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Arborização urbana
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ARBORIZAÇÃO URBANA EM UBERLÂNDIA: PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO
Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 1, p. 224-237, 2009 – www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica 224
ARBORIZAÇÃO URBANA EM UBERLÂNDIA: PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO
Flávia Alice Borges Soares Ribeiro*
RESUMO A arborização urbana gera benefícios ambientais e sociais e contribui para uma melhoria da qualidade de vida da população dos centros urbanos. Por falta de um planejamento, o plantio de árvores em vias públicas tem gerado problemas a moradores, tais como o confronto com equipamentos urbanos, como rede elétrica, de esgoto, de água, dentre outros. Esse trabalho tem por objetivo levantar a opinião da população uberlandense sobre a arborização da cidade. Para isso aplicou-se um questionário a moradores de diferentes bairros de Uberlândia e realizou-se uma entrevista com os técnicos do Horto Municipal da cidade, responsáveis pela vistoria dos pedidos de corte de árvores do município. Diante da situação levantada, observa-se que a população tem a percepção da importância da arborização em Uberlândia e que os técnicos tentam fazer algo para se cumprir a lei de corte de árvore, e assim proporcionar uma melhor qualidade de vida para os moradores da cidade. PALAVRA-CHAVE: Arborização urbana. Corte. Uberlândia.
URBAN ARBORIZATION IN UBERLÂNDIA: PERCEPTION OF POPULATION ABSTRACT The urban arborization generates environmental and social benefits and contributes to better the quality of life of the population from the urban centers. Due to the lack of a planning, tree planting in the streets has caused problems to the inhabitants, such as the confrontation with urban equipments like electrical wiring, drain and water systems among others. This study aims to show the opinion of the population of Uberlândia about the city arborization. For that purpose, inhabitants from different areas of Uberlândia were surveyed and the municipal technicians, responsible for the analysis of the orders to cut trees in the city, were interviewed. Before the situation raised it is possible to observe that the population has the perception of the importance of arborization in Uberlândia, and also that the technicians try to enforce the law of tree cut in order to provide a better quality of life for the inhabitants of the city. KEYWORDS: Urban arborization. Cut. Uberlândia.
1 – INTRODUÇÃO
A arborização exerce função importante nos centros urbanos, sendo responsável
por uma série de benefícios ambientais e sociais que melhoram a qualidade de vida nas
cidades e a saúde física e mental da população. Arborizar uma cidade não significa apenas
plantar árvores em ruas, jardins e praças, criar áreas verdes de recreação pública e proteger
áreas verdes particulares. A arborização urbana passa a ser vista nas cidades como importante
* Especialista em Gestão Ambiental pela Faculdade Federal de Uberlândia. Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal de Uberlândia.
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elemento natural reestruturador do espaço urbano, pois aproxima as condições ambientais
normais da relação com o meio urbano.
Entende-se por arborização urbana toda cobertura vegetal de porte arbóreo existente nas cidades. Essa vegetação ocupa, basicamente, três espaços distintos: as áreas livres de uso público e potencialmente coletivas, as áreas livres particulares e acompanhando o sistema viário. (EMBRAPA, 2000).
O crescimento desordenado das cidades brasileiras e as conseqüências geradas
pela falta de planejamento urbano despertaram a atenção de planejadores no sentido de se
perceber a vegetação como componente necessário ao espaço urbano. O plantio de árvores
inadequadas à estrutura urbana gera conflitos com equipamentos urbanos como fiações
elétricas, encanamentos, calhas, calçamentos, muros, postes de iluminação, etc. Estes
problemas são muito comuns de serem visualizados e causam, na maioria das vezes, um
manejo inadequado e prejudicial às árvores, sendo prejudicial a elas. É comum vermos
árvores podadas drasticamente e com muitos problemas fitossanitários, como presença de
cupins, brocas, outros tipos de patógenos, injúrias físicas como anelamentos, caules ocos e
podres, galhos lascados, etc.
Diante disso este artigo tem como objetivo levantar a opinião da população
uberlandense a respeito da arborização urbana, bem como identificar os principais motivos
que levam as pessoas a realizarem o corte de árvores em vias públicas.
A fim de alcançar os objetivos propostos foi aplicado um questionário a uma
amostra aleatória de 50 moradores de diversos bairros da cidade. Foram selecionadas
residências que possuem árvores e residências que não possuem árvores na calçada para
verificar como é a percepção da população em relação à arborização. Foi realizada também
uma entrevista com os técnicos do Horto Municipal de Uberlândia responsáveis pela
arborização da cidade e pela vistoria do pedido de corte de árvore na cidade.
2 – IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO
É necessário lembrar que a paisagem urbana é composta por casas comerciais,
indústrias, residências, arborização e paisagismo, sistema viário, estruturas e equipamentos
das empresas de energia elétrica, de água, saneamento e de telecomunicação.
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De acordo com a EMBRAPA (2000), a arborização é um componente de grande
importância urbana. Além da função paisagística, ela proporciona outros benefícios à
população tais como: purificação do ar pela fixação de poeiras e gases tóxicos e pela
reciclagem de gases através dos mecanismos fotossintéticos; melhoria do microclima da
cidade, pela retenção de umidade do solo e do ar e pela geração de sombra, evitando que os
raios solares incidam diretamente sobre as pessoas; redução na velocidade do vento,
influência no balanço hídrico, favorecendo a infiltração da água no solo e provocando evapo-
transpiração mais lenta; abrigo à fauna, propiciando uma variedade maior de espécies, e o que
influencia positivamente ao ambiente, pois propicia maior equilíbrio das cadeias alimentares e
diminuição de pragas e agentes vetores de doenças e amortecimento de ruídos.
A arborização urbana no Brasil é de competência das administrações municipais
(BONONI, 2006). Embora haja uma crescente disposição, tanto dos órgãos governamentais
envolvidos, como de grande parcela da população, muitos são os problemas enfrentados,
como a falta de técnicos capacitados que orientem sobre um plantio correto, escolha da
espécie, poda de formação, utilização de tutores, grade de proteção, irrigação em período de
estiagem e adubação.
Assim, para alcançar a qualidade do ambiente urbano é necessário realizar um
planejamento prévio, para que não surjam problemas decorrentes do plantio. Análise da
vegetação e do local e desenvolvimento da população são componentes a serem observados
para que haja esse planejamento (CEMIG, 1996). Dessa forma é possível afirmar que a
arborização deve ser a mais diversificada possível, por motivos estéticos, pela preservação da
fauna e da própria biodiversidade vegetal e da cultura regional. Além disso, podem ser
utilizadas espécies exóticas, mas a prioridade são as plantas nativas.
3- PRINCIPAIS PROBLEMAS DA ARBORIZAÇÃO
O crescimento desordenado dos centros urbanos gerou uma condição de
artificialidade em relação às áreas verdes naturais e com isso vários prejuízos à qualidade de
vida dos habitantes. Porém, parte desses prejuízos pode ser evitada pela legislação e controle
das atividades urbanas e outra parte amenizada pelo planejamento urbano, ampliando-se
qualitativa e quantitativamente a arborização de ruas e as áreas verdes (MILANO, 1987).
Como já citado anteriormente, a maioria dos problemas de arborização urbana são
causados pelo confronto de árvores inadequadas com equipamentos urbanos, como fiações
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elétricas, encanamentos, calhas, calçamentos, muros e postes de iluminação. Na figura 01
observamos uma árvore que foi podada drasticamente por causa do conflito com a fiação.
Figura 01 - Árvore Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) podada drasticamente Fonte: Flávia Alice/2008
Outras causas que acarretam problemas são queda de folhas, flores, frutos e
galhos. Também facilitam a ação de bandidos quando atrapalham a iluminação pública e
quando são plantadas perto dos muros ou cresce torta, facilitando os assaltantes subirem nas
árvores para pularem para dentro das casas. Outra causa é a dificuldade no trânsito de
veículos e pedestres ao obstruírem placas de orientação. Os galhos muito baixos dificultam o
estacionamento de veículos e passagem dos pedestres. Estragos na calçada por raízes é outro
problema em que uma muda mal plantada acarreta a população.
4- RECOMENDAÇÕES PARA A ARBORIZAÇÃO
A escolha da espécie a ser plantada no ambiente urbano é o aspecto mais
importante a ser considerado. Para isso é extremamente importante analisar o espaço
disponível que se tem, verificando a presença ou ausência de fiação aérea e de outros
equipamentos urbanos, largura da calçada e recuo predial. Além disso, a escolha de uma só
espécie para cada rua, ou para cada lado da rua, facilitaria o acompanhamento de seu
desenvolvimento, o controle de pragas e doenças e as podas necessárias.
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O tamanho da copa da árvore a ser plantada também deve ser levado em
consideração, a fim de que haja condições físicas e espaciais disponíveis para o total
desenvolvimento da planta, evitando confrontos dela com os edifícios, veículos e pedestres.
Quando for imprescindível utilizar arborização sob fiação elétrica, que seja efetuado o plantio
de espécies vegetais preferencialmente de pequeno porte. Além desse aspecto, o tipo de raiz
também precisa ser levado em consideração. Plantas que levantam calçadas ou são muito
profundas e atingem encanamentos subterrâneos, causam mais problemas (BONONI 2006).
É importante ressaltar o fato de que se deve evitar o plantio de espécies com
espinhos no tronco, frutos muito grandes e aquelas que apresentam princípio ativo tóxico
(alérgenos), e dar preferência às espécies que tenham folhagem permanente (CEMIG 1996).
Assim é necessário que o cidadão escolha espécies de árvores de crescimento rápido, pois em
ruas, avenidas ou em praças, elas estão sujeitas à depredação, sobretudo quando ainda estão
em fase de desenvolvimento.
Para isso, deve se selecionar espécies de galhadas resistentes para evitar galhos
que se quebram com facilidade. Em áreas residenciais, a escolha da árvore deve considerar a
posição do sol e a queda das folhas com as mudanças das estações, de maneira a permitir
sombra no verão e aquecimento no inverno. As árvores devem permitir a incidência do sol,
necessário nos jardins residenciais e, ainda, evitar espécies geradoras de sombreamento
excessivo e plantios muito próximos às casas (AMBIENTE BRASIL, 2007).
A definição do espaçamento entre as mudas a serem plantadas depende, entre
outros fatores, da largura das ruas e calçadas. CEMIG (1996) recomenda o seguinte
espaçamento:
Situação Espaçamento entre árvores
Ruas e passeios estreitos 7 a 10 metros
Ruas estreitas com passeios largos 7 a 10 metros
Passeios estreitos com ruas largas 10 a 15 metros
Passeios largos e ruas largas 10 a 15 metros
Outras medidas também devem ser levadas em consideração, conforme
especificado na Figura 03.
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Recuo mínimo da muda em relação ao meio-fio 0,50 m
Distâncias mínimas entre árvore e entradas de garagem 1,00 m
Vão livre entre a copa das árvores e a rede de baixa tensão 1,00 m
Vão livre entre a copa das árvores e a rede de alta tensão 2,00 m
Altura máxima das árvores de pequeno porte 4,00 m
Altura máxima das árvores de médio porte 6,00 m
Distância mínima entre árvores de pequeno porte e placas de sinalização 5,00 m
Distância mínima de árvores de médio porte e placas de sinalização 7,00 m
Distância mínima das esquinas 7,00 m
Figura 03: Distância e medidas que devem ser observadas em relação à arborização urbana Fonte: <http://www.ambientebrasil.com.br>.
Além das questões técnicas é necessário levar em consideração a percepção da
população em relação ao meio ambiente, pois no uso cotidiano dos espaços, dos equipamentos
e serviços urbanos, é ela que sente diretamente o impacto da qualidade ambiental.
4 – LEGISLAÇÃO
Diante dos problemas levantados pelos órgãos competentes e para uma
organização e planejamento da arborização alguns dispositivos legais foram criados Pelo
Poder Público Municipal de Uberlândia. De acordo com Mendonça (2000), destacam-se
“habite-se”, Estudo de Impacto Ambiental – EIA, lei Municipal nº 5399/99 e a lei
complementar nº 017/91.
Para se aprovar um loteamento, o poder público exige a elaboração de Estudo de
Impacto Ambiental a fim de diagnosticar a situação em que se encontra a cobertura vegetal da
área, bem como indicar as medidas mitigadoras a serem implantadas. Como medida
compensatória é necessário a elaboração de uma proposta de arborização urbana do local.
De acordo com o Código de Postura do Município de Uberlândia, lei 4804/88,
para se expedir o “habite-se”, exigi-se a placa de numeração oficial, passeios com recipiente
de lixo e uma árvore plantada a cada 10 metros de testada. Mesmo com a exigência da lei,
seria necessária uma manutenção dessa muda. O que se observa, no entanto, é que após ser
expedido o “habite-se” poucas árvores sobrevivem por falta de cuidados básicos, como
irrigação, poda de manutenção e adubação periódica.
A lei que regulamenta o corte eventual de árvores é a lei municipal nº 5399/91.
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“A concessão de licença para corte eventual de árvores no Município de Uberlândia será feita somente mediante a apresentação de comprovante do plantio de duas árvores para cada árvore cortada”
Ainda sobre corte de árvores nesse município, a lei complementar nº 017/91
determinar que:
Artigo 169 – “É proibido podar, suprimir, transplantar ou sacrificar árvores da arborização pública, sendo estes serviços da atribuição específica da Secretaria Municipal competente”.
Artigo 170 – “Qualquer árvore poderá ser considerada imune de corte por motivo de originalidade, idade, localização, beleza, interesse histórico ou condição de porta-semente, mesmo estando em terreno particular, observadas as disposição do Código Florestal”.
De acordo com essa lei, quando um morador deseja efetuar o corte de uma árvore,
deve procurar a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente. Os técnicos
irão fazer uma vistoria e analisar se realmente há necessidade do corte.
5 – PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO EM RELAÇÃO À ARBORIZAÇÃO URBANA
Para analisar a percepção de uma parte da população do município de Uberlândia
sobre as vantagens e desvantagens da arborização urbana foi aplicado um questionário com
questões fechadas a uma amostra de 50 pessoas aleatoriamente selecionada.
Esse questionário foi aplicado a dois grupos de pessoas: as que possuíam árvores
plantadas nas calçadas e aquelas que não possuem árvores plantadas nas calçadas. Um total de
60% de sujeitos que responderam ao questionário possuem a calçada arborizada. Desse grupo,
76,7% moram em casa própria/financiada e os outros 23,3% em casa alugada ou cedida.
Questionados sobre o tempo de moradia houve uma diversificação nas respostas,
sendo em maior número os que habitam a mesma residência há mais de dez anos. A Figura
04 demonstra esse tempo.
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Figura 04: Tempo de moradia no imóvel atualmente ocupado Fonte: Pesquisa de campo, Uberlândia-MG 2007
No questionário aplicado a essa amostra da população foi indagado sobre as
vantagens de se ter árvores na calçada. As respostas destacaram a necessidade de sombra,
qualidade do ar e beleza como os principais motivos. Com isso verificamos que essa pequena
porção da população de Uberlândia conhece a necessidade e as vantagens de árvores.
Quando questionados sobre as desvantagens, quase não se obteve respostas. A
maioria das pessoas acha que a principal desvantagem são os danos provocados pelas árvores
nas calçadas. Isso ocorre principalmente por causa de um plantio inadequado das árvores, pois
é deixado um espaço pequeno e, provavelmente, talvez por falta de orientação aos moradores,
esquece-se que a muda cresce e tende a seguir o tamanho da copa, causando assim danos na
calçada. A figura 05 mostra exemplos de danos e justifica a queixa da população.
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Figura 05: Calçada danificada pelas raízes da árvore Fonte: Flávia Alice, 2008
A Figura 06 mostra os responsáveis pelo plantio da árvore na porta de sua casa.
Observa- se que 76,7% das pessoas contribuíram para a arborização da cidade, plantando a
árvore em sua calçada, sendo que 90% delas sabem o nome da espécie plantada. Exemplo
como “Oiti”, “dama da noite”, “ipê amarelo”, “jasmim manga”. Outra observação é que
dentro da opção “outras”, uma resposta foi a árvore nativa. Com isso podemos perceber que
existem pessoas que valorizam as árvores dessa região de cerrado.
Figura 06: Responsável por realizar o plantio de árvore localizada na calçada do imóvel pesquisado Fonte: Pesquisa de campo,2007
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15
10
3
1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Sombra Beleza/flores Transmite paz outros
Os 40% das pessoas entrevistadas que não possuem árvores em suas residências
estão divididos em: 70% em residências próprias ou financiadas e os 30% restantes em
alugadas ou cedidas. Também foi questionado sobre o tempo de moradia, com destaque aos
moradores com mais de 10 anos na mesma residência (45%).
Aos moradores que possuem árvore na calçada foi perguntado se já existiu alguma
no local onde atualmente estão morando. Metade das pessoas disseram que sim e que apenas
30% foi a Prefeitura Municipal de Uberlândia a responsável pelo corte, respeitando a lei
complementar nº017/91, artigo 169, que determina esse tipo de serviço de atribuição
específica da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio ambiente.
Na entrevista foi solicitada a opinião dos residentes em relação aos motivos para
não quererem árvores em suas calçadas. Um total de 55% disseram que não há nenhuma razão
que os impeça de plantarem árvores nas calçadas e 75% deles gostariam de ter espécies
arbóreas em suas residências. Analisando a figura 07, o que mais as pessoas apreciam em
árvores na calçada é a sombra, que é um dos benefícios que a arborização traz, evitando que
os raios solares incidam diretamente sobre as pessoas.
Figura 07: Vantagens de ter árvores na calçada do imóvel pesquisado Fonte: Pesquisa de campo, 2007
Nos questionários aplicados aos dois grupos de moradores, foi indagado se já
haviam plantado alguma árvore. Destacamos resposta positiva em ambos os casos. Porém, nas
casas em que há árvores, nem sempre foram os próprios moradores que as plantaram.
Comentário do tipo “me arrependo de nunca ter plantado uma árvore” também teve seu
destaque.
Nº
de r
espo
sta
de m
orad
ores
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Assim, conclui-se que a grande maioria da população tem consciência da
importância da arborização, mas nem todos têm a iniciativa de fazê-la.
6- CORTES E PODAS DE ÁRVORES
Segundo Mendonça (2000), no ano de 1998 foram realizados 841 pedidos de
cortes de árvores na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, sendo que 74,3% foram
autorizados. Os principais motivos são: conflitos com a rede elétrica, danos no imóvel,
construções, danos na calçada, folhas que caem e provocam incômodos.
A Bióloga Arlete Gomes Rosa Ohirra, técnica responsável pela avaliação dos
pedidos de cortes de árvore na cidade de Uberlândia, afirma que os motivos que levaram a
população a pedirem os cortes de árvores no ano de 2007, foram os mesmos citados por
Mendonça (2000). Sendo que 90% da população alegou danos ao imóvel, 5% afirmou terem
problemas nas calçadas e outros 5% alegaram que as árvores ocasionavam risco de quedas aos
transeuntes.
Essa bióloga, perguntada sobre o procedimento para a realização do pedido,
respondeu que o proprietário, munido dos documentos do imóvel e pessoais, vai até a Seção
de Protocolo da Prefeitura Municipal de Uberlândia e faz o pedido. O processo montando é
passado para os técnicos do Horto Municipal que vão até o local do pedido e fazem a vistoria,
autorizando ou não o corte. Uma vez autorizado o proprietário assina um termo de
compromisso para plantar outra árvore no local de onde está retirando a árvore doente ou
causadora do problema. Neste caso, o próprio proprietário fica autorizado a fazer o corte. No
entanto, por questão de segurança e de custo, o dono do imóvel normalmente não o realiza.
Segundo a técnica responsável pelos cortes, a demora em emitir as autorizações
para a retirada das árvores é uma estratégia para a diminuição desse cortes. A autorização é
mais rápida para aqueles casos em que há risco ao imóvel e à população.
Questionada sobre como é realizada a vistoria, a referida Bióloga disse que é
observada a questão fitossanitária da árvore, se está inclinada para rua ou trazendo risco aos
moradores. Ela salientou que existem aparelhos que ajudariam nessas vistorias, mais que a
Prefeitura Municipal de Uberlândia não dispõe desses aparelhos por serem muito caros.
O Engenheiro Agrônomo Luiz Carlos de Carvalho, responsável pelo Horto
Municipal, disse que algumas espécies de árvores têm causado problema nas ruas de
Uberlândia, principalmente por causa das quedas em período de chuva. Existe o mito de que
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plantar árvores em manilhas não causa destruição em calçadas. Mas, em função do
desconhecimento da população em relação ao plantio adequado de árvores, as raízes ficam
presas e algumas espécies que não tem raízes profundas acabam caindo por não ter como se
sustentar.
O Horto municipal continua distribuindo gratuitamente mudas de árvores, como
em 1998. Porém, foi lançada uma cartilha de orientação com instruções de plantio para
diminuir os problemas gerados após o crescimento da muda. A figura 08 mostra que a cartilha
sugere espécies de árvores adequadas às ruas da cidade e dá instruções para plantio, adubação,
irrigação, tutores e grades de proteção.
Figura 08: Cartilha incentivando o plantio correto de mudas de árvores. Fonte: Horto Municipal de Uberlândia
Segundo os técnicos Arlete e Luiz Carlos, o principal motivo de reclamação por
parte da população dentro do Horto é a pressão dos cidadãos na execução dos plantios ou
podas de árvores. Geralmente a população quer agilidade nos plantios e não usa técnicas
adequadas de arborização, principalmente em canteiros centrais das avenidas. Por esse motivo
os problemas têm aumentado, pois na tentativa de plantar mais árvores a população não
respeita o espaçamento adequado, conforme apresenta a figura 03. Dessa forma, quando as
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árvores crescem, aparecem os problemas como barreira visual, o que impede a iluminação
pública e gera falta de segurança por causa da escuridão.
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da situação levantada, observa-se que a população tem a percepção da
importância da arborização. Sombras, aspecto visual, além de outros aspectos benéficos à
saúde, as árvores trazem inúmeros benefícios à população. No entanto, percebemos com esta
pesquisa que ainda falta uma política de planejamento e viabilização de ações a serem
implantadas a curto, médio e longo prazo e que visem melhorar as condições da arborização
na cidade de Uberlândia.
Além disso, concluímos que a população deve observar técnicas de espaçamento
entre espécies, a distância da árvore em relação ao poste de iluminação, a garagens e outros
locais que possam desencadear problemas. O tipo de espécie a ser plantada é relevante, pois
vale lembrar que uma muda cresce e que a população deve respeitar o tamanho da copa e a
estrutura de raízes das árvores para evitar problemas futuros. É necessário que se realize
podas de formação, pois algumas espécies consideradas de médio porte podem crescer e
causar confrontos como os que já citamos no decorrer deste artigo.
Portanto, plantar árvores só não basta. É preciso que a população perceba a
importância de que escolher adequadamente a espécie a ser plantada e o manejo adequado
para que haja, de fato, a melhoria na qualidade de vida da população. Esta pesquisa, enfim,
nos permite afirmar que falta iniciativa por parte da pessoas em contribuir para uma cidade
mais arborizada e mais comprometida com a preservação do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
AMBIENTE BRASIL. Disponível em: < http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./urbano/ index.html&conteudo=./urbano/arborizacao.html>. Acessado em: 27 jul. 2007. BONONI, V. L. R. Curso de Gestão Ambiental. Controle Ambiental de Áreas Verdes. Barueri-SP: Manoli, 2004. p. 213-255. CEMIG. Manual de Arborização, 1996
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EMBRAPA. Disponível em: <http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim18_19/baggio.pdf>. Acessado em: 27 jul. 2007. MENDONÇA, M. G. Políticas e Condições ambientais de Uberlândia-MG, no contexto estadual e Federal. 2000. 198 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2000. MILANO, M. S. O planejamento da arborização, as necessidades de manejo e tratamentos culturais das árvores de ruas de Curitiba, PR. Floresta 17:15-21. 1987 UBERLÂNDIA. Lei Complementar nº017. 4. dez.1991. Dispõe sobre a política de proteção, controle e conservação do Meio Ambiente e dá outras providências. Uberlândia: Prefeitura Municipal de Uberlândia, s/d.
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