1. Introdução; - SciELOsubsídios ao processo decisório e, como tal, espera-se que apresente...

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1. Introdução;2. Definições;

3. Aspectos metodológicos,'4. Elementos ou fatores intervenientes;

5. Considerações finais.

Henrique Rattner"

*Professor do Departamento deFundamentos Sociais e Jurídicos da

Administração/ da Escola deAdministração de Empresas de São

Paulo, da Fundação Getulio Vargas.

Rev. Adm. Emp.,

1. INTRODUÇÃO

De introdução recente no país, a avaliação de tecnolo-gia (AT.) rapidamente conquistou adeptos e ganhounotoriedade, dado sua versatilidade e eficácia naanálise de inovações e de seus impactos, positivos ounegativos. Tanto o Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico (CNPq), quanto diver-sas secretarias ministeriais de tecnologia e equipes depesquisas acadêmicas têm recorrido à AT para equa-cionar, dimensionar e avaliar as possíveis conseqüên-cias de projetos públicos em grande escala e, portanto,de custos e riscos elevados.

O presente trabalho procura sintetizar algumasconsiderações teóricas e práticas sobre a AT, visandosua divulgação junto aos administradores de empresasprivadas e públicas, e sua eventual adoção como ins-trumento de apoio no processo decisório.

Os administradores de empresas privadas ou públi-cas são freqüentemente obrigados a tomar decisões emcondições de incerteza, num mundo em mudançascontínuas. A necessidade de adaptar o processo de-cisório às circunstâncias em transformação leva àcaracterização do mesmo como uma aposta indefinidade a/to risco. A característica de aposta refere-se ao al-to grau e natureza probabilística dos resultados espera-dos, em face de expectativas e aspirações contra-ditórias e, muitas vezes, conflitivas, das partes envolvi-das. A indefinição é decorrência de regras de jogopouco claras ou explícitas, o que provoca, freqüente-mente, alterações durante o processo, ditadas pelasrelações de poder e pela influência dos indivíduos ougrupos envolvidos. Finalmente, o alto risco é devidoao fato de mesmo as melhores alternativas encerraremfreqüentemente conseqüências negativas, provocandoreações violentas por parte de grupos ou classes dapopulação, atingidos desfavoravelmente pelas decisõesdos detentores do poder.

A avaliação de tecnologia representa um método deantecipação (ias repercussões, no meio ambiente natu-ral e social, da aplicação de uma determinada tecnolo-gia, objetivando a maximização de seus efeitos positi-vos e a neutralização dos negativos. A análise da ATpode ser feita sob duplo enfoque - o da tecnologia deper si e o de seu impacto no meio ambiente - procu-rando integrá-los numa visão de conjunto coerente, noqual a tecnologia está sempre subordinada ao sistemasocial global. Seria um exercício estéril tentar analisare avaliar a tecnologia como fator isolado, com objeti-vos próprios, independentes de seu meio social. Nocontexto deste trabalho, a tecnologia é considerada co-mo um meio, cujos objetivos específicos estão sempresubordinados a alvos mais gerais, de categorias sociaissuperiores.

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A avaliação de tecnologia é, portanto, uma técnicaque ajuda a identificar, levantar e aclarar problemas,mais do que resolvê-los, baseada nas seguintes premis-sas:

a) a implantação de uma nova tecnologia deve seruma opção social consciente, ou seja, a decisão a res-

Rio de Janeiro, 19(4): 79-90, out./dez. 1979

Avalição de tecnologia technology assessment um instrumento auxiliar no processo decisório

peito deve ser tomada com base nos conhecimentosacerca das implicações e impactos possíveis da inova-ção;

b) a administração pública que, por definição, deve vi-sar o interesse coletivo, teria todo o interesse em admi-nistrar racionalmente a inovação, o que exige avalia-ção e comparação sistemáticas com soluções alternati-vas.

Aplicada neste sentido, a avaliação de tecnologia sedistingue do raciocínio meramente intuitivo e daespeculação, porque:

a) exige uma explicitação do raciocínio e das inferên-cias, submetendo premissas e hipóteses à crítica e àverificação, de acordo com os requisitos e padrões dométodo científico;

b) tira os administradores da rotina e os obriga a am-pliar os horizontes da reflexão e do planejamento,analisando criticamente opiniões, crenças, tradições evalores tradicionais;

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c) representa uma técnica interdisciplinar e holística,cuja aplicação leva à percepção da interação entremudanças tecnológicas e sociais;

d) indica, além de alternativas tecnológicas, possíveisimpactos de sua introdução nos meios ambientes eco-nômico, social, político e ecológico.

As condições de mercado de concorrência imperfei-ta e a complexidade do mundo de negócios e daadministração pública têm levado à adoção quase ge-neralizada de práticas de planejamento, no sentido deadequar os meios a fins preestabelecidos. A produçãode bens e serviços em grande escala, com produtos pa-dronizados para o consumo de massa; a indivisibili-dade de instalações e equipamentos e, portanto, o ele-vado custo do investimento inicial levam forçosamenteà programação e ao planejamento das operações, pro-curando reduzir, senão eliminar, os riscos de um fra-casso.

Como exemplo ilustrativo, convém analisar, entreoutros, os estudos sobre fontes energéticas alternati-vas, especificamente a de biomassas, cujas implicaçõesdevem ser analisadas não somente em termos de cus-to/beneficio para o investidor. As conseqüências indi-retas, ou de segunda ordem, da introdução de biomas-sas como fontes energéticas abrangem uma amplaga-ma de aspectós e problemas, tais como:

- a demanda adicional por terras de alta produtivida-de;- a expulsão das culturas menos rentáveis e, portan-to, a expansão da fronteira agrícola;- a eliminação das pequenas propriedades e atransformação de largas áreas em monoculturas;

- mudanças na estrutura da propriedade da terra,com a expansão de empresas agrícolas e agroindus-triais;- por outro lado, as monoculturas em grande escalae mecanizadas irão exigir:

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• quantidades crescentes de equipamentos motoriza-dos;• quantidades maiores de fertilizantes e pesticidas, emgrande parte ainda importados, onerando, portanto, obalanço de pagamentos;

_ a expansão das monoculturas, às custas das cultu-ras tradicionais, resultará em escassez de alimentos,cujos custos de produção tenderão a aumentar, devidoà expansão da fronteira agrícola, os maiores custosdos insumos (mão-de-obra mais qualificada, fertili-zantes importados, etc.), bem como os custos adicio-nais de transporte e armazenamento;

- no que se refere à mão-de-obra, os impactos nega-tivos já são verificados nos estados de São Paulo e Pa-raná, onde a expansão da agricultura capitalista temlevado à liberação trabalhadores não qualificados, an-tes ocupados na economia de subsistência ou em pe-quenas propriedades rurais. Suas migrações aosnúcleos urbanos mais próximos têm gerado o fenôme-no dos bóias frias, problema social de dificil solução e,portanto, provocador de tensões e conflitos políticos;

_ impactos indiretos da introdução de biomassas, emgrande escala, serão sentidos nas áreas urbanas -pressões sobre o poder público para prover à popula-ção migrante condições de vida mínimas, sob forma dehabitação, saneamento, recreação, educação, saúde esegurança pública, o que não deixará de refletir-se nodesequilíbrio orçamentário e num aumento das pres-sões tributárias sobre a população;

- o cultivo de monoculturas, como matéria-primapara a indústria energética, terá reflexos sobre as eco-nomias regionais. pela distribuição assimétrica das usi-nas e destilarias no espaço econômico. Portanto,desníveis de renda individual e regional tenderão aacentuar-se, gerando um ciclo virtuoso de poupança-.investimento-renda, em apenas algumas áreas privile-giadas;

- o meio ambiente ecológico sofrerá impactos dasnovas culturas em grande escala, devido ao uso de fer-tilizantes químicos e pesticidas, bem como à poluiçãodas águas pelos resíduos do processo de destilação damatéria-prima vegetal;

- a indústria de máquinas e equipamentos passará,indubitavelmente, por uma fase de grandes negócios,decorrente de uma demanda praticamente ilimitada elíquida por novas instalações, com facilidades cre-ditícias, proporcionadas pelo poder público.

Finalmente, convém mencionar também os diversosgrupos de interesses envolvidos ou afetados pelos pla-nos e projetos de biomassas:

- os proprietários das usinas e destilarias;- os proprietários das terras;- os pequenos lavradores;- os trabalhadores rurais, sem terras;- os industriais de máquinas e equipamentos;- os operários dessas indústrias;- os banqueiros e dirigentes de instituições financei-ras;

- as administrações públicas, a nível municipal, esta-dual e federal;- as camadas de baixa renda da população urbana;- as classes média e alta da população urbana, donosde automóveis particulares.

A lista acima não esgota a pauta dos impactospossíveis da introdução e da utilização de biomassasem grande escala. Sua listagem e os cruzamentos comos diversos grupos afetados devem permitir a localiza-ção dos focos de resistência e de eventuais obstáculostécnicos, econômicos ou políticos à implantação donovo sistema energético. Ademais, a organização sis-temática de dados e informações sobre os impactos po-tenciais da nova tecnologia dará condições ao poderpúblico para escolheras alternativas mais eficazes.

2. DEFINIÇÕES

A AT constitui uma subcategoria de análise de diretri-zes (policy anatysisi, cujo objetivo é proporcionar aosque' tomam decisões nos setores público e privado am-pla e objetiva informação sobre as conseqüências po-tenciais de ações relacionadas com o desenvolvimentotecnológico. Praticamente, a AT é orientada para an-tecipar, identificar e avaliar os possíveis impactos quepodem advir da introdução e utilização de uma novatecnologia, uma nova aplicação de tecnologia existen-te, ou uma mudança significativa ao nível de suautilização.

Preocupados com os efeitos, não somente os plane-jados e diretos em termos de custo/benefício, mas s~-bretudo os secundários ou não esperados, que se mam-festam nos sistemas econômico, social, legal-institu-cional, ecológico e político, os objetivos da AT visa~explorar e determinar caminhos de intervenção maisefetivos no desenvolvimento de tecnologias prospecti-vas.

Partindo da premissa de que o futuro não é prede-terminado e, portanto, pode ser construído de acordocom opções sociais conscientes, as análises da AT pro-curam formular e explicitar os objetivos socialmentedesejáveis, seus custos, benefícios e efeitos, positivos enegativos, a médio e longo prazos, bem como indi-cam 'os meios e diretrizes disponíveis para evitar im-pactos negativos, ou para melhor preparar-se para asmudanças sociais inerentes.

Ao equacionar um estudo de AT, os técnicos devemformular as seguintes indagações básicas:

a) quais serão os impactos, efeitos ou conseqüênciasque resultarão do uso da tecnologia, além daquelesque estão sendo utilizados para justificar seu desenvol-vimento?

b) os diferentes grupos que recebem os impactos consi-deram-se beneficiados ou prejudicados, e em que me-dida?

c) o que pode ser feito para incrementar os impactosbeneficiadores?

Os exercícios de AT mais bem sucedidos são aquelesque conseguem identificar e construir combinações dealternativas sociotecnológicas capazes de modificarimpactos previstos.

Líderes políticos e administradores tomam suas de-cisões, inevitavelmente, em um contexto de incerteza.A AT procura reduzir essa incerteza sempre quepossível, oferecendo uma gama de opções, tentandoantecipar as vantagens ou impactos negativos de umaescolha entre soluções alternativas. Contudo, a ATnão pode substituir o processo decisório: ela constituiapenas um elemento neste processo. Pois as relaçõesentre tecnologia e sociedade são, na melhor dashipóteses, probabilísticas, e não dispomos por ora deum modelo fidedigno e seguro da interação entre asmudanças tecnológicas e sociais.

Embora a bibliografia consultada a respeito não re-vele uma definição precisa e geralmente aceita do queseja a AT, é possível encontrar, entre os autores, umacordo tácito a respeito de um conjunto de elementoscentrais, pressupostos básicos da própria técnica. Es-tes podem ser resumidos da seguinte forma:

a) o desenvolvimento tecnológico pode e deve ser ra-cionalmente administrado, em direção a objetivos quecontribuam, a longo prazo, para o bem-estar da huma-nidade, ou de uma sociedade em particular. Aadministração 'será facilitada por uma avaliação ecomparação objetivas das alternativas disponíveis;

81b) a AT procura precipuamente proporcionarsubsídios ao processo decisório e, como tal, espera-seque apresente comparações das principais vantagens edesvantagens para os grupos ou segmentos envolvidos,da população, inerentes a eventuais opções;

c) a AT representa, basicamente, um esforço interdis-ciplinar, exigindo a participação ativa de cientistas so-ciais, bem como das áreas exatas e naturais. Eventual-mente, disciplinas mais recentes, como análise de siste-mas, teoria das decisões, pesquisa operacional, etc.,contribuem eficazmente para a realização de umaavaliação tecnológica. A crescente ênfase na carac-terística sistêmica da AT ,é explicada pela interação datecnologia e as diretrizes do poder público, constituin-do um conjunto complexo de relações, potencialmenteinteligível e suscetível de ser racionalmente administra-do;

d) qualquer exercício de AT deve incluir, obrigatoria-mente, projeções do futuro; em conseqüência, explorae analisa-deliberadamente as incertezas inerentes emtais projeções;

e) o conjunto mais geral de tecnologia abrangetambém o de administração ou soft technology (tecno-logia social), além da conotação usual de tecnologiafísica ou material;

f) tendo essencialmente finalidades práticas - insumopara as decisões - os relatórios de AT podem incluirtanto informações e dados quantitativos, quanto qua-litativos e mesmo juízos de valor.

Avaliação de tecnologia

Todavia, nenhuma AT pode ser considerada comoresposta definitiva para o problema em pauta, porquenovas informações emergem constantemente, alteran-do o cenário e as relações entre os elementos. Por isso,a aplicação da AT deve ser reiterada e cumulativa. Aabordagem do técnico em AT deve ser do tipo explo-ratório, experimental e pragmático. tendo sempre pre-sente que os impactos do desenvolvimento e da utiliza-ção de uma nova tecnologia aparecerão somente emlO, 15ou 20 anos, sob a forma de mudanças de outrastecnologias e instituições, o que exige, por sua vez, co-nhecimento e utilização de técnicas de antecipação. I

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

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Adimitindo-se a necessidade de avaliar novos proces-sos e produtos técnicos antes de sua aplicação em esca-la ampla, a fim de calcular os riscos e a extensão de po-tenciais disfunções, é lícito indagar sobre a poucapenetração desta técnica na indústria. Além da relativanovidade que a técnica em si representa, podemosapontar as seguintes razões prováveis para seu poucouso ou mesmo desconhecimento por parte dos admi-nistradores:a) a AT é considerada, geralmente, uma arte. Os im-pactos futuros de uma nova tecnologia envolvem sem-pre incerteza sobre a interação e as conseqüências decertos fatores, os quais só podem ser analisados dentrode um quadro de referências do conhecimento atual,enquanto os eventuais comentários e recomendaçõesestejam, necessariamente, baseados em premissas ehipóteses mais ou menos prováveis. Isto significa que asolução de um problema mediante a aplicação da ATsó pode proporcionar diretrizes gerais ou um quadrometodológico de referências para análise, compara-ção, etc., distinto, portanto, do tipo de problema bemdefinido que pode ser equacionado e resolvido me-diante a pesquisa operacional, matriz input-output,programação· linear, PERT, etc.;

b) muitos problemas não podem ser descritos adequa-damente, sem considerar suas relações sistêmicas comum contexto mais amplo. Problemas submetidos à ATsão geralmente interativos, e a característica da inter-dependência dos diversos fatores deve ser incluída ex-plicitamente nas especificações da AT. Todavia, naprática da tomada de decisões na indústria e, freqüen-temente, também no governo, o desenvolvimento po-tencial de uma nova tecnologia e seus impactos em ou-tras esferas são geralmente ignorados ou negligencia-dos como objetos de pesquisa e análise. Usa-se a pre-missa de ceteris paribus ou, pior ainda, a interaçãocom o contexto mais amplo é excluída da análise. Istonão deve levar-nos a subestimar as dificuldades exis-tentes ao nível de identificação dos impactos, bem co-mo a sua antecipação, quantificação ou dimensiona-mento;

c) tendo sido concebida inicialmente como instrumen-to auxiliar na tomada de decisões políticas, as princi-pais aplicações da AT encontram-se nesta área. Asrecomendações e as opções relacionadas com aspectosou fatores controvertidos são freqüentemente influen-

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ciadas por pontos de vista subjetivos e percepções e va-lores diferentes dos diversos grupos sociais afetadospela inovação pretendida. Tais controvérsias exigiriammais do que uma AT, o que raramente acontece. Deve-mos, portanto, inferir que a validação das opções e dasrecomendações não satisfaz necessariamente oscritérios da objetividade científica, no sentido de umaverificação intersubjetiva. Uma possível saída para es-te dilema poderia ser encontrada na elaboração de ummodelo participatório, em que os diferentes juízos devalor e as aspirações dos grupos sociais afetados pelanova tecnologia fossem analisados de forma neutra enão comprometida.

Conforme foi apontado atrás, um estudo de AT lan-ça mão de várias técnicas diferentes, sendo que a sele-ção de uma em particular exige verificação cuidadosade sua adequação e eficiência no caso específico. Atécnica de construção de cenários, por exemplo,.pareceadequada para analisar a probabilidade de eventos fu-turos, as condições que possam influenciar sua gênesee os efeitos e problemas potencialmente inerentes aoemprego de uma determinada tecnologia.

Todavia, a construção de cenários apresenta certasdificuldades no campo sociopolítico, porque um siste-ma de valores deve ser estabelecido a fim de analisar eavaliar os impactos sociais de determinadas tecnolo-gias, ou os obstáculos que grupos sociais possam oporà sua introdução. A necessidade de uma certa con-gruência entre os sistemas de valores atual e futuro exi-ge uma antecipação de valores e preferências, na horada introdução e aplicação de uma nova tecnologia. Odesenvolvimento de um sistema adequado de indicado-res sociais, que permitam identificar as áreas e os obje-tivos mais importantes para o bem-estar da população,pode ser um instrumento auxil1ar de relevância nestatarefa.

Em 1971, uma equipe da Mitre-Corporação, sob adireção de M. Jones, desenvolveu uma metodologia desete passos, para a condução de uma AT.Foi enfatiza-do que os passos deveriam ser considerados como no-vas linhas de conduta e, portanto, a seqüência, deacordo com a sua ordem numérica, não seria essencial.Essa metodologia de sete passos foi desenvolvida du-rante a realização de seis projetos de AT, pela mesmaequipe, todos referentes a tecnologias fisicas. A fim defacilitar a aplicação da metodologia, cada passo foicompletado por uma extensa lista de aspectos pro-blemáticos e questões, procurando ressaltar, ao mes-mo tempo, a complexidade e dificuldade da AT.

A metodologia proposta pela equipe Mitre-Jones foiampliada posteriormente por J. Coates, do Office ofTechnology Assessment (OTA), do Congresso norte-americano. Embora utilizando o esquema Mitre-Jonescomo ponto de partida, Coates incorporou alguns ele-mentos extraídos de sua própria experiência em AT,ampliando e aperfeiçoando consideravelmente aquelametodologia. Esses elementos ou passos - a iden-tificação dos diferentes grupos de interesse, de alterna-tivas macrossistêmicas e de variáveis exógenas - leva-ram à formulação das seis variáveis ou aspectos de

interseção que afetam, de forma e intensidade varia-das, cada um dos passos seqüenciais, num processosistemático de AT.

A tabela 1apresenta as seqüências das metodologiasMitre-Jones (sete passos) e de Joseph Coates (10 pas-sos), paraaAT.

Tabela 1

Metodologia MitrNOM. (1971)

I. Definir a tarefa de avalioçlo2. Descreva li toc:nolosill rele-

vantes3. Desenvolver OI pressupostos

sobre o estado da sociedade

4. Identificar áreas de impacto5. Realizar anru.es preliminares

dos impactos6. Identificar possíveis opções p••

ra açlo7. Completar a análise dos imo

pactos.

Metodologia/. COat•• (1974)

I. Examinar diferentes formulaçõee. do problema

2. Especificar alternativas sistêmicas

3. Identificar possíveis impactos

4. Avaliar os impactos5. Id.entificar a estrutura decisória

6. Identificar as opç!!es para oçlo daestrutura decisória

7. Identifi~r grupos de interesse8. Identificar altematillJs macro-sís-

têmicas (outros caminhos para ameta)

9. Identificar variáveis ex6genas oueventos com prováveis efeitos so-bre 1- 8

______ 10. Conclusões e recornendaçôes --

Descrição deTecnologias

eProjeções

Alternativas

Convém ressaltar que essas seqüências de passos nãosignificam necessariamente sua realização de forma li-near. Ademais, seus autores insistem em que mais deum roteiro será necessário para produzir uma avalia-ção bem sucedida.

Tentaremos, a seguir, descrever resumidamente ca-da um dos elementos funcionais e de interseção, que fi-guram no. gráfico anterior, exemplificando algumasdas técnicas que parecem melhor adequadas a essas ne-cessidades funcionais.

3.1 Descrição eprojeção de tecnologiaAo primeiro e principal elemento funcional de qual-quer AT cabe a tarefa de descrever a tecnologia (ouárea problemática) a ser avaliada, e projetá-la, por ca-minhos alternativos, para o período de tempo futuroespecificado. A descrição das alternativas tecnológicasdeve permitir uma comparação adequada dos impac-tos e conseqüências. Por isso, a coleta de dados, adelimitação do campo de avaliação e a projeção de tec-nologias alternativas constituem componentes inte-grantes, porém subordinados a este estágio de AT.1. A coleta de dados referente à descrição da tecnolo-gia é necessariamente diferente daquela exigida poste-riormente para a conduta da análise dos impactos. Re-comenda-se, além da pesquisa bibliográfica, contatoscom especialistas e instituições especializadas, median-:te entrevistas realizadas por pesquisadores experien-tes. A organização de conferências, simpósios, etc.também pode servir de mecanismo para a acumulaçãoe a verificação de dados e informações. Em algunsprojetos, o uso de questionários para colher opiniõesde especialistas a' respeito dos objetivos da AT podesubstituir a entrevista pessoal.2. A delimitação da área de A Tparece um passo indis-pensável, tendo em vista a grande quantidade de op-ções e oportunidades, hipoteticamente sujeitas à inclu-

83No gráfico 1 são apresentados os elementos funcio-nais e de interseção para uma estratégia de AT.

Gráfico 1

~&~Análisede~ Diretrizes

(Policy Analysis)

incertezasimpactos inesperadosimplicações sociais a médio e longo prazos

CLARIFICAR:

Análise eComparação de

Impactos

o PROCESSO DE AVAliAÇÃO DE TECNOLOGIAPROCURA:

IDENTIFICAR:

aspectos e problemas subjacentes

COLETAR:informações e dados para subsidiar e au-xiliar a tomada de decisões presente oufutura.

Elementos de Interseção

Incerteza

Interação daEquipe

(*) Adaptado de J.E. Armstrong e W.W. Hannan -Strãtegies for Conducting Technology Assessment.Stanford Univenity - DEES - Stanford, Calif. 1977.

Avaliação de tecnologia

são no processo de avaliação. A equipe de AT deve de-finir as fronteiras que permitem projeções lógicas efactíveis da tecnologia analisada, em termos de tempo,recursos e, sobretudo, dos contextos ou cenários futu-ros, consistentes com a mesma.

A referência ao tempo procura determinar o períodode projeção necessário para avaliar as principais evolu-ções da tecnologia considerada e que sejam consisten-tes com outras tendências na sociedade. A maioria dosestudos de AT já realizados limita as perspectivas a10 anos, embora alguns projetos futurológicos esten-dam suas projeções a 20 ou 25 anos.

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Certos projetos ou tecnologias encerram, em suaspróprias definições, delimitações geográficas para suaárea de aplicação (por exemplo, a produção de energiaa partir de determinados tipos de biomassas).

Finalmente, a análise da estrutura institucional e dasrespectivas competências e poderes pode configurar asperspectivas dos limites político-legais de certas inova-ções, bem como das diretrizes alternativas, associadascom os impactos esperados e capazes de produzirmodificações significativas.

3. A projeção de alternativas tecnológicas para um de-terminado período, e cujos impactos e implicações po-dem ser comparados, constitui o fator central no pro-cesso de AT. Sua colocação não procura, necessaria-mente, afirmar quais opções teriam maiores chancesde ocorrência, mas entende a apresentação de uma ga-ma de alternativas, estendendo-se desde as de desen-volvimento futuro mais provável, até aquelas que se-riam - embora viáveis - menos prováveis.

São várias as tarefas e opções nesta fase da AT: a,equipe deve decidir se, e até que ponto convém prosse-guir nas tendências verificadas no passado, ou se pre-tende definir objetivos futuros desejáveis, em direçãoaos quais a tecnologia em apreço deve ser desenvolvi-da.

Na área de negócios, a ênfase recairá geralmente nastendências do passado, devido também ao horizontetemporal limitado dos administradores e empresários.Todavia, o enunciado e a especificação de objetivossociais desejáveis envolve, claramente, juízos de valore critérios subjetivos.

Outro ponto a ser observado refere-se à descriçãodas alternativas tecnológicas. Recomenda-se, comoprincípio, a apresentação de informações apenas ne-cessárias à análise dos impactos. Na ampla descriçãode cenários alternativos, pode ser útil a condição queespecifique os níveis, momentos e condições deimplementação da,tecnologia.

A inserção do contexto social projetado será impor-tante para aquelas alternativas desenvolvidas em fun-ção de objetivos sociais explícitos. Assim, por exem-plo, uma alternativa tecnológica criada para atingir al-tos níveis de conservação de energia incluirá, necessa-riamente, atitudes sociais consistentes com o uso racio-nal de todos os materiais e recursos naturais, o que,por sua vez, causaria impactos sociais e políticos consi-deráveis.

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3.2 A avaliação dos impactos

Um dos principais elementos funcionais da AT consis-te na avaliação comparativa de opções tecnológicas al-ternativas, baseada num conjunto bastante amplo decritérios, incluindo impactos e conseqüências sociais alongo prazo.

Pode-se, portanto, subdividir a avaliação dos im-pactos em três subcategorias:

1. Seleção dos critérios ou parâmetros dos impactos2. Avaliação e previsão dos impactos3. Comparação e apresentação dos impactos

1. A seleção de critérios para a avaliação de impactos.constitui um passo crítico na realização da AT, pelofato de antecipar a estrutura e o escopo da AT global.Os critérios são construídos por listas específicas deitens, utilizados para julgar, quantificar e comparar al-ternativas tecnológicas, enquanto os impactos medema intensidade positiva ou negativa de um determinadocritério.

Várias abordagens ou procedimentos podem ser uti-lizados para definir e estruturar os critérios para aavaliação dos impactos. '

a) Organização segundo disciplinas científicas: expe-riências diversas em A'f2 revelam que, em casos deutilização exclusiva de critérios extraídos segundo ca-tegorias científicas - economia, sociologia, ecologiaetc. -, os resultados são pouco satisfatórios, indican-do falta de integração e coordenação na avaliação fi-nal, provavelmente devido à tendência, inerente aosespecialistas de cada disciplina, de prosseguir em suasrespectivas tarefas de AT, sem se preocuparem com asdos outros membros da equipe e com a cooperação in-terdisciplinar.

Por estas razões, sugere-se freqüentemente acombinação de critérios, sob forma de matriz, segun-do as disciplinas científicas e os principais grupos deinteresse envolvidos ou afetados pela tecnologia.

b) Organização segundo grupos de interesse: neste ca-so, os critérios são organizados em termos dos gruposde interesse afetados pela tecnologia. Também nestaabordagem é freqüente a combinação com pelo menosuma outra categoria, sob forma de matriz, especial-mente quando a participação do público é consideradarelevante.

c) Organização segundo áreas funcionais da tecnolo-gia: aqui os critérios serão agrupados segundo fases oucategorias da própria tecnologia. Por exemplo, no ca-so da exploração de petróleo no mar, os impactos se-rão analisados segundo os seguintes elementos:exploração e perfuração, transportes e facilidades in-fra-estruturais em terra.

No caso das biomassas, a categorização pode abran-ger: plantio, irrigação e colheita; transporte e armaze-namento da matéria-prima, transformação industrial,disposição dos resíduos, transporte e distribuição doproduto final, etc.

d) Organização segundo categorias lógicas: estas sãoconstruídas apriori por meio de uma análise lógica douniverso das possíveis áreas de impacto. Esta aborda-gem, conhecida também como análise morfológica, éexemplificada pelo uso de árvores de relevância dosimpactos, em que determinados conceitos ou proces-sos são desdobrados numa hierarquia de elementoslógicos, relacionados e subordinados.

Este procedimento permite aos membros da equipevisualizar todos os impactos listados, oferecendotambém a possibilidade de pesquisar sistematicamenteos fatores ou aspectos omitidos.

e) Exemplos do processo de seleção de critérios: estatarefa pode ser concebida numa composição de trêspartes distintas:• a listagem de todos os impactos possíveis;• sua estruturação de forma coerente;• a seleção, como critérios, daqueles impactos consi-derados significativos e relevantes para a AT.

• Uma listagem completa e detalhada de todos oscritérios de impactos inclui, necessariamente, impactosprimários (diretos) e de segunda ordem (indiretos).Um exame de vários estudos de AT, realizados nosEUA, mostra a elaboração de listas exaustivas de im-pactos, baseada em uma avaliação preliminar. Nessescasos, a interação com o público e com os representan-tes de grupos de interesse é enfatizada como parte es-sencial do processo de avaliação. Outra técnica reco-mendada e útil na listagem de critérios de impactos é obrainstorming criativo.

• Em alguns casos, o impacto de uma tecnologia podeser tão difuso que torna difícil a categorização. Isto severifica, sobretudo, naqueles estudos em que os valo-res sociais predominam, levando à estruturação dosmesmos em separado, por meio de árvores de relevân-cia. Em outros, onde a coletividade parece envolvidana tecnologia, pode haver necessidade de separar e de-finir os grupos de interesse, afetados mediante umamatriz que os relacione com as áreas ou assuntos pro-blemáticos.

• Mesmo nos casos em que todos os impactos tenhamsido identificados, seria ainda necessário selecionar osque devem servir como critérios para a AT. A base pa-ra a seleção é constituída, geralmente, segundo opi-niões e juízos da equipe sobre os impactos significati-vos no contexto e dentro dos pressupostos delimitati-vos do estudo.

2. Previsão e avaliação dos impactos: tendo seleciona-do as áreas consideradas as mais importantes para oscritérios centrais de comparação, passa-se à elabora-ção de mecanismos de antecipação para estimar a in-tensidade daqueles impactos identificados, para cadauma das alternativas tecnológicas. Embora certas dis-ciplinas proporcionem mecanismos razoavelmente fi-dedignos para projeções a curto prazo, os requisitos deuma AT, a longo prazo, combinados com uma base deinformações e dados incertos tornam sua aplicação devalidade duvidosa. A suposição ou estimativa ar-

bitrária de dados; a fim de permitir a aplicação de umatécnica de antecipação - geralmente, uma fórmulamatemática - invalida o principal objetivo de umaAT, que procura realizar projeções do futuro, fidedig-nas dos principais impactos de uma alternativa tec-nológica. Um resumo rápido das respectivas vantagense desvantagens das diferentes técnicas, em situações di-ferentes, pode servir como orientação para sua escolhae aplicação em projetos concretos. Novamente, essastécnicas de avaliação de impactos futuros podem seragrupadas em três categorias:

a) disciplinas científicas;b) técnicas interdisciplinares e futurísticas;c) impactos sociais.

a) Algumas tarefas da avaliação de impactos são, porconsenso geral, melhor realizadas por especialistas nasdisciplinas científicas específicas envolvidas. Assim,por exemplo, impactos econômicos são geralmente es-timados mediante análises input-output, custo/benefí-cio, cálculo de elasticidades, multiplicadores, etc. Es-pecialistas do meio ambiente empregam modelos de di-fusão do ar e da água, e os engenheiros utilizam umavariedade de técnicas para antecipar fluxos de eficiên-cia ou de resíduos das máquinas. É indiscutível a im-portância dessas técnicas e disciplinas para anteciparos impactos, sobretudo aqueles relacionados com osobjetivos primários e diretos da tecnologia.

b) Técnicas interdisciplinares e futurísticas: uma gran-de variedade de técnicas, muitas delas desenvolvidasoriginalmente em áreas afins, tais' como futurologia,análise e pesquisa de sistemas, é utilizada preferencial-mente.na avaliação dos impactos. Mencionamos a se-guir as principais técnicas, sem detalhá-las, remetendoo leitor a obrai que desenvolvem amplamente este as-sunto.'

• Recursos à opinião de especialistas, cujos pareceres,se convergentes, podem tornar a AT desnecessária.Em caso de desacordo dos especialistas, a técnica deDelphos" pode tornar-se um instrumento de pondera-ção das opiniões divergentes, embora seu emprego sejademorado e não isento de críticas.

• .Analogias' aplicadas de uma disciplina para outraconstituem um recurso potencial, utilizado para ante-cipar a evolução de determinada situação. Em caso deanalogias emprestadas de unta disciplina paraantecipações interdisciplinares, os resultados têm sidomenos satisfatórios. A antecipação de reações so-cietárias a uma inovação tecnológica ainda não experi-mentada deve basear-se em analogias com experiênciassociais anteriores, em situações semelhantes.

• Modelos quantitativos: esses modelos, especialmen-te aqueles elaborados para o uso de computadores,apresentam ampla gama de aplicações, desde um sim-ples modelo econômico de input-output, até o sofisti-cado multi-loop non-linear feed back, modelo desimulação de Jay W. Forrester." Todavia, na melhordas hipóteses, eles proporcionam apenas as dimensõesquantitativas dos impactos, exigindo elaboração eperspectiva qualitativas.·

Avaliaçao de tecnologia

85

• Modelos conceptuais: diferentemente dos modelospara computadores, estes podem ser utilizados para re-presentar todos os impactos, inclusive os não-quanti-tativos. Podem ser desenhados como diagramas deblocos, evidenciando as interfaces e interações dosvários componentes da tecnologia e os elementos domeio ambiente social, econômico, ecológico, etc. Essaabordagem é conhecida também como modelagem es-truturai, afirmando-se sua contribuição à estruturaçãodo problema em pauta, à clarificação das inter-rela-ções e à organização da avaliação dos impactos.

• A análise das tendências pode servir para anteciparo futuro, mediante a análise das tendências atuais esua extrapolação, especialmente para projeções a cur-to prazo. Estimativas probabilísticas dos impactosanalisados, ou análises de regressão para fenômenoscorrelacionados., são utilizadas para antecipar os im-pactos de mudanças ocorridas em uma variável, sobreoutra.'

• Análise cross-impact: os impactos de um desenvolvi-mento tecnológico não ocorrem de forma independen-te, mas, obviamente, a ocorrência de um pode afetar aprobabilidade de outros. A análise cross-impact repre-senta uma técnica formal e probabilística de matriz,para analisar essas relações e determinar as variáveiscríticas. Seu uso exige, todavia, quantidades relativa-mente grandes de recursos e tempo de computador.

86• Cenários: sua construção tornou-se a técnica maispopular para considerar os impactos cruzados na AT. •Apenas, em vez de analisar cada par de impactos, talcomo numa análise de cross-impact, o cenário inter-re-laciona e projeta todo um conjunto de variáveis.

c) Impactos sociais: embora a identificação e avalia-.ção dos impactos sociais constituam as peças centraisda AT, sua formalização e aplicação representam umdos aspectos mais fracos e negligenciados do processo.As principais técnicas utilizadas nos estudos realizadosnos EUA, nesses últimos anos.são:"

• Medidas quantitativas referentes ao movimento de-mográfico, mercado de trabalho, distribuição da ri-queza social, etc., podem ser extraídas e projetadaspor modelos quantitativos. Contudo, embora ajudema definir o contexto social, pouco ensinam sobre o.comportamento dos indivíduos e grupos.

• Análise morfológica refere-se ao uso de árvores derelevância para estruturar a análise dos impactos so-ciais.

• Opiniões de peritos, inclusive uma versão modifica-da de Delphos, mediante mesas redondas e debates desociólogos, procuram responder em termos das rea-ções prováveis do público a determinadas inovaçõestécnicas ou sociais.

• Pesquisas de opinião pública foram utilizadas emvários estudos de AT. Seus resultados são considera-dos como indicadores da reação popular ao desenvol-vimento tecnológico. Além dos problemas de amostra-

Revista de Administraçõo de Empresas

gem e custos, a técnica e seus instrumentos (ques-tionários, formulários, etc.) exigem preparação e trei-namento bastante demorados e intensos dos pesquisa-dores.

3. Comparação e apresentação dos impactos: Dado oceticismo da maioria dos técnicos em AT, com relaçãoàs técnicas de avaliação de impactos atrás menciona-das, parece também importante estender algumasconsiderações sobre a forma de organização eapresentação dos resultados da avaliação dos impac-tos. Uma vez antecipadas as magnitudes dos impactos,segundo os critérios selecionados, levanta-se o proble-ma de como somar, avaliar e comparar tais impactos.A apresentação dos mesmos e sua síntese constituem,geralmente, a peça central do relatório final de AT.Convém, portanto, comentar a forma de apresenta-ção, especialmente no que se refere às atitudes subjeti-vas de vários grupos de interesse e do público em geral,com relação à tecnologia e seu desenvolvimento.

Muitos .impactos, sobretudo os econômicos efisi-cos, podem ser descritos em termos fatuaisvnão-subje-tivos. Impactos sociais e políticos, todavia, .envolvematitudes subjetivas, impressões e opiniões de diferentescamadas da sociedade, para as quais não existem me-didas diretas e objetivas. Nestes casos, recorre-se àstécnicas de pesquisa e opinião pública, coleta de opi-nião de pessoas representativas de grupos de interesse,mediante entrevistas, bem como o julgamento dos im-pactos pela própria equipe de AT, que substitui os gru-pos ou o público, assumindo abertamente o fardo dasubjetividade.

Como regra geral, a equipe de AT deve procurar ca-minhos de síntese, de avaliação e de comparação de to-dos os impactos de uma determinada tecnologia. Istoexige o dimensionamento desses impactos, segundouma escala quantitativa comum, a fim de que possamser facilmente agregados e comparados. Discussõesmenos formais e em termos qualitativos são tambémusadas para avaliar e sintetizar os impactos que irãoconstar do relatório final. A ênfase na participação dopúblico e a inclusão de suas opiniões, atitudes e juízostornam o relatório mais concreto e dinâmico. Em vezde listar todos os impactos no relatório final, algunsestudos de AT selecionam e organizam esses impactosao redor dos problemas mais significativos, o que per-mite também a avaliação das respectivas compensa-ções e perdas ocasionadas, ao adotar-se determinadadiretriz ou programa.

Finalmente, serão também focalizados os maioresperigos, oportunidades, incertezas e problemas revela-dos pela AT, o que exige um esforço criativo consi-derável, além do processo formal de avaliação.

4. ELEMENTOS OU FATORESINTERVENIENTES

Na parte anterior, foram descritos os elementos fun-cionais de uma AT, em cuja realização deve ser consi-derada, também, uma série de fatores que interagemcom, ou influem decisivamente sobre o andamento das

tarefas de AT. Esses fatores, esboçados e descritos re-sumidamente a seguir, são:

a) Os futuros contextos sociais alternativos, em que asopções tecnológicas são inseridas, e à luz de quaisjuízos sobre os impactos e implicações possíveis dasinovações serão formulados .:b) O contexto dos valores sociais especificos, assumi-dos na AT, e a forma pela qual são relacionados comas tarefas de avaliação de tecnologia.c) A incerteza referente às projeções alternativas datecnologia, aos impactos sociais resultantes dessasprojeções e da eficácia das diretrizes alternativas pro-postas.d) A interação, ou o roteiro a ser seguido, a fim de as-segurar uma AT adequada.e) A forma de interação da equipe, procurando reali-zar uma avaliação integrada e interdisciplinar.t) A validação e a participação do público nas diversasfases da AT.

No gráfico 2 são relacionados os elementos funcio-nais e os intervenientes, sob a forma de matriz, ondeos símbolos - uma a três cruzinhas - significamníveis de intensidade de interação crescentes.

Gráfico 2

A bibliografia sobre as técnicas de antecipação eprojeção de futuros sociais alternativos é bastante am-pla." Por. isso, comentaremos apenas rapidamente asprincipais premissas a elas subjacentes.

• Os sistemas sociais costumam apresentar tendênciasà continuidade. Mudanças de um estado para outroocorreriam lentamente e, mesmo em períodos revolu-cionários ou de descontinuidade, a cultura, os papéissociais e as instituições continuariam sem mudançassubstanciais. Este principio da continuidade constituia base das técnicas de antecipação, que procuram pro-jetar tendências e cicIos.10

• Os sistemas sociais tendem a demonstrar consistên-cia em suas estruturas internas, análogas às dos siste-mas orgânicos. As sociedades estáveis dispõem de me-canismos de coesão poderosos, impedindo, por muitotempo, sua fissão em correntes radicalmente antagôni-cas. Antecipações tecnológicas que pressupõem um de-senvolvimento rigoroso e continuo de determinadastecnologias admitem, implicitamente, o apoio dos va-lores e atitudes sociais a este desenvolvimento.

• Por outro lado, a divisão da sociedade em grupos deinteresse antagônicos é fonte de tensões, conflitos e depotenciais mudanças. Projetar soluções alternativas

87A B C

Descrição e Projeç!o da Tecnologia Avaliaçfo dos Impactos Análise de Diretrizes

A, A, A. B, B, B. C, C2

Coleta de Descriçlo e Projoçãode Seloçâode Previsão dos ·Av~o Identificaçlo ComparaçioDados Delimitaçio Tecnologia Critério Impactos dos Impactos das Diretrizes das Diretrizes

da Tecnologia

XXX X XX X XXX

XX X XX X XXX X XX

X XXX XX XX XX

XX X XX XX XX

XX X XX XX X XX

XX X XXX X XXX X XX

.Ç O, Futuro dac Sociedade.~ O, Valores~ Sociaisi D3 Incerteza

S O Roteiro

58 •Os Intereçãori! da Equipe

11 Ó. Validaçlo eQ Partícipaçâo do PúbUco .

Adaptado de J.E. Annstrong e W.W. HUman - Strategies for Conducting Technology Assessment.. Stanford Universlty, Stanford, 1977. p. 75.

XXX - Influência muito forteXX - Influência significativa

X - Influência pouco sentida

A seguir, comentaremos resumidamente cada umdos elementos intervenientes:

para os conflitos e problemas SOCiaiSconstitui ummeio eficaz para gerar futuros alternativos.

a) Futuro da sociedade: a necessidade de elaborarcontextos sociais alternativos decorre da natureza pro-jetiva da AT. Conforme foi apontado atrás, aproje-.ção e a análise dos diferentes impactos futuros de umdesenvolvimento tecnológico constituem a parte cen-tral da AT. Porém, essas considerações devem ser fei-tas, explícita ou implicitamente, dentro de um contex-to social mais amplo. Um contexto diferente resultariaem um desenvolvimento tecnológico diferente e, even-tualmente, mudaria a natureza e a gravidade dos im-pactos para os diferentes grupos populacionais.

• Os sistemas sociais abrangem inter-relações de tipocausa-efeito, ou evidenciam correlações que implicamprocessos causais. Assim, por exemplo, nas projeçõeseconômicas, a escassez é associada à elevação dos pre-ços, à contenção monetária-creditícia e ao desempre-go. Essas supostas inter-relações de causa-efeito sãobastante utilizadas na elaboração de modelos econô-micos e de simulação por computadores, nos quaisconstituem o principio básico, subjacente à técnica deanálise de impactos cruzados (cross-input analysisi.

A va/iação de tecnologia

88

b) Os valores sociais: na literatura contemporânea, élugar comum focalizar o impacto da tecnologia sobreos valores sociais (por exemplo, o carro, a TV, o com-putador, etc.). Para o processo de AT, é primordialavaliar os efeitos dos valores sociais sobre o desenvol-vimento da tecnologia. A premissa da continuidadedas atitudes sociais positivas, com relação ao desenvol-vimento de certas tecnologias, não pode ser aceita sem

. restrições, à luz de movimentos conservacionistas e an-tinucleares, cada vez mais amplos ..

Por isso, valores e atitudes devem figurar, necessa-riamente, na projeção de desenvolvimentos tecnológi-cos alternativos e, ainda mais explicitamente, na se-leção de critérios ou áreas de impacto sobre os diferen-tes grupos de interesse. Ademais, valores e atitudes es-tarão atuantes na interpretação de impactos e naformulação de diretrizes para a ação do poder público,relacionada com a tecnologia avaliada.

A antecipação de valores sociais apresenta, além deproblemas metodológicos, aspectos éticos. Como as-sumir as aspirações e comportamentos de gerações fu-turas? As técnicas de antecipação normalmente utiliza-das - extrapolação, modelos analíticos e consultas a.especialistas - apresentam sérias limitações quandoaplicadas à previsão de valores. As dificuldades paraavaliar atitudes da população com relação a projetoscorrentes já são bastante grandes. Estender essas ten-tativas a projeções futuras de mudaças tecnológicas,ou à introdução de tecnologias ainda não desenvolvi-das, afigura-se como praticamente impossível. Entr~-tanto, a projeção dos.principais valores sociais consn-tui a parte central da variável interveniente, discutidano item anterior: o futuro da sociedade. A sugestãoformulada pelo documento sobre a AT, elaborada pe-la equipe da Universidade de Stanford,!' é a de pesqui-sar atitudes públicas conhecidas, relacionadas a pro-blemas e situações análogas, no passado. Por exem-plo, acidentes com reatores nucleares, ou com petrolei-ros no mar, causando a poluição das praias e diziman-do a fauna marítima, etc.

Todos os esquemas de avaliação são baseados emjuízos de valor, e a única maneira de equilibrar os pe-sos subjetivos é envolver, na avaliação dos impactos,uma amostra tão ampla quanto possível de represen-tantes dos diferentes grupos da população.

c) Incerteza: a condução de um processo de AT cons-titui uma tentativa deliberada de delimitar e definir asfronteiras da incerteza, relacionadas com o futuro deuma determinada tecnologia. Durante a realização daAT, contudo, aparecem diferentes tipos de incerteza,de natureza mais específica, exigindo equacionamentoe análise. A incerteza sobre o desenvolvimento futuro,as taxas e escalas de implementação de uma tecnologiadecorrem basicamente de fatores técnicos, financeirose "atitudinais". Avanços tecnológicos podem ou nãoocorrer; certos processos podem resultar muito maiscaros do que foi inicialmente orçado, e a opiniãopública poderá deter ou impedir certas instalações ...

A incerteza referente à magnitude dos impactos des-sa tecnologia é decorrência tanto dos aspectos técni-cos, quanto de juízos de valor. As técnicas tradicionais

Revista de Administração de Empresas

para dimensionar a magnitude desses impactos, embo-ra considerem limites de incerteza; não convencem naatribuição de importância ou pesos relativos a essamagnitude: Por outro lado, entrevistando grupos deinteresse, sobre suas atitudes com relação aos impactosfuturos, repetem o vício anteriormente apontado, ouseja, recorrem a atitudes e valores no presente, para es-timar respostas e reações de grupos sociais, no futuro.O equacionamento da incerteza sobre os efeitos daaplicação de diretrizes e programas alternativos, rela-cionados com a tecnologia, parece dos mais dificeis -veja-se, por exemplo, a atitude dos proprietários decarros particulares, diante de um possível racionamen-to da gasolina! Obviamente, as atitudes e perspectivasdas pessoas eventualmente consultadas a respeito irãovariar tanto em função de valores diferentes, quanto apartir de percepções diferentes da realidade.

d) Iteração ou roteiro da AT: diversos autores e traba-lhos metodológicos sobre a AT insistem na necessida-de de percorrer o roteiro ou a estratégia de estudo, re-petidas vezes, a fim de assegurar uma avaliação com-pleta, abrangente e equilibrada.

O gráfico 3 apresenta um roteiro ilustrativo para arealização de uma AT. O programa é dimensionadoem percentagem do tempo de estudo total e pretendeenfatizara importância, para a equipe, da cooperaçãode todos, a fim de que o roteiro possa ser cumprido.Assim, a descrição inicial da tecnologia é exigida após200/0 do tempo total projetado, e o mesmo tempo éalocado para cada um dos elementos funcionais, demodo que, ao atingir 60% do tempo projetado, sejapossível avaliar as fases de descrição da tecnologia, dedelimitação do estudo e, aos 75%, da análise dos im-pactos. Os restantes 25% do tempo serão divididos en-tre uma repetição completa do roteiro (20%), e aelaboração e redação do relatório final (5%). Eviden-temente, o roteiro apresentado não pretende ser segui-do rigidamente, mas deve servir de orientação para acondução de uma AT, dentro dos limites de tempo dis-ponível. O objetivo ideal de percorrer por duas vezesas respectivas etapas do estudo parece de difícilconcretização, devido à limitação de tempo e de recur-sos.

e) A interação da equipe, de forma harmônica e efeti-va, está sendo considerada uma meta altamente de-sejável, porém de dificil realização. Além das diferen-ças de atitudes pessoais, a estrutura organizacional, aexclusividade disciplinar e, sobretudo, o fosso que se-para as disciplinas científicas humanas e físicas consti-tuem os principais obstáculos para uma integração efe-tiva da equipe encarregada da AT. A presença de umapersonalidade com fortes traços de liderança não as-segura resultados integrados, pois constitui umacondição necessária, .porém não suficiente para ainteração. A formação de uma equipe nuclear decoordenação, composta por membros de formação di-ferente, porém conscientes da necessidade de intera-ção, baseada em atitudes de respeito recíprocas, poderepresentar uma solução que, embora demorada, é se-gura e eficiente.

Gráfico 3 ____------------------------~-------------------------------------.95% S~undaiteraçãocompleta

io 20% 40%Descrição Avaliação Análiseinicial da inicial dos inicial das I 75~- tecnologia 1--------00 impactos 1-------- díretrízes .

65% 70%-

Estudo inicialcompleto,,-

"/ 1. Coleta de dados 4. Seleçãode cnténos 6. Avaliaçaodos Impactos

I 02. Descriçõesda tecnologia O 5. Previsãodos impactos o 7. Identificação das diretrizes3. alternativas tecnológicas 8. Análisedas diretrizes

\ ' ' ~

'Iteração " / Iteração Iteração .:interna ~ interna internâ /~

" //

'" //'~ ;''" ~~-----------------...-repete todo o processo

Neste caso, as responsabilidades são repartidas, e osmembros do grupo são regularmente informados, emreuniões de trabalho, dos progressos realizados e dosobstáculos existentes na execução do projeto.O A validação e a participação do público: a principalpreocupação, buscando a validação de um estudo deAT, é seu credenciamento e. aceitação pelos diversosgrupos envolvidos e, especialmente, os detentores dopoder decisório. Procedimentos adequados para refor-çar a aceitação dos resultados da AT dependem, emboa parte, dos seguintes fatores:

• a consideração e o tratamento sério e responsávelatribuídos às atitudes, opiniões e respostas dos repre-sentantes dos diversos grupos de interesse afetados pe-la tecnologia;• o esforço deliberado para atingir um nível 'de objeti-vidade e senso crítico, sobretudo, na análise crítica dasrepresentações dos diferentes grupos de interesse;

• a documentação rigorosa de todos' os passos e etapasda avaliação da tecnologia, a fim de que as conclusões

,possam ser verificadas ou repetidas, independente-mente, enquanto eventuais omissões ou erros possamser identificados e corrigidos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos problemas fundamentais da nossa sociedadee, também, um dos mais polêmicos, refere-se ao direi-to à informação. Obviamente, o problema não é ape-nas o de direito, mas sobretudo da qualidade dainformação proporcionada. Assumindo que saber époder, e postulando o advento de uma sociedade aber-ta, democrática e pluralista, caracterizada pela co-ges-tão e ampla participação da população nas decisões deinteresse público, a AT pode constituir-se em instru-mento importante de diálogo entre os diferentes gru-pos e camadas sociais, sob as seguintes formas:

a) A AT como base de informação, cujo objetivo seriaidentificar e esclarecer o problema em debate, deli-neando suas relações com outras áreas controvertidase proporcionando informações que ajudem a ampliar eelevar o debate público de assuntos complexos.

Adaptado de J.E. Armstrong e W.W, Harman, op. cit., pg.90b) A AT pode, também, tornar-se instrumento eficazdo planejamento, contribuindo para a escolha de tec-nologias alternativas, de modo mais racional eeficien-te do que técnicas rotineiras de análise custo/benefícioou input-output,

c) O processo de AT pode servir como mapeamentodas alternativas futuras, que possivelmente resultemda introdução ou implementação de uma nova tecno-logia, relacionada com um conjunto de diretrizes alter-nativas e disponíveis. Neste caso, a AT constitui a basede um debate nacional sobre os objetivos, implícitosou explícitos. de determinadas políticas. Veja-se, porexemplo, o caso da política energética nuclear; a pro-posta de mudança da capital do estado de São Paulo,etc.

d) Finalmente, cumprindo com as funções assinaladasacima, a AT transforma-se em um instrumento pode-roso de educação da população, abrindo uma amplagama de alternativas, enquanto chama a atenção paraos obstáculos e resistências prováveis que possam sur-gir da parte de grupos sociais afetados negativamentepelas conseqüências das inovações planejadas.

A aquisição de níveis de ciência mais elevados, noque diz respeito aos processos e suas implicações, levanecessariamente à formação de níveis de consciênciamais elevados, em termos de cooperação, de interde-pendência e de reconhecimento do destino comum.

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IVeja Rattner, H. Estudos do futuro: introdução à antecipação tec-nológica e social. Rio, Ed. da FGV, 1979.2Armostrong, J.E. & Harman, W.W. Strategies for conductingtechnology assessment. Stanford, Stanford University, 1977. p. 41.3Veja, entre outros, Bright, James R. A guide to practical technolo-gical forecasting, Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1973, e RattnerH. op. cit.4Rattner, H. op, cit. p. 70.SRattner, H. op. cit. p. 235.

Avaliação. de tecnologia

6Forrester,J.W. Urban dynamics. Cambridge, The M.l.T. Press,1969.'Rattner, H. op. cit. p. 34.8Armostrong, J.E. & Harman, W.W. op. cit. p. 52.9Rattner, H. op. cit. p. 275.!OPor exemplo, H. Kahn & Wiener, A. The Year 2000. New York,MacMilIan, 1967, e BeH, D. The Coming of post-industrial society,New York, Basic Books, 1973.I IArmostrong, J.E. & Harman, W.W. op. cit. p. 82.

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