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Controle de pragas da cana-de-açúcar com
responsabilidade ambiental
Instituto Biológico
30/06/2010José Eduardo Marcondes de José Eduardo Marcondes de
AlmeidaAlmeida
Pesquisador CientíficoPesquisador Científico
Instituto Biológico - APTAInstituto Biológico - APTA
Caixa Postal 70Caixa Postal 70
CEP 13012-970 / Campinas - SPCEP 13012-970 / Campinas - SP
e-mail: e-mail: [email protected]@biologico.sp.gov.br
O manejo de pragas na cultura da cana-de-açúcar
Desde a época colonial até neste século o Brasil se destaca na
produção de cana-de-açúcar
Aumento da produção Expansão das exportações de açúcar e álcool
Consequência do baixo custo de produção
Várias regiões brasileiras com extensas áreas contínuas cultivadas
com cana-de-açúcar
O manejo de pragas na cultura da cana-de-açúcar
Agroecossistema propício ao ataque de pragas
Broca-da-cana Cigarrinha-das-raízes
Pragas-chave da culturaPragas-chave da cultura
Frequência com que ocorrem
Prejuízos que causam
A cultura da cana-de-açúcar brasileira é privilegiada
O manejo de pragas na cultura da cana-de-açúcar
Muito tecnificada
Possui os maiores programas de controle
biológico do mundo
Broca-da-cana: liberação da vespinha
Cigarrinhas : aplicação de fungo entomopatogênico
Manejo Integrado de Pragas
• Conhecer as pragas – taxonomia e bioecologia
• Monitoramento – flutuação populacional
• Controle varietal – variedades resistentes
• Controle cultural – técnicas mecânicas e fitotécnicas
• Controle biológico – inimigos naturais
• Controle químico – inseticidas de baixa toxicidade
O manejo de pragas na cultura da cana-de-açúcar
Broca-da-cana-de-açúcar
Caracterização da praga (descrição e bioecologia)
Broca-da-cana-de-açúcar
Tipos de danos (prejuízos)
Indiretos
Colmos broqueados e com podridão vermelha
Broca-da-cana-de-açúcar
Táticas de controle
80%
20%
1%
Broca-da-cana-de-açúcar
Táticas de controle
Controle Biológico
Inimigos naturais
Parasitóides
Trichogramma galloi
(Hymenoptera: Trichogrammatidae)
Parasitóide de ovos
Cotesia flavipes
(Hymenoptera: Braconidae)
Parasitóide larval
Broca-da-cana-de-açúcar
Controle Biológico por meio da vespinha Cotesia flavipes
Este é o método mais empregado no Brasil para o controle
da broca-da-cana.
Broca-da-cana-de-açúcar
Copos pendurados por entre a folhagem da cana, na posição horizontal
Broca-da-cana-de-açúcar
Controle Biológico
Controle Biológico por meio de Trichogramma galloi
Copo pendurado por entre a folhagem da cana, na posição horizontal
Detalhe dos ovos parasitados
Cigarrinhas
Cigarrinha-das-raízes ou cigarrinha-da-raiz
Ocorre em vários Estados brasileiros, mas assume grande
importância no estado de São Paulo;
Também vive em outras plantas hospedeiras, tais como
outras gramíneas, principalmente nos capins e gramas.
Cigarrinha-das-raízes
2) Caracterização da praga (descrição e bioecologia)
Ciclo de vida
O seu ciclo evolutivo completo varia de 50 a 70 dias
Cigarrinha-das-raízes
Tipos de danos (prejuízos)
Alimentação das ninfas:
As picadas ocasionam uma “desordem fisiológica” devido ao
deterioramento dos vasos lenhosos da raiz
Ninfa de cigarrinha se
alimentando da raiz
Colmos com redução de
diâmetro e com definhamento
Cigarrinha-das-raízes
Tipos de danos (prejuízos)
Alimentação dos adultos:
injeção de toxinas, que acabam produzindo manchas amarelas nas
folhas, depois tornam-se avermelhadas e, finalmente opacas.
Cigarrinha-das-raízes
Controle Biológico
Inimigos naturais nativos:
Fungo entomopatogênico Metarhizium anispliae
Ninfas infectadas
Ninfas e adultos infectados
Cigarrinha-das-raízes
Controle Biológico
Recomendação de aplicação de bioinseticida a base de Metarhizium
anisopliae
C) Concentração recomendada em arroz esporulado:
Mínimo de 5 x 108 conídios/g ou mL arroz esporulado.
Cigarrinha-das-raízes
Controle Biológico
Recomendação de aplicação de bioinseticida a base de Metarhizium
anisopliae
d) Condições de aplicação:
2 a 5 kg/ha
• Pré-mistura com no máximo 1 hora de antecedência;
• Aplicar após 16:00 h ou em dias chuvosos ou umidade > 65%;
• Bico leque com vazão de 300 a 400 litros/ha.
Cigarrinha-das-raízes
Controle Biológico
Recomendação de aplicação de bioinseticida a base de Metarhizium
anisopliae
e) Aplicação líquida: 3 a 5 kg/ha
• Pré-mistura com no máximo 1 hora de antecedência
• Aplicar após 16:00 h ou em dias chuvosos
• Bico com vazão de 30 a 40 litros/ha
f) Aplicação sólida: 7 a 10 kg/ha
• Aplicar após 16:00 h
• Pé de pato
Umidade relativa > 65%
Cigarrinha-das-raízes
Controle Biológico
Recomendação de aplicação de bioinseticida a base de Metarhizium
anisopliae
g) Avaliação pelo monitoramento
- Redução da população da praga
- Parasitismo de ninfas e adultos
- Equilíbrio e manutenção da praga após 5 anos de manejo
Pragas cana-de-açúcar
Pragas de Solo
CupinsSphenophorus levisMigdolus spp.Formigas CortadeirasPão de galinhaElaterídeos - larva-arameNaupactus spp.CrisomelídeosPercevejo castanhoPérola-da-terraTelchinOutras Pragas De Solo
Cupins da cana-de-açúcar
Ciclo de vida dos cupins
Soldado de Heterotermes tenuis
Soldados e operários de cupim do gênero HeterotermesFonte: Disponível em: <http://edis.ifas.ufl.edu/IN284>
Cupins da cana-de-açúcar
Espécies encontradas
• Heterotermes tenuis• Heterotermes longiceps• Neocapritermes opacus• Neocapritermes parvus• Procornitermes triacifer• Cornitermes bequaerti• Cornitermes cumulans• Nasutitermes spp.• Embiratermes spp.• Syntermes dirus• Syntermes molestus• Rhynchotermes spp.• Coptotermes spp.• Orthognatotermes
Heterotermes tenuis Neocapritermes opacus
Procornitermes triacifer Nasutitermes sp.
Syntermes dirus
Cornitermes bequaerti
Cupins da cana-de-açúcar
Cupins da cana-de-açúcar
Cupins
Segundo Novaretti (1985) os ataques de cupins na cana-de-açúcar e os danos podem ser divididos em:
1 - logo após o plantio, no colmo-semente e um posterior ataque às raízes, causando falhas na germinação e diminuição do vigor das plantas;
2 - na maturação, quando os cupins penetram nos colmos provocando secamento e morte dos mesmos
3 - nas socas, quando estão vulneráveis.
Cupins da cana-de-açúcar
Figura 1. Morte de perfilho de cana-de-açúcar causada por cupins subterrâneos.
Cupins da cana-de-açúcar
A isca Termitrap permitiu realizar um levantamento de espécies de cupins na região de Piracicaba-SP durante três anos.
A espécie mais atraída foi Heterotermes tenuis,
Foi possível coletar ainda as espécies: Cornitermes cumulans Procornitermes spp. Nasutitermes spp. Anoplotermes spp. Constrictotermes spp. Ruptitermes spp. Syntermes molestus Cylindrotermes sp. Neocapritermes spp. Coptotermes havilandi
Os danos nas raízes da cana foram associados a H. tenuis e procornitermes sp.
(Almeida, 1998)
Isca Termitrap®
Cupins da cana-de-açúcar
Cupins
- Controle químico:
O controle químico geralmente é feito com aplicação em área total, pulverizando o solo no momento do preparo do sulcos para o plantio.
Inseticidas recomendados:
• Fipronil (Regent 800 WG): 250 a 500 g/ha• Thiamethoxam (Actara 250 WG): 400 a 800 g/ha
Cupins da cana-de-açúcar
Cupins
- Controle químico:
Cupins da cana-de-açúcar
Cupins
Iscas
- As iscas para cupins subterrâneos ainda estão em fase de estudos, porém possuem um potencial grande de utilização - São capazes de atrair grandes quantidades de insetos
- Utilizam os aspectos de biologia, comportamento de trofalaxia e tunelamento dos cupins
- Podem levar um agente químico ou biológico para dentro da colônia, disseminando-o e eliminando a rainha e o ninho do cupim
- Constitui-se em uma alternativa barata e ecológica
Cupins da cana-de-açúcar
Controle associado, utilizando produtos fitossanitários seletivos em conjunto com a aplicação de entomopatógenos
No caso dos cupins subterrâneos, aplica-se a estratégia de controle usando-se de iscas de papelão corrugado impregnadas com inseticidas e fungos entomopatogênicos (Almeida & Alves 1996).
A ação de produtos fitossanitários sobre entomopatógenos pode variar desde a inibição do crescimento vegetativo e da conidiogênese, até a ocorrência alterações na sua virulência (Alves et al. 1998).
Ao se considerar a estratégia do controle associado, deve-se atentar para os possíveis efeitos fungitóxicos dos produtos fitossanitários a serem utilizados.
Sphenophorus levis Metamasius hemipterus
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Bicudo-da-cana-de-açúcar
• Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae)
- É uma importante praga dos canaviais no estado de São Paulo.
- As larvas desse inseto destroem rizoma da planta, causando prejuízos da ordem de 30 toneladas de cana por hectare, além de reduzir a longevidade do canavial.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
• Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae)
- Atualmente, S. levis encontra-se distribuído em mais de 53 municípios, incluindo as regiões Central (Araraquara, São Carlos, Jaú, etc.); Sul (Assis, Ourinhos); Nordeste (Pradópolis) e Leste (Leme, Pirassununga, Araras, São João da Boa Vista, Santa Cruz das Palmeiras, etc.), estando portanto em quase todas as regiões de cultivos de cana-de-açúcar do estado de São Paulo.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
• Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae)
- Os danos são causados pelas larvas que se abrigam no interior do rizoma e danificam os tecidos.
- Em conseqüência pode ocorrer a morte da planta e falhas nas brotações das soqueiras, com perdas de 20 a 30 toneladas de cana/ha/ano.
- Os seguidos ataques nas áreas de soqueiras e a conseqüente redução do “stand” da cultura ocasionam perdas cumulativas nos cortes, obrigando a reformas precoces do canavial, que muitas vezes não passam do segundo corte.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
• Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae)
Para o controle desse inseto tem sido recomendado um conjunto de medidas:
- destruição mecânica da soqueira na época apropriada; a manutenção da área destruída livre de vegetação hospedeira por um período prolongado (> 3 meses);
- aplicação no sulco de plantio do inseticida fipronil 800 WG (250 g/ha) ou thiametoxam 250 WG (0,8 a 1,5 kg/ha)
- uso de iscas tóxicas. O uso de iscas tóxicas tem mostrado certa eficiência no controle de adultos.
As iscas são confeccionadas com cana cortadas ao meio (30 cm de comprimento) e previamente tratadas com inseticidas (mistura de 25 g de carbaril 850 PM com 1 L de água e 1 L de melaço) e distribuídas na quantia de 100 a 120 iscas/ha.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
• Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae)
Controle biológico
Alguns trabalhos utilizando os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae em associação com iscas feitas de tolete de cana (semelhante as iscas empregadas no controle químico) tem mostrado resultados promissores desses microrganismos no controle de Metamasius hemipterus e de Sphenophorus levis.
A utilização de toletes de cana tem a vantagem de atrair adultos para um local com grande concentração de inóculo, protegido de fatores abióticos indesejáveis, favorecendo assim o controle dosinsetos com baixa dosagem dos fungos por hectare.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
• Sphenophorus sp.
Sphenophorus são eficientemente controladas pelo uso de nematóides entomopatogênicos.
Nematóides entomopatogênicos associam-se por simbiose a bactérias, e invadem o corpo do hospedeiro liberando esses microorganismos que causam a morte rápida do inseto.
Os nematóides alimentam-se da bactéria e dos tecidos do inseto morto, reproduzindo-se por várias gerações.
Consequentemente, com o fim do alimento, milhares de nematóides conhecidos com juvenis infectivos, deixam o cadáver do inseto na busca de novos hospedeiros.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
• Sphenophorus sp.
Entre as razões para uso comercial de nematóides, pode-se citar:
1) possibilidade de produção massal in vitro e formulação a custos tidos como economicamente viáveis;
2) específicos para inseto, com comprovada eficiência no controle de certas espécies, em especial das chamadas pragas de solo ou que passam parte do ciclo biológico no solo;
3) em muitos casos, comportamento de busca do hospedeiro;
4) persistência por longos períodos no ambiente;
5) não toxicidade ao homem ou a animais domésticos e de interesse zootécnico;
6) isenção de registro dos produtos biológicos formulados à base de nematóides junto a Environmental Protection Agency (EPA), nos Estados Unidos, ou a organismos congêneres em vários outros países.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Estudos com nematóides entomopatogênicos
O Instituto Biológico (IB) vem desenvolvendo pesquisas com financiamento da FAPESP procurando avaliar nematóides entomopatogênicos para o controle de Sphenophorus levis.
Inicialmente, foi realizado um teste de laboratório para avaliar a susceptibilidade de larvas de S. levis aos nematóides Heterorhabditis indica (isolado IBCB-n5) e Steinernema sp. (IBCB-n6).
Esse estudo demonstrou que as larvas são susceptíveis a esses agentes.
Isso motivou a instalação de um segundo ensaio, em casa de vegetação, para comparar a eficiência desses dois nematóides contra larvas de Sphenophorus levis alojadas dentro do rizoma da planta, em condições de ambiente mais próximos das condições de campo.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
O nematóide Steinernema sp. apresentou-se mais eficiente que Heterorhabditis indica, proporcionando mortalidade do inseto de 70% quando avaliado já na menor dosagem de 2,4 juvenis infectivos (JI)/cm2, equivalente a 1 x 108 JI/ha (Figura 3).
Mortalidade de larvas de Sphenophorus levis tratadas com os nematóides Steinernema sp. (S) e Heterorhabditis indica (H) nas dosagens de 2,4; 12 e 60 JI/cm2.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Todas as larvas mortas do inseto encontravam-se dentro dos canais construídos no rizoma da planta, alojadas em distâncias de até 4 cm a partir da abertura do canal, o que demonstra a capacidade desses dois nematóides para a localização e busca do hospedeiro, locomovendo-se inicialmente pelo solo e, em seguida, pelo canal construído no rizoma até alcançar o inseto.
Larva de Sphenophorus levis infectada pelo nematóide Heterorhabditis sp., dentro do rizoma da cana-de-açúcar
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Testes de campo
Três testes de campo foram realizados para avaliar a eficiência de nematóides entomopatogênicos e inseticidas químicos no controle do bicudo-da-cana-de-açúcar e larvas do besouro escarabeídeo Leucothyreus sp.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Testes de campo
No primeiro teste foram testados:
1) thiamethoxam 250WG (500 g/ha);
2) thiamethoxam 250WG (1,0kg/ha);
3) thiamethoxam 250WG (1,5kg/ha);
4) Steinernema sp. (108 JI/ha) + thiamethoxam 250WG (250 g/ha);
5) Steinernema sp. (108 JI/ha) + thiamethoxam 250WG (500 g/ha);
6) Heterorhabditis indica (108 JI/ha) + thiamethoxam 250WG (250 g/ha);
7) Heterorhabditis indica (108 JI/ha) + thiamethoxam 250WG (500 g/ha);
8) Steinernema sp. (108 JI/ha); 9) H. indica (108 JI/ha)
9) Testemunha.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Porcentagem de plantas danificadas por Sphenophorus levis (A) e produção de colmos/ha para os tratamentos do teste 1. T = thiamethoxam; S = Steinernema n. sp.; H = Heterorhabditis indica. Barras = erro padrão. Usina São João, Araras, SP, safra 2003-2004.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Ganho na produção de colmos (ton/ha) para os tratamentos comparados à testemunha.
T = thiamethoxam; S = Steinernema n. sp.; H = Heterorhabditis indica. Usina São João, Araras, SP, safra 2003-2004.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Testes de campo
No segundo teste, 5 tratamentos:
1) thiamethoxam 250WG (800 g/ha);
2) fipronil 800WG (250 g/ha);
3) Steinernema sp. (108 JI/ha);
4) Steinernema sp. (108 JI/ha) + thiamethoxam 250WG (200 g/ha)
5) Testemunha.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Porcentagem de plantas danificadas por Sphenophorus levis (A) e produção de colmos/ha (B) para os tratamentos do teste 2. T = thiamethoxam; F = fipronil; N = Nematóide (Steinernema n. sp.). Barras = erro padrão. Usina São João, Araras, SP, safra 2005-2006.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Ganho na produção de colmos/ha para todos os tratamentos comparados à testemunha. T = thiamethoxam; F = fipronil; N = Nematóide (Steinernema n. sp.). Usina São João, Araras, SP, safra 2005-2006.
Bicudo-da-cana-de-açúcar
Os estudos desenvolvidos sugerem que o nematóide Steinernema sp. é uma alternativa viável para uso no controle de Sphenophorus levis e larvas de escarabeídeos (Leucothyreus sp.), podendo ser recomendado na dosagem de 1 x 108 JI/ha, com resultados satisfatórios no ganho de produção de cana quando usado isoladamente ou em mistura com subdosagens de inseticidas químicos.
O nematóide aplicado no período chuvoso entre os meses de novembro a fevereiro, poderá proporcionar um controle duradouro da população desses insetos, sem impacto ao meio ambiente.
Photo by Federico Ocampo
Leucothyreus sp.
Migdolus fryanus
O besouro Migdolus fryanus (Westwood, 1863) (Coleoptera: Vesperidae) é conhecido por sua grande capacidade destrutiva.
Os danos são provocados por suas larvas, que se alimentam e destroem o sistema radicular de pelo menos dez famílias de plantas.
O besouro da raiz da cana-de-açúcar, Migdolus fryanus, é uma das principais pragas da cultura, ocorrendo, principalmente, nas localidades com canaviais cultivados em solo arenoso, no Centro-sul da América do Sul (Kasten Jr. et al. 1985).
A espécie foi constatada nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, na Argentina (Província de Corrientes) e no Paraguai (Nunes Jr. 1996).
Migdolus fryanus
Danos e sintomas
- Os danos são provocados pelas larvas de Migdolus spp., que se alimentam e destroem o sistema radicular das plantas em qualquer idade. - Com isso, pode haver grande redução na absorção de água e nutrientes pelas plantas, levando-as ao secamento e morte.
Migdolus fryanus
Migdolus fryanus
(Machado, 2006)
Migdolus fryanus
Amostragem e nível de controle
O monitoramento de Migdolus spp. pode ser feito de três formas distintas, a primeira delas durante o levantamento regular de pragas de solo, antes da reforma dos canaviais.
Geralmente, a amostragem é realizada, no mínimo, em duas trincheiras por hectare, com dimensões de 0,5 x 0,5 m, avaliando-se a população das pragas presentes e classificando-as em espécies e danos causados.
A segunda forma é aquela efetuada nos meses mais frios e secos no ano (maio a agosto para a região Centro-Sul), observando-se e mapeando-se os focos com sintoma de secamento causado pelas larvas de Migdolus spp.
Esse modo de monitoramento é pouco eficiente no caso de áreas com baixas a médias infestações, uma vez que os sintomas descritos não se tornam visíveis.
Migdolus fryanus
Amostragem e nível de controle
Uma terceira forma de monitoramento, bastante prática, é a instalação de armadilhas no nível do solo contendo o feromônio sexual sintético de M. fryanus.
Recomenda-se utilizar no mínimo uma armadilha para cada 10 hectares a partir do início das chuvas (outubro/novembro) até o final das revoadas (fevereiro/março), efetuando-se a troca do feromônio cada 30 dias.
As formas de levantamento mencionadas servem de base para o mapeamento e a recomendação de controle onde for constatada a presença das formas biológicas da praga.
A decisão de adotar o controle químico (ou biológico) ocorrerá em função do custo dos produtos, do histórico de produtividade e da situação de risco pela população da praga presente na área.
Migdolus fryanus
Métodos de controle
Pesquisadores e técnicos reconhecem que não existe um método único e eficiente para o controle de Migdolus spp., dadas as inúmeras dificuldades de atingir as fases biológicas desse inseto no solo.
Portanto, um consenso parece indicar que todas as medidas de controle devem ser adotadas em conjunto ou isoladas, para resultar num manejo satisfatório dessa praga.
Migdolus fryanus
Métodos de controle
Controle químico
O controle de Migdolus é difícil.
Recomenda-se atualmente o uso de fipronil (500 g/ha) ou do endosulfan (12 L/ha) ou do imidacloprid (2 L/ha) no sulco de plantio visando as larvas.
Caso o inseto venha a ocorrer em cortes subseqüentes, recomenda-se a aplicação na soca de fipronil (300 g/ha) ou de imidacloprid (1,5 Lha).
Migdolus fryanus
Métodos de controle
Controle químico
Inseticidas empregados:
Regent 800 WG (500 g/ha)
Thiodan 350 CE (12 l/ha)
Talstar 100 CE (2,4 l/ha)
Evidence 480 SC (3,0 l/ha)
Migdolus fryanus
Métodos de controle
Controle por comportamento
Embora poucos estudos tenham sido conduzidos com o feromônio sexual, existem boas perspectivas para a coleta massal de Migdolus fryanus, considerando-se que o período de acasalamento é restrito a alguns dias do ano.
Esse período é crítico para a sobrevivência desse inseto e, se interrompido, pode afetar sua nova geração.
Para tanto, as áreas devem ser monitoradas com feromônio sexual a partir do início das chuvas a cada ano (outubro/novembro para a região Centro-Sul do Brasil).
Com o início das revoadas, armadilhas devem ser instaladas a 30 m uma das outras nos carreadores principais, com o propósito de coletar o maio número de machos na área.
Migdolus fryanus
Armadilhas com feromônio
Migdolus fryanus
Armadilhas com feromônio
Pastilhas de feromônio, no controle de besouros machos Migdolus. (Fonte - CTC).
Migdolus fryanus
Métodos de controle
Controle por comportamento
Estudos preliminares indicam que é possível reduzir gradativamente, ano a ano, a população de Migdolus fryanus nas áreas afetadas.
Em Teodoro Sampaio – SP, utilizando-se essa metodologia por meio de mais de 5 mil armadilhas durante três safras consecutivas de cana-de-açúcar entre os anos de 1995 a 1998, conseguiu-se reduzir em mais de dois terços a população de M. fryanus nas áreas afetadas.
Migdolus fryanus
Métodos de controle
Controle mecânico e cultural
Práticas mecânicas e culturais têm sido de grande utilidade na redução populacional ou na melhoria da cultura sob o ataque de Migdolus spp.
1) correta destruição das soqueiras de cana (reforma);
2) incorporação de matéria orgânica;
3) adubação verde.
Na correta destruição de soqueiras de cana-de-açúcar (reforma), dois aspectos importantes devem ser considerados: a época de execução do trabalho e os implementos a serem utilizados.
Migdolus fryanus
Métodos de controle
Controle mecânico e cultural
Arado de aiveca acoplado com sistema de inseticida (Fonte - CTC).
Migdolus fryanus
Métodos de controle
Controle Biológico
- Nematóides entomopatogênicos (larvas)
- Formigas predadoras (larvas e adultos)
Migdolus fryanus
Migdolus fryanus
Migdolus fryanus
Migdolus fryanus
Migdolus fryanus
Migdolus fryanus
Formigas Cortadeiras
As formigas cortadeiras são importantes pragas da cana-de-açúcar, visto que cortam grande quantidade de folhas, causando a diminuição da massa verde e chegando a matar a touceira.
Esses insetos possuem colônias divididas em castas no subsolo.
As castas são as seguintes: rainha, responsável pela organização e reprodução da colônia; operárias, fazem todo o trabalho de corte e transporte de folhas, além da limpeza do ninho; jardineiras são operárias menores, responsáveis pelo cultivo do fungo que vai alimentar toda a colônia e soldados que são mais robustos e fazem a defesa da colônia.
Formigas Cortadeiras
Atta capiguara - saúva parda ataca especialmente as gramíneas, sendo que o seu ninho é um murundum de terra fora da projeção da panela ativa, diferente das demais espécies, cujos montes de terra estão sobre a panela de fungo. É menos agressiva que as outras, mas suas operárias trabalham mesmo com o tempo fechado e temperatura baixa.
Atta bisphaerica, conhecida como saúva mata-pasto, tem os soldados parecidos com A. capiguara, porém sua cabeça é mais pontiaguda e tem um sulco mais profundo. Seus ninhos possuem um monte de terra solta, sem crateras, com olheiros de aberturas estreitas na sua superfície. Essa espécie corta: arroz, cana-de-açúcar, capins e milho.
Formigas Cortadeiras
Controle
a) Iscas granuladas:
A dosagem recomendada é de 10 g de iscas/m2 de sauveiro, sendo aconselhável a aplicação em época seca, de preferência com o solo seco.
Para saúva parda, se a quantidade de sauveiros for maior que 13 por hectare, é aconselhável fazer aração e gradagem (reforma do pasto), mantendo o terreno limpo de vegetais durante 120 dias.
Formigas Cortadeiras
Controle
b) Termonebulização:
A termonebulização é um método mais rápido, porém com alguns inconvenientes, tais como a degradação do inseticida devido a alta temperatura e problemas mecânicos com o aparelho, além de ser necessário localizar os olheiros.
As principais vantagens da terminebulização são: rapidez, pode ser utilizada em qualquer época do ano, em qualquer tipo de terreno, consumir pouco formicida por formigueiro, não ser necessária a medição do formigueiro e especialmente indicada para locais com grandes quantidades de formigueiro.
Formigas Cortadeiras
Controle
b) Termonebulização:
O termonebulizador deve ser operado corretamente para que possa apresentar bons resultados.
Após ligar o motor, deve-se esperar esquentar o queimador, colocar a ponta do cano aplicador na entrada do olheiro e abrir a torneira dosadora.
Todos os olheiros que sairem fumaça devem ser tapados, até que todo o formigueiro seja aplicado, sendo que o olheiro de aplicação deve ser tapado após a retirada do cano de aplicação.
O termonebuizador deve ser trocado de lugar no caso de algum olheiro não emitir fumaça.
Os inseticidas mais usados são clorpirifós e fenitrotion
Formigas Cortadeiras
Controle
c) Controle biológico:
As formigas cortadeiras possuem inimigos naturais, tais como mosquitos da família Phoridae, que parasitam as formigas na entrada ou saída do formigueiro.
Além disso, os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae e nematóides do gênero Steinernema infectam as formigas cortadeiras, porém os resultados positivos de controle só foram conseguidos até o momento em laboratório.
Broca-grande
Classificação taxonômica:
Classe Insecta
Ordem Lepidoptera
Família Castniidae
Gênero Telchin
Espécie Telchin licus licus (= Castnia licus )
1) Introdução
Broca-grande
2) Caracterização da praga (descrição e bioecologia)
ovo
larva
pupa
adulto
Ciclo de vida
7 a 14 dias
2 a 10 meses (cinco ínstares)
30 a 45 dias
Longevidade de 10 a 15 dias
Broca-grande
Tipos de danos (prejuízos)
Apesar de ser de ocorrência restrita a alguns estados do Nordeste,
nos locais onde ocorre, assume grande importância, destacando-se
como o principal problema na cultura da cana.
** Pode causar prejuízos de 20 a 60%, afetando a produção de cana,
açúcar e álcool.
O principal prejuízo é resultante da ação de lagartas fazendo
galerias verticais no colmo;
Causa a redução do poder vegetativo da planta;
Morte da gema apical da planta (“coração morto”);
Propicia condições para o aparecimento de podridões.
Broca-grande
Táticas de controle
Não existe método eficiente de controle da praga.
** O método mais utilizado consiste na catação manual de larvas e
pupas.
** Captura de adultos com rede entomológica (puçá).
Considerações finais
Controle com responsabilidade ambiental:
• Consciência ambiental – interferência no ambiente
• Monitoramento de pragas
• Uso de táticas menos poluentes
• Convivência com as pragas X lucro