A triste partida do rei do baião de Guaipuan Vieira, Apresentação Prof. Antônia de Fátima...

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A TRISTE PARTIDA DO REI DO BAIÃO

Guaipuan vieira

Cinco e quinze da manhãDo dia dois de agostoDo ano de oitenta e noveHouve um terrível desgostoDe luto entrava o NordesteCom pranto triste no rosto.

As rádios anunciavamMorreu o Rei do BaiãoO mestre Luiz GonzagaO popular GonzagãoDeixando muita saudadePra esta grande Nação.

No sertão também se ouviaAcauã executarLento toque de silêncioE outras aves a chorarE mãe deusa da naturaDo seu trono a soluçar.

E concretizava o lutoCom sentimento profundoEntre todas as geraçõesPor este sofrido mundoEm homenagem a LuizO primeiro sem segundo.

Luiz nasceu em ExuAgreste pernambucanoMil novecentos e dozeFoi este o sagrado anoQue o destino lhe escolheuPra ele seguir bom plano.

Filho doutro sanfoneiroCom nome de JanuárioDesde então herdou seu domUma causa sem inventárioIsto quando ainda garotoSegundo seu comentário.

Desta forma seu LuizA seu pai acompanhandoNos bailes, forrós e feirasSeu baião foi ensinandoE fama na regiãoJá estava até ganhando.

Deixou a terra natalAo exército foi servirVindo então pra FortalezaPra sua missão cumprirO que muito lhe ajudouE a bons planos fez seguir.

Devido as Revoluções...Sempre era transferidoE nestas suas andançasMorou num lugar queridoMinas Gerais de TancredoO homem nunca esquecido.

Foi então que conheceuUm amigo e companheiroQue já servira ao exércitoNaquele rincão mineiroEste fora DominguinhosEspecial sanfoneiro.

Através desta amizadeLuiz voltou a estudarDominguinhos professor (*)E amigo particularQue também lhe ensinouA modinha popular.

Mas a vida de milíciaIgualmente a do vaqueiroSempre é solicitadoSegue outro paradeiroDesta forma pra São PauloSeu Luiz seguiu ligeiro.

Na terra dos bandeirantesMudou sua opiniãoNova sanfona comprouQue lhe deu inspiraçãoAssim Luiz começouAprimorar seu baião.

Sendo ainda militarFoi pro Rio de JaneiroDe onde se desligouDo exército brasileiroE formou a parceriaCom o Xavier Pinheiro.

Xavier um portuguêsQue vinha se apresentandoNa grande Rio de JaneiroLá no mangue executandoValsas, tangos e até fadosCom Luiz auxiliando

Este estilo pra LuizNão era o seu verdadeiroPois queria apresentarSeu próprio cancioneiroA música regionalE nada do estrangeiro

Saindo dos auditóriosNo Nordeste apareceuA música de seu LuizPorque na sanfona leuO sertão em poesiaDaí então se ergueu.

O primeiro nordestinoNum trabalho a se empenharPra música regionalNo Brasil vir espalharProvando assim a existênciaDa arte mais popular.

Desta forma seu LuizPor ter rica criaçãoLançou o xote e o forróO xaxado e o baiãoFicando o arrasta-péComo símbolo do sertão.

Lançando estas criaçõesFez o zabumba tocarDando ao mesmo mais valorNa arte de forrozarTambém deu vida ao triânguloHoje instrumento exemplar.

Em pouco tempo o BrasilSeu valor reconheceuE grupo de seguidoresLigeiramente nasceuE Luiz Rei do BaiãoEste título recebeu.

O seu valor culturalFoi da maior importânciaPra história brasileiraVeja a significânciaPois decantou o NordesteCom jeito e com elegância.

Foi quem mais reivindicouMelhoria pro NordesteMostrando pros governantesA seca, a fome e a pesteQue muito maltrata o povoDe todo sertão agreste.

No seu canto interpretouO profundo sentimentoDa alma do sertanejoQue sofre a todo o momentoNo Nordeste que retrataO mais cruel sofrimento.

Quando seu Luiz cantavaSimbolizava o vaqueiroSeu aboio e seu gemidoInvadiam o tabuleiroDesta forma ele exaltavaO Nordeste brasileiro.

Mas por força do destinoA um chamado atendeuVinda do Pai soberanoQuem chamou o filho seuPara cantar lá no céuAs músicas que aprendeu.

Certamente o velho "Lua"O mestre Rei do BaiãoJá se encontra com seu paiLá em outra dimensãoAquele que lhe ensinouTão honrosa profissão.

Este pequeno folhetoÉ somente uma mostragemDaquele que foi em vidaNosso maior personagemQue o povo guardaráPara sempre a sua imagem.

Termino aqui esta históriaCom o coração enlutadoEscrita no mesmo diaQue Luiz ouviu chamadoPra morar na Santa CasaPor Deus sendo abençoado.

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