View
221
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 1/21
Acr ==t sr
0
~ ~
~ ~ J ~
\ r r ~
. le-.t .f1¥>
s:; fa Jo j k ~ ' £ , ~ P o c . . s
L2
c . H ~
-
~
.
o PROBLEMA
ANTROPOLOGIA NO BRASIL
ALTERIDADE CONTEXTUALIZADA)
Man za G S. Peirano
Por
muito
tempo
a
antropologia
foi definida
pelo exotismo
do
seu objeto de estudo e pela distancia, concebida
como
cultu
ral e geogrHica, que separava 0
pesquisador do
seu
grupo
de
pesquisa. Essa situa<;ao mudou. Mesmo nos centros socialmente
legftimos de produ<;ao antropol6gica - para muitos, on de se faz a
antropologia internacional i - hoje 0 ideal
do encontro
radical
com a a lteridade nao e mais a dimensao considerada essencial da
antropologia.
Nesses
centros,
houve uma
mudan<;a
gradua
l
em
que a alteridade foi se
tornando
mais
proxima
- dos
trobriandeses
aos
Azande,
destes aos Kwakiutl
passando
peJos
Bororo,
daf
para
os paises
medit
erraneos, ate
que
nos
dias atuais, bern
diferente
de ha vinte anos atras, uma antropologia que se faz petto de
cas a t
home,
e nao so aceitavel
quant
o desejavel. No caso
euro-
1. Ver Gerholm & Hannerz (1982), para quem a antropologia internacional
equivale ao somatorio da disciplina nos
Estados
Unidos,
In
glaterra e Frans:a .
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 2/21
226
MARIZA
G. S.
PEIRANO
peu, esse tipo de investigac;:ao permanece sendo considerada an
tropologia ; para
outros, os norte-americanos
especialmente, a
investigac;:ao at home deixa
de ser
antropologia e passa a fazer
parte
dos cultural studies
(ou
feminist studies science studies etc/ .
Sugiro que,
mesmo
se a dimeosao da alteridade
mudou,
0
principio
nao
desapareceu.
A ideia de
que
a alteridade e urn
aspecto fundante
da
antropologia, sem
a qual a disciplioa
nao
. d
ecoohece a
si
pr6pria, e urn dos argumeotos centralS esse
eosaio. 0
Brasil e
0 caso etnografico
privilegiado.
Chamo
a
ate
nc;:ao
para 0 fato
de que, no contexte
brasileiro, as exigencias
relativas
a
alteridade adquiriram desde cedo cootornos especifi
cos.
Uma
alteridade radical -
no
caso, a indfgena
- vigente
ate
os anos 50, nas decadas
seguiotes pas
sou
a
cooviver com
alteridades
ameoizadas em que antrop610gos
faziam
pesquisa
sobre 0
contato com
as populac;:oes iodigenas, com
campone
ses,
chegaodo
aos
contextos urbanos
ate que, mais recentemen
te,
oos aoos
80,
passaram
a dirigir
sua
reflexao
para
a
pr6pria
produc;:ao sociol6gica,
tornaodo-se
este urn caso de alteridade
mioima. No
cootexto da aotropologia no
Brasil,
nos
ultimos
trinta anos
a
alteridade
deslizou, territorial e
ideologicameote,
em
urn processo
dominado pela
incorporac;:ao
de
novas tematicas
e ampliac;:ao
do universo pesquisado.
o exemplo
brasileiro revela, assim,
que
a diferenc;:a cultural
pode
assumir,
para os propn'os
antropologos
uma
pluraridade de
no
c;:oes: se em termos
canonicos
ela seria tao radical
que idealmente
estaria alem-mar, ao se
aculturar em outras
latitudes, a alteridade
se traduziu
em
difereoc;:as relativas e
nao
oecessariameote ex6ti
cas.
Juntas
ou
separadas, essas diferenc;:as,
podem
ser culturais,
sociais, economicas, polfticas, religiosas e ate territoriais. Assim
sendo, 0 processo
que
nos centros metropolitanos levou urn se-
2. Ver Peirano (1998), para uma avalia<;:ao da chamada antropoJogia p6s-mo
derna como
anthropology at home .
ANTROPOLOGIA NO
BRASIL
(t\ LTERlDAD
E
CONTEX
T
UAUZAOA)
227
culo para se desenvolver, isto e trazer (de alem-mar) a disciplioa
para
casa,
no
Brasil
nao demorou
mais que tres decadas.
Mesmo
que
entre
n6s
hoje existam prioridades intelectuais e/ou empiricas,
assim
como
modismos (te6ricos ou de objetos/sujeitos), nao
ha
propriamente
restric;:6es
em
relac;:ao a essa multiplicidade
de
alteridades .
Na
ultima decada, inclusive, a presenc;:a
de
urn mini
mo
de especialidades, entre elas tematicas indigenas, campone
sas, urbanas, afro-b rasileiras e outras, vern seodo considerada
uma exigencia
para
a definic;:ao de urn departamento de excelen
cia. (Nos
Estados
Unidos os criterios sao diferentes e urn born
departamento
de antropologia
se
define
pelas especialidades
em
areas concebidas como geografico-culturais que abrangem os va
rios continentes.)
o
foco central deste ensaio recai nas tres Ultimas decadas
do
desenvolvimento da antropologia
no
Brasil, mas
nao
se restringe a
esse periodo. Adoto, na verdade, uma estrategia de cootrastes, quer
hist6ricos, quer etnograficos e incluo,
com
esse prop6sito, casos
comparativos ao longo
do
texto, como os da India e dos Estados
Unidos
3
. Tenho como
objetivo apresentar
uma
coofigurac;:ao tipi
co-ideal para a antropologia desenvolvida
no
Brasil. Procuro indi
car, ao focalizar a produc;:ao da
comunidade
brasileira de antrop6-
logos, em que medida - apesar de ser considerada por muitos
como periferica - ela oferece uma oportunidade
para
se detectar
elementos fundantes nos
pr6prios
centros metropolitanos, alem de
evidenciar em que sentido a disciplina aqui tanto acompanha as
experiencias desenvolvidas em
outros contextos quanto tambem
difere delas. Esse e portanto, mais urn angulo de visao
do
que se
pode chamar
uma
antropologia plural.
3. Destaco que, ao mencionar
0
momenta sociogenetico das ciencias sociais
no
Brasil, isto e as decadas de 40-60, centro minhas aten<;:6es em Sao
Paulo e
no
Rio
de Janeiro
por criterios de relevancia socioJ6gica.
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 3/21
I
228
MARIZA G.
S
PEIRANO
ORIENTA<; AO
GERAL
Neste ensaio, leva
em
considerac:rao que uma disciplina
pode ter 0 mesmo nome em
diversos
momentos
sem
q ~ e tenha
necessariamente 0
mesmo conteudo ou
0
mesmo
obJetlvo. As
sim,
denominar
um tipo de conhecimento de antropologia
em
momentos e contextos diversos
nao
significa
que
Soi esta
designando 0 mesmo
fenomeno.
Segundo,
parto do
suP.osto
de
que nao e possivel falar sobre a historia de uma d l s c l ~ l l n a sem
levar
em conta
0 desenvolvimento de disciplinas vlzlllhas -
quer estas sejam modelos
ou
rivais
da
primeira. A.ssim,
por
exemplo,
investigar
0 desenvolvimento
da
antropologla B ~ a -
sil depois
dos
anos 50 exige que
se
examinem as demals Clen
cias sociais,
isto
e,
pelo
menos a sociologia e a ciencia politica;
para uma avaliac:rao antes dos anos 50, e preciso levar
em
consi
derac:rao a literatura
4
. Terceiro, mesmo quando se define um
enfoque dominante
para
uma
disciplina,
este
nem
sempre
e
desenvolvido so por especialistas da area. Isso significa que,
conscientemente ou nao, nao-antropologos podem fazer antro
pologia. Finalmente, uma disciplina academica revela sua. possf
vel configurac:rao no dialogo
com
as ideias e
valores domlllantes
de uma sociedade.
No
caso brasileiro, as ciencias sociais foram
reconhecidas socialmente
quando
0 pais passou a se considerar
legitimamente parte do mundo
moderno,
aderindo ao preceito
iluminista
de
estar
comprometidas com a
vida nacional
no
seu
conjunto (E. Becker, 1971; Lepenies, 1977; Candido, 1964, 1987;
Dumont, 1994; Peirano, 1992).
Essa orientac:rao nos remete de imediato a uma
questao
cen-
tral: externamente, tem sido com a sociologia que a antropologia
como disciplina vem dialogando
desde
a institucionalizac:rao das
4. Ver Peirano (1995) para urn
diilogo da
antropologia com as demais cien
cias sociais.
ANTROPOLOGIA NO BRASIL (ALTERIDADE CONT
E
XTUALIZADA
)
229
ciencias sociais na dec ada de 30; ja internamente, esse diilogo e
rebando
c ~ m o uma dicotomia entre
a etnologia indigena ftit n
Brast e as lllvestigac:roes antropologicas s bre a Brasil. Na decada
de
50, tendo a sociologia se tornado
hegemonica entre
as cien
cias sociais - e concebida como uma abordagem
que
combinava
excelencia teorica
com engajamento
politico
-
a
antropologia
restou a opc:rao de se manter nos parametros dos estudos de
s o c ~ e d ~ d e s
indfgenas, como ate entao,
ou
integrar-se no projeto
soclOloglCO dominante. Quando Florestan Fernandes transferiu
suas . preocupac:roes dos Tupinamba
para
as relac:roes raciais, esse
mOVlmento representou mais que uma
guinada na
direc:rao da
E s c ~ l a de Chicago, e tambem mais
que
uma
admissao
de que os
Tuplllamba so serviram para a formac:rao de seu autor. NaqueIe
momento, a excelencia academica definiu-se como panimetro e a
tematica nacional se estabeleceu como
projeto;
teoria e politica
passavam a fazer parte da agenda das ciencias sociais no pais
s
. E
quando,
en
ao,
0
rotulo antropologia
se
expande em pelo menos
dua:
~ i r e c r o e s ele serve para designar a investigac:r
ao
etnologica
canOO1ca em busca da
alteridade radical, mas
passa
tambem a
lOdicar uma
sublinhagem
que,
definindo-se
tambem
como
antro
pologia, dialoga
com
a sociologia hegemonica.
Tenho em mente
segundo casa, os estudos sobre fricc:rao interetnica 6, q u ~
Viam 0 contato
com
grupos indigenas como um indicador socio
logico p a r ~
se
estudar a
sociedade
nacional - isto e, seu processo
e x p a ~ s l ~ 1 s t a e sua luta peIo desenvolviment0
7
•
Essa ampliac:r
ao
dos limltes da disciplina persiste hoje, num quadro
onde
convi-
5. Ver
Fernandes
(1963, 1970, 1972, 1975, 1977); Schwartzman (1991)' Peirano
(1992) . ' ,
6 Ver
Cardoso de
Oliveira (1963, 1978).
7
A hegemonia da sociologia neste
momento
atinge as dernais ciencias sociais
como a ciencia politica, mas
tam
bern a filosofia, a historia e, ate mesmo,
folclore.
Este u l ~ m o
desaparece de cena
no
embate
com
a sociologia, venci
do no
seu proPOSltO de se tornar urn saber cientifico (Vilhena, 1997).
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 4/21
230
MARIZA
G. S. PEIRANO
vem, no mesmo
meio
academico,
uma antropologia
leita no rasil
e l.una ntropologi do rasil
8
.
Para alem da pesquisa indigena
propriamente dita, uma antropologia feita
no/do
Brasil e uma
aspira<;ao comum.
EXOTISMO E TIPO IDEAL
Neste ensalO, considero 0 exotismo a diferen<;a limite da
apreensao
antropologica. Da
perspectiva
do tema
classico
dos
tabus, 0 exotismo e a alteridade mais distante, remota e, ainda
assim, passivel
de apreensao em
determinado universo. E certo
que
no<;6es mais ou
menos
explicitas de
distancia
(territorial,
cultural, social)
estao
sempre presentes, mas a alteridade como
diferenr ou como exotismo divergem: se todo exotismo e um
tipo
de diferen<;a, nem toda diferen<;a
e
exotica.
De outro
lado, a
enfase
na
diferen<;a
tem como dimensao
intrinseca
a
compara
<;ao; ja a
enfase no exotismo dispensa
contrastes
9
•
Contudo, 0 exotismo
na
antropologia nao e uma realidade
historica pura, e muito menos uma realidade autentica ,
no
sen
tido
weberiano. Trata-se, sim, de um elemento
relevante para
a
constru<;ao
de um
tipo ideal,
em
rela<;ao ao qual se
podem medir
exemplos
empiricos a fim de esclarecer alguns de seus tra<;os
essenciais. Refor<;o essa proposta observando
que
hoje
um grupo
de antropologos vem questionando
como
indesejavel exatamente
a dimensao exotica da
antropologia (por
exemplo, Thomas, 1991).
Mas, na medida em que essas criticas nao levam em conta 0
significado
contextual do
exotismo
e,
portanto,
a ele
nao
se
ofe
recem
. alternativas
senao sua
erradica<;ao, fica enfatizado, as aves-
8.
E bern verdade
que, em alguns grupos
e/ou program
as, 0
termo etnologo
e
reservado para pesquisadores
de grupos indigenas.
9.
Mas, como sempre, definic;:6es nao sao absolutas. Ver adiante.
ANTROPOLOGIA
NO BRASIL (ALTERIDADE CONTEXTUALIZADA)
231
sas, seu papel fund ante e a evidencia de
que, sem
uma no<;ao de
diferen<;a, a antropologia desaparece
lO
•
E
preciso
no ar, porem, que, em termos empiricos, a antro
pologia nunca se definiu simplesmente pelo exotismo, embora
ate 0 meio do seculo a antropologia se visse como
aquele
ramo
dos estudos
sociologicos que
se
devota
primordialmente as so
ciedades
primitivas (Evans-Pritchard,
1951).
Logo
a seguir,
con
tudo,
Levi-Strauss (1961)
lembrou que
0
carater
especifico da
antropologia nao estava no seu objeto
empirico
concreto mas,
sim, naquela dimensao de
diferenr
que sempre havia estado pre
sente no estudo dos povos primitivos -
se
ate entao esses
desvios
diferenciais
so
podiam ser apreendidos comparando civiliza<;6es
distintas e
longinquas, agora
eles poderiam ser notados dentro
do proprio mundo ocidental, no momenta em que 0 Ocidente se
tornava
uma grande aldeia crioula . (No
en
anto, quando Levi
Strauss veio ao Brasil nos
anos
30,
seu
horizonte de
pesquisa
era
o exotismo. Castro Faria menciona que a designa<;ao de
expedi
<;ao
era
coerente com
a preocupa<;ao de Levi-Strauss
em
foto
grafar
e documentar 0
que
encontrava para,
posteriormente,
mos
trar
0 material em Paris
; Peixoto (1998) indica 0
papel funda
mental dess a exposic,:ao
na
carreira do autor.)
Esse estimulo
nunca foi dominante
no
Brasil
l
0 fato de as
pesguisas indigenas
serem
realizadas em territorio nacional indica
10.
Para muitos desses estudiosos, especialmente os norte-americanos, a
antro
pologia como disciplina academica foi urn fenomeno do seculo XX -
embora eles pr6prios ainda se
denominem
antrop610gos
(cf.
Peirano,
1998).
11.
Cf. depoimento de Luiz de Castro Faria
na
reuniao
da
ABA
1998
Vitoria
ES. ' , ,
12. Mas ele e observavel
em
antrop610gos estrangeiros
quando
chegam ao
Brasil. Ao decidir-se pela pesquisa no Brasil central, por exemplo, Anthony
Seeger relata
que
tinha, alem de
uma
razao teorica, outra pessoal: 0 Brasil
era urn lugar fascinante desde suas aulas de geografia no curso primario:
Os
animais estranhos, 0 numero
abundante
de insetos e as pequenas
sociedades me fascinavam (1980:26). Mas, ver Fry (1999), para
uma
visao
critica
da
diferenc;:a
nos
legados coloniais
em Zimbabue
e Moc;:ambique.
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 5/21
232
M ,\ RI ZA G.
S.
PE IRANO
menos problemas de recursos financeiro s - um argumen to tam
bem a se considerar - e mais a escoiha de um objeto de estudo que
se apresenta
ou
se mistura
com
uma preocupa<;ao
com
diferen<;as
que
sao culturais e/ou sociais, ratificando a ideia de que, no Brasil,
a influencia durkheimiana se sobrepos
a
germanica. Pode-se natu
ralmente
a
rgumentar
que os grupos indigenas
representar
am
0
exo tismo
possivel
no
Brasil, mas, a alteridade
nao
send
domi
nantemente radical, prevaleceu a exigencia de rigor teorico combi
nado a or<;a moral que define a
ci
encia social como comprometi
da e transformadora.
(Durkheim
explicitamente negava 0 interesse
pelo
mero exotico e afirmava que a sociologia nao busca conhecer
formas extintas de civiliza<;ao com 0 objetivo tinico de conhece-las
e reconstitui-las , como ta
mbem
nao
procura
estudar a religiao
mais simples
peio
simples
prazer
de con ar suas extravagancias e
singularidades . Para
Durkheim,
a sociologia tern por objeto expli
car
uma
realidade atual e proxima,
capaz portanto
de afetar nos
sas ideias e
nossos atos
[1996:v-vi; enfase minha] .)
Retornando ao ponto crftico dos anos 50, compreende-se
entao
que,
no
momento em que era vitorioso na sua
proposta
de
forjar uma sociologia feita no Brasil, Florestan Fernandes (1961)
tenha
criticado duramente 0 empirismo da antropologia e seu
descaso com questoes de fundo teorico. De outro lado, fica tam
bern esclarecido por que so recentemente a antropologia no Bra
si
l
retomou
os Tupinamba como modelo
13
; por que pouco existe
na
antropologia contemporanea
que
evidencie uma
conexao
dire
ta com
a linha
de
pesquisas indig
en as qu
e se desenvol
ve
u na
decada de
50 na
USao
Paulo -
como uma
associa<;ao imediata
e
ntre antropologia
e
exotismo poderi
a
supor
l4
;
porque
as descen-
13. Viveiros de
Castro
(1986) sinaliza a
retomada dos estudos
sistematicos
so
br
e os Tupinamba, tres decadas depois da s pe squisas de Flore stan
Fernande s.
14.
Peixoto
(1988) elenca os temas que se
tornaram dominantes
na
antropolo
gia p aulista: migra<;ao, a cidade de Sao Paulo, rela<;6es racia is. Por sua vez,
ANTROPOLOGIA NO
BRASIL (ALTERIOA D E
CON
TEXTUALI ZA Df\)
233
denc ias
intelectu
ais
dos etnologos
alemaes
do
seculo
XIX
nao se
tornaram r
eg
ra
ge
ral (como em
Schaden,
1954b, 1995a; Baldus
1954, por exemplo)IS e, finaimente, por qu e a disputa historica
entr e
uma
vertente
antropologica canonica
e
ou t
ra so
ci
olog ica
enc
on
trou sua reso
lu<;a
o na no<;ao
da antropologia
como ciencia
social 16. Como ci encia social, ela se insere em um quadro ge ral
em
que
conhecimento e
comprometimento
politico
estao
unidos
numa configura<;ao unica, situa<;ao distinta da
que
se
pode
en
co
ntrar, por ex
empl
o, nas
humanidades
e nos
four fields norte
am ericanos - on de a antropologia social ou cultural dialoga com
a argueologia, a linguistica e a antropologia fisica/biologica _ , ou
ainda na dis
tin<;
ao etnoiogia/sociologia de outras vertentes
euro-
Joao
Batista
Borges
Pereira co
nte
sta a ideia de
ruptura na
an tropo logia
esclarecendo que, como estudan te da Un iversida l e de Siio Paulo, preparou
urn projeto de pesquisa so bre
0
negro, que Florestan Fernandes rejeitou,
mas Egon Schaclen aceitou
orientar
(comunica<;ao pessoal).
15. Egon Schaclen foi 0 responsivel pela cacleira de Ant ro pologia por guase
duas decaclas, de 1949 a 1967 (Peixoto, 1998). Propostas para identificar
linhagens intelectuais da antropologia
no
pais quase nunca citam os
Guarani
ou os Tapir
ape como
inspiradores, mas indicam
como
prec
ur
sores, por
exem
plo
, os es
tud
os
cle
comunidade
da Escola Livre
l
e Sociologia e Politi
ca (Cas tro Faria, 1993) ou, ainda, a influencia sociol6gico-marxista presen
te na no<;ao de fric<;ao interetnica, equivalente conceitual a luta de classes
(Peirano, 1981). Ver, contudo, Melatti (1984), cujo prop6sito
e 0
le ofere
cer uma visao pan oramica da produ<;ao anrropol6gica no Brasil.
16. A ideia de ciencia soc ial esta vinculada t no<;iio de
m
issiio
clo
cienrista
em contribuir para a vida intelectual do pais. Ver Candido (1964) para a
ideia de
uma
Iiteratura
empenhad
a . Ver,
tamb
em, Sev
cenko
(1983). A
no<;iio de uma mi ssao dos inrelectuais no Bra sil fo i reafirmada no art igo
inaugural da coluna de Ariano Suassuna em
A
Folha
de S.
Paulo
01.02.99,
cujo titulo e exat
amente A
missiio . 0 e studo de Vilhena (1997)
aborda
diretament
e a no<;ao de missao
para
0 caso
do
fo
lcl
ore.
(Natura
lm ente qu e
esta no<;iio teve conota<;6es diversas
para
os profe sso res franceses
que
vieram ao Bra s
il
na decada de
30,
assim como para os ac
or
do s Capes/
Cofecub
atuais.)
1
j
j
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 6/21
11
,
. i
I
I
·1
,
I
I
234
MARI ZA G. S. P E IRANO
d
. I' . . h d' J: sao
tam
bern distintas
eias
17
. Se as iSClptnaS Vlztn as Iler em,
as perguntas que as disciplinas se fazem .
o
CASO
O
BRASIL
Se a noc;:ao
de
diferenc;:a e
deftnidora da
antrol¥Jlogia, a
questao e saber onde da se aninhou no caso brasileiro. ~ o p o n h o
que nos
liltimos trinta
anos
a alteridade
eslizou
de urn polo.
onde
da e (ou pr etende ser) radical e outro ond e nos mesmos,C1e
ntl
s
tas sociais, somos 0 Outro. Dessa perspectiva,
podemos
Identlfi
car quatro tip o s ideais:
a)
a alteridade radical; b) c o n t a t ~
a alteridade; c) a alteridade proxima; d) a altend.ade m t n ~ m ~
Esses tipos
nao
sao excludentes
e
ao longo
de
carrelras a c a d e m ~ -
cas,
antropolo
go s transitam
em
varios deles.
Em termos c r o ~ o l o -
gicos, no ta-se uma certa sequencia: 0 projeto de se pesqLusar a
alteridade radical
antecipa
0 estudo do contato; a ele se segue a
antropologia em casa, ate que se atinge a investigac;:ao da propria
produc;:ao sociologica no pais. Esse e
0 momenta
em
que
frontel
ras nacionais sao
ultrapassadas
e
retorn
a
-se
a alteridade radical,
agora modificada. (Esclarec;:o que,
no
que se segue, nao .
fac;:o
citac;:6es exaustivas dos casos indicados, mas apenas menclono
alguns trabalhos
para
sinalizar diferenc;:as tematicas e de aborda
gem.
Aos
autores cujos trabalhos
sao citados, desculpo-me
pda
simplificac;:ao inevitavel.)
A lterid de radical
A
procura canonica
pda
alteridade
pode ser
ilustrada
no
Brasil em termos de distancia (geografica ou ideologica), de duas
17 .
Mesm
o no co ntexto
do
Museu
Nacio
nal/UFSao Paulo, onde, a a n t r ~ p
gia
so
ci
al
convive com a arqueologia e a paleo ntologla, as areas nao
sao
exatamente complementares.
ANTROPOLOG IA NO BRAS IL (ALT E RID ADE CONTEXTUALI ZADA)
235
maneiras: primeiro,
no estudo de
populac;:6es indigenas; segundo,
no
objetivo
mais recente de se ultrapassar
os
limites territoriais
do pais. Em ambos os casos, em termos comparativos, a alteridade
nao e extrema .
Vejamos 0 primeiro caso. Hoje, iniciantes
no
campo podem
discernir
algumas
antinomias: Tupi ou
J e; parentesco
ou
cosmologia; Amazonia
e Brasil
central
ou
Xingu; his oria
ou
etnografia; economia politica ou
cosmologia
descritiva (ver Vi
veiros de Castro 1995b). Como em
qualquer
antinomia, as
op
c;:6es empiricas estao muito alem. Mas, neste
contexto,
a
pesquisa
Tupi, tendo praticamente desaparecido da cena etnologica no Brasil
durante os anos 60 e inicio do s 70 (contudo, cf. Laraia, 1964,
1986), fe z sua reentrada nas
du
as ultimas decadas (Viveiros de
Castro, 1986, 1992; Lima, 1995; Fausto, 1997; ver tambern Muller,
199 ; Maga lhaes, 1994).
Por
sua vez, essas pesquisas
induziram
urn
interesse
sistemati co
pelo parentesco
que,
em
bora seja a area
classica da a
ntropologia,
nos padr6es locais
configurou-se
com o
novidad
e (Viveiros
de
Castro, 1995a, b; Viveiros de
Castro
&
Fau
sto, 1993; Villac;:a 1992; Gonc;:alves, 1993; Teixeira Pinto, 1993,
1997); par a urn debate
recente com
etn o
logos
franceses, ver Vi
veiros de
Castro
(1994) e
Copet-Rougier &
Heritier-A uge (1993)18.
Antes
da decada de 80
os
Je
haviam sido 0
grupo
mais bern
estudado
do
Brasil:
depois dos
c1assicos
trabalhos
de Nimuendaju
(por exemplo, 1946),
os
Je atrairam a atenc;:ao de Levi-Strauss
(1952, 1956, 1960) e, seguindo-se, 0 Projeto Harvard-Central
Brazil (Maybury-Lewis, 1967, 1979)1 9 Em pouco tempo,
os
re-
18. Ver Viveiros de
Castro
(1999), neste volum
e.
19. David May bury-Lewis relembr a: By 1960 I had defended my D. Phil.
the
sis on the Xavante at Oxford and read L-
S
papers (1952 and 1956).
These bo
th
fascinated and
puzzled
me. Fascinated, because of
the
subtl ety
o f the arguments, and
puzzled
because
of the
ethnog
raphic
and theoretic
al
ob jections that I felt I
could
raise to L-S' theses . So I
published
a critique
·
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 7/21
236
MARIZA
G S PEiRA
NO
sultados desse
ambicioso
programa de pesquisa tornaram-se a
principal fonte de apoio as teses estruturalistas. Para
uma
gera
<;ao
de
antrop610gos
que
desenvolveu
sua
carreira
no Brasil, essa
experiencia
de
campo foi fundante (ver,
por
exemplo,
DaMatta,
1970, 1976; Melatti, 1970a, 1978). Nas
decadas
seguintes, pes
quisas sobre os j tiveram
continuidade,
em bora nao se
colocasse
m ais a
questao da
hegemonia: ver,
por
exemplo, Vidal (1977),
Carneiro de Cunha (1978), Seeger (1980, 1981), Lopes Silva
(1986), entre outros. (para etnologia Xingu e uma antropologia
da
musica
a
partir do Xingu,
ver
Menezes
Bastos, (1993, 1995).)
Este
dpido
apanhado indica que as pesquisas sao sempre
realizadas em territ6rio brasileiro
.
Embora
para os especialistas
seja fortuito 0
fato
de
os grupos
indigenas estarem
t
uados no
Brasil, 0 fato e que
existem
implica<;oes polfticas e ideol6gicas
nes sa localiza<;ao .
Para
0
objetivo deste
ensaio, uma delas indica
nao
ser
0 exotismo a principal motiva<;ao
para
pesquisa, mas a
diferen<;a (social, cultural, cosmol6gica) entre
eles
e nos. Mas, tra
tando-se da
linha
de
pesquisa
que corresponde
as preocupa<;oes
mais tradicionais da antropologia, e ess a a area onde debates com
a comunidade internacional sao mais frequentes. Fica a per
gunta:
noss
a diferen<;a sera 0
exotismo
alheio?21
of
them in
the Bijdragen in 1960, which was sent to L-S who r
eplied in
th e
same
issue
of the
journal in
1960 [Maybury-Lewis, 19601. So, by th e time
the Harvard-Central Brazil Project was launc
hed
it was based on a desire
to follow up
and
clarify Nimuendaju and an ongoing argument
with L-S
(Maybury-Lewis, comunica<;ao pessoal).
20.
Embora
haja
varios
livros
sobre os
indios
do
Brasil (Melatti, 1970b; Laraia,
1993),
Melatti (1999) vem
produzlndo
um levantamento abrangente sobre
as areas etnograficas da America
do
SuI.
21.
Como
area classica
da
antropologia, existe it disposi<;ao dos especialistas
uma
literatura
especializada e reconhecida
sobre
a
etnologia
sui-americana.
Ela
remonta
as expedi<;oes germanicas do seculo 19
que
procuraram
no
Brasil
re spostas
par a as questoes
europeias
sobre 0
estado de natureza
dos
primitivos
(Baldus, 1954;
Schaden,
1954b) e
chega
a pesquisas
de ge ra<;oes
mais recentes, como os
tra
balhos
de Nimuendaju sobre a organizac;:ao so-
ANTROPOLOGIA
NO
BRA
SIL
(ALTERIDADE CONTEXTUALlZADA)
237
Ha 0 segundo caso,
no
qual a alteridade radical e buscada
fora
do
pais.
Essas
pesquisas sao recentes e indicam que
antro
p610gos brasileiros
nao
ficam restritos ao territ6rio nacional. Mas
aqui tam bern se man ern algum vinculo ideol6gico ao Brasil, sen
do possivel identificar duas dire<;oes. Uma
nos
leva aos Estados
Unidos, que se tornaram uma especie de alteridade paradigmatica
para
estudos comparativos
. Essa pdtica remonta ao estudo clas
sico
sobre
preconceito racial de
Oracy
Nogueira (1986), mas
atinge as analises
sobre
hierarquia e individualismo de Roberto
DaMatta (1973a, 1980, 1981) . Desenvolvimentos posteriores sao,
por
exemplo,
L Cardoso de
Oliveira (1989, 1996) e Kant
de
Lima
(1985, 1991, 1995). Nesse contexto, urn
t6pico
emergente e
o estudo de imigrantes brasileiros e
portugueses
(ver G Ribeiro,
1996; Bianco, 1992, 1993). U
ma
segunda dire<;ao nos leva as ex
colonias
portuguesas e 0 interesse
etnografico que
elas desper
tam (ver Fry, 1991, 1998, que compara e triangula experiencias
coloniais
com base
nos casos do
Brasil, Estados
Unidos,
Mo<;ambique e
Zimbabue;
Trajano, 1993a, 1993b, 1998,
par
a 0
exame
do
s projetos nacionais de um a sociedade
crioula
tendo
como
referencia Guine-Bissau,
Sao Tome e Principe). A antropo
logia feita em Portugal tambem insti
gou
urn interesse
antes
ine
xistente, como
indicam
congressos e conferencias nos
dois
paises
(ver Almeida, 1996; Bastos, 1996; Cabral, 1996), atestando mais
uma vez
os vinculos
hist6ricos, linguisticos e
ideol6gico
s
cial
dos gr u pos e ou
a investigac;:ao do s anos 30 sobre grupos Tupi (pOl'
exemplo, Baldus, 1970; Wagley Galvao, 1949; Wagley, 1977), alem do s
trabalhos de
Darc
y Berta Ribeiro
sobre
os Urllbll-Kaapor (Ribeiro
Ribeiro, 1957); de Florestan Fernancles, ver a recon struc;:ao
cia
organizac;:ao
social e a func;:a o social
da
guerra Tupinamba (Fernancles, 1963, 1970);
sobre
a
cultura Guarani,
cf. Schaclen (1954a).
22. Ver G Velho (1995) para urn levantamento que inclui estudos desde a
dec
ada de 50. Excec;:oes
a
regra sobre
0
vinculo imediato ao Brasil sao, por
exemplo, G
Ribei
ro
(199 1)
na Argentina;
E
R
Ribeiro (1994) na
Africa
do
Sui; Fonseca (1986) e Eckert (1991)
na
Franc;:a.
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 8/21
'.
238
MARIZA
G. S.
PEIRANO
Contato
com
a
alteridade
Se a alteridade radical consistiu
em
estudos de
grupos
indige
nas, as anilises que focalizam a
rela<;:ao
da sociedade nacional com
grupos indigenas constituem 0 segundo tipo, que denornino
de
"co.n
tato com a alteridade". Hoje,
uma
literatura consideravel e herdelra
direta das preocupa<;:6es indigenistas que, por muito tempo, eram
geralmente
explicitadas
somente em
artigos publicados a p ~ e
da
ob
ra pri
nc
ipal dos etnolo
gos
(por exemplo, Baldus, 1939; Schaden,
1955b)23. A transform a
<;:ao
dessa preocupa<;:ao em topico legJuma
mente academico se
deu
nas decadas de 50 e 60:
Darcy
Ribeiro
(1
957, 1962) centrou
0 tema
na
dire<;:ao do
indigenismo, que, mais
tarde,
recebeu
0
polimemo
teorico
de Roberto Cardoso de
Oliveira
com a
no<;:ao
de fric<;:ao interetnica" (Cardoso
de
Oliveira, 1963).
Considerada por
muitos
uma inova<;:ao
teorica
da antropolo
gia feita no Brasil,
essa no<;:ao apareceu como bricolagem de
preocupa<;:6 es indigenistas e inspira<;:ao teorica sociologica, r e v ~ -
lando uma situa<;:ao na
qual dois
grupos sao
dialeticamente UIli
dos
atraves de
seus
interesses opostos
(1963:43) . Essa
no<;:ao
foi
proposta em um con t
exto
no qual as teorias de
contato,
tanto
britiinicas (Malinowski) quanto
norte-americanas
(Redfield,
Lmton
e
Herskovitz), haviam
se provado inadequadas. Roberto Cardoso
substituiu-as
pelo
somatorio
singular
que
fez
da
preocupa<;:ao
indigenista
de Darcy Ribeiro,
da
sociologia
de Florestan Fernandes
e dos trabalhos
de Balandier
- tornando-se um dos
casos
tipicos
de descendencia intelectual a combinar inspira<;:ao
local
com
emprestimos
"externos"24.
Em
termos
de
reprodu<;:ao
academica,
23. Ver Peirano, 1981, cap . 4. Arruti (1996:13) chama a aten<;:ao para 0 fato de
que,
depois de Pombal,
0
indio
deixa de ser
pura
alteridade
na col6nia
e
_se
insere na
popula<;:ao de
suditos que
da conteudo
a
ideia
de Clvl:lza<;:ao
.
Deixa,
portanto,
de ser objeto de
destrui<;:ao mas, nao sendo autonomo,
torna-se objeto de
interven<;:ao transformadora . .
24. Para Darcy Ribeiro, 0 problem
indigen
nao poderia
ser
compreendido fora
do quadro de referencia da sociedade brasileira, pois e e s6 existe onde e
quando
indio s e
nao-indios
entram
em
contato
(1962:136).
ANTROPO
L
OGIA NO BRASIL (ALTERIDADE CONT
E
XTUALIZAD
A) 239
esses
estudos
tiveram
longa durayao
e
foram
centrais
na consoli
dayao
de varios programas de
mestrado e doutorad0
5
. (Ver,
en
tre muitos
outros,
nos anos
70, Amorim, 1970;
Aquino,
1977;
Barros, 1977; Oliveira Filho, 1977.)
No
en tanto, lembro que, quando a
noyao de
fricyao
interetnica foi proposta,
uma
cena peculiar se desenvolvia: divi
dindo 0
mesmo espayo institucional
e, mais
importante, frequen
temente envolvendo
os
mesmos
pesquisadores (Laraia
&
DaMatta,
1967;
DaMatta,
1976, 1982; Melatti, 1967),
muitos
estudos fo
ram
realizados
nos
quais,
de um
lado, se
examinavam os sistemas
sociais indigenas (cf. 0 Projeto Harvard-Central Brazil, ja
men
cionado)
e,
de
outro, se analisava 0
contato interetnic0
6
.
Para
referencias atualizadas
dessa
linha
de estudos
sobre 0
contato,
ver Oliveira
Filho
(1987, 1988, 1998),
para
a ideia
de
territorializayao, 0 processo
de
mao
dupla
dela decor rente, e 0
exame dos indios misturados do Nordeste; Souza Lima (1995),
para
investigayao
sobre
0
indigenismo
como conjunto
de
ideais
relativos a inser<;:ao de
povos
indigenas em sociedades pertencen
tes a Estados nacionais; Baines (1991), para a rela<;:ao entre
gr u
pos
indigenas (no
caso, Waimiris-Atroaris) e a Funai; Barretto
(1997), para a
reconversao da
perspectiva sobre 0 estudo das
terras indigenas as unidades de conservayao. Para legislayao indi
gena e condi<;:6es
dos indios sul-americanos, vet Carneiro da Cu
nha
(1992, 1993) e
Santos
(1982, 1989).
25. Este fato e
especialmente
notave
nos program
as
de mestrado
e doutorado
do
Museu Nacional/UFRJ e
UnB
-
onde,
alias, Roberto
Cardoso
de Oli
veira desempenhou pape institucional central.
E
curioso no ar
que
a no
<;:ao de
fric<;ao interetnica nunca foi exponada aJem-fronteira, como sua
aparentada teoria da dependencia .)
26.
Para esta
primeira gera<;:ao de antrop610gos formados no Museu Nacional,
a
estudo do
contato
interetnico nao
foi,
ponanto,
exclusivista.
Passados
trinta anos, e
interessante observar
como
os emprestimos
foram
mutuos.
(Ver Maybury-Lewis, 1997; ver tambem Turner, 1991.)
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 9/21
240
MARIZA G.
S.
PEIRANO
Depois de
uma
trajetoria
no terre
no da etnologia classica
(Ramos, 1972, 1978, 1979), nas ultimas decadas Alcida Ramos
vern se dedicando ao
tema do
indigenismo .
Em Ramos
(1998),
Alcida parte da ideia de que 0 indigenismo esta para 0 Brasil
como 0
orientalismo
esta para 0 Ocidente e focaliza a especifici
dade do
casu
brasileiro, em que estao gravadas as faces multiplas
do
indio,
em
versoes
tanto populares quanto
eruditas. er
tam
bern
Ramos
(1990,
1995),
para
uma
avaliayao da etnografia
Yanomami em urn contexto de crise. (Na area do contato, Gruber
(1997)
desenvolve
0 trabalho pioneiro de oferecer aos
indios
Tikuna condiyoes modernas para a criayao estetica.)
Aqui, fayo uma pausa para mencionar, sem no entanto ela
borar, 0
estudo antropologico
do
campesinato - tao relevante,
que mereceria trabalho a parte. Indico apenas
que,
durante os
anos 70, a preocupayao com 0 contato avanyou sobre 0 tema das
fronteiras de expansao,
tornando
topicos antropologicos legiti
mos aqueles
relacionados ao
colonialismo interno, camponeses e
desenvolvimento do
capitalismo
(0.
Velho, 1972, 1976).
Ao
mes
mo
tempo,
estudos
sobre
camponeses adquiriram
urn status
tematico independente, na medida em
que tanto antropolo
gos
quanto sociologos se dedicaram a ele (entre os
primeiros,
ver
Palmeira, 1977; Sigaud, 1980; Moura, 1978;
Seyferth,
1985; K.
Woortmann, 1990; Ellen
Woortmann,
1995; Scott, 1992).
Na
medida
em que
a alteridade deslizou em
termos de
localizayao,
ela fechou 0 drculo e alcanyou, de vo lta, as periferias das gran
des
cidade
s (Leite Lopes, 1976).
lterid de proxima
De
sde os anos 70, antropologos
no
Brasil fazem pesqulsa
nas
grandes
cidades.
Como
a socializayao academica ocorre nos
cursos
de ciencias sociais, ao longo das ultimas decadas a
aborda
gem antropologica
tornou-se contraponto a sociologia. No desen
rolar do autoritarismo politico dos anos 60, a
antropologia
era
AN TROPOLOGIA NO
BRASIL (AL
TERlD
ADE CON TEXTUALlZAD
A
241
vista por muitos como uma alternativa aos desafios (marxistas)
vindos da sociologia,
em
urn dialogo silencioso que persiste desde
entao. A atrayao pela antropologia ora se da
por
seus aspectos
qualitativos, ora pelo desafio de compreender aspectos do ethos
nacional. Registre-se, portanto, a diferenya
marc
ante da antropolo
gia que se faz
nos
Estados Unidos. Curiosamente la, de
onde
vern
a maioria das influencias atuais, so
na
decada de 90
tornou-se
apropriado
estudar fenomenos
proximos aos pesquisadores
27
•
No estudo da alteridade proxima, a opyao teo rica tern sido
via predileta
para
se alcanyar 0 ob jeto de estudo.
Assim,
foi a
Escola de sociologia de Chicago uma das Fontes principais de
interlocuyao de Gilberto Velho (por exemplo, 1972, 1975, 1980,
1981,1986,1994). Por esse caminho abriu-se a possibilidade de
pesguisar temas urbanos sensiveis, gue vaG de estilos de vida da
classe media a habitos culturais do psiguismo, consumo de dro
gas
e violencia
28
.
Nesse
contexto deu-se a primeira pesquisa de
campo
no pais considerada plenamente urbana nos termos da
antropologia
atual, e teve
como exemplo
0
estudo de
urn edificio
no bairro de Copacabana, 0 entio conhecido Barata Ribeito
200 .
Essa
linha
expandiu-se
para mais tarde incluir
setores
po
pulares, velhice,
genero,
prostituiyao, parentesco e familia, musi
ca, politica. Urn objetivo dominante do projeto
como
urn todo
27. Mas, mesmo nos Estados
Unidos, uma
excessiva familiaridade ainda sofre
restri<;6es. Ver Peirano, 1999. Compare-se, da perspectiva da antropologia
que se faz no Brasil, a abertura de artigo em numero recente da llthropology
NCJI S/cllcr. The hardest thing to see, according to George
Orwell,
is
something
right in front of your nose.
An
thropologists have always
had
an
easier
time
focussing
on the
distant and exotic. We have
been
less successful
finding
the
exotic close
to home,
especially in those mundane and vulgar
symbols
of the middle class that surround and frame everyday life, which
millions take for granted (Wilk, 1999).
28.
Antes,
foi tambem na Escola de Chicago que florestan fernandes se inspi
rou
para
seu projeto de confrontar a sociedade , depois de dar
por encer
rada a pesquisa Tupinamba (cf. Peirano, 1992).
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 10/21
242
MARIZ A G. S. P EIRANO
tem
sido
d e s v ~ n d a r
os valores
urbanos no caso
brasileiro;
nesse
sentido, as pes =lu isas
nao
apenas situam
os fenomenos na c i d a d ~
mas procuram
analisar,
na trilha
deixada
por
Simmel,
as co.ndl
<;:oes de socia'c:=::=:>ilidade nas
metr6poles.
A produ<;:ao des sa li nha
tematica e
nur--:n.erosa
e de grande amplitude (ver
Duarte,
1986;
Gaspar, 1985; Lins
de
Barros, 1989; Vianna, 1995; Kuschnir,
1998; cf. tamb
m
Salem, 1985, para uma critica
a
i t e r a t u ~ sobre
familias de cla sse media) .
Para
v i o H ~ n c i a na cidade, ver a
produ
<;:ao de Alba Z aluar
(por
exemplo, 1985, 1993, 1994).
Roberto
~ a M a t t a (1980, 1987, 1993) tambem
encontrou
a
via l
egitima p ~ r
dar inicio
a
sua pesqui sa
sobre
0 C ~ r n a v a l no
estruturalism o
,.;
a horizontalidade
conferida
a
cada
socledade por
essa
abordager:::=-n
t
ea rica
permitiu fazer,
sem traumas,
a. ponte
tre 0 estudo d ~ sociedades indigenas e a sociedade naclOnal. Mals
tarde, a p e s q u _ sa se
ampliou
para
um
exame abrangente
do
thos
nacional -
t e n ~
naturalmente
como
predecessor 0 trabalho mo
numental de
<==; .
ilberto Freyre. Desde os anos 80, 0
autor
privile
gia temas o n a i s depois de haver participado dos
dois
gran
des projetos i.. dig enas que marcaram a decada
de
60 -
tanto
.
0
H a r v a r d C e n t ~ a l Brazil
quanto
os vinculados ao
estudo
cia fnc
<;:ao
i n t e r e r n i c ~ _ DaMatta (1973a) e 0 ponto de transi<;:ao, reunin
do uma
analis--=:,: canonica de um mito Apinaye, um conto de
Ed
gar Allan Poe e 0
primeiro exame
sobre 0 carater de communit s
do
Carnaval
= que, mais tarde, seria expandido
nos
hvros conhe
cidos da
d e c a ~ a de
80 (DaMatta, 1981, 1984, 1985) . Ell)
DaMatta
(1980), 0 autor:::::=- redireciona seu diilogo i n t e l e c t u a l ~ de Victor Turner
para Louis
D t ~ r n o n t introdu
zindo a no<;:ao de hlerarqUla e desen
volvendo um . analise comparativa
entr
e
0
Carnaval no BrasIl e
no s
Es
tada s L....==J nidos.
DaMatta propoe
qu
e,
em termos de valores,
.
~
29
o Bras
il
se s i t ~ a
entre
esse ultImo e a IndIa .
29.
Portanto
a ~ a t t a e
entr
e
os
antrop610gos aqui mencionados, 0 de mai
or
m p l i r u d ~ te
natica no de
slizamento de alteridades prop os to neste en-
AN
T
ROPOLOG
IA
NO
BRASIL (AL
TERID
A
DE CON TE
XTUA
LI
ZADA) 243
Noto
que,
nos casos acima, a propriedade e relevancia de
se desenvolver uma antropologia n o meio urbano nunca foi
seriamente questionada
. Depois de
uma
tapida dis
cussao sobre
a natureza da pesquisa de campo em geral, que incluiu a dispo
sic;:ao do etn610go para sofrer de anthropological blues e 0
tema da
familiaridade, tanto perto quanto distante
de
casa
(
DaMatta,
1973b, 1981; G. Velho, 1978), a questao foi resolvi
da
ante
s d
os anos 80
011
•
No perfoda que tem lnlCIO no s
anos
50, outros tOpICOS
haviam emergido,
primeiro relacionados a integrac;:ao social de
populac;:
oes
e, mais tarde, a direitos de minorias.
Muitas
veze
s,
esses t6picos combinavam so ciolog
ia
e antro pologia, reafirman
do e
dando validade hist6r ica a autores como Candido (1958,
1976, 1995),
que
nunca aceitaram distinguir de
forma
radical as
ciencias sociais umas das outras. Festas
urbanas
e ru rais foram
tem a de pesqui sa desde 0 inicio das ciencias sociais no Brasil (cf.
o classico
Candido,
1964), mas vern
adquirindo
mai s vitalidade
recentement e, talvez na trilha dos estudos sabre Carnaval. Para
mencionar apenas
alguns
estudos,
para
imigrantes,
ver
Azevedo
(1994), Cardoso (1995), Seyferth (1990);
para
relac;:oes raciais,
ver
Borges Pereira (1967), Fry (1991), Carvalho (1992a), Sega to (1986);
sobre genera, vet Grossi Pedro (1998), Bruschini
Sarj
(1994),
Gregori
(1993), Suarez & Bandeira (1999); sabre religiao,
messianismo e cuItos afro-brasileiros,
ver R.
Ribeiro (1978), Maggie
(1975,1992),
Mantero
(1985), Queiroz (1995),0. Velho (1995),
Sanchis (1983), Carvalho (1992b),
Birman
(1995)'1; so
bre
festivi-
saio.
Ma
s,
ja
direcio nad o ao esrudo da
sociedade
bra si leira, D aMa
tt
a ( 1976:
7)
m
os
tra seu
desconforto
ao ap resen tar ao publico bra sileiro a et nog rafi a
A
pina
ye.
Por ou
tro
lad
o, D aMa tta (1976),
que tr
a ta da questiio
de
quant
o
custa ser indio no Brasil , ja antecipa tem as da sua trajet6ria p osterior.
30. Este debate foi contemp
orineo
a disc ussiio dos antrop
6logos
indiano s
sobre
0
esrudo
of
on e s
own
society
.
Este tem
a sera re
to mado
adiante.
31. Para esta tematica, ver M
ontero
(1999) , ne
ste
volume.
I
I
I
(
i
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 11/21
244
MARIZA G. S.
PEIRANO
dades
populares, Magnani
(1984), Zatz (1986), Chaves (1993),
Cavalcanti (1994), Mello e Souza (1994); para enfase no Brasil
como Estado-na<;ao, ver Oliven, 1992. Diretamente focalizados
na politica como um dominio social sao os estudos reunidos
em Palmeira (1995) e Palmeira
Goldman
(1996); ver tambem
Teixeira (1998),
Barreira
(1998),
Bezerra
(1999),
Comerford
(1999) .
lterid de minim
Como que
confirmando
que as cienclas SOClalS no Brasil
tem um profundo debito com Durkheim - que propos que
outras
formas
de
civiliza<;ao
deveriam
ser
buscadas para
expli
car 0 que
esta
proximo a
nos
- desde os
anos
80 antropologos
deslancharam uma serie
de
estudos sobre as ciencias sociais no
pais, grande
parte com 0
proposito mais amplo de
compreender
a ciencia como manifesta<;ao de modernidade. Topicos de estu
do variam desde biografias de
cientistas sociais
brasileiros
a
classicos
da teoria
sociologica;
muitos desses trabalhos
se de
senvolvem tendo autores
franceses
como
interlocutores privile
giados. Ver, pot exemplo, Castro Faria (1993), para uma refle
xao sobre a antropologia feita no Brasil, nos museus e nas
universidades; Correa (1982, 1987),
para uma historio
grafia
da
disciplina
no
pais; Miceli (1989, 1995),
para
um projeto amplo
e comparativo entre as ciencias sociais;
Goldman
(1994),
para
estudo sobre
Levy-Bruhl; Grynspan
(1994),
para
uma
etnografia
intelectual
de Mosca e
Pareto;
Neiburg (1997), sobre a rela<;ao
entre nacionalidade
e
antropologia
na
Argentina. Sobre
as cien
cias sociais
em
Sao Paulo,
ver Peixoto
(1998),
para
a carreira
de
Levi-Strauss; Pontes (1998),
para estudo
sobre
0 grupo
Clima.
Melatti (1984) e uma exce<;ao em termos de influencia e de
orienta<;ao; sem um objetivo interpretativo explicito, esse estu
do
permanece
como 0 relato bibliografico mais completo da
antropologia
contemporanea
no Brasil.
A
NTROPOLOGIA NO
BRASIL
(ALTERlDADE CUNTEXTUALlZ
f
\Of\)
245
Urn
projeto
amplo com 0 proposito de estudar diferentes
estilos
de antropo lo
gia foi inaugurado
em
Cardoso de
Oliveira
Ruben
(1995), com a
proposta de
focalizar
experiencias
na
cionais diversas. Concebido como um exame de antropologias
perifericas ,
0
rotulo e residual e destinado a disciplinas que
nao
sejam centrais
ou
metropolitanas. Mantem-se, nesse
con
texto, a condi<;ao
de
a disciplina
haver sido bem-sucedida em
determinado
pais, isto e,
ter-se
adaptado sem
perder sua
cienti
ficidade. Ver,
por exemplo, Baines
(1995)
sobre
a
Australia;
Figoli (1995) sobre a
Argentina; Ruben
(1995) sobre
0 Canada;
ver
tambem
R. Cardoso de Oliveira (1995) , sobre a Catalunha,
e R.
Cardoso
de Oliveira (1998, cap. 6), para discussao das
bases da pesquisa.
No
inicio
dos anos
80, iniciei urn
projeto que tinha como
objetivo examinar a disciplina de uma perspectiva antropologica.
A partir da proposta de Dumont (1978), de
que
a antropologia se
define
por uma
hierarquia
de
valores
na
qual
0
universalismo
engloba 0 holismo, questionei 0 tipo de antropologia que se faz
no
Brasil tendo como casos
de
controle a Fran<;a e a
Alemanha
(peirano, 1981).
Esse estudo
teve
prosseguimento
com
0 exame
do
caso
indiano
- a sociedade hierarquica
por
excelencia - e
resultou na proposta de uma antropologia
no plural
(Peirano,
1992 . A triangula<;ao Brasil,
India
e Estados Unidos teve conti
nuidade em Peirano (1991, 1998). Resultados dessa pesquisa se
centraram na discussao
sobre
a rela<;ao
entre
ciencia soc ial e
ideologia de
nation building (onde quer que
a
antropologia
se de
senvolva) e, mais
recentemente,
nas estrategias teoricas
geradas
em contextos diversos (peirano, 1997, 1999).
o
exame da
rela<;ao entre ciencia social e ideologia
nacional
foi refinada em Vilhena (1997), que,
comparando
folcloristas e
sociologos vis a vis a ideologia dominante nos aoos de 1947-1964
0 0 Brasil, desveoda 0 lugar dos intelectuais ligados a valores
regiooais e a disputa dos folcloristas para sobreviver em um meio
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 12/21
246
MARIZA G.
S. P EIRANO
no
qual a sociologia se tornava hegemonica. Realizado no con
texto do Instituto Nacional do Folclore, soma-se a esse trabalho
Travassos (1997), que compara musicos e intelectuais no Brasil e
na Hungria
no
inicio do seculo, focalizando os dilemas da mo
derniza<;:ao para Mario de Andrade e Bela Bartok. Ainda sobre
cientistas e a
questao
racial
no
Brasil,
ver
Schwarcz (1996). A
psicanalise tem-se mostrado
um campo
de saber para a
antropologia no Brasil. Uma compara<;:ao e / ou apropria<;:ao desse
campo vern sendo desenvolvida
por uma
linha de pesquisa sali-
da; ver Duarte (1989, 1990, 1996, 1997). Finalmente, uma serie
de reflexoes
sobre
0 ensino da antropologia
no
Brasil sao encon
tradas em Bomeny et al 1991, e Pessanha Villas Boas, 1995;
ver tambem Viveiros de Castro, 1995c; Duarte, 1995; Montero,
1995; Fry, 1995b; Correa, 1995; Sanchis, 1995; Fonseca, 1997;
Niemeyer,
1997; K Woortmann, 1997.
Nos
estudos
em que a alteridade e minima, isto e, esta
localizada
no proprio
trabalho intelectual
dos
cientistas
SOClalS
nota-se urn tra<;:o marcante: a maio ria desses estudos examina
temas abrangentes relacionados a tradi<;:oes intelectuais ociden
tais, mas,
publicados
em
portugues,
tern
uma
audiencia limitada.
Surge, entao, a questao crucial sobre 0 publico desses trabalhos.
Trabalhos
abrangentes e exaustivos fazem sentido, se
nao ha
au-
diencia imediata? Ou, por que se dialoga
com
as
fontes
de
scholarship, se os debates externos estao afastados pela propria
lingua de enuncia<;:ao? Retornamos, assim, aos Tupinamba de
Florestan Fernandes, quando 0 rigor teo rico serviu mais para
legitimar
0 autor como
cientista social
do
que
para
favorecer urn
efetivo dialogo
com
especialistas da area (peirano, 1992) . Aqui, a
velha quesrao permanece: 0 vinculo com 0 mundo intelectual
mais amplo
se
da
apenas por
efeito
ilocucionario
e a
alteridade
minima esconde uma
propost
a, nao realizada, de alteridade ma-
xima,
porque
teorica.
AN TR
O P
OLOG
IA
NO
B
RAS
IL (ALTE
RlD
AD E
CONTEX
T
UA
Ll ZADt\ )
247
QU ANDO os INTERLOCUTOR S sAo MULTIPLOS: CASO DA INDIA
Se 0 exemplo brasileiro
refor<;:a
a ideia de que categorias de
alteridade sao
contextuais
mesmo para
os
antropologos,
cabe
retornar, via compara<;:ao, as
vertentes consagradas
da
antropo
lo-
gia para indicar que elas tambern nunca foram inteiramente radi-
cais: a Africa era (relativamente) home para os ingleses quando
estes transferiram a no<;:ao de totalidade para os Tallensi, os Azande
e os
Ndembu,
abdicando de uma sociologia em favor da antro
pologia prospera (Anderson, 1968). Ate entao a disciplina era
privilegio das
metropoles. reconhecimento
social
do estrutura
lismo
na
decada de 60, contudo, trouxe este subproduto inespe
rado: se as priticas humanas sao horizontais, era possivel imagi-
nar tanto antropologias
indigenas
(Fahim, 1982) quanto reco
nhecer que
somos
todos nativos (Geertz, 1983).
o consentimento e a aprova<;:ao dos centros, contudo, nao
implicou uma
pratica mais substantiva, a
despeito
dos
inumeros
congressos realizados desde entao (por exemplo, Asad, 1973;
Diamond, 1980; Fahim, 1982)32 0 tema e controverso a ponto
de recentemente
Kuper
(1994) criti car manifesta<;:oes nativistas
da
antropo
logia a partir de duas posturas que ele
condena
no
caso da Grecia: primeiro, a ideia de que
so
nativos
detem
a
compre
ensao sociologica;
segundo,
que
sao os
nativos os juizes das
etnografias e se necessario, seus censores
33
.
Kuper prop6e
como
alternativa uma antropologia cosmopolita , definida pelo dialo-
go entre pares e excluindo estrangeiros curiosos, armchair vqyeurl',
e
mesmo
a comunidade nativa de especialistas (cientistas sociais,
planejadores, intelectuais em geral). Para ele, a antropologia e
32. Co nv
idado
para participar
da conferencia
organizada por
Fahim
(1982),
Luiz Mott expressou sua surpresa ja que no Brasil termo indigena e
utilizad o para den otar amerindio s. Mott tambem a
ch
ou curioso Brasil
estar in clufdo ent re os paises na
o-
ocidentais (Mott, 1982).
33. Antropol ogias nativi
sta
s seriam inspiradas em autores como E dw ard Said e
nos dis
cur
sos reflexivos p
6s-
mo dern os (Kup e
r
1994).
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 13/21
248
MARIZA G. S.
PEIRANO
uma ciencia social ali ada a sociologia e a historia, que nao deve
estar vinculada a
programas
politicos.
Se 0
tom
parece extemporaneo no Brasil, e que Kuper nao
antecipa
cosmopolitismos fora dos
centros
- tornando-se, ele
proprio, urn
exemplo de
paroquialismo metropolitano . Ele es
quece,
por
exemplo, 0
projeto multicentrado
que
os
antropolo
gos
indianos vern
propondo
desde
a decada de 60 (Uberoi, 1 ~ 6 8
1983;
Madan,
1994; Das, 1995) e as longas discussoes
sobre
0
estudo of one's own socie ty (Srinivas, 1955, 1966, 1979;
Uberoi,
1968; Beteille & Madan, 1975;
Madan,
1982a, b; Das, 1995).
Bern
antes das discussoes sobre a
etnografia
pos-moderna, a In
dia foi tambem exemplar como cena do renascimento unico da
revista Contributions to Indian
Sociology,
depois que Louis
Dumont
e David
Pocock,
seus
fundadores,
decidiram cessar a publica<;:ao
da revista em seu decimo ana (ver Madan, 1994). Os
debates
desenvolvidos
em
For a sociology
of
India ,
titulo do
primeiro
artigo
dos
editores
(Dumont
&
Pocock,
1957)
e
mais tarde, se
<;:2: regular
da
revista ji sediada na India, revelou
que
esse
era
urn espa<;:o
para
discussoes teoricas, academicas, politicas e, in
clusive, pedagogica s, envolvendo especialistas de virias origens e
orienta<;:oes. Se a ciencia e mais bern percebida
no
debate,
entao
esse forum de 40 anos
tem
uma historia das mais
interessantes
para
contar
34
.
Talvez
porque
estejam cientes de multiplas audiencias, alem
de casos de insensibilidade, antropologos indianos - parte de
uma
sociedade
que foi objeto de etnografias clissicas, mas que
nao abdica de voz propria - explicitam hi tempo seu lugar de
enuncia<;:ao: por exemplo, Madan (1982:266) menciona dois tipos
de conexoes triangulares: a) a rela<;:ao entre os pesquisadores
i11Siders, os
vindos de
fora e 0 grupo estudado, e b) a
rela<;:ao
34. Ver Peirano, 1992, para este debate; Latour, 1989, tern excelente discussao
sobre
debates na ciencia.
ANTROPOLOGIA NO
BRASIL
(ALTERIDADE CONTEXTUALlZt\DA)
249
entre 0 pesquisador, 0 agente financiador e
0
grupo estudado.
0
primeiro diz respeito a questoes eticas sobre a
disponibilidade
da
popula<;:ao estudada; 0 segundo,
sobre
a servidao ideologica do
pesquisad02
5
.
Mais
recentemente,
Das (1995) apontou para tres
tipos de dialogos: com a) as tradi<;:oes ocidentais
de
scholarship na
disciplina; b)
com
0 cientista social
indiana;
e
c) com
0
nativo,
cuja voz esta presente tanto com o informa<;:ao obtida na pesquisa
quanto textos
escritos da tradi<;:ao. Nesse sentido, a
antropo
logia na India avalia e refina, ao
mesmo
tempo,
0 discurso
antro
pologico e 0 conhecimento sobre a sociedade do pesquisador
36
.
(Em contraste com 0 caso indiano, evitamos questionar quais
seriam
nossos
interlocutores
possiveis e desejaveis,
fixando-nos
em dialogos, na maior parte das vezes, virtuais.)
ALTERIDADE EM CONTEXTO
A institucionaliza<;:ao das ciencias sociais
como
parte do pro
cesso
de
nation building e urn
fenomeno
conhecido (E. Becker, 1971,
para Fran<;:a e Estados Unidos; Peirano, 1981; O. Velho, 1982,
para
Brasil; Saberwal, 1982, para India), tanto quanto 0 paradoxo
da
existencia
de uma
ciencia social critica sobrevivendo aos i nteresses
das elites que a criaram.
Nesses
momentos, a nova ciencia social
35.
Madan chama
a aten<;ao para
0
caniter marginal
do
antropologo insider e
sua ambivalencia
entre os
desafios de constru<;ao teorica e a tarefa de
critica social; no
caso do
antropologo
outsider,
sugere
que
suas
preocupa
<;6es
podem
parecer
inusitadas, desnecessarias e ate perniciosas aos ifuiders.
36. Relembro que antropologos
outsiders
que pesquisaram a india tam bern se
engajaram em debates com especialistas
insiders,
alguns deles tendo influ
enciado ambos os lad os. Bons exemplos sao 0 debate
entre
Dumont e
Srinivas, as rea<;6es de Dumont ao filosofo india no Saran (cf. Srinivas,
1955, 1966;
Dumont,
1970, 1980; Saran, 1962), assim
como 0 desacordo
dos historiadores da Subaltern School
(Guha Spivak, 1988)
com Dumont
e a recep<;ao desses historiadores na Europa e alhures.
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 14/21
250
MARIZA G. S.
PEIRANO
nao
e especializada
porque
0 projeto
de
constru<,:ao nacional e
ideologicamente mais abrangente
que
as disciplinas academicas.
Em
outras palavras, a alteridade raramente e descompromissada e
os aspectos
interessados , no
sentido weberiano, sao muitas ve
zes explicitos. A antropologia e a sociologia separam-se,
em
urn
processo ao mesmo
tempo
politico, institucional e conceitual,
onde
e quando se favorec em especializa<,:oes - 0
que geralmente
aCOl
if
e
ce quando 0
processo
de constru<,:ao nacional
avan<,:a
historica
mente. esse
quadro
que abriga 0
diilogo
triangular indicado
anteriormente pelos soci6logos indianos: de urn lado, com os cole
gas antrop6logos e soci6logos da mesma
comunidade
nacional; de
outro, com as tradi<;:oes metropolitanas
de conhecimento
(passadas
e presentes) e, ainda, com os sujeitos da pes qui sa.
No Brasil dos anos 30, a ciencia social foi adotada para prover
uma
abordagem cientifica ao projeto de uma nova na<,:ao. Acredita
va-se
entao que, no devido tempo, a ciencia social iria substiruir 0
ensaio socioliterario
que
havia
ocupado
aqui, "mais que a ftlosofia
ou as ciencias humanas, 0 fenomeno central da vida
doespirito
(Candido, 1976:156). Assim, dos anos 30 aos 50, por sociologia se
entendia 0 leque das ciencias sociais que hoje concebemos como
independentes, mas
gestava-se uma sociologia feita-no-Brasi
-
que
na
verdade se tornou
hegemonica durante
as decadas seguintes.
Enquanto
isso,
os estudos
etnol6gicos de grupos indigenas repre
sentavam 0 modelo
canonico para
a antropologia,
mas
logo esta
passa a se apropriar de temas considerados socio16gicos - s6 que
agora
sob
0 olhar da diferenra social
e/ou
cultural. De qualquer
forma, sociol6gicos ou antropo16gicos,
os
temas empiricos eram
encontrados
dentro
das fronteiras nacionais; se a dimensao politica
da ciencia social estava presente, tambem era inquestiomivel 0 desa
fio de refinamento te6rico (ver Fernandes,
1958 37.
37. De
forma
diversa a
Kuper, que
prop6e 0 alheamento das questoes politi
cas, Fischer
(1988) sugere
que
os antrop610gos
norte-americanos
nao de
sempenham
0
mesmo
pape
que
os antrop610gos brasileiros
como
intelec-
ANTROPOLOGIA NO
BRAS IL (ALTERlDADE CONTEXTUALlZADA) 251
A ciencia social feita no Brasil nunca fez parte
integrante
do
circuito dos centros reconhecidos de produ<,:ao intelectual, e os
soci610gos
indianos nos
indicam que a lingua portuguesa
nao
e 0
unico
motivo
de
exclusa0
38
•
Nesse contexto, curiosamente,
consideramo-nos interlocutores legitimos de
autores reconheci
dos da
tradi<,:ao ocidental,
em
urn
processo no
qual 0
isolamento
do portugues tern afinidade
com
0 papel reservado ao cientista
social no pais, direcionado as questoes politicas nacionais. Estamos
sempre, mais ou menos confortavelmente, em casa.
Assim
se
justificam, de urn lado, os limites estrategicos que, como vimos,
informam
a
escolha
da alteridade; de outro, 0 fato
paradoxal de
que,
quando procuramos diferen<,:as, muitas vezes acabamos por
encontrar uma suposta singularidade (que e "brasileira")39. E pre
ciso reconhecer,
no
entanto, 0 aspecto sociol6gico positivo: esse
processo complexo de lealdades intelectuais e politicas, 0 labirin
to de caminhos dentro do universo possivel, assim como 0 qua
dro
variado
de interlocutores
(presentes
e ausentes)
ao longo
do
tempo contribuiram
para
a consolida<;:ao de uma comunidade
academica efetiva.
Com
esta
nota
positiva, encerro procurando
resumir
alguns
pontos:
m
termos de exotismo. A diferen<,:a, quer social
ou
cultural,
mais que 0
exotismo,
chama a aten<,:ao
dos
antrop6logos quando
estes procuram a alteridade
no
BrasiL Essa caracteristica talvez
explique por
que,
em crise em lugares onde
0
exotismo marcou a
antropologia, aqui
os praticantes
da disciplina partilham urn ho
rizonte
otimista.
tuais publicos nao por falta de engajamento, mas devido it perda de uma
bifocalidade, able to be
trained
simultaneously at home and abroad on
American culture as it
transforms
(and is transformed) by global society"
(1988:13).
38. Ver 0 excelente
depoimento
de Schwartzman (1985)
sobre
a vida intelec·
tual
na peri
feria.
39. Ver
DaMatta,
1984; Fry, 1995a, para diferentes. enunciac;:oes .
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 15/21
252
MARI Z A G. S. PEI RANO
Em termos politicos.
Presente sempre
que
uma
clencia social
se desenvolve, a dimensao polftica e aqui direcionada para urn
tipo especifico de ideario de construc;:ao nacional,
no
qual dife
renc;:as devem
ser
respeitadas e uma singu laridade nacional
esclarecida (ver
Candido,
1958; Peirano, 1981; Bomeny
et al.,
1991; Schwartzman, 1991; H. Becker, 1992; Reis, 1996, 1998).
Em termos teoricos. Parte do Ocidente, mas nao falando ~
lingua internaciona l, a dimensao tearica assume urn pape cdti
co
como
0 caminho
nobre para
a
modernidade.
Mas,
no
Brasil,
a dimensao polftica
da teoria
e urn aspecto familiar e,
nesse
contexto, com
frequencia
objetos de estudo decorrem de esco
lhas que sao, na verdade, tearico/politicas.
Assim, abre-se
espa
c;:o para opc;:oes variadas. Primeiro, para 0 puro mimetismo: tra
ta-se, aqui, de urn arremedo de participac;:ao em urn
mundo
homogeneo que nao
existe e,
nao
raro,
da
absorc;:ao
de modelos
estrangeiros imediatos
como
0
caminho
mais
curto para
0
mun
do modern0
40
•
Segundo,
e possive vis lumbr
ar
uma variac;:ao
da
opc;:ao anterior: trata-se de uma
pratica
na
qual
os dados sao
nossos e a
teoria
e sempre importada. (Quem nao assistiu
a
apresentac;:ao de trabalho em que 0 padrao segue a
sequencia
ritual na qual 0 tema se ilumina de fo rm a espond.nea pe a sim
ples invocac;:ao
do autor em
yoga,
que
tambem ratifica a
inter
pretac;:ao?) Em outras palavras, abre-se mao da interlocuc;:ao en
tre
dados e
teo
ria e faz-se dos
primeiros,
os dados, mera ilustra
c;:ao
da segunda - a teoria . Ha uma terceira opc;:ao, mais renta
vel: ela
surge
quando
procuramos
expandir,
redirecionar
e
am
pliar
questoes anteriores, criando
assim
novos dados,
novas re
alidades e propondo novos problemas. Nesse caso, a C1encia
social
(e
a
antropologia como
parte dela)
passa
a se
definir
40. Ver 0 ensaio s
obre
literatura e
subde
senvolvimento
em
Candido (1987).
Para
Costa
Pinto. trata-se daquele tipo de "deslumbramento alvar diante de
formulas e conceitos
importados.
que parec[em]
corretos
pela tmica condi
<;ao de
serem estra
ngeiros
(1955:24).
A N
TRO[>OLO
G IA
NO
B
RAS IL (AL
T E RI DAO E CON T E XT UALl Z AO,\ )
253
como eterna construc;:ao e superac;:ao de si mesma, 0 novo se
con
struindo so
bre
os
ombros de antecessores
.
Mas tal
prajeto
nao e simples.
Ele
depende
tanto do domi
nlO segura da s teorias classicas e contempo d.neas
quanta
da
etnografi
a acurada e impecavel. Se e correto pensar que
uma
" cultura mundial
dos
tempos precisa
de constante
s
empresti
mos,
tant
o na
direc;:ao
das metrapoles para as periferias ideolagi
cas quanto no sentido
oposto,
a
promessa
aqui implicita e a de
urn dialogo tearico e empirico que ultrapasse barreiras nacionais
- trara-se de desenvolver "uruversalismos plurais" que siruem,
inclusive, os universa lismos metrapolitanos e, ao mesmo tempo,
reflitam a contingencia de viverm os no Brasil.
Referencias
ibliograficas
E sle
en
saio i dedicado a Ju
lio
Cezar M e/alti,
que primeiro
lIIe
ensinou a ortodoxia.
ALMEIDA. Mi. , Uel Vale. 1996. Marialvismo: a moral di scourse in the Portugues e
transition to modernity. Brasilia : UnB. S in e nt ropologia 184.
AMORIM.
Paulo M. 1970/ 1971. indios camponeses: os Potiguara da
ba
ia da
Trai<;ao. Revista do Museu PauliJta 19: 7-96.
ANDERSON .
Perr
y 1968. The components of a national culture. N
ew
Left
R
evie
lv 5
0:
3-57.
AQUINO. Terri Vale. 1977. Kaxil/awti: de senl/gueiro caboc/o a peao acremlO .
Brasilia: Un B. disserta<;ao de mestrado.
ARRUTI . Jose Mauricio. 1996. 0 reencantamento do mundo. Traflla histlinca e arran-
j os terntonais Pank aram.
Ri
o de Janeiro: MN /UFRJ. disserta<;ao de mestrado.
ASAD.
Talal. (org.). 1973.
nthr
opology the colonial encounter.
Londres: Ithaca.
AZEVEDO. Tales. 1994. Os italianos no Rio Grande
do
Sui. Caxias
do
SuI: Edito
ra da Un i
v
Caxias
do
SuI.
BAINES. Stephen.
1991.
E
a Funai que
se
lb
e
Belem:
Mu
seu Emilio Goeldi.
1995 .
Impre
ss6es s obre a etnologia indigena
na
Australia. In:
CAR
DOSO
DE OLIVEIRA.
R. &
RUBEN. G. (
or
gs
.)
. pp. 65 -120.
BALDUS. Herbert.
1939. A necessidade
do
trabalho indianista no Brasil. Revis-
ta do A rquivo Municipal 5(
57
): 139-150.
t
n
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 16/21
254
MARIZA G. S.
PEIRANO
1954. Bibliografia comentada da etllologia brasileira. Sao Paulo: Souza.
1970.
Tapirape: tribo
tupi no Brasil
Central.
Sao Paulo: Cia .
Editora
Nacional.
BARRElRA, Irlys. 1998. Cbuva de paphs. Ritos e
simbolos
de campanbas eleitorais
no
brasil.
Rio de Janeiro: Relume Dumara.
BARRETTO FILHO, Henyo. 1997. Da nac;:ao ao planeta atraVes da natureza.
Brasilia: UnB,
Serie
Antropologia 222.
BARROS, Edir P. 1977. Kura BakairilKura KaraillJa: dois IlIllndofifem confronto .
Brasilia: UnB, dissertac;:ao de mestrado.
BASTOS,
Cristiana. 1996.
Antropologia
da
desordem
global: notas de uma
disciplina
em
reconfigurac;:ao. Anuario Antropol6gicol95: 151 -160. .
BECKER, Ernest. 1971. Tbe Lost Science of Mall. Nova York: George Braziller.
BECKER,
Howard.
1992. Social
theory
in Brazil. Sociological Tbeory 10: 1-5.
BETEILLE, A MADAN, T. N. (orgs.). 1975. Encounter and experience: personal
accounts
of
Fieldwork. Delhi: Vikas.
BEZERRA,
Marcos Otivio.
1999. Em lIome das bases. PoJitica, favor e dependencia
pessoai. Rio
de
Janeiro: Relume
Dumani.
_
BIANCO, Bela Feldman. 1992. Saudade, imigrac;:ao e a construc;:ao de
uma
nac;:ao
desterriorializada. Rev. Bras.
de
Estudos
de
Popu/arao 9(1): 35-49
1993. Multiplas camadas
de tempo
e
espac;:o: entre
imigrantes
por-
tugueses. Rev. Critica
de Ciencias
Sociais 38: 193-224. .
BIRMAN
Patricia. 1995.
Fazer
estilo
criando
generos. Rio de Janeiro: Relume Dum ara.
B O M E N ~ Helena;
BIRMAN, P.
PAlxAO, A. L. (orgs.). 1991 . s assim
cbamadas ciincias sociais. Rio de Janeiro: Relume
Dumani.
BORGES PEREIRA,
Joao
Batista. 1967. Cor, profissao e llIobilidade: 0 negro e 0
radio de Sao Paulo. Sao Paulo: Pioneira.
BRUSCHINI, M. SORJ, B. (orgs.). 1994. Novos olbares: mulberes e
rela{oes
de
genero 110 Brasil. Sao Paulo: Fundac;:ao Carlos Chagas/Marco Zero.
CABRAL, Joao Pina. 1996. A difusao do limiar: margens, hegemoOlas e contra
dic;:oes na antropologia. Mana 2(1): 25-58.
CANDIDO
[MELLO E SOUZA), Antonio.
1958.
Informac;:ao sobre
so
ciologia
em Sao Paulo. In:
Ensaios paulistas:
510-521. Sao Paulo:
Anhambi.
1964. Os parceiros
do Rio Bonito.
Rio de Janeiro: Jose Olympio.
. 1976. Lileratura e sociedade. Sao Paulo: Cia. Editora Nacional.
. 1987. Literatura e subdesenvolvimento. In: A educa{ao peia
/loite
. Sao
Paulo: Atica, pp. 140-162.
r\NTROPOLOGI ,\ NO BRASIL ALTERID;\DE CONTEXTU;\L/ZADi\)
255
__
1995. 011 literallire and
society.
Pr inceton: Princeton Universiry Press.
CARDOSO, Ruth. 1995. Estmtllra familiar e mobilidade sociai.· eSIHdo dOJjaponeses no
Estado
de
Sao Paulo. Sao Paulo: Primus.
CARDOSO
DE
OLIVEIRA, Luis R. 1989. Faimess and (ofllfllunication
in
small
claillls C01l1 /S.
Harvard
Universiry, tese de doutorado.
1996. Entre 0 justo e 0 solidirio: os dilemas
dos
direitos de cidada
nia no Brasil
enos
EUA. Rev. B,i1J .
de Ciencias Sociais
31: 67-81.
CARDOSO
DE OLIVEIRA,
Roberto. 1963. Aculrura<;:ao e f
ricc;:ao
interetnica.
America Latina 6: 33-45.
1978.
A sociologia
do
Brasil
indigena.
Sao Paulo:
Tempo
Brasileiro.
1995. Identidade camE e ideologia etnica. Mana 1
1):
9-47.
1998. 0 trabalbo do antropdlogo. Brasilia:
Parale/o 15
CARDOSO
DE OLIVEIRA, R. RUBEN,
Guillermo.(orgs.). 1995. Estilos
de
Antrop%gia. Campinas: Unicamp.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. 1978. Os mortos e os OlitroS. Analise
do
sistema funerario e
da no[ao
de pessoa entre os KrahO. Sao Paulo: Hucitec.
1993. 0 fU/IiTO dCl qllestao indigena. Sao Paulo: Universidade de Sao Paulo.
CARNEIRO DA
CUNHA,
M. (org.). 1992. Histdn'a dos
indios
no
BraJif.
Sao
Paulo:
Companhia
. das Letras.
CARVALHO,
Jose
Jorge. 1992a. Jbango cult in
Recife,
Brazil. Caracas: Fundef.
1992b. Estetica da opacidade e da transparencia. Mito, musica e
ritual no culto de Xang6 e na tradi<;:ao erudita ocidental. AI/Hario An/ropo
IOgicol89: 83-116.
CASTRO FARIA
, Luiz. 1993. Antropologia. e.pe/aculo e exceiincia. Rio de Janeiro:
UFRJ
ITe mpo
Brasileiro.
CAVALCANTI, Maria Laura. 1994. Carnaval can oca: dos baslidores ao desji/e. Rio
de Janeiro:
Editora
da
UFRJ/MinC/Funarte.
CHAVES, Christine A. 1993.
Buritis:festCls,
politica e 1I10dernidade no ser/ao. Brasilia:
UnB, disserta<;:ao de mestrado.
COMERFORD,
John.
1999.
Fazendo
CI
lutCl:
sociabilidade, falas e rituais
na
conslrtl-
rao de
organi {afoes
call1ponesas.
Rio
de
Janeiro: Relume
Dumara
(no prelo).
COPET-ROUGIER,
E. HERITIER-AUGE , F. 1993. Commentaires sur
commentaire.
Reponse it E . Viveiros de Castro. L'Ho /I/Ie 33: 139-148.
CORREA, Mariza. 1982. s iltlSocs
da
liberdade. A cscolCl de Nina Rodrigues. Sao
Paulo: USP, tese de doutorado
_
1995. Damas cavalheiros de fina estampa, dragoes dinossau ros,
her6is vil6es.
In
:
0
eJlsino da
antropologia
no
Brasil.
Rio de Janeiro: ABA.
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 17/21
256
i\[ ,
IRI/
. I G. S. PEIR At-:O
, ' ·r ( )
1<'87. HiJtoria do
{111 ronolo
,oa
tlO
Brasil. festCIIJJltlbos: Emilio
CORREA, Iv mg r ,
Willems e DOllald Piersoll. Campinas:
Editora
da Unicamp.
COSTA
PINTO, Luiz
A.
CARNEIRO, E . 1955 /
Is
ciellcias sociais tlO Brasil.
Rio de Janeiro: Capes.
DAiYfATTA, Roberto. 1970. Apillcl)le
social strlfc/llre.
Harvard Un iversity, tese de
doutorado.
· 1973a.Ellsaios
de
a l l t r o p o l o . ~ i /
eslm/Jlml. Petr6polis: Vozes.
1973b. 0 oficio de
etn6logo
ou
como
ter
anthropologica
l
i
blues .
COlf/Jltlica coes do / J 1. Rio de Janeiro: MN / UfRj.
· 1 9 ~ 6 Quanto custa ser indio
no
BrasiP Dados 13: 33-54.
. 1976.
U ,
1Jllilido div
idido:
a fslmtllra Jocial rios i
nriio
s /
Ipitla),e
. Petr6polis:
Vozes.
· 1980. Cart/avais, ,alal/riros e herois. Rio de Janeiro: Zahar.
. 1981. RelalilJizallrio: //Ilia
i/J/roriJlfclo ci
all/ropolo
,gia Jocia/. Petr6polis: Vozes.
1984
0 qm
faz 0 Brasil, Bmsil? Rio de Janeiro: Guanabara.
· 1985.
A
C{ fa e C ma. Sao Paulo: Brasiliense.
- - - - .
1993, COIlIeI rie lIIen/iroso: se/e ensaios de C l i l / r o p o l o . ~ i a brasileim. Rio de
Janeiro: Rocco. .
DAS,
Veena . 1995. Critical
fVeI//S: all
a l l t b r o p o l o . ~ c a l
persp
ec
tilJf
11
COlilemporary
Illdla.
De lhi: Oxford University Press.
DIAMOND, S., (org.). 1980
/
/litbropolo.v': Clncestors Clnd beirs. Paris:
Mouton.
D
UARTE,
Luiz
F
Dias. 1986. Da vida mrvosa (ntis
clcwes
trabalbadoras IIrbanas).
Rio de Janeiro:
Jorge
Zahar/CNPq.
· 1989. freud e a imaginac;:ao sociol6gica
moderna.
In:
BIR
NfAN, J
- - - -
(org,). Frelld - 50 tlllOS depois . Rio de Janeiro: Relume Dumari. .
.
· 1990 A representac;:ao do lIervoso na cultura literaria e
sO
CJOloglca
do
---s-e-cu-Io XIX e comec;:o do seculo XX. Anllario / Jlltropol6gico/87: 93-11
6.
· 1995. formac;:ao e
ensino
na
antropolo
gia social: os dilemas
da
---u-n-iv-ersalizac;:ao rom antica. In: 0 ellSitlo da aillropologio. Rio
de
Janeiro: ABA.
· 1996. Distanciamento, retlexividaue e interiorizac;:ao
da
pessoa
no
- - - -
Ocidente.
MallCi
2(2): 163-1976.
· 1997. Dais ~ i J J e s bistoricos
das
relafors ria a l l t r o p o l o . ~ i a COlli a psicallaiise 11
-----
S . . ' Cl'e'ncias Sociais,
Estado
e Sociedade.
Brasil.
Apresentado no
emmano
Rio de Janeiro: MN/UfRj. .
DUMONT, Louis. 1970. R e / z ~ i o l l , politics anri bislory illll lriia. Pans: Mouton. ,
. 1978. La communau te
anthropologique
et I'ideologie. L 'Homlfle 18:
- - - -
83-
11
O
A
NTRllP
O LOG IA N O BRASIL (ALTERIDADE Cll NTEXT
UA
LI ZA DA)
257
1980. Homo hierarchiCJIs: the cCisle systemallditsilllp/icatiolls.Chicago:
University of Chicago Press.
- 1994. German
ideology.
From Frallce
to
Germe/II} ami back, pp . 3-16.
Chicago: University of Chicago Press.
DUMONT, Louis POCOCK,
D.
1957. for a sociology of India. Contributions
/0
Illriian Sociology
1: 7-22.
DURKHEIM, E.
1996. A s fonnas
elemenla
r
es
da vida
relig
iosa.
Sao Paulo:
Martins
Fontes.
ECKERT,
Cornelia. 1991. Une ville autrefoi miniere:
/a
grand-c
ombe.
Etllde
ri'alllhropologie
sociale.
Paris
V,
tese de do utorado.
EVANS-PRITCHARD, E. E.
1951. Social Anthropology. Londres: Cohen West.
FAHIM, H. (org.). 1982.
Indigenolls anthropology
ill nOIl-lllestem cOlintries. Durham,
NC: Carolina Academic Press.
F AU
STO,
Carlos. 1997.
A dialetica da preda{ao e
amiliariZCl{ao entre
os Parakalla da
Amazonia
oriental.
Rio de Janeiro: MN/UFRJ, tese de doutorado.
fERNANDES,
Florestan. 1958. 0
pa
drao
de
trabalho cientifico dos soci61o
gos brasileiros. ESludos Sociais e
Polilicos
3. Belo Horizonte: UFMG
1961. A unidade das ciencias sociais e a antropologia. Anhembi
44(132): 453-470.
_ . 1963. A organi
zarao
social rios Tllpinambd. Sao Paulo:
Difusao
Euro
peia
do
Livro.
1970. A f n{ao social da guerra
na
sociedade TlIpilla ,ba. Sao Paulo :
Pioneira.
_ _ . 1972. 0
lIegro
no If/undo dos bran cos. Sao Paulo:
Difusao
Europeia do
Livro.
_ __ 1975. A illvestigarao elnologiea 11 Brasil e olliros erlSaios. Petr6polis:
Vozes.
1977. A sociologia no Brasil. Petr6polis: Vozes.
FIGO LI ,
Leonardo.
1995. A antropologia na
Argentina e
a construc;:ao
da
na<;:ao. Ver CARDOSO DE O LIVEIRA,
R.
RUBEN, G. (orgs.),
pp
.
31
-64.
FISCHER, Michael M.
j.
1988. Scienti
fi
c
theory and
critical
hermene
utics.
Cullural Anthropology 3(1): 3-15.
FONSECA, Claudia. 1986. Clochards et dames de charite: une etuue de cas
parisien. Etbnologie Frall{aise 16(4): 391-400
_ _ . 1997. Totem
e
xamas na p6s-graduac;:ao. Anucirio Afllropo16gico/96:
33-48.
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 18/21
258
MARIZA
G.
S.
PEIRANO
Fry, Peter. 1991. Politicamente correto em um lugar, incorreto em outro.
Estu
dos
Afro-asiaticos
21: 167-177.
1995a. Why is Brazil different?
Times Literary Supplement,
Dec. 8, n.
4.836: 6-7.
_ . 1995b. Forma<;ao ou educa<;ao: os dilemas dos antrop610gos peran
te a grade curricular. In:
0
ensino da
antropologia
no Brasil. Rio de Janeiro:
ABA.
_
1998.
Cultures
o difference:
colonial
legacies in ZimbabllJe
and Moz:a1 J:ique.
Palestras proferidas
na
Universidade de Cambridge em
30/11
e 4/12.
GASPAR, Maria Dulce. 1985.
Garnlas de programa: prostiluifao em Copacabana e
identidade social.
Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor
.
GEERTZ, Clifford. 1983.
Local knowledge:furtber essays in interpretative antbrop gy.
Nova York: Basic Books.
GERHOLM,
T. & HANNERZ, U
1982. Introduction: the shaping
of
national
anthropologies.
Etbnos
42: 5-35.
GOLDMAN, Marcio. 1994.
Razao e diferenfa: afetividade, racionalidade e relativismo
no pensamento de
U1 ) ,
-Brtlbl. Rio de Janeiro: Grypho.
GON<;:ALVES, Marco Antonio. 1993.
0
significado
do nome: cosm%gia e nominafao
entre os
Piraba.
Rio de Janeiro: Sette Letras.
GREGORI, M. F 1993.
Calas e queixas:
mil/beres,
relafoes violentas epratica feminis
ta.
Rio de Janeiro: Paz e
Terra/
Anpocs.
GROSSI,
lvliriam
&
PEDRO, J M. (orgs. . 1900.
MascII/ino, jeminino, p/ural:
genero na interdisciplinaridade.
Florian6polis: Ed. Mulheres.
GRUBER,
J (org.). 1997.
0 fivro
das arvores. Benjamin Constant: Organiza<;ao
Geral dos Professores Ticuna Bilingiles.
GRYNSPAN,
Mario. 1994. s
elites da teon·a.
Rio de Janeiro: MN/UFRJ, tese
de doutorado.
GUHA, R. & SPIVAK, G. (orgs.). 1988. Selected subaltern studies. Oxford: Oxford
University Press.
KANT DE
LIMA, Roberto. 1985.
A antropologia
da
academia: qllando
os indios
somos
nos. Petr6polis/Niter6i: Vozes/UFF.
_ . 1991. Ordem publica e publica desordem: modelos processuais de
controle
social em
uma
perspectiva comparada.
Amtario AntropoMgico/88:
21-44.
__
1995.
A
policia da cidade do
Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro: Forense.
KUPER, Adam. 1994. Culture, identity and the project
of
a cosmopolitan
anthropology.
Man
(NS) 29: 537-554.
ANTRUPOLOGIA NO BRASIL ALTERIDADE CONTEXTUALIZADA) 259
KUSCHNIR, Karina. 1998. Politica
e sociabilidade.
Um estudo de
antrop gia J·ocia/.
Rio de Janeiro: MN/UFRJ, tese de doutorado.
LARAIA, Roque de Barros. 1964. Resenha de
A organizafao
socia/
dos Tupinamba,
de Flores an Fernandes.
America Latina
7(3) : 124-125.
1986.
Tup;:
indios do
Brasil
atuaL Sao Paulo: FFLCH/USP.
1993.
Los
indios de BrasiL Madri: Mapfre.
LARAIA, R. & DAMATTA, R. 1967.
jndios e
castanbeiros. Sao Paulo: Difusao
Europeia do Livro.
LATOUR, Bruno. 1989. Pasteur et Pouchet: heterogenese de l'histoire des
sciences. In:
E/ements d'bistoire
des sciences, SERRES, M. (arg.), pp. 423-445.
Paris: Bordas.
LEITE LOPES, Jose Sergio. 1976.
0
vapor do diabo. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
LEPENIES, Wolf. 1977. Problems
of
a historical study
of
science. In:
MENDELSOHN,
E. WEINGART,
P. &
WHITLEY (orgs.).
Tbe social
production o
scientific knowledge
1:55-67.
LEVI-STRAUSS, Claude. 1952. Les
structures
sociales dans
Ie
Bresil central
et
oriental. In:
TAX, S.
(org.) .
Indian tn·bes
o
AboriginalAmerica.
Chicago, pp.
302-310.
. 1956. Les organisations dualistes, existent-elles?
Bijdragen Tot
de
Taal-, Land- en Volkenkunde 112:199 128.
. 1960.
On
manipulated sociological modes. Bijdragen
Tot
de Taal-,
Land-
en
Volkenkunde 116:45-54.
_. 1961. La crise moderne de l'anthropologie.
Le
Courrier, Unesco,
XIV(11): 12-17 (traduzido e publicado em portugues na
Revista
de
Antropo
logia
10(1-2): 19-26).
LIMA, Tania
S.
1995.
A parte
do
cauim. Etnografia Jurtlna.
Rio
de
Janeiro:
MN
UFRJ, tese de doutorado.
LINS
DE
BARROS, Miriam. 1989.
Autoridade e afeto:
avos,
filbos e mtos
na
familia
brasileira.
Rio
de
Janeiro:
Jorge Zahar
Editor.
LOPES DA SILVA, Aracy. 1986.
Nomes e
amigos: da
pratica Xavante a
till/a reflexao
sobre os
Ji Sao Paulo:
FFLCH/USP.
MADAN, T.N. 1982. Indigenous anthropology in non-western countries: an
overview. In:
FAHIM,
1982, pp. 263-268.
.
1994. Patbways: approaches
to
tbe
study
o
society
in India.
Delhi:
Oxford
University Press.
MAGALHAES,
A.
C
1994.
Os
Parakal1a: espafos de
socializafao e
suas artictllafoes
simbolicas.
Sao Paulo: USP, tese de doutorado.
f:
l
i'
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 19/21
262
l\L\RIZA
G S
P E IR
ANO
1997.
Onde esti
a antropologia? Mana 3(2): 67-102.
1998. When anthropology is at home .
The
different contexts of a
single discipline. Annllal Review
of
Anthropology 27: 105-128.
1999.
The
pursuit of anthropology. Indian Social Science Review 1(1).
PEIXOTO, Fernanda. 1998. Levi-Strauss no Brasil: a forma<;:ao do etn610go.
Mana 4(1): 79-107 .
PONTES,
Heloisa. 1998.
Destinos mistos. Os criticos
do
grupo Ciima em Sao Palllo,
1940-68. Sao Paulo: Companhia das Letras. 1$
PESSANHA,
E.
VILLAS BOAS, G. (orgs.). 1995 . Ciencias sociais. Ensino e
pesquisa na graduarao. Rio de Janeiro: JC Editora.
QUEIROZ, Renato. 1995. 0 caminho
do
paraiso: 0 surto messi mico-miienan'sta
do
CaMe. Sao Paulo: FFLCH/USP/CER.
RAMOS,
Alcida Rita. 1972. The social system
of the
Sam;ma of Northern Brazil.
Universiry of Wisconsin, tese de doutorado.
· 1978.
Tecnonimia
e conceitualiza<;:ao social
entre
os indios Sanuma.
Anuario
Antropol6gico/77:
148-167.
1979.
Rumor:
the ideology of an inter-tribal situation. Antropologica
51 :3-25.
· 1990.
Memoria Sanuma. Esparo e tempo em uma sociedade Yanomami.
Sao
Paulo: Marco Zero/Editora da UnB.
· 1995. Sanuma memories: Yanomami ethnography in times
of
crisis. Madison:
Universiry
of
Wisconsin Press.
1998. Indigenism: ethnic politics in Brazil. Madison: University
of
Wisconsin Press.
REIS,
Elisa P 1996. Making sense of history: political soc iology in Brazil.
Current Sociology 44: 81-105.
· 1998. Processos e escolhas. Estudos de sociologia poiitica. Rio de Janeiro:
Contracapa.
RIBEIRO, Darcy. 1957. Culturas e linguas indigenas do Brasil. Edllcarao e Cien-
cias Sociais 2: 5-100.
1962.
A Po/ihca indigenis/a brasileira.
Rio de Janeiro:
l\1in.
d
Agricultura.
RIBEIRO, D. & RIBEIRO, B 1957. Arte piliman'a dos indios Kaapor. Rio de
Janeiro: Seikei.
RIBEIRO, Fernando
Rosa. 1994. A constru<;:ao da na<;:ao na Africa
do
Sui. Serie
Estlldos Ciencias Sociais
3 Nucleo
da Cor/IFCS.
RIBEIRO,
Gustavo
Lins. 1991. Empresas transnan'onais:
tltll
grande projeto
por den-
Ira. Sao Paulo:
Marco Zero/ Anpocs
.
I
ANTROPOUlG
I
,\
N O
BRASIL (ALTERIDADE
CONTEXTUi\l.IZi\DA)
263
1996. BraziliallS are
hot,
Americans
are cold.
A nOfl-slruclural isl approach
10 San Francisco s carnival.
Paper apresentado
no Encontro cia American
Anthropological Association, San Francisco.
RIBEIRO, Rene. 1978. Cullos afro-brasileiros do
Recife.
Recife: MEC/lnstituto
Joaquim
Nabuco.
RUBEN, Guillermo R
1995.
° tio materno
e a antropologia quebequense.
Ver
CARDOSO
DE
OLIVEIRA RUBEN,
G
(orgs.), pp. 121-138.
SABERWAL, Satish. 1982. Uncertain transplants: anthropology and sociology
in Ind ia. Ethnos 42(1-2): 36-49.
SALEM, Tania. 1985. Familia em camadas medias: uma revisao da literatura.
Bo . do Mllseu Nacional (NS) 54.
SAN CHIS, Pierre. 1983. Arraia/, festa
de
11m java: as romarias porluguesas. Lisboa:
Publica<;:oes
Dom
Quixote.
1995. Uma leitura sobre 0 ensino
cia
antropologia em questao .
In: 0 emino da antropologia. Rio cle Janeiro: ABA.
SANTOS, Silvio C 1982. 0 itldio peratlte 0 direilo. Florian6polis: Editora cia UFSC.
1989. Os povos indigetlas e a comliluitlte. Florian6polis: Eclitora da
UFSC.
SARAN,
A.K.
1962.
Review
of
Contributions
to
Indian Sociology
n
IV The Eastem
Antbropologtsl 15: 53-68.
SCHADEN,
Egan. 1954a. Aspectos jimdalllentms da cultllra Guarani. Sao Paulo:
Difusao Europeia do Livro.
1954b. ° estudo do indio brasileiro onlem e hoje. America Indigena
14(3): 233-252.
1955a. Karl
von den
Steinen e a
etnolo
gia bra sileira. In: Ana;s do
31 COtlgresso Intemacional de Alllen'canistas, pp. 1153-163.
1955b. As culturas indigenas e a
civiliza<;:ao
In: Anais do
l
COllgresso
Brasileiro
de
Sociologia, pp. 189-200.
SCHWARCZ, Lilia. 1996. 0 espetaculo das raras: cientlslas, inslitlliroes e questao racial
11 Brasil. Sao Paulo: Companhia clas Letras.
SCHWARTZMAN,
Simon. 1991. A space for
science: tbe
development
of
Ibe scientific
community ill Brazil. University Park,
PAc
Pennsylvania State Universiry Press.
1985. In tellectual life in the periphery: a personal tale.
Apresentado
no COtlgresso MUlldial de Soci%gia, Nova Delhi.
SCO
TT, Russel Parry. 1992.
°
dia do
pagamento
e 0 fim de se
man a:
0 salario
e a transforma<;:ao dos rituais anuais de conflito na platltalion. Anuario
AIIITopoldgico/89: 117-130.
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 20/21
264
MARIZA G. S. PEIRANO
SEEGER, Anthony. 1980.
Os indios enos. Estudos sobre sociedades tribais
brasileiras.
Rio de Janeiro: Campus.
1981. Nature and
society
ill Central Brazil. Cambridge, MA:
Harvard
Universiry Press.
SEGATO, Rita. 1986.
Inventando
a natureza: familia, sexo e
genero no
xang6
do
Recife. Arll/ario AntTopolOgico/85: 11-54.
SEVCENKO, Nicolau. 1983.
A literatllra
C 1ll
1IIissiio.
Tensaes sociais
e cria[iio
cultural na Primeira Reptiblica. Sao Paulo: Brasiliense. l;
SEYFERTH, Giralda. 1985. Heran<;a e
estrutura
familiar camponesa. Bo
do
Museu Nacional
52.
1990.
Imigra[iio e
Ctlltura
110 Brasil.
Brasilia:
Editora da
UnB.
SIGAUD,
Lygia. 1980. A na<;ao
dos
homens. Anuario AntropolOgico/ 78: 13-114.
SOUZA
LIMA, Antonio
Carlos. 1995.
Um
grande cerco
de
paz· Perr6polis: Vozes.
SRINIVAS, M. N. 1952.
Religion
and
society
among tbe Coorgs oj Soutb Illdia. Oxford:
Clarendon.
_
1955. Village studies and their significance. Tbe Eastem Antbropologist
8: 215-258.
1966.
Some thoughts
on the study of one's own sociery. In: Social
Cbange in Modemllldia, pp. 147-163. New Delhi: Allied.
SRINIVAS, M. N. (org.). 1979. Tbe fieldlvorker and tbe field.
Oxford:
Oxford
Universiry Press.
SUAREZ,
Mireya BANDEIRA,
L
(orgs.). 1999. Vio/encia,
genero
e crime
110
Distrito Federal. Brasilia: Editora
da
UnB/Paralelo 15.
TEIXEIRA, Carla Costa. 1998. A
bonra
da politica. Decoro par/amentar e cassar
iio
de
mandato no COllgresso NacionaI1949-1994. Rio de Janeiro: Relume Dumara.
TEIXEIRA PINTO, Marnio. 1993.
Rela<;6es
de subscincia e
classifica<;ao
social:
alguns aspectos da organiza<;ao social arara. Anuario Antropof6gico/90: 169-204.
1997. leipari: sacriftcio e vida social entre os indios Arara (Caribe). Sao
Paulo: Hucitec/Anpocs.
THOMAS, Nicholas. 1991.
Against
ethnography. Cultural Antbropology 6 3):
306-321.
TRAJANO FILHO, Wilson. 1993a.
° uto
do carnaval em Sao Tome e Princi-
pe. Anuario Antropof6gico/91: 189-220.
_ . 1993b. A
ten
sao entre a escrita e a oralidade na Guine-Bissau.
Sorollda (Revista de Estudos
Guineenses)
16: 73-102.
1998. Polymorpbic
creoledom: tbe
"creole
society"
of Guinea-Bissau. Universiry
of Pennsylvania, tese
de doutorado.
ANTROPOLOGIA NO BRASIL ALTERlDADE CONTEXTUAl.lZADA)
265
TRAVASSOS, Elizabeth. 1997. Os 1I1aJldmin.r
lIIilagrosos. Arte
e
etnograjia em
Mario
de
Andrade e Bila Bartok. Rio
de
Janeiro:
Joge Zahar
Editor.
TURNER, T
1991. Representing, resisting. rethinking: historical
transformation
of
Kayap6
culture. In: STOCKING
JR.,
G. (org.). Colonial Situations.
Madison: The Universiry of Wisconsin Press.
UBEROI, ]. P. S. 1968. Science and swaraj. Contributions to Indian Jociology 2:
119-128.
. 1983.
Tbe atber tIIind of
Europe: Goetbe as
scientist.
Delhi:
Oxford
Universiry Press.
VELHO, Gilberta. 1972. A
utopia urbana:
im estlldo
de
antropologia sociaL Rio de
Janeiro:
Jorge Zahar
Editor.
_. 1975. Nobres e an/os: JltII estudo
de toxicos
e hierarqJlia. Sao Paulo: USP,
tese de
doutorado.
. 1978.
Observando
0 familiar. In: NUNES,
E.
(org. . A aoelltura
sociof6gica, pp. 36-46. Rio
de
Janeiro: Zahar.,
_. 1981.
IndividuaiisJllo
e CultuTa. Rio
de
Janeiro: Zahar.
. 1986. Jubjetividade e sociedade: JI 7Ia e x p e r i e ~ l c i
de
gera[iio. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor.
. 1994. Pro/eto e lJJetaJllotjose. Antropoiogia
das
sociedades cOlJJpiexas. Rio de
Janeiro:
Jorge Zahar
Editor.
VELHO, G (org.). 1980.
0
desafio da
cidade.
Rio de Janeiro: Campus.
. 1995. Quatro
via
ens: antropologos
brasileiros
no exterior. Comllnicaraes
do
PPGAJ 6. Rio
de
Janeiro: Museu
Nacional/UFRj.
VELHO, Otavio. 1972. Frentes de expansao e eJtrutllra agraria. Rio de Janeiro:
Zahar.
_. 1976. Capitalismo autorittino e campesillato. Sao Paulo: Dife '
1982. Through Althusserian spectacles: recent social anthropology
in Brazil. Ethnos 47(1-2): 133-149.
1995. Bestajera. Recriariio do lIlJ/ndo. Rio de Janeiro: Relume Dumara.
VIANNA,
Hermano.
1995. 0 mistin'o
do
samba. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar
Editor/Editora
da UFR].
VIDAL,
Lux. 1977. Morte e vida de uma
sociedade
inJigena
brasifeira: os
Kqyapo
Xikn'n do
Rio
Catete. Sao Paulo: Hucitec.
VILHENA, Luis Rodolfo da Paixao. 1997. Profeto e
missao:
0 7IovirlJeflto jo/cf6rico
brasileiro
(1947-1964). Rio de Janeiro: Funarte/Funda<;ao GetUlio Vargas.
VILLAC;:A, A. 1992.
Comendo
cO/JlO gente:jorl 1as do canibalis/JIo
[Pari.
Rio de Janei
ro:
Anpocs/UFR].
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)
http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 21/21
266
MARI
ZA
G. S PEIRANO
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 1986. AraJvete: os deuses canibais. Rio
de
Janeiro:
Zahar/
Anpocs.
_ . 1992.
From
the enemy s
point
of
view. Humanity and divinity in an
Amazonian
soci
ety.
Chicago: University
Chicago
Press.
_ . 1993. Structures, regimes, strategies .
L'Hofllme
133: 117-137.
1994
.
Une
mauvaise querelle.
L 'Homme
34: 181-191.
_
1995b. Pensando 0
parentesco
amerindio. Ver CASTRO, 1995a, pp.
•
1995c. Sobre a
antrop
ologia hoje: te(i)mas para discussao. In: 0
ensino da antropologia.
Rio de Janeiro: ABA .
1999. Ernologia brasileira:
rota<;:ao
de perspectiva. Ms .
VIVEIROS
DE CASTRO, E.,
(org.). 1995a.
Antropologia do parentesco: estt/dos
amerindios.
Rio de Janeiro: Editora da UFRJ
VIVEIROS DE CASTRO, E.
FAUSTO,
C 1993. Puissance et l'acte: la
parente
dans
les basses terres
d'Amerique
du
Sud
.
L'Honlt lt
33 (2-4):
141-170
.
WAGLEY, Charles. 1977. Welcome
of
te
ars: the Tapirape Indians
of
Central Brazil.
Nova
York:
Oxford
University Press.
WAGLEY, C
GALV
Ao, E. 1949. The Tenetehara IrJdians
of
Brazi l: A culture
in transition.
Nova
York: Columbia University Press.
WILK, R. 1999. Consuming America. Anthropology Nelvsletter 40(2): 1,4.
WOORTMANN, Ellen. 1995. Herdeiros, parelltes e
com
padres. Sao Paulo/Brasilia:
Hucitec/Editora da UnB.
WOORTMANN,
Klaas. 1990. Com
parente nao
se neguceia:
0 campesinato
como ordem moral. Anuario
AntropoMgico/87: 11-76.
1997.
Sobre
a forma<;:ao
de
antrop610gos. Anuario AntropoMgico/96:
9-31.
ZALUAR,
Alba. 1985.
A maquina e a
revolta. s
organizafoes populares e
0
significado
da porbreza. Sao Paulo: Braziliense.
1993. Relativismo cultural
na
cidade?
Ant/ario AntropoMgico/90:
137-
156.
1994. Cidadaos nao vao ao paraiso. Sao Paulo: Escuta.
ZATZ, Ines. 1986.
Catireiros e candangos: a construfao de identidade
em
Planaitina,
DF. Brasilia: UnB, elisserta<;:ao de mestrado.
INTRODU<;:Ao
QUESTAo RACIAL
E ETNICIDADE
1
Lilia
K Moritz
SchJvarcz
Esse
texto
pretende realizar urn breve balanc,:o sobre os es
tudos
que
lidaram, nos ultimos vinte
anos, com
essas duas
tematicas, buscando, porem, inter-relaciona-las. 0
obje vo nao
e
esgotar a produc,:ao, mas refletir, a partir desses dois recortes,
sobre
particularidades
da
produc,:ao brasileira marcada
por
eixos
historicos e geograficos peculiares. Com efeiro, como 0 nativo
sempre
esteve
por
perto, a compreensao do outro
acabou
im -
1
Esclare<;:o que uma
parte
deste ensaio apoiou-se
no
artigo de minha
auto
rIa p_ublIcado
no
livro
HistOria da vida privada
IV
(1998).
Alem
elisso, em
fun<;:ao
do tamanho do texto optou-se por
nao
explorar, de forma mais
s l g n I f i c a ~ v a 0 debate intelectual contempodineo produzido fora do pais.
Na versao
final deste texto
procurei
incorporar varias criticas e
sugestoes
que
me foram feltas em eliferentes momentos. Agrade<;:o especialmente a
Omar RibeIro Thomaz, Marcos Chor Maio, Livio Sansoni (que comentou
o
texto na
r e ~ n i a o preparatoria
de outubro
de 1998), Sergio Miceli, Sergio
Adorno,
Mana
Tereza Sadek,
Renato
Lessa,
Eunice
Durham,
Maria
Lucia
Montes, Elisa Reis e Antonio Sergio Guimariies.
Recommended