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Direito da Informática

A regulação dos serviços da sociedade da informação - o comércio electrónico

Pedro Dias, nº 557

Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa

Novembro 2005

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A era do cyberespaço

A sociedade pós-industrial ou sociedade da

informação: a informação e a comunicação como

principais recursos estratégicos da sociedade do

final do século XX.

Repercussões nos planos económico-

empresarial, social, político...jurídico!

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A era do cyberespaço

Duas fases:

• Era da informática;

• Era do cyberespaço.

Diferentes tipos de angústias.

O comércio electrónico: o comércio na era

do cyberespaço.

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A Internet: rede de comunicação ou cybermercado?

As origens: comunidade de cientistas e de

entidades com capacidades informáticas.

A “democratização”: world-wide web –

www (1993)

A Internet como plataforma de encontro

Universal – Global Village.

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A Internet: rede de comunicação ou cybermercado?

A Internet na vida quotidiana de muitos

milhões de pessoas por todo o Mundo.

O interesse das empresas.

A Internet, um mercado à escala

planetária!

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O comércio electrónico

A relação entre o comércio e as novas

tecnologias é antiga.

Grande novidade: as empresas têm a

possibilidade de desenvolver a sua

actividade comercial, exclusivamente,

num suporte tecnológico.

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O comércio electrónico

Serviços da sociedade da informação:

serviços prestados à distância, por via

electrónica, no âmbito de uma actividade

económica, na sequência de pedido

individual do destinatário (art.3º, nº1 D.L.

nº7/2004 e art.4º da directiva).

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O comércio electrónico

Os receios dos consumidores.

Os receios das autoridades.

Os apelos à regulação.

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A regulação

O debate sobre a regulação da

Internet:

• Auto-regulação;

• Hetero-regulação;

• Co-regulação.

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A regulação

Tendência comunitária para funcionalizar a

regulação à construção do mercado comum.

O art.94º TCE.

As directivas relativas à protecção de dados

pessoais, à assinatura electrónica e...ao

comércio electrónico.

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A directiva 2000/31/CE

Directiva 2000/31/CE do Parlamento

Europeu e do Conselho de 8 de Junho de

2000, relativa a certos aspectos legais da

sociedade da informação, em especial do

comércio electrónico, no mercado interno

(directiva do comércio electrónico).

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A directiva 2000/31/CE

Objectivo principal: contribuir para o

correcto funcionamento do mercado

interno (art.14º, nº2 TCE /

considerando 1 e art.1º, nº1 da

directiva).

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A directiva 2000/31/CE

Outros objectivos:

• Criação de emprego, crescimento económico,

estímulo ao investimento em inovação e no

reforço da competitividade (considerando 2);

• Segurança jurídica e confiança do consumidor

(considerando 7).

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A directiva 2000/31/CE

Directiva de minimis.

Aspectos relevantes:

• Estabelecimento dos prestadores de serviços;

• Comunicações comerciais;

• Contratos electrónicos;

• Responsabilidade dos intermediários;

• Códigos de conduta;

• Resolução extrajudicial de litígios;

• Acções judiciais;

• Cooperação entre Estados-Membros.

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Aspectos gerais

Transpôs para a ordem jurídica

nacional a directiva sobre comércio

electrónico.

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Âmbito de aplicação

Âmbito de aplicação objectivo

Não são objecto de regulação (art.2º / art.1º, nº5 da directiva):

• A matéria fiscal;

• A disciplina da concorrência;

• O tratamento dos dados pessoais e da protecção da privacidade;

• O patrocínio judiciário;

• Os jogos de fortuna;

• As actividades de natureza pública (que impliquem fé pública ou que

sejam manifestações de poder público).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Âmbito de aplicação

Âmbito de aplicação territorial

Lei nacional aplica-se a todos os prestadores de serviços

da sociedade da informação estabelecidos em Portugal,

mesmo relativamente a serviços prestados noutro Estado-

Membro (art.4º, nº1).

Prevalência de um critério material (“estabelecimento

efectivo”) sobre um critério formal (“sede”) – art.4º, nº2)

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro - Princípios

Princípio da livre prestação de serviços:

os Estados-Membros não podem impor

restrições à livre prestação de serviços da

sociedade da informação no espaço

comunitário (art.5, nº2 / art.3º, nº2 da

directiva).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro - Princípios

O princípio da livre prestação de serviços admite

derrogações quando determinado serviço proveniente de

outro Estado-Membro lese ou ameace seriamente (art.7º,

nº1 / art.3º, nº4 da directiva):

• A dignidade humana ou a ordem pública;

• A saúde pública;

• A segurança pública;

• Os consumidores.

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Princípios

A adopção deste tipo de medidas deve ser

antecedida de solicitação ao Estado-Membro em

causa que ponha cobro à situação e, caso não

seja suficiente, de notificação dessa intenção à

comissão (art.7º, nº2 / art.3º, nº4 da directiva).

As medidas devem ser adequadas a afastar a

lesão ou ameaça e proporcionais a esse fim

(art.7º, nº4).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro - Princípios

Princípio da liberdade de exercício: o

exercício da actividade comercial pelos

prestadores de serviços da sociedade da

informação não depende de prévia

autorização ou de requisitos com efeito

equivalente (art.3º, nº3 / art.4º da

directiva).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro - Princípios

Princípio da maior protecção do consumidor: o

regime contido no diploma não prejudica a

aplicação das normas compatíveis relativas à

contratação à distância (D.L. nº 143/2001 de 26

de Abril), nem o nível de protecção conferido aos

consumidores e investidores pela legislação

nacional (art.3º, nº5).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Prestadores de serviços

Os prestadores de serviços da sociedade da

informação devem disponibilizar

permanentemente em linha as seguintes

informações (art.10º, nº1):

• Nome ou denominação social;

• Endereço geográfico e electrónico;

• Inscrição em registos públicos e respectivos números;

• Número de identificação fiscal.

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Prestadores de serviços

Prestador intermediário de serviços:

“entidade que exerce actividades de

intermediação em relação aos serviços

que circulam na rede, facilitando a

prestação e a recepção desses serviços” –

Luís Menezes Leitão).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Prestadores de serviços

Os prestadores intermediários de serviços em

rede que pretendam exercer a sua actividade de

modo estável em Portugal devem inscrever-se

junto da entidade de supervisão central (art.4º,

nº4).

? A entidade de supervisão central, responsável

pela efectiva aplicação deste regime em

Portugal, é a ICP-ANACOM (art.35º).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Comunicações publicitárias

Comunicação publicitária ou comercial: “todas as

formas de comunicação destinadas a promover,

directa ou indirectamente, mercadorias, serviços

ou a imagem de uma empresa, organização ou

pessoa que exerça uma profissão regulamentada

ou uma actividade de comércio, indústria ou

artesanato.”

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Comunicações publicitárias

As mensagens publicitárias devem conter

(art.21º / art.6º da directiva):

• A indicação da sua natureza publicitária;

• A identificação do anunciante;

• A identificação clara dos concursos ou jogos

promocionais e das condições para neles

participar.

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Comunicações publicitárias

Comunicações não solicitadas (art.22º / art.7º da

directiva): o envio de mensagens, por via

electrónica, para fins de marketing directo, sem

solicitação do destinatário, depende do seu

prévio consentimento (art.22º, nº1).

O destinatário tem sempre a faculdade de

recusar futuras comunicações (art.22º, nº6).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Contratação electrónica

O diploma é aplicável a todos os

contratos celebrados por via

electrónica ou informática, sejam ou

não qualificáveis como comerciais

(art.24º).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Contratação electrónica

Princípio da liberdade de celebração:

• Formulação positiva (art.25º, nº1): é livre a

celebração de contratos por via electrónica;

• Formulação negativa (art.25º, nº4): são

proibidas as cláusulas contratuais gerais que

imponham a celebração por via electrónica

dos contratos com os consumidores.

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Contratação electrónica

Requisitos formais – Duas dúvidas:

• Forma legal escrita (art.26º, nº1 / art.3º, nº1 D.L. nº

290-D/99): suporte que ofereça as mesmas garantias

de fidedignidade, inteligibilidade e conservação;

• Assinatura: remissão para o regime jurídico dos

documentos electrónicos e da assinatura electrónica

(D.L. Nº290-D/99 de 2 de Agosto).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Contratação electrónica

Formação do contrato – Dois artigos

fundamentais:

• Art.29º

• Art.32º

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Contratação electrónica

Art.29º - quatro declarações:

• Mensagem genérica do fornecedor;

• Ordem de encomenda;

• Aviso de recepção;

• Confirmação.

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Contratação electrónica

Art.32º - formação dos contratos por

aceitação da proposta (modelo

tradicional)

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Contratação electrónica

Que regime aplicar?

Solução possível:

• Mensagem genérica do fornecedor – proposta;

• Ordem de encomenda – aceitação;

Formação do contrato

• Aviso de recepção – formalidade ad probationem;

• Confirmação – condição de eficácia.

36

Caso concreto

37

Caso concreto

38

Caso concreto

39

Caso concreto

40

Caso concreto

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Contratação electrónica

As cláusulas contratuais gerais

inseridas em contratos electrónicos

seguem o regime geral contido no

Decreto-Lei nº 249/99 de 7 de Julho.

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Responsabilidade dos prestadores de serviços em rede

Princípio da equiparação : a

responsabilidade dos prestadores de

serviços em rede está, em regra,

sujeita ao regime comum (art.11º).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Responsabilidade dos prestadores de serviços em rede

Não recai sobre os prestadores intermediários de

serviços em rede um dever geral de vigilância

sobre as informações que transmitam ou

armazenem ou de investigação de eventuais

ilícitos praticados no seu âmbito (art’s 12º, 14º e

15º / art.15º da directiva).

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Decreto-Lei nº7/2004 de 7 de Janeiro – Responsabilidade dos prestadores de serviços em rede

O prestador intermediário de serviços de

armazenagem em servidor (apenas) é

responsável pela informação que armazena se

tiver conhecimento de actividade ou informação

cuja ilicitude for manifesta e não retirar ou

impossibilitar o acesso a essa informação

(art.16º).

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Bibliografia

Ferreira de Almeida, Carlos (2003), “Contratos I. Conceito, Fontes,

Formação”, Coimbra: Almedina

Gabinete de política legislativa e planeamento do Ministério da Justiça

(2005), “Lei do comércio electrónico anotada”, Coimbra Editora

Gonçalves, Maria Eduarda (2003), “Direito da Informação. Novos direitos

e formas de regulação na sociedade da informação”, Coimbra: Almedina

Libório Dias Pereira, Alexandre (1999), “Comércio electrónico na

sociedade da informação: da segurança técnica à confiança jurídica

Teixeira, G. (coord.) (2001), “O comércio electrónico. Estudos Jurídico-

Económicos”, Coimbra: Almedina

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Direito da Informática

A regulação dos serviços da sociedade da informação - o comércio electrónico

Pedro Dias, nº 557

Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa

Novembro 2005

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