Saiba como conhecer suas reais competências

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Reportagem de capa

Atualmente, as avaliações decompetências são serviços dis-poníveis para quem está sendoassessorado por um coach oupor uma consultoria em recolo-cação profissional, ou seja, pro-fissionais de nível gerencial.

Com o intuito de promover oacesso a essa ferramenta a profis-sionais de todos o níveis hierár-quicos o empresário Pérsio Cor-deiro criou, com mais dois só-

cios, o JobCoach (www.job-coach.com.br), uma ferramentaonline que permite a qualquerpessoa avaliar suas competên-cias gratuitamente.

“Isso pode ser de grande valiapara quem está insatisfeito coma carreira e busca uma alternati-va, seja em outra organização,em outra área ou até mesmo naempresa em que está atuando. Aintenção, então, é levar essa pos-sibilidade, que hoje é inacessívelpara o consumidor final e estárestrita ao mundo corporativo,para qualquer profissional”, diz.

Cordeiro explica o funciona-mento da ferramenta. Segundoele, ao iniciar a avaliação, o siste-ma pede para que o participante

indique cinco competências quejulga mais marcantes em seu per-fil. Em seguida, o profissionalresponde a uma série de ques-tões de múltipla escolha.

Ao final, o sistema compara oresultado com as competênciasescolhidas no início. “Além dis-so, após responder ao teste, o sis-tema lista vinte competênciasdo participante, que depois po-de ser comparada com um ran-king contando as vinte compe-tências mais valorizadas pelomercado e mais avaliadas nosprocessos seletivos”, diz .

O sócio-fundador do site con-ta que também é possível reali-zar a chamada avaliação de 360º,que consiste no convite de pes-

soas próximas ao participantepara avaliá-lo, dando a ele, as-sim, uma visão mais abrangentede quais são suas habilidades.

Na visão de Cordeiro, o conhe-cimento sobre as principais habi-lidades pode ajudar tanto no as-

pecto das escolhas profissionaisquanto na elaboração do currícu-lo, mas sobretudo pode ser útilno momento da entrevista deemprego.

“Ao ser questionado, o profis-sional que conhece sobre suas

competências vai saber respon-der com mais propriedade a res-peito dos seus pontos fortes etambém a reconhecer quais sãoos pontos a melhorar”, diz o es-pecialista.

“Sabendo quais são as suascompetências será mais fácillembrar exemplos de ocasiõesonde elas se manifestaram e fo-ram relevantes.”

Ele destaca também que tal co-nhecimento pode guiar o profis-sional sobre que tipo de empresae que tipo de trabalho ele vai bus-car. “O profissional ao ler a des-crição de uma vaga vai poder vi-sualizar quais competências elepossui e verificar se elas batemcom as que são necessárias na-quela função. E vai poder avaliarem que nível ele vai poder aplicá-las. Isso pode prevenir frustra-ções, como o profissional ingres-sar em uma função onde não uti-liza nem desenvolve suas princi-pais habilidades .”/L.C.

● Conhecer suas competênciaspode ajudar também na hora deelaborar o currículo para buscaruma vaga, diz o presidente daLens& Minarelli, José AugustoMinarelli. “O currículo convencio-nal é histórico, biográfico, contao que o profissional já fez e nãonecessariamente o que ele podevir a realizar.”

Segundo ele, após fazer uma

avaliação é interessante elaboraro documento baseando-se nascompetências em vez de priori-zar a lista de empresas pela qualpassou e cargos que ocupou.

“Faça uma síntese que de-monstre quais são suas compe-tências e o que elas permitemque você faça, em diferentes con-textos. É uma autodescrição deconveniência”, afirma Minarelli.

Segundo ele, a orientação ser-ve, principalmente, para quemdeseja concorrer a cargos emáreas que nunca atuou anterior-mente. “Os processos seletivosas empresas procuram no passa-

do, ou seja, no histórico, garan-tias de que o profissional podefazer o mesmo no presente. Nocaso de quem quer mudar deárea, expor primeiramente ascompetências pode ajudar o re-crutador a identificá-lo como al-guém com potencial para ocuparo posto, mesmo sem ter ocupadoo mesmo cargo em uma outraorganização”.

Em resumo, para Minarelli,organizar o currículo desta formaamplia as possibilidades para oprofissional que procura empre-go, deixando-o menos preso aopassado./L.C.

Site oferece avaliações gratuitase mira popularizar o processo

● Liste seus pontos fortesPergunte-se sobre quais sãosuas competências. Em seguidaescreva-as em um papel para termais clareza de quais são seuspontos mais marcantes. Especia-lista recomenda nesta etapa nãose limitar às competências liga-das ao trabalho, mas expandiressa análise para além dos mu-ros das organizações, conside-rando também habilidades de-sempenhadas de forma ‘amado-ra’. Elas podem ser transferidaspara a organização.

● Peça ajuda a amigosConvide pelo menos três profis-sionais que o conhecem profun-damente para o avaliar da mes-ma forma, listando o que elesenxergam como suas principaiscompetências. É a chamada ava-liação 360 graus.

● Tenha foco no que é bomNo lugar de gastar energia ten-tando melhorar em habilidadesque não possui, especialistas re-comendam que o profissionalgaste mais tempo desenvolven-do-se nas habilidades que consta-tou ser melhor.

Saiba comoconhecersuas reaiscompetênciasVoltar-se para si ajuda no autoconhecimentoe pode até dar um novo rumo à carreira

MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO

NILTON FUKUDA/ESTADÃO

REPRODUÇÃO

Mudança. Avaliação ajudou Jorge Lerena a ‘descobrir’ habilidades que não sabia ter, o que lhe permitiu aproveitar oportunidades em outras áreas de atuação

Autoconhecimentotambém ajuda amontar currículo

Surpresa. Raquel descobriu que era vista por colegas de forma diferente da qual se imaginava

Análise.Ferramentacompararesultadocomranking domercado

Ferramenta lançada hátrês meses permite queprofissionais conheçamsuas habilidades e façamavaliação 360 graus

AUTOAVALIAÇÃO

Leandro Costa

Descobrir quais eram suas prin-cipais competências foi o pontode partida para uma mudança derumo na carreira de Jorge Lere-na, hoje gestor de programas dequalidade de vida no trabalho.

Após atuar por vinte anos co-mo analista de sistemas, ele sen-tia vontade de explorar outraspossibilidades profissionais. Po-rém, não conseguia enxergar cla-ramente quais seriam elas.

A saída então, segundo ele, foibuscar o autoconhecimento, per-guntando a si mesmo – e tam-bém àqueles que o conheciambem – quais eram suas principaiscompetências. Ou seja, as habili-dades que ele possuía e que pode-riam ser utilizadas em outroscontextos.

“Foi um processo que me for-taleceu e me deu novo ânimo. Ha-bilidades que estavam escondi-das ficaram evidentes e passei ame ver capaz de desenvolver ou-tras atividades”, relata Lerena.

O processo ao qual o gestor serefere é a avaliação de competên-cias, que permite, em muitos ca-sos, que o profissional, amplie os

horizontes de atuação.“Ao sair do emprego, ou de-

pois de ficar muito tempo namesma função, a pessoa pensaque só é capaz de fazer aquilo. Éuma reação emocional quando apercepção de si mesmo está liga-da às experiências passadas enão às competências que pos-sui”, diz o presidente da Lens &Minarelli, José Augusto Minarel-li. “Mas alguém que gerenciou

uma fábrica de cigarros pode fa-zer o mesmo se o produto for fari-nha, macarrão, chocolate. Trata-se de alguém com a capacidadede planejar, coordenar qualquerprocesso de fabricação contí-nua”, exemplifica.

Segundo Minarelli, essas ava-liações são feitas geralmente emprocessos de coaching ou de re-colocação, mas o especialista dizque também é possível fazê-la in-

dividualmente.Para isso, a proposta dos espe-

cialistas é estar sempre se ava-liando, ficar de olho em si mes-mo. O primeiro passo, diz Mina-relli, é perguntar a si mesmoquais são suas principais habili-dades e elenca-las em um papel.“Colocá-las em um documentoé importante, pois ajuda a expli-citar quais competências são asmais desenvolvidas”, afirma.

Nesta etapa, ele recomendaque a autoanálise vá além das ati-vidades desempenhadas no tra-balho. “Há muitas atividadesque realizamos de forma amado-ra e que podem ser transferidaspara dentro de uma empresa. En-tão, elas devem ser incluídas nascompetências”, diz Minarelli.

“Ponha no papel tudo aquiloque você faz e que lhe faz sentirbem, atividades que você realizapor horas sem perceber o tempopassar”, adiciona o sócio-funda-dor da Alliance Coaching, PabloAversa.

Feito esse inventário o próxi-mo passo é pedir para que pelomenos três pessoas que o conhe-çam bem do ponto de vista pro-fissional façam o mesmo, indi-cando que competências enxer-gam em você. Surpresas, porém,costumam ocorrer após essa se-gunda fase, pois a visão dos ou-tros comumente é diferente daanálise feita de si mesmo, ressal-ta Aversa. “A visão dos outros arespeito de você pode dar indí-cios de que há barreias que po-dem representar limitações nacarreira”, diz.

Foi o que ocorreu com a em-

presária Raquel Marques. Elaconta que após uma avaliação decinco competências que ela jul-gava fortes em seu perfil, apenasuma coincidiu com as apontadaspelas pessoas próximas que aavaliaram. “Fui avaliada comosendo alguém flexível e orienta-da para clientes, característicasque eu não enxergava em mim eàs quais vou tentar desenvolvermais. Afinal, preciso me focar noque sou realmente e não no queeu achava que era, ou no que gos-taria de ser.”

A postura de Raquel diante doresultado é justamente a reco-mendada por Aversa e Minarelli.Segundo eles, ao saber das princi-pais competências, o profissio-nal deve tentar desenvolvê-lasainda mais e tentar gastar menostempo na busca por adquirir ha-bilidades que não possui, ou quepossui em baixos níveis.

“Tenho concentrado esforçosnaquilo que sei que faço bem, co-mo relacionamento com cliente.Não sofro mais com atividadesmais metódicas. Tento delegá-las a quem faça melhor. Assim,acredito que vá conseguir utili-zar o que realmente é o meu ta-lento”, relata Raquel, que hojeatua na área de marketing.

Para Aversa, as avaliações decompetência são importantesem diversos momentos da vidaprofissional. “Muitas vezes as de-cisões da vida são tomadas no pi-loto automático. As pessoas ini-ciam a carreira tomando esco-lhas que não necessariamentesão delas, por pressão dos pais,da sociedade. Então, conheceras próprias competências é im-portante. Elas servem como bús-sola”, diz Aversa.

Ele relata diversos casos depessoas que ocupam altos car-gos, com bons salários, mas quevivem angustiados sem saber oporquê. “O profissional faz algoque é reconhecido, ganha bem,mas não é feliz. Porque faz algoque até é competente fazendo.Mas não é algo que traz realiza-ção. Faz porque foi levado pelascircunstâncias.”

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DOMINGO, 6 DE JANEIRO DE 2013 Empregos 3