A criminalidade de estrangeiros em Portugal Um inquérito científico...

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A criminalidade de estrangeiros em PortugalUm inquérito científico

hugo.seabra@numena.org.pt tiago.santos@numena.org.pt

É a participação comprovada de indivíduos de nacionalidade estrangeira em actos criminais maior do que aquilo que a sua proporção no conjunto da sociedade portuguesa levaria a esperar?

Seria, caso estrangeiros e portugueses se inscrevessem de forma semelhante na estrutura social, diferente a sua participação comprovada em actos criminais?

Questão de partida

Proporção de estrangeiros em 2001

2%3% 4%

8%

12%

0%2%4%6%8%

10%12%14%

Residentes Arguidos Condenados Condenados aprisão nãosuspensa

Reclusos

Condições de vida dos estrangeiros

Dizem-nos os Censos 2001 que os estrangeiros residentes em Portugal se caracterizam por:

• uma populacção mais masculinizada;• maior proporção de jovens;• maior proporção de solteiros;• menor integração em núcleos familiares;• menor religiosidade;• habilitações escolares superiores;• maior proporção de empregados por conta de outrem;• trabalharem em funções pouco qualificadas;• trabalharem sobretudo na construção e restauração;• estarem mais dependentes do trabalho para ganhar a vida;• trabalharem mais do que é legal;• fazerem deslocações pendulares mais demoradas;• viverem em casas demasiado pequenas e lotadas;• ser menor a proporção de proprietários das casas onde residem;• pagarem rendas mais caras.

Crime e estrangeiros por Concelho

Albufeira

y = 1,7072x + 17,426R2 = 0,1334

0‰

20‰

40‰

60‰

80‰

100‰

120‰

0% 2% 4% 6% 8% 10%Percentagem de estrangeiros

Crim

es p

or m

il ha

bita

ntes

Modelo de não relação

Dinamismo demográfico

Secularização

Desenvolvi-mento

económico

Pobreza

Urbanidade

% de estrangeiros

Crimes por 1000

habitantes

Estimativas estandardizadas:

Chi-quadrado = 11,464Graus de liberdade = 14

P = 0,649

0,29

0,20

0,32

0,26

0,51

0,17

-0,20

0,00

0,23

0,40

Muitos bancos, despesas correntes e farmácias per capita,

etc.A população cresce, tem

poucos idosos, muitos activos,

etc.Muitas pessoas sem religião,

nascimentos fora do casamento, divórcios, etc.Grande densidade

populacional, muitos médicos per capita,

muito crédito concedido per capita, alto poder

de compra, etc.Muitos beneficiários do rendimento mínimo

grarantido, alta taxa de desemprego e diminuição da

população.

Crime’ e estrangeiros por Concelho

Albufeiray = 0,151x - 0,2286

R2 = 0,0016

-20‰

-10‰

0‰

10‰

20‰

30‰

40‰

50‰

0% 2% 4% 6% 8% 10%

Percentagem de estrangeiros

Crim

es p

or m

il ha

bita

ntes

Real

Participada

Julgada

Condenada

Prisãoefectiva

Presunção de inocência

Criminalidadeno sentido estrito

Pirâmide da Criminalidade

Fases Processuais:(Artigos 262.º a 380.º do CPP)

InquéritoInstrução (facultativa)

Julgamento

• À excepção da base de dados do GPLPMJ, as restantes bases de dados existentes dão primazia ao funcionamento interno das instituições às quais estão vinculadas (SIP; PJ; PSP; GNR);

• Assim, não é possível seguir um crime desde a sua denúncia (base da pirâmide) até a decisão final em tribunal (arquivamento ou condenação - topo);

• Nesta sequência está inviabilizado o estudo de dois patamares da pirâmide – criminalidade “real” e criminalidade participada às autoridades policiais;

• Assim, foram utilizados dados do GPLPMJ, relativos aos processos penais findos em 1ª instância (fase de julgamento) – Modelo 303/GPLP/DSEJ;

• Nesta fonte a caracterização da nacionalidade do agente infractor baseia-se na rudimentar dicotomia Português/Estrangeiro;

• É igualmente impossível aferir qual o estatuto legal do estrangeiro referenciado com agente infractor (residente legal, ilegal, em trânsito);

• Não há qualquer informação no verbete relativamente à aplicação na sentença de uma pena acessória de expulsão;

• Há a possibilidade de ao longo dos 7 anos em análise (1997-2003) verificarem-se múltiplas contagens de um mesmo indivíduo;

• A fonte estatística poderá ainda conter incorrecções fruto da falta de ‘cultura estatística’ nos tribunais de 1ª instância;

• Por último, os dados relativos a 2003 eram, à data da recolha, provisórios.

Crítica das fontes

Prisão preventiva

Alínea b) do n.º 1 do artigo 202.º

do CPP

Alínea a) do artigo 204.º do

CPP

Maior aplicação da prisão

preventiva aos arguidos

estrangeiros

Arguidos com prisão preventiva

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Português

Estrangeiro

Absolvições após prisão preventiva

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Português

Estrangeiro

Taxas de absolvição

0%2%

4%6%

8%10%

12%14%

16%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Português

Estrangeiro

Taxas de condenação

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Português

Estrangeiro

• predominância do sexo masculino;• maioria de solteiros;• predomínio do ensino básico;• prevalência dos empregados.

• os estrangeiros são mais jovens; • maioria de solteiros mais acentuada nos estrangeiros;• maior escolarização dos estrangeiros;• uma proporção considerável dos estrangeiros condenados não residia em portugal

Caracterização socio-demográfica

Residência no estrangeiro

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Português

Estrangeiro

• PORTUGUESES:1. Condução sob o efeito do

álcool;2. Condução sem

habilitação legal;3. Ofensas à integridade

física;4. Furto qualificado;5. Emissão de cheques sem

provisão.

• ESTRANGEIROS:1. Condução sob o efeito do

álcool;2. Condução sem

habilitação legal;3. Tráfico de

estupefacientes;4. Furto qualificado;5. Falsificação de

documentos.

Crimes que levam à condenação

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Port. Est. Port. Est. Port. Est. Port. Est. Port. Est. Port. Est. Port. Est.

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Multa Penas de prisão Outras penas e medidas

Penas e medidas na condenação

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Port. Est. Port. Est. Port. Est. Port. Est. Port. Est. Port. Est. Port. Est.

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Prisão substituída por multa Prisão suspensa simplesPrisão suspensa com suj. a dev./regrasa Prisão não suspensa (efectiva)

Penas de prisão na condenação

Duração das penas de prisão efectiva

36

42

48

54

60

66

72

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003Dur

ação

méd

ia d

a pe

na e

m m

eses

Português

Estrangeiro

• PORTUGUESES:1. Furto qualificado;2. Roubo;3. Tráfico de

estupefacientes;4. Tráfico de quantidades

diminutas;5. Furto.

• ESTRANGEIROS:1. Tráfico de

estupefacientes;2. Roubo;3. Furto qualificado;4. Tráfico de quantidades

diminutas;5. Falsificação de

documentos.

Crimes que levam à prisão efectiva

• Tráfico de estupefacientes – punível com pena mínima de 4 anos (n.º 1 do artigo 21.º da Lei da Droga, D.L. n.º15/93, de 22 de Janeiro) e pena máxima de 25 anos (n.º3 do artigo 28.º, alterado pela Lei n.º45/96, de 3 de Setembro);

• Roubo – punível com pena de prisão até um máximo de 16 anos (artigo 210.º do CP);

• Furto qualificado – punível com pena máxima de 8 anos (artigo 208.º do CP).

Crimes que levam à prisão efectiva

Prisão efectiva por tráfico

60%65%70%75%80%85%90%95%

100%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Português

Estrangeiro

Razões da sobrerepresentação

Defesas oficiosas de fraca

qualidade

Preconceito no

sistema judicial

Maior proporção de

estrangeiros no sistema prisional

Tipo de crime

praticado

É a participação comprovada de indivíduos de nacionalidade estrangeira em actos criminais maior do que aquilo que a sua proporção no conjunto da sociedade portuguesa levaria a esperar?

Seria, caso estrangeiros e portugueses se inscrevessem de forma semelhante na estrutura social, diferente a sua participação comprovada em actos criminais?

Questão de partida

Taxas brutas de criminalidade

7‰

11‰

0‰

5‰

10‰

15‰

Portugueses Estrangeiros

Índice comparado de criminalidade

Residentes CondenaçõesEstrutur

a dos Estr.

Resid. Port. c/ estrutura Estr.

Conden. / Resid.

Cond. Port. c/ estrutur

a dos Estr.

Port. Estr. Port. Estr.16-21 10857 303

22-29 626495 28554 14780 662 15%121958

4 0,02357 28750

30-39 725077 33069 13421 657 17%141242

7 0,01857 2622740-49 671750 19160 8177 261 10% 818353 0,01221 999450-59 570916 7467 3214 58 4% 318927 0,00566 180460 e + 957139 7258 1598 19 4% 310000 0,00168 52016-21 414963 11692 660 22 6% 499383 0,00160 79822-29 623532 22571 1196 43 12% 964042 0,00192 1849

30-39 749929 24163 1244 51 12%103203

8 0,00167 172740-49 709732 14010 846 24 7% 598388 0,00120 71950-59 628762 6823 359 8 3% 291421 0,00058 16860 e +

1270877 9135 195 4 5% 390170 0,00016 61

Total 56547 2112 100%837888

8 - 85852

Mas

culin

oFe

min

ino

132350,02525524156

6%

12272

196174

429716 12272

8378888 196174

6%

8378888

x524156

429716 12272

1961748378888

429716

+

+0,02525

0,02525524156

x13235

Índice comparado de criminalidade

11‰ 11‰

0‰

5‰

10‰

15‰

Portugueses Estrangeiros

7‰

Taxas brutas de criminalidade

Obrigado

A criminalidade de estrangeiros em PortugalUm inquérito científico

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