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ANÁLISE GEOPOLÍTICA DO AQUÍFERO GUARANI
Luiz Gustavo Bendlin
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo analisar a geopolítica do espaço geográfico denominado de Aqüífero Guarani e o Poder Nacional dos países limítrofes que o constitui, levando em conta as cinco Expressões do Poder Nacional e os seus Elementos Básicos de Geopolítica e as tendências dos Estados face suas condições Geográficas, forma e posição do território e linhas periféricas. O termo de Aqüífero Guarani refere-se ao sistema hidro-estratigráfico Mesozóico Transfronteiriço, sendo constituído por depósitos eólicos do Jurássico. Os recursos hídricos são essenciais para a manutenção da vida como conhecemos, mediante o aumento da demanda deste recurso através do crescimento demográfico mundial e a crescente necessidade desta fonte mineralógica para produção de alimentos e bens industrializados, os Estados nações tem se mobilizado na proteção e utilização racional de suas reservas hídricas já escassas o que vem ocasionando no aumento das tensões intra e extras nações. Aqüífero Guarani constitui-se em uma importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer desta forma destaca-se a importância do Brasil manter sua soberania sobre o Aqüífero Guarani para o desenvolvimento e manutenção socioeconômica da região Sul americano. O Aqüífero Guarani é considerado um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do mundo, ocupando uma área aproximada de 1.195.200km² estando localizado entre 12º e 35º de latitude sul e entre 47º e 65º de longitude oeste na região centro oeste da América do Sul, estando inserido dentro dos limites de quatro países, sendo eles: Brasil com 839.800Km2, Argentina com 225.300Km2, Paraguai com 71.700Km2 e o Uruguai com respectivamente 58.400Km2.A porção brasileira integra o território de oito Estados: MS (213.200 km2), RS (157.600 km2), SP (155.800 km2), PR (131.300 km2), GO (55.000 km2), MG (51.300 km2), SC (49.200 km2) e MT (26.400 km2). A população atual do domínio de ocorrência do aqüífero é estimada em 15 milhões de habitantes.
Palavras-chave: Aquifero, Geopolítica, Brasil
Graduado em Geografia Licenciatura Plena e Bacharelado com Ênfase em Geoprocessamento.
luizbendlin@gmail.com
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ABSTRACT
This article aims to examine the geopolitics of the geographical space called the Guarani Aquifer National Power and the neighboring countries that is, taking into account the five Expressions of National Power and its Basic Elements of Geopolitics and trends of states their conditions geographic shape and position of the territory and peripheral lines. The term of the Guarani Aquifer System refers to hydro-stratigraphic Mesozoic Transboundary consisting of eolian deposits of the Jurassic. Water resources are essential to maintaining life as we know, by increasing the demand for this facility by world population growth and the increasing need for this mineral source for food and industrial goods, the member nations has been mobilized in the protection and rational use of their already scarce water resources which is leading to increased tensions in intra-and extra nations. Guarani Aquifer is in an important strategic reserve to supply the population for the development of economic activities and leisure in this way highlights the importance of Brazil to maintain its sovereignty over the Guarani Aquifer for socioeconomic development and maintenance of the South American. The Guarani Aquifer is considered one of the largest underground reservoirs of freshwater in the world, occupying an area of approximately 1.195.200km ² and is located between 12 º and 35 º south latitude and between 47 and 65 ° west longitude in the central west of South America, being inserted within the boundaries of four countries, namely: Brazil with 839.800Km2, with 225.300Km2 Argentina, Paraguay and Uruguay with 71.700Km2 58.400Km2 respectively. The Brazilian portion includes the territory of eight states: MS (213,200 km2), RS (157,600 km2), SP (155,800 km2), PR (131,300 km2), GO (55,000 km2), Brazil (51,300 km2), SC (49,200 km2 ) and MT (26,400 km2).The current population of the area of occurrence of the aquifer is estimated at 15 million.
Keywords: Aquifer, Geopolitics, Brazil
1 INTRODUÇAO
Segundo a Escola Superior de Guerra (ESG), “Poder Nacional é a capacidade
que tem o conjunto dos homens e meios que constituem a Nação, atuando em
conformidade com a vontade nacional, para alcançar os Objetivos Nacionais”. Apesar
de ser uno, o Poder Nacional se compõe de cinco expressões:
Expressão Política
Expressão Econômica
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Expressão Psicossocial
Expressão Militar
Expressão Científica e Tecnológica.
O exercício e a aplicação do Poder Nacional se fazem por meio da sua
Expressão Política a qual, embora detenha o poder decisório, não é independente e
onipotente, dependendo das condições econômicas e da capacidade militar para
garantir a consecução dos seus Objetivos Nacionais. Considera-se, portanto, as
Expressões Política, Econômica e Militar como sendo os pilares dinâmicos do Poder
Nacional no contexto mundial. Estes pilares, por sua vez, estão apoiados numa
plataforma de suporte constituída pela Expressão Psicossocial e pela Expressão
Científica e Tecnológica.
O desenvolvimento e a aplicação do Poder Nacional podem ser orientados ou
segundo alguns, determinados pela Geopolítica, disciplina que estuda os efeitos da
base geográfica dos estados sobre os seus processos políticos, com a finalidade de
explicar ou prever o comportamento das nações.
Os teóricos da Geopolítica, em geral, consideram os seguintes elementos
básicos:
Tendência dos Estados em face das condições geográficas
Forma dos territórios dos Estados
Posição dos territórios dos Estados
Linha periférica dos territórios dos Estados
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Assim sendo, a análise do sistema constituído pelos vetores geopolíticos e
pelas forças componentes do Poder Nacional de um Estado possibilitará a definição de
um conjunto de parâmetros que possibilitará a configuração de cenários possíveis ou
prováveis, que poderão servir para balizar a conduta das Nações e a sua interação.
A seguir serão comparados o Poder Nacional da República Federativa do
Brasil com o de seus países limítrofes – Argentina, Paraguai e Uruguai levando em
conta as cinco Expressões do Poder Nacional e os seus Elementos Básicos de
Geopolítica, com a finalidade de concluir-se a importância do Aqüífero do Guarani
para a região.
O presente artigo tem por objetivo geral analisar a geopolítica do Aquífero
Guarani e sua importância para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.
Como objetivos específicos o artigo tem por realizar a Conceitualização do
Aqüífero Guarani, sua delimitação a área de influência, analisar a importância
estratégica do Aqüífero Guarani para o Brasil, bem como seu potencial econômico
para o Brasil e para o Cone Sul;
A justificativa para a realização do presente trabalho é o de alertar a sociedade
brasileira sobre a importância geopolítica do Aqüífero Guarani, onde esta reversa
tende a gerar disputa entre Estados-nações em relação aos recursos hídricos que são
essenciais para a manutenção da vida como conhecemos, mediante o aumento da
demanda deste recurso através do crescimento demográfico mundial e a crescente
necessidade desta fonte mineralógica para produção de alimentos e bens
industrializados. Sobre este recurso hídrico que já é considerado como “Ouro
Translúcido” sendo o sucessor do Petróleo em disputas pelo mundo.
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O artigo Análise Geopolítica do Aqüífero Guarani tem por procedimentos metodológicos realizar:
Pesquisas documentais no site do Ministério da Agricultura para compilar
informações a respeito do número de estabelecimentos agro pastoreios e da
produção concentradas sob o Aquífero Guarani;
Pesquisas documentais no site do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística para compilar informações geológicas e demográficas a respeito do
Aquífero Guarani;
Pesquisa documental no site do Ministério da Defesa do Brasil para verificar a
distribuição de organizações Militares e sua possível logística de defesa da
região brasileira localizada sob o Aquífero Guarani;
Pesquisa documental no site da ANA – Agência Nacional das Águas, para
compilar o mapa de localização do Aquífero Guarani;
Pesquisa bibliográfica sobre os Elementos Básicos e Teóricos da Geopolítica.
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Fonte: ANA 1996.
2 SÍNTESE HISTÓRICA DAS NAÇÕES LIMÍTROFES DO AQÜÍFERO GUARANI
1) República Federativa do Brasil
Descoberto em 1500 pelo navegador português Pedro Álvares Cabral, a
colonização do Brasil viria a se concretizar apenas 31 anos mais tarde, com a
expedição de Martim Afonso de Sousa. A primeira providência do processo da
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colonização brasileira foi à criação das capitanias hereditárias, sediando o então
chamado Governo Geral na Bahia, a primeira capital do país.
A primeira riqueza explorada pelos portugueses no território brasileiro foi à
árvore conhecida como pau-brasil, fornecedor de um corante vermelho, cor de "brasa",
muito apreciado pelos europeus. O nome Brasil teve sua origem nesta madeira.
Encerrado o ciclo do pau-brasil, iniciou-se o ciclo da cana-de-açúcar, que deu
início à economia que, a partir de 1570, passou a utilizar a mão-de-obra escrava para o
setor agrícola.
Em 1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro, mais tarde, o Maranhão,
até sua expulsão em 1616. O Brasil passou ainda pelo domínio espanhol e pela invasão
dos holandeses.
O final do século XVII marcou o início do ciclo do ouro, determinado pela
descoberta do metal na região de Minas Gerais, para onde se deslocaram Bandeiras
paulistas e aventureiros de todas as partes.
O século seguinte foi palco de uma série de revoltas pela independência,
dentre as quais, a Guerra dos Mascates, a Inconfidência Mineira, liderada por
Tiradentes, e a Conjuração Baiana se destacam.
A família real portuguesa teve sua residência transferida para a colônia em
1808, provocando sérias mudanças, como a abertura dos portos às nações amigas e a
elevação da colônia ao título de Reino Unido a Portugal e Algarves, em 1815. Em
1822, Dom Pedro I proclama a Independência do Brasil.
Durante o Primeiro Reinado, a disputa de poder envolvia fazendeiros de um
lado, e portugueses de outro, estes últimos defendendo que o poder fosse mantido sob
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domínio da coroa. O período conturbado refletiu na eclosão de vários movimentos,
entre os quais a Revolta Pernambucana, a Guerra dos Farrapos, a Sabinada, e a
Balaiada.
O Segundo Reinado foi marcado pela Guerra do Paraguai, que terminou em
1870, após cinco anos, e da qual o Brasil saiu vitorioso. Este século culminou em
importantes acontecimentos como a abolição da escravatura, em 1888. No ano
seguinte, foi proclamada a República.
A este período seguiu-se a República Velha, cujos primeiros presidentes foram
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. O ano de 1922 detonou um processo que
incluiu a Revolta dos Dezoito e a Revolução Paulista - período que culminou com a
Revolução de 30.
Um dos mais importantes políticos brasileiros, Getúlio Vargas, governou o
país de 1930 a 1945, voltando ao poder, eleito pelo voto direto, em 1951 até 1954,
quando um atentado contra seu opositor, o jornalista Carlos Lacerda, envolveu nomes
da guarda pessoal da presidência, fato que o levou a suicidar-se no Palácio do Catete,
residência oficial do governo federal.
Em eleições realizadas em 1955, saiu vitorioso Juscelino Kubitschek de
Oliveira, que teve a trajetória de seu governo marcada pelo impulso no
desenvolvimento industrial do país e pela construção de Brasília. Suas medidas
econômicas, porém, resultaram em um processo inflacionário que durariam anos.
Depois de Juscelino, veio Jânio Quadros que, renunciando, foi substituído pelo
então vice-presidente, João Goulart, deposto por um golpe militar em 1964, quando
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foram cassados os direitos políticos de várias personalidades políticas. A anistia para
os muitos exilados durante a Revolução de 64 viria em 1979.
Em 1984, teve início a campanha para as eleições diretas para a presidência da
República, da qual saiu vitorioso Tancredo Neves que, adoecendo, não chegou a tomar
posse, assumindo então seu vice, José Sarney. Com o novo governo veio o Plano
Cruzado que, em uma tentativa de acabar com a inflação, gerou a fúria de alguns
empresários que, sentindo-se prejudicados, iniciaram uma ação de boicote ao plano,
levando-o à falência. (Almanaque Abril 2003).
As primeiras eleições diretas desde 1960 ocorreram em 1989, vencendo o
candidato Fernando Collor de Mello, do PRN, assumindo em 15 de março de 1990. O
governo de Collor que, em 16 de março de 1990 anunciava novas medidas econômicas
antiinflacionárias, foi pontilhado por uma série de escândalos ligados a esquemas de
corrupção, culminando no processo de impeachment que resultou no afastamento
definitivo do presidente em final de dezembro de 1992. O vice de Collor, Itamar
Franco, assumiu a presidência.
O governo Itamar Franco foi marcado pela criação do Plano Real pela equipe
do então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. De 1° de março a 1° de
julho de 1994, foi implantado a URV, Unidade Real de Valor, indexador econômico
que antecedeu o real, moeda que entraria em vigor em 1° de julho de 1994.
Fernando Henrique Cardoso deixou seu cargo no Ministério da Fazenda para
candidatar-se à presidência da República, pelo PSDB. Em 3 de outubro de 1994, na
disputa com Luís Inácio Lula da Silva, do PT, era eleito logo no 1° turno, Fernando
Henrique Cardoso, do PSDB, que assumiu a presidência em janeiro de 1995. Sua
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vitória se deveu basicamente ao plano de estabilização econômica que reduziu
drasticamente a inflação, e à promessa da continuidade do plano, mediante reformas da
Constituição.
Estas incluíam a reforma previdenciária, a reforma tributária, bem como
reformas administrativas, entre as quais a quebra da estabilidade do funcionalismo
público, da mudança nos processos de aposentadoria, que deixariam de ser por tempo
de serviço, passando a ser determinadas por idade, e previdenciárias, sugerindo a
redução no número de assistidos.
Os primeiros seis meses de governo foram marcados pela aprovação da
possibilidade de privatização da telefonia nacional, e pela proposta de flexibilização do
monopólio da extração petrolífera, que propunha que a exploração da Petrobrás fosse
aliada a de outros capitais. Além disto, foi criada uma lei que permitia a injeção de
capital estrangeiro em empresas nacionais.
No segundo semestre do governo de FHC, o Congresso começou a negar a
aprovação destas propostas governamentais, que iam de encontro a interesses pessoais
e políticos, passando o governo a receber pressões dos segmentos que perderiam seus
benefícios. O processo de privatização de empresas estatais, outra proposta do governo
Fernando Henrique, começa lento, dando seus primeiros passos com a venda da Light.
Em suas viagens ao exterior, dentre as quais para a China, a França e Estados
Unidos, FHC se propõe a realizar acordos comerciais internacionais. No mesmo
período, a extensão acrescida ao acordo econômico do MERCOSUL, evoluiria para
uma maior consolidação, com a adesão do Chile.
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O desejo do governo de levar adiante o processo de reforma agrária, cujo
Ministério é hoje encabeçado pelo Ministro Reinhold Stephanes, exacerba a ação do
MST.
A transição pacífica de poder para Luís Inácio Lula da Silva, que foi eleito em
2002 e reeleito em 2006, mostrou que o Brasil finalmente conseguiu alcançar a sua, há
muito procurada, estabilidade política.
2) República Argentina
Em 1516 chega à Argentina o primeiro europeu, o espanhol Juan Diaz de
Solis, apartir de1526 Sebastiano Caboto, impressionado com os ornamentos de prata
que os índios usam, inicia a busca por metais preciosos. Não encontrando riquezas, o
território argentino é esquecido pela Espanha, desinteressada.
Na data de1536 é fundada por Pedro de Mendoza a cidade de Buenos Aires,
que em poucos anos é abandonada devido a seguidos ataques indígenas;
Em 1776 criado o Vice-reinado de La Plata, incluindo Argentina, sudeste da
Bolívia, Uruguai e Paraguai, porém em 1806 Forças Britânicas ocupam Buenos Aires,
ocasionando em 1810 no dia 25 de maio uma revolta em Buenos Aires depõe o rei e
uma junta é criada para governar o país.
Em 1816 o movimento liderado por Manuel Belgrano ganha forças e é
proclamada a independência da Argentina em 9 de julho. O período pós-independência
é marcado por contínua guerra civil;
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No ano de 1835 o federalista Juan Manuel de Rosas, governador de Buenos
Aires, torna-se ditador, permanecendo no poder até 1852 e no ano de 1853 adotada a
atual Constituição;
No ano de 1916 Hipolito Irigoyen, do Partido Radical, torna-se o primeiro
presidente argentino eleito através de voto popular. A Argentina permanece neutra na I
Guerra Mundial;
Durante a II Guerra Mundial a Argentina permanece neutra até março de
1945, quando declarou guerra à Alemanha. No ano seguinte, é eleito Juan Perón, com
o apoio da Igreja e dos trabalhadores argentinos;
Perón permanece 9 anos no poder. Tanto ele quanto sua segunda esposa, Eva
Perón, tornam-se extremamente populares na Argentina, apesar de problemas
econômicos e sociais que se iniciam neste período. Em 1955, Perón é deposto pelas
Forças Armadas e em 1973, após 18 anos no exílio, foi novamente eleito presidente;
Em 1974 com a morte de Perón, assume a presidência sua terceira esposa e
vice-presidente, Isabel Perón. Os Peronistas, nesta época, encontram-se divididos, e
Isabel não consegue uni-los. Além disso, a inflação atinge índices altíssimos e Isabel
acaba deposta em 1976. Os militares iniciam então a perseguição aos guerrilheiros de
esquerda, torturando e assassinando milhares de pessoas;
Em 1983, após a guerra entre a Argentina e a Inglaterra pela posse das Ilhas
Malvinas, Raul Alfonsín, um civil do Partido Radical é eleito presidente. Em Junho de
1985, Alfonsín adota um plano econômico para conter a inflação, e o austral torna-se a
nova moeda. Em 1987 e 1988 ocorrem rebeliões militares no país, contidas pelo
governo;
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Em 1989 é eleito o Peronista Carlos Saul Menem, que restabelece laços com a
Inglaterra em 1990 e cria um novo plano econômico em 1992. A economia apresenta
melhoras, e Menem é reeleito em 1995.
O segundo mandato de Menem esteve caracterizado pelo aumento dos
indicadores negativos, como o desemprego, a pobreza e o trabalho sem registro.
Além disso a dívida externa aumentou em quase 82 bilhões de dólares. Estes
problemas continuaram crescendo até a queda do sucessor de Menem, Fernando de la
Rúa, em 2001. Ao final de 1998, quando a Corte Suprema decide que Menem não
pode ser presidente pela terceira vez consecutiva, iniciou-se uma recessão de quatro
anos que se tornaria a mais longa e destrutiva da história argentina.
Em 25 de maio de 2003 assume a presidência da Argentina Nestor Kirchner,
assumindo o país que passava por uma moratória, obrigando o governo a desvalorizar
o sua moeda e estabilizar as contas internas.
Foi também iniciada a política de superávit primário para realizar o acúmulo
de reservas internacionais, ocasionando no retorno ao crescimento da nação e
minimizando o efeito da crise.
A Argentina confirmou sua dificuldade em alternar visões políticas e
econômicas nas últimas eleições onde Néstor Kirchner foi sucedido por sua própria
esposa,Cristina Kirchner em 10 de dezembro de 2007.
Sua eleição representa um marco histórico por ser a primeira mulher à frente
do governo nacional, mas que não conseguiu mostrar identidade própria até então,
confirmando um continuísmo.
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3) República do Paraguai
Período pré-colombiano - A região do Paraguai é habitada por grupos
indígenas, entre eles os Matacos e os Tobas. O guarani é a língua falada por estes
grupos que vivem principalmente na região do Chaco ou em florestas tropicais e
subtropicais na fronteira com o Brasil. Sobrevivem da caça e da pesca e se aventuram
na busca de ouro e prata nos Andes. Estes metais despertam os interesses dos
espanhóis, que não conseguem se estabelecer na região devido à hostilidade dos
índios;
Em 1524 a área ao norte do rio Paraná é desbravada por Alejo Garcia, que
confirma a presença de prata na região dos Andes. Em 1527, a expedição de Pedro de
Mendoza funda uma fortaleza de nome Nuestra Señora de la Asunción, associando-se
aos guaranis contra os índios do Chaco;
A sociedade torna-se híbrida, com os costumes guaranis assimilados pelos
espanhóis. A comida e a língua guarani juntam-se aos valores culturais espanhóis na
educação das crianças mestiças;
Período Colonial - o território paraguaio é bem maior do que atualmente,
abrangendo regiões que hoje pertencem ao Brasil e à Argentina. Grande parte desta
área é colonizada por missões jesuítas, que defendem o território contra a invasão
portuguesa;
A região do Chaco (que sempre foi de difícil estabelecimento para os
europeus) é abandonada pelos espanhóis depois que se confirma a ausência de ouro e
prata;
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No ano de 1811 o Paraguai torna-se independente e, três anos mais tarde,
destaca-se no poder José Gaspar Rodríguez de Francia, conhecido como El Supremo.
Acreditando que o país devia promover sua auto-suficiência, Francia corta relações
comerciais com os países vizinhos. O Estado controla toda a agricultura, basicamente
composta por tabaco e erva-mate;
Em 1840, após a morte de Francia, assume o poder Carlos Antonio López. O
isolamento em que se encontra o país é desfeito com o telégrafo e a construção de
estradas. As forças armadas se fortalecem, e o filho de López, Francisco Solano
López, acaba envolvendo o país na guerra da Tríplice Aliança contra o Brasil, Uruguai
e Argentina;
Esta guerra traz graves conseqüências para o Paraguai que, derrotado, perde
uma grande parte de seu território e de sua população. O país não consegue se reerguer
e a situação permanece crítica por muito tempo;
A instabilidade política dura décadas, mesmo com uma nova Constituição. Em
1887, o partido Colorado desenvolve a agricultura e realiza reformas na educação
pública;
No entanto, outra guerra acaba causando problemas ao Paraguai em 1932. A
guerra do Chaco, com a Bolívia, procura estabelecer as fronteiras entre os dois países,
indefinidas até então. Não há vencedor. Apesar disto, o Paraguai recebe 75% da área
em disputa, no acordo de paz assinado em 1935;
No ano de 1954 um golpe militar leva ao poder o General Alfredo Stroessner,
que governa o país por 35 anos;
Em 1989 assume o poder o General Andrés Rodríguez;
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Nas eleições democráticas de 1993, é eleito Juan Carlos Wasmosy, do Partido
Colorado;
Juan Carlos Wasmosy, do Partido Colorado, foi eleito presidente em 1993.
Investigações sobre a ligação de paraguaios com o narcotráfico internacional e
o veto aos protestos de militares, em 1994, geraram conflitos entre Wasmosy e o chefe
do Exército Lino Oviedo, que tentou um golpe, frustrado por manifestações no país e
dos demais membros do Mercosul e dos Estados Unidos da América.
Oviedo foi indicado a concorrer à Presidência, mas um tribunal militar o
condenou a dez anos de prisão, um março de 1998, pela tentativa de golpe, tornando-o
inelegível.
Seu substituto Raúl Cubas, venceu o pleito em maio e libertou Oviedo por
decreto, porém a Corte Suprema declarou ilegal o indulto, mas Cubas ignorou essa
posição.
Em abril de 2003 o colorado Nicanor Duarte Frutos foi eleito presidente com
37% dos votos. Nicanor Duarte Frutos tomou posse, em meio à grave crise econômica.
Em 20 de abril de 2008, Fernando Lugo foi eleito o novo presidente do
Paraguai dando fim a quase seis décadas de domíno do Partido Colorado.
O ex-bispo católico e teólogo promete realizar uma reforma agrária dentro dos
marcos constitucionais, ampliar o sistema de seguridade social do Paraguai e lutar pela
soberania energética do país.
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4) República Oriental do Uruguai
Os primeiros habitantes do território uruguaio foram os índios _harrua,
agressivos e hostis. Os missionários jesuítas foram pioneiros na colonização do país,
estabelecendo-se às margens do rio Uruguai;
No ano de 1680 os Portugueses fundam a Nova Colônia do Sacramento. A
rivalidade entre Espanha e Portugal acaba favorecendo a independência do país,
proclamada por José Gervásio Artigas. O Brasil passa então a dominar o Uruguai,
porém, três anos depois, em 1828, fica acertada a completa independência do país;
Já em 1903um dos políticos de maior destaque é José Batlle y Ordóñez,
presidente do Uruguai nos períodos de 1903 a 1907 e de 1911 a 1915. Ele introduz no
país a jornada de trabalho de oito horas e o seguro-desemprego, entre outras melhorias.
Nesta época, o Estado passa a intervir na economia e muitos conservadores
acreditam que o setor pastoril está sendo extremamente explorado em favor do
desenvolvimento urbano, o que prejudica a produtividade do setor;
A partir de 1960 – a economia nacional estagna-se, e a cidade que mais sofre
com isto é Montevideo. A industrialização na capital uruguaia, impulsionada após a II
Guerra Mundial, ocasiona um progresso passageiro. O país entra em crise e as eleições
de 1966 trazem esperanças à população.
O presidente eleito, Oscar Gestido, morre logo após assumir o cargo e o vice-
presidente Jorge Pacheco Areco passa então a governar, instituindo a ditadura no país;
Partidos de esquerda e jornais são fechados. Entre as diversas guerrilhas,
destaca-se o Movimiento de Libertación Nacional, também conhecido como
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Tupamaros. Este movimento, tipicamente urbano, existia secretamente desde1963,
passando a ser publicamente conhecido somente a partir de 1967;
O povo uruguaio, inicialmente, apóia o movimento. Entretanto, para contê-lo,
o governo passa a adotar medidas excessivamente repressoras, provocando o
descontentamento popular;
Em 1971 as eleições levam ao poder Juan Bordaberry, que passa a governar o
país ao lado do Conselho Nacional de Segurança, formado por militares. A Assembléia
Geral é dissolvida, as forças armadas ocupam grande parte dos mais importantes
cargos no país e as torturas se tornam freqüentes. Tenta-se estabelecer uma
Constituição, porém esta proposta é rejeitada no plebiscito de 1980;
Em 1984, Julio Maria Sanguinetti assume a presidência, tomando medidas de
caráter democrático. Cinco anos depois, Luis Lacalle substitui Sanguinetti por meio de
tranqüilas eleições.
As eleições de 1989 foram vencidas por Luís Alberto Lacalle, do Nacional,
que governou no perído de 1990 a 1995, onde Luís Alberto Lacalle Lacalle, além de
fazer o Uruguai aderir ao Mercosul em 1991, empreendeu grandes reformas estruturais
liberalizando e privatizando a economia, apesar de algum sucesso económico, estas
medidas deram origem a uma grande oposição política, que chegou a conseguir anular
algumas das reformas por referendo;
Nas eleições de 1994 Julio Maria Sanguinetti voltou a ser eleito, embora sem
maioria no parlamento, tendo por isso o Colorado e o Nacional encetado uma
coligação governamental;
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As reformas económicas continuaram e o sistema eleitoral, a segurança social,
a educação e a segurança pública foram também revistos.
A economia cresceu de forma estável durante a maior parte do mandato até
que os baixos preços das mercadorias e dificuldades económicas nos maiores
mercados para os quais o Uruguai exportava conduziram a uma recessão em 1999 que
continuou até 2002;
Em 2004 os uruguaios elegeram Tabaré Vazquez como presidente, dando à
Frente Amplio, a maioria nas duas câmaras do parlamento. O governo comprometeu-
se a continuar os pagamentos da dívida externa do Uruguai e também prometeu
combater fortemente os problemas generalizados da pobreza e do desemprego;
O atual presidente da República Oriental do Uruguai é José Alberto Mujica
Cordano, eleito em 29 de novembro de 2009.
3 COMPARAÇÃO DO PODER NACIONAL
3.1 EXPRESSÃO POLÍTICA DO PODER NACIONAL
a) República Federativa do Brasil
O Brasil é uma república presidencialista, que hoje se baseia na Constituição
de 1988. Nas eleições de 2003, quando foi eleito o atual presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, também foram votados novos representantes para o Senado, a Câmara Federal, e
as Assembléias Legislativas estaduais. Naquela ocasião, o Tribunal Superior Eleitoral
tinha registrado mais de 110.000.000 de eleitores.
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O governo se divide em três poderes que regem o país: o executivo, o
legislativo, e o judiciário. O poder executivo atua na chefia do Estado, tanto propondo
quanto aplicando leis. Existe, no entanto, a nível federal, estadual, e municipal,
respectivamente representados pelo presidente, governador, e prefeito, todos
auxiliados por suas equipes de governo.
O poder legislativo, também atua em três níveis, elaborando leis federais,
estaduais e municipais. O Congresso Nacional é composto pelo Senado contendo
oitenta e um assentos e pela Câmara dos Deputados contendo 513assentos, enquanto
nos municípios, os interesses populares têm como representantes os vereadores,
responsáveis pela elaboração das leis do município.
O poder judiciário decide possíveis desacordos com base na Constituição. O
Supremo Tribunal federal sendo composta por onze ministros sendo estes confirmados
pelo senado, o Superior Tribunal de Justiça, a Justiça do Trabalho, e a Justiça Eleitoral
e Militar, compõe o poder judiciário como um todo.
O sistema pluripartidário brasileiro é composto por dezenove entidades
políticas onde sufrágio é universal aos 18 anos de idade.
A distribuição dos estados por região se faz assim: os estados do Acre,
Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, estão situados ao norte do
país, enquanto a região nordeste engloba o Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
O centro-oeste se constitui pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, e Distrito Federal. Já o Rio de Janeiro, o Espírito Santo, Minas Gerais e São
21
Paulo, situam-se no sudeste. O sul do Brasil é formado pelos estados do Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
b) República Argentina
A Argentina é uma república cujo presidente é eleito através de voto popular a
cada 6 anos. A constituição em vigor é a de 1853, atualizada com emendas. O país é
dividido em 23 províncias com certa autonomia, um território e a capital federal. O
atual presidente é Cristina Fernandez de Kirchner, eleito em 10/12/07.
O Sistema legal: uma mistura entre o sistema americano e o do Leste Europeu.
Não é aceita a jurisdição compulsória. O Sistema de voto: 18 anos de idade; universal.
c) República do Paraguai
O país é uma República onde o presidente é eleito pelo povo a cada cinco
anos. A Constituição de 1967 garante plenos poderes ao presidente. O Paraguai é
dividido em 19 departamentos, cujos delegados são indicados pelo próprio presidente.
O Partido Colorado vem sendo o mais importante desde 1947, recebendo o
apoio de Stroessner e dos militares. Os partidos oponentes foram eliminados durante a
ditadura de Stroessner e as pessoas, torturadas até a morte.
Em 1989, o General Stroessner foi deposto e, dois anos mais tarde, Andrés
Rodríguez foi eleito presidente. Tem-se procurado estabelecer a democracia através do
diálogo e de uma nova atividade política, porém a tradição autoritária do país parece
impedir esse progresso.
22
O atual presidente do país é Presidente Fernando Armindo Lugo Mendez
desde 15 Agostos 2008.
d) República Oriental do Uruguai
O Uruguai é uma república presidencialista cujas eleições ocorrem a cada
cinco anos. O presidente lidera o Poder Executivo, havendo também o Poder
Legislativo com 99 deputados e 30 senadores, além da Corte Suprema, constituída de
19 departamentos. O sistema de voto é universal a partir de 18 anos de idade e
compulsório para os casados.
O atual presidente do país é Tabare Vazquez Rosas desde 01 março 2005
gabinete: Gabinete; apontado pelo presidente a partir da proposta do Senado.
3.2 EXPRESSÃO ECONÔMICA DO PODER NACIONAL
a) República Federativa do Brasil
O Brasil tem uma longa história inflacionária, com diversas tentativas de
planos econômicos para solucionar para este problema. Começando com o Plano
Cruzado, quando os preços passaram por um período de congelamento, tendo sofrido
boicote por parte de empresários de alguns segmentos, entre 1986 e 1994 muitos
outros vieram até a implantação do real, em 1° de julho de 1994, que tinha como
principal meta a estabilização dos preços, e a criação de uma moeda forte,
desindexando as taxas inflacionárias através do controle do volume monetário. O
23
Plano Real provoca o aquecimento inicial do mercado de trabalho, embora este quadro
não tenha se mantido por muito tempo.
A economia brasileira baseia-se nos setores industrial, agropecuário, de
serviços, e de mineração, tendo nos últimos tempos registrado as maiores altas nos
dois primeiros setores. O setor industrial destaca as indústrias automobilística,
petrolífera, têxtil, mecânica, siderúrgica, eletroeletrônica, de metalurgia, construção,
fumo, e de bebidas e alimentos.
Na pecuária, destacam-se as criações de aves, seguida da de bovinos e suínos,
enquanto na agricultura, entre os dez produtos de maior importância econômica estão à
cana-de-açúcar, a laranja, a mandioca e o arroz em casca. Entre os mais importantes
minérios brasileiros encontram-se o ferro e o alumínio.
b) República Argentina
A economia argentina é baseada na indústria e na agricultura, e a pesca tem se
desenvolvido bastante a partir da década de 60.
A agricultura é realizada em cerca de 60% do território nacional, e os
principais produtos são o trigo, milho e centeio. A pecuária também se destaca como
uma das mais importantes atividades econômicas do país.
A indústria emprega 12% da força de trabalho na Argentina, e as principais
são as de processamento de alimentos, têxtil, química, de petróleo e automóveis.
Os recursos minerais no país são escassos, exceto o petróleo e o carvão. A
metade da eletricidade utilizada na Argentina provém de hidrelétricas. Além disso, o
24
país é o líder latino-americano em energia nuclear devido a reservas substanciais de
urânio.
A economia argentina foi bastante prejudicada a partir da década de 40 devido
aos altos índices inflacionários e ao empréstimo de dinheiro internacional. Em 1985 e
1992 foram criados planos econômicos que visavam conter a inflação.
c) República do Paraguai
A economia paraguaia sempre dependeu da agricultura. Seus principais
produtos de exportação são a cana-de-açúcar, soja, algodão e carne. O custo das
exportações é alto em relação ao dos outros países da América Latina devido à
localização do país e aos custos com o transporte.
Os recursos minerais energéticos são escassos e o país aproveita o grande
potencial hidrelétrico juntamente com o Brasil e a Argentina, respectivamente nas
usinas de Itaipu e Yaciretá.
A indústria paraguaia envolve basicamente o processamento de produtos
agrícolas. Na verdade, o contrabando é a indústria mais lucrativa do país, e Ciudad del
Este é o principal ponto de escoamento de produtos para o Brasil.
d) República Oriental do Uruguai
Os recursos minerais são escassos no país e a principal atividade econômica é
a pastoril, favorecida pelos pastos abundantes e clima adequado. A carne e a lã obtidas
são de alta qualidade.
25
A agricultura, cuja produção satisfaz as necessidades internas do país,
desenvolve-se quase unicamente na região costeira. As principais culturas são as
canas-de-açúcar, cevada, linho, aveia, batata, tabaco e amendoim.
A industrialização no país tomou impulso a partir da II Guerra Mundial,
retraindo-se dez anos depois. As cidades do interior não possuem fábricas, pois se
concentram principalmente ao redor de Montevidéu. As indústrias que mais se
destacam são a têxtil, de alimentos, bebidas, química e energética.
O turismo também é de grande importância para o país, e o litoral uruguaio é
muito freqüentado por turistas argentinos.
O Uruguai é um dos países integrantes do MERCOSUL, ao lado do Brasil,
Argentina, Paraguai e Chile. Este acordo favorece investimentos que deverão impedir
que o país perca mão-de-obra jovem e produtiva para os países vizinhos.
3.3 AQÜÍFERO GUARANI
A seguir, são apresentados os principais indicadores econômicos dos países
que compõem o Aqüífero Guarani.
1.981
558
28,28
44,05
2.656,46
PIB/Bilhões $
Aquifero/guarani
Uruguai
Paraguai
Argentina
Brasil
Fonte: Almanaque Abril 2009.
26
3.4 EXPRESSÃO MILITAR DO PODER NACIONAL
a) República Federativa do Brasil
As Forças Armadas do Brasil, constituídas pelo Exército, pela Marinha e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, e têm como missão
constitucional, zelar pela defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, por
iniciativa destes, da lei e da ordem. As Forças Armadas do Brasil são a segunda maior
força militar das Américas, a maior da América Latina e também umas das forças
armadas mais bem preparadas do mundo.
Com relação ao Exército brasileiro, este possui o maior efetivo entre os
exércitos da América Latina, estimado em 210.000 soldados, e uma reserva de 280.000
ex militares, que são convocados anualmente para apresentação durante os cinco anos
subsequentes ao desligamento (reserva que pode chegar a quase quatro milhões, se
considerarmos os brasileiros em idade para prestar o serviço militar), também possui a
maior quantidade de veículos blindados da região, seja para transporte de tropas ou
carros de combate principais.
Possui uma grande unidade de elite especializada em missões não
convencionais, a Brigada de Operações Especiais, única na América Latina, além de
uma Força de Ação Rápida Estratégica, formada por unidades de elite altamente
mobilizáveis e preparadas (Brigada de Operações Especiais, Brigada de Infantaria
Pára-quedista, 1º Batalhão de Infantaria de Selva (Aeromóvel) e 12ª Brigada de
Infantaria Leve (Aeromóvel)) para atuar em qualquer parte do território nacional, em
curto espaço de tempo, na hipótese de agressão externa. Além disso, possui unidades
de elite especialistas em combates em biomas característicos do território brasileiro
27
como o pantanal (17º Batalhão de Fronteira), a caatinga (72º Batalhão de Infantaria
Motorizado), montanha (11º Batalhão de Infantaria de Montanha) e a selva.
As unidades de selva possuem renome internacional, reconhecidas como as
melhores unidades de combate nesse ambiente do mundo. São formadas por índios da
região amazônica e por militares oriundos de outras regiões, profissionais especialistas
em guerra na selva pelo Centro de Instrução de Guerra na Selva. Essas unidades são
enquadradas pelas 1ª, 2ª, 16ª, 17ª e 23ª Brigada de Infantaria de Selva.
A Marinha do Brasil é uma das três forças armadas do país, ao lado do
Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, sendo responsável pela condução das
operações navais em geral. Maior marinha da América Latina sendo composta de nove
áreas distritais, sendo estas constituídas de um arsenal, cinco bases navais, uma base
fuvial e uma aeronaval.
A Força Aérea Brasileira é o ramo de guerra aérea das forças armadas
brasileiras. Força aérea brasileira foi formada quando as divisões de ar do exército e da
marinha foram mescladas em uma única força militar, inicialmente chamada "força
aérea nacional". Essas duas divisões de ar transferiram seus equipamentos, instalações
e pessoal para a nova força armada. A F.A.B. é a maior força aérea na América Latina,
com cerca de 700 aeronaves tripuladas em serviço, além de contar, em 23 de Março de
2007, com um pessoal 65.610 pessoas. Além de um adicional civil de 7.500 pessoas
contratadas pela força aérea.
Em março de 2007, a Força Aérea Brasileira contava com o efetivo de 73.110
pessoas, sendo 65.610 militares e 7500 civis.
No ano de 1982 foi permitido a mulheres ingressarem na Aeronáutica.
28
Em 2007 o efetivo militar era assim distribuído:
61.067 homens (93,08%)
4.453 mulheres (6,92%)
Oficiais: 8.864 (13.51%)
Suboficiais e Sargentos: 25.472 (38,82%)
Cabos, Soldados e Taifeiros: 31.274 (47,67%)
Efetivo total de funcionários civis: 7.500
Gastos Militares: 2.6% do PIB. (2006).
Fator humano brasileiro está distribuído na seguinte ordem:
Homens com idade entre 15-49 – 52.523.552;
Mulheres com idade entre 15-49 – 52.628.945 (2008);
Homens que alcançam à idade do serviço militar (20) – 1.690.031
anualmente (2009).
Mulheres que alcançam à idade do serviço militar (20) – 1.630.851
anualmente (2009).
b) República Argentina
Forças do Exército são distribuídos em todo o país e estão geograficamente
agrupados em três divisões.
Cada Corpo de Exército tem uma área de responsabilidade sobre uma
determinada região do país, segundo exército abrange o nordeste do país, o Terceiro
Exército cobre o centro e o noroeste da Argentina e do Quinto Exército abrange o sul e
29
Patagônia. Tanto a Primeiro e Quarto Exércitos foram dissolvidas em 1984 e 1991,
respectivamente, como parte da reorganização militar do país, suas unidades
dependentes foram transferidos para os restantes três Corpos do Exército.
Não existem unidades de nível intermediário de divisão; cada Corpo do
Exército é composto por um número variável de brigadas. Até à data (2009), o
Exército argentino possui onze brigadas:
duas brigadas blindadas (1 e 2),
três brigadas mecanizadas (9, 10 e 11),
três brigadas de montanha (5, 6 e 8),
uma brigada de pára-quedistas (4),
brigada de selva dois (3 e 12).
Nota: A 7 ª Brigada de Infantaria foi dissolvido no início de 1985.
Em 2006, uma Força de Deslocamento Rápido (FDR) foi criado com base na
4a Brigada de pára-quedistas.
Em 2008, um Grupo de Forças de Operações Especiais foi criado com base
em dois Comandos Empresas, uma Companhia de Forças Especiais e uma companhia
de operações psicológica.
Gastos Militares: 1.3% do PIB. (2005).
Fator humano está distribuído em:
- Homens com idade entre 15-49 – 10.029.488;
- Mulheres com idade entre 15-49 – 9.889.002 (2008);
- Homens que alcançam à idade do serviço militar (20) – 341.590
anualmente (2009).
30
c) República do Paraguai
A Constituição do Paraguai designa o Presidente como comandante-chefe das
Forças Armadas. O serviço militar é obrigatório, e todos os homens de 18 anos — e de
17 anos no ano em que perfazem os 18 — são convocados para a prestação de um ano
de serviço militar. Embora a Constituição de 1992 permita a objecção justificada,
nenhuma legislação foi aprovada até ao momento.
Dos três ramos, o Exército detém a maioria dos efectivos, recursos e
influência. Com cerca de 9000 efectivos, organiza-se em três corpos, com seis divisões
de infantaria e três divisões de cavalaria.
O Exército é responsável por duas funções primárias: a manutenção da defesa
nacional, incluindo a preservação da ordem interna, e a participação em projectos de
carácter civil em zonas de baixa densidade populacional.
A Marinha é constituída por cerca de 2000 efectivos divididos em três ramos
de serviço. É de realçar que a Marinha do Paraguai é a maior força naval de países que
não dispõem de costa.
A Força Aérea, a menor e mais recente unidade dos três ramos militares, conta
com cerca de 1500 efetivos.
Gastos Militares: 1% do PIB. (2006).
Fator humano apresenta-se distribuído na seguinte ordem:
- Homens com idade entre 15-49 – 1.589.873;
- Mulheres com idade entre 15-49 – 1.585. 573(2008);
- Homens que alcançam à idade do serviço militar (20) – 73.660 anualmente
(2009).
31
- Mulheres que alcançam à idade do serviço militar (20) – 72.046
anualmente (2009).
d) República Oriental do Uruguai
O Exército uruguaio é constituído por um contingente de aproximadamente
15.000 militares sendo estes seccionados em quatro divisões.
Já a Marinha de Guerra uruguaia possui um contingente de 5.700 militares
concentrados na OM Almirante Juan Fernández H. estando divididos em quatro
comandos: o comando da frota (Comando de la Flota ou COMFLO), a Guarda
Costeira (Prefectura Nacional Naval ou Prena), o Chefe da Direção de Material Naval
(Dirección General de Material Naval ou DIMAT), e da Direção-Chefe de Pessoal da
Marinha (Dirección General de Personal Naval ou DIPER). O Estado-Maior da
Marinha (Estado Mayor General de la Armada ou ESMAY) atua como um órgão
consultivo do almirante.
A Marinha também inclui um batalhão de fuzileiros navais (Corpo de
Fusileros Navales) e uma estação naval de ar pequena Laguna del Sauce.
A academia Naval uruguaia (Escola Naval ou Esnal) está localizada no
Carrasco, um subúrbio de Montevidéu. Instrução consiste em um curso de quatro
anos de estudo que culmina com um cruzeiro no navio de instrução de altura ROU
Capitán Miranda, que duras várias semanas e leva graduada para vários portos em todo
o mundo.
Por fim a Força Aérea do Uruguai é constituída por um contingente de 3.000
militares em geral do Enrique Air A. Bonelli e está organizado em três Brigadas
Aéreas (I, II e III) e sete esquadrões.
32
Gastos Militares: 1.6% do PIB. (2006).
Fator humano apresenta-se na seguinte ordem:
- Homens com idade entre 15-49 – 837.252;
- Mulheres com idade entre 15-49 – 824.096 (2008);
- Homens que alcançam à idade do serviço militar (20) – 27.452 anualmente
(2009).
- Mulheres que alcançam à idade do serviço militar (20) – 26.479
anualmente (2009).
3.5 EXPRESSÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DO PODER NACIONAL
O Aqüífero Guarani possui entre as nações que o constitui de exercer a
expressão científica e tecnológica através de centros universitários e técnicos além do
intercâmbio realizado junto às empresas multinacionais estabelecidas nos mesmos.
O primeiro deste é o Brasil devido ao estabelecimento dos centros de
desenvolvimento científico e tecnológico localizados na porção sudeste-sul sendo a
grande maioria dentro dos limites territoriais do Aqüífero Guarani destacando-se dos
seus pares limítrofes em tecnologias automotivas, aeroespacial e defesa, possibilita
condições significativamente mais favoráveis para exercer uma liderança regional.
A Argentina sendo a segunda nação possui um desenvolvimento científico e
tecnológico através do processamento de alimentos, motor de veículos, bens duráveis,
têxtil, química e petroquímica, imprensa e metalurgia.
33
O Estado boliviano conta precariamente com tecnologia agroextrativas nas
atividades de mineração, petróleo, comidas e bebidas, tabaco, roupas, drogas ilegais.
O Estado paraguaio conta tecnologia agroextrativas no cultivo de cana,
moinhos, têxtil, cimento e construção.
5 COMPARAÇÃO DOS ELEMENTOS BÁSICOS DA GEOPOLÍTICA
5.1 TENDÊNCIA DOS ESTADOS EM FACE DAS CONDIÇÕES GEOGRÁFICAS
a)Acesso à totalidade das bacias hidrográficas
O Aqüífero Guarani como espaço geográfico possui o completo acesso à
totalidade das bacias hidrográficas que estão contidas em seu sistema, tanto de suas
montantes localizadas na porção centro-norte onde estão concentradas as nascentes o
que favorece a geração de um imenso potencial energético, quanto de suas jusantes
localizadas ao sul onde se concentra a foz em forma de estuário responsável pelas
hidrovias que alimentam o potencial econômico da região.
A principal bacia hidrográfica a fazer parte do Aqüífero é a bacia Platina
sendo esta composta por um conjunto de três bacias a do rio Paraná pertencente ao
Brasil, do rio Paraguai pertencente ao Paraguai e do rio Uruguai pertencente ao
Uruguai.
Com relação aos países limítrofes a situação é de acesso parcial as bacias
hidrográficas necessitando de acordos entre os mesmos para sua utilização, sendo o
Estado boliviano o mais prejudicado em relação à utilização e domínio deste sistema,
por não possuir o domínio nem da montante nem da jusante da bacia platina.
34
Com relação ao Paraguai este não possui o acesso as montantes e nem a foz da
bacia platina ficando restrita a navegabilidade de suas hidrovias do curso médio do Rio
Paraguai e Paraná.
A nação uruguaia possui uma situação similar a paraguaia onde esta não
possui o acesso a montante do seu principal corpo hídrico e compartilha a foz para
com a Argentina que só não esta pior que o Estado paraguaio devido à grande
navegabilidade fluvial-oceânico proporcionada pelo compartilhamento junto ao
Uruguai do curso médio e jusante da bacia platina.
O Brasil o detentor do maior volume hídrico superficial e subterrâneo do
Aqüífero Guarani o mesmo necessita de acordos estabelecidos para compartilhar a
jusante da Bacia Platina, tendo desta forma o controle sobre a vazão e o domínio
absoluto na geração de energia fator este evidenciado na tabela 2.
0
100
200
300
400
500
600
Consumo em
bilhões de KW/h
AquiferoGuarani
Brasil
Argentina
Paraguai
Uruguai
0
100
200
300
400
500
600
700
Potencial
Energético em
Bilhões de kw/h
AquiferoGuarani
Brasil
Argentina
Paraguai
Uruguai
Fonte:Almanaque Abril 2009.
b) Posse de uma ou mais saídas para o mar
O litoral que banha o complexo do Aqüífero Guarani localiza-se ao extremo
sul deste, sendo restrito devido à área de transição de mar para rios, fazendo com que
35
das nações componentes do Aqüífero Guarani somente o Brasil tenha a possibilidade
de operação de vários portos que não dependem de passagens ou estreitos sob
soberania de estados estrangeiros.
Ocasionando ao Paraguai restrições quanto ao acesso.
c) Acesso às costas opostas
O Aqüífero Guarani possui acesso somente para a porção sul do Oceano
Atlântico através da transposição fluvial da Bacia da Prata que nas últimas décadas
vem sofrendo assoreamento de seu talvegue devido ao constante depósito de
sedimentos carreados pelos rios da Bacia Platina.
Entre as nações limítrofes Argentina, Uruguai e Brasil este último possui uma
larga vantagem nesse aspecto por ter o litoral mais favorável ao estabelecimento de
portos marítimos e ligações com o interior através de malhas rodo ferroviárias.
d) Acesso às grandes rotas de suprimento marítimo
A região que compreende o Aqüífero Guarani possui acesso às grandes rotas
marítimas do Atlântico Sul através de sua porção sul na transposição do Mar Del Prata
entre as nações limítrofes do Uruguai e Argentina.
Tendo como principais portos argentinos Baia Blanca, Buenos Aires, La Plata,
Mar del Plata, Rosário e Santa Fé.
E o Uruguai contando com a infra-estrutura portuária de Montevidéu e Salto.
O Brasil possui uma superioridade neste fator por possuir uma melhor e mais
numerosa infra-estrutura portuária sendo acessado pelas rodovias federal BR-277 e
36
BR-101, que interligam ao sistema portuário desta nação, sendo os principais de Porto
Alegre, Tubarão, São Francisco do Sul, Paranaguá, Antonina, Santos, Rio de Janeiro e
Macaé.
Já o Paraguai não possui o acesso as grandes rotas marítimas devido a estes
não fazerem fronteiras marítimas dependem de passagens ou estreitos sob soberania de
estados estrangeiros.
e) Estabelecimento de bases aéreas
As nações que compõem o Aqüífero Guarani conta com uma infra-estrutura de
6.937 bases aéreas com e sem pavimentação distribuídas em seus respectivos
territórios, sendo a porção brasileira melhor infra-estruturada em relação a área de
abrangência do aqüífero em seu território podendo realizar a integração das bases tanto
para o intercâmbio comercial cultural quanto para defesa do mesmo.
5.2 FORMA DO TERRITÓRIO DOS ESTADOS
O espaço geográfico denominado Aqüífero Guarani possui uma forma
alongada no sentido meridional com tendência a compacta, o que facilita a integração
do território e o intercâmbio cultural comercial, em tempo de conflito esta forma
auxilia na defesa deste espaço e em tempo de paz tornasse favorável ao intercâmbio
internacional tanto pela sua por ao sul como ao leste, beneficiando os Estados
Limítrofes.
37
5.3 POSIÇÃO DO TERRITÓRIO DOS ESTADOS
a) Latitude
O Aqüífero Guarani como espaço geográfico está bem situado em relação à
latitude uma vez que esta se encontra entre a região tropical e subtropical no
hemisfério sul, sendo favoráveis a ocupação humana e exploração econômica.
Já a analise do fator latitude dos países limítrofes pertencente ao Aqüífero
Guarani estes apresentam uma grande diversidade climática o que refletem na
distribuição de suas populações, atividades econômicas riquezas culturais.
A porção brasileira do aqüífero apresenta em seu centro norte um clima
tropical continental com períodos de chuva e seca alternadas o que favorece a
exploração econômica através das indústrias agropastoreias, automotivas, tecnológicas
e do setor de energia.
Já a porção sul também é privilegiada pelo fator latitude por concentrar-se na
região subtropical com predomínio do clima mesotérmico úmido de duas estações uma
mais úmida e uma seca alternada pelo clima no extremo oriente desta porção
caracterizar-se pelo mesotérmico super-úmido com boa distribuição de chuvas durante
o ano.
Favorecendo a exploração econômica através das indústrias alimentícias,
vestuário, agropastoreias, automotivas e do setor de energia.
Com relação a porção Argentina do aqüífero o fator latitude é representado
pela região subtropical tendo por clima predominante é o temperado, porém há
diversidade climática de acordo com a altitude da região. O Chaco apresenta altas
38
temperaturas e umidade também elevada, onde se concentram grande atividade
econômica de indústrias de vestuários, alimentícias, agropastoreias, autopeças.
A porção paraguaia do aqüífero apresenta o predomínio do fator latitude
tropical onde o clima se apresenta na região leste do país úmido e as temperaturas no
verão giram em torno dos 35ºC, enquanto no inverno a máxima chega a 22ºC. O índice
pluviométrico na região é de 1.500 a 2.000 mm anuais, com as chuvas bem
distribuídas ao longo do ano.
A região oeste do Paraguai apresenta temperaturas mais altas, alcançando
40ºC ou mais no verão. As chuvas são menos abundantes, com índices de 1.000 mm
anuais, desta forma favorecendo a concentração humana e atividades agroextrativas.
Finalizando a análise do fator latitude do Aqüífero Guarani na porção uruguaia
observa-se a localização na região temperada sul onde o clima apresenta-se resultante
da interação da massa de ar do Atlântico, quente e úmida, e do Pampeiro, fresca e seca,
ocasionando um clima predominantemente temperado. A temperatura média no verão
é de 27,5º C, e no inverno, 14,5º C.
O índice pluviométrico gira em torno de 1.000 e 1.300 mm anuais. Por este
motivo, o clima do país é considerado moderadamente úmido, favorecendo a
concentração humana e atividades agroextrativas.
b) Maritimidade – Continentalidade
O Aqüífero Guarani é predominantemente continental sem possuir extensão
costeira apresentando-se desta forma menos vulnerável ao assédio de nações
39
estrangeiras, tendo seu acesso ao Oceano Atlântico através da malha fluvial do Rio da
Prata, Rio Paraná e o Rio Paraguai.
O seu coeficiente de Continentalidade favorece a integração comercial cultural
entre os países limítrofes pertencente ao Aqüífero, por outro lado dificulta em tempos
de paz o intercâmbio cultural comercial internacional.
c) Situação em relação aos países vizinhos
Devido à grande área de abrangência do Aqüífero Guarani ocorre à formação
de uma extensa fronteira terrestre abrangendo cinco países que fazem parte deste
espaço geográfico o que resulta em problemas como controlar o fluxo migratório entre
estas nações estes com destino aos grandes centros urbanos.
Outro grande problema de ocorrência entre as fronteiras do Brasil para com o
Paraguai é a ocorrência de delitos Transfronteiriço como contrabandos de produtos
industrializados e de armas e munições, tráfico de entorpecentes e humanos este
através de mulheres e crianças.
Ocorre a infiltração e intercâmbio entre grupos radicais que alimentam os
movimentos campisenatos que reivindica uma reforma agrária além dos grupos
urbanos do narcotráfico.
Com relação aos países limítrofes que compõem a geografia do Aqüífero
Guarani estes possuem tensões moderadas entre si de ordem política econômica.
Entre a Argentina e o Uruguai ocorre uma contenta devido ao estabelecimento
de indústrias de celulose na região e a preocupação para com o lançamento de
efluentes tóxicos no Rio da Prata, já com o Paraguai e a Bolívia a contenta entre os
40
Estados vem da década de trinta do século XX, através de uma disputa pelo controle
da Bacia Platina com posse de uma saída para o mar que ficou conhecido como Guerra
do Chaco com vitória para o Paraguai ceifando o sonho boliviano de uma saída para o
Atlântico. Porém hoje há acordos bilaterais para que minimizem esta vulnerabilidade
boliviana.
Conclui-se que o Brasil é o país mais afetado nas relações político econômico
devido à grande desigualdade social existente, falta de políticas de parcerias
econômicas que acaba impondo um protecionismo aos parceiros limítrofes e a um não
controle efetivo de suas fronteiras, já que estas são predominantes em relação ao
espaço geográfico do Aqüífero Guarani.
5.4 RELEVO
A geomorfologia do Aqüífero Guarani é bastante diversificada sendo
resultante de um processo dinâmico que resulta da ação conjunta de agentes tanto de
origem interna, quanto externa.
A estrutura geológica é composta por um sistema hidro-estratigráfico
Mesozóico Transfronteiriço, sendo constituído por depósitos eólicos do Jurássico.
O sistema do Aqüífero Guarani pertence à formação da Bacia Sedimentar do
Paraná constituída há 200 milhões de anos onde ocorreu a deposição de inúmeras
formações rochosas dentre elas o arenito Botucatu silicificado.
A porção brasileira do Aqüífero Guarani localizada no seu extremo norte entre
os Estados de Mato Grosso e Goiás é composta por planaltos e chapadas da Bacia do
Paraná sendo esta uma área potencial de recarga indireta através do fluxo subterrâneo
41
não apresentando um obstáculo entre as populações destes Estados, facilitando a
fixação e a circulação humana.
Na nordeste do aqüífero localizado entre os Estados de Goiás em sua porção
sul, Minas Gerais em sua porção oeste sudoeste o relevo apresenta-se com planaltos e
serras sendo um importante divisor de águas onde se concentra área potencial de
recarga indireta através do fluxo subterrâneo, representando um obstáculo à interação
entre as populações dificultando a fixação e a circulação humana, devido ao grau de
declividade presente.
Na porção leste brasileira localizado entre os Estados de São Paulo, Paraná e
Santa Catarina o relevo apresenta-se limitado pela formação de planaltos e serras do
Atlântico-Leste-Sudeste sendo uma das mais importantes áreas de potencial de recarga
indireta através de fluxo subterrânea localizada apartir do segundo planalto destes
Estados. Surgem nesta porção também áreas de potencial de recarga direta através de
regimes porosos devido ao afloramento de arenitos.
O relevo presente nesta porção do Aqüífero Guarani Ocasiona uma limitação
ao intercambio socioeconômico entre as populações em face das grandes declividades
presentes.
Também ocorre a formação da Depressão periférica da Borda Leste da Bacia
do Paraná sendo conhecida como segundo planalto paranaense não representando um
obstáculo para o intercâmbio entre as populações destes Estados, facilitando a fixação
e a circulação humana.
A porção central brasileira do Aqüífero guarani abrange boa parte dos
territórios do Estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e norte do Rio Grande do
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Sul contemplando a formação do planalto da Bacia do Paraná contendo as principais
áreas de drenagem da Bacia Platina, ocorrendo à presença de áreas potencial de
recarga direta através de regimes fissural/poroso de formação geológica de basaltos e
granitos.
O relevo nesta porção do Aqüífero facilita muito a fixação da população e o
intercâmbio socioeconômico.
O relevo presente na porção brasileira do Aqüífero Guarani ao sul e sudoeste
pertencente ao Estado do Rio Grande do Sul é caracterizado pela presença da
formação de planaltos no extremo norte e oeste gaúcho onde ocorre a área potencial de
descarga através de regimes fissural/poroso de formação geológica basáltica e
arenítica, pela Depressão periférica sul rio-grandense localizada na porção central
deste Estado contendo áreas potenciais de recarga direta de regime poroso através do
afloramento de arenitos e pela formação de morro com cumes convexos do planalto
sul rio-grandense onde ocorrem áreas potenciais de recarga indireta apartir da
drenagem superficial.
Sendo esta porção não constituindo obstáculos ao intercâmbio socioeconômico
a população presente.
Finalizando esta análise geomorfológica da porção brasileira do Aqüífero
Guarani, a porção oeste sendo composta pelos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul onde o relevo predominante são as planícies pantaneiras com áreas potenciais
de recarga direta através de regime poroso devido a afloramentos de arenitos.
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Nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ocorre o
predomínio da formação de planaltos da bacia do Paraná contendo áreas de potencial
de descarga de regime fissural/poroso através da formação basáltica e arenítica.
A presente disposição geomorfológica facilita o intercâmbio socioeconômico e
a fixação da população presente.
Com relação à porção argentina do Aqüífero Guarani esta se concentra a
norte-nordeste deste País onde o relevo predominante são os Pampas que ocupam 25%
do território argentino e são formados por planícies férteis.
A região Nordeste é composta pelas planícies do Chaco e pela zona das
Missões e as onduladas terras da Mesopotâmia, situada entre os rios Uruguai e Paraná,
onde ocorre a presença de áreas de potencial de descarga de regime fissural/poroso de
formação geológica basáltica e arenítica.
A presente disposição geomorfológica facilita o intercâmbio socioeconômico e
a fixação da população presente.
A geomorfologia do Aqüífero Guarani em sua porção paraguaia apresenta-se
em duas regiões distintas sendo estas divididas pelo Rio Paraguai. A área menor está a
leste e é constituída de um relevo planáltico, com a presença de vários rios.
Na porção oriental paraguaia ocorrem áreas de potencial de recarga direta por
regime poroso através de afloramentos de arenitos, sendo esta porção do território
favorável ao estabelecimento populacional bem como seu intercâmbio socioeconômico
para com as nações limítrofes.
A região oeste é formada de planícies e conhecida como Chaco onde
predomina a formação de planícies de inundação possuindo áreas de drenagens
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superficiais não relacionadas com o aqüífero, sendo esta área é pouco habitada,
dificultando o intercâmbio socioeconômico e a fixação de populações.
Com relação à porção Uruguaia do Aqüífero Guarani esta possui como relevo
predominante planícies fluviais que devido a processos erosivos dos rios e arroios
mudaram o relevo primitivo da região, tornando-o baixo, com colinas suaves e serras
arredondadas. O ponto culminante do país (501m) encontra-se na Serra de las Animas.
Nesta porção encontram-se áreas de potencial de recarga indireta apartir de
drenagem superficial localizado ao sul, áreas de recarga direta de regime
fissural/poroso de formação basáltica e arenítica e de recarga direta de regime poroso
de afloramento arenítico localizados no centro-norte do Uruguai e no extremo oeste
ocorre o predomínio de áreas de descarga de regime fissural/poroso de formação
basáltica e arenítica.
O relevo presente da porção Uruguai do Aqüífero Guarani favorece totalmente
o intercâmbio socioeconômico entre as nações limítrofes e a fixação populacional
presente.
Conclui-se que a diversidade geomorfológica brasileira no Aqüífero Guarani
da a este Estado nação uma vantagem significativa em integração territorial e de
acessibilidade em relação aos seus vizinhos limítrofes ao contrário do Estado boliviano
tendo restrito seu intercâmbio mediante a forma de seu relevo apresentado.
5.5 LINHA PERIFÉRICA DO TERRITÓRIO DOS ESTADOS (FRONTEIRAS)
A maior parte das fronteiras do Aqüífero Guarani entre os países que o
compõem é balizada por linhas artificiais. As faixas de fronteira são ocupadas, a
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situação jurídica dos limites está definida através de estudos geográficos e geológicos
não havendo nenhum questionamento por parte dos vizinhos limítrofes.
Na porção Ocidental do Aqüífero entre as fronteiras do Brasil para com a
Bolívia ocorrem tensões referentes há disputas territoriais, devido à grande
concentração de propriedades agroextrativas brasileiras sendo estas questionadas pelo
atual governo boliviano.
Na porção sudoeste do Aqüífero Guarani ocorrem tensões de ordem político
econômica entre a Argentina e o Uruguai devido ao estabelecimento de indústrias de
celulose.
Na porção oriental do Aqüífero Guarani onde 70% pertencem ao Brasil não há
conflitos intra-estados.
Todos os fatores analisados favorecem a porção brasileira do Aqüífero
Guarani o papel de liderança regional. Em todas as expressões do Poder Nacional, o
Brasil é preponderante em relação aos seus países limítrofes. A análise referente aos
elementos básicos de geopolítica demonstra o predomínio do Brasil em particular, suas
condições geográficas, forma e posição do seu território. Porém a postura de
“softpower” imposta pelo atual governo em relação ao aspecto estratégico de
manutenção de poder sobre o Aqüífero Guarani é duvidosa.
REFERÊNCIAS
ABBUD, G. Ranking do Poder Militar na América do Sul. Disponível em: <http://www.militarypower.com.br/ranking.htm>. Acesso em: 08/01/2010.
BARLOW, M.; CLARKE, T. Ouro zul. São Paulo: M. Books do Brasil, 2002.
BOUGUERRA, M. L. As batalhas da água. São Paulo: Vozes, São Paulo, 2003.
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CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY WEB SITE. The World Factbook.Disponível em: <http://www.cia.gov/cia/publications/factbook/index.html>. Acesso em: 08/01/2010.
CLARKE, R.; KING, J. O atlas da água. São Paulo: Publifolha, 2004.
ROSS, J. L. S. Ecografia do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2006.
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