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ARQUEOLOGIA

Fábio Grossi dos Santos

Historiador e Arqueólogo

ARQUEOLOGIA

Fabio Grossi dos Santos*

O QUE É ARQUEOLOGIA?

A arqueologia é uma ciência que se preocupa com o estudo da totalidade material apropriada pelas sociedades humanas, como parte de uma cultura total, material e imaterial, sem limitações de caráter cronológico. Visa, portanto, a compreensão do funcionamento e transformação dessas sociedades na busca de correlações entre o ser humano e a natureza por meio de uma abordagem interdisciplinar para explicar a complexidade de seu objeto de estudo.

A arqueologia estuda os objetos produzidos pelo Homem diferentes épocas, para interpretar e caracterizar o modo de vida de grupos humanos, que deixaram sua marca através da cultura material por eles elaborados. Esses elementos materiais da cultura podem tanto ser históricos como pré-coloniais, e são encontrados no meio ambiente por pesquisadores da área: o arqueólogo.

Ou seja, Arqueologia é a ciência que estuda o ser humano a partir das coisas produzidas, utilizadas e descartadas pelos homens e mulheres não só do passado, mas também do presente. Os locais onde são encontrados esses vestígios são chamados Sítios Arqueológicos. ARQUEOLOGIA NO MUNDO O homem sempre demonstrou curiosidade por seu passado, suas origens, de onde veio; então, em vários momentos, desde seu surgimento, ou seja, em várias épocas e lugares, ele procura por respostas remexendo nos objetos do passado, seja de seus ancestrais quanto de outros povos. No entanto, podemos considerar que a Arqueologia nasceu com as escavações de Pompéia, no século XVIII. Nesta época, procuravam-se essencialmente objetos de arte para as coleções de museus. ARQUEOLOGIA NO BRASIL Pode-se dizer que se inicia com o dinamarquês Peter Wilhelm Lund: botânico e paleontólogo amador, em 1834 fixou residência em Lagoa Santa, Minas Gerais, onde ficou até morrer em 1880. (hoje ele é considerado o pai da Paleontologia brasileira). Destaca-se também o papel de D. Pedro II com seu interesse pessoal, pesquisando e trazendo diversos estrangeiros, além do trabalho de alguns amadores, como Guilherme Tiburtius. OFICIALIZAÇÃO DA ARQUEOLOGIA NO BRASIL

A partir de 1950, com a criação da Comissão de Pré-História da USP (hoje Instituto de Pré-História) chegam ao Brasil os primeiros profissionais que vão formar escola, como o casal francês Joseph Emperaire e Anette Lamming, que convidados por Paulo Duarte iniciam suas pesquisas em São Paulo e Paraná. Estes fornecem as primeiras datações radiocarbônicas para o Brasil;

* Historiador e Arqueólogo; professor de História na ONG Práxis

Também temos a atuação do casal norte-americano Clifford Evans e Betty J. Meggers que se ocupam, sobretudo da foz do Amazonas; Ao perceberem a exigüidade de pesquisas no Brasil, Clifford Evans e Betty Meggers iniciam o PRONAPA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas) que vai de 1965 a 1971, criando toda uma geração de arqueólogos. O CONTEXTO ARQUEÓLOGICO NO BRASIL

O estudo da Arqueologia costuma ser dividido em Pré-Histórico e Histórico. No caso do Brasil essa divisão se faz em Pré-Cabralino e Pós-Cabralino (ou ainda pré e pós colonial), respectivamente.

O período Pré-Cabralino compreende o estudo dos povos indígenas enquanto culturas autóctones, de povos que aqui habitavam antes de Cabral, e que carecem de estudos em fontes documentais. Esse período se estende de 500 anos atrás até 50.000 A.P. (Pedra Furada – São Raimundo Nonato, PI, por Niède Guidon). É a Arqueologia Pré-colonial.

O Período Pós-Cabralino compreende o estudo da colonização européia e toda a influência que estes trouxeram. Esse momento é mais rico em fontes documentais. Trata-se da Arqueologia Histórica.

O TRABALHO DO ARQUEÓLOGO Para realizar seu trabalho, o arqueólogo lança mão de diversos procedimentos. Em campo, procura identifica e escavar sítios arqueológicos, onde documenta estruturas e coleta objetos que pertenceram ao cotidiano de uma determinada sociedade. Em seguida, inicia a fase de estudos e trabalhos sistemáticos em laboratório, onde procura relacionar os objetos coletados ao grupo que os produziu e ao seu modo de vida. Logo, a pesquisa arqueológica exige muito esforço e dedicação em campo, mas não afasta um trabalho intelectual imenso em laboratório. As responsabilidades do arqueólogo vêm aumentando a cada dia, já que ele é incumbido de resgatar e conservar a herança cultural humana, lidando com um patrimônio tão frágil e finito quanto os próprios recursos naturais existentes em nosso planeta. Ao arqueólogo não cabe apenas investigas as pirâmides do Egito ou os monumentos clássicos gregos e romanos. Ao contrário, a Arqueologia está se diversificando cada vez mais e, no Brasil, é possível encontrar pesquisadores em atividade na Mata Atlântica, nas dunas do Nordeste, em meio à floresta Amazônica ou ainda em plena cidade grande, em meio à construção de um túnel de metrô, por exemplo. AS ETAPAS DO TRABALHO ARQUEOLÓGICO 1 - Atividades de Gabinete – onde, a partir do objetivo proposto, se faz o levantamento de informações sobre a pesquisa. Coletam-se documentos que possam obter informações do provável sítio arqueológico. Informações tanto históricas quanto geográficas, ambientais etc; 2 - Atividades de Campo – onde se realiza a localização dos sítios arqueológicos e em seguida sua escavação; 3 - Atividades de Laboratório – momento em que o material resgatado e todos os dados

levantados serão analisados e interpretados; 4 - Produção bibliográfica – Com as informações obtidas se tem o maior fim da pesquisa, a produção do conhecimento. Ao final, o trabalho gera publicações, seja em forma de teses, livros, revistas ou artigos, cumprindo posteriormente a etapa da educação patrimonial, que envolve palestras, workshops, cursos, mini-cursos e ainda ações de longa duração com a comunidade local.

ATIVIDADES DE CAMPO

Escavando

Evidenciando estrutura -Antes

Estrutura evidenciada -depois

Estrutura evidenciada – provável forno: detalhe de duas vasilhas sobrepostas sobre carvão

Estrutura evidenciada – provável forno: 2 vasilhas cerâmicas sobre carvão

ATIVIDADES DE LABORATÓRIO

Analisando material

Lavando material

TÉCNICAS USADAS • Caráter multidisciplinar; • Coletânea de dados; • Técnicas de campo (escavação): A partir de conhecimentos das “ciências da terra”

(geografia, geologia) procura-se compreender o ambiente a volta, faz-se a intervenção através de sondagens e trincheiras, além de coletas de superfície, além de registros fotográficos e croquis;

• Técnicas de Laboratório: Organização, classificação e catalogação da coleção obtida e sua devida análise cultural e composição material;

SONDAGEM ou UNIDADE

DE ESCAVAÇÃO

TRINCHEIRA

DATAÇÃO • Existem dois topos de datação: a relativa e a absoluta – A absoluta é quando o

próprio objeto ou artefato é submetido ao processo de datação, ele fornece a idade, por isso absoluta. Relativa é quando o objeto, artefato ou sítio é relacionado a algo ou contexto que permita lhe dar uma data aproximada. Ex: se encontramos um objeto que esta dentro de uma construção romana do primeiro século a.C., podemos concluir então, que esse objeto é aproximadamente da mesma data.

• Hoje, com a tecnologia, existem vários métodos de se obter a datação absoluta, ex: CARBONO 14 e TERMOLUMINESCÊNCIA.

ALGUNS TIPOS DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ENCONTRADOS NO BRASIL • Para sítios Pré-Históricos : � Sítios em céu aberto � Sítios em abrigos (cavernas, paredões rochosos) � Sambaquis (ambientes costeiros) • Para Sítios Históricos: � Fortes (militares) � Antigas construções em geral (do período colonial em diante)

SÍTIOS A CÉU ABERTO

SÍTIOS EM ABRIGO OU CAVERNA

SAMBAQUI

SÍTIOS HISTÓRICOS

Sete Povos das Missões - RG

TIPOS DE VESTÍGIOS ENCONTRADOS EM UM SÍTIO ARQUEOLÓ GICO

• Ósseos • Vegetais • Líticos (Rochas) • Cerâmicos • Metais (sítios históricos) • Faianças/Louça (sítios históricos) • Pinturas e gravuras

OSSOS HUMANOS

OSSOS ANIMAIS

MATERILA LÍTICO

CERÂMICA

METAIS

FAIAN ÇAS

PINTURAS

OUTROS

COMPROMISSO COM EDUCA ÇÃO PATRIMONIAL E DIVULGA ÇÃO CIENTÍFICA

Educação Patrimonial

ARQUEOLOGIA EM OUTROS LUGARES:

NA AM ÉRICA – PERU

CAHUACHI - NASCA

DESERTO DE NASCA

LINHAS DE NASCA

O ASTRONAUTA

O COLIBRI – BEIJA FLOR

A ARANHA

MUSEU DE NASCA

CABEÇAS TROFÉU

Crânio com trepanação

Crânios alongados

Tumba do Senhor de Sipan

Norte do Peru -Chiclayo

Escavação em Saqsaywaman – Cusco (Peru)

Múmia com tatuagem –símbolo de nobreza

Maior cidade de barro do mundo: Chan-Chan – norte do Peru (Trujillo)

NA EUROPA

POMPEIA E HERCULANO

Fonte Bibliográfica: - Arqueologia de Pedro Paulo Funari - Pré-História da Terra Brasilis. Organização de Cristina Tenório. - Arqueologia Brasileira de André Prous - Acervo pessoal do autor

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