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1.1. 6 CIDADE PELOTAS (RS) PAC - ANGLO – AVALIAÇÃO QUALITATIVA
(ESTUDO DE CASO)
1. ESTUDO DE CASO
O estudo de caso aqui apresentado é o PAC (Urbanização de Assentamentos
Precários), mais especificamente o loteamento Anglo localizado no município de Pelotas,
denominado neste relatório de PAC - Anglo.
A área pertence à região da Balsa, Região de Planejamento São Gonçalo, onde
está sendo desenvolvido o Programa de Extensão Vizinhança da Universidade Federal de
Pelotas e que nos permitiu uma aproximação com as lideranças comunitárias. O Programa
Vizinhança teve início no ano de 2009, promovido pelo Departamento de Extensão e
Treinamento, sob iniciativa da Faculdade de Enfermagem, sendo cadastrado junto a Pró
Reitoria de Extensão e Cultura (PREC) da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e
teve como objetivo “formal” o atendimento das necessidades da população vizinha ao
Campus Anglo da UFPEL. Entretanto o Programa se estabeleceu como uma estratégia da
Reitoria para diminuir o impacto sobre a população da região do novo campus da UFPEL.
Lideranças comunitárias do entorno manifestaram ao reitor, na época Prof. César Borges,
sua preocupação com a inserção da UFPEL no bairro. O receio era de uma expulsão
“branca” da comunidade, pelo aumento do preço dos imóveis, ou uma requalificação
urbana planejada, que não levasse em conta os moradores já estabelecidos, mas em
situação de irregularidade fundiária (MEDVEDOVSKI, 2010).
O projeto, que permanece em andamento, tem como parceria as diversas áreas de
conhecimento que compõe a comunidade acadêmica e sua estratégia é a utilização das
expertises das diversas áreas para a interação com a comunidade em temas como: a
inclusão digital da população, o ensino de ciências, resgate histórico e da memória do
bairro, educação ambiental, desenvolvimento de atividades esportivas, arte e cultura e
promoção da educação em saúde. Dentro do Programa Vizinhança, por iniciativa da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, desenvolveu-se o projeto de Requalificação
Urbana Participativa, buscando a participação da comunidade para a requalificação do
próprio espaço urbano através dos temas da pavimentação, arborização, disposição de
resíduos sólidos e edificação de limites dos terrenos privados. O estudo preliminar de
Pavimentação da Balsa foi desenvolvido para atender uma demanda da comunidade
daquela região. Demanda esta identificada através do DRUP (Diagnóstico Rápido Urbano
Participativo) e pelos líderes comunitários. Desta forma, o Projeto de Pavimentação
buscou desenvolver a qualificação e humanização do espaço urbano através da
pavimentação das vias, complementada com as demais ações de requalificação urbana.
Este projeto foi encaminhado pela UGP – Unidade Gestora de Projetos da Prefeitura
Municipal de Pelotas para obtenção de recursos do PAC Farroupilha – Extensão1.
O estudo de caso do PAC Anglo se oportunizou devido ao conhecimento prévio
da região da Balsa propiciado pelo Projeto de Requalificação Urbana da zona da Balsa
bem como pela aprovação de recurso destinada ao projeto do PAC em 4 áreas na cidade
de Pelotas (PAC Farroupilha), quando optou-se por desenvolver a pesquisa em uma das
regiões abrangidas pelo projeto, o Loteamento Anglo.
A pesquisa sobre o PAC Anglo, além de elaborar Procedimentos Metodológicos
de Avaliação de natureza quantitativa, que possam ser utilizados para o aperfeiçoamento
do PAC urbanização de Assentamentos Precários, também buscou ferramentas
metodológicas qualitativas, partindo do pressuposto teórico que a pesquisa sobre uma
parcela da cidade pré existente necessita um conhecimento da história da sua comunidade
e do processo de ocupação de seu território. Esta pesquisa busca instrumentos
metodológicos qualitativos que auxiliem a estabelecer esses conhecimentos bem como do
estabelecimento de prioridades pela população moradora em relação a sua inserção na
cidade.
1.1. Metodologia de Avaliação
Para a execução desse trabalho, primeiramente foram realizadas pesquisas
bibliográfica e exploratória sobre o tema do PAC Minha Casa Minha Vida –
Regularização de assentamentos precários, para obter um melhor conhecimento das
características do programa, seus objetivos e seu alcance.
Num segundo momento foi realizada pesquisa documental junto aos arquivos da
Unidade Gestora de Projetos – UGP da Prefeitura Municipal de Pelotas e junto aos
técnicos da Secretaria Municipal de Gestão Urbana e Mobilidade. Foram selecionadas
1 Este recurso para a pavimentação foi contemplado mas não aplicado na região da Balsa. Este fato causou uma situação de impasses nas relações entre a Universidade – Programa Vizinhança e a comunidade da Balsa. As lideranças passaram a encarar com descrédito os projetos de extensão da universidade e atribuir a essa a responsabilidade pela não aplicação dos recursos e houve uma desmobilização da comunidade. Nas reuniões mensais do Programa Vizinhança as várias representações da comunidade estavam representadas, entre elas a da área denominada PAC Anglo, com a liderança e vice da comunidade. Em 2008 este parcelamento clandestino estava iniciando seu processo de regularização técnica e fundiária e a comunidade estava muito mobilizada, o que possibilitou a aproximação da equipe de pesquisa com a
mesma.
informações sobre o programa, a forma de atuação da prefeitura nas comunidades
selecionadas, a forma de condução do projeto arquitetônico e urbano em uma área
consolidada do município e, também, o volume de recursos destinados ao projeto.
Após esta etapa, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica no acervo do Núcleo
de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo integrante da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas para obter conhecimento sobre as
informações já existentes sobre o local e sobre outras intervenções semelhantes realizadas
em outras áreas da cidade.
Para conhecer o ponto de vista das pessoas diretamente envolvidas neste projeto,
foram realizadas entrevistas com informantes qualificados, como o líder comunitário do
local, Pedro Ferraz e com ex-funcionários da hoje extinta Secretaria de Habitação e
Cooperativismo.
Para realizar uma comparação do projeto do PAC Anglo com outros projetos
semelhantes de outras regiões do país, foi realizada pesquisa documental em sites da
internet relacionada aos movimentos populares por moradia.
Buscando um contato maior com a comunidade e reforçando opiniões diversas
sobre o andamento do projeto no dia 25 de junho de 2013 foi aplicado o Diagnóstico
Rápido Urbano Participativo junto a comunidade residente.
A pesquisa de caracterização e avaliação do PAC em Pelotas foi desenvolvida
através dos seguintes instrumentos metodológicos:
Levantamento do histórico da ocupação e da implementação da política
Foi efetuada a organização de dados secundários e de dados obtidos através de
entrevistas com os atores do processo de requalificação e regularização sob a forma de
“linha de tempo”, elencando os episódios marcantes no desenrolar da política do PAC
Anglo e identificando sua fonte de informação: a comunidade ou os “agentes públicos”.
Inicialmente, através de dados secundários coletados junto a Secretaria de Gestão e
Mobilidade Urbana e dos relatórios anuais do PAC.
a. PAC em Pelotas
b. PAC Anglo
Levantamento de dados sócio demográficos da região onde se insere o PAC Anglo
Utilização dos dados da ferramenta “Painel do Censo” do Censo do IBGE de
2010 para a caracterização de domicílios e moradores do empreendimento, da região de
inserção e do município. Objetiva o auto reconhecimento da comunidade através de dados
quantitativos disponíveis on line no site do IBGE. Em regiões em que não existem dados
cadastrais da população a ser atendida, pode dar uma primeira aproximação com a
realidade. No caso analisado foi comparado com os dados provenientes do primeiro
cadastro da comunidade a ser beneficiada com os recursos do PAC Anglo.
Análise da Inserção urbana
Utilização de dados cadastrais disponíveis na Prefeitura Municipal de Pelotas
para avaliação da presença e disponibilidade de serviços e equipamentos urbanos.
1. LEVANTAMENTO DO HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO E DA
IMPLEMENTAÇÃO DA POLITICA
1.1. Introdução histórica do estudo de caso
Reconstruir o histórico desta política pública - o PAC MCMV - na área que
compreende o loteamento Anglo, tomando-o como estudo de caso para melhor entender
e avaliar as novas políticas governamentais de redução do déficit habitacional.
Para que esses processos se concretizem, o grupo de pesquisa precisa conhecer
em profundidade a história dessa área e da população moradora.
Inicia com a história da ocupação da região da Balsa e do PAC Anglo.
1.2. Origens da ocupação da Região da Balsa
Historicamente o município de Pelotas destaca-se pela produção do charque que
teve papel importante para a economia e desenvolvimento da cidade. Durante o século
XIX, charqueadores portugueses instalaram-se na região ao longo do arroio Pelotas,
próximo ao canal São Gonçalo, dando origem à população que demarcou o início do
município.
A área do loteamento Anglo está inserida nesta região, onde estava localizada a
charqueada de José Gonçalves da Silveira Calheca, que mais tarde foi herdada por
Antônio Ferreira Vianna, genro de Calheca. (Biblioteca pública de Pelotas, RPTMP, p.
93, 144 apud GUTIERREZ, 2001).
Este terreno sofreu desmembramentos ao longo dos anos e parte dele foi vendida
pela família Ferreira Vianna à Prefeitura. Nesta área se estabeleceu o galpão do Asseio
Público da municipalidade e se efetuaram obras de aterro do banhado para acesso a balsa
que dava acesso ao município de Rio Grande. Mais tarde, em 1957, foi fundada, no
mesmo local, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Ferreira Vianna, na Rua João
Thomas Munhoz nº 86, Bairro da Balsa, zona do Porto/Várzea em Pelotas, RS.
(SANTOS, 2002).
Os dados a seguir foram coletados pela pesquisa histórica de Jeske (1999) sobre
a atuação do Frigorífico Anglo em Pelotas no período 1940-1970, bem como através dos
relatos coletados junto aos moradores no período de 2009- 2013 pelo projeto de Extensão
Vizinhança.
Segundo a autora, o avanço do capitalismo internacional, que primava por
tecnologias e produções mais qualificadas, levou os pecuaristas gaúchos a colocarem em
prática o projeto de um frigorífico de capital nacional. Apoiados pelo Governo do Estado,
esses pecuaristas elaboraram um plano para industrializar a carne dos rebanhos gaúchos.
Pelotas foi escolhida para a realização deste projeto, e a Intendência Municipal cedeu a
área, que, outrora, havia pertencido à charqueada Moreira, à beira do canal São Gonçalo,
para a construção do frigorífico, que recebeu o nome de Companhia Frigorífica Rio
Grande.
A história da Companhia Frigorífica Rio Grande foi passageira. O grupo não
conseguiu superar as dificuldades iniciais de falta de dinheiro e em 1921, a Companhia
Frigorífica Rio Grande foi vendida para a Companhia Lancashire General Investiment
Trust Limited, de propriedade do grupo britânico Vestey Brothers. Em novembro do
mesmo ano começa a operar então, o Frigorifico Anglo de Pelotas. Após adquirir as
instalações da mal sucedida Cia. Frigorífico Rio Grande, o grupo pouco utilizou a
unidade, desenvolvendo atividades de abate apenas na safra de 1921. Nos próximos três
anos, o abate foi inviabilizado pela guerra civil. Em 1926 o frigorífico é fechado e só
retoma suas atividades 17 anos depois, dentro de um contexto criado pela Segunda Guerra
Mundial. Em dezembro de 1943, após passar por algumas obras, são inauguradas as novas
instalações do Frigorífico Anglo. A reinauguração do Frigorífico representou, para os
trabalhadores pelotenses, sobretudo, a possibilidade de emprego regular. No auge da
“safra” atuavam até 4000 trabalhadores, sendo 1500 de forma permanente.
Os primeiros moradores da região Balsa eram empregados da prefeitura, muitos
dos quais trabalhavam junto aos serviços públicos urbanos (Asseio Público) e construíram
a via de acesso para a travessia por balsa para o município de Rio Grande, fato que deu
origem ao nome do bairro Balsa. As primeiras e poucas unidades habitacionais
aproveitaram as bordas do aterro, conquistando paulatinamente o banhado com novos
aterros. Com a vinda do frigorífico Anglo, este perfil se modifica aumentando o número
de moradores, estimado por Jeske entre 800 e 1200, cerca de 80% empregados do Anglo.
Segundo Jeske (1999, p.85):
“Pode-se inferir que a maioria dos moradores do Bairro da Balsa fixaram residência naquele local em função do emprego, que, nas décadas de 50-60, era oferecido,
basicamente, pelo Frigorífico Anglo, com menor participação do Porto de Pelotas e
de outras indústrias que funcionavam próximas àquela área. Esses moradores eram
oriundos ou da zona colonial da cidade, ou das regiões próximas a ela, como Canguçu, Piratini, Jaguarão, Arroio Grande”.
Apesar do interesse de ocupação da área próxima ao frigorífico por parte dos
trabalhadores, foi possível notar certo descaso da grande indústria com a formação do
Bairro da Balsa. O Anglo construiu apenas quatro ou seis casas, para abrigar operários
qualificados que vieram de outras localidades trabalhar, diferente da atuação de outras
empresas inglesas que construíram alojamentos para seus empregados junto às fábricas,
sob a forma de vilas operárias A justificativa para tal fato é de que já existia mão-de-obra
com experiência em abate oriunda das charqueadas e que moravam na periferia da cidade,
próximos ao empreendimento, não precisando portanto, investir em unidades
habitacionais para atrair e fixar os operários.
Muitos trabalhadores eram naturais de Pelotas e iam residir no Bairro da Balsa
para ficarem mais próximo ao local de trabalho; porém a grande maioria era de fora
cidade, das cidades próximas d, trabalhando inicialmente como “safristas” (períodos
determinados) tendo se mudado para a cidade quando se efetivaram no Frigorífico.
Com o auxílio ocasional de administradores municipais, os trabalhadores foram
demarcando suas posses, aterrando o banhado e ocupando o território no entorno do
Frigorífico e da Rua Tiradentes, que dava acesso à Balsa.
Segundo Jeske (1999, p.87):
Após a ocupação do espaço e a construção de suas moradias, os trabalhadores enfrentaram a falta de água potável, de esgotos, de energia elétrica e transporte
coletivo, entre outros. Iniciaram de forma coletiva as negociações junto ao poder
publico e as concessionárias dos serviços pela solução desses problemas. Para
resolverem a falta de água potável e energia elétrica, os moradores da Rua Paulo Guilayn criaram a Associação dos Amigos da Balsa, em 1969. Essa associação
evoluiu, promovendo a organização dos moradores e possibilitando sua atuação nas
áreas social, médica e de lazer...”.
Esta história de luta pelas suas condições de sobrevivência e inserção urbana da
população da Balsa certamente foi a origem da luta pela ocupação e melhoria da área do
PAC Anglo desenvolvida pelos seus descendentes. Na narrativa desta busca pela
observância de seus direitos aos serviços básicos de água potável e energia elétrica, os
moradores destacam que a “...sua organização trouxe resultados que ultrapassaram os
limites das reivindicações, tendo a Associação de Moradores passado também, a atuar na
área do lazer e da saúde para os seus sócios.” (JESKE,1999,90).
1.3. A Ocupação Anglo
A gleba de terras onde atualmente se encontram as 150 famílias do PAC Anglo
era parte do patrimônio do Frigorifico Anglo. Era usada pelo mesmo como “piquete” para
o gado a ser abatido, ou seja, ali chegava o gado proveniente e era selecionado segundo
suas condições sanitárias para ser encaminhado ao frigorífico. Uma “casa de passagem”,
hoje sede da Associação de Moradores, foi edificada e os animais condenados eram
sacrificados para aproveitamento de sebos e ossos.
Com as mudanças tecnológicas na produção e armazenamento da carne e com a
instalação de diversos frigoríficos nacionais, as empresas começaram a fechar suas portas.
O Frigorífico Anglo encerrou suas atividades em 1991, após a tentativa de diversificação
para frutas e verduras enlatadas. No ano de 1993 o Grupo Vestey Brothers vende todos
seus frigoríficos no país. (MICHELON, 2012, 127). Inicia-se um período de decadência
da zona portuária, com o fechamento da maior parte das empresas ligadas a cadeia
produtiva de produtos alimentícios, com redução significativa na oferta de empregos e o
empobrecimento da população e diminuição de sua qualidade de vida.
A ocupação desta área começou no final da década de 90, coincidindo com o
fechamento do Frigorífico, sendo os moradores inicialmente filhos e netos dos seus
antigos funcionários, muitos dos quais aguardando na justiça o pagamento de
indenizações pelas demissões ocorrida na época da falência do mesmo.
Em janeiro de 2007 o governo federal dá início o Programa de Aceleração do
Crescimento – PAC. O período que se desenvolve entre a ocupação do terreno, bem como
o que se segue após a implementação do PAC Farroupilha é detalhado através de uma
linha do tempo. Esta estratégia de desdobrar os fatos pregressos e os do processo de
implementação da política municipal busca atender ao objetivo enunciado de “analisar
criticamente as dimensões relativas ao processo, produto habitacional e impacto nas
condições de vida e no ambiente urbano de empreendimentos do PMCMV e do PAC”.
1.4. O Contexto do Surgimento do PAC
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi criado em 28 de janeiro
de 2007 no segundo mandato do presidente Lula (2007-2010) com o objetivo de retomar
o planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e
energética do país, visando a aceleração do seu desenvolvimento de uma forma
sustentável. Este conjunto de políticas econômicas planejadas para os quatro anos
seguintes previu investimentos totais de R$ 503,9 bilhões de reais.
A estrutura do programa se dividiu em cinco blocos:
Infraestrutura social, como habitação, saneamento e transporte em massa;
Medidas para estimular crédito e financiamento;
Melhoria do marco regulatório na área ambiental;
Desoneração tributária;
Medidas fiscais de longo prazo.
Em 29 de março de 2010, o PAC entrou na sua segunda fase (PAC 2), com o
mesmo pensamento estratégico. No entanto, mais recursos foram reservados para o
programa (uma previsão de R$ 1,59 trilhão de reais) e mais parcerias com estados e
municípios foram fechadas para a execução de obras estruturantes objetivando melhorar
a qualidade de vida nas cidades brasileiras.
Nesta etapa, o programa foi dividido em seis áreas de investimento e com as
seguintes finalidades:
PAC Cidade Melhor: enfrentar os principais desafios dos grandes centros urbanos para
melhorar a qualidade de vida das pessoas;
PAC Comunidade Cidadã: aumentar a oferta de serviços básicos à população de bairros
populares e garantir a presença do Estado;
PAC Minha Casa, Minha Vida: reduzir o déficit habitacional, dinamizar o setor de
construção civil e gerar trabalho e renda;
PAC Água e Luz para Todos: universalizar o acesso à água e à energia elétrica no país;
PAC Transportes: consolidar e ampliar a rede logística, interligando diversos modais
(rodoviário, ferroviário e hidroviário) para garantir qualidade e segurança;
PAC Energia: garantir a segurança do suprimento a partir de uma matriz energética
baseada em fontes renováveis e limpas. Desenvolver as descobertas no Pré-Sal,
ampliando a produção de petróleo no país.
1.5. O PAC em Pelotas
Por critérios do diagnóstico do PLHIS - Plano de Habitação de Interesse Social,
apresentado em abril de 2013, o déficit habitacional de Pelotas foi definido com de 13.598
unidades habitacionais. A cidade possui 113 mil residências cadastradas no IPTU e seu
déficit habitacional é de 11,93%, índice considerado alto em comparação às cidades do
mesmo porte e que apresentam em média 6% de carência.
A assessoria técnica também identificou que Pelotas apresenta uma
característica diferente das demais cidades de mesmo porte: ao contrário da urgência da
construção de novas moradias está a necessidade de se melhorar as já existentes. Este fato
é revelado pelo número elevado de moradias consideradas inapropriadas incluídas no
total de carência habitacional, seja pela falta de regularização fundiária, seja pelas
precárias condições de infraestrutura.
O relatório do PLHIS ainda aponta que, ao contrário de outros municípios de seu
porte, Pelotas apresenta grande quantidade de coabitações e de famílias que
comprometem mais de 30% de sua renda em aluguéis, problema característico de grandes
metrópoles. Do somatório total do déficit de 11, 93%, o déficit de coabitação corresponde
a 5,91% e o ônus de aluguel significa 5,03%. Ainda, foram identificados 159 loteamentos
considerados assentamentos precários, mostrando uma relação de interação entre as
carências habitacionais e o conflito com o meio ambiente.
Dentre esses assentamentos precários o poder público municipal elegeu, por
situação de risco ambiental e precariedade das habitações 4 áreas, contemplando 1714
famílias com infraestrutura urbana, regularização fundiária e parte delas com novas
unidades habitacionais.
O município de Pelotas recebeu dois investimentos do PAC no setor da habitação
classificados como Urbanização de Assentamentos Precários. O primeiro denominou-se
PAC Farroupilha (Ver Quadro 1), abrangendo as áreas Vila Farroupilha e loteamentos
Ceval, Osório e Anglo e teve investimento previsto de R$22.471.745,86 (dados de 2014).
O órgão responsável pelos recursos é o Ministério das Cidades e o executor, o próprio
município, através da Secretaria de Habitação. O segundo tornou-se um investimento
complementar, denominado PAC Farroupilha- Extensão, com as mesmas características,
abrangendo as mesmas áreas além de investimento aproximado de R$8.704.595,02.
Quadro 1- Dados sobre os empreendimentos do PAC Farroupilha.
Empreendimento Construtora(s) Linha de Financiamento
Público Alvo Total de Unidades
Valor Global de Vendas
Data da Contratação
PAC Farroupilha EGEL Empresa Gaúcha de Estrada Ltda., BKI Engenharia Ltda.
Governo Federal + Município
População Alocada em Áreas de Risco
175 + 90 14.009.049,00 Setembro de 2007
PAC Anglo
ACPO Ltda., Quality Serviços de Engenharia Ltda., AVS Construções Ltda.
Governo Federal + Município
População Alocada em Áreas de Risco
90 + 20 3.175.208,03 Setembro de 2007
PAC Osório CPC Construtora Ltda., Loki Engenharia Ltda.
Governo Federal + Município
População Alocada em Áreas de Risco
79 1.083.102,43 Setembro de 2007
PAC Ceval
TBS Sul Sistemas Construtivos e Arquitetônicos Ltda., CPC Construtora Ltda., Quality Serviços de Engenharia Ltda.
Governo Federal + Município
População Alocada em Áreas de Risco
14 1.311.371,68 Setembro de 2007
Fonte: Acervo NAUrb/UFEPL, 2007
O total de unidades a serem construídas em 4 áreas foi de 468, cabendo ao PAC
Anglo 90 unidades para substituir as unidades em área de risco ou em situação precária e
mais 20 unidades para situações de precariedade (ver Quadro 1).
A informação da Secretaria de Habitação é que estas estavam localizadas em
áreas de risco, mas as entrevistas com o líder comunitário do Loteamento Anglo
mencionam uma suposta intervenção de um vereador local para a inclusão do Anglo.
Segundo entrevista com o funcionário Jorge Alves da PMPEL2, que pertencia
aos quadros da Secretaria de Habitação (SEHAB) no governo Fetter, e anteriormente à
Secretaria de Habitação e Cooperativismo – SEHAB, no governo Marroni, os recursos
do PAC Anglo tiveram origem numa demanda voltada ao Loteamento Farroupilha.
Segundo o funcionário, no ano de 2006 o governo federal publicou na home page
do Ministério das Cidades o convite para uma reunião com os prefeitos em Brasília, onde
estes apresentariam projetos para utilização de recursos não aplicados pelas prefeituras
no tema de HIS. A SEHAB comunicou ao prefeito Fetter, que compareceu a reunião
levando o projeto para a Vila Farroupilha, duramente atingida pelas cheias dos dois anos
anteriores.
Segundo Alves “O projeto fizemos correndo, de um dia para o outro e colocamos
um valor absurdo em tudo triplicamos esse valor. Deu para fazer toda a Farroupilha e
mais as outros três (Ceval, Osório e Anglo) com o valor aprovado”. Segundo Alves, a
inclusão da Vila Farroupilha se deu pelo risco das cheias, a Osório pela necessidade de
desocupar uma via pública estruturante da cidade, e na Ceval a SEHAB tinha um projeto
em curso de mutirão. O Anglo foi incluído porque a prefeitura de Pelotas estava pagando
judicialmente para a massa falida do Frigorífico Casarin a segunda e terceira parcelas do
terreno, adquirido no governo Marroni.
2 Entrevista com Jorge Alves do Departamento de Habitação da Secretaria de Gestão Urbana e Mobilidade da PMPLE
em 09/03/2015.
Os quatro projetos foram desenvolvidos sem nenhuma participação da
população residente, por funcionários da SEHAB3. “Os únicos dados que se tinha da
população era a listagem dos posseiros destas áreas”, relata. E continua: “Não foi
discutido nenhum dos projetos com os moradores. Sabemos hoje que eles são contra as
casas geminadas, mas não sabíamos na época. Só discutiram com a comunidade a
destinação do galpão do Anglo para ser o Centro Comunitário”.
Relata ainda que a comunidade do Loteamento Anglo sempre foi muito
mobilizada e que a primeira audiência pública solicitada pela mesma na Câmara de
Vereadores foi “de sensibilização”. “Até ratos mortos eles levaram na Câmara” relata.
Eu estava de férias e o Brandão (Secretário Municipal de Habitação) e a Claudia Leite
pediram meu socorro na Câmara.
Segundo Alves, com a criação da Unidade Gestora de Projetos, a SEHAB se
esvaziou, pois todos os projetos do PAC e Banco Mundial foram lá concentrados, criando
uma “supersecretaria”. Observa que a UGP só administra os projetos oriundos das
secretarias municipais, que não tem a capacidade de “criar projetos”. “Eles somente
intermediam a gestão”, e “isso é um problema para todas as secretarias, temos um poder
paralelo”, complementa.
Pelo relato deste funcionário, com larga experiência de contato com a população
de baixa renda e conhecimento de todas as áreas de risco e irregulares do município,
perdeu-se o elo que a Secretaria de Habitação tinha com esta comunidade, sua história e
suas reivindicações. Os projetos adquiriram um caráter mais “técnico”, “operacional”, na
busca de uma racionalidade administrativa.
Essa “racionalidade” de uma agência centralizada para gestão de projetos pode
ser contestada com base nos dados do RELATORIO DE FISCALIZACAO 01356.
MUNICIPIO DE PELOTAS – RS realizado pela Controladoria- Geral da União
Secretaria Federal de Controle Interno. Presidência da República. 3 / E02 Sorteio Especial
PAC – Unidades Municipais - Pelotas – RS.
Os trabalhos foram realizados no período de 11 de Março de 2009 a 24 Abril de
2009, e tiveram como objetivo “...analisar a aplicação dos recursos federais no Município
sob a responsabilidade de órgãos federais, estaduais, municipais ou entidades legalmente
habilitadas”. No pé de página de todas páginas do relatório aparecia a frase: Missão da
SFC: “Zelar pela boa e regular aplicação dos recursos públicos.”
Três foram as Ações Governamentais que foram objeto da fiscalização todas da
supervisão do Ministério das Cidades. A primeira destinava recursos para Elaboração de
Planos de Interesse Social na Região Sul (valor: R$ 58.500,00), a segunda ao Apoio a
Provisão Habitacional de Interesse Social na Região Sul (valor: R$ 1.214.529,41) que
destinou-se a retomada de obras de saneamento básico e a terceira ao Apoio a
Urbanização de Assentamentos precários (Habitar Brasil) no Estado do Rio Grande do
Sul (valor: R$ 22.281.405,20), que compreenderam as áreas Vila Farroupilha e
loteamentos Ceval, Osório e Anglo. Estas totalizavam os R$ 23.641.405,20.
A relatoria aponta diversas irregularidades: falta de titularidade das áreas onde
os recursos serão aplicados, demoras na tramitação de projetos e decisões administrativas,
3 Arquitetos Gilberto Fernandes, Claudia Leite e Eng. Civil Monica Lima.
a não realização do trabalho social junto as comunidades, irregularidade sobre preço e
obras contratadas em ritmo lento de realização. O relatório não possui nenhuma
manifestação sobre as irregularidades, nenhuma contestação, por parte da PMPEL.
A suposta “agilidade” e “racionalidade” das ações centralizadas pela UGP pode
ser contestada com base nas ações de fiscalização. Destacamos trechos do documento
que reforçam esta contestação:
Pg. 14 e 15: Item 1.2.2 CONSTATAÇÃO:
Morosidade, por parte da Prefeitura Municipal de Pelotas, na contratação do
objeto pactuado através do Contrato de Repasse n°0236592-40/2007 que tem como
objeto a "elaboração do Plano Habitacional de Interesse Social (PLHIS), no Município
de Pelotas". ( ...)
Examinando a documentação que compõe o dossiê do contrato de repasse em
pauta, verificamos que a Prefeitura Municipal de Pelotas, apesar de ter recebido
autorização para contratação dos serviços ainda no mês de março de 2008, não procedeu,
até a presente data (abril de 2009), à consecução do procedimento licitatório necessário à
sua contratação. Foi alertada pela CAIXA acerca da proximidade do término do prazo
disponível para que a contratação fosse realizada. Em resposta, a Prefeitura Municipal
limitou-se à pedir prorrogação do prazo de vigência do contrato de repasse, sem
apresentar qualquer justificativa plausível para a não contratação do objeto pactuado, no
tempo transcorrido desde liberação para a sua contratação, ainda no mês de março de
2008.
Portanto, por 11 meses, a UGP “segurou” a realização do PLHIS.
Pag. 9 e 10: Item 1.1.7 CONSTATACAO: Obras contratadas em ritmo lento de
execução.
FATO: No âmbito do Contrato de Repasse n° 0222658-33/2007/Ministério
das Cidades/Caixa, em tela, existem, até presente data, 03 (três) obras de engenharia
em andamento, a saber, 1) Centro Comunitário no Loteamento Osório, em execução
pela empresa Loki Engenharia Ltda., contratada por meio da Dispensa de Licitação n°
MEM/001604/2008, pelo valor de R$ 151.621,33; 2) Centro Comunitário no Loteamento
Ceval, em execução pela empresa Zechlinski Engenharia e Construção Ltda., contratada
por meio da Concorrência Pública CC 01/2008-SMH (Processo n° 200.007891/2008),
pelo valor global de 134.671,02; e 3) 69 unidades habitacionais no Loteamento Osório,
em execução pela empresa Pérgola Arquitetura, Construção & Restauração, contratada
por meio da Concorrência Pública CC 01/2008-PAC/SMH (Processo n°
200.010427/2008), no valor de R$ 714.482,79.
Ao analisarmos as datas da contratação das obras, as datas de liberação da
execução, e os períodos previstos para conclusão, verificamos que as três obras
apresentam atrasos em relação aos cronogramas previstos nos contratos (...) as três obras
deveriam estar concluídas na data da fiscalização da CGU (18/03 /2009), sendo que no
caso do Centro Comunitário do Loteamento Osório, o atraso estimado já alcança 200 dias
e, no caso da construção das 69 unidades habitacionais, no mesmo loteamento, a obra que
já deveria estar concluída, apresentava apenas 15,0% de execução. O centro Comunitário
da Ceval, tinha 60,0% aproximadamente da obra executada, com um atraso de 162 dias.
O tempo de obra prevista em todos os contratos era de 4 a seis meses. O que
efetivamente ocorreu nestas obras para que estes atrasos ocorressem não foi identificado
para estes casos, mas é detalhado para o PAC Anglo através de uma linha de tempo.
O PAC Anglo ocupa um terreno triangular que margeia o canal do Pepino e é
limitado em sua outra lateral pela ocupação da Balsa, área consolidada entre a década de
50 e 60 por trabalhadores do frigorifico Anglo. É limitado na base do triângulo por dois
conjuntos residenciais promovidos após a venda do patrimônio industrial para a Fundação
Simon Bolívar, da UFPEL, em áreas desmembradas da gleba original.
Ao longo do canal do Pepino está planejada uma das avenidas estruturantes da
cidade, de ligação zona norte com a zona portuária. Para sua realização é necessária a
remoção dos moradores da beira do canal.
1.6. A promoção e produção do PAC AngloIdentificar as ocorrências ao longo do
tempo do processo de planejamento e implementação do PAC Anglo foi o
método adotado para atingir ao objetivo = da pesquisa de “Analisar criticamente
as dimensões relativas ao processo, produto habitacional e impacto nas condições
de vida e no ambiente urbano de empreendimentos do PMCMV e do PAC”
(objetivo secundário b).
Para tanto foi adotado o procedimento metodológico de reunir num mesmo
painel, sob a forma de uma Linha de Tempo, todos os dados secundários coletados,
principalmente nos noticiários dos jornais locais, bem como as informações obtidas por
depoimentos dos representantes do poder público e dos representantes da comunidade.
A construção da linha de tempo ultrapassa o tempo desta pesquisa, pois está em
constante complementação e também porque o processo de qualificação urbana do
Loteamento Anglo ainda não está finalizado.
Apresentamos o recorte temporal que vai do período anterior a implementação
da política do PAC- Urbanização de Assentamentos Precários e resgata a história de
ocupação da gleba onde esse hoje se assenta e trazemos essa linha até a data de fevereiro
de 2015.
A linha de tempo é composta por cinco imagens que ampliam as cinco parcelas
em que esta foi dividida para poder fazer parte desse relatório. Suas dimensões reais são
de altura de uma folha A0 (1,1m) multiplicada por 5 vezes em seu comprimento (4,20 m).
Seu objetivo é mostrar visualmente o desenrolar do processo ao longo do tempo,
evidenciando todas as datas de eventos marcantes. O material está sendo utilizado para
dialogar com a comunidade e agentes públicos sobre a concretização do PAC Anglo.
1.7. Detalhamento da linha de tempo do PAC Anglo
Além da exposição no infográfico da linha de tempo é efetuada a descrição das
ocorrências de forma mais detalhada, identificando através da cor laranja as iniciativas da
comunidade.
1914- A Companhia de Gêneros Congelados compra da Prefeitura Municipal
de Pelotas o terreno onde sediará o Anglo.
1917- Foi constituída a Companhia Frigorífica Rio Grande.
1920- Fevereiro: Foi vendido um terreno adquirido pela Cia. Frigorífica Rio
Grande a Companhia Lancashire General Investimento Trust Limited.
1921 - Foi constituída no Rio Grande do Sul a Sociedade Autônoma The Rio
Grande Meat Company com sede em Pelotas.
1924 - A The Rio Grande Meat Company passou a determinar-se também
Frigorífico Anglo.
1932 - O Frigorífico Anglo passa por reforma nas suas instalações.
1979 - O Frigorífico Anglo encerra seus abates.
1993 - o patrimônio industrial em Pelotas do Grupo Vestey Brothers é vendido
ao Frigorifico Casarin, que após atividade reduzida, entra em falência.
1998 - Inicia a ocupação do terreno onde está localizado o Loteamento Anglo;
segundo o líder comunitário Sr. Pedro Ferraz, já era do conhecimento dessa comunidade
que o terreno pertencia a uma massa falida, o que seria a chance de terem seus imóveis,
pois havia a possibilidade da Prefeitura Municipal de Pelotas comprar ou desapropriar
esse terreno.
2001 - Início da gestão do PT em Pelotas – 2001/2004. Prefeito Fernando
Marroni. Criada a Secretaria de Habitação e Cooperativismo.
2001- 2004 - Negociação entre a comunidade do PAC Anglo e PMPEL para a
aquisição da gleba ocupada.
2004 - LEI Nº 5.044, DE 7 DE MAIO DE 2004: Autoriza o Poder Executivo
Municipal a adquirir imóvel de propriedade da massa falida do Frigorífico Casarin S.A.
É paga a primeira parcela de R$ 30.000 (trinta mil reais), de um total de R$ 90.000
(noventa mil reais).
2005 – Assume o prefeito do PPS, Bernardo Olavo Gomes de Souza.
2006- Parte da massa falida do Casarin é adquirida pela Fundação Simon
Bolívar, ligada a Universidade Federal de Pelotas4. Esta instala sua reitoria em 2009, bem
como a Biblioteca Central e diversos cursos.
2006 - Assume o vice prefeito Antônio Fetter – 2006/2008 e 2009/2012.
2006– Negociações entre PMPEL e comunidade com apoio de vereador para
inclusão da Ocupação Anglo nos projetos de solicitação de recursos do PAC Farroupilha.
Pagamento do restante do valor do terreno à massa falida do Frigorífico Casarin.
4 Em 2006, a Fundação Simon Bolivar adquiriu fração da área de 122.582,00 m2 (cento e vinte e dois mil e quinhentos e oitenta e dois metros quadrados) em leilão judicial realizado no processo falimentar do Frigorífico Casarin Ltda., constituído do terreno e das construções do antigo frigorífico. O valor da aquisição foi de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais). Uma fração de 20.569,38 m2 da matrícula no 65.975 foi doada à UFPEL. No local, a UFPEL viria a erguer os prédios do Campus Porto - Bloco A: onde funciona a Reitoria; Bloco B: onde funcionam diversas unidades acadêmicas e a Biblioteca do Campus. CGU - RELATORIO DE DEMANDAS EXTERNAS Número:
00190.015177/2012-62(2012)
Aquisição de nova parcela de terreno à massa falida para viabilizar a urbanização com
permanência da população original.
2007 – UGP – Unidade Gestora de Projetos da Prefeitura Municipal de Pelotas
encaminha ao Ministério das Cidades suas propostas para fim de seleção para o PAC
Farroupilha, abrangendo as áreas da Vila Farroupilha e loteamentos Ceval, Osório e
Anglo.
2008 - Março - O Ministério das Cidades, por meio de fax enviado à Secretaria
Municipal de Habitação, confirmou a aprovação da Síntese do Projeto Aprovado (SPA),
autorizando assim, o início das obras do PAC Farroupilha. Nesse momento o prefeito em
exercício, Adolfo Antônio Fetter Júnior, assina o contrato do PAC para que os
loteamentos Anglo, Ceval e Osório recebessem os investimentos do programa. O valor
total estimado da obra do Anglo é de R$ 3 milhões – R$ 1,6 milhão investido em
habitações, R$ 1,2 milhão em infraestrutura e R$ 200 mil no Salão Comunitário.
2007 - Inicio do levantamento de dados cadastrais pelas assistentes sociais
contatadas para a execução do PAC – Urbanização da PMPEL.
2008 – Abril - Aviso de Concorrência Pública Nº 03/2008 - PAC/SMH.
Execução de Obras de Infraestrutura no Loteamento Anglo - PAC-Farroupilha. Data de
Abertura: 09/05/2008 às 14 horas.
2008 - Abril - Aviso de Concorrência Pública Nº 04/2008 - PAC/SMH -
Construção de 90 Habitações no Loteamento Anglo - PAC-Farroupilha. - Data de
Abertura: 09/05/2008 às 16 horas. Ver Figura 12 – Implantação original PAC Anglo.
2008 – Outubro - Lançamento de nova concorrência para as obras de
infraestrutura pela ausência de participantes na primeira concorrência. Aviso de
Concorrência 06/2008 - PAC/SMH - Execução de obras de infraestrutura no Loteamento
Anglo - PAC/SMH. Data de Abertura: 11/11/2008 às 10 horas.
2008 - Dezembro- A empresa Artefatos de Concreto Pedro Osório (ACPO)
vence a licitação para as obras de infraestrutura - rede de esgotos, terraplanagem,
pavimentação e rede de água e foi contratada para a execução das obras. Contrato
487/2008. Valor R$1.177.961,73.
2009 – Março - Efetuado o RELATORIO DE FISCALIZACAO 01356.
MUNICIPIO DE PELOTAS – RS – sobre as obras do PAC Farroupilha pela
Controladoria-Geral da União Secretaria Federal de Controle Interno. Presidência da
República. 3 / E02 Sorteio Especial PAC – Unidades Municipais - Pelotas – RS. O
relatório aponta diversas irregularidades: falta de titularidade das áreas onde os recursos
serão aplicados, demoras na tramitação de projetos e decisões administrativas, a não
realização do trabalho social junto as comunidades, sobre preço e obras contratadas em
ritmo lento de realização. O relatório não possui nenhuma manifestação sobre as
irregularidades por parte da PMPEL.
2009- Abril- Início das obras de infraestrutura da ACPO.
2009- Maio- Uma segunda empresa venceu a licitação para construção das casas,
a Pérgola Arquitetura Construção inicia as obras das 90 casas do loteamento Anglo.
2010- Abril - Empresa Pérgola Arquitetura Construção e Restauração Ltda.
abandona o canteiro de obras, alegando problemas financeiros.
2010- Setembro – contrato com a Empresa Pérgola Arquitetura e Restauração
Ltda. foi rescindido.
2011- Março- ACPO recebe notificação de suspensão de obra, decorrente de
"dificuldade para sequência das obras enquanto tramita junto à Caixa Econômica Federal
documentos relativos aos ajustes de projeto e o orçamento, assim como aguarda a
remoção dos ocupantes da beira do canal e áreas das intervenções". Esta medida impede
a empresa de receber por qualquer trabalho que venha a ser executado após a data da
notificação. O gerente comercial da empresa afirmou em entrevista à equipe da
CUFA/Pelotas que as obras foram executadas até onde a definição da estação elevatória
de esgoto não interferia, pois se houvesse a mudança, o projeto original sofreria
alterações.
2011- Maio - Prefeitura solicita novo projeto da rede elevatória de esgotos, com
capacidade para atender também os moradores da Balsa, para o SANEP – Serviço
Autônomo de Saneamento, autarquia municipal. O Eng. Arnaldo Soares do Serviço
Autônomo de Abastecimento de Água de Pelotas (SANEP) responsável pelo projeto da
rede de esgotos do loteamento, propôs inicialmente que a rede seria ligada a uma
tubulação já existente, porém a declividade do terreno ficou acentuada e exigiu que o
plano fosse alterado, já que a escavação do local era impraticável. Depois de constatado
o problema, a Unidade Gestora de Projetos (UGP) da PMPEL, optou por fazer o projeto
de uma nova estação elevatória que contemplasse também a região da Balsa.
2011 - Meses depois a autarquia enviou o projeto para o Setor de Representação
de Desenvolvimento Urbano e Rural (Redur), da Caixa Econômica Federal. Foi afirmado
pelo presidente do SANEP, Jacques Reydams, como justificativa pela demora da
retomada das obras, que a avaliação dos processos apresentados ao banco é rigorosa e,
em decorrência disso, o projeto retornou mais de uma vez com pedidos de adequações.
2011– Julho - Lançamento de nova concorrência pública para retomada das
obras das 90 unidades habitacionais do PAC Anglo dez meses depois da rescisão do
contrato com a empresa anterior. Concorrência Publica 04/2011 (90 Unidades
Habitacionais- Anglo) – SMH/PAC. OBJETO: Obra de construção de noventa unidades
habitacionais no loteamento Anglo neste município de Pelotas/RS, com serviços
relacionados principalmente a fundação, estrutura, alvenaria, cobertura, instalações,
esquadrias, ferragens, revestimentos, impermeabilização, pisos, vidros e pintura.
2011– Setembro– Contratação da empresa Quality Serviços de Engenharia Ltda.
Dispensa de Licitação MEMO 4144E1060. Conclusão para a execução de 90 unidades
habitacionais - Contrato 226/2011 - 02/09/2011 – Valor: R$1.619.393, 30. Prazo de 12
meses.
2012 -Janeiro - Primeiras casas de um lote de 58 são entregues.
2012 - Março - Últimas das 58 casas da primeira etapa são entregues.
2012 – Março - Em março de 2012, após negociação com as assistentes sociais
da UGP/PMPEL sem resultado, moradora do Anglo em Pelotas é intimada a abandonar
sua casa - um pequeno chalé em precárias condições em dez dias, com a promessa de que
em quatro meses teria uma casa de alvenaria. "Eu sabia que não cumpririam os prazos,
minha casinha era humilde, mas confortável, por isso eu não queria sair", diz. Sem opção,
Carmem relata que foi morar com a filha e os dois netos de favor no terreno de um
vizinho, em condições mais precárias ainda, onde está há mais de um ano e sem
perspectiva de mudança.
2012 – Abril- AVISO DE LICITAÇÃO - Tomada de Preços 21/2011 (PAC) –
SMH. OBJETO: Contratação de empresa para execução da Obra do Centro Comunitário
que abrange a zona denominada Anglo, no município de Pelotas/RS – SMH/PAC. Data
da abertura: 03 de abril de 2012 às 10h30min.
2012 – Outubro – Inicio das obras de reforma do Centro Comunitário.
2012 - Maio - Impasses na continuidade das obras das unidades habitacionais.
Quality Engenharia recebe comunicado de suspensão de obras por “falta de liberação de
área”. Segundo entrevista com o responsável pela empresa, Eng. Ubirajara Leal, a
prefeitura instruiu a empresa a construir as casas e, assim que concluídas, entregá-las,
mesmo sem a definição do impasse da estação elevatória. Seguindo esse processo, as
primeiras residências foram entregues em janeiro de 2012 e as últimas (da primeira etapa
do programa – 58 casas), em março, porém a empresa também recebeu notificação de
suspensão de serviço por parte da prefeitura. De acordo com Leal, isso ocorreu pela “falta
de liberação de área”, pois algumas famílias se recusaram a deixar suas casas situadas na
área onde seriam construídas as novas. A população residente no local não foi direcionada
para moradias temporárias e também temia pelo atraso da entrega das novas casas pois já
estavam informados sobre a demora para a definição do local de instalação da estação
elevatória de esgotos. Fica suspensa a construção de 32 unidades habitacionais.
2013 – Janeiro – Eduardo Leite, do PSDB assume a Prefeitura de Pelotas.
2013 – Janeiro - Levantamento realizado em janeiro de 2013 revela que das 58
casas já entregues, foram construídos muros e cercas em 25 unidades menos de 1 ano
após a entrega. (Figura 13).
2013 - Maio- Segundo Jacques Reydams, dirigente do SANEP, o último
encaminhamento do projeto da rede de esgoto à Caixa Econômica Federal foi realizado
em maio de 2013 – dois anos após a decisão de criação da nova rede elevatória (fonte :
Reportagem Central Única das Favelas – CUFA Pelotas 17/07/2013).
2013 – Junho - Moradores do Anglo lotam Câmara de Vereadores em uma
audiência pública para cobrar agilidade no processo. “Cansadas das variadas
justificativas para a demora na entrega do loteamento Anglo, as 32 famílias que ainda não
foram contempladas foram em busca de seus direitos na Defensoria Publica. A situação
de dez destas é ainda pior, pois foram retiradas de suas casas com a promessa de terem
novas moradias em três meses e estão em locais improvisados há mais de um ano.” -
Reportagem especial Diário Popular de 28/08/2013.
2013 – Julho – Defensor Público, Igor da Silva promove reunião entre os
moradores do PAC Anglo, SANEP e UGP/PMPEL.
2013 – Julho - Os moradores argumentam que a rede de esgotos das casas já
construídas está ligada diretamente no canal do Pepino, sem tratamento de efluentes.
Desconsiderando os cuidados ambientais, a população demonstra interesse
principalmente em retornar a ocupar seus terrenos e moradias, e argumenta que se 58
casas foram construídas com ausência da rede elevatória de esgotos sem prazo específico
de ligação, o restante das casas não teria empecilho para serem concluídas e entregues.
2013 - No dia 11 de julho, declaração de um representante da Caixa, via
assessoria de imprensa, na qual o mesmo afirma estar aguardando documentos
complementares do Executivo e que a agilidade de seus processos depende do "envio
tempestivo e adequado da documentação solicitada".
2013 – Julho - Empresa Quality Engenharia e Consultoria Ltda. protocola pedido
de rescisão de contrato com a Prefeitura. O Eng. Leal relata que a empresa comprou
material hidráulico, esquadrias, entre outros itens para as 90 casas, para reduzir custos em
compras menores e todo este material está parado, sem uso. Já o gerente comercial da
ACPO, afirma que a empresa tem todo o interesse em retomar as obras, mas não pode
fazer isso em decorrência da notificação para suspensão, sem que a prefeitura defina onde
será instalada a rede elevatória de esgotos e sem os devidos ajustes de preços, já que os
valores acertados em 2008, quando foi assinado o contrato, estão defasados. São
efetuados ajustes nos contratos.
2013 - Julho - Depois de audiência publica na Câmara de Vereadores, realizada
no diz 16, sobre o PAC Farroupilha em Pelotas, Jacques Reydams desiste de tentar
encaminhar o projeto da estação elevatória pela Caixa e afirma que a autarquia irá arcar
com os recursos de cerca de R$ 50 mil para a execução. “O SANEP vai absorver este
serviço, a obra para a estação deve começar na semana que vem e a previsão de conclusão
é três semanas, já a finalização da rede depende de alguns serviços que não nos competem.
O SANEP deixará de ser um empecilho para a conclusão destas obras”, disse.
(Reportagem especial Diário Popular de 28/08/2013).
2013 - Julho - O gestor da UGP, Jair Seibtl afirma que para agilizar o processo
conseguiu aterro gratuito - sobra da obra de duplicação da BR-392 - e abriu uma licitação
para encontrar uma empresa que leve o material para o Anglo. Como não apareceu
nenhuma interessada, foi aberto um novo processo - o edital será publicado na quinta-
feira. A prefeitura, via assessoria de imprensa, diz estimar que o aterramento esteja pronto
até o dia 15 de agosto. (fonte Reportagem Central Única das Favelas – CUFA Pelotas
17/07/2013).
2013 – Agosto - Manchete do Diário Popular 28 /08: Há cinco anos, o anúncio
do investimento de R$ 57 milhões para moradias populares em Pelotas alimentou a
esperança de muitos; porém, das 448 casas prometidas para 2011, via PAC Farroupilha,
só 72 foram efetivamente entregues.
2013 – Agosto – Finalizado Serviços de Terraplanagem no Loteamento Anglo”
para viabilizar finalização das obras de infraestrutura pela ACPO. Contrapartida da
PMPEL. Contatado por Dispensa de Licitação MEM8363/20 08SMH/2008. Contrato
272/2008 (?). Valor: R$135.212. Executor: J.A SILVEIRA.
2013 – Dezembro - Integrantes da equipe do Núcleo de Pesquisa em Arquitetura
e Urbanismo da UFPEL compareceram à reunião do dia 10/12/2013 na sede da UGP e
apresentam os dados do levantamento da poligonal e dos conflitos entre o projeto original
e o implantado. Proposta de parceria para desenvolvimento da regularização fundiária do
PAC Anglo.
2013 - Novembro - Os posseiros do Loteamento Anglo receberam um prazo de
15 dias para desocupar o espaço referente a praça do loteamento e das 32 unidades a
serem finalizadas. As famílias precisaram recorrer a parentes ou mesmo a pagar aluguel
durante o período. É o caso de Nilza da Silva, que desde 2004 estava residindo na região
e precisouadicionar aos gastos mensais o valor de um aluguel não previsto no orçamento
apertado. “Quem recebe um salário mínimo sabe a dificuldade de pagar as contas da casa,
aluguel e alimentação. Passei necessidade neste tempo, mas valeu a pena a espera.”
Situação semelhante foi vivida pela costureira aposentada Orfila de Carvalho. Com o
prazo para sair do local, Orfila precisou mudar-se para o Monte Bonito enquanto
aguardava a entrega da casa no loteamento. “O que mais me indignou foi o prazo de 15
dias sendo que as obras demoraram três meses para começar”. (Diário Popular. 21 agosto
2014).
2014- Março- Definida nova implantação das 32 unidades habitacionais pela
UGP e moradores. Nova planta de implantação elaborada e preservada a área verde
prevista no projeto original.
2014 – Julho - Em parceria com o NAURB (Núcleo de Pesquisa em Arquitetura
e Urbanismo) a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de
Pelotas (FAUrb/UFPel), a Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGMU)
anunciou aos moradores do Anglo, na manhã de sábado (19/07/14), em reunião no Centro
Comunitário do Loteamento, o inicio do processo de Regularização Fundiária na
comunidade. (Diário Popular – 19/07/2014)
2014 – Julho - “Durante a reunião, a população aproveitou para cobrar a entrega
das 32 casas construídas com recursos do PAC Farroupilha. Do total previsto de 90
residências, 58 já foram destinadas aos moradores. Conforme a prefeita em exercício, a
rede de esgoto ainda não foi finalizada, impedindo a utilização das construções. A greve
dos servidores do Serviço Autônomo de Abastecimento de Agua de Pelotas (Sanep) foi
dada como justificativa para a demora nas obras de saneamento. Prometida para julho, a
entrega teve o prazo adiado para agosto.” (Diário Popular – 19/07/2014).
2014 - Agosto- Casas do Loteamento Anglo são entregues aos moradores. “Em
meio a acabamentos e ajustes elétricos, as 32 famílias que aguardavam a entrega de suas
moradias no Loteamento Anglo finalmente receberam as chaves de casa. O clima era de
euforia durante a cerimônia realizada nesta quinta-feira (21) no centro comunitário
construído no local. (Diário Popular 21/08/2014). Falta finalizar as obras de
pavimentação da via que margeia o canal e urbanizar a praça.
2014 - Outubro/ dezembro- Em elaboração por alunos da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, que desenvolvem trabalho de extensão no NAURB, o projeto
de uma praça com brinquedos, arborização e quadra de futebol para o Loteamento Anglo,
atendendo a demanda da comunidade deste local.
2014 – Outubro- Realização da demarcação e mapeamento dos lotes e aplicação
do questionário socioeconômico ao morador. Os alunos começam o processo de selagem
que garante a participação do imóvel no Projeto o adesivo contém a localização, número
de porta, ocupação e tipo de uso da construção.
2015 – Janeiro - A penúltima etapa corresponde a elaboração de uma planta
topográfica da região, para então confeccionar o contrato de compra e venda dos imóveis.
Este contrato garantirá a escritura dos lotes, tornando os atuais posseiros em proprietários.
2015 – Janeiro - A liderança comunitária solicita visita da UGP ao PAC Anglo
para vistoria de obras de coleta de pluvial danificadas pela circulação do caminhão de
coleta de resíduos sólidos. O SANEP não instala a estação elevatória, alegando ser
tecnicamente viável a utilização da rede existente. Problemas de mau cheiro e esgoto
depositado nas vias são identificados.
2. LEVANTAMENTO DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS DA REGIÃO
ONDE SE INSERE O PAC ANGLO
2.1. Introdução
Este item tem o objetivo de descrever a situação dos moradores e dos domicílios
da região onde está inserido o PAC Anglo, através dos dados sociodemográficos obtidos
pelo censo 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
O presente relatório apresenta um conjunto dos dados censitários coletados em
2010 obtidos através de ferramentas disponíveis no Painel do Censo 2010, acessível no
endereço www.ibge.gov.br/censo2010/painel. O trabalho foi efetuado buscando delinear
as características sócio econômicas dos locais de estudo, Região administrativa do São
Gonçalo, Zona da Balsa e PAC Anglo, como base para as futuras ações participativas da
população sobre o território e da avaliação das políticas publicas de moradia sobre elas
implementadas.
Almeida (2007) afirma que a ausência de dados geográficos, a falta de acesso aos
dados produzidos ou de precisão e confiabilidade de dados georreferenciados existentes
nas bases municipais podem dificultar ou diminuir a eficácia dos instrumentos de
planejamento e gestão pública oferecidos pelo estatuto da cidade, que prevê a participação
popular nos processos de planejamento
O censo realizado pelo IBGE a cada início de década é um estudo aprofundado da
sociedade brasileira. Delineia de modo quantitativo o perfil socioeconômico da população
e serve de instrumento de apoio a processos decisórios e de planejamento de diversos
setores da economia e gestão pública. Segundo o próprio IBGE o censo é “um retrato de
corpo inteiro do país com o perfil da população e as características de seus domicílios, ou
seja, ele nos dirá como somos, onde estamos e como vivemos.” (IBGE, 2012). A
utilização dos dados do Censo é uma forma de minimizar a falta de dados sobre as
comunidades e parcelas da cidade, utilizando –se da unidade mínima de disponibilização
dos dados censitários, que é o setor censitário, para trazer a tona dados sobre as mesmas.
A visão que esta pesquisa tem é de disponibilizar à população leiga a capacidade
de autorreconhecimento a partir dos dados levantados. Também busca descrever de modo
detalhado as áreas em estudo para subsidiar ações de qualificação urbana, tanto públicas
quanto privadas, nestes locais e de avaliação das políticas publicas.
Os produtos alcançados na pesquisa possibilitam fazer algumas análises
descritivas dos locais em estudo. Com a pesquisa foi possível caracterizar as áreas por
meio das variáveis disponíveis no censo de 2010. A síntese dos resultados apresenta as
semelhanças e diferenças destas variáveis para o PAC Anglo em relação a cidade de
Pelotas, a Região de Planejamento (São Gonçalo) onde se insere e em relação a
vizinhança mas próxima, a denominada Zona da Balsa e será mostrada a seguir com
informações que revelam estes cenários. Objetivo
O objetivo principal de realizar a caracterização de áreas habitacionais de interesse
social segundo os dados censitários do IBGE é propiciar para a população residente
autorreconhecimento de suas condições no ambiente de moradia e dos próprios
moradores, bem como a fim de apoiar processos participativos de gestão e avaliação dos
mesmos.
2.2. Objetivos Secundários
É aplicada a caracterização de áreas habitacionais de interesse social segundo os
dados censitários do IBGE à cidade de Pelotas, Região de Planejamento do São Gonçalo
e Zona da Balsa e PAC Anglo.
2.3. Utilização da Ferramenta Painel do Censo 2010
A ferramenta utilizada para a obtenção dos dados, Painel do Censo 2010,
disponibilizado online no site do IBGE (www.ibge.gov/censo2010/painel), propicia criar
mapas temáticos de acordo com as variáveis propostas e extrair os dados brutos para
outras análises. Assim, foi produzido para cada variável tabelas e gráficos das áreas
estudadas. A Zona da Balsa é composta por um conjunto de seis setores censitários que
somados totalizam a área. O PAC Anglo corresponde a um destes setores.
São utilizados dois meios de obtenção de informação. O mais tradicional e que
não requer conhecimento especialista é o uso das ferramentas disponíveis no webgis do
IBGE, que oferece a possibilidade de gerar informação sobre as variáveis levantadas no
censo por meio de infográficos e cartogramas. Embora esta ferramenta esteja ao alcance
de todos, desde que tenham acesso à internet, o mecanismo tem certa complexidade para
sua utilização efetiva5.
O outro método requer conhecimento prévio em tecnologias de informação
geográfica, mais especificadamente em softwares de geoprocessamento. O IBGE fornece,
por meio da internet e de mídias digitais, base cartográfica e dados tabulares para
subsidiar estudos com esta tecnologia. Este recurso possibilita realizar análises espaciais
complexas e que não estão disponíveis na ferramenta online do IBGE. A utilização dos
dados do censo 2010 do IBGE e as análises realizadas seguiram dois caminhos distintos
para a produção de dados que subsidiassem informações sobre as áreas de estudo.
O primeiro passo foi fundamentalmente utilizar dados tabulares brutos disponíveis
no site do IBGE. Como o órgão disponibiliza as variáveis de forma organizada em sistema
de banco de dados (dados brutos), em grandes tabelas onde todas as variáveis são cruzadas
entre si, a pesquisa julgou conveniente copiar os dados dos gráficos, onde a visualização
é facilitada, e importá-los para planilha eletrônica (no caso: Excel) a fim de elaborar
tabelas e gráficos de acordo com as variáveis e locais de interesse da pesquisa. Com este
expediente foi possível gerar gráficos analíticos e tabelas sobre os seguintes temas:
a) GRUPO DOMICÍLIOS
Tipo de Domicílios
Condição de Ocupação
Quantidade de Moradores
Renda
b) GRUPO PESSOAS
População Residente
Faixa etária
c) GRUPO SANEAMENTO E ENERGIA
Água
Energia
5 O presente trabalho se utilizou de um conjunto de ferramentas disponível do Painel do Censo 2010, e acessível no endereço www.ibge.gov.br/censo2010/painel bem como de um tutorial onde as variáveis e as formas de representação (gráficos, tabelas e cartogramas) foram mais facilmente apropriadas pela comunidade científica e leiga. Este tutorial compõe um subgrupo de atividades da pesquisa denominada MORAR TS em que faz parte outras universidades brasileiras, inclusive a Universidade Federal de Pelotas, por meio do Núcleo de Estudos em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. O objetivo é buscar tecnologias sociais (TS) em habitação de interesse social (HIS) que sejam apropriadas pela população local das áreas em estudo.
Lixo
Banheiro ou Sanitário
Outro caminho seguido foi a elaboração de mapas temáticos utilizando a
ferramenta de webgis disponível no site do IBGE (<
http://www.censo2010.ibge.gov.br/painel/ >). Foram produzidos conforme as variáveis:
a) GRUPO DOMICÍLIOS
Tipo de Domicílios – Apartamentos. Ver Figura 15 que representa o Mapa.
Condição de Ocupação – Alugados. Ver Figura 16 que representa o Mapa.
2.4. Resultados
2.4.1. Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Tipo de Domicílio
Quanto ao Tipo de Domicilio Particular Permanente, em Pelotas predominam as
Casas como tipo principal de domicílios, atingindo 79% do total. O percentual de
Apartamentos é 20% concentrando-se na Região Centro. Constata-se ser pouco
significativo o número de Casas de Vila ou em Condomínio (1%). Predominam as casas,
na zona da Balsa, atingindo 94,86% do total. Em alguns casos, como na reião do
PAC/Anglo, nota-se a ausência dos outros tipos de domicílio, caracterizando o tipo casa
como exclusivo dessas regiões. Os Quadros 2 e 3 constatam os dados referidos.
Quadro 2- Tipo de Domicílios Pelotas - São Gonçalo - Zona da Balsa
Tipo Habitacional Pelotas São Gonçalo Zona da Balsa
Nº % Nº % Nº %
Casa 87.242 79 7384 78,2 1.904 94,86
Apartamento 22.007 20 1578 16,7 98 4,88
Casa de Vila ou em Condomínio
1.598 1 477 5,1 5 0,24
Total 110.847 100 9439 100 2.007 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010 Quadro 3- Tipo de Domicílios - Grupamentos da Zona da Balsa
Tipo Habitacional
Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Casa 253 100 554 99,1 1 1,04 142 100 424 99,89 530 100
Apartamento 1 0,17 95 98,9 2 0,46
Casa de Vila ou em Condomínio
4 0,71 1 0,23
Total 253 100 559 100 96 100 142 100 427 100 530 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
2.4.2. Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Condição de Ocupação
A condição de ocupação dos domicílios em Pelotas é em sua maioria Próprio
(79%), os domicílios Alugados são a segunda maior forma, totalizando 14%. Cedido
apresenta 6% e outra Condição de Ocupação apenas1%. Quanto a localização, a
concentração de imóveis alugados se dá na região central e no bairro operário do Fragata.
Ver Quadro 4. Quanto as condições de ocupação, na zona da Balsa como um todo, há
predominância dos imóveis Próprios, sejam quitados ou em aquisição (90,0%), repetindo
os percentuais da cidade. Em alguns casos específicos, como nas regiões da
Universidade, do Perret, do Meneguetti e da Balsa, nota-se a predominância da Condição
de Ocupação do tipo Próprio. O percentual de imóveis alugados tanto na Região do São
Gonçalo como na Zona da Balsa é bem menos significativo que na cidade como um todo:
passa de 14,1% para 4,44%.
Porém na região do PAC/ANGLO o destaque vai para o tipo Cedido (53.5%), fato
que tem relação direta com a situação de posse recente de grande parte dos moradores
desta área. Apesar da situação de posseiros, muitos moradores se declaram como
domicílios Próprios (45.7%), verifica-se que o Alugado tem baixa ocorrência em relação
aos demais (0,70%).
Como o loteamento PAC Anglo entrou em processo de regularização fundiária a
partir de outubro de 2014, a situação de Posse e Cedência deverá ser transformada em
poucos meses (previsão de finalização em abril de 2015) em situação de Propriedade. O
acompanhamento da implementação do programa deverá estar atento pela pressão do
mercado imobiliário de aluguel na região da Balsa pela demanda gerada pela presença do
novo campus universitário da UFPEL (Campus Anglo). O PAC Anglo situa-se a menos
de 300 m do Campus Anglo e a regularidade poderá ter um efeito contrario ao esperado:
poderá liberar os imóveis para o mercado formal de aluguel.
Quadro 4- Condição de Ocupação Pelotas – Zona da Balsa/ São Gonçalo
Condição de Ocupação Pelotas Zona da balsa
Nº % Soma % Nº % Soma %
Próprio e Quitado 81855 71,8 90.369 79
1724 86,1 1802 89,99
Próprio em Aquisição 8514 7,5 78 3,89
Alugado 16063 14,1 16063 14,1 89 4,44 89 4,44
Cedido por Empregador 790 0,7 6.637 5,82
27 1,34 110 5,48
Cedido de Outra Forma 5847 5,1 83 4,14
Outra Condição de Ocupação 882 0,8 882 0,8
Total 113.951 100 113.951 100 2001 100 2001 100
...(continua)
Condição de Ocupação São Gonçalo
Nº % Soma %
Próprio e Quitado 6884 72,8 7643 80,8
Próprio em Aquisição 759 8
Alugado 1124 11,9 1124 11,9
Cedido por Empregador 63 0,7 606 6,4
Cedido de Outra Forma 543 5,7
Outra Condição de Ocupação 84 0,9 84 0,9
Total 9457 100 9457 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010 Quadro 5- Condição de Ocupação – Grupamentos da Zona da Balsa
Condição de Ocupação
Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Próprio 242 95,6 508 91,6 67 69,7 65 45,7 413 96,9 507 95,6
Alugado 5 1,97 31 5,5 27 28,1 1 0,70 8 1,8 17 3,2
Cedido 6 2,47 15 2,7 2 2 76 53,5 5 1,17 6 1,13
Total 253 100 554 100 96 100 142 100 426 100 530 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
2.4.3. Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Quantidade de
Moradores Por Domicílio
A maior parte dos domicílios no município de Pelotas tem 2 a 3 moradores
(29,08% e 26,37% respectivamente). A sub região do São Gonçalo e a Zona da Balsa
repetem essa tendência. Em suas médias. Entretanto nos grupamentos dos setores
censitários há uma diferença significativa dessa distribuição: o PAR, conjunto de
apartamentos construídos para oferta aos funcionários da UFPEL, tem sua maior
concentração em 1 morador por domicilio (38,54) e o menor percentual em 4 moradores
por domicilio (8,3%).
A área da Universidade, Balsa e o Perret, ocupações mais antigas da região,
apresentam percentuais semelhantes de domicílios com 4 moradores (19,9 a 20,44%), e
o PAC Anglo um percentual um pouco superior de 22,52%. A diferença maior aparece
nos domicílios com 5 ou mais moradores, que a média da cidade de Pelotas é 7,75%. A
sub região do São Gonçalo apresenta 15,5% de seus domicílios com 5 ou mais moradores
e o PAC Anglo sobe este percentual para 17,11%.
Estes dados evidenciam que a proposta padronizada de moradias com 2
dormitórios ofertada pelo PAC no município de Pelotas deixa 17,11% das famílias fora
de um atendimento condizente com o número de moradores. Foi também evidenciado que
28,82 % dos domicílios possuem entre 1 e 2 moradores, e que a opção por uma moradia
com um dormitório poderia atender a 12,61% das famílias beneficiadas. Uma oferta mais
diversificada da tipologia habitacional ou a possibilidade de uma casa evolutiva no lote
atenderia de forma mais eficaz as demandas da população.
Quadro 6- Quantidade de Moradores por Domicílio - Pelotas, São Gonçalo e Zona da Balsa
Quant. de morador (s)
Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
1 31 13,77 73 14,37 37 38,54 14 12,61 71 16,62 78 16,21
2 48 21,33 150 29,52 30 31,25 18 16,21 87 20,37 116 24,11
3 70 31,11 124 24,4 21 21,87 35 31,53 103 24,12 139 28,89
4 46 20,44 103 20,27 8 8,33 25 22,52 85 19,9 97 20,16
5 ou + 30 13,33 58 11,41 0 0 19 17,11 81 18,96 51 10,6
Total 225 100 508 100 96 100 111 100 427 100 481 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010 Quadro 7- Quantidade de Moradores por domicílio – Grupamentos da Zona da Balsa
Quant. de morador(s)
Pelotas São Gonçalo Zona da Balsa
Nº % Nº % Nº %
1 20776 19,21 1695 17,9 233 16,39
2 31448 29,08 2367 25 362 25,4
3 28521 26,37 2315 24,5 389 27,3
4 18991 17,56 1616 17,1 279 19,63
5 ou + 8388 7,75 1464 15,5 158 11,11
Total 100 100 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
2.4.4. Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Renda
Não diferente da realidade brasileira, Pelotas tem uma distribuição de renda
concentrada nas faixas menores de rendimento.
No Brasil, 71,9% ganha até 2SM mensais de renda domiciliar e 18,9 % recebe de
2 a 5 SM, mas em Pelotas há uma maior concentração nas faixas 1 a 2 SM (24,59%) e de
2 a 5 SM (38,36%).
Entretanto essa realidade se distribui de forma desigual na cidade e na Zona da
Balsa e no PAC Anglo a concentração nas faixas de menores rendimentos é maior do que
a media brasileira e pelotense, respectivamente 93,41% na Balsa e 95,67% no PAC, sendo
que no PAC Anglo 90,50% dos domicílios encontram-se concentrados na faixa de até 1
SM.
Estes dados são um alerta para os técnicos sociais do Programa e para os técnicos
municipais e gestores públicos. A baixa capacidade financeira das famílias é um problema
para a manutenção dos espaços da habitação e do entorno imediato. O investimento
realizado pode rapidamente se deteriorar caso o município não estabeleça um programa
especial de gestão e manutenção das unidades e do território.
Quadro 8- Classe de rendimento nominal mensal domiciliar - Pelotas
Pelotas Zona da Balsa
Quantidade de salário(s) mínimo
Nº % Nº %
Até 1/2 1930 1,74 633 33,35
+ de 1/2 a 1 14344 12,99 730 38,46
+ de 1 a 2 27139 24,59 410 21,6
+ de 2 a 5 42334 38,36 114 6
+ de 5 a 10 16154 14,63 9 0,47
+ de 10 a 20 6224 5,64 2 0,10
+ de 20 2214 2,00
Sem declaração 15 0,01
Total 110354 100,00 1898 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010 Quadro 9- Classe de Rendimento nominal mensal domiciliar- Zona da Balsa e grupamentos
Quant. de salário(s) mínimo
Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Até 1/2 103 40,55 129 23,71 3 3,19 77 66,37 184 50 137 26,24
+ de 1/2 a 1 108 42,51 234 43 17 18,08 28 24,13 127 34,51 216 41,37
+ de 1 a 2 34 13,38 155 28,49 36 38,29 6 5,17 48 13,04 131 25,1
+ de 2 a 5 9 3,54 25 4,59 31 32,97 4 3,44 9 2,44 36 6,89
+de 5 a 10 0 0 1 0,18 6 6,38 1 0,86 0 0 1 0,19
+ de 10 0 0 0 0 1 1,06 0 0 0 0 1 0,19
Total 254 100 544 100 94 100 116 100 368 100 522 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
Quadro 10- Classe de Rendimento nominal mensal domiciliar em percentuais – Pelotas, Zona da Balsa e PAC Anglo
Quantidade de Salário(s) Mínimo Brasil (%) Pelotas (%) Zona da Balsa (%) PAC Anglo (%)
Até 1 39,2 71,9 14,73 39,32 71,81 93,41 90,50 95,67
De 1 a 2 32,7 24,59 21,60 5,17
De 2 a 5 18,9 38,36 6,00 3,44
De 5 a 10 6,1 14,63 0,47 0,86
+ de 10 3,1 7,64 - -
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
2.4.5. Grupo Pessoas / Tema População Residente
Na avaliação do PAC Anglo é importante verificar a quantidade de população alvo
desta ação de regularização técnica e fundiária frente a população total do bairro e da
população total de Pelotas.
Segundo o censo de 2010, Pelotas tem uma população de 327.789 habitantes. A
Região de Planejamento de São Gonçalo representa 8,72 da população da cidade, sendo
que a Zona da Balsa, bairro onde está inserido o PAC Anglo, representa 1,46% do total
dos habitantes pelotenses.
Dentro dessa região da Balsa, o PAC Anglo corresponde somente a 11,76 % do
total de 4.793 moradores, com 564 habitantes.
Apesar de seu número de domicílios ser relativamente baixo, a localização dessa
ocupação é estratégica para o processo de renovação que a região está passando, com a
instalação do novo campus universitário da UFPEL e a retomada das atividades
portuárias. Situada junto a um canal, ocupou o leito de uma via planejada que ligará a
zona norte da cidade à região portuária. O projeto de regularização do parcelamento libera
essa via para que passe a fazer parte do sistema viário da cidade.
Quadro 11- População Residente Urbana - Distrito, Subdistritos e Setores Censitários
População Residente Urbana
Distrito Subdistrito Grupamento dos Setores Censitário
Pelotas São Gonçalo Zona da Balsa
Nº % Nº % Nº %
327.789 100 28.608 8,72 4.793 1,46
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
Quadro 12- População Residente Urbana – Discriminação dos Setores Censitários da Zona da Balsa
População Residente Urbana
Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa
Nº Nº Nº Nº Nº Nº
863 18 1.810 37,76 192 4 564 11,76 1.364 28,45 1.710 35,67
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
2.4.6. Grupo Pessoas / Tema Faixa Etária
A pirâmide etária de Pelotas já reflete a diminuição da natalidade experimentada
no país nas últimas décadas. A década de 1960, quando a taxa de fecundidade era de cerca
de 6 filhos por mulher, passamos para 4,5 no final da década de 1970. Em 2010, conforme
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média de
fecundidade no Brasil era de 1,86 filho por mulher, semelhante à dos países desenvolvidos
e abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher. O desenho da
pirâmide da Região do São Gonçalo tem perfil semelhante. Os dois perfis diferenciados
dentro da Região do São Gonçalo são o conjunto Habitacional denominado PAR, com
predomínio de jovens adultos de 20 a 34 anos sendo o número de crianças de 0 a 4 anos
cerca de 1/3 do de jovens adultos da faixa mencionada. Na área do PAC Anglo
predominam as crianças e jovens até 14 anos, sendo que a base da pirâmide alargada
remete a uma distribuição populacional de famílias com número mais elevado de filhos.
As três primeiras faixas etárias possuem o triplo de pessoas em ralação a de jovens
adultos (20 a 34 anos). Predominam as mulheres entre os adultos entre 25 e 34 anos,
reforçando os dados do aumento da chefia de domicílio feminina encontrada nas
populações de mais baixa renda.
2.4.7. Grupo Saneamento e Energia / Tema Abastecimento de Água
O abastecimento de água via Rede Geral dos Domicílios Particulares Permanentes
na zona da Balsa como um todo é predominante. O mesmo ocorre na comparação das
regiões da Zona da Balsa. Na maioria dos casos, a Rede Geral é a única forma de
abastecimento de água. A única região que possui Outra Forma de Abastecimento é a
Mário Meneguetti (19,9% do total). A situação de posse não tem sido um impeditivo para
ligação à rede geral.
Quadro 13- Domicílios Particulares Permanentes segundo Abastecimento de Água - Pelotas, São Gonçalo e Zona da Balsa
Pelotas São Gonçalo Zona da Balsa
Nº % Nº % Nº %
Rede Geral 107225 94,1 9330 98,7 1.915 95,75
Poço ou nascente na propriedade
4648 4,07 6 0,1 - -
Outra forma de abastecimento
2068 1,8 121 1,3 85 4,25
Total 113.941 100 9457 100 2.000 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
Quadro 14- Abastecimento de Água - Zona da Balsa
Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Rede Geral 252 100 557 100 96 100 140 100 341 80 529 100
Poço ou nascente na propriedade
- - - - - - - - - - - -
Outra forma de abastecimento
- - - - - - - - 85 19,90 - -
Total 252 100 557 100 96 100 140 100 426 100 529 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
2.4.8. Grupo Saneamento e Energia / Tema Energia Elétrica
Sobre a energia elétrica, os dados mostram que os Domicílios Particulares
Permanentes da zona da Balsa possuem, quase que na sua totalidade, abastecimento de
Energia Elétrica por Companhia Distribuidora e o mesmo se repete nas regiões da Balsa.
No caso dessas regiões, as únicas que possuem outras formas de abastecimento de Energia
Elétrica, são a região do PAC/Anglo (2,12% proveniente de Outras Fontes) e a região do
Mário Menguetti (7,46% proveniente de Outras Fontes e 0,33% sem Energia Elétrica).
Supõe-se que estas sejam de ligações clandestinas.
Quadro 15- Domicílios Particulares Permanentes segundo abastecimento de Energia Elétrica - Pelotas, São Gonçalo e Zona da Balsa
Pelotas São Gonçalo Zona da Balsa
Nº % Nº % Nº %
Com energia elétrica de outras fontes
590 0,51 54 0,6 48 2,2
Sem energia elétrica 522 0,45 38 0,4 2 0,1
Com energia elétrica de companhia distribuidora
112.839 99 9365 99 2.126 98
Total 113.951 100 9457 100 2.176 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
Quadro 16- Energia Elétrica - Zona da Balsa
Univers. Perret PAR PAC/ANGLO M. Meneguetti Balsa
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Com energia elétrica de outras fontes
- - - - - - 3 2,12 45 7,46 - -
Sem energia elétrica - - - - - - - - 2 0,33 - -
Com energia elétrica de companhia distribuidora
253 100 556 100 95 100 138 97,80 556 92,2 528 100
Total 253 100 556 100 95 100 141 100 603 100 528 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
2.4.9. Grupo Saneamento e Energia / Tema Destino do Lixo
Quanto ao lixo, analisando os dados das tabelas (Quadros 18 e 19), conclui-se que
o destino do lixo na Zona da Balsa se dá, em sua maioria, de forma Coletada. Já na
comparação entre as regiões da Balsa, verifica-se que a totalidade do lixo é coletado em
todas as sub áreas analisadas. De acordo com entrevistas realizadas com moradores do
local, embora haja coleta nessas sub áreas, não existem recipientes adequados para
depósito do lixo a ser coletado.
Quadro 17- Domicílios Particulares Permanentes segundo o Destino do Lixo - Pelotas
Forma de coleta Pelotas
Nº % Soma %
Coletado
Por serviço de limpeza 97057 85,17
110606 97,06 Em caçamba de serviço de limpeza
13549 12
Queimado/Enterrado (na propriedade) - - - 2662 2,33
Jogado em Terreno Baldio/Logradouro/ Rio/Mar
- - - 183 0,16
Outro destino - - - 500 0,43
Total - - - 113951 100 Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
Quadro 18- Domicílios Particulares Permanentes segundo o Destino do Lixo - São Gonçalo e Zona da Balsa
Forma de Cotela São Gonçalo Zona da Balsa
Nº % Soma % Nº % Soma %
Coletado
Por serviço de limpeza
8862 93,7
9397 99,36
1.964 98,2
1.966 98,34 Em caçamba de serviço de limpeza
535 5,65 2 0,1
Queimado/Enterrado (na propriedade)
- 15 - 15 0,15 - - - -
Jogado em Terreno Baldio/Logradouro/ Rio/Mar
- 25 - 25 0,26 - - 18 0,9
Outro destino - 20 - 20 0,21 - - 15 0,75
Total - - - 9457 100 - - 1999 100 Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010 Quadro 19- Destino do Lixo - Zona da Balsa
Universidade Perret PAR PAC/ANGLO M. Meneguetti Balsa
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Coletado 253 100 557 100 96 100 141 100 393 100 527 100
Total 253 100 557 100 96 100 141 100 393 100 527 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
Quadro 20- Domicílios Particulares Permanentes segundo Banheiro ou Sanitário - São Gonçalo e Zona da Balsa
Pelotas São Gonçalo Zona da Balsa
Nº % Nº % Nº %
Com banheiro de uso exclusivo dos moradores ou sanitário
113.137 99,3 9404 99,4 1.980 98,6
Sem banheiro de uso exclusivo dos moradores e nem sanitários
814 0,7 53 0,6 27 1,34
Total 113.951 100 9457 100,0 2.007 100
Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
Quadro 21- Banheiro ou Sanitário - Zona da Balsa
Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Com banheiro de uso exclusivo dos moradores ou sanitário
251 99,2 556 99,8 96 100 142 100 408 95,6 527 99,4
Sem banheiro de uso exclusivo dos moradores e nem sanitários
2 0,8 3 0,2 - - - - 19 4,4 3 0,6
Total 253 100 559 100 96 100 142 100 427 100 530 100 Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010
2.5. Conclusões Parciais
Os dados censitários do censo domiciliar 2010 do IBGE aplicados para as
microrregiões permitiram ver o potencial da ferramenta para possibilitar o
autorreconhecimento da comunidade e a disponibilização de dados para embasar políticas
públicas focadas neste território. Entretanto a ferramenta poderia ser mais amigável,
permitindo a organização de microterritórios diretamente no mapa disponibilizado,
diferentes das organizações territoriais do subdistrito, que é ainda muito abrangente,
estabelecendo um nível de pesquisa intermediário entre este e o setor censitário, sua
unidade mínima de informação.
Para seguimento da pesquisa serão aplicadas ferramentas de geoprocessamento
em que serão utilizadas as feições geográficas dos setores censitários (shapes) das regiões,
com a possibilidade de somatório de setores censitários para delimitar novas áreas
diretamente no mapa, sem a necessidade de extrair os dados de cada setor e agrupá-los.
Os shapes também permitirão o cálculo de densidade populacional, precisando a
distribuição espacial das variáveis. Agregado a este, no subgrupo 2 - meta física 2.2 - foi
elaborado um tutorial para facilitar o acesso e disseminação deste conhecimento com a
listagem destas variáveis e os passos para utilização da ferramenta, socializando essa
informação e possibilitando o embasamento para processos participativos em outras
comunidades.
3. INSERÇÃO URBANA
3.1. Introdução
O projeto PAC Anglo está sendo construído na região Administrativa do São
Gonçalo, na área denominada popularmente de Balsa, o qual é uma área pertencente à
prefeitura municipal de Pelotas. Segundo a classificação utilizada no Relatório do Grupo
de Trabalho das Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS), produzido pelo NAUrb –
UFPel, o local é caracterizado como área pública, ocupada por população de baixa renda,
onde há interesse público em promover a regularização fundiária, produção, manutenção
e recuperação de habitação de interesse social.
De acordo com o tratado dos Direitos Econômicos e Sociais de Organização das
Nações Unidas – ONU, ratificado pelo Brasil em 1992, “a moradia digna localizada em
terra urbanizada, com acesso a todos os serviços públicos essenciais, é um direito
humano” e o seu não cumprimento significa uma violação a estes direitos. (PROJETO
MORADIA, 2002 apud PAOLI, 2014). Sendo assim, pode-se concluir que os
equipamentos urbanos são essenciais para a cidade, para dar suporte à população que
necessita de assistência médica, áreas de lazer e convívio, educação, entre outros. Cabe
salientar que a proximidade desses equipamentos serve para suprir a necessidade das
pessoas que moram nos bairros, pois não precisam deslocar-se para a área central com o
intuito de realizar tais atividades. Entretanto, a implantação desses equipamentos depende
da autorização e iniciativa do poder público, sendo complementado, em alguns casos, por
iniciativa privada.
Esta é uma analise expedita, que leva em conta somente o raio de abrangência
dos equipamentos e serviços urbanos. A qualidade da prestação de serviços não está
somente ligada a sua acessibilidade, mas também a frequência (horários de
funcionamento) e continuidade.
3.1.1. Transporte Coletivo
O transporte coletivo percorre vias que tangenciam o PAC Anglo junto a Avenida
Tiradentes, acesso principal da Balsa à zona central da cidade. A localização em relação
ao centro comercial e histórico é privilegiada e os moradores podem deslocar-se a pé e de
bicicleta, pois a distancia ao mesmo não ultrapassa dez quarteirões, cerca de 700 m.
3.1.2. Educação
O PAC Anglo está na área de abrangência de uma escola estadual e parcialmente
numa escola municipal. No diálogo com a população, verificamos que a maior parte das
crianças estão na escola estadual, apesar da necessidade de travessias da avenida que
margeia o canal. A escola que atende ao bairro da Balsa, poderá ser solicitada quando a
avenida de mão dupla estiver incorporada ao sistema viário da cidade. Para o escolar, o
acesso à escola municipal da Balsa será a opção mais segura.
3.1.3. Saúde
O buffer considerado para ao alcance dos equipamentos de saúde é de 800 m,
estando o PAC Anglo dentro do raio de abrangência do Posto de Saúde da Balsa.
Entretanto o posto não tem atendido à demanda do entorno. Moradores queixam-se da
falta de médicos ou de poucas fichas para atendimento, a Figura 34 representa esse buffer.
Mais uma vez, o tema da distância, embora facilite o acesso, não é o determinante para a
satisfação dos moradores quanto ao atendimento à saúde.
3.1.4. Áreas verdes
O critério de proximidade não se mostra suficiente para avaliar o acesso às áreas
verdes. Além da distancia temos as dimensões das mesmas. Zona de ocupação irregular
e espontânea, a Balsa tem somente duas áreas verde: ao lado da escola e no Ambrosio
Perret. No projeto do parcelamento do solo da área de 30.078,00 m2 do PAC Anglo, estão
previstos somente 3,65% para a área verde, muito abaixo da exigência da legislação
municipal para loteamento, que é 15%, podendo 5% estar contabilizada nos canteiros e
arborização das vias pública.
Juntamente com o projeto das casas do PAC Anglo, foi planejada uma área verde
dentro do perímetro da área, porém as obras da mesma não tiveram início até o momento.
A Figura 35 representa essa área verde.
3.1.5. Conclusões Parciais
Analisando a disposição de determinados equipamentos urbanos e comunitários –
áreas verdes, instituições educacionais, linhas de transporte coletivo e unidades de saúde
- da área, constata-se a ausência de equipamentos na área do Loteamento Anglo. Ao redor
do mesmo, quando há equipamentos, nota-se que a população tem de percorrer de médias
a grandes distâncias para usufruir dos mesmos. A maior parte dos equipamentos tangencia
o PAC Anglo no limite do raio de abrangência admitido como adequado.
4. CONCLUSÕES
4.1. Condução do Processo Participativo e Necessidades Habitacionais
Através das informações levantadas foi possível verificar a dificuldade de se
efetuar um projeto de requalificação urbana de assentamentos precários sem a efetiva
participação da comunidade em todas as etapas. A comunidade não foi cogestora, mas
sim "objeto" de uma intervenção de requalificação urbana.
Desde a assinatura do contrato do PAC por parte do prefeito Adolfo Fetter para as
regiões mencionadas receberem os investimentos do programa, em 2008, já se passaram
7 anos e o projeto não foi concluído até janeiro de 2015 (data de término da pesquisa). Se
contabilizarmos o período desse a ocupação do terreno, temos de 1998 a 2004, seis anos
até que a comunidade tenha a segurança da compra do terreno e a seguir, mais quatro
anos se seguem até a inclusão da área nas verbas do PAC Urbanização de Assentamentos
Precários. São 17 anos de instabilidade e apresentação das demandas da população ao
poder público e de existência de uma comunidade organizada.
Entretanto, apesar desta comunidade organizada, o projeto da área, iniciado em
2007 após o levantamento cadastral, não levou em conta o perfil das famílias, aplicando
um único projeto padrão de unidade habitacional de 2 dormitórios de 36,90 m2.
Os dados do censo de 2010 evidenciam que no PAC Anglo temos um percentual
de 17,11% de domicílios com 5 ou mais moradores bem como 28,82 % dos domicílios
possuem entre 1 e 2 moradores, e que a opção por uma moradia com um dormitório
poderia atender a 12,61% das famílias beneficiadas.
Estes dados evidenciam que a proposta padronizada de moradias com 2
dormitórios ofertada pelo PAC no caso estudado deixa 17,11% das famílias fora de um
atendimento condizente com o número de moradores e que falta um maior detalhamento
das necessidades dos domicílios com 1 a 2 moradores, para oferta de unidades com um
dormitório. Uma oferta mais diversificada da tipologia habitacional ou a possibilidade de
uma casa evolutiva no lote atenderia de forma mais eficaz as demandas da população.
As primeiras 54 unidades já apresentam modificações e ampliações poucos meses
após a entrega. Levantamento realizado em janeiro de 2013 revela que das 58 casas, foram
construídos muros e cercas em 25 unidades. Além da busca da segurança essas
construções anexas ordenam o território e estabelecem um espaço de transição entre a
moradia e a rua. Entretanto a precariedade de recursos se alia à falta de orientação para a
execução destas obras. Não há nenhuma intervenção das assistentes sociais para busca de
soluções conduzidas de forma coletiva. Cada morador edifica com os recursos e limites
que estão a seu alcance. Desperdiça-se a oportunidade de relacionar a ação de capacitação
profissional desenvolvida pelo trabalho social com a de realizar melhorias habitacionais.
Esta também seria uma oportunidade de desenvolver programas de assistência técnica à
moradia de baixa renda, como aprovado na Lei Nº 11.888, de 24 de dezembro de 2008.
Esta assegura o direito das famílias de baixa renda (até 3 SM) à assistência técnica pública
e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social, como parte
integrante do direito social à moradia previsto no art. 6o da Constituição Federal. Apesar
de aprovada e defendida pelas instituições de promoção e controle da arquitetura e
urbanismo, não foi considerada pelo Ministério das Cidades como prioritária e somente
experiências isoladas têm sido implementas (LINASSI, 2014).
4.2. Tempo de Execução: um Problema de Gerenciamento do Município
Pelotas participou, com mais 5 municípios da Metade Sul do RS, de projeto de
desenvolvimento financiado pelo BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento, com as primeiras negociações iniciadas ainda na gestão municipal do
governo Marroni. Durante o período seguinte, de 2005 a 2007 o município recebeu
treinamento para compatibilização e adequação de projetos e estabeleceu um estrutura
local para elaboração de projetos, preparação de editais, fiscalização de obras e prestação
de contas, através da UGP – Unidade Gestora de Projetos (envolvendo diversas
Secretarias e órgãos da prefeitura), com qualificação da equipe da UGP (e de diversos
servidores), que teve atribuições ampliadas para encaminhamento de outros projetos
(PAC 1 e 2, emendas parlamentares e Consulta Popular). A assinatura do Contrato entre
o BIRD e Pelotas ocorreu em março de 2008 com o início das obras e intervenções, com
prazo de 5 anos para conclusão de 30 projetos (pavimentação e arborização, calçadão do
Laranjal, na orla da Lagoa dos Patos, Centro de Comercio Popular - “camelódromo”,
entre outras) . Além das obras do BIRD, o controle de todos projetos e obras do PAC
ficaram ao encargo da UGP durante todo o período do governo Fetter mantendo-se a
mesma estrutura no governo eleito a partir de 2013, de Eduardo Leite.
Se a UGP foi ágil na captação dos recursos do Governo Federal, na execução dos
projetos do não teve o mesmo desempenho. Em entrevista de novembro de 2012 ao Diário
Popular, Fetter declara que, se por um lado a negociação inicial com o Banco Mundial foi
extremamente difícil, levou cerca de três anos, uma vez assinado o contrato o processo
foi ágil e “tudo funcionou muito bem”, dentro dos prazos acertados. “Com o governo
federal a situação se inverteu: a parte de projetos foi fácil, mas depois a execução se
tornou muito difícil, não foram cumpridos prazos de fiscalização nem de pagamentos.
Em março de 2009 a Secretaria Federal de Controle Interno da Controladoria-
Geral da União efetua o Relatório de Fiscalização 01356 RS sobre a elaboração do PLHIS
e do PAC Farroupilha no Município de Pelotas. O Relatório aponta diversas
irregularidades: falta de titularidade das áreas onde os recursos serão aplicados, demoras
na tramitação de projetos e decisões administrativas, a não realização do trabalho social
junto as comunidades, sobre preço e obras contratadas em ritmo lento de realização. O
relatório não possui nenhuma manifestação sobre as irregularidades, nenhuma
contestação, por parte da PMPEL. A retenção dos recursos para realizar o PLHIS – Plano
de Habitação de Interesse Social é claramente denunciada (recursos retidos por mais de
10 meses) e revela uma disputa de poder: a sociedade civil e a academia querem que este
seja elaborado, e do outro lado o Secretario de Habitação do governo Fetter, que neste
momento entende que um plano realizado de forma democrática poderia entrar em
conflito com as decisões centralizadas na UGP. Em Pelotas o PAC veio antes do Plano.
Executar o caminho contrário, ou seja, a elaboração de uma política pública
municipal de habitação adequada às características do município e de forma participativa,
poderia entrar em conflito com a posição de total apoio ao capital imobiliário que a
PMPEL estava praticando.
O ano de 2007 é pródigo em editais para execução das unidades habitacionais e
infraestrutura das quatro áreas do PAC. Para as obras do PAC Anglo, uma empresa local
é selecionada para obras de infraestrutura e uma segunda de fora do estado para 90
unidades habitacionais. Os passos seguintes da construção destas unidades são uma
sequencia de falência, novo edital, falta de candidatos interessados, novo edital e por fim,
dispensa de licitação. O engenheiro responsável pela empresa contratada para finalizar as
90 unidades parcialmente construídas diz que “foi praticamente convidado” a realizar a
obra, que ninguém mais se interessava.
Kapp (2012,473) evidenciou para Belo Horizonte “o descompasso entre
programas federais, com suas agendas e pré-requisitos, e os problemas enfrentados pelas
prefeituras no dia a dia”. Em muitas delas não existe nenhum órgão especificamente
responsável pelas políticas habitacionais e urbanas. Pelotas, no período de governo do
PT, criou a Secretaria de Habitação e Cooperativismo, praticamente desativada nas duas
gestões seguintes, eliminando-se o Cooperativismo tanto de seu programa de ação como
de seu nome. A nova SEHAB efetua o projeto preliminar para envio ao Ministério das
Cidades da Vila Farroupilha e os Projetos Finais e a gestão são logo assumidas pela
Unidade Gestora de Projetos. Separa-se cabeça e corpo em prol de uma “agilidade”, de
uma “eficiência da máquina pública”: a SEHAB pensa e a UGP coloca em prática.
Entretanto, pelo relatório da Controladoria Geral da União e pela análise da Linha
de Tempo do processo de planejamento, projeto, obra e pós ocupação do PAC Anglo,
vimos que a fórmula administrativa centralizadora não funcionou. O descompasso entre
os tempos do Governo Federal e os do municipal permaneceu, porque outras são as
dificuldades para a execução de projetos de requalificação urbana, não resolvidos pela
existência de uma “super secretaria executiva”.
Deste estudo de caso elencamos algumas das dificuldades encontradas:
1. Falta de empresas que tivessem simultaneamente o interesse e o perfil de poder
participar das licitações. O mercado habitacional aquecido, com alternativas de recursos
nas três faixas do MCMV, abriu diversificadas oportunidade às empresas locais. Algumas
das concorrências publicas não tiveram nenhuma empresa local inscrita. Empresas de fora
que se apresentaram às licitações do município não possuíam o conhecimento das
questões legais e dos processos de tramitação junto aos organismos públicos e autarquias,
o que pode causar tempo e custos adicionais. A primeira empresa que venceu a
concorrência publica para construção das 90 unidades do PAC Anglo, abandonou o
canteiro de obras de forma tempestiva em menos de um ano.
2. A forma de Concorrência Pública não tem conseguido atender a obras de
pequeno porte e espalhadas em vários pontos da cidade. O PAC Farroupilha no total
construiu 420 unidades habitacionais em 4 sítios distintos. Somente para o PAC Anglo
houve 4 concorrências e duas dispensas de concorrência e um processo que corre de
março de 2008 a março de 2015, 7 anos e ainda não finalizadas as obras da praça e
pavimentação do ultimo trecho da via principal, bem como a regularização fundiária. Se
essa forma de contratação de obras for estendida para a requalificação e regularização das
159 áreas do município de Pelotas, precisaremos de uma capacidade de gerenciamento
impossível de manter numa prefeitura de cidade de médio porte.
3. Falta de experiência das empresas em obras onde a população moradora
permanece no terreno ou é parcialmente remanejada. Problemas operacionais na
execução de obras de infraestrutura com a presença de menores de idade nas vias, demora
na saída dos moradores de suas casas e ruas, que para a empresa, não é entendida como o
local de moradia, mas sim como canteiro de obra, e imprevistos em custos de
infraestrutura. Estes fatores podem acarretar abandono e/ ou falências das empresas
contratadas.
4.3. Processo de Transição: da Precariedade a Nova Moradia
Além da demora, como constatado nas entrevistas, não houve uma política para a
relocação temporária dos moradores que tiveram de deixar suas casas para que as obras
pudessem iniciar. A população afirma que teve de providenciar por conta própria locais
temporários para se abrigar. Alguns se estabeleceram em casas de parentes e outros
puderam apenas improvisar abrigos temporários em péssimas condições de
sobrevivência, com materiais sucateados e sem nenhuma infraestrutura.
Apesar de previstos dentro das normativas do Programa, não foi proposta
utilização dos recursos para aluguel e para casa de passagem. A condição de precariedade
e insalubridade das famílias deste assentamento certamente recomendam a transição em
casa de passagem com assistência social para que as noções de cuidados com a moradia
e com a infraestrutura urbana fossem trabalhadas com os moradores. Esta situação de
saída de sua moradia e necessidade de buscar apoio em familiares ou amigos trouxe muito
desconforto e custos para os moradores. A obra do PAC Anglo se desenvolveu em duas
etapas distintas: a primeira por urbanização e construção de novas unidades num terreno
vazio, contíguo a área já ocupada. Estas primeiras 58 moradias foram destinadas aos
moradores da comunidade do Anglo que estavam sobre o leito da via que margeia o canal.
Estes passaram de uma situação de total insalubridade para uma moradia mínima nos
padrões do Programa. As demais 32 famílias tiveram que ser desalojadas para que sobre
o terreno por elas ocupado, se construísse novas vias e unidades habitacionais. A espera
pelas novas moradias, que seria de 3 a 4 meses, se entendeu para alguns moradores de 12
a 18 meses. Esta transição da antiga à nova moradia causa uma desestabilização do
cotidiano que deve ser resolvida pelo gestor da política publica, e não pode ser justificada
pela busca da qualificação do espaço da moradia e da cidade que o Programa tem por
objetivo.
4.4. Regularização Fundiária
O processo de regularização fundiária está em curso. Há uma divergência entre a
demarcação da gleba original do terreno e a do levantamento de campo das obras de
requalificação urbana desenvolvidas, que superada, possibilita o envio final ao registro
de imóveis para poder proceder a titulação onerosa.
A Prefeitura teve que estabelecer uma metodologia de abordagem da
regularização que fixasse uma data limite para identificação dos residentes e que fazem
parte da comunidade original. Muitas famílias, atraídas pela perspectiva de obterem o
titulo de propriedade, querem agregar-se ao grupo original. Com o Loteamento Anglo,
este fato ocorreu nos primeiros anos da aquisição da área, antes da implementação do
PAC. A liderança comunitária foi extremamente rígida quanto a entrada de novos
membros no terreno e o grupo permaneceu praticamente igual durante o processo de
execução do PAC.
O uso de geotecnologias, propiciado pelo convênio do projeto de Extensão
Vizinhança com a UFPEL e a existência de uma imagem de sobrevoo atualizada facilitou
o processo de fechamento da poligonal e descrição dos lotes. Entretanto o Cadastro Sócio
Econômico dos moradores ainda é feito de forma analógica, aplicada por questionários
analógicos, e sem a constituição de um banco de dados. Tampouco é feita a associação
entre o banco de dados cadastral e a localização das unidades habitacionais. Recomenda-
se a implementação destas ferramentas para possibilitar a espacialização das informações.
Situações de risco social, como drogadição, prostituição e situações de fragilidade social
familiar (mães menores de idade, mulheres chefe do domicílio, podem estar associados a
determinados locais do empreendimento. Se mais facilmente identificadas essas
correlações, estas poderão servir de base para ações e programas de prevenção e
melhorias, bem como de fácil localização para situações de urgência e risco.
Sobre a eficácia deste programa de requalificação urbana associado a
regularização fundiária, o funcionário entrevistado Jorge Alves recorda que o município
não pode repassar sem ônus o terreno regularizado para as famílias. O valor aprovado
pela Câmara Municipal foi de três Unidades de Referencia Municipal (R$ 88,12),
parcelado em 10x, o que nos valores de janeiro de 2015 significa R$26,43 mensais. Este
valor, que muitas vezes as famílias, muitas sem rendimentos, não poderão pagar, contrasta
com os valores de locação de apartamentos de 2 quartos na mesma região de Pelotas, que
varia de R$800,00 a R$1800,00. O funcionário declara “acho que vamos regularizar e
eles vão vender. Não tivemos coragem de usar a Concessão Real de Uso”.
4.5. Trabalho Técnico Social
Segundo as entrevistas com as técnicas do trabalho social do PAC Anglo, o
trabalho social é feito com a contrapartida do Município, em um percentual de 2.5% do
valor do projeto. Todas as ações planejadas pelo TTS são submetidas a aprovação da
CEF, após implantadas junto a comunidade. As ações efetivadas com a contrapartida do
Município, foram os cursos de geração de renda, (portaria, cobrador de ônibus, manicure
e pedicure, doces tradicionais de Pelotas, informática básica e técnica básica de cozinha),
que beneficiou a comunidade do loteamento, contemplando o eixo de desenvolvimento
socioeconômico – que objetiva “a articulação de políticas públicas, o apoio e a
implementação de iniciativas de geração de trabalho e renda, visando à inclusão
produtiva, econômica e social, de forma a promover o incremento da renda familiar e a
melhoria da qualidade de vida da população, fomentando condições para um processo de
desenvolvimento sócio territorial de médio e longo prazo”.
Esse é o discurso oficial das técnicas sociais, entretanto o RELATORIO DE
FISCALIZACAO 01356. MUNICIPIO DE PELOTAS – RS – sobre as obras do PAC
Farroupilha pela Controladoria-Geral da União Secretaria Federal de Controle Interno
nos revela outra realidade. Constata a “Inexecução do trabalho técnico social previsto no
Plano de Trabalho”. Conforme o relatório:
“Analisando o dossiê do contrato de repasse em tela, verificamos que o trabalho
técnico social previsto para referida etapa 01 não vem sendo executado pela Prefeitura
Municipal de Pelotas. Examinando os dois boletins de "Acompanhamento e Avaliação
do Trabalho Técnico Social - AVT", emitidos pela Caixa, datados respectivamente de
21/08/2008 e 28/11/2008, verificamos que somente o segundo acusa alguma medição de
serviços, no valor de R$ 304,38 (trezentos e quatro reias e trinta e oito centavos), valor
este ínfimo em relação a monta prevista para esta atividade (R$ 76.775,89), pelo qual
pode ser considerado que o referido trabalho encontrava-se, a época, ainda não iniciado.”
(CGU, 2009)
Além de tardio, o trabalho técnico social se limitou a efetuar o cadastramento das
famílias em 2007 e posteriormente a oferecer cursos de capacitação profissional. O
Cadastro foi meramente burocrático e seus dados não foram utilizados para revelar as
características sócio econômicas da população para planejamento de ações. Novo
cadastro foi realizado em finais de 2014, mas como já mencionado, não houve nenhuma
utilização de seus dados. O tema da inadequada ocupação das áreas de recuos das
habitações, de promoção de ações coletivas de uso e manutenção das vias publicas foi
abordado superficialmente através de palestras. Não foi realizada qualquer ação para o
aproveitamento do espaço do Salão Comunitário, Este permanece vazio, com uso
eventual para as reuniões entre com o poder publico e a Universidade. A liderança
comunitária está em busca de parceiras para sua utilização e interditou o uso dos
moradores com a justificativa de que este poderá ser depredado.
A ação do técnico social no PAC Anglo mostrou-se meramente burocrática,
reforçando a observação das perdas que a instalação da UGP trazia a política habitacional
do município.
4.6. Gestão Pós- ocupação
A realidade se distribui de forma desigual na cidade de Pelotas e na Zona da Balsa
e no PAC Anglo a concentração nas faixas de menores rendimentos é maior do que a
média brasileira e pelotense, respectivamente 93,41% na Balsa e 95,67% no PAC, sendo
que no PAC Anglo 90,50% dos domicílios encontram-se concentrados na faixa de até 1
(um) salário mínimo.
Estes dados são um alerta para os técnicos sociais do Programa e para os técnicos
municipais e gestores públicos. A baixa capacidade financeira das famílias é um problema
para a manutenção dos espaços da habitação e do entorno imediato. Os baixos
rendimentos desta população nos levam a refletir sob dois ângulos: primeiro, uma
constatação positiva, o programa habitacional PAC-Urbanização de Assentamentos
Precários está efetivamente atingindo a população de mais baixa renda, como a residente
nesse assentamento; segundo, devido a baixa renda, a população residente terá baixa
capacidade de pagamento de impostos, tarifas e taxas de serviços públicos. Este fato
poderá comprometer o processo de uso e manutenção dos mesmos. O investimento
realizado pode rapidamente se deteriorar caso o município não estabeleça um programa
especial de gestão e manutenção das unidades habitacionais e do território e um processo
participativo da população.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizando, destacamos a inversão da ordem do planejamento e execução da
política publica de habitação: em Pelotas, o PAC Urbanização de Assentamentos
Precários foi realizado sem o PLHIS. Apesar da incontestável necessidade de uma
regularização técnica e fundiária da área em estudo, verificou-se que este foi um momento
único de entrada de recursos oportunizada por um edital do Ministério das Cidades e que
não teve continuidade. Não foram contempladas novas áreas e a capacidade gerencial da
UGP mal está dando conta de finalizar as quatro áreas contempladas com os recursos. Ou
seja, foi uma ação pontual e descolada do PLHIS. O estudo de caso do PAC Anglo
revelou que o projeto está sendo realizado sem a participação popular, em prazos que
muito ultrapassam os originalmente estabelecidos, que apesar de estar findando a
regularização fundiária e o os moradores demonstrarem sua satisfação com o futuro
titulo de propriedade, não foi um processo pleno A regularização fundiária implica a
regularidade técnica, jurídica e a participação da população. O projeto da requalificação
do PAC Anglo não foi um projeto conjunto entre a comunidade e o poder público
municipal, e sim uma sequência de embates para resolver os problemas que se
apresentavam ao longo de sua concretização. Ainda não se alcançou a regularidade
técnica, pois a estação elevatória de esgoto não foi construída pela autarquia de
saneamento municipal, o SANEP e os problemas de saneamento são constantes. O salão
comunitário, pronto há um ano e meio, ainda não possui um programa de utilização e está
fechado ao acesso dos moradores. Moradias não adequadas ao perfil de um quinto das
famílias já apresentam construções irregulares e grande parte das unidades se apropriaram
do espaço frontal. A permanência no local original dessa comunidade, de localização
privilegiada na cidade, e a melhoria das condições de salubridade da moradia e do urbano
certamente são conquistas do Programa. Mas o projeto das unidades geminadas e o
desenho urbano repetem um modelo tradicional sem preocupações com evolutibilidade e
sustentabilidade. E o tema da gestão dos novos espaços públicos no seu uso e apropriação
cotidianos não fez parte dos objetivos do Programa.
A conjugação do PLHIS no nível municipal com projetos específicos para o nível
da comunidade, com a efetiva participação da população é o que seria a formulação ideal.
Uma maior autonomia da comunidade local seria o desejado, bem como a possibilidade
de alternativas de projetos com inovações nas concepções projetuais, tecnológicas e de
gestão. O formato atual do PAC -Urbanização de Assentamentos Precários, não está
apoiando e permitindo estas alternativas, bem como as estruturas de gestão municipais.
Uma revisão crítica deste programa deve buscar alternativas que modifiquem estas
relações e ampliem a aplicação dos recursos do PAC para que a urbanização e a cidadania
efetivamente cheguem aos assentamentos precários.
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