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8/3/2019 Artesanato_brasileiro, cultura talhada a mo
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No Brasil, o artesanato representa uma das ma
estaes de cultura mais ortes de nosso povo
H mais semelhana entre Amaro de Tracunham e Pablo Picas
ue admitem os livros de arte ociais. O primeiro, nascido em Pe
buco, em 1937, notabiliou-se como mestre ceramista, ormador ra es de artes os. O segundo, espanhol, nascido em 1881, oi tido
um dos maiores artistas do sc ulo XX, um verdadeiro revolucionr
ambos, a argila despertou a paixo pelo aer. Amaro, por amor de
a partir de utilitrios passou a aer objetos de decorao, admi
pela singularidade. Picasso, por amor de descobrir ormas novas
maniestar, produiu peas em srie ue, numeradas, guardam a
de obras de arte.
Se o grande mestre espanhol considerado um dos smbolos d
tura, por ue no o seria o grande mestre pernambucano? Ana
ambos se observa a originalidade do trao, a ora da criao.
J se v ue nem sempre c il distinguir arte de ar tesanato, po
bos nascem da interveno da mo humana sobre as matrias-p
ornecidas pela naturea, ou at mesmo pelos resduos dos pro
industriais.
De todo o modo, no Brasil, o artesanato representa uma das mata es de cultura mais ortes de nosso povo: seja a arte plumri
duida pelos primeiros habitantes, e ue hoje pode ser reproduida
ns comerciais; seja a cermica de potes, pratos e bacias, originalm
utilitria, mas ue hoje eneita residncias em todo o mundo; sej
objetos de palha, sisal, algodo e tantas outras bras, todos guarda
comum um trao: o saber-aer nico de comunidades brasileiras
homens, mulheres, meninos e meninas, envolvidos na arte de ae
sar para as geraes uturas os ritos, crenas e artes dos antepassa
artesanato
Artesanato brasileirocultura talhada a m
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O APOIO D O SEBRAE AO ARTESANATO SITUA-SE NO ESPAO DA VALORIzAO DACULTURA, CAPACITAO E GERAO DE REN DA, AO RECONHECER O VALOR E AORIGINALIDADE DAS PEAS DE UMA COMUNIDADE
O artesanato materialia a cultura. q ando viaja-mos compramos lembranas, ue nos remetem cul-
tura local e s pessoas ue conhecemos, di Durcelice
Mascne, coordenadora nacional de artesanato.
De olho nesse lo criativo, o Sebrae tem investido
esoros, desde 1998, a m de proporcionar maiores
vos imagina o desses artistas do povo, espalhados
por todo o Brasil, mas ue ormam um contingente
substancial de trabalhadores. Segundo dados do Mi-
nistrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio, so
8,5 milhes de arteso s, ue movimentam anualmente
R$ 28 milh es de reais.
Para o Sebrae, o artesanato uma atividade ue deve
gerar renda como ualuer outra. O artesanato tem ele-
vado o potencial de ocupao e renda em todos os esta-
J so 170 mil artesos atendidos pelos projetos doSebrae, em 32% dos municpios brasileiros. Segundo Pa-
trcia Salamoni, coordenadora nacional de artesanato,
alm de valoriar o saber-aer o Sebrae capacita os ar-
teses para ue eles possam, por meio de associaes,
multiplicarem seu potencial do negcio. O primeiro
passo identicar ual a voca o da regi o; em segui-
da, os especialistas do Sebrae conversam com todos os
envolvidos, mobiliando-os para o trabalho em coope-
rativas e associaes; depois disso, vem a capacitao
em cursos, encontros, trocas de experincias, explica.
Uma das maneiras de multiplicar as experincias e
projet-las para todo o Brasil (e, simultaneamente, pre-
parar terreno para as exportaes) o Prmio Sebrae
Top 100 de Artesanato, criado para premiar e reconhe-
ainda mais competitiva, e mais bem preparada para omercado nacional e internacional.
Em 2006, esto sendo premiados projetos de 22 esta-
dos da Federa o, levando-se em conta o nvel de organi-
ao e os produtos elaborados. Em sua primeira edio,
o prmio tomou por critrios de avaliao itens como
grau de inova o e dierencia o das peas para torn-las
atrativas ao mercado, aspectos em suas ormas e utilida-
des uncionais e como essas peas refetem a identidade
e a cultura local e agregam valor produo. Do jri, par-
ticiparam prossionais do design, empresrios do setor,
consultores e tcnicos do Sebrae e de outras entidades.
No Nordeste, a Paraba teve o maior nmero de ci-
taes, com 13 unidades premiadas. As experincias
paraibanas contempladas pelo Top 100 oram: Coop-
natural, Associaes de Rendeiras e Artess zabel,Camala, Monteiro, S o Sebasti o do Umbueiro e S o
Joo do Tigre, Associao das Artess Rurais de Pontina,
Associao das Artess Rurais de Serra Rajada, Associa-
o das Crocheteiras de Areal, Associao dos Artesos
e Artess de Araruna, Cooperativa Artesanal Mista de
Juripiranga, Entre Fios e Lenita Fernandes Maia Paiva.
Para Maysa Gadelha, presidente da Coopnatural, o pr-
mio Top 100 divulga o trabalho dos artesos auxiliando
inclusive na busca de incentivos. At h pouco tempo,
esses incentivos para o setor eram peuenos ou inexis-
tentes. Hoje, contamos com uma grande mobilia o
para agiliar a ualicao da atividadeexplica Maysa.
Na Regio Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul oi o Es-
tado ue teve o maior nmero de ganhadores do Pr-
mio. Entre eles, a Associao Arpeixe, reconhecida pelotrabalho desenvolvido por mulheres de pescadores de
Mato Grosso do Sul.
No Sudeste, destacou-se a Associao dos Lavradores
e Artesos de Campo Alegre (Alaca). Para Ansia Lima de
Soua, artes e presidente da Alaca, uma das vencedoras
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do Prmio Top 100 de Artesanato, dicil de acreditar
ue seu trabalho esteja entre os cem melhores do Pas.
Sua modstia no esconde o apuro de suas colegas de
trabalho, ao moldarem delicadas bonecas, eneites para
casas e utilitrios como potes e jarras, trabalho ue a-
em em paralelo ao de donas de casa e lavradoras. Mas o
ato ue o sucesso da artes passa pelo associativismo.
Membro da Alaca desde a sua criao, h 21 anos
seu trabalho solitrio, mas as vendas s o eitas com
o apoio da entidade. A unio permite ue seus produ-
tos cheguem a eiras nos grandes centros e acilita os
aspectos egais. muito bom para ue gente de longe
conhea meu trabalho; vendo tanto na regio uantopara lojistas de outros estados, reconhece Ansia.
No Sul, um dos destaues o Paran, estado ue teve
trs ncleos produtores de artesanato contemplados: o
Atelier de Marcelo Fedalto e Anderson Otero, localia-
do em Campo Largo, na Rota dos Tropeiros; o artesa-
nato eito com poda de macieiras de Palmas, na regio
de Pato Branco; e a associao Artest, de Londrina. Na
Artest, por exemplo, os produtos mantm a identidade
A UNIO PERMITE qUE OS PRODUTOS
CHEGUEM A FEIRAS NOS GRANDES CENTROS de cada arteso, mas passam por melhorias a partir deorienta es em rela o ao acabamento, esign, mat-
ria-prima e embalagens. Isso e com ue o s artesos se
prossionaliassem e passassem a vender para os Esta-
dos Unidos e Sua, alm de prospectar compradores no
Japo e integrar exposies na Frana, Espanha e Itlia.
O apoio do Sebrae ao artesanato situa-se no espa-
o da valoriao da cultura, capacitao e gerao de
renda, ao reconhecer o valor e a originalidade das pe-
as de uma comunidade, omentar as associaes pro-
dutivas e potencialiar a comercialiao, por meio de
arranjos produtivos.
A contraparte desse trabalho vem da outra ponta,
seja no momento em ue esses materiais so aduiri-
dos por turistas brasileiros ou estrangeiros, ao visita-
rem essas regies produtoras; seja pelas exportaespara grandes centros urbanos ou outros pases.
Elsie Marchini, consultora do Sebrae ue atua na
coordenao Nacional dos Projetos de Artesanato, co-
menta ue o artesanato um segmento tangvel da
cultura brasileira. a materialiao do ue somos por
meio das mos dos artistas, ue reproduem nossa his-
tria, hbitos e costumes, seja nos objetos de decora-
o, vesturios, arteatos entre o utros.
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