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SALVADORSALVADOR SEGUNDA-FEIRA 5/6/2017A4

REGIÃO METROPOLITANA

salvador@grupoatarde.com.br

Editor-coordenadorLuiz Lasserrellasserre@grupoatarde.com.br

CRIME Dois homens de 24 anos sãobaleados na região da San Martin

www.atarde.com.br

FRANCO ADAILTON

Locomover-se com veículomovido a combustível fóssil,alimentar-se de culturas àbase de agrotóxicos, consu-mir recursos sem responsa-bilidade, descuidar-se com olixo,desperdiçaráguasãoal-guns dos hábitos sociais queafetam tanto o ambientequanto a saúde humana.

Para boa parte da popu-lação, o assunto sustentabi-lidade é um tema distante,que não estaria diretamenterelacionado ao comporta-mento individual. No entan-to, especialistas afirmamque a atitude de cada umpode influenciar negativa-mente o bem-estar coletivo,assim como o planeta.

Diariamente, cerca de cin-co mil toneladas de lixo sãoproduzidas em Salvador, amaior cidade do estado, se-gundo dados da Empresa deLimpeza Urbana do Salvador(Limpurb). Parte desse lixo,quando não recolhido, vaiparar nas ruas, rios e praiasda capital baiana.

O presidente da Limpurb,Kaio Moraes, informa que apreocupação maior da em-presa é quanto ao descartede entulho. “Pois a popula-ção costuma abandoná-lonas áreas verdes, encostas ecórregos,oqueconstituigra-ve dano ambiental”, avalia.

Ainda em relação ao lixo,o resíduo plástico, porexemplo, leva centenas deanos para se decompor nanatureza. Segundo Moraes,atualmente, há 175 pontos deentrega voluntária espalha-dos pelos bairros de Salva-dor para depósito de com-ponentes recicláveis.

“Vamos abrir um chama-mento público para as co-

ATO DEFENDE PARQUE DAS DUNASAMANDA SILVAA TARDE SP

O anúncio da assinatura doscontratos dos aeroportos ce-didos à iniciativa privada –entre eles o de Salvador –,feito pelo ministro dosTransportes,PortoseAviaçãoCivil, Maurício Quintela, dei-xou ambientalistas e repre-sentantes da Reserva da Bios-fera da Mata Atlântica (RB-MA) apreensivos. O ato deveocorrer até 27 de julho.

Diantedeumapossível in-tervenção no Parque das Du-nas para ampliação do ae-roporto, acontecerá hoje umato em defesa de sua pre-

servação. O Parque das Du-nas, em Stella Maris, existehá 23 anos e está localizadoao lado do aeroporto.

Jorge Santana, criador eidealizador do Parque das Du-nas, junto a personalidadespúblicas, como o ator e apre-sentador Jackson Costa e Clay-ton Ferreira Lino, presidentedo Conselho Nacional da RB-MA, estarão presentes no ato,previsto para as 8h30.

Recentemente a reservarecebeu o título de PostoAvançado da RBMA, reco-nhecido pela Organizaçãodas Nações Unidas para aEducação, Ciência e Cultura(Unesco). “O local precisa

comprovar que desenvolve,pelomenos,duasfunçõesbá-sicas da RBMA, que são pre-servação da biodiversidade,educação ambiental e estu-dos no bioma da mata atlân-tica”, disse Adriana Batista,bióloga e secretária-executi-va do subcomitê da RBMA dolitoral norte da Bahia.

Depois, precisa ser aceitopelo subcomitê e pelo comi-tê do estado, chegando àaprovação do Conselho Na-cional da RBMA. SegundoAdriana “o Parque das Du-nas foi aprovado por una-nimidade dentro da instân-cia nacional da RBMA”.

Com seis milhões de me-

tros quadrados, o espaço abri-ga uma ampla e rica biodi-versidade.Alémdisso,funcio-na como laboratório vivo debiologia com as atividades deeducaçãoambientalpelopro-grama ‘Trilhar para Educar’.

Jorge Santana, criador doparque e presidente da Uni-versidade Livre das Dunas(Unidunas), afirma que umaintervenção no local “será omaior desastre ambientalem Salvador. Dentre outrosbenefícios, as dunas exer-cem o poder de esponja. To-da água que cai enche os len-çóis freáticos, ajudando aalimentar os rios e minimi-za o impacto das chuvas”.

Raul Spinassé / Ag. A TARDE

operativas recolherem por-ta a porta. Numa primeirafase, nos bairros com me-lhor estrutura”, adianta. “Noentanto, para funcionar, asociedade precisa mudar,fazer da coleta seletiva, emcasa, um comportamentoautomático”, completa.

Lixo e doençasProfessor-doutor do Institu-to de Saúde Coletiva da Uni-versidade Federal da Bahia(Ufba), o biólogo FedericoCosta observa que o descartede lixo em locais e horáriosinapropriados favorece umambiente propício à proli-feração de doenças.

“O lixo pode entupir buei-ro, causar alagamentos, co-locar as pessoas em contatocomaáguasujaeemriscodecontrair leptospirose, doen-ça provocada pela urina dorato, que atinge mais de ummilhão de pessoas pelomundo”, explica.

Costa ressalta, ainda, queos recipientes plásticos con-tidos no lixo podem servircomo focos de reproduçãodo mosquito Aedes aegypti.“Que é o vetor transmissorde diversas doenças, comodengue, zika, chikungunyae, agora, a febre amarela”,aponta.

Para o pesquisador, aindahá certo distanciamento dasociedade no que tange àpreservação do ambientenatural. “Nos países consi-derados desenvolvidos, a so-ciedade está caminhandomais rápido, mas, por aqui,pensa-se que ambiente é sóa floresta, não a cidade, nãoo dia a dia”, diz.

Ar comprometidoOutro comportamento so-cial que incide na questão

Fotos: Joá Souza / Ag. A TARDE

ambiental é o deslocamentopor veículos movidos a com-bustíveis fósseis. O lança-mento dos gases poluentesincide na camada de ozônio,colabora para o aquecimen-to global, aumenta a tem-peratura e promove doençasrespiratórias.

De acordo com dados doDepartamento Estadual deTrânsito (Detran), a frotacresceu quase dez vezes de1989, quando havia 430.871unidades no estado, até abrilpassado, com mais de qua-tro milhões veículos – cercade 946 mil só em Salvador.

Mesmo com mais de doismil ônibus na frota do trans-porte público, além dos 20km de cobertura do metrô, ovendedor Ricardo Farias, 37anos, argumenta que nãoconsegue se desapegar doautomóvel para se locomo-ver para todas as partes dacidade.

“Eu não acompanho, nãome informo muito bem so-bre os assuntos relaciona-dos ao aquecimento global”,reconhece o profissional.“Preciso do carro para melocomover, porque me dámais autonomia e conforto.Andar de transporte públicoé muito sofrível”, diz.

DesmatamentoUm agravante para o aque-cimento global é o desma-tamento para abertura depasto para criação de gado,assim como criação de es-paço para imóveis. Segundoa Fundação SOS Mata Atlân-tica, a Bahia foi o estado on-de houve mais desmata-mento em 2016, com 12.288hectares derrubados.

Diretor de políticas públi-casda fundação,MarioMan-tovani diz que o desmata-mento provoca prejuízos arios e nascentes, além de fa-vorecer a formação das cha-madas “ilhas de calor” cau-sadas pelo aumento da tem-peratura nas cidades.

“A retirada da coberturaflorestal tem impacto nega-tivo no campo, mas tambémnas cidades, já que provocaredução do oxigênio, au-mento da temperatura eproblemas respiratórios”,enumera. “Além disso, o des-matamento colaborou mui-to para as crises hídricas queestamos vivenciando”, pon-tua Mantovani.

EVENTO

Meio ambiente é temade simpósio que ocorrehoje na sede do Institutode Saúde Coletivada Ufba, no campusdo Canela

MEI

OAM

BIEN

TE FALTA DE CONSCIÊNCIAPREJUDICA A CIDADEDIA MUNDIALPara boa parteda população,sustentabilidade éum tema distante

Excesso deveículos ear poluído

Lixo jogado narua é ameaçaà saúde

Esgoto ameaçaqualidadedas praias

Adilton Venegeroles / Ag. A TARDE

Parque das Dunas, em Stella Maris, existe há 23 anos

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