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OS CAMPEONATOS DO MUNDO
APARECE UM TÍTULO
A criação do título de Campeão Mundial foi uma obra pessoal, e muito anterior
ao surgimento de um organismo que controlasse as competições. Até surgir Steinitz,
ninguém havia tido a idéia de se empregar tão atraente título, apesar de que a superioridade
de Stauton, Anderssen e Morphy sobre todos os seus contemporâneos era patenteada em
determinados anos.
Quando Steinitz surge no palco do xadrez internacional, o norte-americano
Morphy já havia deixado as competições sérias, onde então a figura máxima era o prussiano
Anderssen, que havia sido derrotado por Morphy convincentemente no ano de 1858, em
Paris por +2 -7 =2. Assim, quando em 1866, Steinitz venceu em um disputado match a
Anderssen por +8 -6 =0, em Londres, se autoentitulou como Campeão Mundial, diante do
sorriso de todos os aficionados, que não levaram a serio aquele pequeno enxadrista
centroeuropeu.
Objetivamente falando, a superioridade de Steinitz, naquela época estava longe
da clareza, pois no ano seguinte, 1867, Kolisch e Winawer o superaram no Torneio de Paris,
e em 1870, Anderssen na revanche, no Torneio de Baden-Baden, derrota-lhe nas duas
partidas que jogaram. Mas Steinitz volta com toda a força e vence o grande Torneio de
Viena, 1873, com a satisfação de obrigar a Anderssen a render seu Rei nas duas partidas
disputadas. Depois desta vitória, esteve bastante tempo sem participar de Torneios, mas em
encontros pessoais derrotou, entre outros, Bird, Londres, 1866, +7 -5 =5; Blackburne,
Londres, 1870, +5 -0 =1; Zukertort, Londres, 1872, +7 -1 =4 e outra vez Blackburne,
Londres, 1876, +7 -0 =0.
No ano de 1882 reaparece no grande Torneio de Viena e obtém o primeiro
posto, mas empatado em pontos com o polonês Simón Winawer, o que indubitavelmente,
empalideceu um pouco seu triunfo.
Durante o tempo em que Steinitz permaneceu afastado dos torneios, novas
figuras começaram a brilhar com luz própria e ameaçavam o trono que o mesmo havia
criado. j
Assim está a situação, quando no ano de 1883, em Londres, organizaram um
torneio de dupla volta com os melhores enxadristas da época e que foi ganho
brilhantemente por Zukertort, aquele jogador que Steinitz havia derrotado
contundentemente em um match, onze anos antes. Aqui começaram as dificuldades de
Steinitz, pois se até então, se bem que nada lhe dava o direito de ostentar o Título Mundial,
ninguém havia reclamado para si tal galardão, ocorreu neste momento a Zukertort o desejo
de o tomar para si, e depois de seu triunfo (impecável diga-se de passagem), definiu-se
como Campeão Mundial...
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Steinitz não consentiu isto, e imediatamente desafiou-o a jogar um match
decisivo em que se esclarecesse quem teria o direito de utilizar o título de Campeão
Mundial. As conversas foram longas e divergentes, e até 1886 estes dois esplêndidos
enxadristas não se encontraram por meio do tabuleiro para disputar a supremacia.
Antes de Steinitz “criar” o Título Mundial, alguns matches (e torneio) podem
ser considerados como indicadores de enxadristas que mereceriam ostentar o Título:
Mac Donell – De La Bourdonnais, Londres, 1834, 21V 13E 44D Saint-Avant – Stauton,
Paris, 1943, 6V 4E 11D Anderssen, vencedor do Torneio de Londres, 1851 Anderssen –
Morphy, Paris, 1857, 2V 2E 7D Anderssen – Steinitz, Londres, 1866, 6V 0E 8D Steinitz –
Blackburne, Londres, 1876, 7V 0E 0D
FINAIS I
1. A IMPORTÂNCIA DOS FINAIS
A partida de xadrez possui três fases: Abertura, Meio Jogo e Final, cujos limites
não podem ser traçados com exatidão. Podemos porém declarar que a partida se encaminha
para o Final, quando o material existente no tabuleiro esteja diminuído, escasso, ou seja,
com peças apenas suficientes para o mate.
Uma das principais características do Final é a função ativa desempenhada pelo
Rei, em contraste com o papel inerte que assume na abertura. Na primeira fase, em virtude
do maior número de peças inimigas e dos perigos delas decorrentes, este exerce um papel
passivo, procurando a proteção de outras peças e, pelo roque, localizar-se em lugar seguro,
de defesa, afastando-se assim do campo de luta.
Já nos Finais, esta peça faz jus ao título que ostenta, ora escoltando Peões
candidatos à promoção, ora colaborando com seu poder no cerco e morte do Rei inimigo.
Outra peça de grande importância é o Peão.
A disposição destes no tabuleiro (estrutura de Peões), define a estratégia a ser
seguida nos Finais. O recurso de sua promoção, aumenta consideravelmente o poderio
material de seu lado, o que lhe confere mérito considerável.
O Final é considerado a fase mais difícil, pois exige do enxadrista talento,
imaginação, e grande conhecimento teórico, atenção contínua e bom cálculo. Uma manobra
precipitada ou mal calculada, pode anular um grande esforço desenvolvido na Abertura ou
Meio Jogo.
Seu bom conhecimento permite ganhar em muitas posições aparentemente
empatadas, assim como salvar-se de posições aparentemente perdidas e mesmo
desesperadas.
Todo enxadrista de destaque é, antes de tudo, um ótimo finalista.
Questionário de
xadrez
1 – Cite o nome de 3 jogadores
campeões mundiais que aparecem no texto.
2 – Quem Steinitz desafiou para um
match decisivo?
3 – Qual fase do jogo é considerada a
mais difícil?
4 – A criação do campeonato mundial
de xadrez foi uma obra pessoal de qual
jogador?
5 – Na fase final do jogo o Rei tem um
papel ativo ou passivo?
6 – Quais são as 3 fases do jogo de
Xadrez?
7 – Qual o material mínimo para o
mate?
8 – Cite aqui quais foram os
campeonatos considerados mundiais antes
do campeonato mundial ser criado.
2. MATES ELEMENTARES
Estudaremos os casos em que um dos lados possui apenas o Rei sobre o
tabuleiro.
Fora das casas marginais, o Rei pode ocupar oito casas, em casa marginal,
cinco, e, nas angulares, somente três casas. Esta última é sem dúvida a mais desfavorável
possível.
Ocupando uma casa angular, o Rei levará mate se o adversário dominar as três
casas que lhe restam e a própria casa angular em que se encontra. Dessas quatro casas, duas
podem ser dominadas pelo Rei.
Diagrama: Rb6 x Ra8
O Rei negro está em sua casa desfavorável, e das três casas que lhe restam, duas estão
dominadas pelo Rei branco. O mate não poderá ser dado com um Bispo ou um Cavalo
apenas; essas peças dando xeque, dominarão apenas mais uma das duas casas que deveriam
ser dominadas para existir o mate, tendo o Rei negro a casa de fuga b8. Logo não há mate.
Diagrama: Rf7, Bf6, Bg6 x Rh8 Com dois Bispos, o mate é possível, um deles dá xeque e o outro impede a fuga do Rei.
Diagrama: Rb3, Cc2, Cd2 x Ra1 Com dois Cavalos é “possível” dar mate.
Diagrama: Rg3, Bf3, Ch3 x Rh1 Com Bispo e Cavalo também é possível dar mate de igual maneira.
No final com dois Bispos, ou Bispo e Cavalo, o mate é forçado contra os
melhores lances adversários, com dois Cavalos é possível chegar a uma posição de mate
apenas com a colaboração do adversário. No diagrama correspondente (Rei e 2 Cavalos x
Rei), o último lance branco foi Cc2++. Se o Rei negro antes de ir à a1, estava em b1,
obviamente, onde recebeu o xeque do Cavalo colocado em d2, tivesse se dirigido à c1, o
mate não seria possível. Logo não é um mate “forçado”.
Diagrama: Rb6, Tc8 x Ra8
Diagrama: Rf3, Tb1 x Rf1 Nestes diagrama, as Torres controlam as duas casas que não são dominadas pelo seu Rei.
Diagrama: Rg6, De8 x Rg8 A Dama aqui faz o mesmo papel de uma Torre. Observe que as duas casas que devem ser
dominadas localizam-se sobre a mesma horizontal, via de mobilidade da Dama (ou Torre).
Para se praticar o mate ao Rei situado em casa marginal, devemos dominar as
cinco casas que dispõe, além da que ocupa.
O Rei atacante domina três e as restantes podem ser dominadas por uma Torre
ou Dama, desde que as casas se encontrem sobre a mesma horizontal (ou coluna).
Com o Rei inferior no meio do tabuleiro, nove casas devem ser dominadas: oito
de movimentos deste e mais uma ocupada por ele. O Rei branco pode dominar três, as seis
restantes encontram-se em duas horizontais vizinhas. Por aí se vê que o mate com o Rei
colocado no meio do tabuleiro requer mais peças (duas Torres, ou Torre e Dama).
O material mínimo para o mate é:
a) Uma Dama: mate em qualquer casa marginal.
b) Uma Torre: mate em qualquer casa marginal.
c) Dois Bispos: mate somente nas casas angulares.
d) Bispo e Cavalo: mate somente nas casas angulares.
e) Dois Cavalos: mate somente nas casas angulares, somente “ajudado”.
2.1. Rei e Dama x Rei O mate com a Dama realiza-se com o Rei negro em qualquer casa marginal do
tabuleiro. As posições de mate são Rc6, Dc7 x Rc8; Rg6, De8 x Rg8 e análogas.
O mate é forçado num máximo de 10 lances. É muito fácil dar mate com a
Dama, mas deve-se tomar cuidado com posições de empate como por exemplo Rb5, Dc7 x
Ra8; Rf5, Df7 x Rh6; ou posições análogas jogando o Negro.
Diagrama: Ra1, Db1 x Re6
1 ? mate em 9
PLANO
***** Forçar o Rei negro a colocar-se em qualquer uma das casas marginais, ficando com o Rei
branco diante dele, separado por uma casa, quando então domina três das seis casas que
deve dominar. Então infiltrar a Dama numa das casas desta margem efetuando o mate.
PROCEDIMENTO
*****
1 Rb2 Rd5 2 Rc3 Re5 3 Dg6 Rf4 4 Rd4 Rf3 5 Dg5 O Rei negro vai sendo encaminhado para a margem do tabuleiro.
5 ... Rf2 6 Dg4 Re1 7 Re3 Rf1 8 Dg6 Por que não jogar 8 Dg3 ?
*****
Porque seria empate por afogamento.
8 ... Re1 9 Dg1++ (1-0)
A chacina da família Latron
-Alguém quer nos exterminar! queixou-se o velho banqueiro.
-Até que não seria tão mau...resmungou entre dentes o inspetor En Passant, que já tinha ouvido umas e outras do banqueiro Latron e depois perguntou sério:
-Do que se trata afinal?
-Em curto espaço de tempo, continuou o velho Latron, três acionistas do nosso banco morreram em circunstâncias misteriosas. Henry foi atropelado por um automóvel, Jacques foi encontrado asfixiado no fundo de um poço, Louis explodiu junto com seu avião particular...
-Me lembro, suspirou En Passant, estivemos investigando o caso...
-Mas não encontraram nada, não é mesmo? E agora só sobramos nós 4.
-E quem são esses "nós"?
-Você deve saber que nosso banco é uma empresa familiar. Ainda no século passado, quando fundaram o banco, constituiram o sistema administrativo e a transmissão do poder da seguinte forma: um Presidente seguido por 2 vices, que por sua vez são seguidos por 2 diretores e por fim mais 2 assessores - ao todo sete elementos - que distribuem tanto os lucros quanto as responsabilidades em proporções decrescentes, conforme o cargo, informou o velho Latron, prosseguindo:
- O presidente do banco sou eu. Meus vices: o finado Henry, e meu sobrinho Albert; meus diretores: os falecidos Jacques e Louis...
-E quem está na base dessa escadinha de poder?
-Meus dois sobrinhos, os irmãos Desirré e François, que agora deveriam ser promovidos, mas devido às atuais circunstâncias resolvemos não fazer alterações.
-E como são esses jovens?
-Nem parece que são irmãos, queixou-se o velho Latron: François não se importa nem um pouco com nosso circunspecto trabalho, é mulherengo, bebe e ainda por cima, pinta. Em compensação Desirée é o primeiro a chegar ao banco o último a sair, se interessa por todo pedaço de papel. Ele será o futuro grande chefe, o legítimo herdeiro dos Latrons.
-Humm, disse o pensativo En Passant, e, virando-se para seu assessor Piéce Touchée:
-O que você sugere?
-Que tal fazer uma investigação na casa dos três parentes?
-Tive uma ótima ideia, disse En Passant, virando-se para Latron.
-Vamos fazer uma investigação na casa dos seus 3 sobrinhos; será que daria para convocá-los para uma reunião inesperada?
Alguns dias depois Latron fez o chamado para a reunião, da qual nenhum familiar pode se esquivar. Nesse meio tempo, os homens de
En Passant vasculharam o edifício onde moravam os três parentes, encontrando seguinte: no apartamento de Albert, 1500 fotos de nus artísticos, perfeitamente catalogadas: no apartamento de François, diversos quadros não vendidos e um monte de tintas, que segundo o perito, poderia ser usadas como veneno; só no apartamento de Desirée é que não encontrarem nada. Já queriam se afastar do prédio, quando no salão de jogos um dos policiais gritou:
-Um tabuleiro montado!
Chamaram En Passant imediatamente, já que era notório o seu envolvimento com o jogo. Ele veio acompanhado do "expert" de xadrez, o filhinho do detetive Piéce de Touchée, que, olhando com enfado para o tabuleiro, declarou com uma ponta de desprezo.
-É um problema de xadrez. Mate em nove lances
-E como se resolve o problema? - perguntou o inspetor.
-A solução é a seguinte: 1.Rb7 Qxb7 2.Bxg6+ Kxg6 3.Qg8+ Kxf5 4.Qg4+ Ke5 5.Qh5+ Rf5 6.f4+ Bxf4 7.Qxe2+ Bxe2 8.Re4+ dxe4 9.d4 mate.
Isto é, para resolvê-lo, as brancas têm que sacrificar todas as suas peças e dar o mate com o peão remanescente.
-Como é que é mesmo?, perguntou surpreso Piéce Touchée. Então todas as figuras brancas têm que morrer e a menor de todas é que dá o mate? Mas, os Latrons são sete e pelos indícios o assassino quer eliminar seis para depois ser ele o vitorioso!
Começo a entender, disse En Passant, mas quem será a próxima vítima?Vejamos, disse excitado seu assessor, as figuras de xadrez têm seus valores definidos. A mais forte é a dama, seguida das 2 torres, seguidas dos bispos e ou cavalos, e por último os peões. Os 3 primeiros assassinatos correspondem ao organograma da família Latron, às 3 peças sacrificadas no problema: a torre o bispo e o cavalo... a torre sacrificada no início, corresponde ao Vice-Presidente Henry, o bispo ao diretor Jacques, o cavalo ao diretor Louís. Depois vem um peão, isto é, Desirée ou François... A dama a ser sacrificada em e2 significa o velho Latron... Depois vem a outra torre em e4, isto é, Albert. E por fim, permanece um único peão, Desirée ou François. Só precisamos saber quem é que gosta de xadrez.
Chamaram o velho Latron. Contaram o que haviam descoberto. Mas não conseguiram deduzir quem era o assassino porque o tabuleiro estava no salão comunitário e tanto Albert, quanto Desirée e François eram enxadristas fanáticos.
-É óbvio do que se trata, disse Latron, o assassino vai ser o peão, meu sobrinho inútil, François. Prendam-no!
En Passant estava inclinado a atendê-lo, pois seus chefes há tempos que vinham pressionando-o para resolver o caso dos assassinatos da Casa Latron, mas Piéce Touchée sussurou-lhe alguma coisa...
-Por enquanto não vamos prender ninguém, decidiu En Passant, mas vamos seguir os passos do suposto assassino.
-10 dias depois prenderam o assassino, quando pingava veneno no copo de outro Latron. No flagrante confessou tudo, mas ficou muito surpreso pelo fato da polícia ter pressentido suas ações, tão artisticamente planejadas.
Pois é, você deixou todo o plano do crime exposto... sorriu En Passant.
-E quem era o assassino?
Não, não era François, mas o bem-educado Desirée.! Piéce Touchée havia notado que o simbolismo do problema era tão perfeito que devia ser observada também a naturalidade de cada peão. Os peões se movem nas colunas "d" e "f" e estas letras são também as iniciais dos nomes Desirée e François. No problema, o peão sacrificado é o peão "f" e o peão "d" é o que sai vitorioso! Suas suspeitas se confirmaram. Desirée se preparava para envenenar seu irmão François, quando foi flagrado...
Traduzido do livro " As novas aventuras do Inspetor En Passant" de Gyorgy Bakcsi
Depois de ler este texto faça
um breve resumo com suas
próprias palavras.
TÁTICA I
1. GANHO DE PEÇAS
Capturando-se as peças inimigas, paulatinamente se reduz o potencial
adversário. A supremacia material origina, na maioria das vezes, superioridade de posição e
ambos fatores, obrigarão o adversário, duplamente inferiorizado a render-se sem apelação.
Se um dos enxadristas possui mais peças que o outro, salvo as exceções, deve
ganhar a partida.
Podemos reduzir a seis, os princípios fundamentais de ganho de peças:
1. Princípio do Rei em Perigo
2. Princípio da peça imóvel
3. Princípio da peça sobrecarregada
4. Princípio do ataque simultâneo
5. Princípio da peça sem defesa
6. Princípio da promoção do Peão
1.1. Princípio do Rei em perigo
O Rei em perigo sob múltiplas ameaças, escapa, muitas vezes ao mate
entregando material, quer seja para abrir caminho para sua fuga, quer seja para distrair
peças atacantes, ou destrui-las, embora sacrificando peças de maior valor.
Diagrama: Ba8, Tg5, Rh5 x Cf8, g7, Rg8, h7, Th8
1 ? Brancas ganham material
PLANO
***** Atrair o Cavalo negro para a diagonal onde encontra-se seu Rei, para que o Bispo possa
agir sobre ela.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bd5+ E as Brancas ganham o Cavalo. Para escapar do xeque, o negro deve entregar uma peça.
1 ... Ce6 2 Be6+ Rf8 O Rei negro consegue a casa de fuga à custa de material.
Diagrama: Ra6, Tb7, Ce5 x f6, g7, h7, De8, Tg8, Rh8
1 ? Brancas ganham material
PLANO
***** Atacar o Rei negro “sufocado” atraindo a Dama para f7, onde será capturada pela Torre.
PROCEDIMENTO
*****
1 Cf7+ Df7 2Tf7 As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo.
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO
1. ADOLF ANDERSSEN
Antes de se praticar o jogo de posição deve-se aprender a combinar. Esta regra,
confirmou-se na história do xadrez, e é recomendada aos iniciantes.
Não inicie seu jogo com aberturas do Peão da Dama e Abertura Francesa, mas
com partidas de jogo aberto, gambitos. Certamente que com o jogo fechado, o principiante
perderá menos partidas, mas em troca, com o jogo aberto, aprenderá a jogar xadrez.
Antigamente, haviam também os jogadores de posição. O maior deles foi
André Danican Philidor, talvez até o maior pensador de todos os tempos. Mas o que, com
seu exemplo, auxiliou em maior grau a força da combinação do mundo enxadrístico,
amadurecendo-a para a prática do jogo de posição foi Adolf Anderssen.
Anderssen nasceu em Breslau no dia 6 de julho de 1818. Sua carreira foi muito
simples. Estudou Filosofia e Matemática, e até o dia 13 de Março de 1879, época em que
faleceu, ocupou o cargo de professor no Instituto de sua cidade natal.
Começou a estudar xadrez no início de sua vida estudantil, mas a força de seu
jogo desenvolveu-se lentamente. Para seus compatriotas alemães, e até para os
internacionais, foi considerado uma revelação quando, no primeiro torneio de mestres
celebrado em Londres, 1851, com o qual começou a época moderna do xadrez, obteve o
primeiro prêmio. A esta vitória seguiram outras, especialmente no Torneio de Londres,
1862 e no de Baden-Baden, 1870.
Aquele que quer aprender a jogar o bom xadrez, deve observar as partidas de
Anderssen não somente para divertir-se com elas, mas para fortalecer seu jogo de
combinação. Não acredite que o jogo de combinação seja somente fruto do talento que não
se pode aprender. Os elementos são sempre os mesmos que se apresentam em relações mais
ou menos complicadas, tais como ataques duplos, sobrecarga, trocas, etc.
Quanto mais combinações você apreciar, mais fáceis serão de executa-las.
Nas partidas que estudaremos, analisaremos também as aberturas. Entre elas, a
primeira que veremos é o Gambito do Rei. Entende-se por gambito uma abertura na qual se
sacrifica um Peão com o objetivo de conseguir vantagem no desenvolvimento, ou outras
vantagens. O gambito conhecido como o mais antigo na literatura do xadrez é o do Rei: 1
e4 e5 2 f4. A idéia deste gambito é dupla: abertura da coluna f, através da qual, uma vez
efetuado o roque, a Torre do Rei poderá entrar rapidamente em ação e a possibilidade de
formar um forte centro de Peões, depois do avanço ou da troca do Peão e inimigo, mediante
d4. A força deste centro de Peões, analisaremos mais adiante. As Brancas, após 2 ... ef4,
não podem jogar a seguir 3 d4, mas devem antes fazer algo para evitar a ameaça negra ...
Dh4+.
Tanto o enxadrista experiente quanto o iniciante melhorarão sensivelmente seu
jogo se esforçarem em tratar cada abertura conforme sua idéia base, seguindo o plano
preconcebido. Por exemplo, se jogar o Gambito do Rei, deve ter em mente que os dois
objetivos principais desta abertura são o domínio da coluna f e a formação de um forte
centro de Peões. Se, ao contrário, deixa-se levar por desvios e rodeios, o mesmo tira o
sentido de seus primeiros lances, e então as conseqüências serão fatais.
Como devem então contestar as Negras ao Gambito do Rei? Antigamente era
comum aceitar cada sacrifício que o adversário oferecia, e neste caso defender o Peão com
... g5. Esta defesa tem dois objetivos: um material e outro posicional. Ao defender o Peão f,
obstrui esta coluna, e então as Brancas, para seguir com a idéia da abertura, devem atacar
sobre a coluna f, quase sempre sacrificando uma peça para eliminar o Peão f negro.
Outra réplica contra o Gambito do Rei, é o contra-ataque no centro: 2 ... d5 3
ed5 segue quase sempre 3 ... e4 (seria um grave erro 3 fe5 por causa de 3 ... Dh5+). Agora
são as Negras que jogam gambito, chamado este de Falkbeer, cujo criador foi o mestre
austríaco Ernesto Carlos Falkbeer (Brünn, 1819 - Viena, 1885).
O que conseguiram as Negras com este sacrifício de Peão? Antes de mais nada,
o fracasso completo do objetivo branco de jogar o gambito. A abertura da coluna f, ou
mesmo a intenção de formar um centro de Peões, são impedidas radicalmente. Agora, não
se sabe que objetivo tem o Peão de f4 nesta posição. Além disso, o Peão e5 causa certo
incômodo à posição branca, e estas encontram-se com dificuldades para o desenvolvimento.
Em troca, as Negras, tem certa preponderância no centro. Por esta razão, nos últimos anos,
tem se considerado o Gambito Falkbeer quase como que uma refutação ao Gambito do Rei.
Outra réplica: as Negras podem ignorar a idéia do gambito branco, continuando
seu desenvolvimento, e neste caso, não é necessário jogar imediatamente 2 ... d6, para
defender o Peão, pois restringiriam a ação do Bispo do Rei. O ataque ao Peão e5 é somente
aparente, pois 3 fe5 fracassaria por 3 ... Dh5+. As Negras podem, portanto jogar
tranqüilamente 2 ... Bc5 e defender mais tarde o Peão de e5 com d6 sem enclausurar seu
Bispo.
Quem compreende o espírito da abertura, pode ter confiança de que mesmo
sem o conhecimento de suas variantes, não produzirá uma partida ruim.
Xadrez e Vida
As pessoas aprendem a jogar xadrez em idades diferentes, porém, sobre tudo, a maioria quando são crianças e jovens, chegam a ter muito interesse e passa todo seu tempo livre jogando. Logo, para alguns a atração diminui, e para outros, seu amor pelo jogo aumenta com o tempo. É desse último grupo, onde normalmente encontramos jogadores de primeira categoria, e logo candidatos a mestres e grandes mestres.
Que deveria fazer um jovem ao receber o título de mestre? Depois de tudo, a vida exige que ele cumpra suas obrigações de estudar e
trabalhar. Onde se encontra o xadrez? Uma considerável experiência demonstra que o xadrez não está incluído no caminho dessas obrigações. Não é difícil combinar a atração pelo xadrez com o trabalho e o estudo. Minha experiência demonstrou que o mesmo não me desviou dos meus estudos no colégio e na escola, mas sim, que se tornou de uma verdadeira ajuda, já que desenvolveu os segredos do pensamento lógico.
Pode o xadrez ser uma profissão? Uma vez na Bulgária, um maestro de uma orquestra perguntou a Bondarevsky: “Diga-me, Grande Mestre, tens alguma profissão”? Este sorriu e perguntou ao maestro:
“Você tem uma”? O maestro compreendeu que sua pergunta não foi prudente e pediu desculpas.
Somos da firme opinião de que uma pessoa pode dedicar seus esforços ao jogo durante toda sua vida. O xadrez tem demonstrado merecer isto. Como aponta Botvinnik: “O xadrez não é inferior ao violino em nada, e nós temos um grande número de violinistas profissionais”. Ao mesmo tempo, não obstante, desejo advertir ao jovem leitor que quando este, dando seus primeiros passos no grande mundo, não deveria renunciar ao seu trabalho e estudos para concentrar-se somente no xadrez.
Muitas vezes encontro com os chamados “talentos não reconhecidos”, que por sinal não merecem esta pobre opinião.
O único sentido correto é combinar o trabalho (ou estudo, ou os dois) e suas atividades enxadrísticas. Somente quando você conseguir ser reconhecido como um Grande Mestre poderá dedicar-se por inteiro a arte do xadrez. Assim, a decisão exige que se pense seriamente. Você talvez não consiga conciliar trabalho e seu desenvolvimento enxadrístico, pela falta de estudos ou prática, além de que poderá encontrar divergências com sua família, e seus resultados em torneios poderão desanimá-los. Mas, não se der por vencido! Há exemplos, não poucos, de jogadores que são capazes, mesmo estudando muito em sua área ou muito ocupado em seu trabalho, de conseguir excelentes resultados em torneios.
Piense como un Gran Maestro (Pense como um Grande Mestre) Alexander Kotov
EXERCÍCIOS
Diagrama 1.1
a2, b2, c3, e4, f2, g2, h2, Ta1, Te1, De2, Cf5, Rg1 x a7, b7, c7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Cc6,
Dd7, Tf8, Rg8
Composição
1 ? (1-0) Encontre o plano vitorioso branco.
PLANO
***** O ponto g7 está atacado pelo Cavalo branco. Se a Dama branca pudesse colocar-se sobre
esta coluna, haveria ameaça de mate. A Dama negra encontra-se completamente indefesa.
Logo, deve-se procurar um meio de executar estas duas ameaças concomitantemente.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dg4 (1-0) As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo.
Diagrama 1.2
b4, c4, f3, g2, h2, Td1, Ce1, De3, Bf1, Tf2, Rg1 x b6, d6, e5, g7, h7, Bb7, Cd4, Tf4, Tf8,
Dg5, Rg8
Stahlberg x Alekhine
Olimpíada 1931
1 ... ? Aqui Alekhine efetuou um fino lance:
1 ... h6 Tente descobrir seu objetivo
*****
Alekhine imaginou que se não houvessem na coluna f o Peão e a Torre, poderia jogar ...
Tf1++. O Peão de g está cravado, o Bispo localizado em b7 converge sobre g2
indiretamente, as Torres agem na coluna f semi-aberta, o único empecilho da posição é a
Dama negra indefesa, problema este que é resolvido por Alekhine de maneira
elegantemente terrível, pois ameaça 2 ... Tc3! 3 Db5 Tf2, e graças à ameaça de mate com ...
Tf1, as Brancas não tem tempo de salvar sua Dama.
O objetivo do lance de Alekhine portanto foi defender sua Dama, e o lance é tão forte que
Stahlberg não tem recursos suficientes para escapar da derrota.
Por exemplo, se 2 Dd2, segue 2 ... Bf3! 3 Cf3 Cf3+ 4 Tf3 Tf3 5 Dg5 Tf1 6 Tf1 Tf1+ 7 Rf1
hg5, e com um Peão de vantagem, as Negras ganhariam facilmente o final.
A partida seguiu com:
2 Rh1 Tf3 (0-1) As Brancas abandonaram.
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