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Nos últimos anos, as empresas de construção tem aumentado a preocupação com os requisitos de segurança e saúde de seus trabalhadores, devido aos inúmeros cenários de perigo encontrado nas obras. Dentre os vários ramos de atuação da construção, temos as obras de construção e montagem de dutos terrestres. Neste ambiente, buscam-se continuamente técnicas de análise de risco eficaz que possam levantar os eventos indesejáveis e propor medidas de controle evitando assim atrasos ao projeto, perdas materiais, impactos ao meio ambiente e principalmente danos as pessoais envolvidas. O objetivo deste trabalho é realizar análise dos riscos, da atividade de teste hidrostático de uma das linhas de dutos, a qual interligará a refinaria em construção ao terminal de armazenamento e de transporte, bem como a área portuária no litoral sul do estado de Pernambuco. Nesta análise, foram empregadas às técnicas FMEA (Failure modes and effects) e HAZOP (Hazard and operability studies) e utilizada à ferramenta da qualidade, Ciclo do PDCA (Plan, Do, Check, Action), para o gerenciamento os processos de análise. A junção das técnicas, análise de risco e qualidade, propõe uma nova metodologia para o processo de análise e avaliação dos riscos. A partir da proposta do uso do Ciclo do PDCA para gerenciamento das análises de risco foi selecionada a linha de dutos, aplicada às técnicas e elaboradas as planilhas FMEA e HAZOP como resultado deste trabalho, sendo levantadas as medidas de controle existentes, bem como, proposta de novas medidas de controle.Palavras-chaves: Análise de risco, FMEA,
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ANÁLISE DE RISCO NA ATIVIDADE DE
TESTE HIDROSTÁTICO EM
TUBULAÇÃO ENTERRADA
EDINEIA CRISTINA DE FREITAS CORDEIRO (UNIVERSO )
CHRISCORDEIROBH@HOTMAIL.COM
Helder Henrique Lima Diniz (UFPE )
helder.diniz@terra.com.br
Wagner Barbosa dos Santos (UFPE )
wagner_b_santos@hotmail.com
Enrique Lopez Droguett (UFPE )
ealopez@ufpe.br
Nos últimos anos, as empresas de construção tem aumentado a
preocupação com os requisitos de segurança e saúde de seus
trabalhadores, devido aos inúmeros cenários de perigo encontrado nas
obras. Dentre os vários ramos de atuação da construção, temos as
obras de construção e montagem de dutos terrestres. Neste ambiente,
buscam-se continuamente técnicas de análise de risco eficaz que
possam levantar os eventos indesejáveis e propor medidas de controle
evitando assim atrasos ao projeto, perdas materiais, impactos ao meio
ambiente e principalmente danos as pessoais envolvidas. O objetivo
deste trabalho é realizar análise dos riscos, da atividade de teste
hidrostático de uma das linhas de dutos, a qual interligará a refinaria
em construção ao terminal de armazenamento e de transporte, bem
como a área portuária no litoral sul do estado de Pernambuco. Nesta
análise, foram empregadas às técnicas FMEA (Failure modes and
effects) e HAZOP (Hazard and operability studies) e utilizada à
ferramenta da qualidade, Ciclo do PDCA (Plan, Do, Check, Action),
para o gerenciamento os processos de análise. A junção das técnicas,
análise de risco e qualidade, propõe uma nova metodologia para o
processo de análise e avaliação dos riscos. A partir da proposta do uso
do Ciclo do PDCA para gerenciamento das análises de risco foi
selecionada a linha de dutos, aplicada às técnicas e elaboradas as
planilhas FMEA e HAZOP como resultado deste trabalho, sendo
levantadas as medidas de controle existentes, bem como, proposta de
novas medidas de controle.
Palavras-chaves: Análise de risco, FMEA, HAZOP, Ciclo do PDCA
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1. Introdução
Com o crescimento no segmento da indústria da construção e o aumento expressivo das obras
em todo o país ao longo dos últimos anos, surgiram inúmeras preocupações com os requisitos
de segurança e saúde dos trabalhadores deste setor. Segundo a Organização Internacional do
Trabalho (OIT), o setor de construção é um dos setores mais perigosos. Inserido neste cenário
de construção tem-se as obras de dutos terrestres que é tida como uma obra horizontal, a
exemplo da construção de estradas.
Os dutos terrestres são utilizados para transporte de grande volume de petróleo e os seus
derivados, dentre outros produtos, por longas distâncias de forma mais eficiente e segura. O
grande avanço tecnológico tem permitido um maior controle operacional, tornando este tipo
de modal também utilizado para transportar gás natural, os chamados gasodutos. O modal
dutoviário se destaca dos rodoviários e ferroviários por permitir maior agilidade, segurança,
capacidade de fluxo e baixa flexibilidade.
Neste ambiente, tem-se verificado a busca contínua pela execução segura das atividades,
sendo empregados esforços para evitar a ocorrência de eventos indesejáveis que possam
acarretar em atrasos no projeto, perdas materiais, impactos ao meio ambiente e principalmente
danos pessoais.
Quando um acidente ocorre são inúmeras as consequências. Nos acidentes, com uma ou mais
vitimas, devem ser considerados os gastos com pagamento do acidentado enquanto estiver
impossibilitado de executar sua atividade e caso tenha sofrido lesão incapacitante deve ser
previsto o pagamento de indenização, conforme previsto em lei.
Dentre as etapas de uma obra de dutos terrestres são inúmeros os cenários de risco que se
encontra. Para este trabalho será analisada, especificamente a etapa do teste hidrostático da
tubulação, que possui um alto potencial de dano. Segundo Quaresma (2007), o teste de
pressão serve para provar a integridade da tubulação. A pressão do teste hidrostático é
normalmente igual a 1,5 vezes a pressão de projeto. Em alguns casos, pode ser maior.
Segundo Oliveira (2009), riscos relacionam-se a condições que, caso venham a ocorrer,
podem comprometer ou impedir a realização de um dado projeto, isto é, um esforço
temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. Portanto, uma
análise adequada e eficaz dos riscos das atividades realizada, poderá assegurar o cumprimento
deste requisito previsto na Constituição.
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Existem algumas técnicas utilizadas na análise dos riscos, como Análise Preliminar de Risco
(APR), que é boa para identificar os riscos e recomendar medidas, porém não é eficiente para
um controle direto, pois se trata de uma análise inicial qualitativa a qual tem seu
desenvolvimento na fase de projeto e desenvolvimento de um processo, de um produto ou de
um sistema. Para realizar uma análise mais profunda para a fase de operação dever-se-ia
associá-la a técnicas complementares como Análise por Árvore de Falhas e Análise por
Árvore de Eventos.
Ao buscar técnicas mais aprofundadas para esta análise qualitativa dos perigos/riscos,
identificou-se o método da Análise dos Modos Falha e Efeitos - FMEA (Failure modes and
effects), que segundo Zambrano e Martins (2007), a FMEA consiste em identificar as falhas
prováveis em projetos ou processo, estabelecer as prioridades para o tratamento das falhas e
implementar as ações recomendadas. Para auxiliar esta análise dos modos de falha e efeitos,
será aplicado o Estudo dos Perigos e da Operacionalidade - HAZOP (Hazard and operability
studies). De acordo com Florence e Calil (2005) é, técnica sistemática para identificar perigos
e problemas operacionais. Envolve uma visão detalhada da operação do produto, focalizando
os possíveis desvios dos processos operacionais.
Desta forma, serão ajustados os métodos de análise de risco escolhido, FMEA e HAZOP, a
utilização da ferramenta da qualidade Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action), que irá
gerenciar todo o processo de análise de risco na atividade de teste hidrostático. Encontra-se na
ferramenta da qualidade este suporte para garantir a eficácia da análise, pois segundo Gomes e
Mattioda (2011), o Ciclo PDCA é uma ferramenta de qualidade que facilita a tomada de
decisões visando garantir o alcance das metas necessárias à sobrevivência dos
estabelecimentos e, embora simples, representa um avanço sem limites para o planejamento
eficaz.
Pode-se encontrar a aplicação desta técnica de análise de risco em varias literaturas, como a
de Florence e Calil (2005), onde aplicou o FMEA para uma nova perspectiva no controle dos
riscos da utilização de tecnologia médico-hospitalar. Por outro lado, Zambrado e Martins
(2007) propôs a aplicação da FMEA para avaliação do risco ambiental. Calixto (2006)
realizou uma avaliação das técnicas de gerenciamento de risco na indústria do petróleo, onde
apresentou o uso da técnica proposta. Silva (2008) aplicou análise de risco baseada na
ferramenta FMEA em um gerador de vapor. Já Gomes e Mattioda (2011), realizou um ajuste
do Ciclo PDCA as técnicas de prevenção e controle de perdas em segurança do trabalho.
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Pelo exposto, o presente trabalho visa realizar uma avaliação das condições de segurança na
atividade de teste hidrostático de uma obra de dutos, a qual interligará a refinaria em
construção ao terminal de armazenamento e de transporte, bem como a área portuária no
litoral sul do estado de Pernambuco. O trabalho foi realizado sob dois pontos, o primeiro foi
da elaboração da planilha FMEA, que serviu como base para segunda etapa, concretização do
HAZOP da atividade de teste hidrostático.
2. Metodologia
Para a realização das análises de risco proposta para este trabalho, foi utilizada a Ferramenta
da Qualidade, PDCA, no intuito de gerenciar todo o processo de análise. Está fusão de
técnicas, análise de risco e qualidade, busca propor uma nova metodologia ao processo de
gerenciamento dos riscos.
Nas Figuras 1 e 2, abaixo, são apresentadas as relações entre as duas Técnicas de Análise de
Risco que foram abordadas neste trabalho, e suas correlações com cada etapa do Ciclo do
PDCA.
A técnica FMEA deve ser aplicada a todos os prováveis modos de falhas dos processos
escolhidos.
Figura 1 – Técnica FMEA x Ciclo do PDCA
Fonte: Adaptação, Gomes e Mattioda (2011)
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(P) Planejamento – Nesta etapa definir o duto em que esteja sendo realizado o teste
hidrostático, para que seja realizado o levantamento dos componentes do sistema e suas
respectivas funções através do procedimento escrito;
(D) Execução – Deve ser realizada a aplicação dos potenciais modos de falha do processo,
através da técnica de brainstorming com a equipe envolvida no teste.
(C) Verificação – Após levantamento dos modos de falha, realizar a verificação dos efeitos e
sua interação com os demais componentes do sistema.
(A) Ação – Nesta etapa, deve ser realizada a análise das consequências geradas pela falha
individual ou combinada, sendo proposta medidas de controle do risco e de emergência e
apresentada a planilha concluída.
Para o estudo dos riscos através do Hazop, será aplicada nos nós de processo selecionado para
que os riscos sejam avaliados e as medidas de controle e controles de emergências sejam
estabelecidas.
Figura 2 – Técnica HAZOP x Ciclo do PDCA
Fonte: Adaptação, Gomes e Mattioda (2011)
(P) Planejamento – Deve ser selecionada a etapa do processo com probabilidade da ocorrência
do dano e que tenha interação com o homem, para que sejam aplicadas as palavras guias;
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(D) Execução – Após o levantamento dos desvios e preenchimento do formulário proposto
deve ser realizada a análise das causas básicas, através da técnica de brainstorming realizado
com aos responsáveis da área e da experiência da equipe de segurança da área.
(C) Verificação – Realizar avaliação qualitativa das consequências dos desvios encontrados.
(A) Ação – Nesta etapa, deve ser realizada a proposta medidas de controle do risco e de
emergência para os desvios levantados e apresentada a planilha preenchida.
3. Estudo de Caso: análise de risco na atividade de teste hidrostático em tubulação
enterrada
3.1. Caracterização da empresa
O presente estudo de caso foi realizado em um Consórcio formado por duas conceituadas
empresas de médio porte no mercado de Construção Civil e Óleo & Gás. O escopo do projeto
deste Consórcio é construção de faixa de dutos, tubovias, montagem de bombas, serviços e
acessórios de interligações de braços de carregamento em píeres, emissário submarino e fibra
óptica.
3.2. Aplicação da Técnica FMEA x Ciclo do PDCA
3.2.1. (P) Planejamento
Para aplicação da Técnica FMEA dentre as 13 (trezes) linhas de dutos que foram montadas
para transporte do Petróleo e seus derivados, escolheu-se a linha Diesel 50, pois era a linha
que estava sendo testada no período de execução deste trabalho.
Uma equipe multidisciplinar, composta por Supervisor de segurança, Inspetor de dutos,
Encarregado do teste hidrostático e um Técnico em mecânica, iniciou a identificação dos
processos a serem analisados pela técnica FMEA. Dentre os processos citados no
procedimento foram analisadas duas etapas do processo de execução do Teste Hidrostático,
sendo estas: o teste de resistência mecânica e teste de estanqueidade.
O teste de resistência mecânica visava verificar a integridade estrutural e resistência mecânica
da linha de Diesel 50, assim como aliviar as tensões do duto oriundas da montagem. Já o teste
de estanqueidade visava garantir que a linha de Diesel 50 estava isenta de vazamentos.
3.2.2. (D) Execução
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Para o levantamento dos potenciais modos de falha do teste hidrostático da linha de Diesel 50
utilizou-se da técnica de brainstorming. Durante a reunião foi exposto pelos participantes
vários possíveis modos de falha. Após uma revisão das ideias, permaneceram os seguintes
modos de falhas para cada etapa do processo analisado:
a) Etapa do teste de resistência mecânica: (1) Variar vazão de enchimento da linha; (2)
Aplicar material de cobertura insuficiente na cabeça de teste; (3) Interromper o
funcionamento da bomba de alta pressão; (4) Romper das Mangueiras de alta pressão;
(5) Aplicar pressão maior que a necessária; (6) Vazar água pelo flange;
b) Etapa do teste de estanqueidade: (7) Diminuir pressão além do especificado para o
teste; (8) Vazar água por juntas soldadas; (9) Variar a pressão de início e término do
teste.
3.2.3. (C) Verificação
Após a realização do levantamento dos modos de falhas do processo de teste hidrostático, a
equipe de estudo, através da técnica do brainstorming onde foram verificados os efeitos de
cada modo potencial de falha, levando em consideração seus efeitos no sistema e ambiente,
assim como sua interação com os demais componentes do processo.
Todos os efeitos possíveis sugeridos por cada membro da equipe foram relacionados no
quadro branco. Após a participação de todos, cada efeito relacionado foi analisado e os que
foram considerados condizentes passou a ser relacionado na tabela de análise FMEA, Quadro
1.
3.2.4. (A) Ação
Nesta etapa foram levantadas as medidas de controle do risco e de emergência existentes, bem
como proposta medidas para aqueles onde foi verificada a ausência de medidas de controle.
Foi observado que para o controle de emergência o Consórcio possui um procedimento
específico, Plano de Resposta a Emergências (PRE), que contempla a hipótese acidentaria em
atividades de teste hidrostático, assim como todos os recursos humanos, materiais e
financeiros para atendimento a este tipo de emergência. Este procedimento é disponibilizado
as equipes de teste hidrostático e todos os membros da equipe encontram-se treinados no
mesmo.
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Abaixo é apresentado no Quadro 1 o resultado da análise de um dos modos de falha e efeito
da atividade de Teste Hidrostático.
Quadro 1– FMEA da atividade de teste Hidrostático da Linha de Diesel 50
Fonte: Pesquisa de Campo, (2013).
3.3. Aplicação da Técnica HAZOP x Ciclo do PDCA
3.3.1. (P) Planejamento
Sabe-se que para uma análise eficaz do estudo do Hazop, este deve ser realizado por uma
equipe multidisciplinar. Este estudo com a participação de especialistas que possuíam a
qualificação técnica necessária e que demonstraram interesse em participar deste trabalho.
Sendo a equipe formada por 4 (quatro) profissionais, sendo: 1 (um) Supervisor de segurança,
1 (um) Inspetor de dutos, 1 (um) Encarregado de teste hidrostático e 1 (um) Técnico em
mecânica.
Na reunião, para o estudo do Hazop, foi realizada a análise do procedimento de teste
hidrostático para linha de Diesel 50, onde foram selecionadas as etapas do processo, sendo:
teste de resistência mecânica e teste de estanqueidade.
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Estas etapas foram selecionadas para que se pudesse realizar a separação das palavras chaves
do processo e a aplicação das palavras guias, visando à identificação de problemas
operacionais ou perigos que resultassem de possíveis desvios no processo de execução das
rotinas previstas no procedimento.
A definição dos nós de estudo foi feita como sendo cada uma das principais instruções
descrita no procedimento que se utilizavam do verbo no imperativo ou infinitivo. Cada
instrução dessas foi dividida em palavras chaves que indicavam ações a serem realizadas
pelos envolvidos na atividade. Para todas as palavras chaves indicadas, que são as variáveis
de controle do processo, empregou-se as palavras guias.
As variáveis de controle e as palavras guias foram empregadas nos três principais processos
do teste de hidrostático, que foram os nossos nós de estudo e assim foram identificados os
desvios.
a) Nó 1 - Etapa do monitoramento de estabilização da linha com pressões que variavam
de 50% a 99% da pressão de teste estabelecida para o teste de resistência mecânica.
(1) Palavra-Chave: Volume de ar;
(1.1) Palavra-Guia: Menor;
(1.1.1) Desvio: Volume de ar menor que o estabelecido no procedimento;
(2) Palavra-Chave: Pressão;
(2.1) Palavra-Guia: Maior;
(2.1.1) Desvio: Aplicar pressão maior que o estabelecido no procedimento;
(2.2) Palavra-Guia: Menor;
(2.2.1) Desvio: Aplicar pressão menor que o estabelecido no procedimento;
(2.3) Palavra-Guia: Nenhuma;
(2.3.1) Desvio: Não aplicar nenhuma pressão na linha.
b) Nó 2 - Etapa do monitoramento do teste de resistência mecânica com 100% da pressão
de teste estabelecida;
(1) Palavra-Chave: Volume de ar;
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(1.1) Palavra-Guia: Maior;
(1.1.1) Desvio: Volume de ar maior que o estabelecido no procedimento;
(2) Palavra-Chave: Pressão;
(2.1) Palavra-Guia: Maior;
(2.1.1) Desvio: Aplicar pressão maior que o estabelecido no procedimento;
(2.2) Palavra-Guia: Menor;
(2.2.1) Desvio: Aplicar pressão menor que o estabelecido no procedimento;
(2.3) Palavra-Guia: Nenhuma;
(2.3.1) Desvio: Não aplicar nenhuma pressão na linha.
c) Nó 3 – Etapa do monitoramento do teste de estanqueidade com redução da pressão de
teste para 90,2%.
(1) Palavra-Chave: Volume de ar;
(1.1) Palavra-Guia: Maior;
(1.1.1) Desvio: Volume de ar maior que o estabelecido no procedimento;
(2) Palavra-Chave: Pressão;
(2.1) Palavra-Guia: Menor;
(2.1.1) Desvio: Reduzir a pressão para um patamar menor que o estabelecido no
procedimento;
(2.2) Palavra-Guia: Nenhuma;
(2.2.1) Desvio: Não aplicar nenhuma pressão na linha.
3.3.2. (D) Execução
No prosseguimento da reunião, na etapa de execução, cada desvio levantado foi
minuciosamente analisado quanto a sua possível causa. As causas prováveis, também foram
levantadas através da técnica de brainstorming.
Devido à experiência dos profissionais, que participaram no estudo do Hazop, com a
execução da atividade de teste hidrostático o estudo segui de forma clara e objetiva.
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Em cada palavra-guia de uma palavra-chave do Nó em análise, os participantes sugeriam sua
provável causa que foram relacionadas no quadro branco. Após a segunda rodada de
sugestões, cada causa sugerida era analisada por todos os participantes do grupo. Depois de
eliminadas as que não condiziam, separavam-se as que seriam inseridas na planilha do Hazop.
Esta sequência foi executada, para todas as palavras guias do Nó 1, Nó 2 e Nó 3. Todas as
consequências levantadas pela equipe de estudo foram relacionadas no Quadro 2, abaixo.
3.3.3. (C) Verificação
Seguindo a sequência prevista do estudo, para cada desvio levantado no Nó 1, Nó 2 e Nó 3
foram analisadas, através da técnica de brainstorming, suas prováveis consequências de forma
qualitativa direta, onde foi de grande relevância as informações levantadas pelos profissionais
técnicos, devido às experiências vividas. Nesta etapa, também foram utilizados relatórios de
investigação e vídeos de acidentes envolvendo teste hidrostático.
As consequências foram analisadas tanto do ponto de vista a segurança das pessoas e
comprometimento da operação, como danos materiais e impactos ao meio ambiente.
Todas as consequências relacionadas aos respectivos desvios foram relacionadas na planilha
do Hazop, na coluna específica – Consequência, conforme apresentado no Quadro 2, abaixo.
3.3.4. (A) Ação
Na etapa final do estudo, a equipe analisou os meios de proteção e atenuação dos perigos que
existiam a fim de avaliar se os mesmos eram adequados e suficientes para assegurar a
execução da atividade de teste hidrostático. Para os desvios que foram identificados sem
medidas de controle, a equipe propôs medidas que pudessem garantir uma execução segura da
atividade.
Conforme já mencionado, para o controle de emergência o Consórcio possui um
procedimento específico para resposta a emergências, que contempla a hipótese acidentaria
envolvendo a atividade de teste hidrostático, assim como prevê todos os recursos: humanos,
materiais e financeiros para atendimento a este tipo de emergência. Este procedimento é
disponibilizado a equipe de teste hidrostático, estando todos os membros da equipe treinados
no mesmo.
É apresentado no Quadro 2 abaixo, como resultado proposto para o trabalho a aplicação e
análise de uma das palavras guias em um dos Nós de estudo (Nó 1).
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Quadro 2 – Hazop para avaliação dos perigos da atividade de Teste Hidrostático da Linha de
Diesel 50
Fonte: Pesquisa de Campo, (2013)
3.4. Análise dos Resultados
A utilização da ferramenta da qualidade, Ciclo do PDCA, para gerenciar a análise de risco
através das duas ferramentas, FMEA e HAZOP, foi de fundamental importância na condução
das reuniões do grupo de estudo. Todos os participantes tiveram conhecimento das etapas
propostas para serem executas dentro do PDCA.
As análises foram realizadas em 5 (cinco) reuniões, sendo 2 (duas) para análise FMEA, que
consumiu 8 horas de cada participante e 3 (três) reuniões para análise Hazop, consumindo 12
horas de cada participante. Desta forma, as analises foram realizas em 20 horas de cada
participante, ou seja, um total de 80 horas.
A análise através da técnica FMEA levantou 9 (nove) modos de falha prováveis, sendo 6
(seis) na etapa do teste de resistência mecânica e 3 (três) no teste de estanqueidade, com 25
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(vinte e cinco) prováveis causas potenciais, que foram desde escolha inadequada de material a
imperícia do operador. Todos os efeitos foram analisados segundo sua ação no sistema e em
outros componentes, sendo 11 (onze) efeitos diretos no sistema e 8 (oito) em outros
componentes. Os métodos de detecção identificados foram 4 (quatro), sendo a utilização
equipamentos de medição e monitoramento, a parada do equipamento ou inspeção visual.
Foram encontradas 23 (vinte e três) medidas de controle do risco e de emergência, o grupo de
estudo sugeriu a implementação de mais 5 (cinco) medidas sendo:
a) Aplicação de Lista de Verificação (LV) antes do início da atividade; (principalmente
para os casos onde o modo de falha só é detectado pela inspeção visual do operador) –
O responsável pela elaboração da LV será o inspetor de dutos;
b) Aplicação de check list periódico na bomba de alta pressão; – O responsável pela
aplicação do check list será o Encarregado do Teste Hidrostático;
c) Realização de manutenção preditiva na bomba de alta pressão; – O responsável pela
manutenção será o Técnico em mecânica;
d) Controle dimensional da montagem do flange; – O responsável pela realização do
controle dimensional é o Inspetor de dutos, que acompanhará toda montagem do
flange.
O estudo através da técnica de análise de risco Hazop foi divido em 3 (três) Nós de estudo.
Para o Nó 1 foram aplicadas 2 (duas) palavras-chaves, que geraram 4 (quatro) palavras-guias,
sendo respectivamente 4 (quatro) desvios. O Nó 2 (dois) teve a mesma quantidade de
palavras-chaves, palavras-guias e desvios. O Nó 3 (três) teve 2 (duas) palavras-chaves e 3
(três) palavras guias. Vale ressaltar que não houve a palavra guia Menor, quando se tratou da
palavra chave volume de ar, pois a condição ideal de operação é que não ocorra há na linha
para realização do teste hidrostático.
As causas foram analisadas chegando-se a um total de 9 (nove) causas básicas, as quais eram
comuns em alguns dos desvios. Todas as consequências foram analisadas levando em
consideração a possibilidade de lesão pessoal, dano ao patrimônio e impactos ao meio
ambiente. Foram encontradas 8 (oito) medidas de controle já estabelecida e comum aos Nós
de estudo, cabendo ainda a aplicação de outras propostas medidas.
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a) Verificação para utilização apenas de conexões, válvulas e materiais compatível com a
classe de teste. – O responsável pela verificação da classe de material a ser empregada
no teste será o inspetor de dutos.
Nesta análise também foram empregadas às novas medidas de controle levantadas como
recomendação na elaboração da planilha FMEA.
A elaboração das planilhas de análise de risco contribuiu para unir o conhecimento dos
envolvidos na análise, identificando assim as variáveis de falha do sistema ou desvios da
atividade de teste hidrostático de dutos terrestres, em uma análise mais aprofundada da tarefa.
Uma vez que, a equipe só dispõe para realização da atividade da APR – Análise Preliminar
dos Riscos.
Os objetivos específicos deste trabalho de levantamento dos dados, identificação e análise dos
potenciais modos de falha e desvios, utilização da ferramenta da qualidade na condução da
análise, definição das medidas de controle, a análise dos resultados e aplicação das técnicas
FMEA e Hazop foram atendidos de forma satisfatória.
4. Conclusão
A aplicação das técnicas FMEA e Hazop, sendo gerenciadas pelo ciclo do PDCA comprovou
a capacidade e abrangência da ferramenta da qualidade em gerenciar os processos de análise
de risco. Estando as etapas das análises bem definidas pelo PDCA as reuniões foram objetivas
e houve um grande aproveitamento do tempo da equipe de estudo.
A construção da planilha por uma equipe multidisciplinar favoreceu a aplicação da técnica,
pois a equipe possuía uma grande experiência na execução deste tipo de teste hidrostático e
por também terem participado de várias outras análises de risco. Esta análise realizada,
FMEA, foi à primeira análise deste tipo realizada no Consórcio, que poderá servir como
instrução de segurança para o dia a dia da atividade.
A planilha elaborada foi o resultado deste trabalho de pesquisa. A análise dos riscos realizada
propôs ainda, mais 5 (cinco) medidas de controle para serem aplicadas à atividade de teste
hidrostático. A análise realizada foi apresentada a Gerência de Segurança do Consórcio, como
sugestão de implantação deste tipo de análise mais aprofundada aos próximos projetos.
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Fica a sugestão para ser implantado o modelo proposto, análise de risco e ferramenta da
qualidade, para as demais atividades operacionais do Consórcio.
REFERÊNCIAS
CALIXTO, E. – Uma Metodologia para Gerenciamento de Risco em Empreendimentos:
Um estudo de Caso na Indústria do Petróleo – Eduardo Calixto – XXVI ENEGEP -
Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Fortaleza - CE, Brasil, 9 a 11 de outubro de
2006.
FLORENCE, G. CALIL, S.J. – Uma Nova Perspectiva no Controle dos Riscos da
Utilização de Tecnologia Médico – Hospitalar / Universidade Estadual de Campinas - SP,
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