos e amparadas pela legislação.

No entanto, como apresentado no capítulo anterior, observa-se a pressão sobre várias regiões que

abarcam esta delicada Unidade, visto que sua estabilidade, muitas vezes, atrai o manejo agro-pastoril.

Tal Unidade contempla cerca de 10% da área total da bacia.

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6.8 – MAPA DE UNIDADES GEOAMBIENTAIS DA BACIA DO RI BEIRÃO ENTRE

RIBEIROS.

Após a descrição das Unidades Geoambientais propostas, foi produzido um mapa com a

disposição das mesmas sobre a área da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros (figura 6.1). Este produto advém

do cruzamento entre as classes morfogeopedológicas e da aplicação da técnica de avaliação do terreno,

apresentada por Lollo & Zuquette (1998), neste caso preponderando os aspectos fisiográficos associados

às observações de campo.

Trata-se, portanto, de um instrumento de planejamento que permite indicar formas de uso e

recuperação mais adequados no intuito de tornar as relações e interações presentes mais inteligíveis para

poder decidir sobre a correção das distorções existentes.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

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Figura 6.1: Mapa com a Proposta de Unidades Geoambientais da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros na

escala de 1:250.000.

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Andrade, L.M.G., 2007. Uso Optimal do Território de Bacia Hidrográfica com Fundamentos no Conceito de ....................

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 44, 191p.

CAPÍTULO 7

CENÁRIO ALTERNATIVO – A PROPOSIÇÃO DO USO ORDENADO E

OPTIMAL DA BACIA DO RIBEIRÃO ENTRE RIBEIROS

Após a apresentação da proposta de zoneamento da região, é crível realizar um intercruzamento

com os objetivos para que seja possível surgir um amplo espectro de questões referentes ao ordenamento

territorial sob o ponto de vista da proteção e sustentação do bioma e dos ecossistemas. Soma-se a isso, a

interação com processos produtivos florestais (plantas nativas, frutíferas, de madeiras de lei, industriais e

energéticas) e fundamento em corretas interações com o substrato geológico, com os morfotemas e se caso

for necessário com outros temas / áreas do conhecimento como a pedologia, a engenharia florestal, entre

outros.

Quando as atividades antrópicas reduzem significativamente a disponibilidade de recursos no

meio, provocando alterações nos biomas, e também um comprometimento à continuidade do

desenvolvimento econômico e social, bem como uma redução da qualidade de vida e do bem estar social,

fazem-se extremamente necessárias medidas e ações com vistas à minimização dos problemas constatados

e, quando ainda se fizer possível, reverter o quadro negativo.

A partir dessa perceptividade e reflexão, passos primários para reconhecer uma realidade

problematizada, o esforço deve permear e concernir para a busca de um re-ordenamento do espaço e,

conseqüentemente, favorecer o surgimento de estruturas de dissipação de energia. Neste novo cenário o

uso consciente das Geociências Agrárias e Ambientais – GAAs possibilita um eficiente suporte para a

escolha e aplicação de medidas de mitigação e, assim, caminhar para um novo e fortalecido ordenamento

do território.

Assim, ao analisar os principais e diversificados problemas da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros, e

partindo do fato de que a mesma necessita, com urgência, de repensar o seu uso, é mister a necessidade de

aplicação de técnicas de conservação que engendrem um programa de (1) “reconstrução” do bioma,

(2) conservação da água e (3) do solo. Além disso, cabe também viabilizar possibilidades de (4) atenuar

as dificuldades que assolam grande parte dos produtores rurais.

A partir disso, foi realizado um esforço no sentido de se encontrar soluções para o re-equilíbrio

ambiental com vistas à geo-estabilidade da região sem, no entanto, deixar de se ater aos aspectos

econômicos.

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Andrade, L.M.G., 2007. Uso Optimal do Território de Bacia Hidrográfica com Fundamentos no Conceito de ....................

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Desta maneira, são expostas, na seqüência, várias proposições para a geração de um cenário

alternativo com vistas à reorganização da bacia e ao uso optimal da mesma, tendo como base, também, a

proposta de zoneamento em Unidades Geoambientais gerada no capítulo 6 e as técnicas de

reflorestamento por corredores descritas no capítulo 2.

7.1 – PROPOSTA DE CONSERVAÇÃO, “RECONSTRUÇÃO” E INTEGRAÇÃO DO

BIOMA COM OS CORREDORES FLORESTAIS ECOLÓGICO-ECONÔM ICOS EM

ENTRE RIBEIROS.

Como mencionado no Capítulo 2, dentre as principais propostas encontradas na busca de um re-

ordenamento com o intuito de alcançar o uso optimal da bacia em questão, a implantação de corredores

florestais ecológico-econômicos, estruturados também com base neste mesmo capítulo e salvaguardando

seus benefícios e limitações, pousa como uma possibilidade bastante coerente.

Tal afirmativa decorre em função das seguintes premissas:

� A bacia é acometida por uma extensa descontinuidade do bioma, proveniente do intenso

desmatamento, haja visto que os maciços florestais remanescentes estão, preponderantemente, a Oeste e

em áreas montanhosas. Já a Leste desses remanescentes, sobretudo na Unidade Geoambiental 6, a mesma

se encontra praticamente tomada por imensos projetos agrícolas com irrigação restando apenas alguns

maciços isolados. Ocorre também a descontinuidade floral territorial entre as matas remanescentes e as

florestas ciliares no Leste da mesma, além da perda de contato com a bacia do Rio Preto ao Norte.

� Tais descontinuidades incidem diretamente na sobrevivência de grande parte da fauna local;

� Há ainda o fato de um grupo considerável de produtores rurais se encontrar em uma situação

econômica bastante adversa, demandando medidas que venham somar e agregar valor à renda, bem como

favorecer o surgimento de alguns nichos de mercado em médio prazo.

Dentro desse contexto, a implementação dos corredores viria intervir ao atenuar estas condições,

além destes propiciarem uma gama de vantagens que serão descritas adiante.

Antes de relacioná-las, cabe esclarecer alguns detalhes que corroboraram para o processo de

seleção dos locais e a configuração espacial dos mesmos na bacia.

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Assim, foi verificado que as áreas mais alteradas antropicamente e que, obviamente, já seriam o

alvo para a aplicação dos corredores, apresentam ainda características geomorfológicas estáveis e

favoráveis se configurando em um relevo suave com baixos desníveis entre as linhas de cumeada e as

áreas aplainadas. Tais linhas de cumeada abarcam ainda, amplas áreas de agricultura de sequeiro, sendo

que a maioria se encontra abandonada atualmente e muitas delas sujeitas a processos erosivos, além de

áreas de pastagens pouco produtivas. Desta forma, tais localidades foram consideradas bastante propícias

para a inserção dos corredores (figura 7.1) em função de suas características físicas, bem como por

interferirem minimamente (por exemplo, nas áreas de agricultura irrigada) e, em muitos casos,

adequadamente (áreas abandonadas e/ou pouco produtivas) nas variáveis e atributos sociais/econômicos já

estabelecidos na bacia.

Dadas essas características, é possível inferir que a proposta de inclusão de corredores ecológico-

econômicos incidiria nas seguintes vantagens:

� Reconstrução e integração do bioma, com os corredores interligando a vegetação natural

remanescente, os maciços florestais, as Matas Ciliares, e os demais tipos de agrupamentos de florestas

como as reservas legais e os ecossistemas de áreas alagadas, recobrindo toda a extensão da bacia e

conectando-a a bacias vizinhas.

� Conservação da água e do sistema hídrico em geral / Proteção dos mananciais;

� Conservação e proteção do solo, principalmente ao recobrir as áreas de pastagem e de

agricultura de sequeiro pouco produtivas ou abandonadas, bem como evitar impactos provocados pelo

escoamento superficial que podem ser bastante intensos e atuarem na mecânica dos solos, além de

exercerem função de quebra-vento e melhoria da estabilidade do solo contra a erosão de um modo geral;

� Conservação da fauna com a possibilidade de deslocamento e troca genética evitando

processos de endogamia1comuns em áreas de maciços isolados.

� Redução da pressão sobre os remanescentes para a produção de carvão vegetal;

Continuando a série de benefícios, são apresentados, em seguida, os que recairiam nos processos

econômicos e, conseqüentemente, na situação dos produtores:

� Criação de um sistema florestal econômico que permita a substituição dos hectares de

agricultura de modo compensatório, tendo em vista a possibilidade de se desenvolver nichos de mercado

como as indústrias madeireiras para movelaria e construção civil, produção de carvão vegetal para

siderurgia e com a fruticultura para toda gama de produtos derivados.

1 A endogamia é um sistema de acasalamento em que os indivíduos mais aparentados entre si que a média da população são utilizados como pais da próxima geração. Tem como principal efeito genético o aumento da homozigose e o aparecimento de genes recessivos que, geralmente, provocam alguma alteração na média do mérito individual.

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� A conservação da água em área de projetos irrigados também reflete na conservação e

produção de energia;

� Possibilidade de solicitar recursos derivados do Protocolo de Kyoto, tendo em vista que este

programa atuaria na absorção e captura de CO2 da atmosfera.

� Redução da necessidade de insumos agrícolas em relação à proteção contra pragas, insetos e

fungos;

A seguir, a figura 7.1 expõe a proposta de corredores florestais ecológico-econômicos na bacia do

Ribeirão Entre Ribeiros.

Figura 7.1 - Proposta de corredores florestais ecológico-econômicos pelas linhas de cumeadas, sendo esta

uma forma de replantio entre outras não menos expressivas, mas selecionada em função das características geológicas e geomórficas favoráveis, onde os desníveis não são tão acentuados e as cumeadas, em geral, também são propícias e aptas para a silvicultura e ao manejo agrícola, bem como em função do atual uso.

Fonte: Projeto CRHA, (Martins Jr. et al. 2006) com atualizações na dissertação.

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Nesse âmbito, é possível dizer que esta medida iria ao encontro de todas as questões e

necessidades mencionadas (nos itens 1 a 4 do início deste capítulo), com ênfase na “reconstrução” e

integração do bioma, o que viria a refletir, em parte, na conservação da água e do solo e incidiria

sobremaneira na fauna. Além disso, propiciaria, ao ampliar e agregar outros processos produtivos

derivados da silvicultura, várias alternativas de mitigação frente aos problemas econômicos que acometem

os produtores.

Todavia, cabe ressaltar ainda que, além da proposta de inserção de corredores florestais ecológico-

econômicos, a conservação do bioma e da fauna pressupõe outras condições básicas e fundamentais

como:

(1) Todas as Florestas/Matas Ciliares e ecossistemas de Veredas devem ser preservados e

intocados (Unidade Geoambiental 7);

(2) Todos os divisores de água da bacia devem ser conservados;

(3) Todas as encostas com graus de declividade acentuados devem ser preservados (Unidades

Geoambientais 2 e porções das Unidades Geoambientais 3 e 4);

(4) Todas as demais reservas legais sejam respeitadas e, quando for o caso, institua-se novas áreas

de reserva e proteção;

(5) Evitar a realização de queimadas criminosas (sem o respeito ao tempo de recuperação

necessário);

(6) Fiscalização e monitoramento contínuos e eficientes dos itens anteriores por órgãos

competentes;

(7) Elaboração de Planos Diretores de Bacia Hidrográfica para dar continuidade a avaliação da

área e ao planejamento às questões futuras.

(8) A realização de programas de educação ambiental que mobilizem todos os grupos de atores

presentes na região (sociedade, produtores, empresas, políticos, etc).

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7.2 – OUTRAS MEDIDAS DE MITIGAÇÃO PARA A SITUAÇÃO D OS PRODUTORES,

CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA.

Além das alternativas produzidas a partir do modelo de corredores, este estudo constatou outras

indicações que poderão vir a complementar a proposta para o uso optimal da bacia.

No tocante a conservação da água, percebeu-se, primeiramente e segundo os dados do Comitê e

da Associação dos Produtores, que na bacia do Ribeirão Entre Ribeiros as estações hidrológicas e

fluviométricas são raras e localizadas de maneira aleatória. Neste caso, a primeira medida seria a

implantação de um número significativo de estações bem distribuídas (à montante e à jusante) e com

representatividade espacial (no maior número de mananciais possíveis).

Dessa forma, seria possível fornecer o correto conhecimento da disponibilidade hídrica e gerar

modelos para o planejamento das ações e tomada de decisão, auxiliando os usuários, inclusive e

sobretudo, durante os períodos de escassez. Nesse sentido, o sistema de alerta de vazões mínimas deve

estar em operação e ser de conhecimento de todos os participantes.

Além disso, o planejamento agrícola das irrigações no final de cada período chuvoso, prevendo

situações de escassez, possibilitaria minimizar os conflitos no período de menor disponibilidade. Aspectos

como: alternância de operação, horário de funcionamento, área plantada, época de plantio e demanda

exata de umidade do plantio de acordo com um sistema “right time right quantity - RTRQ” (tempo certo

quantidade certa – TCQC), são apenas algumas das possíveis alternativas para otimização do uso das

irrigações na bacia, integradas ao sistema de monitoramento hidrometeorológico a ser modelado e

implementado, evitando desperdícios.

Ainda em relação à conservação da água, outros métodos são essencialmente necessários como:

(1) A conservação das zonas de recarga de aqüíferos, sobretudo nas Unidades Geoambientais 1 e 5

e atenção também para a Unidade Geoambiental 4, com a manutenção de condições favoráveis para que

ocorra a infiltração e os cuidados contra a contaminação;

(2) Ressalta-se, mais uma vez, a necessidade de se conservar as Matas Ciliares (Unidade

Geoambiental 7);

(3) Realizar um controle de irrigação cuidadosamente planejado para os anos de escassez

pluviométrica;

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(4) Produzir estudos para verificar a atual situação das barragens já implementadas e avaliar as

condições para novas implantações levando em conta: (a) a distribuição dos usuários atualmente presentes

no manancial, (b) a capacidade de geração de vazões significativas para regularização, (c) o uso do solo e

a cobertura vegetal, (d) a geologia do sítio da barragem, (e) a topografia adequada para implantação da

barragem de baixo custo e de boa capacidade de reserva, (f) e a demanda de água para jusante do

barramento;

(5) Desenvolver uma alternativa para recobrir e recuperar os extensos canais de irrigação no

intuito de reduzir a perda de água pela intensiva evaporação, em virtude das altas taxas de insolação e

temperatura que predominam na bacia (figura 7.2);

(6) Participação do Comitê da Bacia do Rio Paracatu de forma que as ações, com vistas a um

programa de conservação, tenham apoio jurídico institucional;

Figura 7.2 – Exemplo de um dos extensos canais de irrigação no Vale de Entre Ribeiros que necessitam de

uma medida para diminuir as enormes perdas de água por evaporação.

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Já no que diz respeito à conservação do solo, procurou-se enfatizar, primeiramente, os

condicionantes inerentes ao processo de erosão. Nesse sentido, no intuito de evitar tal processo, este

trabalho alcançou as seguintes recomendações mitigadoras para a região da bacia do Ribeirão Entre

Ribeiros:

(1) Ocupar as áreas de solos expostos, quando for o caso com os corredores, com o objetivo de

evitar a ação das chuvas, a perda universal, a perda de nutrientes, e conseqüentemente, processos erosivos

como erosão laminar e acelerada;

(2) Recobrir terrenos com pouca disponibilidade de nutrientes para favorecer novas condições de

desenvolvimento de húmus/matéria orgânica, seja por processos anaeróbicos ou aeróbicos e através da

inserção de insumos de maneira adequada;

(3) Propiciar o aumento da infiltração no solo e, quando for o caso, a infiltração e recarga dos

aqüíferos, no intuito de diminuir o efeito de escoamento superficial acelerado decorrente após as chuvas.

Técnicas, como o plantio direto, têm produzido resultados satisfatórios;

(4) A monocultura ou mesmo o sistema contínuo de sucessão do tipo trigo-soja ou milho safrinha-

soja, característicos na região, tendem a provocar a degradação física, química e biológica do solo e a

queda da produtividade das culturas. Também proporciona condições mais favoráveis para o

desenvolvimento de doenças, pragas e plantas daninhas. Desta forma, a técnica de “rotação de culturas”,

passa a ser vantajosa, visto que consiste em alternar, anualmente, espécies vegetais, em uma mesma área

agrícola e possibilita vários benefícios. As espécies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propósitos

comercial e de recuperação do solo. Diversos estudos têm demonstrado os efeitos benéficos da rotação de

culturas, tanto sobre as condições de solo quanto sobre a produção das culturas subseqüentes (Fontaneli et

al., 2000). Além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas, se

adotada e conduzida de modo adequado e por um período suficientemente longo, essa prática melhora as

características físicas, químicas e biológicas do solo; auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e

pragas; repõe matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos e ajuda a viabilização do

Sistema de Semeadura Direta e dos seus efeitos benéficos sobre a produção agropecuária e sobre o

ambiente como um todo. Para a obtenção de máxima eficiência, na melhoria da capacidade produtiva do

solo, o planejamento da rotação de culturas deve considerar, preferencialmente, plantas comerciais e,

sempre que possível, associar espécies que produzam grandes quantidades de biomassa e de rápido

desenvolvimento, cultivadas isoladamente ou em consórcio com culturas comerciais. Nesse planejamento,

é necessário considerar que não basta apenas estabelecer e conduzir a melhor seqüência de culturas,

dispondo-as nas diferentes glebas da propriedade. É necessário que o agricultor utilize todas as demais

tecnologias à sua disposição, entre as quais destacam-se: técnicas específicas para controle de erosão;

calagem, adubação; qualidade e tratamento de sementes, época e densidade de semeadura, cultivares

adaptadas, controle de plantas daninhas, pragas e doenças.

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(5) Dentre alguns exemplos para a rotação de culturas (item 4), está a plantação de leguminosas e

cana de açúcar no período de intervalo entre as colheitas para evitar a exposição do solo contra os

processos intempéricos e, eventualmente, produzir ração para o gado;

(6) Foi verificada em algumas regiões, a presença de pequenas barragens conhecidas como

“barraginhas” desenvolvidas pela EMBRAPA S.A. e que produziram um efeito altamente positivo na

infiltração da água e, conseqüentemente, na diminuição do escoamento superficial, além de favorecer a

capacidade produtiva do solo. Trata-se de micro barragens inseridas em locais estratégicos onde ocorre,

predominantemente, o escoamento superficial. Nesse sentido, deve-se elaborar estudos para verificar

novos locais para a implantação das mesmas.

(7) Desenvolver o sistema permacultural, uma vez que o mesmo favorece a reposição dos

nutrientes do solo e a recuperação, até mesmo, de áreas degradadas (itens 1 e 2);

(8) Evitar queimadas sucessivas que acarretam no empobrecimento do solo devido à perda de

nutrientes.

Todas essas alternativas mencionadas, referentes à conservação do bioma, da água e do solo,

recairiam sobremaneira em benefícios para os produtores e ao futuro da economia local da bacia.

Além dessas medidas, como a introdução dos corredores ecológico-econômicos aliadas a outras

também conservacionistas, verificou-se mais algumas características positivas que merecem menção

como:

� Maturidade dos colonos e dos projetos;

� Proximidade dos mercados consumidores do Distrito Federal e do pólo de desenvolvimento

de Uberlândia.

� Reais possibilidades de diversificação da produção;

� Aumento do mercado interno pelo crescimento populacional;

� Potencial vislumbrado por investidores nacionais e estrangeiros evidenciado por missões de

empresários que visitam a região.

Outras potencialidades observadas e possíveis metas a serem alcançadas, por parte dos produtores,

concernem a:

� Agregar valor aos produtos produzidos, eliminando ou reduzindo o sistema de

“commodities”, pouco rentável e sujeito às oscilações do mercado.

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� Produzir pesquisas sistemáticas de espécies passíveis de estudos farmacoquímicos, em virtude

da presença de várias espécies no bioma Cerrado que possuem tal aptidão.

� Investir em bioenergia, como por exemplo, através da produção de biodiesel, haja visto a

grande tendência de adesão e investimentos para esta matriz energética, bem como ao alto potencial de

produção em função da região já contar com uma intensa presença de cultivares de oleaginosas. No

entanto, deve-se implantar um programa sustentável, promovendo inclusão social e resguardando os

ecossistemas, no intento de não reproduzir a pressão que outros ciclos realizaram sobre o meio ambiente.

� Realizar estudos de mercado para verificar as necessidades e anseios da população local e

regional, bem como conferir a demanda para os novos produtos a serem oferecidos e, desta forma,

subsidiar o planejamento estratégico e a tomada de decisão.

7.3 – CONCLUSÕES

Em estrito senso, sabe-se que praticamente não existe reflorestamento no Brasil. Plantam-se, sim,

bosques de monocultura, quase sempre em determinadas situações, geralmente em propriedades rurais e,

em muitos casos, com ausentes considerações geo-ecológicas.

As propostas aqui apresentadas sob bases lógico-científicas, com fundamentos nas Geociências

Agrárias e Ambientais, são, de certa forma, inovadoras, e integradoras de outras abordagens propostas por

autores vários. Nesse sentido, os cenários para florestamento e reflorestamento são propostos de modo

interdisciplinar, com múltiplas técnicas e circunstanciados pelas condições geo-ambientais, que devem ser

consideradas, tanto para corredores puramente ecológicos quanto para aqueles corredores ecológico-

econômicos.

Soma-se a isto, a indicação de outras medidas e proposições que também se apresentaram

fundamentais na intenção de corrigir as intensas distorções vigentes.

Todavia, cabe elucidar que tais propostas foram formuladas a partir das informações levantadas

segundo as escalas disponíveis e obtidas, além de dados secundários e verificações em campo. Desta

forma, procuram atender níveis de decisão concernentes às respectivas escalas e aos dados auferidos.

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No caso da aplicação de corredores florestais ecológico-econômicos é evidente, como apresentado

neste capítulo e com base no capítulo 2, que as características estruturais, como a composição, bem como

as referentes geometrias, ficam sujeitas às condições do terreno, ou seja, aos atributos físicos e sociais

particulares de cada localidade. Dessa maneira podem sofrer alterações de acordo com suas

especificidades, além de demandarem técnicas de implantação diversificadas e apropriadas para cada

situação.

Dessa forma, uma aplicação mais efetiva necessitaria de estudos em uma escala de maior detalhe

nas áreas pré-estabelecidas a receberem os corredores, além do suporte da Engenharia Florestal, de

estudos em Fito-sociologia e de aptidão para que se alcance o sucesso desejado.

Finda a exposição de tais proposições, espera-se que com o emprego dessas alternativas de

mitigação, aproxime-se ao máximo a um uso ordenado e, se possível, ótimo da bacia do Ribeirão Entre

Ribeiros.

Além disso, tal bacia se tornaria um exemplo sem precedentes, primeiramente por se tratar de um

florestamento em escala regional e, ademais, ao integrar projetos de silvicultura ecológico-econômicos.

Assim, outras regiões semelhantes, com áreas degradadas ou de agricultura intensiva, poderiam se

espelhar nesta proposta de reorganização do território.

É fato, como já mencionado, que vários estudos aplicados serão demandados e a participação e

colaboração de todos os atores presentes se fazem essenciais.

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CAPÍTULO 8

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É sabido que, em tempos atuais, a aplicação de ações estritamente ecológicas encontram as mais

árduas limitações. Além disso, algumas dessas propostas não traduzem a realidade visto que colocam a

economia como inimiga e limitante exclusiva e, dessa forma, não comportam uma situação de equilíbrio

real.

Ao mesmo tempo, é notório que pensar no futuro econômico do mundo implica pensar na questão

ambiental, visto que essas esferas estão atreladas e conectadas, e que o primeiro é dependente da segunda.

Todavia, somente em tempos recentes esta percepção vem aflorando.

Nesse cenário, envolver e conjugar economia-ecologia permite um viés a um maior

reconhecimento e aplicabilidade, bem como uma maior possibilidade, em diversos casos, de alcançar o

ordenamento territorial e, conseqüentemente, um uso optimal.

O ordenamento do território é o princípio maior que serve de guia para as decisões sobre

conservação, preservação, mitigação e reorganização de paisagem com, neste caso, projetos florestais de

corredores ecológicos e/ou ecológico-econômicos.

O Cerrado brasileiro tem sido alvo de grandes transformações, todavia, em sua maioria, de uma

maneira abrupta e arbitrária. Dessa forma, necessita-se cada vez mais repensar esse processo e buscar a

mitigação nas áreas onde os níveis de alteração do ecossistema se encontram alarmantes, até mesmo para

o futuro econômico da região, caso este o da bacia do Ribeirão Entre Ribeiros. Nessa perspectiva, tal

bacia, em virtude de sua necessidade evidente e eminente de se reestruturar, foi o alvo desse estudo.

Nesse sentido, este estudo, ao averiguar tamanhos impactos ambientais e econômicos, como a

descontinuidade da vegetação em escala considerável e da difícil situação econômica vigente, aflorou a

possibilidade de conciliar o binômio ecologia-economia através de corredores florestais e dessa forma

foram apresentadas algumas medidas, técnicas e conceitos para aplicação dos mesmos.

Apresentou-se também uma análise dos cenários passado e atual da bacia, sendo que este último

recebeu um enfoque sobre os principais problemas e distorções, e neste caso foi verificado que tais

desconformidades não são apenas sócio-ambientais, mas também econômicas, uma vez que a

continuidade deste uso e o comprometimento dos recursos naturais não permitirão, a médio e longo prazo,

o êxito econômico. Além disso, estas não possuem caráter apenas local, mas também nacional, visto que

as atividades desenvolvidas na bacia geram produção agrícola voltada para o abastecimento do mercado

interno brasileiro.

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A caracterização prévia dos terrenos é imprescindível para que se possam determinar as medidas

de mitigação necessárias, ou seja, avaliar os diversos usos, os impactos resultantes destes usos e as

medidas que podem ser adotadas para a prevenção dos problemas. Dessa maneira, vários produtos

cartográficos foram produzidos e estes aliados aos estudos de campo permitiram uma análise mais apurada

da região, bem como a produção de ferramentas de gestão.

A partir disso, buscou-se a geração de uma proposta de zoneamento através de Unidades

Geoambientais homogêneas visto que esta permite uma compreensão ampliada e aplicada dos processos e

favorece a gestão territorial. Foram delimitadas 7 unidades principais que retratam suas características

físicas e de uso e ocupação. Sejam modelos teóricos, sejam eles reprodução em escala reduzida, esses

sempre serão construtos da inventividade humana, que será tanto mais gratificada com o “sentimento de

verdade” quanto mais consistente forem as associações dos fundamentos com a historicidade e com a

leitura de seus objetos de contacto.

Na seqüência, foram expostas propostas de mitigação sob o conceito de “ecologia-economia”

aplicadas na bacia, tendo como cerne a implantação dos corredores ecológico-econômicos, que, aliadas às

medidas “tradicionais” de conservação, irão permitir uma ampla possibilidade de alcance ao ordenamento

territorial, além de resguardar o vasto espectro de suas funções ecológico-econômicas. A partir disso será

possível que a região seja utilizada de maneira ótima e inteligente.

Tal modelo se mostra com um alto potencial de mitigação tanto ambiental como econômico,

desde que sejam respeitados seus fatores limitantes e suas especificidades. Espera-se que essa abordagem

traga uma contribuição nova e promissora para um manejo dinâmico e integrado da paisagem, e que, com

isso, se ampliem as conquistas e se consolidem os resultados de conservação da biodiversidade em um

bioma tão esquecido, mas não menos importante e rico, o Cerrado.

A posse desse estudo e de outros mais específicos como o mapeamento em detalhe das zonas de

recarga de aqüíferos, de mapeamentos geotécnicos, e no caso dos corredores florestais ecológico-

econômicos, o desenvolvimento de um sistema lógico de auxílio à decisão, além de outros já mencionados

no decorrer da dissertação, constitui-se a base para se tomar decisões e para orientar programas de

organização e ordenamento do território que sejam compatíveis com a dinâmica viva do ambiente e a sua

organização sistêmica.

Além disso, deve-se contar com um processo contínuo de monitoramento para que se observe a

aplicação das medidas já mencionadas e desenvolvidas, bem como a demanda para novas soluções de

acordo com a modificação do espaço e ambiente, além de situações de imprevisibilidade.

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Assim, novos estudos serão demandados, novos níveis de decisão serão exigidos, e mais uma vez

será necessária uma visão de diversas abordagens e a interação e integração de diferentes campos do saber

para que seja possível traduzir, reconstruir e contextualizar a realidade.

A situação de Entre Ribeiros é um exemplo regional que pode ser elevado a uma escala mais

ampla ou aplicado localmente, visto que em seu cerne, o ordenamento territorial é uma busca que não se

limita à escala, mas que reconhece os condicionantes inerentes a esta. É também um exemplo que abarcou

e contemplou inúmeras informações concernentes à ocupação do espaço agrário, e dessa forma pode

auxiliar na compreensão do mesmo em outros estudos dessa natureza e em casos análogos.

Um outro ponto altamente positivo, é que foi verificado, no decorrer deste trabalho, que existe

uma tendência favorável à aplicação das proposições expostas no capítulo anterior, visto que há um

enorme esforço por parte dos diversos atores envolvidos, desde o comitê de bacias, até a associação dos

produtores, bem como uma considerável parcela da população, em repensar o uso da bacia.

Dessa maneira, os resultados obtidos nesta pesquisa serão disponibilizados com o objetivo de

abranger todo esse grupo de atores presentes e atuantes. Com isso, espera-se que os mesmos possam ser

assimilados e que cada parte responsável estabeleça metas e, na medida do possível, implemente tais

medidas, monitore e faça um planejamento de gestão territorial adequado. Assim, o intento de alcançar o

uso optimal desta bacia passará a ser uma possibilidade cada vez mais consistente.

Cabe dizer que em tempos passados a informação levava longos períodos, até dezenas de anos,

para alcançar a sociedade em uma escala global. Atualmente, época de um notável avanço dos meios que a

transmitem, tal alcance é atingido em pouquíssimo tempo.

É nesse sentido que se deve pensar e agir na atual crise ambiental, ou seja, disseminar, com

elevada urgência, uma nova consciência e suas responsabilidades inerentes para com o ambiente natural.

Exigir a mesma velocidade em que hoje transitam as preocupações corriqueiras do mercado e da

economia. Assim, tornar-se-á factível o surgimento de uma nova percepção da realidade que possibilitará

à sociedade exigir uma transformação, um novo posicionamento da classe política, se possível em tempo

hábil para atenuar as graves distorções.

Nesse contexto, ressalta-se também que a crise permite e propicia a reflexão, a reavaliação e a

busca de um crescimento. Basta saber se anuiremos a esta oportunidade no sentido de buscar um re-

estabelecimento mais fortificado, em que haja mais lucidez e capacidade de perceber, de entender e

modificar, de maneira mais condizente, a realidade, a Natureza, respeitando-a, reconhecendo-a.

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Sites acessados:

A Carta da Terra. The Earth Charter Initiative (http://www.earthcharter.org/). Acesso em: Março de 2006

Carbon Dioxide Information Analysis Center – CDIAC (http://cdiac.esd.ornl.gov/). Acesso em: Abril de 2006.

ESA. Ecological Society of America. Disponível em: (http://www.esa.org/education/edupdfs/invasion.pdf) Acesso em: 12 de junho de 2006.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (www.sidra.ibge.gov.br). Acesso em: Agosto de 2006.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (www.ibge.gov.br) Acessos em: Setembro e Novembro de 2006.

International Institute for Sustainable Development – IISD (http://www.iisd.org/). Acesso em: Junho de 2006.

Ministério do Meio Ambiente – (www.mma.gov.br). Acesso em: outubro de 2006.

Organização Latino-Americana de Energia – OLADE (http://www.olade.org/). Acesso em: Março de 2006.

Organização das Nações Unidas – ONU (http://www.onu-brasil.org.br/). Acesso em: Março de 2006.

UICN - International Union for Conservation of Nature. Species Survival Comission. Guidelines for the Prevention of Biodiversity Loss caused by Alien Invasive Species. Disponível em: (http://www.iucn.org/themes/ssc/pubs/policy/invasivesEng.htm). Acesso em: 15 de junho de 2006.

Vitousek, P.M.; Loope L.L.; Stone, C.P. Introduced species in Hawaii: Biological effects and opportunities for ecological research. Trends in Ecology and Evolution, 2(7): 224-227. Disponível em: (http://www.sciencedirect.com/science/journal/01695347). Acesso em: 23 de junho 2006.

Williamson, M.H. & Fitter, A. The characters of successful invaders. Biological Conservation, 78: 163-170. Disponível em: (http://www.sciencedirect.com/science/journal/01695347) Acesso em: 7 de maio de 2006.

Winterhalder, K. The restoration of industrially disturbed landscape in the Sudbury, Ontario mining and smelting region. Disponível em: (http://www.udd.org/francais/forum1996/TexteWinterhalder.html) Acesso em: 28 de junho de 2006.

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Anexos

ANEXO I

Modalidades Cósmicas segundo Martins Jr. (2002) baseado em Dooyeweerd (1958).

Representação tri-axial das relações ortogonais e irredutíveis entre sujeitos, leis e modalidades, tipicalidades e objetos. As modalidades, ou esferas de soberania, estão enumeradas em seqüência de complexidade crescente – da modalidade numérica à pística, sendo esta última a modalidade do fenômeno da fé e das mais altas expressões espirituais.

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ANEXO II

Rodas de Correlação presentes nos Sistema Orci.

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ANEXO III

Carta de Curvas de Nível da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros.

Escala: 1:250.000.

Fonte: Planoroeste, Plano Diretor, Projeto CRHA

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ANEXO IV

Carta de Altimetria da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros.

Escala: 1:250.000

Fonte: Planoroeste, Plano Diretor, Projeto CRHA

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ANEXO V

Lista das Espécies de Fauna Presentes na Bacia por Nome Científico e Popular.

� Herpetofauna: São encontrados répteis e anfíbios em suas áreas típicas como áreas

construídas, corpos d’água temporários e perenes e matas ciliares. Estão presentes espécies de lacertílios

como o Cnemidophorus ocellifer (calanguinho), o Tropidurus torquatus (calango) e o Tupinambis

teguixim (teiú). Já dentre as espécies de ofídios se encontram a Crotalus durissus (cascavel), Bothrops

jararaca (jararaca), Micrurus frontalis (coral verdadeira), Oxrhopus sp (falsa coral), Caiman latirostris

(jacaré do papo amarelo), Eunectes murinus (sucuri), Bothrops jararacussu (jararacuçu), Boa constrictor

(jibóia). Dentre os anfíbios presentes, encontram-se espécies de pererecas do gênero Hyla (família

Hylidae) e de pererecas e sapos do gênero Bufo (família Bufonidae) e rãs, como as espécies pertencentes

ao gênero Leptodactylus (famílias Leptodactylidade). Além desses, também está presente na bacia o

Phrynops tubercullatus (cágado);

� Ictiofauna: As espécies de peixes que ocorrem são, de modo geral, comuns a todo Estado

de Minas gerais. São encontradas as espécies: Pimelodus maculatus (mandi amarelo), Pinirampus

pirinampu (mandi alumínio), Hoplia lacerdae (trairão), Leporinus obtusidens (piapara), Prochilodus

lineatus (curimatá), Myleus micans (pacu), Tetragonopterinae (lambari), Astyanax sp. (lambari),

Schizodon nasutus (timboré), Hoplia malabaricus (traíra), Leporinus lacustris (piau da lagoa), Leporinus

friderici (piau três pintas), Salminus brasiliensis e Salminus sp. (dourado), Brycon sp. (matrinxã),

lophiosilurus alexandri (pacamã), Bryconamericus sp. (piaba), Hyphessobrycon sp. (piabinha) e o

Pseudoplatystoma coruscans (surubim);

� Avifauna: Dentre as aves presentes com maior freqüência na região estão o Cathartes

aura (urubu de cabeça vermelha), Coragyps atratus (urubu de cabeça preta), Buteo albicaudatus (gavião

de rabo branco), Cairina moschata (pato do mato), Mergus octosetaceus (pato mergulhão), Columbina

talpacoti (rolinha caldo de feijão), Columba speciosa (pomba tocal), Columba cayennensis (pomba

galega), Uropelia campestris (rola vaqueira), Scardafella squammata (fogo apagou), Leptotila verreauxi

(juriti), Leptotila rufaxilla (juriti gemedeira), Nothura sp. (codorna), Brotogeris Chiriri (periquito de

encontro amarelo), Crotophaga ani (anu preto), Guira guira (anu branco), Speotyto cunilaria (coruja

buraqueira), Hirundinidae (andorinha), Furnarius rufus (joão de barro), Pitangus sulphuratus (bem-te-vi),

Gnorimopsar chopi (pássaro preto), Casnerodius albus (garça branca), Phacellodomus ruber (garrincha

do buriti), Nellus chilensis (quero-quero), Cariana cristata (siriema), Turdeus sp. (sabiá), Turdeus

rufiventris (sabiá laranjeira), Turdeus amaurochalinus (sabiá poca), Rhynchotus rufescens (perdiz), Sicalis

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flaveola (canário da terra), Certhiaxis cinnamomea (xexeuzinho do brejo), Theristicus caudatus

(curicaca), Carduelis magellanicus (pintassilgo), Penolope superciliaris (jacu), Colaptes campestris (pica-

pau do campo), Milvago chimachima (pinhé), Tangara cayana (sanhaço cara suja), Crypterellus

noctivagus (jaó), Crax fasciolata (mutum), Poluborus plancus (gavião carcará), Zonotrichia capensis

(tico-tico), Icterus icterus (sofrê), Tigrisoma lineatum (socó boi), Ara ararauna (arara de barriga amarela),

Crypturellus parvirostris (inhambu xororó), Tyrannidade (suiriri), Amazona aestiva (papagaio

verdadeiro), Aratinga auricapilla (jandaia de testa vermelha), Ara Chloroptera (arara vermelha), Rhea

amreicana (ema), Alectrurus tricolor (galito), Baryphthengus ruficapillus (juruva), Conopophaga lineata

(chupa-dentes), Volatinia jacarina (tiziu), Jabiru mycteria (jaburu), Tangara cayana (sanhaço cara suja),

Oryzoborus angolensis (curió), Knipolegus lophotes (maria preta), Pyrocephalus ruvinus (príncipe),

Milvago chimachima (pinhé), Saltador sp. (trinca ferro), Phaethornis pretrei (beija flor rabo branco de

sobre amarelo), Zonotrichia capensis (tico-tico), Aratinga leucophthalmus (maritaca), Harpia harpyja

(gavião real), e o Ramphastos toco (tucano toco).

� Mastofauna: Dente os mamíferos, estão presentes na área em estudo a Hydrochaerus

hidrochaeris (capivara) que são habitantes preferencialmente de matas e áreas alagadiças e

circunstancialmente freqüentam áreas abertas. As regiões de matas ciliares ainda possibilitam a ocorrência

de espécies semi-aquáticas ameaçadas de extinção como a Lutra longicaudis (lontra) e a Ptronura

dichotomus (ariranha). Também estão presentes o Tolypeutes tricinctus (tatu-bola), Dasypus sp. (tatu-

galinha), Euphracuts sexcinctus (tatu-peba), Priodontes maximus (tatu-canastra), Dusicyon sp. (raposa),

Myrmecophaga tridactyla (tamanduá bandeira), Nasua nausa (quati), Aloutta caraya (guariba), Aloauta

caraya (macaco guariba preto), Callithrix penicillata (mico-estrela), Cavia sp. (preá), Procyon

cancrivorus (mão pelada), Pecari tajacu (caititu), Tamanduá tetradactyla (tamanduazinho, melete),

Leopardus tigrinus (gato do mato), Mazana americana (veado), Ozotocerus bezoarticus (veado

campeiro), Mazama gouazoubira (veado catingueiro), Didelphis albiventris (gambá de orelha branca,

saruê), Agouti paca (paca), Tapirus terrestris (anta), Dasyprocta sp. (cotia), Leopardus wiedii (gato

maracajá), Leopardus pardalis (jaguatirica), Puma concolor (suçuarana) e Chrysocyon brachyurus (lobo

gurará). Há relatos também da existência da Panthera onça (onça), entretanto a perseguição e a expansão

da ocupação humana tem levado o desaparecimento desta e de outras espécies que demandam uma grande

área vital, além da diminuição expressiva no número das demais espécies.

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ANEXO VI

Tabela com os cálculos de Cobertura Vegetal Atual da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros.

NOME ID AREA AT_ACRES PERIMETER % Cerrado Latu Sensu 120 565032,124 139,622 3830,259 Cerrado Latu Sensu 120 12302,172 3,040 1186,928 Cerrado Latu Sensu 120 11305,727 2,794 888,452 Cerrado Latu Sensu 120 1116728,465 275,950 5499,439 Cerrado Latu Sensu 120 96124,606 23,753 1879,088 Cerrado Latu Sensu 120 364174,666 89,990 3315,873 Cerrado Latu Sensu 120 2501,066 0,618 252,010 Cerrado Latu Sensu 120 39587,260 9,782 1427,476 Cerrado Latu Sensu 120 13515243,597 3339,689 25432,058 Cerrado Latu Sensu 120 19293857,048 4767,616 40796,866 Cerrado Latu Sensu 120 41597,505 10,279 841,750 Cerrado Latu Sensu 120 16258,565 4,018 751,688 Cerrado Latu Sensu 120 3015517,002 745,150 11702,473 Cerrado Latu Sensu 120 7065496,406 1745,922 17595,183 Cerrado Latu Sensu 120 1594177,504 393,930 8386,766 Cerrado Latu Sensu 120 210605,416 52,042 2424,008 Cerrado Latu Sensu 120 21795,963 5,386 868,375 Cerrado Latu Sensu 120 17879325,978 4418,078 31513,819 Cerrado Latu Sensu 120 21106,003 5,215 1408,662 Cerrado Latu Sensu 120 155890,617 38,521 1984,450 Cerrado Latu Sensu 120 6309,153 1,559 442,492 Cerrado Latu Sensu 120 84727,871 20,937 2760,060 Cerrado Latu Sensu 120 953780,917 235,684 6699,186 Cerrado Latu Sensu 120 1659143,386 409,983 7490,262 Cerrado Latu Sensu 120 7003422,686 1730,583 14426,813 Cerrado Latu Sensu 120 908102,690 224,397 4215,154 Cerrado Latu Sensu 120 17016820,166 4204,948 44449,805 Cerrado Latu Sensu 120 10715,970 2,648 832,037 Cerrado Latu Sensu 120 64759,292 16,002 2205,449 Cerrado Latu Sensu 120 12670910,591 3131,050 21283,543 Cerrado Latu Sensu 120 182,495 0,045 120,957 Cerrado Latu Sensu 120 1286,595 0,318 246,532 Cerrado Latu Sensu 120 76,219 0,019 209,239 Cerrado Latu Sensu 120 83,041 0,021 39,970 Cerrado Latu Sensu 120 8315,687 2,055 433,094 Cerrado Latu Sensu 120 232,255 0,057 140,365 Cerrado Latu Sensu 120 2370992,649 585,885 7812,026 Cerrado Latu Sensu 120 61,367 0,015 74,321 Cerrado Latu Sensu 120 2634988,476 651,120 12740,864 Cerrado Latu Sensu 120 0,002 0,000 0,321 Cerrado Latu Sensu 120 1260,226 0,311 509,331

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Cerrado Latu Sensu 120 4986,065 1,232 395,912 Cerrado Latu Sensu 120 10248,380 2,532 839,180 Cerrado Latu Sensu 120 2446,407 0,605 504,789 Cerrado Latu Sensu 120 477231,857 117,927 3648,360 Cerrado Latu Sensu 120 82145,200 20,299 1459,289 Cerrado Latu Sensu 120 5138492,549 1269,749 17686,610 Cerrado Latu Sensu 120 265079,765 65,503 2356,988 Cerrado Latu Sensu 120 393379,128 97,206 5063,297 Cerrado Latu Sensu 120 10794302,939 2667,330 23939,010 Cerrado Latu Sensu 120 74178345,247 18329,868 157908,424 Cerrado Latu Sensu 120 2582950,521 638,261 8270,019 Cerrado Latu Sensu 120 13180676,041 3257,016 33214,111 Cerrado Latu Sensu 120 42417,304 10,482 895,823 Cerrado Latu Sensu 120 1270343,049 313,909 4551,366 Cerrado Latu Sensu 120 19854,079 4,906 753,061 Cerrado Latu Sensu 120 1095,534 0,271 261,582 Cerrado Latu Sensu 120 4423,482 1,093 366,004 Cerrado Latu Sensu 120 343,502 0,085 147,990 Cerrado Latu Sensu 120 1686,382 0,417 219,923 Cerrado Latu Sensu 120 1190,479 0,294 155,434 Cerrado Latu Sensu 120 6067,681 1,499 368,552 Cerrado Latu Sensu 120 1675351,816 413,988 9216,840 Cerrado Latu Sensu 120 8782,994 2,170 432,493 Cerrado Latu Sensu 120 2972,016 0,734 398,542 Cerrado Latu Sensu 120 2975770,301 735,329 9174,026 Cerrado Latu Sensu 120 1145,439 0,283 181,439 Cerrado Latu Sensu 120 3424,056 0,846 784,063 Cerrado Latu Sensu 120 277,849 0,069 115,017 Cerrado Latu Sensu 120 56513,591 13,965 1241,565 Cerrado Latu Sensu 120 16594522,264 4100,596 30710,321 Cerrado Latu Sensu 120 14416,411 3,562 861,343 Cerrado Latu Sensu 120 34617181,682 8554,092 66201,805 Cerrado Latu Sensu 120 1607,828 0,397 232,582 Cerrado Latu Sensu 120 579,823 0,143 121,699 Cerrado Latu Sensu 120 44,048 0,011 36,898 Cerrado Latu Sensu 120 466,959 0,115 119,012 Cerrado Latu Sensu 120 1640,833 0,405 190,050 Cerrado Latu Sensu 120 328,136 0,081 162,044 Cerrado Latu Sensu 120 5644,341 1,395 493,136 Cerrado Latu Sensu 120 1202,194 0,297 281,635 Cerrado Latu Sensu 120 168,837 0,042 83,269 Cerrado Latu Sensu 120 6792261,168 1678,404 21563,061 Cerrado Latu Sensu 120 86,342 0,021 55,021 Cerrado Latu Sensu 120 189,501 0,047 84,294 Cerrado Latu Sensu 120 16644,468 4,113 621,706 Cerrado Latu Sensu 120 28042,804 6,930 965,114 Cerrado Latu Sensu 120 1,810 0,000 12,089

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Cerrado Latu Sensu 120 613739,363 151,658 3713,292 Cerrado Latu Sensu 120 2022060,410 499,662 10034,362 Cerrado Latu Sensu 120 25569878,591 6318,455 95201,129 Cerrado Latu Sensu 120 159,133 0,039 98,851 Cerrado Latu Sensu 120 828860,697 204,816 4858,586 Cerrado Latu Sensu 120 2129220,900 526,142 8699,995 Cerrado Latu Sensu 120 7041295,008 1739,942 27968,358 Cerrado Latu Sensu 120 2812,807 0,695 297,982 Cerrado Latu Sensu 120 353944,048 87,461 2455,808 Cerrado Latu Sensu 120 334816,016 82,735 2865,587 Cerrado Latu Sensu 120 695647,931 171,898 4626,575 Cerrado Latu Sensu 120 11827827,482 2922,720 42795,499 Cerrado Latu Sensu 120 2042870,509 504,804 8589,697 Cerrado Latu Sensu 120 884949,627 218,676 3765,100 Cerrado Latu Sensu 120 1156,870 0,286 269,541 Cerrado Latu Sensu 120 6903989,402 1706,013 38389,874 Cerrado Latu Sensu 120 15384585,408 3801,614 55062,367 Cerrado Latu Sensu 120 4590,379 1,134 613,561 Cerrado Latu Sensu 120 995808,340 246,070 5177,993 Cerrado Latu Sensu 120 10,809 0,003 20,451 Cerrado Latu Sensu 120 47090,782 11,636 881,561 Cerrado Latu Sensu 120 70382,293 17,392 1313,497 Cerrado Latu Sensu 120 2296832,700 567,560 6694,572 Cerrado Latu Sensu 120 2191394,664 541,505 5814,240 Cerrado Latu Sensu 120 6996509,670 1728,875 17642,093 Cerrado Latu Sensu 120 3381900,264 835,686 10214,137 Cerrado Latu Sensu 120 20404,852 5,042 846,678 Cerrado Latu Sensu 120 8780639,287 2169,743 12273,679 Cerrado Latu Sensu 120 2258867,433 558,178 6308,288 Cerrado Latu Sensu 120 5100,033 1,260 445,075 Cerrado Latu Sensu 120 6934332,531 1713,511 19759,338 Cerrado Latu Sensu 120 1166506,294 288,250 7193,047 Cerrado Latu Sensu 120 14894750,860 3680,573 37106,592 Cerrado Latu Sensu 120 115141,165 28,452 1318,946 Cerrado Latu Sensu 120 14712325,041 3635,495 40120,586 Cerrado Latu Sensu 120 423569,867 104,666 3428,545 Cerrado Latu Sensu 120 591164,628 146,080 4435,382 Cerrado Latu Sensu 120 35733,031 8,830 892,677 Cerrado Latu Sensu 120 773748,508 191,197 3634,566 Cerrado Latu Sensu 120 457716,492 113,104 3332,931 Cerrado Latu Sensu 120 24169,019 5,972 642,215 Cerrado Latu Sensu 120 87,426 0,022 45,765 Cerrado Latu Sensu 120 1812508,134 447,881 7974,012 Cerrado Latu Sensu 120 3126,880 0,773 281,516 Cerrado Latu Sensu 120 25045,718 6,189 1066,578 Cerrado Latu Sensu 120 216559,762 53,513 2752,516 Cerrado Latu Sensu 120 855008,270 211,277 5718,621

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Cerrado Latu Sensu 120 328061,812 81,066 2201,810 Cerrado Latu Sensu 120 673026,158 166,308 3658,227 Cerrado Latu Sensu 120 4135660,365 1021,944 14660,621 Cerrado Latu Sensu 120 3296855,569 814,671 12986,568 Cerrado Latu Sensu 120 8978643,160 2218,671 38432,231 Cerrado Latu Sensu 120 1623748,666 401,237 9704,503 Cerrado Latu Sensu 120 1728156,756 427,037 6319,159 Cerrado Latu Sensu 120 3186744,354 787,462 12211,801 Cerrado Latu Sensu 120 909872,862 224,834 3836,417 Cerrado Latu Sensu 120 32,448 0,008 33,061 Cerrado Latu Sensu 120 2537,273 0,627 304,988 Cerrado Latu Sensu 120 1475172,864 364,523 8688,659 Cerrado Latu Sensu 120 3887094,503 960,522 12748,363 Cerrado Latu Sensu 120 5686035,580 1405,050 17614,132 Cerrado Latu Sensu 120 256679,556 63,427 2069,681 Cerrado Latu Sensu 120 287267,120 70,985 3581,310 Cerrado Latu Sensu 120 1422784,706 351,578 7468,663 Cerrado Latu Sensu 120 1754541,952 433,557 5558,258 Cerrado Latu Sensu 120 3235100,744 799,411 8868,864 Cerrado Latu Sensu 120 26288776,473 6496,098 59866,830 Cerrado Latu Sensu 120 205110121,492 50683,815 378553,543 Cerrado Latu Sensu 120 213621,512 52,787 1785,756 Cerrado Latu Sensu 120 364808,416 90,146 2617,944 Cerrado Latu Sensu 120 176561,110 43,629 1785,507 Cerrado Latu Sensu 120 1037156,539 256,287 4491,496 Cerrado Latu Sensu 120 539778,389 133,382 5637,369 Cerrado Latu Sensu 120 810426,679 200,261 5791,707 Cerrado Latu Sensu 120 759839,384 187,760 3596,103 Cerrado Latu Sensu 120 1230952,085 304,175 4318,521 Cerrado Latu Sensu 120 410511,224 101,440 2524,630 Cerrado Latu Sensu 120 27771,700 6,863 618,878 Cerrado Latu Sensu 120 35601,875 8,797 955,344 Cerrado Latu Sensu 120 8267,022 2,043 389,845 Cerrado Latu Sensu 120 773728,868 191,193 3880,219 Cerrado Latu Sensu 120 152917,398 37,787 2471,550 Cerrado Latu Sensu 120 3444938,247 851,263 11752,092 Cerrado Latu Sensu 120 1333,905 0,330 251,705 Cerrado Latu Sensu 120 20324300,678 5022,244 42682,368 Cerrado Latu Sensu 120 6376716,852 1575,721 29625,035 Cerrado Latu Sensu 120 95034378,282 23483,506 161534,296 834411136,438 21,05762 Mata Ciliar 152 1202415,788 297,123 38854,269 Mata Ciliar 152 200,384 0,050 344,334 Mata Ciliar 152 204592548,232 50555,920 3953387,672 Mata Ciliar 152 917703,778 226,770 5092,256 Mata Ciliar 152 247857,952 61,247 4127,581

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Mata Ciliar 152 7412770,646 1831,736 14149,152 Mata Ciliar 152 106950,488 26,428 4352,999 Mata Ciliar 152 143598,654 35,484 3207,160 Mata Ciliar 152 2386923,781 589,822 6941,021 Mata Ciliar 152 1093173,126 270,129 5051,062 Mata Ciliar 152 124292548,232 30713,358 2401732,772 342396691,061 8,640895 Mata Seca 8 576948,930 142,567 4089,099 Mata Seca 8 1262490,786 311,968 6178,220 Mata Seca 8 2278,054 0,563 359,377 Mata Seca 8 5121887,920 1265,646 13284,162 Mata Seca 8 2231634,682 551,449 9900,795 Mata Seca 8 7593,735 1,876 543,215 Mata Seca 8 2897534,662 715,996 9125,481 Mata Seca 8 4165085,497 1029,215 15727,738 Mata Seca 8 2385534,994 589,479 10204,889 Mata Seca 8 391,490 0,097 198,737 Mata Seca 8 36626,660 9,051 898,405 Mata Seca 8 1,917 0,000 10,215 Mata Seca 8 6907773,131 1706,948 19660,029 Mata Seca 8 16093590,032 3976,813 37072,933 Mata Seca 8 18267563,237 4004,679 38577,593 59956935,727 1,513103 Cobertura Vegetal Total 1236764763,226 31,212 Área Total da Bacia 3962514343,835

Fonte: Projeto CRHA, (Martins Jr. et al. 2002-2006) com atualizações na dissertação.

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ANEXO VII

Carta de Fraturas sobre as Unidades Geomorfológicas da Bacia do Ribeirão Entre Ribeiros.

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ANEXO VIII

Síntese da Tabela de cálculos das Matrizes e a denominação de Unidades.

Nº ClasseGeom ClasseLito ClassePedol Área-Inter % Total Unidade

1 A EoCp LVd4 2483217,46 0,063 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

2 A Qa LVd4 851822,94 0,022 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

3 A Qa RUbe2 35,63 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

3335076,02 0,085 4 c EoCp LVd1 20812910,46 0,529 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

5 c EoCp RLd1 18298967,19 0,465 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

6 c EoCp RLd4 630840,73 0,016 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

7 c EoCp RLe2 9091931,84 0,231 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

8 c EoCp RUbe2 1724873,85 0,044 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

9 c EoCpd RLd1 2448893,64 0,062 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

10 c TQd RLd4 761296,19 0,019 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

53769713,89 1,367 11 cd EoCp LVd4 302,27 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

12 cd Qa LVd4 483234,05 0,012 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

13 cd Qa RUbe2 29,46 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

483565,77 0,012 14 ch EoCp CXbd2 3581032,95 0,091 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

15 ch EoCp LVd1 147719,03 0,004 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

16 ch EoCp LVd4 0,59 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

17 ch EoCp RLd1 6856809,99 0,174 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

18 ch EoCpc CXbd2 26101,18 0,001 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

10611663,74 0,270 19 cr EoCp CXbd2 30085751,40 0,765 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

20 cr EoCp CXbd3 228,01 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

21 cr EoCp LVd4 1245136,19 0,032 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

22 cr EoCp RLd1 9697419,92 0,247 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

23 cr EoCp RLd4 1399922,47 0,036 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

24 cr EoCp RLe1 0,12 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

25 cr EoCpc CXbd2 609,59 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

26 cr EoCpd LVd4 186837,67 0,005 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

27 cr EoCpd RLd4 338038,64 0,009 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

28 cr Qa CXbd2 16365,17 0,000 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

29 cr Qa LVd4 110525,56 0,003 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

30 cr TQd LVd4 34381,23 0,001 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

31 cr TQd RLd4 602061,51 0,015 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

43717277,47 1,112 32 crv EoCp CXbd2 51943388,37 1,321 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

33 crv EoCp RLd1 1,26 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

51943389,63 1,321 34 d EoCp GXbd 75063236,77 1,909 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

35 d EoCp LVAd4 6245757,56 0,159 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

36 d EoCp LVd4 7729832,48 0,197 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

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37 d EoCp LVd1 4473971,11 0,114 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

38 d EoCp LVd4 1195199,18 0,030 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

39 d EoCp RUbe2 3908896,66 0,099 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

40 d Qa LVd1 86219,99 0,002 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

41 d Qa LVd4 98223,30 0,002 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

42 d Qa RUbe2 1197670,31 0,030 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

43 d TQd GXbd 40919282,24 1,040 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

44 d TQd LVAd4 7776394,29 0,198 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

45 d TQd LVd1 1936200,98 0,049 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

46 d TQd LVd4 1435713,86 0,037 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

152066598,71 3,867 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

47 k EoCp RLe1 251261,48 0,006 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

251261,48 0,006 48 kav EoCp RLe1 2081382,09 0,053 (4) Áreas Associada ao Calcário

49 kav EoCpd LVd4 715098,78 0,018 (4) Áreas Associada ao Calcário

50 kav EoCpd RLe1 9862038,72 0,251 (4) Áreas Associada ao Calcário

51 kav EoCpd RLe2 2327371,02 0,059 (4) Áreas Associada ao Calcário

52 kav EoCpd RUbe2 76443,15 0,002 (4) Áreas Associada ao Calcário

15062333,75 0,383 53 ker EoCp RLd1 3038073,91 0,077 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

3038073,91 0,077 54 kerv EoCp CXbd2 8458679,23 0,215 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

55 kerv EoCpd CXbd2 654,01 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

56 kerv EoCp LVd1 724035,07 0,018 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

57 kerv EoCpd LVd3 4,62 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

58 kerv EoCp LVd3 2204,18 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

59 kerv EoCp LVd4 11704059,90 0,298 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

60 kerv EoCpd LVd4 0,72 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

61 kerv EoCp RLd1 75140382,50 1,911 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

62 kerv EoCp RLe1 160975801,27 4,093 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

63 kerv EoCp RLe2 5515092,14 0,140 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

64 kerv EoCp RUbe2 491100,93 0,012 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

65 kerv EoCpd RLd1 3252366,24 0,083 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

66 kerv EoCpd RLe1 55580393,52 1,413 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

67 kerv Qa RLd1 21758,25 0,001 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

68 kerv Qa RLe1 1203183,68 0,031 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

69 kerv TQda RLe1 3854266,16 0,098 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

326923982,41 8,313 70 kka EoCp LVd1 526546,96 0,013 (4) Áreas Associada ao Calcário

71 kka EoCp LVd4 1986266,49 0,051 (4) Áreas Associada ao Calcário

72 kka EoCp RLd1 4319810,03 0,110 (4) Áreas Associada ao Calcário

73 kka EoCp RLe1 346993,75 0,009 (4) Áreas Associada ao Calcário

74 kka EoCpd CXbd2 1262,10 (4) Áreas Associada ao Calcário

75 kka EoCpd LVd1 836352,04 0,021 (4) Áreas Associada ao Calcário

76 kka EoCpd LVd3 992,59 (4) Áreas Associada ao Calcário

77 kka EoCpd LVd4 1904508,37 0,048 (4) Áreas Associada ao Calcário

78 kka EoCpd RLd1 65236895,80 1,659 (4) Áreas Associada ao Calcário

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79 kka EoCpd RLe1 18973922,29 0,482 (4) Áreas Associada ao Calcário

80 kka TQd LVd1 173250,66 0,004 (4) Áreas Associada ao Calcário

81 kka TQd RLd1 183525,68 0,005 (4) Áreas Associada ao Calcário

94490326,76 2,403 82 krv EoCp CXbd2 660,06 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

83 krv EoCp LVd1 225223,09 0,006 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

84 krv EoCp RLd1 39181045,67 0,996 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

85 krv EoCp RLd2 23798167,76 0,605 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

86 krv EoCp RLd4 52758350,27 1,342 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

87 krv EoCp RLe1 195083,03 0,005 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

88 krv EoCpd RLd4 1482194,97 0,038 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

89 krv Qa RLd4 102879,83 0,003 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

90 krv TQd RLd4 2877058,56 0,073 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

91 krv TQda RLd1 2695828,68 0,069 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

123316491,90 3,136 92 pd EoCp CXbd2 2538160,97 0,065 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

93 pd EoCp LVd1 577221,57 0,015 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

94 pd EoCp RLd2 2679024,12 0,068 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

95 pd EoCp RLd4 3392974,69 0,086 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

96 pd Qa RLd4 98946,75 0,003 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

97 pd TQd LVd1 4783,13 0,000 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

98 pd TQd RLd2 1414642,54 0,036 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

99 pd TQd RLd4 9698,17 0,000 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

10715451,95 0,272 100 pdr EoCp CXbd2 0,04 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

101 pdr EoCp CXbd3 3342100,97 0,085 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

102 pdr EoCp LVd4 1136615,99 0,029 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

103 pdr EoCp RLd1 7839617,20 0,199 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

104 pdr EoCp RLd4 4210032,34 0,107 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

105 pdr EoCpd RLd1 2731824,75 0,069 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

106 pdr Qa CXbd2 0,12 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

107 pdr Qa LVd4 2914454,69 0,074 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

22174646,09 0,564 108 pf EoCp CXbd2 4086868,81 0,104 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

109 pf EoCp LVAd4 14,84 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

110 pf EoCp LVd1 2926780,94 0,074 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

111 pf EoCp LVd4 3583849,43 0,091 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

112 pf EoCp RLd1 735549,07 0,019 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

113 pf EoCp RLd2 1648783,12 0,042 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

114 pf EoCp RLd4 763558,13 0,019 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

115 pf EoCp RUbe2 36013007,73 0,916 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

116 pf EoCpd CXbd2 1232971,48 0,031 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

117 pf EoCpd LVd3 455099,17 0,012 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

118 pf EoCpd RLd1 6921634,36 0,176 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

119 pf EoCpd RUbe2 1432176,08 0,036 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

120 pf Qa LVAd4 53931,03 0,001 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

121 pf Qa LVd1 3339132,43 0,085 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

Page 204: Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu

176

122 pf Qa LVd4 283117,48 0,007 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

123 pf Qa RLd4 1439569,57 0,037 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

124 pf Qa RUbe2 114621663,38 2,915 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

125 pf TQd LVAd4 96199,23 0,002 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

126 pf TQd LVd1 1950941,48 0,050 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

127 pf TQd RLd4 26667,35 0,001 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

128 pf TQd RUbe2 8186666,41 0,208 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

189798181,52 4,826 129 r EoCp CXbd2 9323045,39 0,237 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

130 r EoCp CXbd3 202160,31 0,005 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

131 r EoCp LVd4 14328642,99 0,364 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

132 r EoCp RLd1 32253936,65 0,820 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

133 r EoCp RLd2 18263284,65 0,464 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

134 r EoCp RLd4 5709187,18 0,145 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

135 r EoCp RLe1 6787174,63 0,173 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

136 r EoCpd CXbd2 554702,08 0,014 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

137 r EoCpd LVd3 230807,52 0,006 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

138 r EoCpd LVd4 531518,20 0,014 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

139 r EoCpd RLd1 17139331,77 0,436 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

140 r EoCpd RLd2 39523,58 0,001 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

141 r EoCpd RLe1 2389714,04 0,061 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

142 r Qa LVd4 31349,90 0,001 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

143 r Qa RLd4 846658,91 0,022 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

144 r Qa RLe1 1091136,19 0,028 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

145 r TQd LVd4 803392,22 0,020 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

146 r TQd RLd4 710175,50 0,018 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

111235741,70 2,828 147 rc EoCp CXbd2 1655,61 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

148 rc EoCp RLd1 41688489,92 1,060 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

149 rc EoCp RLe1 5261283,29 0,134 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

150 rc EoCpd RLd1 23511499,96 0,598 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

70462928,77 1,792 151 rv EoCp CXbd2 2240129,31 0,057 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

152 rv EoCp CXbd3 10975,86 0,000 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

153 rv EoCp LVAd1 444925,87 0,011 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

154 rv EoCp LVd1 128535,70 0,003 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

155 rv EoCp LVd4 166203,94 0,004 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

156 rv EoCp RLd1 167406915,85 4,257 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

157 rv EoCp RLd2 39759012,87 1,011 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

158 rv EoCp RLe1 6920401,61 0,176 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

159 rv EoCpd LVd4 34956,83 0,001 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

160 rv EoCpd RLd1 721042,32 0,018 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

161 rv EoCpd RLe1 3730079,92 0,095 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

162 rv TQd LVd4 22551,93 0,001 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

163 rv TQd RLd1 156401,46 0,004 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

164 rv TQda LVAd1 89618,81 0,002 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

165 rv TQda RLd1 9040817,22 0,230 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

Page 205: Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu

177

230872569,50 5,871 166 rvk EoCp RLd1 9794849,12 0,249 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

167 rvk EoCp RLd2 260230,03 0,007 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

168 rvk EoCp RLd4 8739300,92 0,222 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

169 rvk EoCp RLe1 10741525,22 0,273 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

170 rvk EoCpd RLd1 698545,55 0,018 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

171 rvk EoCpd RLe1 3050814,73 0,078 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

172 rvk Qa RLd4 317309,53 0,008 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

173 rvk Qa RUbe2 4,89 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

174 rvk TQd RLd2 495420,45 0,013 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

175 rvk TQd RLd4 424484,19 0,011 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

34522484,62 0,878 176 sa EoCp CXbd2 25403886,37 0,646 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

177 sa EoCp GXbd 21151725,41 0,538 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

178 sa EoCp LVAd4 341912170,00 8,694 (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada

179 sa EoCp LVd1 160533446,03 4,082 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

180 sa EoCp LVd4 809152779,97 20,575 (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada

181 sa EoCp RLd1 6246510,88 0,159 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

182 sa EoCp RLd2 2118716,24 0,054 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

183 sa EoCp RLd4 8684298,90 0,221 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

184 sa EoCp RLe1 66,61 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

185 sa EoCp RUbe2 3624,55 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

186 sa EoCpc LVd4 182684,52 0,005 (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada

187 sa EoCpd CXbd2 225,19 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

188 sa EoCpd LVd1 7372034,89 0,187 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

189 sa EoCpd LVd4 42973832,06 1,093 (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada

190 sa EoCpd RLd1 1035650,49 0,026 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

191 sa EoCpd RLd4 243538,52 0,006 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

192 sa EoCpd RLe1 117,71 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

193 sa EoCpd RUbe2 935,28 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

194 sa Qa LVAd4 26995757,39 0,686 (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada

195 sa Qa LVd1 8089925,25 0,206 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

196 sa Qa LVd4 36611714,81 0,931 (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada

197 sa Qa RLd4 1126120,84 0,029 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

198 sa Qa RUbe2 11945,00 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

199 sa TQd GXbd 16107682,42 0,410 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

200 sa TQd LVAd4 137631657,26 3,500 (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada

201 sa TQd LVd1 31590309,65 0,803 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

202 sa TQd LVd4 133402383,60 3,392 (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada

203 sa TQd RLd1 2584924,11 0,066 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

204 sa TQd RLd2 14354952,93 0,365 (6) Áreas de Pedimento - Superfície Tabular Rebaixada

205 sa TQd RLd4 3468187,83 0,088 (5) Áreas de Superfície Tabular Intermediária

206 sa TQd RUbe2 14618,25 0,000 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

1839006422,90 46,761 207 so EoCp CXbd2 52319477,36 1,330 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

208 so EoCp LVd1 36082475,15 0,917 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

209 so EoCp LVd4 5702095,79 0,145 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

Page 206: Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu

178

210 so EoCp RLd1 32354896,94 0,823 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

211 so EoCp RLd2 1662,06 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

212 so EoCp RLd4 1907253,71 0,048 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

213 so EoCp RLe1 1257795,32 0,032 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

214 so EoCp RLe2 2514138,39 0,064 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

215 so EoCp RUbe2 2187145,39 0,056 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

216 so EoCpd CXbd2 50344881,32 1,280 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

217 so EoCpd LVd1 934471,56 0,024 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

218 so EoCpd LVd4 718,54 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

219 so EoCpd RLd1 70851,94 0,002 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

220 so EoCpd RUbe2 485,37 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

221 so Qa CXbd2 2054295,39 0,052 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

222 so Qa LVd1 549739,68 0,014 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

223 so Qa LVd4 533760,96 0,014 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

224 so Qa RUbe2 116,76 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

225 so TQd LVd1 881958,49 0,022 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

226 so TQd LVd4 10732653,16 0,273 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

227 so TQd RLd1 97996,45 0,002 (3) Áreas de Colinas e Vertentes

200528869,72 5,099 228 soka EoCp LVd1 628593,36 0,016 (4) Áreas Associada ao Calcário

229 soka EoCp LVd3 7265950,08 0,185 (4) Áreas Associada ao Calcário

230 soka EoCp LVd4 2151475,66 0,055 (4) Áreas Associada ao Calcário

231 soka EoCp RLd1 1367687,49 0,035 (4) Áreas Associada ao Calcário

232 soka EoCp RLd4 2084012,88 0,053 (4) Áreas Associada ao Calcário

233 soka EoCp RLe1 271026,00 0,007 (4) Áreas Associada ao Calcário

234 soka EoCp RUbe2 1512303,99 0,038 (4) Áreas Associada ao Calcário

235 soka EoCpd LVd1 4299326,08 0,109 (4) Áreas Associada ao Calcário

236 soka EoCpd LVd3 33314553,70 0,847 (4) Áreas Associada ao Calcário

237 soka EoCpd LVd4 29460620,43 0,749 (4) Áreas Associada ao Calcário

238 soka EoCpd RLd1 5082905,10 0,129 (4) Áreas Associada ao Calcário

239 soka EoCpd RLe1 221428,70 0,006 (4) Áreas Associada ao Calcário

240 soka EoCpd RLe2 5447624,03 0,139 (4) Áreas Associada ao Calcário

241 soka EoCpd RUbe2 1246961,59 0,032 (4) Áreas Associada ao Calcário

242 soka Qa LVd1 4800272,98 0,122 (4) Áreas Associada ao Calcário

243 soka Qa LVd4 656035,00 0,017 (4) Áreas Associada ao Calcário

244 soka Qa RLd1 45641,86 0,001 (4) Áreas Associada ao Calcário

245 soka Qa RLd4 1468499,30 0,037 (4) Áreas Associada ao Calcário

246 soka Qa RLe2 792207,17 0,020 (4) Áreas Associada ao Calcário

247 soka Qa RUbe2 7674798,33 0,195 (4) Áreas Associada ao Calcário

248 soka TQd LVd1 21229177,27 0,540 (4) Áreas Associada ao Calcário

249 soka TQd LVd4 1385011,42 0,035 (4) Áreas Associada ao Calcário

250 soka TQd RLd1 1120341,05 0,028 (4) Áreas Associada ao Calcário

251 soka TQd RLd4 1851550,95 0,047 (4) Áreas Associada ao Calcário

252 soka TQd RUbe2 235534,17 0,006 (4) Áreas Associada ao Calcário

135613538,59 3,448 253 sor EoCp CXbd2 641610,68 0,016 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

254 sor EoCp LVd1 21760458,36 0,553 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

Page 207: Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu

179

255 sor EoCp RLe1 424529,77 0,011 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

256 sor EoCp CXbd2 28381,62 0,001 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

257 sor EoCpd CXbd2 192177,50 0,005 (2) Áreas de Cristas e Vertentes

23047157,92 0,586 258 st EoCp CXbd3 31874140,62 0,810 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

259 st EoCp LVAd1 12537409,99 0,319 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

260 st EoCp RLd1 1674928,77 0,043 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

261 st EoCp RLe1 13731929,85 0,349 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

262 st TQd CXbd3 8091249,29 0,206 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

263 st TQda CXbd3 9426231,63 0,240 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

264 st TQda LVAd1 35286562,40 0,897 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

112622452,55 2,864 265 sto EoCp CXbd3 40364691,57 1,026 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

266 sto EoCp LVAd1 1231,37 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

267 sto EoCp RLd1 2031521,29 0,052 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

268 sto EoCp RLe1 1619,66 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

269 sto TQda CXbd3 11712719,27 0,298 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

54111783,16 1,376 270 str EoCp LVd1 2453643,81 0,062 (1) Áreas de Superfície Tabular Elevada

271 tf1 EoCp RUbe2 2338680,11 0,059 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

272 tf1 Qa LVAd4 3,22 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

273 tf1 Qa RUbe2 5335604,52 0,136 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

274 tf1 TQd RUbe2 2146685,69 0,055 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

9820973,54 0,250 275 tf2 EoCp LVAd4 0,76 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

276 tf2 EoCp RUbe2 135911,78 0,003 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

277 tf2 Qa RUbe2 665902,50 0,017 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

801815,04 0,020 278 v EoCpd CXbd2 657728,92 0,017 (4) Áreas Associada ao Calcário

279 v EoCpd LVd3 0,11 0,000 (4) Áreas Associada ao Calcário

280 v EoCpd LVd4 1345971,93 0,034 (4) Áreas Associada ao Calcário

281 v EoCpd RLd1 1542563,18 0,039 (4) Áreas Associada ao Calcário

282 v EoCp RLd4 1002507,60 0,025 (4) Áreas Associada ao Calcário

283 v EoCpd RUbe2 100101,40 0,003 (4) Áreas Associada ao Calcário

284 v Qa RUbe2 140381,48 0,004 (4) Áreas Associada ao Calcário

4789254,61 0,122 285 ve EoCp CXbd3 458526,65 0,012 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

286 ve EoCp LVd4 710399,57 0,018 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

287 ve EoCp RLd1 0,02 (7) Áreas de Planícies Aluvionares e Hidromorfismo

1168926,23 0,030 Total 3932756597,66 100,0

Page 208: Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu

180

Page 209: Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu

181

ANEXO IX

Mapa com os pontos visitados nos trabalhos de campo realizados entre Outubro de 2005 e Setembro de 2006.

Page 210: Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu

182

Page 211: Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu

183

ANEXO X

Síntese das tabelas com as descrições dos pontos visitados nos trabalhos de campo.

Trabalho de Campo - Outubro de 2005 DATA PONTO X Y ALTITUDE LOCALIZAÇÃO DESCRIÇÃO FOTOS

18/10/2005 - 0309227 8092909 699 BR-040. Entrada da estrada que liga a BR-040 a Entre Ribeiros.

18/10/2005 56 0318212 8093662 693 Estrada que liga a BR-040 a Entre Ribeiros (sentido Entre Ribeiros).

Visada do lado direito da estrada. Paisagem peculiar (vertentes ravinadas).

18 out: 1 a 4

18/10/2005 57 0323560 8095843 580 Estrada que liga a BR-040 a Entre Ribeiros (lado direito no sentido Entre Ribeiros).

Corpo d'água de boa extensão (atualmente represado). Contém lindas de praia. Presença de aves. Dependendo do tipo de solo a área do entorno poderia ser utilizada para o cultivo de alguma frutífera.

18 out: 5 a 11. Abertura da

visada: 50º a 240º

18/10/2005 58 a 0344093 8093957 512 Estrada que liga a BR-040 a Entre Ribeiros (sentido Entre Ribeiros) Vilarejo: Porto Buriti.

Veredas preservadas. Lagoa natural segundo relatos. 18 out: 12 a 14.

18/10/2005 58 b 0344241 8093533 491 Estrada que liga a BR-040 a Entre Ribeiros (lado esquerdo no sentido Entre Ribeiros) saída do Vilarejo Porto Buriti.

Visão mais ampla do corpo d'água (Neste local o mesmo já se encontra barrado pela estrada).

18 out: 15 a 17.

18/10/2005 59 0345789 8096825 531 Estrada vicinal para a fazenda P. A. Buriti - Vitória da Conquista.

Corpo d'água. 18 out: 18 e 19.

18/10/2005 60 0343735 8100117 530 Estrada que liga a BR-040 a Entre Ribeiros (próximo a fazenda Santa Rosa no sentido Entre Ribeiros).

Corpo d'água. 18 out: 20 e 21.

(18 out: foto 22 - vista de um pivô).

18/10/2005 61 0359613 8113941 533 Estrada que liga a BR-040 a Entre Ribeiros (projeto Entre Ribeiros).

Vista do extenso canal de irrigação do Projeto Entre Ribeiros (lado esquerdo da estrada).

18 out: 23.

18/10/2005 62 0367763 8117562 506 Estrada que liga a balsa do Rio Paracatu ao Projeto Entre Ribeiros.

Corpo d'água próximo ao Rio Paracatu (balsa). 18 out: 24 e 25.

(18 out: fotos 26-30: Simetria das

plantações e Pivô ligado).

18/10/2005 63 0363316 8119437 504 Projeto Entre Ribeiros. Estrada que liga Entre Ribeiros à BR-040.

Corpo d'água de extensão considerável (atualmente represado / barrado).

18 out: 31 a 42.

18/10/2005 64 0350221 8123956 518 Estrada que liga Entre Ribeiros à BR-040. Corpo d'água. 18 out: 43 a 49.

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184

18/10/2005 65 0347546 8123098 517 Estrada que liga Entre Ribeiros à BR-040. Corpo d'água. 18 out: 50 e 51.

18/10/2005 66 0322329 8103330 561 Estrada que liga Entre Ribeiros à BR-040. Extenso corpo d'água (possivelmente represado / barrado). Presença de capivaras no local e ocorrência de outros animais como tatus.

18 out: 52 a 60. (fotos: 61 -árvore e

62 - buraco de tatu).

19/10/2005 67 0383837 8065094 558 Fazenda localizada à esquerda da MG-181 no sentido João Pinheiro - Brasilândia de Minas.

Corpo d'água (temporário). 19 out: 1 a 5

19/10/2005 68 0383112 8078637 555 Estrada vicinal no sentido MG-181 - Bocaina (Estrada paralela a MG-181).

Vista da chapada onde está situada a MG-181. 19 out: 6 e 7

19/10/2005 69 0382565 8082504 562 Estrada vicinal no sentido MG-181 - Bocaina (Estrada paralela a MG-181).

Vista da chapada onde está situada a MG-181. 19 out: 8

19/10/2005 70 0379407 8091944 552 Estrada vicinal no sentido MG-181 - Bocaina (Estrada paralela a MG-181). Região de assentamentos.

Corpo d'água (temporário). Possível alagadiço (mas a população local entende que ali se trata de uma lagoa). Presença de aves exuberantes, como por exemplo tucanos.

19 out: 9 a 19

19/10/2005 71 0380855 8093859 553 Estrada vicinal no sentido MG-181 - Bocaina (Estrada paralela a MG-181).

Corpo d'água. 19 out: 20 e 21

19/10/2005 72 0380880 8096660 553 Estrada vicinal no sentido MG-181 - Bocaina (Estrada paralela a MG-181).

Vista da chapada onde está situada a MG-181. 19 out: 22 a 26

19/10/2005 73 0375965 8100432 527 Estrada vicinal no sentido MG-181 - Bocaina/Brasilândia de Minas (Estrada paralela a MG-181).

Corpo d'água (temporário). 19 out: 27 a 29

19/10/2005 74 0374930 8099239 518 Estrada vicinal no sentido MG-181 - Bocaina/Brasilândia de Minas (Estrada paralela a MG-181).

Corpo d'água. 19 out: 30

(19 out: fotos 31 a 33: vista do alto da MG-181 / tentativa

de registrar as planuras da

região).

20/10/2005 75 0313639 8082140 585 BR-040 sentido Paracatu-João Pinheiro. Lado esquerdo da rodovia.

Corpo d'água de boa extensão. Presença de aves. Dependendo do tipo de solo a área do entorno poderia ser utilizada para o cultivo de alguma frutífera (atualmetne este entorno é utilizado para pastagem). Porém, nota-se a presença de rede elétrica no local o que possivelmente provocaria um impedimento dessa utilização.

20 out: 1 a 8

Page 213: Uso optimal do território de bacia hidrográfica com fundamentos no conceito de geociências agrárias e ambientais: bacia do Ribeirão entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu

185

20/10/2005 76 0327991 8066218 561 BR-040 sentido Paracatu-João Pinheiro. Fazenda ao lado direito da rodovia.

Corpo d'água (atualmente represado / barrado). Presença de várias espécies de aves e em grande quantidade. Dependendo do tipo de solo a área do entorno poderia ser utilizada para o cultivo de alguma frutífera (atualmetne este entorno é utilizado para pastagem).

20 out: 9 a 36

20/10/2005 77 0335268 8061605 530 BR-040 sentido Paracatu-João Pinheiro. Propriedade da White Martins ao lado direito da rodovia.

Corpo d'água de boa extensão (atualmente represado / barrado). Presença de animais como jacarés, tucunarés e cobras (sucuri). Cultivo de eucaliptos.

20 out: 37 a 43

20/10/2005 78 0343969 8052225 531 BR-040 sentido Paracatu-João Pinheiro. Lado esquerdo e direito da rodovia.

Corpo d'água barrado e bastante eutrofizado. (córrego Extreminho).

20 out: 44 a 48

20/10/2005 79 0342006 8043824 552 Estrada que liga a BR-040 ao município/vilarejo de Lagoa Grande.

Corpo d'água. (provavelmente T722 - Zoom 13). 20 out: 49 a 51

20/10/2005 80 0339752 8038017 563 Estrada que liga a BR-040 ao município/vilarejo de Lagoa Grande.

Corpo d'água. 20 out: 52 a 54

20/10/2005 81 0339623 8036991 562 Estrada que liga a BR-040 ao município/vilarejo de Lagoa Grande.

Corpo d'água. 20 out: 55 a 58

20/10/2005 82 0339426 8033005 568 Estrada que liga a BR-040 ao município/vilarejo de Lagoa Grande.

Corpo d'água. Concentração de veredas. Fauna: presença de siriemas.

20 out: 59 e 60

20/10/2005 83 0339526 8031602 558 Estrada que liga a BR-040 ao município/vilarejo de Lagoa Grande.

Corpo d'água. (rio/córrego Lagoa Grande). 20 out: 61 a 63

20/10/2005 84 0339330 8027232 585 Município / vilarejo de Lagoa Grande. Corpo d'água. Lagoa dentro do município / vilarejo de Lagoa Grande. Relatos indicam grande diminuição do volume d'água da mesma. Segundo depoimentos, a lagoa já teria diminuído cerca de 70 ou 80 metros de raio. Atualmente, encontra-se aterrada. No período de cheia ela costuma transbordar. Vegetação hidrófita bastante presente (já tentaram solucionar este problema, mas não conseguiram).

20 out: 64 a 70

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186

Trabalho de Campo - Julho de 2006 DATA PONTO X Y Latitude Longitude Altitude LOCALIZAÇÃO DESCRIÇÃO FOTOS VISADA

3/7/2006 1 0312405 8129186 16º54'47,7" 46º45'40,6" 590 Estrada vicinal em direção ao Ribeirão Entre Ribeiros. Borda da Bacia.

Descontinuidade floral territorial. Domínio da pastagem.

34, 35 e 36 200º, 215º e 230º

3/7/2006 2 0315229 8129433 16º54'40,1" 46º44'04,7" 569 Estrada vicinal em direção ao Ribeirão Entre Ribeiros. Borda da Bacia.

Descontinuidade floral territorial. Domínio da pastagem.

37, 38 e 39 130º, 150º e 170º

3/7/2006 3 0331078 8133694 16º52'02,6" 46º35'08,4" 514 Ponte sobre o Ribeirão Aldeia Ribeirão Aldeia. Mata ciliar preservada.

40 e 41 70º e 265º

3/7/2006 4 0336415 8140815 16º48'35,7" 46º32'06,4" 530 Estrada vicinal em direção ao Ribeirão Entre Ribeiros. Borda da Bacia.

Descontinuidade floral entre maçicos. Domínio da pastagem.

45-51 180º - 10º

3/7/2006 5 - - 16º54'50,1" 46º23'26,4" 498 Balsa sobre o Ribeirão Entre Ribeiros.

Ribeirão Entre Ribeiros. Mata ciliar preservada.

52 e 53 50º e 190º

3/7/2006 6 0346453 8126569 16º56'21,6" 46º26'29,8" 525 Estrada vicinal próxima à Fazenda Santa Tereza e trevo em direção à Coopervap - Sentido Paracatu.

Área agrícola de um lado (alfafa?). Cerrado reocupando (área de pastagem).

54, 55, 56 e 57 10º, 160º, 170º e 10º

3/7/2006 7 0344417 8125245 16º57'04" 46º27'40" 523 Estrada vicinal próxima à Fazenda Santa Tereza e trevo em direção à Coopervap - Sentido Paracatu.

Avifauna no corpo d'água. 58, 59 e 60 340º, 200º e 340º

3/7/2006 8 0341691 8123515 16º57'59,7" 46º29'12,6" 527 Estrada vicinal próxima à Fazenda Santa Tereza e trevo em direção à Coopervap - Sentido Paracatu.

Extensa área com alagadiço. 61 e 62 320º

3/7/2006 9 0348513 8123153 16º58'13,5" 46º25'21,6" 523 Estrada vicinal próxima à Fazenda Santa Tereza e trevo em direção à Coopervap.

Linha de cumeada. 63 e 64 50º e 350º

3/7/2006 10 - - 17º01'18,1" 46º24'38,8" 528 Estrada vicinal próxima à Fazenda Santa Tereza e trevo em direção à Coopervap.

Projeto agrícola - Plantio com pivô e vista de um dos canais de irrigação.

65, 66, 67 e 68 140º, 140º, 30º e 250º

4/7/2006 11 - - 16º57'29,1" 46º48'13,6" 629 MG-188. Divosor: vista de 2 linhas de

cumeada. Vista para a serra da Aldeia.

72, 73, 74 e 75 10º, 30º, 140º e 190º

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187

4/7/2006 12 0307702 8126238 16º56'22" 46º48'20" 651 MG-188. Divosor: vista de 2 linhas de cumeada. Vista para a serra da Aldeia.

76 e 77 280º e 230º

4/7/2006 13 0307626 8128843 16º54'57,2" 46º48'22,3" 669 MG-188. Linha de cumeada. 78 - 80 30º

4/7/2006 14 0307322 8129010 16º54'51,5" 46º48'32,4" 670 Próximo à MG-188. Vegetação - variações de espécimes.

81 210º

4/7/2006 15 0307132 8129150 16º54'47,3" 46º48'38,9" 655 Próximo à MG-188. Vista de linhas de cumeada (relevo ondulado), ravinas. Domínio do cerrado.

82-84 320º

4/7/2006 16 0306163 8143900 16º46'47,1" 46º49'06,2" 580 MG-188. Acampamento dos Sem-Terra. 85 140º

4/7/2006 17 0303325 8164443 16º35'38,1" 46º50'36,3" 584 Trevo MG-188 - MG-251 Ponto de refência (trevo). - -

4/7/2006 18 0308536 8161369 16º37'19,6" 46º47'41,5" 553 MG-251 - Ponte sobre rio. Descontinuidade/ausência da mata ciliar/ripária. Rio Meandriforme. Próximo à borda da bacia. Vegetação da borda preservada.

86, 87, 88, 89, 90 e 91

150º, 350º, 340º, 340º, 50º e 90º

4/7/2006 19 0313713 8158923 16º38'40,5" 46º44'47,4" 589 MG-251. Área totalmente desmatada. Vista da borda da bacia preservada.

92, 93, 94, 95 e 96

40º, 70º, 100º, 210º e 170º

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188

Trabalho de Campo - Setembro de 2006 DATA PONTO X Y Latitude Longitude Altitude LOCALIZAÇÃO DESCRIÇÃO FOTOS VISADA

3/9/2006 1 0308665 8109188 17º05'36,6" 46º47'53,4" 568 Estrada vicinal próxima à MG-188 e ao Ribeirão São Pedro.

Vista da vertente com vegetação preservada. Amostra de Solo.

1 e 2 160º e 190º

3/9/2006 2 0309198 8109646 17º05'22,0" 46º47'35,0" 562 Estrada vicinal próxima à MG-188 e ao Ribeirão São Pedro.

Vista de sulcos profundos (erosão concentrada)

3, 4 e 5 (Foto 6 - espécie de vegetação).

110º (foto 6 - 215º).

3/9/2006 3 0310274 8110733 17º04'47,2" 46º46'58,3" 588 Topo da vertente. Próximo aos sulcos erosivos.

Vista da colina dobrada. Vegetação ripária conservada.

7 e 8 230º

3/9/2006 4 0310401 8110463 17º44'55,9" 46º46'54,1" 577 Estrada vicinal próxima à MG-188 e ao Ribeirão São Pedro. Média vertente. Próximo aos sulcos erosivos.

Amostra de detalhe - Área susceptível a erosão. Provável metassiltito.

10 320º

3/9/2006 5 0311908 8110046 17º05'09,9" 46º46'03,4" 621 Estrada vicinal próxima à MG-188 e ao Ribeirão São Pedro. Topo da vertente sobre os sulcos erosivos.

Visada das linhas de cumeadas. 11 (12, 13 e 14 - espécies de vegetação

do cerrado).

340º

3/9/2006 6 0311721 8110778 17º04'46,1" 46º46'09,3" 613 Estrada vicinal próxima à MG-188 e ao Ribeirão São Pedro.

Vertente com vista da erosão em sulcos. Amostra de solo (neossolo litólico).

15 200º

3/9/2006 7 0311162 8110984 17º04'39,5" 46º46'28,9" 590 Estrada vicinal próxima à MG-188 e ao Ribeirão São Pedro.

Espécies de vegetação do cerrado. 16, 17 e 18 -

3/9/2006 8 0309231 8110240 17º05'02,8" 46º47'33,7" 549 Estrada vicinal próxima à MG-188. Ponte sobre o Ribeirão São Pedro.

Ponte sobre o Ribeirão São Pedro. 19 e 20 (21 - espécie de vegetação do

cerrado).

110º

7/9/2006 9 0316405 8092075 17º05'09,9" 46º46'03,4" 707 Estrada em direção ao Projeto Entre Ribeiros

Vista de uma linha de cumeada. Vegetação mais preservada

22 N (0º)

7/9/2006 10 0328520 8108610 17º06'01,3" 46º36'41,8" 545 Estrada em direção ao Projeto Entre Ribeiros

Possível área elevada. Amostragem de solo.

23 (24 e 25 - reserva de cerrado, mas que

pode ser apenas efeito de borda).

170º

7/9/2006 11

031336 8116926 17º01'31,8" 46º35'04,2" 521 Estrada em direção ao Projeto Entre Ribeiros

Possível área para corredor. 26 e 27 140º e 340º

7/9/2006 12 0331200 8117528 17º01'12,1" 46º35'08,6" 548 Estrada em direção ao Projeto Entre Ribeiros

Área de alagadiço. 28 e 29 (30 - vegetação).

120º e 150º (290º).

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189

7/9/2006 13 0344130 8125072 16º57'09,9" 46º22'49,5" 536 Estrada em direção ao Projeto Entre Ribeiros - Trevo (Fazenda Santa Tereza)

Possível divisor de sub bacia. Presença de gado. Vista de linha de cumeada.

31 90º

7/9/2006 14 0344915 8125571 16º56'53,9" 46º27'22,9" 528 Estrada em direção ao Projeto Entre Ribeiros - Próximo ao Trevo (Fazenda Santa Tereza)

Sobre o possível divisor de sub bacia. Área de pastagem. Amostragem de solo.

32 e 33 (34 - estrada). 110º e 210º

7/9/2006 15 0347625 8123081 16º58'15,3" 46º25'52,0" 526 Estrada em direção ao Projeto Entre Ribeiros - Próximo a Coopervap.

Linha de cumeada. Erosão laminar. Pastagem. Corpo d'água. Amostragem de solo.

35 a 46 (35-42 - Linha de cumeada, erosão

laminar, pastagem; 43 e 44 - corpo d'água; 45 e 46 - amostragem de

solo).

20º a 120º (35 a 42 e 45/46); 200º (43

e 44).

7/9/2006 16 0350240 8123902 16º57'49,4" 46º24'23,4" 522 Estrada em direção ao Projeto Entre Ribeiros.

Problemas com a vegetação ciliar (barragem - vereda morta). Erosão laminar / Pastagem.

47 a 49 (50 - erosão laminar; 51 -

barragem; 52 - vereda morta).

Sul - 250º (47 a 49); 240º (50); 230º (51); 170º

(52).

7/9/2006 17 0359220 8122455 16º58'30,5" 46º19'20,2" 527 Estrada - Projeto Entre Ribeiros Plantação de alfafa. Vista do divisor da bacia ao fundo.

53 a 55 NW - 315º

7/9/2006 18 0355843 8109690 17º05'32,9" 46º21'17,2" 523 Estrada em direção à fazenda/assentamento Santa Rosa.

Vista da linha de cumeada / Serra Santa Rosa.

57 250º

8/9/2006 19 0279372 8136726 16º50'31,4" 47º04'14,0" 930 Estrada próxima à Fazenda Mundo Novo.

Divisor entre a bacia do Entre Ribeiros e do Rio São Marcos. Platô.

58 a 60 350º (58 e 59) e 250º (60).

8/9/2006 20 0281207 8137831 16º49'56,5" 47º03'14,7" 906 Estrada próxima à Fazenda Mundo Novo.

Divisor entre a bacia do Entre Ribeiros e do Rio São Marcos. Linha de cumeada. Platôs arborizáveis. Amostra de solo.

61 a 66 E - 90º a 150º (61 a 64); 120º (65);

70º (66).

8/9/2006 21 0281205 8137831 - - 829 Fazenda Mundo Novo. Possível área de recarga. Plantações em curvas de nível. Criação de emas.

67 a 73 (67 - possível área de recarga; 68 e 69 - plantações; 70 a 72 - Criação de emas; 73 - vista da fazenda

Mundo Novo.

110º (67 e 68); 340º (69); 340º a 350º (70 a 72).

8/9/2006 22 0285931 8145460 - - 917 Estrada próxima à Fazenda Mundo Novo. Trevo em direção à Serra da Aldeia.

Reserva de floresta / Cerrado. 74 a 76 (74 - Vista da reserva florestal; 75 -

Detalhe da reserva; 76 - Vista da Fazenda

Mundo Novo).

80º (75); 280º (76).

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190

8/9/2006 23 0289117 8141074 - - 881 Estrada em direção à Serra da Aldeia.

Área elevada. Vista da porção oriental da Bacia do Entre Ribeiros. Amostra de solo.

77 a 80 (78 a 80 - espécie de vegetação).

170º (77).

8/9/2006 24 0298184 8144869 - - 829 Estrada em direção à Serra da Aldeia.

Vista da Serra da Aldeia. 81 a 85 70º (81); 20º a 30º (82 e 83); 0º (84);

320º (85).

8/9/2006 25 0291508 8146449 - - 685 Estrada no sopé da Serra da Aldeia.

Vista da Serra da Aldeia. 86 220º

8/9/2006 26 0289890 8149216 - - 717 Estrada no sopé da Serra da Aldeia.

Vista do fundo do vale entre a Serra da Aldeia e a região elevada à oeste da bacia do Entre Ribeiros.

87 60º

8/9/2006 27 0292680 8145432 - - 679 Estrada no sopé da Serra da Aldeia.

Vista do fundo do vale entre a Serra da Aldeia e a região elevada à oeste da bacia do Entre Ribeiros.

88 a 91 (88 - Espécie de vegetação; 89 -

Vista da Serra; 90 e 91 - Espécie de

vegetação; Foto 92 - Outro exemplo de

vegetação, sucupira, em um trecho

adiante).

S - 180º (88); 210º (89); 310º (90 e

91).

8/9/2006 28 0294868 8135232 - - 666 Estrada em direção à MG-188 (Próximo à Serra da Aldeia).

Área preservada. Afloramento calcário.

93 a 95 (93 - Afloramento de

calcário; 94 e 95 - Vertentes

preservadas; Foto 96 - Vertente ravinada em um trecho adiante).

E - 90º (93); 300º (94).

8/9/2006 29 0305605 8123720 - - 655 Estrada em direção à MG-188. Próximo à Fazenda Fortaleza.

Desmatamento com moto-serra e queimada da vegetação natural para produção de carvão vegetal. Presença de fornos no local.

97 e 98 S - 180º

8/9/2006 30 0307908 8124112 - - 637 Trevo: MG-188 e estrada vicinal para Serra da Aldeia.

Entrada para a Fazenda Fortaleza. 99 W - 270º

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Ficha de Aprovação DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

TÍTULO: USO OPTIMAL DO TERRITÓRIO DE BACIA HIDROGRÁFICA COM FUNDAMENTOS

NO CONCEITO DE GEOCIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS - BACIA DO RIBEIRÃO DE

ENTRE RIBEIROS NO VALE DO RIO PARACATU

AUTOR(A): LAWRENCE DE ANDRADE MAGALHÃES GOMES

ORIENTADOR: PAULO PEREIRA MARTINS JUNIOR

CO-ORIENTADOR:

Aprovada em: ___10____/___04____/__2007_____