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1 ANÁLISE GEOPOLÍTICA DO AQUÍFERO GUARANI Luiz Gustavo Bendlin RESUMO O presente artigo tem por objetivo analisar a geopolítica do espaço geográfico denominado de Aqüífero Guarani e o Poder Nacional dos países limítrofes que o constitui, levando em conta as cinco Expressões do Poder Nacional e os seus Elementos Básicos de Geopolítica e as tendências dos Estados face suas condições Geográficas, forma e posição do território e linhas periféricas. O termo de Aqüífero Guarani refere-se ao sistema hidro-estratigráfico Mesozóico Transfronteiriço, sendo constituído por depósitos eólicos do Jurássico. Os recursos hídricos são essenciais para a manutenção da vida como conhecemos, mediante o aumento da demanda deste recurso através do crescimento demográfico mundial e a crescente necessidade desta fonte mineralógica para produção de alimentos e bens industrializados, os Estados nações tem se mobilizado na proteção e utilização racional de suas reservas hídricas já escassas o que vem ocasionando no aumento das tensões intra e extras nações. Aqüífero Guarani constitui-se em uma importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer desta forma destaca-se a importância do Brasil manter sua soberania sobre o Aqüífero Guarani para o desenvolvimento e manutenção socioeconômica da região Sul americano. O Aqüífero Guarani é considerado um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do mundo, ocupando uma área aproximada de 1.195.200km² estando localizado entre 12º e 35º de latitude sul e entre 47º e 65º de longitude oeste na região centro oeste da América do Sul, estando inserido dentro dos limites de quatro países, sendo eles: Brasil com 839.800Km 2 , Argentina com 225.300Km 2 , Paraguai com 71.700Km 2 e o Uruguai com respectivamente 58.400Km 2 . A porção brasileira integra o território de oito Estados: MS (213.200 km2), RS (157.600 km2), SP (155.800 km2), PR (131.300 km2), GO (55.000 km2), MG (51.300 km2), SC (49.200 km2) e MT (26.400 km2). A população atual do domínio de ocorrência do aqüífero é estimada em 15 milhões de habitantes. Palavras-chave: Aquifero, Geopolítica, Brasil Graduado em Geografia Licenciatura Plena e Bacharelado com Ênfase em Geoprocessamento. [email protected]

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ANÁLISE GEOPOLÍTICA DO AQUÍFERO GUARANI

Luiz Gustavo Bendlin

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo analisar a geopolítica do espaço geográfico denominado de Aqüífero Guarani e o Poder Nacional dos países limítrofes que o constitui, levando em conta as cinco Expressões do Poder Nacional e os seus Elementos Básicos de Geopolítica e as tendências dos Estados face suas condições Geográficas, forma e posição do território e linhas periféricas. O termo de Aqüífero Guarani refere-se ao sistema hidro-estratigráfico Mesozóico Transfronteiriço, sendo constituído por depósitos eólicos do Jurássico. Os recursos hídricos são essenciais para a manutenção da vida como conhecemos, mediante o aumento da demanda deste recurso através do crescimento demográfico mundial e a crescente necessidade desta fonte mineralógica para produção de alimentos e bens industrializados, os Estados nações tem se mobilizado na proteção e utilização racional de suas reservas hídricas já escassas o que vem ocasionando no aumento das tensões intra e extras nações. Aqüífero Guarani constitui-se em uma importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer desta forma destaca-se a importância do Brasil manter sua soberania sobre o Aqüífero Guarani para o desenvolvimento e manutenção socioeconômica da região Sul americano. O Aqüífero Guarani é considerado um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do mundo, ocupando uma área aproximada de 1.195.200km² estando localizado entre 12º e 35º de latitude sul e entre 47º e 65º de longitude oeste na região centro oeste da América do Sul, estando inserido dentro dos limites de quatro países, sendo eles: Brasil com 839.800Km2, Argentina com 225.300Km2, Paraguai com 71.700Km2 e o Uruguai com respectivamente 58.400Km2.A porção brasileira integra o território de oito Estados: MS (213.200 km2), RS (157.600 km2), SP (155.800 km2), PR (131.300 km2), GO (55.000 km2), MG (51.300 km2), SC (49.200 km2) e MT (26.400 km2). A população atual do domínio de ocorrência do aqüífero é estimada em 15 milhões de habitantes.

Palavras-chave: Aquifero, Geopolítica, Brasil

Graduado em Geografia Licenciatura Plena e Bacharelado com Ênfase em Geoprocessamento.

[email protected]

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ABSTRACT

This article aims to examine the geopolitics of the geographical space called the Guarani Aquifer National Power and the neighboring countries that is, taking into account the five Expressions of National Power and its Basic Elements of Geopolitics and trends of states their conditions geographic shape and position of the territory and peripheral lines. The term of the Guarani Aquifer System refers to hydro-stratigraphic Mesozoic Transboundary consisting of eolian deposits of the Jurassic. Water resources are essential to maintaining life as we know, by increasing the demand for this facility by world population growth and the increasing need for this mineral source for food and industrial goods, the member nations has been mobilized in the protection and rational use of their already scarce water resources which is leading to increased tensions in intra-and extra nations. Guarani Aquifer is in an important strategic reserve to supply the population for the development of economic activities and leisure in this way highlights the importance of Brazil to maintain its sovereignty over the Guarani Aquifer for socioeconomic development and maintenance of the South American. The Guarani Aquifer is considered one of the largest underground reservoirs of freshwater in the world, occupying an area of approximately 1.195.200km ² and is located between 12 º and 35 º south latitude and between 47 and 65 ° west longitude in the central west of South America, being inserted within the boundaries of four countries, namely: Brazil with 839.800Km2, with 225.300Km2 Argentina, Paraguay and Uruguay with 71.700Km2 58.400Km2 respectively. The Brazilian portion includes the territory of eight states: MS (213,200 km2), RS (157,600 km2), SP (155,800 km2), PR (131,300 km2), GO (55,000 km2), Brazil (51,300 km2), SC (49,200 km2 ) and MT (26,400 km2).The current population of the area of occurrence of the aquifer is estimated at 15 million.

Keywords: Aquifer, Geopolitics, Brazil

1 INTRODUÇAO

Segundo a Escola Superior de Guerra (ESG), “Poder Nacional é a capacidade

que tem o conjunto dos homens e meios que constituem a Nação, atuando em

conformidade com a vontade nacional, para alcançar os Objetivos Nacionais”. Apesar

de ser uno, o Poder Nacional se compõe de cinco expressões:

Expressão Política

Expressão Econômica

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Expressão Psicossocial

Expressão Militar

Expressão Científica e Tecnológica.

O exercício e a aplicação do Poder Nacional se fazem por meio da sua

Expressão Política a qual, embora detenha o poder decisório, não é independente e

onipotente, dependendo das condições econômicas e da capacidade militar para

garantir a consecução dos seus Objetivos Nacionais. Considera-se, portanto, as

Expressões Política, Econômica e Militar como sendo os pilares dinâmicos do Poder

Nacional no contexto mundial. Estes pilares, por sua vez, estão apoiados numa

plataforma de suporte constituída pela Expressão Psicossocial e pela Expressão

Científica e Tecnológica.

O desenvolvimento e a aplicação do Poder Nacional podem ser orientados ou

segundo alguns, determinados pela Geopolítica, disciplina que estuda os efeitos da

base geográfica dos estados sobre os seus processos políticos, com a finalidade de

explicar ou prever o comportamento das nações.

Os teóricos da Geopolítica, em geral, consideram os seguintes elementos

básicos:

Tendência dos Estados em face das condições geográficas

Forma dos territórios dos Estados

Posição dos territórios dos Estados

Linha periférica dos territórios dos Estados

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Assim sendo, a análise do sistema constituído pelos vetores geopolíticos e

pelas forças componentes do Poder Nacional de um Estado possibilitará a definição de

um conjunto de parâmetros que possibilitará a configuração de cenários possíveis ou

prováveis, que poderão servir para balizar a conduta das Nações e a sua interação.

A seguir serão comparados o Poder Nacional da República Federativa do

Brasil com o de seus países limítrofes – Argentina, Paraguai e Uruguai levando em

conta as cinco Expressões do Poder Nacional e os seus Elementos Básicos de

Geopolítica, com a finalidade de concluir-se a importância do Aqüífero do Guarani

para a região.

O presente artigo tem por objetivo geral analisar a geopolítica do Aquífero

Guarani e sua importância para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Como objetivos específicos o artigo tem por realizar a Conceitualização do

Aqüífero Guarani, sua delimitação a área de influência, analisar a importância

estratégica do Aqüífero Guarani para o Brasil, bem como seu potencial econômico

para o Brasil e para o Cone Sul;

A justificativa para a realização do presente trabalho é o de alertar a sociedade

brasileira sobre a importância geopolítica do Aqüífero Guarani, onde esta reversa

tende a gerar disputa entre Estados-nações em relação aos recursos hídricos que são

essenciais para a manutenção da vida como conhecemos, mediante o aumento da

demanda deste recurso através do crescimento demográfico mundial e a crescente

necessidade desta fonte mineralógica para produção de alimentos e bens

industrializados. Sobre este recurso hídrico que já é considerado como “Ouro

Translúcido” sendo o sucessor do Petróleo em disputas pelo mundo.

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O artigo Análise Geopolítica do Aqüífero Guarani tem por procedimentos metodológicos realizar:

Pesquisas documentais no site do Ministério da Agricultura para compilar

informações a respeito do número de estabelecimentos agro pastoreios e da

produção concentradas sob o Aquífero Guarani;

Pesquisas documentais no site do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística para compilar informações geológicas e demográficas a respeito do

Aquífero Guarani;

Pesquisa documental no site do Ministério da Defesa do Brasil para verificar a

distribuição de organizações Militares e sua possível logística de defesa da

região brasileira localizada sob o Aquífero Guarani;

Pesquisa documental no site da ANA – Agência Nacional das Águas, para

compilar o mapa de localização do Aquífero Guarani;

Pesquisa bibliográfica sobre os Elementos Básicos e Teóricos da Geopolítica.

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Fonte: ANA 1996.

2 SÍNTESE HISTÓRICA DAS NAÇÕES LIMÍTROFES DO AQÜÍFERO GUARANI

1) República Federativa do Brasil

Descoberto em 1500 pelo navegador português Pedro Álvares Cabral, a

colonização do Brasil viria a se concretizar apenas 31 anos mais tarde, com a

expedição de Martim Afonso de Sousa. A primeira providência do processo da

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colonização brasileira foi à criação das capitanias hereditárias, sediando o então

chamado Governo Geral na Bahia, a primeira capital do país.

A primeira riqueza explorada pelos portugueses no território brasileiro foi à

árvore conhecida como pau-brasil, fornecedor de um corante vermelho, cor de "brasa",

muito apreciado pelos europeus. O nome Brasil teve sua origem nesta madeira.

Encerrado o ciclo do pau-brasil, iniciou-se o ciclo da cana-de-açúcar, que deu

início à economia que, a partir de 1570, passou a utilizar a mão-de-obra escrava para o

setor agrícola.

Em 1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro, mais tarde, o Maranhão,

até sua expulsão em 1616. O Brasil passou ainda pelo domínio espanhol e pela invasão

dos holandeses.

O final do século XVII marcou o início do ciclo do ouro, determinado pela

descoberta do metal na região de Minas Gerais, para onde se deslocaram Bandeiras

paulistas e aventureiros de todas as partes.

O século seguinte foi palco de uma série de revoltas pela independência,

dentre as quais, a Guerra dos Mascates, a Inconfidência Mineira, liderada por

Tiradentes, e a Conjuração Baiana se destacam.

A família real portuguesa teve sua residência transferida para a colônia em

1808, provocando sérias mudanças, como a abertura dos portos às nações amigas e a

elevação da colônia ao título de Reino Unido a Portugal e Algarves, em 1815. Em

1822, Dom Pedro I proclama a Independência do Brasil.

Durante o Primeiro Reinado, a disputa de poder envolvia fazendeiros de um

lado, e portugueses de outro, estes últimos defendendo que o poder fosse mantido sob

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domínio da coroa. O período conturbado refletiu na eclosão de vários movimentos,

entre os quais a Revolta Pernambucana, a Guerra dos Farrapos, a Sabinada, e a

Balaiada.

O Segundo Reinado foi marcado pela Guerra do Paraguai, que terminou em

1870, após cinco anos, e da qual o Brasil saiu vitorioso. Este século culminou em

importantes acontecimentos como a abolição da escravatura, em 1888. No ano

seguinte, foi proclamada a República.

A este período seguiu-se a República Velha, cujos primeiros presidentes foram

Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. O ano de 1922 detonou um processo que

incluiu a Revolta dos Dezoito e a Revolução Paulista - período que culminou com a

Revolução de 30.

Um dos mais importantes políticos brasileiros, Getúlio Vargas, governou o

país de 1930 a 1945, voltando ao poder, eleito pelo voto direto, em 1951 até 1954,

quando um atentado contra seu opositor, o jornalista Carlos Lacerda, envolveu nomes

da guarda pessoal da presidência, fato que o levou a suicidar-se no Palácio do Catete,

residência oficial do governo federal.

Em eleições realizadas em 1955, saiu vitorioso Juscelino Kubitschek de

Oliveira, que teve a trajetória de seu governo marcada pelo impulso no

desenvolvimento industrial do país e pela construção de Brasília. Suas medidas

econômicas, porém, resultaram em um processo inflacionário que durariam anos.

Depois de Juscelino, veio Jânio Quadros que, renunciando, foi substituído pelo

então vice-presidente, João Goulart, deposto por um golpe militar em 1964, quando

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foram cassados os direitos políticos de várias personalidades políticas. A anistia para

os muitos exilados durante a Revolução de 64 viria em 1979.

Em 1984, teve início a campanha para as eleições diretas para a presidência da

República, da qual saiu vitorioso Tancredo Neves que, adoecendo, não chegou a tomar

posse, assumindo então seu vice, José Sarney. Com o novo governo veio o Plano

Cruzado que, em uma tentativa de acabar com a inflação, gerou a fúria de alguns

empresários que, sentindo-se prejudicados, iniciaram uma ação de boicote ao plano,

levando-o à falência. (Almanaque Abril 2003).

As primeiras eleições diretas desde 1960 ocorreram em 1989, vencendo o

candidato Fernando Collor de Mello, do PRN, assumindo em 15 de março de 1990. O

governo de Collor que, em 16 de março de 1990 anunciava novas medidas econômicas

antiinflacionárias, foi pontilhado por uma série de escândalos ligados a esquemas de

corrupção, culminando no processo de impeachment que resultou no afastamento

definitivo do presidente em final de dezembro de 1992. O vice de Collor, Itamar

Franco, assumiu a presidência.

O governo Itamar Franco foi marcado pela criação do Plano Real pela equipe

do então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. De 1° de março a 1° de

julho de 1994, foi implantado a URV, Unidade Real de Valor, indexador econômico

que antecedeu o real, moeda que entraria em vigor em 1° de julho de 1994.

Fernando Henrique Cardoso deixou seu cargo no Ministério da Fazenda para

candidatar-se à presidência da República, pelo PSDB. Em 3 de outubro de 1994, na

disputa com Luís Inácio Lula da Silva, do PT, era eleito logo no 1° turno, Fernando

Henrique Cardoso, do PSDB, que assumiu a presidência em janeiro de 1995. Sua

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vitória se deveu basicamente ao plano de estabilização econômica que reduziu

drasticamente a inflação, e à promessa da continuidade do plano, mediante reformas da

Constituição.

Estas incluíam a reforma previdenciária, a reforma tributária, bem como

reformas administrativas, entre as quais a quebra da estabilidade do funcionalismo

público, da mudança nos processos de aposentadoria, que deixariam de ser por tempo

de serviço, passando a ser determinadas por idade, e previdenciárias, sugerindo a

redução no número de assistidos.

Os primeiros seis meses de governo foram marcados pela aprovação da

possibilidade de privatização da telefonia nacional, e pela proposta de flexibilização do

monopólio da extração petrolífera, que propunha que a exploração da Petrobrás fosse

aliada a de outros capitais. Além disto, foi criada uma lei que permitia a injeção de

capital estrangeiro em empresas nacionais.

No segundo semestre do governo de FHC, o Congresso começou a negar a

aprovação destas propostas governamentais, que iam de encontro a interesses pessoais

e políticos, passando o governo a receber pressões dos segmentos que perderiam seus

benefícios. O processo de privatização de empresas estatais, outra proposta do governo

Fernando Henrique, começa lento, dando seus primeiros passos com a venda da Light.

Em suas viagens ao exterior, dentre as quais para a China, a França e Estados

Unidos, FHC se propõe a realizar acordos comerciais internacionais. No mesmo

período, a extensão acrescida ao acordo econômico do MERCOSUL, evoluiria para

uma maior consolidação, com a adesão do Chile.

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O desejo do governo de levar adiante o processo de reforma agrária, cujo

Ministério é hoje encabeçado pelo Ministro Reinhold Stephanes, exacerba a ação do

MST.

A transição pacífica de poder para Luís Inácio Lula da Silva, que foi eleito em

2002 e reeleito em 2006, mostrou que o Brasil finalmente conseguiu alcançar a sua, há

muito procurada, estabilidade política.

2) República Argentina

Em 1516 chega à Argentina o primeiro europeu, o espanhol Juan Diaz de

Solis, apartir de1526 Sebastiano Caboto, impressionado com os ornamentos de prata

que os índios usam, inicia a busca por metais preciosos. Não encontrando riquezas, o

território argentino é esquecido pela Espanha, desinteressada.

Na data de1536 é fundada por Pedro de Mendoza a cidade de Buenos Aires,

que em poucos anos é abandonada devido a seguidos ataques indígenas;

Em 1776 criado o Vice-reinado de La Plata, incluindo Argentina, sudeste da

Bolívia, Uruguai e Paraguai, porém em 1806 Forças Britânicas ocupam Buenos Aires,

ocasionando em 1810 no dia 25 de maio uma revolta em Buenos Aires depõe o rei e

uma junta é criada para governar o país.

Em 1816 o movimento liderado por Manuel Belgrano ganha forças e é

proclamada a independência da Argentina em 9 de julho. O período pós-independência

é marcado por contínua guerra civil;

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No ano de 1835 o federalista Juan Manuel de Rosas, governador de Buenos

Aires, torna-se ditador, permanecendo no poder até 1852 e no ano de 1853 adotada a

atual Constituição;

No ano de 1916 Hipolito Irigoyen, do Partido Radical, torna-se o primeiro

presidente argentino eleito através de voto popular. A Argentina permanece neutra na I

Guerra Mundial;

Durante a II Guerra Mundial a Argentina permanece neutra até março de

1945, quando declarou guerra à Alemanha. No ano seguinte, é eleito Juan Perón, com

o apoio da Igreja e dos trabalhadores argentinos;

Perón permanece 9 anos no poder. Tanto ele quanto sua segunda esposa, Eva

Perón, tornam-se extremamente populares na Argentina, apesar de problemas

econômicos e sociais que se iniciam neste período. Em 1955, Perón é deposto pelas

Forças Armadas e em 1973, após 18 anos no exílio, foi novamente eleito presidente;

Em 1974 com a morte de Perón, assume a presidência sua terceira esposa e

vice-presidente, Isabel Perón. Os Peronistas, nesta época, encontram-se divididos, e

Isabel não consegue uni-los. Além disso, a inflação atinge índices altíssimos e Isabel

acaba deposta em 1976. Os militares iniciam então a perseguição aos guerrilheiros de

esquerda, torturando e assassinando milhares de pessoas;

Em 1983, após a guerra entre a Argentina e a Inglaterra pela posse das Ilhas

Malvinas, Raul Alfonsín, um civil do Partido Radical é eleito presidente. Em Junho de

1985, Alfonsín adota um plano econômico para conter a inflação, e o austral torna-se a

nova moeda. Em 1987 e 1988 ocorrem rebeliões militares no país, contidas pelo

governo;

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Em 1989 é eleito o Peronista Carlos Saul Menem, que restabelece laços com a

Inglaterra em 1990 e cria um novo plano econômico em 1992. A economia apresenta

melhoras, e Menem é reeleito em 1995.

O segundo mandato de Menem esteve caracterizado pelo aumento dos

indicadores negativos, como o desemprego, a pobreza e o trabalho sem registro.

Além disso a dívida externa aumentou em quase 82 bilhões de dólares. Estes

problemas continuaram crescendo até a queda do sucessor de Menem, Fernando de la

Rúa, em 2001. Ao final de 1998, quando a Corte Suprema decide que Menem não

pode ser presidente pela terceira vez consecutiva, iniciou-se uma recessão de quatro

anos que se tornaria a mais longa e destrutiva da história argentina.

Em 25 de maio de 2003 assume a presidência da Argentina Nestor Kirchner,

assumindo o país que passava por uma moratória, obrigando o governo a desvalorizar

o sua moeda e estabilizar as contas internas.

Foi também iniciada a política de superávit primário para realizar o acúmulo

de reservas internacionais, ocasionando no retorno ao crescimento da nação e

minimizando o efeito da crise.

A Argentina confirmou sua dificuldade em alternar visões políticas e

econômicas nas últimas eleições onde Néstor Kirchner foi sucedido por sua própria

esposa,Cristina Kirchner em 10 de dezembro de 2007.

Sua eleição representa um marco histórico por ser a primeira mulher à frente

do governo nacional, mas que não conseguiu mostrar identidade própria até então,

confirmando um continuísmo.

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3) República do Paraguai

Período pré-colombiano - A região do Paraguai é habitada por grupos

indígenas, entre eles os Matacos e os Tobas. O guarani é a língua falada por estes

grupos que vivem principalmente na região do Chaco ou em florestas tropicais e

subtropicais na fronteira com o Brasil. Sobrevivem da caça e da pesca e se aventuram

na busca de ouro e prata nos Andes. Estes metais despertam os interesses dos

espanhóis, que não conseguem se estabelecer na região devido à hostilidade dos

índios;

Em 1524 a área ao norte do rio Paraná é desbravada por Alejo Garcia, que

confirma a presença de prata na região dos Andes. Em 1527, a expedição de Pedro de

Mendoza funda uma fortaleza de nome Nuestra Señora de la Asunción, associando-se

aos guaranis contra os índios do Chaco;

A sociedade torna-se híbrida, com os costumes guaranis assimilados pelos

espanhóis. A comida e a língua guarani juntam-se aos valores culturais espanhóis na

educação das crianças mestiças;

Período Colonial - o território paraguaio é bem maior do que atualmente,

abrangendo regiões que hoje pertencem ao Brasil e à Argentina. Grande parte desta

área é colonizada por missões jesuítas, que defendem o território contra a invasão

portuguesa;

A região do Chaco (que sempre foi de difícil estabelecimento para os

europeus) é abandonada pelos espanhóis depois que se confirma a ausência de ouro e

prata;

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No ano de 1811 o Paraguai torna-se independente e, três anos mais tarde,

destaca-se no poder José Gaspar Rodríguez de Francia, conhecido como El Supremo.

Acreditando que o país devia promover sua auto-suficiência, Francia corta relações

comerciais com os países vizinhos. O Estado controla toda a agricultura, basicamente

composta por tabaco e erva-mate;

Em 1840, após a morte de Francia, assume o poder Carlos Antonio López. O

isolamento em que se encontra o país é desfeito com o telégrafo e a construção de

estradas. As forças armadas se fortalecem, e o filho de López, Francisco Solano

López, acaba envolvendo o país na guerra da Tríplice Aliança contra o Brasil, Uruguai

e Argentina;

Esta guerra traz graves conseqüências para o Paraguai que, derrotado, perde

uma grande parte de seu território e de sua população. O país não consegue se reerguer

e a situação permanece crítica por muito tempo;

A instabilidade política dura décadas, mesmo com uma nova Constituição. Em

1887, o partido Colorado desenvolve a agricultura e realiza reformas na educação

pública;

No entanto, outra guerra acaba causando problemas ao Paraguai em 1932. A

guerra do Chaco, com a Bolívia, procura estabelecer as fronteiras entre os dois países,

indefinidas até então. Não há vencedor. Apesar disto, o Paraguai recebe 75% da área

em disputa, no acordo de paz assinado em 1935;

No ano de 1954 um golpe militar leva ao poder o General Alfredo Stroessner,

que governa o país por 35 anos;

Em 1989 assume o poder o General Andrés Rodríguez;

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Nas eleições democráticas de 1993, é eleito Juan Carlos Wasmosy, do Partido

Colorado;

Juan Carlos Wasmosy, do Partido Colorado, foi eleito presidente em 1993.

Investigações sobre a ligação de paraguaios com o narcotráfico internacional e

o veto aos protestos de militares, em 1994, geraram conflitos entre Wasmosy e o chefe

do Exército Lino Oviedo, que tentou um golpe, frustrado por manifestações no país e

dos demais membros do Mercosul e dos Estados Unidos da América.

Oviedo foi indicado a concorrer à Presidência, mas um tribunal militar o

condenou a dez anos de prisão, um março de 1998, pela tentativa de golpe, tornando-o

inelegível.

Seu substituto Raúl Cubas, venceu o pleito em maio e libertou Oviedo por

decreto, porém a Corte Suprema declarou ilegal o indulto, mas Cubas ignorou essa

posição.

Em abril de 2003 o colorado Nicanor Duarte Frutos foi eleito presidente com

37% dos votos. Nicanor Duarte Frutos tomou posse, em meio à grave crise econômica.

Em 20 de abril de 2008, Fernando Lugo foi eleito o novo presidente do

Paraguai dando fim a quase seis décadas de domíno do Partido Colorado.

O ex-bispo católico e teólogo promete realizar uma reforma agrária dentro dos

marcos constitucionais, ampliar o sistema de seguridade social do Paraguai e lutar pela

soberania energética do país.

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4) República Oriental do Uruguai

Os primeiros habitantes do território uruguaio foram os índios _harrua,

agressivos e hostis. Os missionários jesuítas foram pioneiros na colonização do país,

estabelecendo-se às margens do rio Uruguai;

No ano de 1680 os Portugueses fundam a Nova Colônia do Sacramento. A

rivalidade entre Espanha e Portugal acaba favorecendo a independência do país,

proclamada por José Gervásio Artigas. O Brasil passa então a dominar o Uruguai,

porém, três anos depois, em 1828, fica acertada a completa independência do país;

Já em 1903um dos políticos de maior destaque é José Batlle y Ordóñez,

presidente do Uruguai nos períodos de 1903 a 1907 e de 1911 a 1915. Ele introduz no

país a jornada de trabalho de oito horas e o seguro-desemprego, entre outras melhorias.

Nesta época, o Estado passa a intervir na economia e muitos conservadores

acreditam que o setor pastoril está sendo extremamente explorado em favor do

desenvolvimento urbano, o que prejudica a produtividade do setor;

A partir de 1960 – a economia nacional estagna-se, e a cidade que mais sofre

com isto é Montevideo. A industrialização na capital uruguaia, impulsionada após a II

Guerra Mundial, ocasiona um progresso passageiro. O país entra em crise e as eleições

de 1966 trazem esperanças à população.

O presidente eleito, Oscar Gestido, morre logo após assumir o cargo e o vice-

presidente Jorge Pacheco Areco passa então a governar, instituindo a ditadura no país;

Partidos de esquerda e jornais são fechados. Entre as diversas guerrilhas,

destaca-se o Movimiento de Libertación Nacional, também conhecido como

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Tupamaros. Este movimento, tipicamente urbano, existia secretamente desde1963,

passando a ser publicamente conhecido somente a partir de 1967;

O povo uruguaio, inicialmente, apóia o movimento. Entretanto, para contê-lo,

o governo passa a adotar medidas excessivamente repressoras, provocando o

descontentamento popular;

Em 1971 as eleições levam ao poder Juan Bordaberry, que passa a governar o

país ao lado do Conselho Nacional de Segurança, formado por militares. A Assembléia

Geral é dissolvida, as forças armadas ocupam grande parte dos mais importantes

cargos no país e as torturas se tornam freqüentes. Tenta-se estabelecer uma

Constituição, porém esta proposta é rejeitada no plebiscito de 1980;

Em 1984, Julio Maria Sanguinetti assume a presidência, tomando medidas de

caráter democrático. Cinco anos depois, Luis Lacalle substitui Sanguinetti por meio de

tranqüilas eleições.

As eleições de 1989 foram vencidas por Luís Alberto Lacalle, do Nacional,

que governou no perído de 1990 a 1995, onde Luís Alberto Lacalle Lacalle, além de

fazer o Uruguai aderir ao Mercosul em 1991, empreendeu grandes reformas estruturais

liberalizando e privatizando a economia, apesar de algum sucesso económico, estas

medidas deram origem a uma grande oposição política, que chegou a conseguir anular

algumas das reformas por referendo;

Nas eleições de 1994 Julio Maria Sanguinetti voltou a ser eleito, embora sem

maioria no parlamento, tendo por isso o Colorado e o Nacional encetado uma

coligação governamental;

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As reformas económicas continuaram e o sistema eleitoral, a segurança social,

a educação e a segurança pública foram também revistos.

A economia cresceu de forma estável durante a maior parte do mandato até

que os baixos preços das mercadorias e dificuldades económicas nos maiores

mercados para os quais o Uruguai exportava conduziram a uma recessão em 1999 que

continuou até 2002;

Em 2004 os uruguaios elegeram Tabaré Vazquez como presidente, dando à

Frente Amplio, a maioria nas duas câmaras do parlamento. O governo comprometeu-

se a continuar os pagamentos da dívida externa do Uruguai e também prometeu

combater fortemente os problemas generalizados da pobreza e do desemprego;

O atual presidente da República Oriental do Uruguai é José Alberto Mujica

Cordano, eleito em 29 de novembro de 2009.

3 COMPARAÇÃO DO PODER NACIONAL

3.1 EXPRESSÃO POLÍTICA DO PODER NACIONAL

a) República Federativa do Brasil

O Brasil é uma república presidencialista, que hoje se baseia na Constituição

de 1988. Nas eleições de 2003, quando foi eleito o atual presidente Luiz Inácio Lula da

Silva, também foram votados novos representantes para o Senado, a Câmara Federal, e

as Assembléias Legislativas estaduais. Naquela ocasião, o Tribunal Superior Eleitoral

tinha registrado mais de 110.000.000 de eleitores.

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O governo se divide em três poderes que regem o país: o executivo, o

legislativo, e o judiciário. O poder executivo atua na chefia do Estado, tanto propondo

quanto aplicando leis. Existe, no entanto, a nível federal, estadual, e municipal,

respectivamente representados pelo presidente, governador, e prefeito, todos

auxiliados por suas equipes de governo.

O poder legislativo, também atua em três níveis, elaborando leis federais,

estaduais e municipais. O Congresso Nacional é composto pelo Senado contendo

oitenta e um assentos e pela Câmara dos Deputados contendo 513assentos, enquanto

nos municípios, os interesses populares têm como representantes os vereadores,

responsáveis pela elaboração das leis do município.

O poder judiciário decide possíveis desacordos com base na Constituição. O

Supremo Tribunal federal sendo composta por onze ministros sendo estes confirmados

pelo senado, o Superior Tribunal de Justiça, a Justiça do Trabalho, e a Justiça Eleitoral

e Militar, compõe o poder judiciário como um todo.

O sistema pluripartidário brasileiro é composto por dezenove entidades

políticas onde sufrágio é universal aos 18 anos de idade.

A distribuição dos estados por região se faz assim: os estados do Acre,

Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, estão situados ao norte do

país, enquanto a região nordeste engloba o Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do

Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

O centro-oeste se constitui pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso

do Sul, e Distrito Federal. Já o Rio de Janeiro, o Espírito Santo, Minas Gerais e São

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Paulo, situam-se no sudeste. O sul do Brasil é formado pelos estados do Paraná, Santa

Catarina e Rio Grande do Sul.

b) República Argentina

A Argentina é uma república cujo presidente é eleito através de voto popular a

cada 6 anos. A constituição em vigor é a de 1853, atualizada com emendas. O país é

dividido em 23 províncias com certa autonomia, um território e a capital federal. O

atual presidente é Cristina Fernandez de Kirchner, eleito em 10/12/07.

O Sistema legal: uma mistura entre o sistema americano e o do Leste Europeu.

Não é aceita a jurisdição compulsória. O Sistema de voto: 18 anos de idade; universal.

c) República do Paraguai

O país é uma República onde o presidente é eleito pelo povo a cada cinco

anos. A Constituição de 1967 garante plenos poderes ao presidente. O Paraguai é

dividido em 19 departamentos, cujos delegados são indicados pelo próprio presidente.

O Partido Colorado vem sendo o mais importante desde 1947, recebendo o

apoio de Stroessner e dos militares. Os partidos oponentes foram eliminados durante a

ditadura de Stroessner e as pessoas, torturadas até a morte.

Em 1989, o General Stroessner foi deposto e, dois anos mais tarde, Andrés

Rodríguez foi eleito presidente. Tem-se procurado estabelecer a democracia através do

diálogo e de uma nova atividade política, porém a tradição autoritária do país parece

impedir esse progresso.

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O atual presidente do país é Presidente Fernando Armindo Lugo Mendez

desde 15 Agostos 2008.

d) República Oriental do Uruguai

O Uruguai é uma república presidencialista cujas eleições ocorrem a cada

cinco anos. O presidente lidera o Poder Executivo, havendo também o Poder

Legislativo com 99 deputados e 30 senadores, além da Corte Suprema, constituída de

19 departamentos. O sistema de voto é universal a partir de 18 anos de idade e

compulsório para os casados.

O atual presidente do país é Tabare Vazquez Rosas desde 01 março 2005

gabinete: Gabinete; apontado pelo presidente a partir da proposta do Senado.

3.2 EXPRESSÃO ECONÔMICA DO PODER NACIONAL

a) República Federativa do Brasil

O Brasil tem uma longa história inflacionária, com diversas tentativas de

planos econômicos para solucionar para este problema. Começando com o Plano

Cruzado, quando os preços passaram por um período de congelamento, tendo sofrido

boicote por parte de empresários de alguns segmentos, entre 1986 e 1994 muitos

outros vieram até a implantação do real, em 1° de julho de 1994, que tinha como

principal meta a estabilização dos preços, e a criação de uma moeda forte,

desindexando as taxas inflacionárias através do controle do volume monetário. O

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Plano Real provoca o aquecimento inicial do mercado de trabalho, embora este quadro

não tenha se mantido por muito tempo.

A economia brasileira baseia-se nos setores industrial, agropecuário, de

serviços, e de mineração, tendo nos últimos tempos registrado as maiores altas nos

dois primeiros setores. O setor industrial destaca as indústrias automobilística,

petrolífera, têxtil, mecânica, siderúrgica, eletroeletrônica, de metalurgia, construção,

fumo, e de bebidas e alimentos.

Na pecuária, destacam-se as criações de aves, seguida da de bovinos e suínos,

enquanto na agricultura, entre os dez produtos de maior importância econômica estão à

cana-de-açúcar, a laranja, a mandioca e o arroz em casca. Entre os mais importantes

minérios brasileiros encontram-se o ferro e o alumínio.

b) República Argentina

A economia argentina é baseada na indústria e na agricultura, e a pesca tem se

desenvolvido bastante a partir da década de 60.

A agricultura é realizada em cerca de 60% do território nacional, e os

principais produtos são o trigo, milho e centeio. A pecuária também se destaca como

uma das mais importantes atividades econômicas do país.

A indústria emprega 12% da força de trabalho na Argentina, e as principais

são as de processamento de alimentos, têxtil, química, de petróleo e automóveis.

Os recursos minerais no país são escassos, exceto o petróleo e o carvão. A

metade da eletricidade utilizada na Argentina provém de hidrelétricas. Além disso, o

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país é o líder latino-americano em energia nuclear devido a reservas substanciais de

urânio.

A economia argentina foi bastante prejudicada a partir da década de 40 devido

aos altos índices inflacionários e ao empréstimo de dinheiro internacional. Em 1985 e

1992 foram criados planos econômicos que visavam conter a inflação.

c) República do Paraguai

A economia paraguaia sempre dependeu da agricultura. Seus principais

produtos de exportação são a cana-de-açúcar, soja, algodão e carne. O custo das

exportações é alto em relação ao dos outros países da América Latina devido à

localização do país e aos custos com o transporte.

Os recursos minerais energéticos são escassos e o país aproveita o grande

potencial hidrelétrico juntamente com o Brasil e a Argentina, respectivamente nas

usinas de Itaipu e Yaciretá.

A indústria paraguaia envolve basicamente o processamento de produtos

agrícolas. Na verdade, o contrabando é a indústria mais lucrativa do país, e Ciudad del

Este é o principal ponto de escoamento de produtos para o Brasil.

d) República Oriental do Uruguai

Os recursos minerais são escassos no país e a principal atividade econômica é

a pastoril, favorecida pelos pastos abundantes e clima adequado. A carne e a lã obtidas

são de alta qualidade.

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A agricultura, cuja produção satisfaz as necessidades internas do país,

desenvolve-se quase unicamente na região costeira. As principais culturas são as

canas-de-açúcar, cevada, linho, aveia, batata, tabaco e amendoim.

A industrialização no país tomou impulso a partir da II Guerra Mundial,

retraindo-se dez anos depois. As cidades do interior não possuem fábricas, pois se

concentram principalmente ao redor de Montevidéu. As indústrias que mais se

destacam são a têxtil, de alimentos, bebidas, química e energética.

O turismo também é de grande importância para o país, e o litoral uruguaio é

muito freqüentado por turistas argentinos.

O Uruguai é um dos países integrantes do MERCOSUL, ao lado do Brasil,

Argentina, Paraguai e Chile. Este acordo favorece investimentos que deverão impedir

que o país perca mão-de-obra jovem e produtiva para os países vizinhos.

3.3 AQÜÍFERO GUARANI

A seguir, são apresentados os principais indicadores econômicos dos países

que compõem o Aqüífero Guarani.

1.981

558

28,28

44,05

2.656,46

PIB/Bilhões $

Aquifero/guarani

Uruguai

Paraguai

Argentina

Brasil

Fonte: Almanaque Abril 2009.

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3.4 EXPRESSÃO MILITAR DO PODER NACIONAL

a) República Federativa do Brasil

As Forças Armadas do Brasil, constituídas pelo Exército, pela Marinha e pela

Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, e têm como missão

constitucional, zelar pela defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, por

iniciativa destes, da lei e da ordem. As Forças Armadas do Brasil são a segunda maior

força militar das Américas, a maior da América Latina e também umas das forças

armadas mais bem preparadas do mundo.

Com relação ao Exército brasileiro, este possui o maior efetivo entre os

exércitos da América Latina, estimado em 210.000 soldados, e uma reserva de 280.000

ex militares, que são convocados anualmente para apresentação durante os cinco anos

subsequentes ao desligamento (reserva que pode chegar a quase quatro milhões, se

considerarmos os brasileiros em idade para prestar o serviço militar), também possui a

maior quantidade de veículos blindados da região, seja para transporte de tropas ou

carros de combate principais.

Possui uma grande unidade de elite especializada em missões não

convencionais, a Brigada de Operações Especiais, única na América Latina, além de

uma Força de Ação Rápida Estratégica, formada por unidades de elite altamente

mobilizáveis e preparadas (Brigada de Operações Especiais, Brigada de Infantaria

Pára-quedista, 1º Batalhão de Infantaria de Selva (Aeromóvel) e 12ª Brigada de

Infantaria Leve (Aeromóvel)) para atuar em qualquer parte do território nacional, em

curto espaço de tempo, na hipótese de agressão externa. Além disso, possui unidades

de elite especialistas em combates em biomas característicos do território brasileiro

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como o pantanal (17º Batalhão de Fronteira), a caatinga (72º Batalhão de Infantaria

Motorizado), montanha (11º Batalhão de Infantaria de Montanha) e a selva.

As unidades de selva possuem renome internacional, reconhecidas como as

melhores unidades de combate nesse ambiente do mundo. São formadas por índios da

região amazônica e por militares oriundos de outras regiões, profissionais especialistas

em guerra na selva pelo Centro de Instrução de Guerra na Selva. Essas unidades são

enquadradas pelas 1ª, 2ª, 16ª, 17ª e 23ª Brigada de Infantaria de Selva.

A Marinha do Brasil é uma das três forças armadas do país, ao lado do

Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, sendo responsável pela condução das

operações navais em geral. Maior marinha da América Latina sendo composta de nove

áreas distritais, sendo estas constituídas de um arsenal, cinco bases navais, uma base

fuvial e uma aeronaval.

A Força Aérea Brasileira é o ramo de guerra aérea das forças armadas

brasileiras. Força aérea brasileira foi formada quando as divisões de ar do exército e da

marinha foram mescladas em uma única força militar, inicialmente chamada "força

aérea nacional". Essas duas divisões de ar transferiram seus equipamentos, instalações

e pessoal para a nova força armada. A F.A.B. é a maior força aérea na América Latina,

com cerca de 700 aeronaves tripuladas em serviço, além de contar, em 23 de Março de

2007, com um pessoal 65.610 pessoas. Além de um adicional civil de 7.500 pessoas

contratadas pela força aérea.

Em março de 2007, a Força Aérea Brasileira contava com o efetivo de 73.110

pessoas, sendo 65.610 militares e 7500 civis.

No ano de 1982 foi permitido a mulheres ingressarem na Aeronáutica.

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Em 2007 o efetivo militar era assim distribuído:

61.067 homens (93,08%)

4.453 mulheres (6,92%)

Oficiais: 8.864 (13.51%)

Suboficiais e Sargentos: 25.472 (38,82%)

Cabos, Soldados e Taifeiros: 31.274 (47,67%)

Efetivo total de funcionários civis: 7.500

Gastos Militares: 2.6% do PIB. (2006).

Fator humano brasileiro está distribuído na seguinte ordem:

Homens com idade entre 15-49 – 52.523.552;

Mulheres com idade entre 15-49 – 52.628.945 (2008);

Homens que alcançam à idade do serviço militar (20) – 1.690.031

anualmente (2009).

Mulheres que alcançam à idade do serviço militar (20) – 1.630.851

anualmente (2009).

b) República Argentina

Forças do Exército são distribuídos em todo o país e estão geograficamente

agrupados em três divisões.

Cada Corpo de Exército tem uma área de responsabilidade sobre uma

determinada região do país, segundo exército abrange o nordeste do país, o Terceiro

Exército cobre o centro e o noroeste da Argentina e do Quinto Exército abrange o sul e

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Patagônia. Tanto a Primeiro e Quarto Exércitos foram dissolvidas em 1984 e 1991,

respectivamente, como parte da reorganização militar do país, suas unidades

dependentes foram transferidos para os restantes três Corpos do Exército.

Não existem unidades de nível intermediário de divisão; cada Corpo do

Exército é composto por um número variável de brigadas. Até à data (2009), o

Exército argentino possui onze brigadas:

duas brigadas blindadas (1 e 2),

três brigadas mecanizadas (9, 10 e 11),

três brigadas de montanha (5, 6 e 8),

uma brigada de pára-quedistas (4),

brigada de selva dois (3 e 12).

Nota: A 7 ª Brigada de Infantaria foi dissolvido no início de 1985.

Em 2006, uma Força de Deslocamento Rápido (FDR) foi criado com base na

4a Brigada de pára-quedistas.

Em 2008, um Grupo de Forças de Operações Especiais foi criado com base

em dois Comandos Empresas, uma Companhia de Forças Especiais e uma companhia

de operações psicológica.

Gastos Militares: 1.3% do PIB. (2005).

Fator humano está distribuído em:

- Homens com idade entre 15-49 – 10.029.488;

- Mulheres com idade entre 15-49 – 9.889.002 (2008);

- Homens que alcançam à idade do serviço militar (20) – 341.590

anualmente (2009).

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c) República do Paraguai

A Constituição do Paraguai designa o Presidente como comandante-chefe das

Forças Armadas. O serviço militar é obrigatório, e todos os homens de 18 anos — e de

17 anos no ano em que perfazem os 18 — são convocados para a prestação de um ano

de serviço militar. Embora a Constituição de 1992 permita a objecção justificada,

nenhuma legislação foi aprovada até ao momento.

Dos três ramos, o Exército detém a maioria dos efectivos, recursos e

influência. Com cerca de 9000 efectivos, organiza-se em três corpos, com seis divisões

de infantaria e três divisões de cavalaria.

O Exército é responsável por duas funções primárias: a manutenção da defesa

nacional, incluindo a preservação da ordem interna, e a participação em projectos de

carácter civil em zonas de baixa densidade populacional.

A Marinha é constituída por cerca de 2000 efectivos divididos em três ramos

de serviço. É de realçar que a Marinha do Paraguai é a maior força naval de países que

não dispõem de costa.

A Força Aérea, a menor e mais recente unidade dos três ramos militares, conta

com cerca de 1500 efetivos.

Gastos Militares: 1% do PIB. (2006).

Fator humano apresenta-se distribuído na seguinte ordem:

- Homens com idade entre 15-49 – 1.589.873;

- Mulheres com idade entre 15-49 – 1.585. 573(2008);

- Homens que alcançam à idade do serviço militar (20) – 73.660 anualmente

(2009).

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- Mulheres que alcançam à idade do serviço militar (20) – 72.046

anualmente (2009).

d) República Oriental do Uruguai

O Exército uruguaio é constituído por um contingente de aproximadamente

15.000 militares sendo estes seccionados em quatro divisões.

Já a Marinha de Guerra uruguaia possui um contingente de 5.700 militares

concentrados na OM Almirante Juan Fernández H. estando divididos em quatro

comandos: o comando da frota (Comando de la Flota ou COMFLO), a Guarda

Costeira (Prefectura Nacional Naval ou Prena), o Chefe da Direção de Material Naval

(Dirección General de Material Naval ou DIMAT), e da Direção-Chefe de Pessoal da

Marinha (Dirección General de Personal Naval ou DIPER). O Estado-Maior da

Marinha (Estado Mayor General de la Armada ou ESMAY) atua como um órgão

consultivo do almirante.

A Marinha também inclui um batalhão de fuzileiros navais (Corpo de

Fusileros Navales) e uma estação naval de ar pequena Laguna del Sauce.

A academia Naval uruguaia (Escola Naval ou Esnal) está localizada no

Carrasco, um subúrbio de Montevidéu. Instrução consiste em um curso de quatro

anos de estudo que culmina com um cruzeiro no navio de instrução de altura ROU

Capitán Miranda, que duras várias semanas e leva graduada para vários portos em todo

o mundo.

Por fim a Força Aérea do Uruguai é constituída por um contingente de 3.000

militares em geral do Enrique Air A. Bonelli e está organizado em três Brigadas

Aéreas (I, II e III) e sete esquadrões.

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Gastos Militares: 1.6% do PIB. (2006).

Fator humano apresenta-se na seguinte ordem:

- Homens com idade entre 15-49 – 837.252;

- Mulheres com idade entre 15-49 – 824.096 (2008);

- Homens que alcançam à idade do serviço militar (20) – 27.452 anualmente

(2009).

- Mulheres que alcançam à idade do serviço militar (20) – 26.479

anualmente (2009).

3.5 EXPRESSÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DO PODER NACIONAL

O Aqüífero Guarani possui entre as nações que o constitui de exercer a

expressão científica e tecnológica através de centros universitários e técnicos além do

intercâmbio realizado junto às empresas multinacionais estabelecidas nos mesmos.

O primeiro deste é o Brasil devido ao estabelecimento dos centros de

desenvolvimento científico e tecnológico localizados na porção sudeste-sul sendo a

grande maioria dentro dos limites territoriais do Aqüífero Guarani destacando-se dos

seus pares limítrofes em tecnologias automotivas, aeroespacial e defesa, possibilita

condições significativamente mais favoráveis para exercer uma liderança regional.

A Argentina sendo a segunda nação possui um desenvolvimento científico e

tecnológico através do processamento de alimentos, motor de veículos, bens duráveis,

têxtil, química e petroquímica, imprensa e metalurgia.

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O Estado boliviano conta precariamente com tecnologia agroextrativas nas

atividades de mineração, petróleo, comidas e bebidas, tabaco, roupas, drogas ilegais.

O Estado paraguaio conta tecnologia agroextrativas no cultivo de cana,

moinhos, têxtil, cimento e construção.

5 COMPARAÇÃO DOS ELEMENTOS BÁSICOS DA GEOPOLÍTICA

5.1 TENDÊNCIA DOS ESTADOS EM FACE DAS CONDIÇÕES GEOGRÁFICAS

a)Acesso à totalidade das bacias hidrográficas

O Aqüífero Guarani como espaço geográfico possui o completo acesso à

totalidade das bacias hidrográficas que estão contidas em seu sistema, tanto de suas

montantes localizadas na porção centro-norte onde estão concentradas as nascentes o

que favorece a geração de um imenso potencial energético, quanto de suas jusantes

localizadas ao sul onde se concentra a foz em forma de estuário responsável pelas

hidrovias que alimentam o potencial econômico da região.

A principal bacia hidrográfica a fazer parte do Aqüífero é a bacia Platina

sendo esta composta por um conjunto de três bacias a do rio Paraná pertencente ao

Brasil, do rio Paraguai pertencente ao Paraguai e do rio Uruguai pertencente ao

Uruguai.

Com relação aos países limítrofes a situação é de acesso parcial as bacias

hidrográficas necessitando de acordos entre os mesmos para sua utilização, sendo o

Estado boliviano o mais prejudicado em relação à utilização e domínio deste sistema,

por não possuir o domínio nem da montante nem da jusante da bacia platina.

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Com relação ao Paraguai este não possui o acesso as montantes e nem a foz da

bacia platina ficando restrita a navegabilidade de suas hidrovias do curso médio do Rio

Paraguai e Paraná.

A nação uruguaia possui uma situação similar a paraguaia onde esta não

possui o acesso a montante do seu principal corpo hídrico e compartilha a foz para

com a Argentina que só não esta pior que o Estado paraguaio devido à grande

navegabilidade fluvial-oceânico proporcionada pelo compartilhamento junto ao

Uruguai do curso médio e jusante da bacia platina.

O Brasil o detentor do maior volume hídrico superficial e subterrâneo do

Aqüífero Guarani o mesmo necessita de acordos estabelecidos para compartilhar a

jusante da Bacia Platina, tendo desta forma o controle sobre a vazão e o domínio

absoluto na geração de energia fator este evidenciado na tabela 2.

0

100

200

300

400

500

600

Consumo em

bilhões de KW/h

AquiferoGuarani

Brasil

Argentina

Paraguai

Uruguai

0

100

200

300

400

500

600

700

Potencial

Energético em

Bilhões de kw/h

AquiferoGuarani

Brasil

Argentina

Paraguai

Uruguai

Fonte:Almanaque Abril 2009.

b) Posse de uma ou mais saídas para o mar

O litoral que banha o complexo do Aqüífero Guarani localiza-se ao extremo

sul deste, sendo restrito devido à área de transição de mar para rios, fazendo com que

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das nações componentes do Aqüífero Guarani somente o Brasil tenha a possibilidade

de operação de vários portos que não dependem de passagens ou estreitos sob

soberania de estados estrangeiros.

Ocasionando ao Paraguai restrições quanto ao acesso.

c) Acesso às costas opostas

O Aqüífero Guarani possui acesso somente para a porção sul do Oceano

Atlântico através da transposição fluvial da Bacia da Prata que nas últimas décadas

vem sofrendo assoreamento de seu talvegue devido ao constante depósito de

sedimentos carreados pelos rios da Bacia Platina.

Entre as nações limítrofes Argentina, Uruguai e Brasil este último possui uma

larga vantagem nesse aspecto por ter o litoral mais favorável ao estabelecimento de

portos marítimos e ligações com o interior através de malhas rodo ferroviárias.

d) Acesso às grandes rotas de suprimento marítimo

A região que compreende o Aqüífero Guarani possui acesso às grandes rotas

marítimas do Atlântico Sul através de sua porção sul na transposição do Mar Del Prata

entre as nações limítrofes do Uruguai e Argentina.

Tendo como principais portos argentinos Baia Blanca, Buenos Aires, La Plata,

Mar del Plata, Rosário e Santa Fé.

E o Uruguai contando com a infra-estrutura portuária de Montevidéu e Salto.

O Brasil possui uma superioridade neste fator por possuir uma melhor e mais

numerosa infra-estrutura portuária sendo acessado pelas rodovias federal BR-277 e

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BR-101, que interligam ao sistema portuário desta nação, sendo os principais de Porto

Alegre, Tubarão, São Francisco do Sul, Paranaguá, Antonina, Santos, Rio de Janeiro e

Macaé.

Já o Paraguai não possui o acesso as grandes rotas marítimas devido a estes

não fazerem fronteiras marítimas dependem de passagens ou estreitos sob soberania de

estados estrangeiros.

e) Estabelecimento de bases aéreas

As nações que compõem o Aqüífero Guarani conta com uma infra-estrutura de

6.937 bases aéreas com e sem pavimentação distribuídas em seus respectivos

territórios, sendo a porção brasileira melhor infra-estruturada em relação a área de

abrangência do aqüífero em seu território podendo realizar a integração das bases tanto

para o intercâmbio comercial cultural quanto para defesa do mesmo.

5.2 FORMA DO TERRITÓRIO DOS ESTADOS

O espaço geográfico denominado Aqüífero Guarani possui uma forma

alongada no sentido meridional com tendência a compacta, o que facilita a integração

do território e o intercâmbio cultural comercial, em tempo de conflito esta forma

auxilia na defesa deste espaço e em tempo de paz tornasse favorável ao intercâmbio

internacional tanto pela sua por ao sul como ao leste, beneficiando os Estados

Limítrofes.

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5.3 POSIÇÃO DO TERRITÓRIO DOS ESTADOS

a) Latitude

O Aqüífero Guarani como espaço geográfico está bem situado em relação à

latitude uma vez que esta se encontra entre a região tropical e subtropical no

hemisfério sul, sendo favoráveis a ocupação humana e exploração econômica.

Já a analise do fator latitude dos países limítrofes pertencente ao Aqüífero

Guarani estes apresentam uma grande diversidade climática o que refletem na

distribuição de suas populações, atividades econômicas riquezas culturais.

A porção brasileira do aqüífero apresenta em seu centro norte um clima

tropical continental com períodos de chuva e seca alternadas o que favorece a

exploração econômica através das indústrias agropastoreias, automotivas, tecnológicas

e do setor de energia.

Já a porção sul também é privilegiada pelo fator latitude por concentrar-se na

região subtropical com predomínio do clima mesotérmico úmido de duas estações uma

mais úmida e uma seca alternada pelo clima no extremo oriente desta porção

caracterizar-se pelo mesotérmico super-úmido com boa distribuição de chuvas durante

o ano.

Favorecendo a exploração econômica através das indústrias alimentícias,

vestuário, agropastoreias, automotivas e do setor de energia.

Com relação a porção Argentina do aqüífero o fator latitude é representado

pela região subtropical tendo por clima predominante é o temperado, porém há

diversidade climática de acordo com a altitude da região. O Chaco apresenta altas

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temperaturas e umidade também elevada, onde se concentram grande atividade

econômica de indústrias de vestuários, alimentícias, agropastoreias, autopeças.

A porção paraguaia do aqüífero apresenta o predomínio do fator latitude

tropical onde o clima se apresenta na região leste do país úmido e as temperaturas no

verão giram em torno dos 35ºC, enquanto no inverno a máxima chega a 22ºC. O índice

pluviométrico na região é de 1.500 a 2.000 mm anuais, com as chuvas bem

distribuídas ao longo do ano.

A região oeste do Paraguai apresenta temperaturas mais altas, alcançando

40ºC ou mais no verão. As chuvas são menos abundantes, com índices de 1.000 mm

anuais, desta forma favorecendo a concentração humana e atividades agroextrativas.

Finalizando a análise do fator latitude do Aqüífero Guarani na porção uruguaia

observa-se a localização na região temperada sul onde o clima apresenta-se resultante

da interação da massa de ar do Atlântico, quente e úmida, e do Pampeiro, fresca e seca,

ocasionando um clima predominantemente temperado. A temperatura média no verão

é de 27,5º C, e no inverno, 14,5º C.

O índice pluviométrico gira em torno de 1.000 e 1.300 mm anuais. Por este

motivo, o clima do país é considerado moderadamente úmido, favorecendo a

concentração humana e atividades agroextrativas.

b) Maritimidade – Continentalidade

O Aqüífero Guarani é predominantemente continental sem possuir extensão

costeira apresentando-se desta forma menos vulnerável ao assédio de nações

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estrangeiras, tendo seu acesso ao Oceano Atlântico através da malha fluvial do Rio da

Prata, Rio Paraná e o Rio Paraguai.

O seu coeficiente de Continentalidade favorece a integração comercial cultural

entre os países limítrofes pertencente ao Aqüífero, por outro lado dificulta em tempos

de paz o intercâmbio cultural comercial internacional.

c) Situação em relação aos países vizinhos

Devido à grande área de abrangência do Aqüífero Guarani ocorre à formação

de uma extensa fronteira terrestre abrangendo cinco países que fazem parte deste

espaço geográfico o que resulta em problemas como controlar o fluxo migratório entre

estas nações estes com destino aos grandes centros urbanos.

Outro grande problema de ocorrência entre as fronteiras do Brasil para com o

Paraguai é a ocorrência de delitos Transfronteiriço como contrabandos de produtos

industrializados e de armas e munições, tráfico de entorpecentes e humanos este

através de mulheres e crianças.

Ocorre a infiltração e intercâmbio entre grupos radicais que alimentam os

movimentos campisenatos que reivindica uma reforma agrária além dos grupos

urbanos do narcotráfico.

Com relação aos países limítrofes que compõem a geografia do Aqüífero

Guarani estes possuem tensões moderadas entre si de ordem política econômica.

Entre a Argentina e o Uruguai ocorre uma contenta devido ao estabelecimento

de indústrias de celulose na região e a preocupação para com o lançamento de

efluentes tóxicos no Rio da Prata, já com o Paraguai e a Bolívia a contenta entre os

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Estados vem da década de trinta do século XX, através de uma disputa pelo controle

da Bacia Platina com posse de uma saída para o mar que ficou conhecido como Guerra

do Chaco com vitória para o Paraguai ceifando o sonho boliviano de uma saída para o

Atlântico. Porém hoje há acordos bilaterais para que minimizem esta vulnerabilidade

boliviana.

Conclui-se que o Brasil é o país mais afetado nas relações político econômico

devido à grande desigualdade social existente, falta de políticas de parcerias

econômicas que acaba impondo um protecionismo aos parceiros limítrofes e a um não

controle efetivo de suas fronteiras, já que estas são predominantes em relação ao

espaço geográfico do Aqüífero Guarani.

5.4 RELEVO

A geomorfologia do Aqüífero Guarani é bastante diversificada sendo

resultante de um processo dinâmico que resulta da ação conjunta de agentes tanto de

origem interna, quanto externa.

A estrutura geológica é composta por um sistema hidro-estratigráfico

Mesozóico Transfronteiriço, sendo constituído por depósitos eólicos do Jurássico.

O sistema do Aqüífero Guarani pertence à formação da Bacia Sedimentar do

Paraná constituída há 200 milhões de anos onde ocorreu a deposição de inúmeras

formações rochosas dentre elas o arenito Botucatu silicificado.

A porção brasileira do Aqüífero Guarani localizada no seu extremo norte entre

os Estados de Mato Grosso e Goiás é composta por planaltos e chapadas da Bacia do

Paraná sendo esta uma área potencial de recarga indireta através do fluxo subterrâneo

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não apresentando um obstáculo entre as populações destes Estados, facilitando a

fixação e a circulação humana.

Na nordeste do aqüífero localizado entre os Estados de Goiás em sua porção

sul, Minas Gerais em sua porção oeste sudoeste o relevo apresenta-se com planaltos e

serras sendo um importante divisor de águas onde se concentra área potencial de

recarga indireta através do fluxo subterrâneo, representando um obstáculo à interação

entre as populações dificultando a fixação e a circulação humana, devido ao grau de

declividade presente.

Na porção leste brasileira localizado entre os Estados de São Paulo, Paraná e

Santa Catarina o relevo apresenta-se limitado pela formação de planaltos e serras do

Atlântico-Leste-Sudeste sendo uma das mais importantes áreas de potencial de recarga

indireta através de fluxo subterrânea localizada apartir do segundo planalto destes

Estados. Surgem nesta porção também áreas de potencial de recarga direta através de

regimes porosos devido ao afloramento de arenitos.

O relevo presente nesta porção do Aqüífero Guarani Ocasiona uma limitação

ao intercambio socioeconômico entre as populações em face das grandes declividades

presentes.

Também ocorre a formação da Depressão periférica da Borda Leste da Bacia

do Paraná sendo conhecida como segundo planalto paranaense não representando um

obstáculo para o intercâmbio entre as populações destes Estados, facilitando a fixação

e a circulação humana.

A porção central brasileira do Aqüífero guarani abrange boa parte dos

territórios do Estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e norte do Rio Grande do

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Sul contemplando a formação do planalto da Bacia do Paraná contendo as principais

áreas de drenagem da Bacia Platina, ocorrendo à presença de áreas potencial de

recarga direta através de regimes fissural/poroso de formação geológica de basaltos e

granitos.

O relevo nesta porção do Aqüífero facilita muito a fixação da população e o

intercâmbio socioeconômico.

O relevo presente na porção brasileira do Aqüífero Guarani ao sul e sudoeste

pertencente ao Estado do Rio Grande do Sul é caracterizado pela presença da

formação de planaltos no extremo norte e oeste gaúcho onde ocorre a área potencial de

descarga através de regimes fissural/poroso de formação geológica basáltica e

arenítica, pela Depressão periférica sul rio-grandense localizada na porção central

deste Estado contendo áreas potenciais de recarga direta de regime poroso através do

afloramento de arenitos e pela formação de morro com cumes convexos do planalto

sul rio-grandense onde ocorrem áreas potenciais de recarga indireta apartir da

drenagem superficial.

Sendo esta porção não constituindo obstáculos ao intercâmbio socioeconômico

a população presente.

Finalizando esta análise geomorfológica da porção brasileira do Aqüífero

Guarani, a porção oeste sendo composta pelos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso

do Sul onde o relevo predominante são as planícies pantaneiras com áreas potenciais

de recarga direta através de regime poroso devido a afloramentos de arenitos.

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Nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ocorre o

predomínio da formação de planaltos da bacia do Paraná contendo áreas de potencial

de descarga de regime fissural/poroso através da formação basáltica e arenítica.

A presente disposição geomorfológica facilita o intercâmbio socioeconômico e

a fixação da população presente.

Com relação à porção argentina do Aqüífero Guarani esta se concentra a

norte-nordeste deste País onde o relevo predominante são os Pampas que ocupam 25%

do território argentino e são formados por planícies férteis.

A região Nordeste é composta pelas planícies do Chaco e pela zona das

Missões e as onduladas terras da Mesopotâmia, situada entre os rios Uruguai e Paraná,

onde ocorre a presença de áreas de potencial de descarga de regime fissural/poroso de

formação geológica basáltica e arenítica.

A presente disposição geomorfológica facilita o intercâmbio socioeconômico e

a fixação da população presente.

A geomorfologia do Aqüífero Guarani em sua porção paraguaia apresenta-se

em duas regiões distintas sendo estas divididas pelo Rio Paraguai. A área menor está a

leste e é constituída de um relevo planáltico, com a presença de vários rios.

Na porção oriental paraguaia ocorrem áreas de potencial de recarga direta por

regime poroso através de afloramentos de arenitos, sendo esta porção do território

favorável ao estabelecimento populacional bem como seu intercâmbio socioeconômico

para com as nações limítrofes.

A região oeste é formada de planícies e conhecida como Chaco onde

predomina a formação de planícies de inundação possuindo áreas de drenagens

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superficiais não relacionadas com o aqüífero, sendo esta área é pouco habitada,

dificultando o intercâmbio socioeconômico e a fixação de populações.

Com relação à porção Uruguaia do Aqüífero Guarani esta possui como relevo

predominante planícies fluviais que devido a processos erosivos dos rios e arroios

mudaram o relevo primitivo da região, tornando-o baixo, com colinas suaves e serras

arredondadas. O ponto culminante do país (501m) encontra-se na Serra de las Animas.

Nesta porção encontram-se áreas de potencial de recarga indireta apartir de

drenagem superficial localizado ao sul, áreas de recarga direta de regime

fissural/poroso de formação basáltica e arenítica e de recarga direta de regime poroso

de afloramento arenítico localizados no centro-norte do Uruguai e no extremo oeste

ocorre o predomínio de áreas de descarga de regime fissural/poroso de formação

basáltica e arenítica.

O relevo presente da porção Uruguai do Aqüífero Guarani favorece totalmente

o intercâmbio socioeconômico entre as nações limítrofes e a fixação populacional

presente.

Conclui-se que a diversidade geomorfológica brasileira no Aqüífero Guarani

da a este Estado nação uma vantagem significativa em integração territorial e de

acessibilidade em relação aos seus vizinhos limítrofes ao contrário do Estado boliviano

tendo restrito seu intercâmbio mediante a forma de seu relevo apresentado.

5.5 LINHA PERIFÉRICA DO TERRITÓRIO DOS ESTADOS (FRONTEIRAS)

A maior parte das fronteiras do Aqüífero Guarani entre os países que o

compõem é balizada por linhas artificiais. As faixas de fronteira são ocupadas, a

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situação jurídica dos limites está definida através de estudos geográficos e geológicos

não havendo nenhum questionamento por parte dos vizinhos limítrofes.

Na porção Ocidental do Aqüífero entre as fronteiras do Brasil para com a

Bolívia ocorrem tensões referentes há disputas territoriais, devido à grande

concentração de propriedades agroextrativas brasileiras sendo estas questionadas pelo

atual governo boliviano.

Na porção sudoeste do Aqüífero Guarani ocorrem tensões de ordem político

econômica entre a Argentina e o Uruguai devido ao estabelecimento de indústrias de

celulose.

Na porção oriental do Aqüífero Guarani onde 70% pertencem ao Brasil não há

conflitos intra-estados.

Todos os fatores analisados favorecem a porção brasileira do Aqüífero

Guarani o papel de liderança regional. Em todas as expressões do Poder Nacional, o

Brasil é preponderante em relação aos seus países limítrofes. A análise referente aos

elementos básicos de geopolítica demonstra o predomínio do Brasil em particular, suas

condições geográficas, forma e posição do seu território. Porém a postura de

“softpower” imposta pelo atual governo em relação ao aspecto estratégico de

manutenção de poder sobre o Aqüífero Guarani é duvidosa.

REFERÊNCIAS

ABBUD, G. Ranking do Poder Militar na América do Sul. Disponível em: <http://www.militarypower.com.br/ranking.htm>. Acesso em: 08/01/2010.

BARLOW, M.; CLARKE, T. Ouro zul. São Paulo: M. Books do Brasil, 2002.

BOUGUERRA, M. L. As batalhas da água. São Paulo: Vozes, São Paulo, 2003.

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CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY WEB SITE. The World Factbook.Disponível em: <http://www.cia.gov/cia/publications/factbook/index.html>. Acesso em: 08/01/2010.

CLARKE, R.; KING, J. O atlas da água. São Paulo: Publifolha, 2004.

ROSS, J. L. S. Ecografia do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2006.