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João Batista anunciando a vinda do Cristo

Bolinho De Arroz Cuiabano

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João Batista anunciando a vinda do Cristo

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Aproveitemos o friozinho que está entre nós, neste ano, para vivermos a introspecção própria do clima. Deixemos que a voz de João Batista ressoe em nosso íntimo, trazendo-nos a possibilidade de auto-avaliação e metamorfose. A Sabedoria, a capacidade de aprender algo a partir de nós mesmos. Devemos trabalhar em nós a coragem para um julgamento interior consciente que tenha como objetivo o amadurecimento como pessoa.

O costume de acender a fogueira, a luz interior e o calor do amor, representa o movimento da sabedoria capaz de iluminar o pensamento, aquecendo o coração. Na Escola Livre Porto Cuiabá, também temos o costume de acender lanternas, na Festa da Lanterna, feitas pelas próprias crianças e adultos. Elas representam a luz interior de cada um, a sabedoria oferecida para iluminar o mundo. E depois, na Festa Joanina, toda a comunidade escolar e seus amigos encontram-se em torno da fogueira, das músicas e da alegria de corações aquecidos pelo congraçamento das pessoas.

Após viver a Sabedoria contida nos motivos de superação impulsionados pelo Amor, vamos nos preparar para a próxima festa. Nesse momento, o inverno vai deixar nosso hemisfério e a primavera vai se apresentar. Toda a natureza, como um ato de coragem, começará a florescer. O homem também poderá despertar, o sol começará a puxá-lo para fora, ele então deverá atuar. Até lá!

Obrigado a todos pela participação!

A festa Joanina vem de São JoãoPois João Batista esperou por JesusNão foi uma espera em vão!

As comidas servidas na festa vêm da terra,Milho, batata doce, pipoca e outrosMais tarde, a fogueira nos esperaPara jogarmos as coisas ruins que nos magoam!

Na hora da quadrilhaO que reina é a alegriaTrazendo bons sentimentosVindos de fora para dentro!

Ana Flávia – 9º ano

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Sei, irmãos, que todos já existimos, antes, neste ou em diferentes lugares, e que o que cumprimos agora, entre o primeiro choro e o último suspiro, não seria mais que o equivalente de um dia comum, senão que ainda menos, ponto e instante efêmeros na cadeia movente: todo homem ressuscita ao primeiro dia.

Contudo, às vezes sucede que morramos, de algum modo, espécie diversa de morte, imperfeita e temporária, no próprio decurso da vida. Morremos, morre-se, outra palavra não haverá que defina tal estado, essa estação crucial. É um obscuro finar-se, continuando, um trespassamento que não põe termo natural à existência, mas em que a gente se sente o campo de operação profunda e desmanchadora, de íntima transmutação precedida de certa parada; sempre com uma destruição prévia, um dolorido esvaziamento; nós mesmos, então, nos estranhamos. Cada criatura é um rascunho a ser retocado sem cessar, até a hora da libertação, a além do Lethes, o rio sem memória. Porém, todo verdadeiro passo adiante, no crescimento do espírito, exige o baque inteiro do ser, o apalpar imenso de perigos, um falecer no meio de trevas: a passagem. Mas o que vem depois, é o renascido, um homem mais real e novo, segundo referem os antigos grimórios. Irmãos , acreditem-me (...)”.

Homem novo e mais real

Páramos, de Estas Estórias, de João Guimarães Rosa

Senhor, nada valho. Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres. Meu grão perdido por acaso, nasce e cresce na terra descuidada. Ponho folhas e haste, e se me ajudardes, Senhor, mesmo planta de acaso, solitária, dou espigas e devolvo em muitos grãos o grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou. Sou a planta primária da lavoura. Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo, de mim não se faz o pão universal. O justo não me consagrou o Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos altares. Sou apenas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra, donde não vinga o trigo nobre, Senhor, que me fizeste necessário e humilde. SOU O MILHO.

Oração do Milho

Cora Coralina

“A natureza não faz nada em vão”. A frase de Aristóteles é um reflexo de tudo que acontece com a humanidade durante as estações do ano: a sincronia entre animais, plantas, oceanos, rios, reino mineral e a própria atmosfera. Cada vez mais distante de sua essência e do movimento equilibrado com o pulsar do planeta, os seres humanos não se percebem mais parte do conjunto e caminham a passos cada vez mais rápidos, rumo à própria destruição. Mas ainda existe tempo de mudar a rota. Ao menos é essa a mensagem trazida todos os anos na Época de João: o despertar da consciência pessoal e universal. A mente deve expandir-se e perceber a vida no universo.

Cada indivíduo é um tesouro escondido que vive como semente e ainda tem de crescer e amadurecer. Durante o inverno, as condições naturais também favorecem o impulso crístico, pois é um período que propicia a interiorização e a procura ansiosa pela luz, de dentro e de fora. Os dias são mais curtos e as noites mais longas. O espírito da Terra através da inspiração, no seu recolhimento, chama pela nova vida, por um crescimento fresco e novo da natureza. No ápice do dia mais escuro de nossas vidas, o sol surge no coração da pessoa. A figura de João Batista, a partir de suas mensagens, lembra-nos que o ser humano precisa acolher o Cristo em seu interior, para cumprir o seu destino na Terra.

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Jogue tudo que é velho na fogueira

e deixe a luz interior brilhar...

Na Escola Livre Porto Cuiabá, as festas joaninas são mais que apenas

comemorações religiosas. Consistem numa oportunidade viva e pontual dos

participantes, sejam pais, alunos, professores, funcionários e amigos, de se

sentirem despertados para as mudanças. Pode até parecer um teatro para

criança, mas a Festa da Lanterna representa uma experiência riquíssima da

trajetória do ser humano na vida,

um caminho para o despertar

interior, na busca da superação dos

desafios que se apresentem. No

passeio e na grande roda, as luzes

das lanternas, simbolismo de nossa

luz interior que pode espalhar Luz

no mundo, assemelham-se ao céu

estrelado que embeleza as noites

nessa época do ano.

A moral social é a extensão dos valores individuais expostos na própria

sociedade. Se o que se sonha e pretende é realmente um mundo mais justo e

solidário, não há meios de se obtê-lo sem empreender esforços, para jogar

sementes de amor numa terra fértil e receptiva, como são as crianças; é

preciso dar-lhes exemplos e valores coerentes de paz, solidariedade, justiça,

responsabilidade pessoal e social, entre tantas outras atitudes cotidianas. Na

primeira infância, principalmente, os filhos aprendem ao imitarem os pais, por

isso é importante buscar incessantemente desenvolver sentimentos nobres.

Festa da Lanterna

“São João, São João, acende a fogueira do meu coração!”

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Sem tirar os olhos da lanterna que confecciona para a filha Elisa (5º ano), o cirurgião Manoel Rômulo Rizental, pontua que essa é uma época do ano que a família aguarda com grande expectativa. Desde que começou a estudar na ELPC, no Jardim, a garota se orgulha da participação da família nas atividades e vivências. “A gente sabe dos conceitos que são trabalhados, mas é importante reviver tudo, reforçar os valores e perceber que não se está sozinho nesse trabalho árduo de mudança; outros pais também buscam o mesmo caminho, que é a tomada de consciência.”

A técnica de contabilidade, Gilda da Fonseca Peres, mãe do Régis (5º ano) e do Willian (1º ano) não perde por nada a Festa da Lanterna, por entender o tema como importante a ser discutido. Apesar de estar há mais de 6 anos passando pelas atividades, sempre aprende algo a mais, a partir de uma abordagem diferente e de releituras que complementam o sentido. “Percebo que é apenas o amor que conduz à transformação, sem ele é impossível mudar, é apenas dizer palavras vazias ao vento. O amor é calmo, manso e conduz a mudanças de dentro para fora, de maneira coerente e equilibrada.”

Tendo sido aluno da Escola durante toda sua formação, Julian Dourado Rodrigues, pai da pequena Letícia (Jardim III), não se cansa de refletir sobre o tema da Época Joanina. Ele enxerga na fogueira o calor necessário para aquecer o coração, nestes tempos de luz fraca, com estímulos fracos. “As imagens e sons fizeram parte da minha história, dos meus sonhos e experiências. Cada vez que me deparo com problemas, consigo recorrer à minha lanterna, busco soluções. Com o tempo, as crianças fazem essa relação entre o simbólico e a vida prática”.

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Julian Dourado Rodrigues,pai da Letícia

Após 25 anos de sala de aula, a professora do 4º, Otamari da Motta, deparou-se com uma situação totalmente inusitada, nos preparos das festas da Escola Livre Porto. Ela está no quadro de profissionais há apenas 5 meses, tempo suficiente para notar muitas diferenças na abordagem dos conteúdos e na valorização da educação no sentido integral, sem superestimar somente a instrução. “Tem sido uma experiência maravilhosa, estou me descobrindo aqui também, pois preciso estar a todo momento atenta ao que acontece no mundo interior dos meus alunos, no que eles estão sentindo; esse sim é um diferencial na formação de cidadãos”.

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Otamari da Motta, professora da 4º série

Com 5 anos de estrada na escola, a professora do 7º ano, Laura Carvalho, que é mãe de duas alunas na instituição (Maria Eduarda – 2º ano e Marilyn – do 7º), conta que o mais importante é realmente partir para a mudança; ainda que inicialmente sejam situações pequenas, nada de ficar esperando que os outros tomem a iniciativa. É isso que crianças e adolescentes buscam nos pais, que são seus exemplos, o tempo todo. Ao invés de apenas criticar a prefeitura por não fazer a limpeza da rua, por que não fazemos o contrário, paramos de sujar? O raciocínio dos alunos está bem por esse lado.”

Ser exemplo não significa demonstrar “perfeição”, muito pelo contrário, é ser humilde e manso de coração. Reconhecer os próprios limites, buscar manter a calma diante das situações de conflito, sem apelar para a violência. E quando errar, aprender a pedir desculpas e utilizar o deslize para fortalecer os valores éticos que devem estar na base de sustentação do ser. O impacto das mensagens positivas é ainda mais profundo nas crianças e nos adolescentes.

Além de trabalhar o lado intelectual, a ELPC estimula o equilíbrio no desenvolvimento do pensar, sentir e agir. Ao valorizar a emoção, o objetivo é colaborar para a formação de cidadãos mais humanos e solidários que terão condições de intervir de maneira pró-ativa no mundo onde vivem, deixando de ser meros seguidores do sistema vigente, para construir ambientes melhores de convivência familiar e social.

Peça: O Auditor Geral - 12º Ano

“...Se eu pudesse ser o Sol,com que prazer te dariatodo o encanto da manhã,toda a luz do meio dia...”

F. Mignone08

Nos primeiros 7 anos de vida (setênio), as educadoras alertam para a maneira como se processa o aprendizado. Meninos e meninas simplesmente aprendem a partir da vivência do querer, do fazer: imitando! E encontram sentido no mundo, através da relação de troca com professores e familiares, que deverá ser baseada na confiança, na verdade.

Durante o Ensino Fundamental (7 aos 14 anos), o foco - que antes estava centrado nas sensações e percepções - passa para o pensar que deve estar permeado pela beleza da vida. O mundo é apresentado de maneira harmônica, com as leis perfeitas que o regem. Os conteúdos de trabalhos manuais, aulas de música e de artes são experiências riquíssimas nessa fase, pois vão direto à alma, trabalham os sentimentos e os valores universais. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, as crianças e os pré adolescentes, nessa fase, ainda não têm um pensamento intelectual e abstrato e sim imaginativo, mítico, aprendem a partir da imaginação. O amor faz a ponte das relações: de coração a coração.

Apenas no 3° setênio (14 a 21 anos), o jovem passa pela transição do pensar mitológico para o histórico e analítico que permite a compreensão do mundo em termos leis, de conceitos abstratos, de valores como verdade, honra e justiça. Na escola, nessa fase, os alunos aprendem a julgar para decidir com consciência e responsabilidade, garantem um conhecimento aplicado com segurança e objetividade, a partir de um pensamento flexível. “Poderíamos simplesmente colocar as bandeirolas da Festa Junina, mas aí deixaria de ser uma vivência pedagógica e social, ao envolver a todos, damos o verdadeiro sentido à Festa, Alunos de todas as idades percebem que são capazes de fazer, embelezar e colocar sentimento e criatividade no que fazem.

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Junho é o mês de São João, Santo Antônio e São Pedro. O nome joanina teve origem, segundo alguns historiadores, nos países europeus católicos no século IV. Quando chegou ao Brasil, foi modificado para junina. Trazida pelos portugueses, logo foi incorporada aos costumes dos povos indígenas e negros.

A influência brasileira na tradição da festa pode ser percebida na alimentação, quando foram introduzidos o aipim (mandioca), milho, jenipapo, o leite de coco e também nos costumes, como o forró, o boi-bumbá, a quadrilha e o tambor-de-crioula. Mas não foi somente a influência brasileira que permaneceu nas comemorações juninas. Os franceses, por exemplo, acrescentaram à quadrilha, passos e marcações inspirados na dança da nobreza européia. Já os fogos de artifício, que tanto embelezam a festa, foram trazidos pelos chineses. A dança-de-fitas, bastante comum no sul do Brasil, é originária de Portugal e da Espanha.

A fogueira, que é o maior símbolo das comemorações juninas, tem suas raízes em um trato feito pelas primas Isabel e Maria. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel acendeu uma fogueira sobre o monte.

Festa Junina na ELPC

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“Um presente dos professores para as crianças”. Assim definiu a educadora Célia Basile, há 4 anos na Escola Livre Porto Cuiabá, sobre a peça teatral apresentada durante a Festa da Lanterna. “A menina da lanterna” representa a trajetória do ser humano na vida. O caminho interior em busca de sua essência. Desde que a luz de sua lanterna é apagada pelo vento, a garotinha percorre um longo trecho para poder resgatá-la.

Passa por inúmeras dificuldades. Sente medo, solidão, mas segue sempre em frente.

Os personagens apresentam-se contaminados pelo egoísmo. Alguns falam por si, o urso representa o peso da materialidade, a acomodação. A raposa, a astúcia. O ouriço, os espinhos que lançamos ao outro. A estrela é o próprio mundo espiritual, a ponte entre a alma e o universo. A senhora idosa remete ao pensar frio, já o sapateiro, ao querer inconsciente e a menina da bola ao sentir individualista. Lindo e brilhante no céu, o sol, representando o próprio Cristo, é o equilíbrio para o pensar, sentir e querer, que são interligados. “Apesar de recontarmos a mesma história, sempre há novidades. A cada ano, professores e funcionários interpretam personagens diferentes, é emocionante!”.

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Pelas ruas da grande cidade, andava um homem, calçava sandálias e vestia uma pele de camelo segurada por um cinto de couro. Não era velho, mas seu rosto enrugado e queimado mostrava os vestígios que o calor, o frio e o vento deixavam de uma vida no deserto. Os seus olhos brilhavam, seu coração ardia ansioso de anunciar o que somente ele sabia: “O Cristo estava por vir!” Assim João andava para achar alguém que desse ouvido à sua mensagem.

Na janela de uma casa ele viu uma jovem mulher com um nenê no colo: “O reino de Deus está próximo!” Mas a mulher lhe disse:

“Quem deve saber disso são os sacerdotes, eu preciso cuidar do alimento do meu filhinho”.

Na entrada de uma loja ele viu um homem sentado à mesa: “O Cristo vai chegar!” “Um dia sim, daqui a não sei quantos anos. Deixa-me acabar de contar o meu dinheiro, depois já vou te atender...”.

À tarde, cansado e desiludido, João saiu da cidade, sentou-se numa pedra do deserto. Diante dele só viu pedras, areia e espinhos secos. “Os corações dos homens são pedras, as suas almas, mortas como o deserto. Já que eles não querem ouvir a minha mensagem, vou falar às pedra do deserto, às plantas, aos animais”. Levantou-se e gritou em voz alta: “O Cristo chegará!”

O som ecoou pelas rochas do deserto. Houve depois um momento de silêncio e logo soou uma voz como que de dentro da terra: “Desde a criação do mundo estamos a sua espera. Que seu pé santo nos toque! Queremos ser o chão firme de sua caminhada na terra”.

João viu um carneiro procurando a grama esparsa entre as rochas e comendo as folhas secas dos arbustos: “Já sabes que o Cristo está para chegar?” “Minha lã fofa e macia vai servir de manto para ele”. – disse o carneiro.

E João olhou os ramos secos e espinhosos do arbusto. “E vós, como servir ao Cristo quando Ele chegar?” “Ele nos dará a vida, floresceremos por sua graça”. – responderam.

João pegou o caminho que descia para o vale do rio Jordão. Na paisagem morta de pedras e penhascos, de repente, surgiu uma faixa de plantas verdes, de árvores com rica folhagem, cheia de flores. Ouviu-se um zumbido de muitos insetos. “O Cristo está para chegar”. Gritou João de novo. E de todos os lados ele

Friediheim Zimpel

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ouviu vozes das plantas mais diversas: “Ele poderá descansar à minha sombra”. “Os meus frutos servir-lhe-ão de alimento”. “Minha seiva ser-lhe-á refresco.” “Tomara que seu olhar divino repouse em nós.” “Que Ele respire o nosso perfume.” “Que Ele se alegre com o nosso florescer.”

João sentou-se a beira do rio. “Todas as criaturas estão esperando o Cristo”. Pensou ele, “somente os corações dos homens estão endurecidos”. “Aí se e pudesse regar o deserto de suas almas, abrindo-as e fazendo-as florescer como o rio faz com o deserto”.

Aí as ondas do grande rio murmuraram: “Isto só poderá ser feito por aquele que é maior que tu, mas traze os homens aqui e mergulha-os no rio”.

Nisso passou uma caravana perto do rio. João contou-lhes o que tinha ouvido das pedras, das plantas, dos animais e do rio. Então os homens, um após outro quiseram ser batizados por João. Ao serem mergulhados na água fresca e pura sentiram a sua própria impureza. “Somos como galhos secos de uma velha árvore. Ajuda-nos rejuvenescer as nossas almas”.

João respondeu: “Eu vos batizo com a água do rio. Depois de mim virá aquele que é mais poderoso do que eu. Ele vos dará a água da vida e vos batizará com o Espírito Santo”.

João ficou o vale do rio Jordão. Cada vez mais pessoas vinham ao deserto para serem batizadas por ele. Vinham até mesmo da grande cidade: homens, mulheres e crianças. Entre eles também um sacerdote, um comerciante e uma jovem mãe... E quando Cristo chegou, muitos já tinham seus corações preparados para recebê-Lo.

"...Se eu não me considerar como a fonte de tudo aquilo que penso, mas me considerar como membro da humanidade até o mais íntimo de minha alma, encontrarei o caminho para Cristo.

Esse é o caminho que hoje deve ser caracterizado como o caminho pensamental para Cristo. Severa autoeducação à medida que conquistamos consideração pelos pensamentos dos outros, enquanto corrigimos o que trazemos como nosso próprio direcionamento nos diálogos com os outros, essa deve ser uma severa tarefa de vida. Pois se essa tarefa não ganhar seu lugar, os seres humanos perderão o caminho para Cristo. Esse é o caminho dos pensamentos hoje."

Rudolf Steiner

Quando João já estava crescido, muitas vezes ia ao templo para suas orações. Às vezes, permanecia longo tempo observando as pessoas que entravam e saíam. Certa vez, viu um homem que contava histórias assustadoras sobre Deus, provocando medo nas pessoas; então, viu que da boca desse homem saíam cobras e lagartos enquanto falava, e pensou: “O que este homem diz não pode ser verdade.” Viu um outro homem muito orgulhoso e cheio de si que orava assim: “Deus, eu lhe agradeço por me fazer um homem bom, pois não sou mau como esses outros.” João viu, então, que um bicho visguento e repelente subia pelas pernas do homem, que a todo instante mudava de cores.

Viu um terceiro homem que ficava no canto mais afastado do templo e orava: “Deus, perdoa-me todas as más ações que tenho praticado”. Viu que sobre a cabeça desse homem uma pequena estrela luzia. Por fim, veio uma velhinha que depositou sua última moeda na caixa dos óbolos. João viu que a velhinha emitia raios brilhantes como a luz do Sol. Assim, João não via as pessoas com olhos comuns, mas com olhar celeste.

Quando ficava sozinho, ouvia a voz de Deus que lhe falava através das estrelas. Um dia saiu para o deserto montanhoso e ali procurou uma caverna onde pudesse dormir. Alimentava-se de frutos e de mel silvestre e fez uma túnica de pelo de camelo para se vestir. Certa noite, Deus o chamou para preparar o caminho na Terra para a vinda do filho Dele. A partir daí, começou a batizar no Rio Jordão todas as pessoas que o procurassem, fazendo-as ficarem limpas de corpo e alma.”

Do livro Histórias para as Festas do Ano, de Irene Johanson.

“A história de João Batista me mostrou que não podemos ser tão apegados aos bens materiais que devemos permitir que Cristo exista em nós”

Thiemy, 6º ano.x

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Para algumas tribos, no começo dos tempos, a lua vivia na terra. Era uma moça tão branca que parecia recortada nas águas da cachoeira. Passava os dias no fundo do bosque, acendendo as luzinhas dos vaga-lumes, ou à beira das lagoas espalhando reflexos.

Chamava-se Capei e exercia influencia sobre os reinos da natureza. Dizia-se que regulava as marés, a germinação das sementes, o brilho de certas pedras de cor, o fluxo das mulheres, o nascimento das crianças e dos bichos. Os índios, para cortar o pau e fazer um arco, para plantar uma roça ou para armar um covo na beira do rio, costumava consultá-la. Os médicos-feiticeiros, para propinar uma erva ao doente, ou para predizer as coisas boas ou más que estavam para acontecer, iam interrogá-la no fundo do bosque.

Um dia, porém, ela se cansou e resolveu buscar outros caminhos, mesmo porque foi ofendida por um feiticeiro. Resolveu ir para o céu e iniciou a contrução de uma grande escada, feito de cipós que ela trançou, colocando de dois em dois palmos, um degrau de madeira. Mas tinha de ter alguém para segurar a ponta lá em cima. Capei pediu à coruja para fazer isso, e a ave a atendeu.

Assim, Capei subiu para a vastidão azul, sem descansar nas grandes nuvens brosladas de outro que encontrou no caminho. Lá chegando, começou por indicar às filhas, que são as estrelas, seus lugares no firmamento. E desde então permanece lá em cima, a alumiar nas trevas da noite os passos de seus irmãos nos caminhos da terra. Uma de suas grandes ajudantes é a coruja, que consegue enxergar de noite e é uma grande conselheira para os homens.

Usando habilidades manuais e muita criatividade, os alunos do 6º confeccionaram, nas aulas de marcenaria, as Torres de Hanói. Mas o que são elas? Um quebra-cabeça muito antigo e conhecido. É constituído de um conjunto de discos de tamanhos diferentes e três pinos verticais, em que os discos podem ser encaixados. Ana Luisa Toiller de Oliveira, 11, e Pedro Faria Canongia, 12, adoraram participar da brincadeira. “A gente nem percebe que está aprendendo matemática”, diz Pedro.

Inicialmente, o invento foi proposto pelo matemático francês Edouard Lucas, em 1883. Uma lenda curiosa fala sobre uma torre muito grande, a Torre de Brama, que foi criada no início dos tempos, com três hastes contendo 64 discos concêntricos. O criador do universo também gerou uma comunidade de monges, cuja única atividade seria mover os discos da haste original ("A") para uma de destino ("C") e estabeleceu que o mundo acabaria quando os monges terminassem sua tarefa.

Alunos produzem Torres de Hanói durante aulas de marcenaria

“O batismo é esperança, João veio trazer uma mensagem de Cristo para nós, com paz” Kassia, 6º ano.

Festa Junina na ELPC

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A mãe foi buscar a filha ao final das atividades, e ela a levou até o castelo (sua sala), para mostrar o presente que lhe fizera. A professora havia falado que era surpresa para a mamãe. Em casa, a mãe perguntou o que estava fazendo para a festa, tentando saber qual era o presente. Ana Beatriz de início resistiu, mas depois disse que ia ter bolo, balão, velinha... e não contou!

Depois de pronta para ir à escola, Ana Beatriz foi ao quarto e pegou um coelho de pelúcia para levar. A mãe, ao ver, disse: “Filha! Não pode levar brinquedo. Lá no seu Jardim já tem um monte, não precisa levar mais!” E ela respondeu, pausadamente: “Mãe, mas ele não é brinquedo, é meu filho!”

A Ana Beatriz ao ver a mãe ensaiando o vento que apagava a luz da lanterna, no teatro da Menina da Lanterna, dizia aflita: “Mamãe, vem cá! Não fica aí! Desce!”

Em outro momento, quando a mãe ensaiava a estrela, ela que estava correndo na quadra, viu-a no palco, foi correndo até perto do cenário e disse toda feliz: “Mamãe, você ajuda a menina a acender a lanterna dela?”

No dia da apresentação, com todos os personagens vestidos, ao ver a menina da lanterna no palco, sentada na pedra chorando, disse: “Mamãe, por que ela tá chorando?” A mãe: “Porque o vento apagou a lanterna dela.” E ela retruca: “Não precisa chorar, depois a “princesa” (referindo-se ao sol), vai pegar a vela e acender. Aí ela vai ficar feliz!”

A Profª Rosane após o banho, enxuga a Giulia, do Jardim I – Matutino, conversando:

- Seu pai é médico?- Não.-Seu pai é professor?- Não.- Então o que seu pai é?- É pai, ué!!!

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Ana Beatriz - Jardim I Matutino

“Na superfície do azul brilhante do céu, tentando a custo manter as asas numa dolorosa curva, Fernão Capelo Gaivota levanta o bico a trinta metros de altura. E voa. Voar é muito importante, tão ou mais importante que viver, que comer, pelo menos para Fernão, uma gaivota que pensa e sente o sabor do infinito. É verdade que é caro pensar diferentemente do resto do bando, passar dias inteiros só voando, só aprendendo a voar, longe do comum dos mortais,

estes que se contentam com o que são, na pobreza das limitações. Para Fernão é diferente, evoluir é necessário, a vida é o desconhecido e o desconhecível. Afinal uma gaivota que se preza tem de viver o brilho das estrelas, analisar de perto o paraíso, respirar ares mais leves e mais afáveis. Viver é conquistar, não limitar o ilimitável. Sempre haverá o que aprender, sempre.”

Do livro Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach, vivenciado, analisado, discutido pelo 9º ano, o trecho acima revela o espírito que movimenta o ser humano, em busca de seu ideal e que o jovem admira e também quer espelhar. Yáskara destacou-o para documentar seus pensamentos, sobre o tema que escolheu desenvolver a partir das ricas mensagens que essa obra oferece.

Alguns pequenos fragmentos sobre Humildade e Sabedoria, retirados dos trabalhos apresentados pela turma:

A verdadeira humildade é aquela em que o Homem tem consciência e possui uma convicção do que ele é, e da sua capacidade, da sua força ou da sua fraqueza, compreende a sua inferioridade, reconhece seus limites, mas não sofre por isso. Dá o máximo de si, luta e procura sempre o aperfeiçoamento físico, moral e espiritual.

Ninguém nasce humilde, a humildade é uma virtude que requer tempo. Pode se nascer com tendência a essa virtude, como também pode-se trabalhar para adquiri-la.

A humildade produz no interior do Homem alegria, paz e serenidade.

Yáskara Camila18

Todas as questões abordadas são interpretadas de maneiras diferentes. Isso varia de acordo com a visão de mundo de cada um. O significado é um, porém você o define da maneira com que o compreende.

Eu compreendi que a sabedoria agrega uma série de virtudes e hábitos que a constituem. E que existe em todos, cabe a nós descobri-la e desenvolvê-la de forma com que possamos beneficiar alguém, ou grandes populações.

Humildade é a grandiosidade dos simples. A pessoa chamada humilde não se pode definir pela ausência de ambição, nem tampouco pela desvalorização do “eu”.

Ser humilde não significa não possuir bens, ou pertencer a uma classe social considerada alta. Ser humilde é agir sem querer ser reconhecido, ou receber algum mérito por isso.

Neste trabalho, descobri muito mais sobre a sabedoria. Muitos acham que a riqueza é fruto da sabedoria e estão completamente enganados. Ser sábio é viver, ensinar, amar, respeitar, lutar e ter consciência de seus atos, não prejudicando ninguém.

Fernão Capelo Gaivota ensinou muitas coisas boas para mim, tomara que este conhecimento do livro mostre para as pessoas o grande significado de uma pequena, mas grandiosa vida.

Não trocaria sabedoria por bens materiais, sabedoria é um sentimento, um dom, uma capacidade que todos têm e só precisam praticar. Essa capacidade nos dá oportunidades para vencer na vida, crescer espiritual e profissionalmente. Precisamos ser persistentes e indulgentes, ter amor no coração e observar o mundo de mente aberta, pois este tem muito a oferecer. Um de meus grandes objetivos é me tornar um grande sábio, entender o mundo e as pessoas e absorver tudo que eles têm de bom.

Aline Martins

Ingrid Garcia

João Antonio

Ana Rafaela

Gabriel - 9º ano 19

Como todos sabemos e comemoramos, Cuiabá já foi escolhida como a subsede da Copa Mundial de Futebol no ano de 2014 e, com isso, muitos investimentos serão feitos, mudando a cara da cidade praticamente do dia para a noite se compararmos esse “Boom” de mudanças com o histórico de grandes investimentos realizados.

De um modo geral, a Copa trará muitas melhorias para a cidade, reestruturando-a a fim de suportar a gigantesca quantidade de pessoas que a visitarão e, consequentemente, gerando muito emprego e desenvolvimento para o local. E não se trata apenas de algo momentâneo: provavelmente haverá um crescimento nunca visto antes na cidade de quase 300 anos, após o término desse evento.

Além disso, para fazer uma boa “sala” para os estrangeiros, as riquezas naturais locais como a Chapada dos Guimarães e o Pantanal finalmente receberão o valor que merecem, havendo investimentos na preservação e estruturação para o turismo na região, durante o período de adaptação da cidade à vinda da Copa.

Ótimo, temos uma boa oportunidade à frente. Entretanto, será que o desenvolvimento local, por si só e por respeito à população que aqui (em Cuiabá) reside, não deveria ter merecido uma valorização individual já anteriormente? Quero dizer, se dos cofres públicos e privados sairão cinco bilhões de reais de uma hora para outra só para os investimentos da Copa, por quê no decorrer dos anos anteriores, muito menos da metade disso foi gasto para resolver os problemas locais, cotidianos?

Cinco bilhões de reais é muito dinheiro. Segundo o jornalista D. Júnior, um quinto desse valor resolveria o problema de déficit habitacional atual de todo o Estado!

Aparentemente, o Estado da agropecuária transformará sua infra-estrutura, mas continuará se comportando como seu gado, que só muda de posição quando é “cutucado”.

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Quantos grandes eventos, guerras ou revoluções serão necessários para que o ser humano perceba que as grandes mudanças devem ser edificadas diariamente? Será que toda essa maravilha de mudanças impulsionadas pela Copa atingirá, por exemplo, a cultura ou educação de Cuiabá? Afinal, de que adianta um povo ter nos pés o melhor campo e a melhor bola se não sabe chutar, ter visão de jogo ou cultuar o trabalho em equipe?

Cultura e educação deveriam ser paixões nacionais para o brasileiro assim como o futebol, mas desde a infância esqueceu-se de colocar um livro ao lado da bola que se ofereceu às crianças, e o resultado que se tem hoje é o que se vê nas ruas, e não o que é mascarado pela mídia (salvo louváveis exceções) e politicagem.

No jogo político já se esperava um ilustre embelezamento das condições atuais de Cuiabá (o que é muito natural e positivo) – Ora, grandes investimentos significam prosperidade para a sociedade em tempos atuais e futuros, e é justamente esse “PARA A SOCIEDADE” que deve ser cobrado pelo juiz dessa partida, o povo.

A bola está com vocês, senhores políticos, e o que se faz com ela é chutar para o gol ou tocá-la para um parceiro caso não estejam dispostos e aptos a responsabilizarem-se pela primeira opção. Nada de enfiá-la no bolso e sair de campo logo no primeiro tempo!

Sinceramente, tenho uma visão muito positiva da situação. Só espero que no ventre dessa terra cuiabana germine mais prosperidade humana que material, afinal, o concreto bem calcado ainda assim desmorona, mas os valores bem nutridos permanecem erguidos no final. Livremo-nos dessa vida de gado povo cuiabano!

Redação de PortuguêsTema - Cuiabá, a sede da Copa Mundial em 2014;Gênero - Artigo de opinião;

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Lucas Vicente Rosseto - 11º ano

Desvendando o crescimento – As fases evolutivas da infância e da adolescência. Autor: Dr. Bernard Lievegoed, da Editora Antroposófica.

Tendo por fundamento as concepções de desenvolvimento infantil elaboradas por Rudolf Steiner, a obra se caracteriza pela integralidade de abordagem, percorrendo todos os planos ontológicos que, segundo a Antroposofia, compõem o ser humano desde o nascimento. Do progressivo desenvolvimento corpóreo às mais sutis nuances do caminho anímico-espiritual percorrido até a idade adulta, essa é a abrangência do tema, desenvolvido pelo autor numa sequência bastante didática e esclarecedora, utilizando exemplos e retratações de situações conhecidas por todos. É um guia prático e uma contribuição até para o autodesenvolvimento de quem, como adulto responsável, sabe que educar implica educar-se.

Bernard C. J. Lievegoed, nasceu em 1905 em Sumatra. Estudou medicina e psiquiatria. Ocupou cargos de destaque em institutos e universidades. O holandês Publishers Association lhe atribuíu em 1983 o prêmio "Penas de Ouro".

Bernard Lievegoed

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Modo de preparo: Coloque o arroz de molho, de preferência logo no início da manhã, para poder socar a massa do bolinho à tarde. Ralar a mandioca (com ralo caseiro), levá-la ao fogo com um pouco de água e mexer até engrossar, mas não pode ficar muito cozinho. Tirar do fogo, acrescer o açúcar, o óleo, sal e bater bem até misturar. Só depois acrescente o ‘’fubá’’ (arroz). Uma vez pronta, acrescente a canela, a erva doce e o fermento, mexendo bem. O ideal, para ficar bem gostoso, é deixar a massa descansando durante a noite toda e só finalizar a preparação, na manhã seguinte, acrescentando-se os temperos e o fermento. Untar a forma com óleo, ou margarina, e levar os bolinhos ao forno por 40 minutos a 1h, dependendo do tipo de forno.

Imagina só que delícia, a funcionária Ana Dias, que há 11 anos trabalha na ELPC, preparou uns bolinhos de arroz que “dão água na boca” só de olhar. Cuiabana de “chapa e cruz”, a moradora do bairro Dom Aquino, explica que é muito simples de fazer. Além de gostosa, a receita é saudável e nutritiva, vale a pena se arriscar e ir para cozinha aprender.

Ana Dias

BOLINHO DE ARROZ CUIABANO

2kg de arroz1 ½ kg de mandioca1kg de açúcar1 ½ copo de óleo ou banha vegetal1 colher (sopa) de sal2 colheres (sopa) de fermentoCanela em casca e erva doce (a gosto)

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Rua Tenente Lira, 320, Bairro Dom aquino . Cuiabá . MT