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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS MÓDULO DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ESCRIVÃO DE POLÍCIA FEDERAL
Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br Página | 1
Olá pessoal, Esta é a nossa 7ª aula. Desculpem-me pelo atraso em
virtude de minha viagem. Na terça-feira que vem lanço a aula final. Hoje vamos estudar ”Responsabilidade civil do Estado”.
Então, vamos ao que interessa.
Responsabilidade Civil do Estado
Conforme ressalta Celso Antônio Bandeira de Mello
“todos os povos, todas as legislações, doutrina e jurisprudência universais, reconhecem, em consenso pacífico, o dever estatal de ressarcir as vítimas de seus comportamentos danosos”.
O Estado, assim como os demais sujeitos de direito existente em uma sociedade, se sujeita às determinações proscritas no ordenamento jurídico. Não há qualquer sujeito que se intitule fora da ordem normativa, eis que é próprio do Estado Democrático de Direito à sujeição de todos à ordem jurídica.
Com efeito, estando o Estado também sujeito à
incidência do ordenamento jurídico (princípio da jurisdicidade), é normal que ele responda pelos danos que causar, sobretudo, quando o causa em nome da coletividade em detrimento de um ou de alguns.
Nesse sentido, a título de curiosidade, os dois últimos
Estados a se sucumbirem à teoria da responsabilidade, foram Estados Unidos e Inglaterra, respectivamente em 1946 e 1947, entendendo que o Estado não está imune à responsabilidade de reparar danos causados a terceiros.
Nos Estados Unidos a teoria da irresponsabilidade
perdurou até 1946, quando por meio do Federal Tort Claim Act foi abolida, e na Inglaterra até 1947 quando foi editado o Crown Proceding Act. Nestes dois Estados passou-se a responder de forma
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subjetiva, ou seja, quando seus agentes tiverem causado o dano por ato culposo.
Dessa forma, com apoio na lição de Dirley da Cunha
Junior (Curso de Direito Administrativo, 2006:287), pode-se dizer que a responsabilidade extracontratual do Estado “é a obrigação que incumbe ao Estado de reparar os danos lesivos a terceiros e que lhe sejam imputáveis em virtude de comportamentos unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos”.
Celso Antônio, sempre com maestria, assevera que se
“entende por responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado a obrigação que lhe incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à esfera juridicamente garantida de outrem e que lhe sejam imputáveis em decorrência de comportamentos unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos”.
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro “a
responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos”.
É importante, portanto, percebemos que nem sempre
vigeu a teoria da responsabilidade do Estado pelos seus atos, ou seja, evoluiu-se da irresponsabilidade para a responsabilidade. Evolução: Teoria da Irresponsabilidade do Estado
Então, como destacado, na origem dos Estados modernos, vigia o sistema de irresponsabilidade do Estado, visto que o Rei, representante divino e por vezes a própria divindade, jamais poderia errar ou cometer atos que supostamente fossem reprováveis
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sob qualquer aspecto, pois sua vontade era algo absolutamente irretocável.
Nesse período, vigorava o princípio da
irresponsabilidade do Estado, de maneira que não haveria meios de responsabilizar o Estado pelos seus atos ou omissões. Conhecidas as expressões que marcam sobremaneira essa fase (Le roi ne peut mal faire ou The king can do not wrong).
Nesse período, denominado absolutista, o Rei, que se
confundia com a própria figura do Estado, não respondia por seus atos, portanto, insuscetível de qualquer reprovação. Destarte, o Estado não respondia por quaisquer danos que causasse a seus súditos, porque se isso ocorresse era a própria manifestação do poder do Rei, da divindade.
Nessa fase é possível verificar a evolução do sistema de
responsabilidade, passando em alguns países a haver temperamentos, tal como na França, onde leis específicas passaram a prevê a responsabilidade do Estado (Lei do 28 pluvioso do Ano VIII) ou de seu agente, quando o ato pudesse ser imputado diretamente a ele.
Obviamente que com a derrocada dos regimes
absolutistas, impondo-se limitações ao Estado, submetendo-o ao regime das leis, passou-se a adotar a teoria da responsabilidade. Teoria da Responsabilidade por Culpa (Civilista)
A teoria da responsabilidade surge sob a idéia da responsabilidade estatal baseada na culpa, discutia-se acerca da culpa do agente. Em primeiro momento, havendo distinção entre os atos chamados de império (no qual o Estado não respondia) e os chamados atos de gestão, sob os quais o Estado responderia.
É valioso saber que a teoria da responsabilidade
civilista do Estado nasce sob o auspício da jurisprudência francesa, à
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margem do tratamento legal, tendo como marco histórico o julgamento proferido pelo Tribunal de Conflitos Francês no caso Blanco (1873).
Conforme narra a Profa. Di Pietro:
“A menina Agnes Blanco, ao atravessar uma rua em
Bordeaux, foi colhido por uma vagonete da Cia.
Nacional de Manufatura do Fumo; seu pai promoveu
ação civil de indenização, com base no princípio de que
o Estado é civilmente responsável por prejuízos
causados a terceiros, em decorrência de ação danosa
de seus agentes. Suscitado conflito de atribuições entre
a jurisdição comum e o contencioso administrativo, o
Tribunal de Conflitos decidiu que a controvérsia deveria
ser solucionada pelo tribunal administrativo, porque se
tratava de apreciar a responsabilidade decorrente de
funcionamento do serviço público. Entendeu-se que a
responsabilidade do Estado não pode reger-se pelos
princípios do Código Civil, porque se sujeita a regras
especiais que variam conforme as necessidades do
serviço e a imposição de conciliar os direitos do Estado
com os diretos privados".
Tal evolução se deve ao memorável Conselheiro Davi, que apontou a necessidade de evolução no tocante à responsabilidade civil do Estado, que tal responsabilidade é distinta da estabelecida nas relações privadas, de maneira que não fosse necessário demonstrar a culpa individual, mas a culpa do serviço.
Surge daí, em abandono a teoria civilista, a teoria da
responsabilidade subjetiva do Estado baseada na culpa administrativa ou denominada faute du service. Teoria da Responsabilidade por Culpa Administrativa
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Inicialmente passou a adotar a responsabilidade do Estado nos mesmos moldes da do indivíduo, ou seja, passou o Estado a responder toda vez que se demonstrasse a culpa.
No entanto, verificou-se que demonstrar a culpa estatal
era sempre algo complexo, de modo que a responsabilidade subjetiva passou a ser entendida como decorrência da denominada culpa administrativa ou culpa anônima.
A teoria da culpa administrativa funda-se na idéia de
que a responsabilidade do Estado não está vinculada a culpa individual (subjetiva) do agente público. O Estado responderá, mesmo que agente não seja culpado pelo evento danoso, mas quando em razão de falha na prestação de suas atividades puder decorrer um dano para terceiros.
Trata-se de culpa administrativa ou anônima do
serviço (culpa do serviço ou faute du service), que ocorre quando: i) o serviço não existiu ou não funcionou quando devia funcionar; ii) serviço funcionou mal, iii) serviço atrasou.
Nessas três hipóteses, diz-se que houve a culpa do
serviço, conforme os franceses faute du service. Em tal situação, poderá ocorrer de a vítima não ter como demonstrar a culpa do Estado, eis que estando fora do aparelho estatal não detém poder para buscar as informações que comprove a culpa estatal.
Assim, haverá a presunção de culpa, ficando a vítima
desobrigada a prová-lo, ou seja, nessa modalidade a culpa é presumida, cabendo ao Estado, para afastar sua responsabilidade, demonstrar que ela não ocorreu. Teoria da Responsabilidade Objetiva
A evolução da teoria publicista da responsabilidade do
Estado avançou para a denominada teoria da responsabilidade objetiva em que a obrigação de reparar o dano, por ato lícito ou
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ilícito, era cabível no caso de se comprovar a relação de causalidade entre o dano e o ato do agente.
In casu, a responsabilidade objetiva, não perpassa por
análise de qualquer elemento subjetivo, isto é, não se verifica a necessidade de demonstra que o ato se deu por culpa (culpa ou dolo), ainda que seja ela presumida. É que, na hipótese, não há que se perquirir acerca da culpa, basta que haja a relação entre o comportamento e o dano para que o Estado seja responsabilizado por este.
Com efeito, na teoria da responsabilidade objetiva não
é necessário provar a culpa do Estado ou de seus agentes, para a configuração de três elementos: o ato estatal, o dano e a nexo causal entre a ação e o dano.
Outrossim, a teoria da responsabilidade objetiva evolui
e se divide em duas teorias, a teoria do risco administrativo e a teoria do risco integral.
É a teoria do risco que dá fundamento para
responsabilidade objetiva, baseando-se no sentido de que se deve partir os benefícios gerados pela atuação do Estado. E, por isso, todos também devem suportar os encargos advindos dessa atuação.
Nessa teoria, a ideia de culpa é substituída pelo nexo
de causalidade entre o comportamento estatal e o dano sofrido, sem se cogitar em culpa do serviço ou culpa do agente.
Como ressaltado, dividi-se em risco administrativo e
risco integral. Na Teoria do risco administrativo há possibilidade de causas excludentes de responsabilidade, no risco integral não se admite excludente, de modo que o Estado é responsável pelo simples fato da atividade existir.
Celso Bandeira de Mello salienta que o estágio a que se
caminha a teoria da responsabilidade é para a teoria da
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responsabilidade do risco social, onde o Estado seria responsável por condutas ainda que não fossem imputadas ao próprio Estado. Evolução da Responsabilidade Extracontratual no Brasil
É assente na doutrina que no Brasil não se passou pelo período da irresponsabilidade do Estado, tendo sido adotada a teoria da responsabilidade.
A Constituição de 1946, no seu artigo 194, no entanto,
foi a primeira Constituição a prevê expressamente a responsabilidade do Estado por danos, seguindo-se pelas Constituições de 1967 (art. 105) e 1969 (art. 107).
Em todas essas Constituições, na linha preconizada
pelo Código Civil de 1916, utilizou-se a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado.
No entanto, a Constituição de 1988 em seu artigo 37,
§6º introduz a chamada responsabilidade objetiva do Estado, calcada na teoria do risco administrativo, segundo a qual as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviço público, são responsáveis pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra responsável
no caso de dolo ou culpa.
Nesse tipo de situação, o particular lesionado não carece demonstrar a culpa em sentido amplo, ou seja, a culpa em sentido estrito (negligência, imprudência ou imperícia) ou dolo do servidor ou da Administração para que esta venha a responder,
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basta, tão-somente, demonstrar o dano, o nexo de causalidade, e a conduta atribuída à Administração ou a seu agente.
Alguns autores controvertem acerca desse assunto.
Para uns a responsabilidade objetiva somente seria aquele em que se deu o dano por ação do agente. A responsabilidade por omissão seria subjetiva. O próprio Supremo Tribunal Federal, por vezes, vacila no tocante ao tema, vejamos:
"A teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos
documentos constitucionais brasileiros desde a Carta Política
de 1946, confere fundamento doutrinário à responsabilidade
civil objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes
públicos houverem dado causa, por ação ou por omissão.
Essa concepção teórica, que informa o princípio
constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder
Público, faz emergir, da mera ocorrência de ato lesivo
causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo
dano pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente
de caracterização de culpa dos agentes estatais ou de
demonstração de falta do serviço público. Os elementos que
compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade
civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade
do dano, (b) a causalidade material entre o eventus damni e
o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do
agente público, (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva,
imputável a agente do Poder Público, que tenha, nessa
condição funcional, incidido em conduta comissiva ou
omissiva, independentemente da licitude, ou não, do
comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de
causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 –
RTJ 71/99 – RTJ 91/377 – RTJ 99/1155 – RTJ 131/417)." (RE
109.615, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 02/08/96)
"Tratando-se de ato omissivo do poder público, a
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige
dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a
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negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo,
entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser
atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do
serviço. A falta do serviço — faute du service dos franceses
— não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do
nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder
público e o dano causado a terceiro. Latrocínio praticado por
quadrilha da qual participava um apenado que fugira da
prisão tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de
causalidade entre a fuga do apenado e o latrocínio." (RE
369.820, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 27/02/04). No mesmo
sentido: RE 409.203, Rel. Min. Carlos Velloso, Informativo
391.
É fato, no entanto, que a corrente majoritária é no
sentido de que a responsabilidade objetiva é decorrente de AÇÃO estatal, remanescendo a subjetiva, por culpa administrativa, no caso de omissão.
Todavia, como ressaltado, a responsabilidade objetiva,
na modalidade risco administrativo, poderá ser afastada nos casos de: culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior.
Entretanto, na hipótese de culpa concorrente, ou seja,
se o dano advém também de conduta do terceiro e de conduta da Adminstração, a exemplo de uma pessoa que fura um sinal vermelho, enquanto uma viatura policial também fura de um outro lado, vindo a colidir os dois veículos, não ficará afastada a responsabilidade da Administração, ou seja, não há compensação de culpas, há a mera gradação da indenização a ser concedida.
É a denominada concausa, ou seja, a culpa
concorrente não afasta a responsabilidade, somente atenua o quantum a ser indenizado.
É claro que uma sendo obrigada a indenizar e a
administração, quando conseguir demonstrar a culpa do agente,
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poderá promover a ação de regresso para se ver ressarcida do que despendeu.
A expressão responsabilidade civil do Estado, chamada
por alguns de responsabilidade administrativa (terminologia inadequada), pode advir de uma relação contratual, ou seja, qual decorrente de um contrato, ou extracontratual (decorrente de atos lícitos ou ilícitos da administração pública).
Ademais, a responsabilidade do Estado pode advir de
um ato administrativo, legislativo ou judicial. Celso Antônio Bandeira de Mello, citando lição do
Professor Oswaldo Aranha, salienta que a responsabilidade objetiva do Estado será sempre por ação ou quando o Estado é o criador da situação que induz o risco (presídio em local habitável, paiol de munições etc). Outrossim, será subjetiva a responsabilidade decorrente de ato omissivo do Estado.
De outro lado, é possível destacar que em certas
situações, muito embora não se possa identificar uma ação condutora da dano, o Estado poderá propiciar que tal ocorra. É a denominada responsabilidade em razão de atuação propiciadora do Risco.
Ocorre no caso de o Estado, embora não cause
diretamente o dano, dá ensejo à situação propiciadora do risco. Ex. Depósito de material explosivo. Preso que mata outro detento. Preso que foge do presídio e comete vários crimes da fuga. Semáforo estragado.
Em todas essas situações o Estado responderá
objetivamente. Vamos às questões.
QUESTÕES COMENTADAS – CESPE
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1. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A marca característica da responsabilidade objetiva é a desnecessidade de o lesado pela conduta estatal provar a existência da culpa do agente ou do serviço, ficando o fator culpa desconsiderado como pressuposto da responsabilidade objetiva; a caracterização da responsabilidade objetiva requer, apenas, a ocorrência de três pressupostos: o fato administrativo; a ocorrência de dano e o nexo causal.
Comentário:
De fato, na responsabilidade objetiva não se verifica culpa, verificando-se, apenas, a ocorrência de três pressupostos: o fato (conduta) administrativo; a ocorrência de dano e o nexo causal. Gabarito: Certo.
2. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Consoante a teoria do risco administrativo, consagrada no ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade objetiva do Estado por danos causados aos administrados baseia-se na equânime repartição dos prejuízos que o desempenho do serviço público impõe a certos indivíduos, não suportados pelos demais.
Comentário:
A responsabilidade objetiva funda-se na distribuição dos prejuízos, ou seja, no princípio da igualdade dos ônus ou encargos sociais, de modo que eventual prejuízo sofrido por um em razão de atuação do Estado, deve ser suportado por toda a coletividade.
"A responsabilidade civil do Estado,
responsabilidade objetiva, com base no risco
administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa
do particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir
a responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante
dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação
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administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o
dano e a ação administrativa. A consideração no
sentido da licitude da ação administrativa é irrelevante,
pois o que interessa, é isto: sofrendo o particular um
prejuízo, em razão da atuação estatal, regular ou
irregular, no interesse da coletividade, é devida a
indenização, que se assenta no princípio da
igualdade dos ônus e encargos sociais." (RE
113.587, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 18-2-
1992, Segunda Turma, DJ de 3-3-1992.)
Gabarito: Certo.
3. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Mediante expressa determinação legal, o Estado poderá responder civilmente por danos causados a terceiros, ainda que sua atuação tenha ocorrido de modo regular e conforme com o direito.
Comentário:
De acordo com o art. 37, §6º, CF/88, o Estado responderá por ação, seja lícita ou ilícita, que seja causadora de dano a terceiros, sob a modalidade objetiva, quer dizer independentemente de culpa. Gabarito: Certo.
4. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) A teoria da responsabilidade civil objetiva do Estado deve ser aplicada de modo absoluto, não sendo admitida hipótese de exclusão nem de abrandamento.
Comentário:
Como observado, a teoria da responsabilidade objetiva não é absoluta, eis que se admite excludente de responsabilidade, tal como no caso de culpa exclusiva da vítima, força maior, caso fortuito
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ou fato de terceiros, bem como abrandamento no caso de culpa concorrente. Gabarito: Errado.
5. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Em uma rodovia estadual muito movimentada, próxima ao centro da cidade, João colidiu o seu veículo com uma vaca, que pertencia a Antônio, quando esta se encontrava indevidamente no meio da pista, em uma área sem qualquer sinalização sobre a existência de animais na região. Nessa situação, a responsabilidade civil do Estado será objetiva.
Comentário:
Observe que a responsabilidade na questão não decorre de ato estatal, por isso não é objetiva. Assim, somente poderia ser subjetiva, sob a modalidade de falta do serviço, eis que há prejuízos pela falta de sinalização. Gabarito: Errado.
6. (PROCURADOR – BANCO CENTRAL – CESPE/2009) A responsabilidade das autarquias pelos prejuízos causados a terceiros não é direta, de modo que, diante da ocorrência de dano, o lesado deve buscar a reparação diretamente ao ente federativo e não à autarquia.
Comentário:
Sabemos que as autarquias são pessoas jurídicas de direito público e como tal gozam de autonomia administrativa, financeira e técnica. Assim, eventual dano causado a terceiros haverá a responsabilidade direta da autarquia.
É importante destacar que o ente criador não responde
subsidiariamente pela autarquia, devendo ser demanda a própria
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autarquia e não o ente federativo, salvo no caso de extinção da entidade, quando aí será demandado o próprio criador.
Gabarito: Errado.
7. (ADVOGADO DA UNIÃO – AGU – CESPE/2009) Para sua configuração, a responsabilidade do Estado demanda os seguintes pressupostos: conduta comissiva ou omissiva, ocorrência de dano, bem como nexo de causalidade entre a conduta e o dano. No caso de responsabilização do Estado, os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, no percentual de 12% ao ano.
Comentário:
Para que se verifique a responsabilidade objetiva do Estado é necessária a configuração dos seguintes elementos:
(a) ato comissivo
(b) dano
(c) nexo de causalidade
Nesse sentido é o entendimento do Supremo Tribunal
Federal. Ilustrativamente:
"A responsabilidade civil do Estado,
responsabilidade objetiva, com base no risco
administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa
do particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir
a responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante
dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação
administrativa; c) e desde que haja nexo causal
entre o dano e a ação administrativa. A
consideração no sentido da licitude da ação
administrativa é irrelevante, pois o que interessa, é
isto: sofrendo o particular um prejuízo, em razão da
atuação estatal, regular ou irregular, no interesse da
coletividade, é devida a indenização, que se assenta no
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princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais." (RE
113.587, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 18-2-
1992, Segunda Turma, DJ de 3-3-1992.)
É importante destacar que a responsabilidade do
Estado por omissão, conforme doutrina majoritária, é do tipo subjetiva, adotando-se a denomina culpa administrativa ou anônima.
"Tratando-se de ato omissivo do poder público, a
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo
que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três
vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência,
não sendo, entretanto, necessário individualizá-
la, dado que pode ser atribuída ao serviço público,
de forma genérica, a falta do serviço. A falta do
serviço – faute du service dos franceses – não dispensa
o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de
causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder
público e o dano causado a terceiro." (RE 369.820,
Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 4-11-
2003, Segunda Turma, DJ de 27-2-2004.) No mesmo
sentido: RE 602.223-AgR, Rel. Min. Eros Grau,
julgamento em 9-2-2010, Segunda Turma, DJE de 12-
3-2010; RE 409.203, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim
Barbosa, julgamento em 7-3-2006, Segunda Turma, DJ
de 20-4-2007; RE 395.942-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie,
julgamento em 16-12-2008, Segunda Turma, DJE de
27-2-2009.
No entanto, como já destaquei, o Estado responde
objetivamente, diante de omissões, quando é o criador do risco e atua na posição de garantidor, ou seja, daquele que tem o dever de cuidado com o bem.
Acerca da condenação em danos, que pode ser moral ou patrimonial, é certo que os juros fluem a partir do evento danoso, mas fica restrito a 6% (seis por cento) conforme Lei nº 9.494/97 até a entrada em vigor do novo Código Civil quando deverá observar a
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SELIC, conforme reiteradamente vem decidido o Superior Tribunal de Justiça. Ilustrativamente:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – OFENSA AO
ART. 535 DO CPC NÃO-CONFIGURADA –
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO
– ELEMENTO SUBJETIVO RECONHECIDO PELA
INSTÂNCIA ORDINÁRIA – SÚMULA 7/STJ – JUROS DE
MORA – ÍNDICE – ART; 1.062 DO CC/1916 E ART. 406
DO CC/2002 – PRECEDENTE DA CORTE ESPECIAL –
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS –
REVISÃO – IMPOSSIBILIDADE – SÚMULA 7/STJ –
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. Não há ofensa ao art. 535 do CPC, pois o Tribunal de
origem se manifestou expressamente sobre a incidência
da verba honorária em 15% sobre a condenação, e
sobre os juros legais, fixados indevidamente em 12%
ao ano.
2. A jurisprudência dominante tanto do STF como deste
Tribunal, nos casos de ato omissivo estatal, é no
sentido de que se aplica a teoria da responsabilidade
subjetiva.
3. Hipótese em que o Tribunal local, apesar de adotar a
teoria da responsabilidade objetiva do Estado,
reconheceu a ocorrência de culpa dos agentes públicos
estaduais na prática do dano causado ao particular.
4. Os juros relativos ao período da mora anterior
à data de vigência do novo Código Civil
(10.1.2003) têm taxa de 0,5% ao mês (art. 1062
do CC/1916) e, no que se refere ao período
posterior, aplica-se o disposto no art. 406 da Lei
10.406, de 10.1.2002.
5. A Corte Especial do STJ, por ocasião do
julgamento dos Embargos de Divergência
727.842/SP, firmou posicionamento de que o art.
406 do CC/2002 trata, atualmente, da incidência
da SELIC como índice de juros de mora, quando
não estiver estipulado outro valor.
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6. A jurisprudência é pacífica no sentido de que a
revisão do valor da indenização somente é possível, em
casos excepcionais, quando exorbitante ou
insignificante a importância arbitrada, em flagrante
violação dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, o que, todavia, in casu, não se
configurou.
7. É firme o entendimento da Primeira Seção quanto à
impossibilidade de, em Recurso Especial, modificar-se o
percentual de honorários sucumbenciais fixados pelas
instâncias de origem, salvo quando há fixação em
valores irrisórios ou excessivos, hipótese não
configurada nos autos.
8. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1069996/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON,
SEGUNDA TURMA, julgado em 18/06/2009, DJe
01/07/2009)
Gabarito: Errado.
8. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O nexo de causa e efeito não constitui elemento a ser aferido na apuração de eventual responsabilidade do Estado.
Comentário:
No âmbito da responsabilidade civil do Estado, como já observado, é necessária a verificação do nexo de causalidade entre a conduta comissiva ou omissiva estatal e o dano, sob pena de não se configura a responsabilidade pela interrupção do nexo causal.
"A responsabilidade do Estado, embora objetiva por
força do disposto no art. 107 da EC 1/1969 (e,
atualmente, no § 6º do art. 37 da Carta Magna), não
dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do
nexo de causalidade entre a ação ou a omissão
atribuída a seus agentes e o dano causado a terceiros.
Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no
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art. 1.060 do Código Civil, a teoria adotada quanto
ao nexo de causalidade é a teoria do dano direto e
imediato, também denominada teoria da
interrupção do nexo causal. Não obstante aquele
dispositivo da codificação civil diga respeito a
impropriamente denominada responsabilidade
contratual, aplica-se ele também à responsabilidade
extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela
que, sem quaisquer considerações de ordem subjetiva,
afasta os inconvenientes das outras duas teorias
existentes: a da equivalência das condições e a da
causalidade adequada." (RE 130.764, Rel. Min. Moreira
Alves, julgamento em 12-5-1992, Primeira Turma, DJ
de 7-8-1992.)
Gabarito: Errado.
9. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Caracterizada a responsabilidade subjetiva do Estado, mediante a conjugação concomitante de três elementos - dano, negligência administrativa e nexo de causalidade entre o evento danoso e o comportamento ilícito do poder público -, é inafastável o direito à indenização ou reparação civil de quem suportou os prejuízos.
Comentário:
Como já sabemos, o Estado pode responder sob a modalidade responsabilidade objetiva ou sob a responsabilidade subjetiva. Nesta, é necessária a demonstração de três elementos, sendo: o dano, o nexo de causalidade, e o comportamento culposo do Estado.
Assim, diante da configuração desses elementos, estará
configurada a responsabilidade do Estado, que deverá suportar a indenização a fim de reparar os prejuízos sofridos pelo terceiro. Gabarito: Certo.
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10. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O Brasil adotou a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado, segundo a qual a administração pública somente poderá reparar o prejuízo causado a terceiro se restar devidamente comprovada a culpa do agente público.
Comentário:
De acordo com o art. 37, §6º, da Constituição Federal, adotamos a teoria da responsabilidade objetiva, segundo a qual as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviços públicos, respondem, independentemente de culpa, pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros.
É verdade, no entanto, que também se adota a
responsabilidade subjetiva, nos casos de omissão estatal, desde que o Estado não tenha criado a situação de risco ou esteja na posição de garante (dever de cuidado, de proteção, tendo em vista a criação do risco), eis que aqui também se adota a teoria da responsabilidade objetiva, conforme entendimento do STF:
“Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da
Constituição do Brasil. Latrocínio cometido por foragido.
Nexo de causalidade configurado. Precedente. A
negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia
das autoridades policiais diante da terceira fuga e o
curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime
são suficientes para caracterizar o nexo de causalidade.
Ato omissivo do Estado que enseja a
responsabilidade objetiva nos termos do disposto
no art. 37, § 6º, da Constituição do Brasil.” (RE
573.595-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-
6-2008, Segunda Turma, DJE de 15-8-2008.)
Pode-se dizer, ademais, que também adotamos a teoria
da responsabilidade subjetiva, sob a modalidade culpa administrativa,
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por fato de terceiros ou da natureza, em razão do mal funcionamento dos serviços, hipótese em que não é necessária a comprovação da culpa, pois o ônus se inverte, cabendo ao administrado provar apenas que o serviço não funcionou, funcionou mal ou não existiu.
Assim, a Administração Pública poderá reparar o
prejuízo causado a terceiro ainda que não demonstrada a culpa do agente público. Gabarito: Errado.
11. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A teoria da irresponsabilidade do Estado é aplicável no direito brasileiro.
Comentário:
Não se aplica no âmbito da Administração Pública brasileira a teoria da irresponsabilidade do ato, na medida em que a Administração responde por ação ou omissão, dolosa ou culposa.
A teoria da irresponsabilidade não seria aplicável tendo
em vista que isentaria o agente e o Estado de responder pelos danos causados ao terceiros, de modo que, na atualidade, incide a teoria da responsabilidade estatal. Gabarito: Errado.
12. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) A doutrina dominante é no sentido de que se aplica a teoria da responsabilidade subjetiva nos casos de ato comissivo estatal.
Comentário:
Como já observamos a responsabilidade do Estado será objetiva ou subjetiva. Ocorre a responsabilidade objetiva diante de atos estatais, ou seja, diante de ato comissivo estatal.
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De outro lado, em regra, a responsabilidade subjetiva
decorre da omissão estatal, ou seja, dos atos omissivos. Gabarito: Errado.
13. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Na hipótese de conduta omissiva do Estado, incide a responsabilidade objetiva, bastando a comprovação do nexo causal entre a omissão e o prejuízo causado ao particular.
Comentário:
Diante da omissão estatal, como visto, incide a responsabilidade subjetiva. Gabarito: Errado.
14. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) Para se caracterizar a responsabilidade civil do Estado no caso de conduta omissiva, não basta a simples relação entre a omissão estatal e o dano sofrido, pois a responsabilidade só estará configurada quando estiverem presentes os elementos que caracterizem a culpa.
Comentário:
A responsabilidade subjetiva para ser configurada é necessária a demonstração da conduta (ação ou omissão), o nexo de causalidade, o dano e a culpa (culpa ou dolo).
Assim, não basta provar que houve a omissão estatal,
faz mister provar a configuração dos demais elementos, sobretudo que a omissão foi dolosa ou culposa (negligência). Gabarito: Certo.
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15. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – PREVIC – CESPE/2011) Em se tratando de conduta omissiva, para configuração da responsabilidade estatal, é necessária a comprovação dos elementos que caracterizam a culpa, de forma que não deve ser aplicada absolutamente a teoria da responsabilidade objetiva.
Comentário:
Como visto, a regra da responsabilidade objetiva não é absoluta. O Estado poderá responder sob a forma subjetiva. Nesta hipótese, em regra, por omissão, e desde que demonstrado os demais elementos ensejadores da responsabilidade, tal como dano, nexo, culpa ou dolo. Gabarito: Certo.
16. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessária a comprovação da negligência na atuação estatal, ou seja, a prova da omissão do Estado, em que pese o dever legalmente imposto de agir, além do dano e do nexo causal entre ambos.
Comentário:
Mais uma vez, reforça-se. O Estado por omissão responderá sob a forma da responsabilidade subjetiva, na qual se deve demonstrar a conduta omissiva, o dano, o nexo causal, bem como a culpa (negligência). Gabarito: Certo.
17. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço
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público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A Constituição Federal de 1988 (CF) adotou a responsabilidade objetiva do Estado, sob a modalidade do risco integral, razão pela qual a pessoa jurídica deverá responder pelos danos.
Comentário:
A Constituição Federal de 1988 não adotou a teoria da responsabilidade administrativa sob a modalidade de risco integral. Essa modalidade de responsabilidade objetiva, sob o risco integral, não admite excludente de responsabilidade.
Com efeito, a responsabilidade objetiva ficará afastada
toda vez que houver a interrupção do nexo causal, na medida em que se demonstra que não há relação entre o dano e a conduta estatal.
Nesse sentido, admite-se, a fim de demonstrar o
rompimento do nexo, como causas que excluem a responsabilidade a: culpa exclusiva da vítima; caso fortuito; força maior. Gabarito: Errado.
18. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. Trata-se de hipótese que exclui o dever de indenizar, visto que Joaquim estava executando serviço público de natureza urgente.
Comentário:
Que é isso? Sempre desconfie dessas aberrações. Devemos lembrar, nos termos do art. 37, §6º, CF/88 que as pessoas
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jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviço público, respondem pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros.
Então, a frase mágica da questão é pessoa jurídica
prestadora de serviço na medida em que esta responde objetiva, ou seja, independentemente de dolo ou culpa.
Significa dizer que na responsabilidade objetiva não é
necessário a configuração da culpa lato sensu, basta que exista o ato imputado à Administração, o dano e o nexo de causalidade entre o ato e dano.
Portanto, percebam que o dano decorre da atuação do
motorista. Pois é, ainda que ele (motorista) não tivesse agido com culpa, mas tivesse causado o dano, incidiria o dever da Administração de indenizar, ante a aplicação da responsabilidade objetiva.
Nesse caso, como o servidor agiu com culpa (foi
negligente) deve o Estado promover a ação regressiva a fim de que venha se ressarcir de eventual indenização.
A propósito, só a título de curiosidade, se o servidor era
motorista, como poderia ser culpado por imperícia, já que a imperícia ocorre quando o agente não tem conhecimento ou aptidão técnica para realizar o ato? (risos).
Vale destacar que na responsabilidade objetiva, no
risco administrativo, admite-se excludente de responsabilidade por meio de culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. Assim, a urgência não se insere dentre as causas de excludente. Gabarito: Errado.
19. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por
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imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A responsabilidade civil será exclusiva de Joaquim, visto que agiu com imperícia e imprudência.
Comentário:
Então, esse é o clássico exemplo da responsabilidade objetiva. É que o agente estava transportando o documento na realização de suas atribuições e colidiu com outro veículo.
Devemos lembrar a aplicação da teoria do órgão ou da
imputação. Assim, o dano causado pelo agente é imputado ou atribuído ao seu órgão e, por isso, ao ente ou entidade administrativa.
Dessa maneira, a responsabilidade é objetiva, sendo
atribuída ao próprio ente ou entidade e somente regressivamente ao servidor, que não responderá diretamente pelos danos causados.
"A responsabilidade do Estado, embora objetiva por
força do disposto no art. 107 da EC 1/1969 (e,
atualmente, no § 6º do art. 37 da Carta Magna), não
dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do
nexo de causalidade entre a ação ou a omissão
atribuída a seus agentes e o dano causado a terceiros.
Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no
art. 1.060 do Código Civil, a teoria adotada quanto
ao nexo de causalidade é a teoria do dano direto e
imediato, também denominada teoria da
interrupção do nexo causal. Não obstante aquele
dispositivo da codificação civil diga respeito a
impropriamente denominada responsabilidade
contratual, aplica-se ele também à responsabilidade
extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela
que, sem quaisquer considerações de ordem subjetiva,
afasta os inconvenientes das outras duas teorias
existentes: a da equivalência das condições e a da
causalidade adequada." (RE 130.764, Rel. Min. Moreira
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Alves, julgamento em 12-5-1992, Primeira Turma, DJ
de 7-8-1992.)
Gabarito: Errado.
20. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) O Estado pode exercer o direito de regresso contra o agente responsável pelo dano praticado, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo.
Comentário:
Conforme estabelece o art. 37, §6º, CF/88 quando o Estado for obrigado a reparar o dano, deverá promover ação regressiva contra o agente que deu causa ao dano, isso quando ficar demonstrado que este agiu com dolo ou culpa. Gabarito: Errado.
21. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Direito de regresso é o assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o agente responsável pelo dano, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo.
Comentário:
Direito de regresso é o direito conferido ao Estado para promover ação com a finalidade de se ver ressarcido do que eventualmente arcou no caso de danos causados a terceiros, em razão de conduta, dolosa ou culposa, de seus agentes. Gabarito: Errado.
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22. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A responsabilidade civil será da pessoa jurídica, na modalidade objetiva, com a possibilidade de direito de regresso contra o motorista.
Comentário:
É isso aí! Exatamente isso, conforme verificamos na questão anterior, ou seja, responde a pessoa jurídica na modalidade responsabilidade objetiva, com a possibilidade de direito de regresso contra o serviço, conforme estabelece o art. 37, §6º da CF/88, vejamos:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.
Gabarito: Certo.
23. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) As empresas prestadoras de serviços públicos não respondem pelos prejuízos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Em tal hipótese, o ressarcimento do terceiro prejudicado deve ser feito diretamente pelo agente causador do dano.
Comentário:
Como observamos, tanto as pessoas jurídicas de direito público, quanto as pessoas jurídicas de direito privado, neste caso quando prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
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que seus agentes causarem nesta condição, conforme dicção do art. 37, §6º, da CF/88. Gabarito: Errado.
24. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A reparação do dano, na hipótese de prejuízo causado a terceiros pela administração, pode ser feita tanto no âmbito administrativo quanto no judicial.
Comentário:
É assente na doutrina que a reparação do dano pode ocorrer no âmbito da própria Administração, por meio de processo administrativo, uma vez demonstrado o dano, promovendo a própria Administração Pública a reparação do dano.
De outro lado, como é cediço, acaso não ocorra a
reparação no âmbito administrativo, poderá o prejudicado provocar o poder judiciário a fim de buscar a reparação. Gabarito: Certo.
25. (ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS – STM – CESPE/2011) A reparação do dano causado a terceiros pode ser feita tanto no âmbito judicial quanto no administrativo, mas, neste último caso, a administração é obrigada a pagar o montante indenizatório de uma só vez, em dinheiro, de maneira a recompor plenamente o bem ou o interesse lesado.
Comentário:
De fato, a reparação do dano pode ocorrer de forma amigável, no âmbito da Administração, ou Judicialmente. Todavia, não há determinação alguma no sentido de que a Administração deva pagar o montante indenizatório de uma só vez.
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Gabarito: Errado.
26. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) A reparação de danos causados a terceiros somente pode ser feita no âmbito judicial, pois a administração não está legitimada a, por si só, reconhecer a sua responsabilidade e definir o valor de uma possível indenização.
Comentário:
Pois é? É exatamente igual às anteriores. Sabido que a reparação, indenização, pode ocorrer no âmbito Administrativo ou perante o Judiciário.
Lembre-se do fatídico caso ocorrido no Rio de Janeiro,
em que um ex-aluno, ceifou a vida de diversas criancinhas. A prefeitura reconhecendo sua responsabilidade convocou os familiares para, além de assumir as despesas com funeral, também indenizá-las pelo ocorrido. Gabarito: Errado.
27. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Os agentes que, por ação ou omissão, podem gerar a responsabilidade civil do Estado são os servidores estatutários, uma vez que apenas eles têm relação de trabalho que os vincula diretamente à administração.
Comentário:
Como sabido, a responsabilidade civil do Estado decorre de dano causado por agente, agindo nesta condição. Significa dizer que o agente público está atuando no exercício de suas funções ou em decorrência dela.
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A expressão agente, é importante destacar, deve ser concebida em sentido amplo, ou seja, de modo a compreender os agentes políticos, administrativos, honoríficos, credenciados e os delegados, não se restringindo apenas aos servidores públicos (estatutários). Gabarito: Errado.
28. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Para efeito de responsabilidade civil do Estado, considera-se agente o servidor que, em sua atuação, causar dano a terceiros. Exclui-se, assim, dessa noção as pessoas que não têm vínculo típico de trabalho com a administração e os agentes colaboradores e sem remuneração.
Comentário:
Como destacado, a expressão agente tem alcance mais amplo, não se referindo tão-somente aos servidores públicos, na medida em que engloba, inclusive, os funcionários das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, os temporários, os honoríficos, bem como os credenciados. Gabarito: Errado.
29. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A responsabilidade civil do Estado no caso de morte de pessoa custodiada é subjetiva.
Comentário:
Como observamos nas linhas iniciais, quando o Estado assume a posição de garante, tal como no caso de crianças em escolas, pessoas encarceradas, pessoas em nosocômios etc., o Estado assume para si o ônus de garantir a integridade física e moral de alguém, a responsabilidade por dano, quando a pessoa estiver nessa situação, será objetiva.
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Nessa situação o Estado tem o dever de garantir a
integridade física e moral, de modo que se algo acontecer a essas pessoas, responderá o Estado de forma objetiva, pois não cumpriu bem sua função.
INFORMATIVO Nº 567
TÍTULO: Rebelião - Carandiru - Responsabilidade Civil
Objetiva - Dever de Indenizar (Transcrições)
PROCESSO: AI - 299125
ARTIGO
Rebelião - Carandiru - Responsabilidade Civil Objetiva -
Dever de Indenizar (Transcrições) AI 299125/SP* RELATOR:
MIN. CELSO DE MELLO EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA DO ESTADO (CF, ART. 37, § 6º). CONFIGURAÇÃO.
REBELIÃO NO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DO CARANDIRU.
RECONHECIMENTO, PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL, DE
QUE SE ACHAM PRESENTES TODOS OS ELEMENTOS
IDENTIFICADORES DO DEVER ESTATAL DE REPARAR O
DANO. NÃO-COMPROVAÇÃO, PELO ESTADO DE SÃO PAULO,
DA ALEGADA RUPTURA DO NEXO CAUSAL. CARÁTER
SOBERANO DA DECISÃO LOCAL, QUE, PROFERIDA EM SEDE
RECURSAL ORDINÁRIA, RECONHECEU, COM APOIO NO
EXAME DOS FATOS E PROVAS, A INEXISTÊNCIA DE CAUSA
EXCLUDENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER
PÚBLICO. INADMISSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVAS E
FATOS EM SEDE RECURSAL EXTRAORDINÁRIA (SÚMULA
279/STF). DOUTRINA E PRECEDENTES EM TEMA
DERESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO.
ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE AJUSTA À JURISPRUDÊNCIA
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO IMPROVIDO.
DECISÃO: O recurso extraordinário a que se refere o
presente agravo de instrumento foi interposto contra
acórdão, que, confirmado, em sede de embargos de
declaração (fls. 101/103), pelo E. Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo, está assim ementado (fls. 96):
“RESPONSABILIDADE CIVIL – DETENTO FALECIDO EM
REBELIÃO OCORRIDA NA CASA DE DETENÇÃO –
INDENIZAÇÃO DEVIDA – EMBARGOS INFRINGENTES COM
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VOTO VENCIDO QUE ENTENDE IMPROCEDENTE A AÇÃO –
EMBARGOS REJEITADOS.” (grifei) O Estado de São Paulo, no
apelo extremo em questão, alega que, “Ao apontar a
responsabilidade estatal pelo episódio, desconsiderou o E.
Tribunal o fato de que os agentes policiais agiram no estrito
cumprimento do dever legal, em contraposição à injusta
agressão dos amotinados, durante rebelião nas dependências
da Casa de Detenção” (fls. 109 – grifei). O exame destes
autos convence-me de que não assiste razão ao Estado ora
agravante, quando sustenta que o estrito cumprimento de
dever legal e a prática de legítima defesa - que,
alegadamente, teriam pautado a conduta de seus agentes -
bastariam para descaracterizar a responsabilidade civil
objetiva do Poder Público a respeito do evento danoso em
causa. Com efeito, a situação de fato que gerou o trágico
evento narrado neste processo põe em evidência a
configuração, no caso, de todos os pressupostos primários
que determinam o reconhecimento da responsabilidade civil
objetivada entidade estatal ora agravante. Como se sabe, a
teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos
documentos constitucionais brasileiros, desde a Carta Política
de 1946, revela-se fundamento de ordem doutrinária
subjacente à norma de direito positivo que instituiu, em
nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil objetiva do
Poder Público, pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, por ação ou por omissão
(CF, art. 37, § 6º). Essa concepção teórica - que informa o
princípio constitucional da responsabilidade civil objetiva do
Poder Público, tanto no que se refere à ação quanto no que
concerne à omissão do agente público - faz emergir, da mera
ocorrência de lesão causada à vítima pelo Estado, o dever de
indenizá-la pelo dano moral e/ou patrimonial sofrido,
independentemente de caracterização de culpa dos agentes
estatais, não importando que se trate de comportamento
positivo (ação) ou que se cuide de conduta negativa
(omissão) daqueles investidos da representação do Estado,
consoante enfatiza o magistério da doutrina (HELY LOPES
MEIRELLES, “Direito Administrativo Brasileiro”, p. 650, 31ª
ed., 2005, Malheiros; SERGIO CAVALIERI FILHO, “Programa
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de Responsabilidade Civil”, p. 248, 5ª ed., 2003, Malheiros;
JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, “Curso de Direito Administrativo”,
p. 90, 17ª ed., 2000, Forense; YUSSEF SAID CAHALI,
“Responsabilidade Civil do Estado”, p. 40, 2ª ed., 1996,
Malheiros; TOSHIO MUKAI, “Direito Administrativo
Sistematizado”, p. 528, 1999, Saraiva; CELSO RIBEIRO
BASTOS, “Curso de Direito Administrativo”, p. 213, 5ª ed.,
2001, Saraiva; GUILHERME COUTO DE CASTRO,
“A Responsabilidade Civil Objetiva no Direito Brasileiro”, p.
61/62, 3ª ed., 2000, Forense; MÔNICA NICIDA GARCIA,
“Responsabilidade do Agente Público”, p. 199/200, 2004,
Fórum, v.g.), cabendo ressaltar, no ponto, a lição expendida
por ODETE MEDAUAR (“Direito Administrativo Moderno”, p.
430, item n. 17.3, 9ª ed., 2005, RT): “Informada pela ‘teoria
do risco’, a responsabilidade do Estado apresenta-se hoje, na
maioria dos ordenamentos, como ‘responsabilidade objetiva’.
Nessa linha, não mais se invoca o dolo ou culpa do agente, o
mau funcionamento ou falha da Administração. Necessário se
torna existir relação de causa e efeito entre ação ou omissão
administrativa e dano sofrido pela vítima. É o chamado nexo
causal ou nexo de causalidade. Deixa-se de lado, para fins de
ressarcimento do dano, o questionamento do dolo ou culpa
do agente, o questionamento da licitude ou ilicitude da
conduta, o questionamento do bom ou mau funcionamento
da Administração. Demonstrado o nexo de causalidade, o
Estado deve ressarcir.” (grifei) É certo, no entanto, que o
princípio da responsabilidade objetiva não se reveste
de caráter absoluto, eis que admite abrandamento e,
até mesmo, exclusão da própria responsabilidade civil
do Estado nas hipóteses excepcionais (de todo
inocorrentes na espécie em exame) configuradoras de
situações liberatórias - como o caso fortuito e a força
maior - ou evidenciadoras de culpa atribuível à própria
vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50 - RTJ 163/1107-1109,
v.g.). Impõe-se destacar, neste ponto, na linha da
jurisprudência prevalecente no Supremo Tribunal Federal
(RTJ 163/1107-1109, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), que
os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil
da responsabilidade civil objetiva do Poder Público
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compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade
material entre o “eventus damni” e o comportamento
positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c)
a oficialidade da atividade causal e lesiva imputável a agente
do Poder Público, que, nessa condição funcional, tenha
incidido em conduta comissiva ou omissiva,
independentemente da licitude, ou não, do seu
comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de
causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 -
RTJ 71/99 - RTJ 91/377 - RTJ 99/1155 - RTJ 131/417). A
compreensão desse tema e o entendimento que resulta da
exegese dada ao art. 37, § 6º, da Constituição foram bem
definidos e expostos pelo Supremo Tribunal Federal em
julgamentos cujos acórdãos estão assim ementados:
“RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO -
PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. - A teoria do risco
administrativo, consagrada em sucessivos documentos
constitucionais brasileiros desde a Carta Política de 1946,
confere fundamento doutrinário à responsabilidade civil
objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes
públicos houverem dado causa, por ação ou por omissão.
Essa concepção teórica, que informa o princípio
constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder
Público, faz emergir, da mera ocorrência de ato lesivo
causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo
dano pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente
de caracterização de culpa dos agentes estatais ou de
demonstração de falta do serviço público. - Os elementos
que compõem a estrutura e delineiam o perfil da
responsabilidade civil objetiva do Poder Público
compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade
material entre o ‘eventus damni’ e o comportamento positivo
(ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a
oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente
do Poder Público, que tenha, nessa condição funcional,
incidido em conduta comissiva ou omissiva,
independentemente da licitude, ou não, do comportamento
funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de causa
excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 - RTJ
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71/99 - RTJ 91/377 - RTJ 99/1155 - RTJ 131/417). - O
princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de
caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até
mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do
Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de
situações liberatórias - como o caso fortuito e a força maior -
ou evidenciadoras de ocorrência de culpa atribuível à própria
vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50). (...).” (RTJ 163/1107-
1108, Rel. Min. CELSO DE MELLO) “- Recurso extraordinário.
Responsabilidade civil do Estado. Morte depreso no interior
do estabelecimento prisional. 2. Acórdão que proveu
parcialmente a apelação e condenou o Estado do Rio de
Janeiro ao pagamento de indenização correspondente às
despesas de funeral comprovadas. 3. Pretensão de
procedência da demanda indenizatória. 4. O consagrado
princípio da responsabilidade objetivado Estado resulta da
causalidade do ato comissivo ou omissivo e não só da culpa
do agente. Omissão por parte dos agentes públicos na
tomada de medidas que seriam exigíveis a fim de ser evitado
o homicídio. 5. Recurso conhecido e provido para condenar o
Estado do Rio de Janeiro a pagar pensão mensal à mãe da
vítima, a ser fixada em execução de sentença.” (RTJ
182/1107, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA - grifei) É por isso
que a ausência de qualquer dos pressupostos legitimadores
da incidência da regra inscrita no art. 37, § 6º, da Carta
Política basta para descaracterizar a responsabilidade civil
objetiva do Estado, especialmente quando ocorre
circunstância que rompe o nexo de causalidade material
entre o comportamento do agente público e a consumação
do dano pessoal ou patrimonial infligido ao ofendido.
Estabelecidas tais premissas, passo ao exame destes autos.
E, ao fazê-lo, observo que as circunstâncias do presente caso
- apoiadas em pressupostos fáticos soberanamente
reconhecidos pelo Tribunal “a quo” - evidenciam que todos os
elementos identificadores da responsabilidade civil
objetiva do Estado acham-se demonstrados no caso ora em
análise, especialmente o nexo de causalidade material (que
restou plenamente configurado) e cuja ruptura a parte ora
agravante, que alegara a ocorrência de causa excludente de
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sua responsabilidade civil, não conseguiu demonstrar. Daí a
correta observação feita pelo E. Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo, quando do julgamento da apelação cível
interposta pela parte ora agravante (fls. 81/82): “Com a
prisão do indivíduo, assume o Estado o dever de cuidar
de sua incolumidade física, quer por ato do
próprio preso (suicídio), quer por ato de terceiro
(agressão perpetrada por outro preso). Assim, ante a
rebelião que eclodiu no Pavilhão 9, da Casa de
Detenção, tinha o Estado o dever de proteger a
incolumidade física dos presos e dos próprios
revoltosos, uns dos atos dos outros. Sua intervenção
no episódio era, portanto, de rigor. E ocorrendo ofensa
à integridade física e morte do detento, é seu dever
arcar com a indenização correspondente. A propósito,
ressalta RUY BARBOSA: - ‘a legalidade do ato, ainda que
irrepreensível, não obsta à responsabilidade civil da
administração desde que haja dano a um direito’ (‘A Culpa
Civil das Administrações Públicas’ – 1898, Rio, pág. 67). Tal
dever somente restaria afastado se a ação causadora do
evento danoso tivesse ocorrido em legítima defesa própria
(entenda-se: - do agente policial) ou de terceiro (de outro
preso) que, no momento, estaria sendo agredido ou na
iminência de o ser, frise-se, pelo detento morto. Mas mesmo
encontrando-se nessa situação lícita (legítima defesa), se
tivesse produzido, com sua ação, a morte de outrem não
envolvido no fato (‘aberratio ictus’), sua seria também a
obrigação de indenizar, pois a ação, apesar de necessária, foi
agressiva, atingindo quem não estava em posição de ataque
(art. 1519 do Código Civil). Assim, para afastar sua
obrigação de reparar o dano, deveria a Fazenda do Estado
demonstrar que o detento falecido, Francisco Ferreira dos
Santos, estava, no momento de sua morte, agredindo os
policiais ou outro preso. Mas esta prova não foi produzida (o
‘onus probandi’ é seu). Como não a produziu, certa é sua
obrigação de indenizar.” (grifei) Inquestionável, desse modo,
que o Tribunal de Justiça local – ao reconhecer não
comprovada, pelo Estado de São Paulo, a ocorrência da
alegada causa de exclusão da responsabilidade estatal –
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assim decidiu com apoio no conjunto probatório subjacente
ao pronunciamento jurisdicional em referência. Esse dado
assume relevo processual, pois a discussão ora suscitada
pelo Estado de São Paulo - em torno da pretendida
existência, na espécie, de causa excludente de
responsabilidade - revela-se incabível em sede de recurso
extraordinário, por depender do exame de matéria de fato,
de todo inadmissível na via do apelo extremo. Como se sabe,
o recurso extraordinário não permite que se reexaminem,
nele, em face de seu estrito âmbito temático, questões de
fato ou aspectos de índole probatória (RTJ 161/992 – RTJ
186/703). É que o pronunciamento do Tribunal “a quo” sobre
matéria de fato reveste-se de inteira soberania (RTJ 152/612
– RTJ 153/1019 – RTJ 158/693, v.g.). Impende destacar,
neste ponto, que esse entendimento (inadmissibilidade do
exame, em sede recursal extraordinária, da existência, ou
não, de causa excludente de responsabilidade), tratando-se
do tema suscitado pela parte ora agravante, tem pleno
suporte no magistério jurisprudencial desta Suprema Corte
(AI 411.502/RJ, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – AI
586.270/RJ, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – RE 508.315/CE,
Rel. Min. ELLEN GRACIE – RE 595.267/SC, Rel. Min. CÁRMEN
LÚCIA, v.g.): “ACÓRDÃO QUE DECIDIU CONTROVÉRSIA
ACERCA DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO COM BASE NA
PROVA DOS AUTOS. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 37, § 6.º,
E 196 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Impossibilidade da
abertura da via extraordinária em razão da incidência, na
hipótese, do óbice das Súmulas 279, 282 e 356 desta Corte.
Agravo desprovido.” (AI 391.371-AgR/RJ, Rel. Min. ILMAR
GALVÃO - grifei) Cumpre ressaltar, por tal razão, em face do
caráter soberano do acórdão recorrido (que reconheceu, com
apoio no exame de fatos e provas, a ausência de
demonstração da ruptura do nexo causal sustentada pelo
Estado de São Paulo), que o Tribunal de Justiça interpretou,
com absoluta fidelidade, a norma constitucional que
consagra, em nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil
objetiva do Poder Público. Com efeito, o acórdão impugnado
em sede recursal extraordinária, ao fazer aplicação do
preceito constitucional em referência (CF, art. 37, § 6º),
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reconheceu, com inteiro acerto, no caso em exame, a
cumulativa ocorrência dos requisitos concernentes (1) à
consumação do dano, (2) à conduta dos agentes estatais, (3)
ao vínculo causal entre o evento danoso e o comportamento
dos agentes públicos e (4) à ausência de qualquer causa
excludente de que pudesse eventualmente decorrer a
exoneração da responsabilidade civil do Estado de São Paulo.
Cabe acentuar, por relevante, que a colenda Segunda Turma
do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar controvérsia
virtualmente idêntica à versada nesta causa, proferiu decisão
que se reflete, por igual, no presente julgamento (RTJ
140/636, Rel. Min. CARLOS VELLOSO). Essa orientação
jurisprudencial - cabe enfatizar - reflete-se no magistério da
doutrina (RUI STOCO, “Tratado de Responsabilidade Civil –
Doutrina e Jurisprudência”, p. 1.204, 7ª ed., 2007, RT;
ARNALDO RIZZARDO, “Responsabilidade Civil”, p. 362 e
369/371, 1ª ed., 2005, Forense; JOSIVALDO FÉLIX DE
OLIVEIRA, “A Responsabilidade do Estado por ato lícito”, p.
74/82, Editora Habeas; GUILHERME COUTO DE CASTRO,
“A responsabilidade civil objetiva no direito brasileiro”, p.
52/55, 3ª ed., 2000, Forense; CELSO ANTÔNIO BANDEIRA
DE MELLO, “Curso de Direito Administrativo”, p. 995/997,
1002 e 1026/1027, 26ª ed., 2009, Malheiros; GIANNA CARLA
RUBINO LOSS, “Responsabilidade Civil do Estado por Atos
Lícitos”, “in” Cadernos do Ministério Público do Paraná, vol. 8,
nº 01, janeiro/março de 2005, p. 08/12, e JOSÉ ANTONIO
LOMONACO e FLÁVIA VANINI MARTINS MARTORI, “A
Responsabilidade Patrimonial do Estado por Ato Lícito”, “in”
Revista Nacional de Direito e Jurisprudência nº 06, Ano 1,
Junho de 2000, p. 23/24), valendo referir, ante a pertinência
de suas observações, o preciso (e sempre valioso)
entendimento de YUSSEF SAID CAHALI (“Responsabilidade
Civil do Estado”, p. 44, item n. 3.5, 3ª ed., 2007, RT): “A
responsabilidade civil do Estado, com base no risco
administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa do
particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a
responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante dos
seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação administrativa;
e c) desde que haja nexo causal entre o dano e a ação
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administrativa. A consideração no sentido da licitude da ação
administrativa é irrelevante, pois o que interessa é isto:
sofrendo o particular um prejuízo, em razão da atuação
estatal, regular ou irregular, no interesse da coletividade, é
devida a indenização, que se assenta no princípio da
igualdade dos ônus e encargos sociais.” (grifei) Sendo assim,
e pelas razões expostas, nego provimento ao presente
agravo de instrumento, eis que se revela inviável o recurso
extraordinário a que ele se refere. Publique-se. Brasília, 05
de outubro de 2009. (21º Aniversário da promulgação da
Constituição democrática de 1988) Ministro CELSO DE MELLO
Relator * decisão publicada no DJE de 20.10.2009
Gabarito: Errado.
30. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – STM – CESPE/2011) Com referência à responsabilidade civil do Estado e supondo que um aluno de escola pública tenha gerado lesões corporais em um colega de sala, com uma arma de fogo, no decorrer de uma aula, julgue o item abaixo. No caso considerado, existe a obrigação do Estado em indenizar o dano causado ao aluno ferido.
Comentário:
Como sabido, o Estado assumiu a posição de garantidor da integridade física do aluno. Assim, qualquer dano que venha a sofrer quando estiver nessa condição o Estado será chamado a responder.
Veja que esses absurdos ocorrem todos os dias. Certa vez, uma amiga foi chamada às pressas para
buscar sua filha, pois tinha quebrado o braço na escola, porque um coleguinha havia empurrado.
A direção da escola, absurdamente, não tomara as
providencias de levar a criança até o hospital mais próximo,
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acreditou-se que era obrigação dos pais, tão-somente. Pois é, ainda hoje assistimos dessas coisas, isto é, pessoas despreparadas prestando serviços públicos. Gabarito: Certo.
31. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Pedro foi preso preventivamente, acusado de praticar conduta descrita como crime; essa prisão durou 824 dias, após os quais o acusado foi devidamente inocentado, com base na ausência notória de autoria. Nessa situação, conforme entendimento do STJ, haverá responsabilidade objetiva do Estado por dano moral.
Comentário:
Observe que o dano poderá ser moral ou material, ou seja, não quer dizer que o dano deve ser apenas ao patrimônio material (bens móveis ou imóveis) da pessoa. Pode ser em relação aos seus direitos de personalidade, tal como imagem, honra.
Assim, se por ato da Administração (Estado) ocorreu
um dano a terceiro, surge o dever de indenizar. Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal
de Justiça. Ilustrativamente:
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. DANO
MORAL. GARANTIA DE RESPEITO À IMAGEM E À
HONRA DO CIDADÃO. INDENIZAÇÃO CABÍVEL.
PRISÃO CAUTELAR. ABSOLVIÇÃO. ILEGAL
CERCEAMENTO DA LIBERDADE. PRAZO EXCESSIVO.
AFRONTA AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA PLASMADO NA CARTA CONSTITUCIONAL.
MANIFESTA CAUSALIDADE ENTRE O "FAUTE DU
SERVICE" E O SOFRIMENTO E HUMILHAÇÃO SOFRIDOS
PELO RÉU.
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1. A Prisão Preventiva, mercê de sua legalidade, dês
que preenchidos os requisitos legais, revela aspectos da
Tutela Antecipatória no campo penal, por isso que, na
sua gênese deve conjurar a idéia de arbitrariedade.
2. O cerceamento oficial da liberdade fora dos
parâmetros legais, posto o recorrente ter ficado
custodiado 741 (setecentos e quarenta e um)
dias, lapso temporal amazonicamente superior
àquele estabelecido em Lei - 81 (oitenta e um)
dias - revela a ilegalidade da prisão.
3. A coerção pessoal que não enseja o dano moral
pelo sofrimento causado ao cidadão é aquela que
lastreia-se nos parâmetros legais (Precedente:
REsp 815004, DJ 16.10.2006 - Primeira Turma).
4. A contrario senso, empreendida a prisão
cautelar com excesso expressivo de prazo,
ultrapassando o lapso legal em quase um
décuplo, restando, após, impronunciado o réu, em
manifestação de inexistência de autoria, revela-se
inequívoco o direito à percepção do dano moral.
5. A doutrina legal brasileira à época dos fatos assim
dispunha: "Código Civil de 1916: Art. 159 - Aquele que,
por ação ou omissão voluntária, negligência, ou
imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem
fica obrigado a reparar o dano." "Art. 1550 - A
indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no
pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao
ofendido, e no de uma soma calculada nos termos do
parágrafo único do art. 1.547.
Art, 1551 - Consideram-se ofensivos da liberdade
pessoal (art. 1.550): (...) III- a prisão ilegal (art.
1.552). Art. 1552 - No caso do artigo antecedente, no
III, só a autoridade, que ordenou a prisão, é obrigada a
ressarcir o dano" Por sua vez, afere-se do Código Civil
em vigor que: "Art. 186 - Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito." "Art.954 - A
indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no
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pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao
ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem
aplicação o disposto no parágrafo único do artigo
antecedente.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade
pessoal: (....) III - a prisão ilegal." Do Código de
Processo Penal: "Art. 630 - O Tribunal, se o interessado
o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa
indenização pelos prejuízos sofridos;
§ 1º - Por essa indenização, que será liquidada no juízo
cível, responderá a União, se a condenação tiver sido
proferida pela justiça do Distrito Federal ou de
Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva
justiça.
§ 2º - A indenização não será devida: a) se o erro ou a
injustiça da condenação proceder de ato ou falta
imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a
ocultação de prova em seu poder;
b) se a acusação houver sido meramente privada." 6. O
enfoque jurisprudencial do tema restou assentado no
Resp 427.560/TO, DJ 30.09.2002 Rel. Ministro Luiz
Fux, verbis: "PROCESSO CIVIL. ERRO JUDICIÁRIO.
ART. 5º, LXXV, DA CF. PRISÃO PROCESSUAL.
POSTERIOR ABSOLVIÇÃO. INDENIZAÇÃO. DANOS
MORAIS.
1. A prisão por erro judiciário ou permanência do
preso por tempo superior ao determinado na
sentença, de acordo com o art. 5º, LXXV, da CF,
garante ao cidadão o direito à indenização.
2. Assemelha-se à hipótese de indenizabilidade por erro
judiciário, a restrição preventiva da liberdade de
alguém que posteriormente vem a ser absolvido. A
prisão injusta revela ofensa à honra, à imagem, mercê
de afrontar o mais comezinho direito fundamental à
vida livre e digna. A absolvição futura revela da
ilegitimidade da prisão pretérita, cujos efeitos
deletérios para a imagem e honra do homem são
inequívocos (notoria no egent probationem).
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3. O pedido de indenização por danos morais
decorrentes de restrição ilegal à liberdade, inclui o dano
moral, que in casu, dispensa prova de sua existência
pela inequivocidade da ilegalidade da prisão, duradoura
por nove meses. Pedido implícito, encartado na
pretensão às perdas e danos. Inexistência de afronta
ao dogma da congruência (arts. 2º, 128 e 460, do
CPC).
4. A norma jurídica inviolável no pedido não integra a
causa petendi. "O constituinte de 1988, dando especial
relevo e magnitude ao status libertatis, inscreveu no rol
da chamadas franquias democráticas uma regra
expressa que obriga o Estado a indenizar a condenado
por erro judiciário ou quem permanecer preso por
tempo superior ao fixado pela sentença (CF, art. 5º,
LXXV), situações essas equivalentes a de quem
submetido à prisão processual e posteriormente
absolvido.
5. A fixação dos danos morais deve obedecer aos
critérios da solidariedade e exemplaridade, que implica
na valoração da proporcionalidade do quantum e na
capacidade econômica o sucumbente.
6. Recurso Especial desprovido."
7. A prisão ilegal por lapso temporal tão excessivo,
além da violação do cânone constitucional específico,
afronta o Princípio Fundamental da República
Federativa do Brasil, consistente na tutela da Dignidade
Humana, norma qualificada, que, no dizer insuperável
de Fábio Konder Comparato é o centro de gravidade do
direito na sua fase atual da ciência jurídica.
8. É que a Constituição da República Federativa do
Brasil, de índole pós-positivista e fundamento de todo o
ordenamento jurídico expressa como vontade popular
que a mesma, formada pela união indissolúvel dos
Estados, Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito ostentando como um
dos seus fundamentos a dignidade da pessoa humana
como instrumento realizador de seu ideário de
construção de uma sociedade justa e solidária.
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9. Consectariamente, a vida humana passou a ser o
centro do universo jurídico, por isso que a aplicação da
lei, qualquer que seja o ramo da ciência onde se deva
operar a concreção jurídica, deve perpassar por esse
tecido normativo-constitucional, que suscita a reflexão
axiológica do resultado judicial.
10. Direitos fundamentais emergentes desse comando
maior erigido à categoria de princípio e de norma
superior estão enunciados no art. 5º da Carta Magna, e
dentre outros, o que interessa ao caso sub judice
destacam-se: (...) LXV - a prisão ilegal será
imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
11. A garantia in foco revela inequívoca
transgressão aos mais comezinhos deveres
estatais, consistente em manter-se preso um ser
humano por quase 800 (oitocentos) dias
consecutivos, preventivamente, e, sem o devido
processo legal após exculpado, com afronta ao
devido processo legal.
12. A responsabilidade estatal, quer à luz da legislação
infraconstitucional (art. 159 do Código Civil vigente à
época da demanda) quer à luz do art. 37, §6º da
CF/1988 sobressai evidente.
13. Deveras, a dignidade humana retrata-se, na visão
Kantiana, na autodeterminação e na vontade livre
daqueles que usufruem de uma vida sadia.
14. O reconhecimento da dignidade humana,
outrossim, é o fundamento da liberdade, da justiça e da
paz, razão por que a Declaração Universal dos direitos
do homem, inaugura seu regramento superior
estabelecendo no art. 1º que "todos os homens nascem
livres e iguais em dignidade e direitos". Deflui da
Constituição Federal que a dignidade da pessoa
humana é premissa inarredável de qualquer sistema de
direito que afirme a existência, no seu corpo de
normas, dos denominados direitos fundamentais e os
efetive em nome da promessa da inafastabilidade da
jurisdição, marcando a relação umbilical entre os
direitos humanos e o direito processual.
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15. Deveras, à luz das cláusulas pétreas
constitucionais, é juridicamente sustentável assentar
que a proteção da dignidade da pessoa humana
perdura enquanto subsiste a República Federativa,
posto seu fundamento.
16. O direito à liberdade compõe a gama dos direitos
humanos, os quais, segundo os tratadistas, são inatos,
universais, absolutos, inalienáveis e imprescritíveis. Por
isso que a exigibilidade a qualquer tempo dos
consectários às violações dos direitos humanos decorre
do princípio de que o reconhecimento da dignidade
humana é o fundamento da liberdade, da justiça e da
paz.
17. A ampliação da responsabilidade estatal, com
vistas a tutelar a dignidade das pessoas, sua
liberdade, integridade física, imagem e honra, não
só para casos de erro judiciário, mas também de
cárcere ilegal e, igualmente, para hipóteses de
prisão provisória injusta, embora formalmente
legal, é um fenômeno constatável em nações
civilizadas, decorrente do efetivo respeito a esses
valores" (Roberto Delmanto Junior - In "As
Modalidades de Prisão Provisória e seu Prazo de
Duração - 2ª edição - Renovar - páginas 377/386)
18. A Responsabilidade estatal é inequívoca porquanto
há causalidade entre o "faute du service" na expressão
dos doutrinadores franceses, doutrina inspiradora do
tema e o sofrimento e humilhação experimentados pelo
réu, exculpado após ter cumprido prisão ilegal,
princípios que se inferem do RE 369820/RJ, DJ 27-02-
2004, verbis: "(...) a falta do serviço - faute du service
dos franceses - não dispensa o requisito da
causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a
ação omissiva atribuída ao poder público e o dano
causado a terceiro."
19. Por esses fundamentos DOU PROVIMENTO ao
Recurso Especial, divergindo do Relator, para restaurar,
in totum, a indenização fixada na sentença a quo.
(REsp 872.630/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,
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Rel. p/ Acórdão Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 13/11/2007, DJe 26/03/2008)
Gabarito: Certo.
32. (PROCURADOR FEDERAL – AGU – CESPE/2010) Pedro foi preso preventivamente, por meio de decisão judicial devidamente fundamentada, mas depois absolvido por se entender que ele não tivera nem poderia ter nenhuma participação no evento. No entanto, por causa da prisão cautelar, Pedro sofreu prejuízo econômico e moral. Nessa situação, conforme entendimento recente do STF, poderão ser indenizáveis os danos moral e material sofridos.
Comentário:
O STF tem entendimento no sentido de ser indenizável a prisão indevida ou aquela que se excedeu além do tempo determinado, configurando a culpa da administração judiciária, conforme veiculado no seguinte informativo:
INFORMATIVO Nº 473
TÍTULO: Responsabilidade Civil do Estado: Revisão
Criminal e Prisão Preventiva - 2
PROCESSO: RE - 505393
ARTIGO
Entendeu-se que se trataria de responsabilidade
civil objetiva do Estado. Aduziu-se que a
constitucionalização do direito à indenização da
vítima de erro judiciário e daquela presa além do
tempo devido (art. 5º, LXXV), reforçaria o que já
disciplinado pelo art. 630 do CPP (“O tribunal, se
o interessado o requerer, poderá reconhecer o
direito a uma justa indenização pelos prejuízos
sofridos.”), elevado à garantia individual. No
ponto, embora se salientando a orientação consolidada
de que a regra é a irresponsabilidade civil do
Estado por atos de jurisdição, considerou-se que,
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naqueles casos, a indenização constituiria garantia
individual, sem nenhuma menção à exigência de dolo
ou de culpa do magistrado, bem como sem o
estabelecimento de pressupostos subjetivos à
responsabilidade fundada no risco administrativo do
art. 37, § 6º, da CF. Salientou-se, ainda, que muito se
discute hoje sobre o problema da prisão preventiva
indevida e de outras hipóteses de indenização por
decisões errôneas ou por faute de service da
administração da Justiça, as quais não se encontram
expressamente previstas na legislação penal. Vencido o
Min. Ricardo Lewandowski que fazia ressalvas à plena
adoção da tese da responsabilidade objetiva do Estado
no tocante a revisões criminais, em especial, nas
ajuizadas com base no inciso III do art. 621 do CPP
(“Art. 621. A revisão dos processos findos será
admitida:... III - quando, após a sentença, se
descobrirem novas provas de inocência do condenado
ou de circunstância que determine ou autorize
diminuição especial da pena.”). RE 505393/PE, rel. Min.
Sepúlveda Pertence, 26.6.2007. (RE-505393)
Gabarito: Certo.
33. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Segundo o STF, os atos jurisdicionais típicos no âmbito cível ensejam a responsabilidade objetiva do Estado.
Comentário:
Segundo o entendimento do STF, o Estado não responde de forma objetiva pelos atos dos juízes. É que tais atos estariam imunes do campo da responsabilidade estatal.
Gabarito: Errado.
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34. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Em face da prolação de sentença penal com equívoco do juiz, o ordenamento jurídico não permite a reparação dos eventuais prejuízos em ação contra o Estado, mas tão somente contra o próprio magistrado.
Comentário:
De acordo com o art. 133 do CPC o juiz responderá pessoalmente, por perdas e danos, quando proceder com dolo ou fraude, ou ainda no caso de recusar, omitir ou retardar, sem motivo justo, providencia que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.
Observe, no entanto, que no caso de sentença penal,
aplica-se a regra do art. 5º, LXXV, CF/88 que estabelece que o Estado indenizará o condenado por erro judiciário ou o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.
Porém, em tais casos a responsabilidade direta é do
Estado e não do magistrado. Gabarito: Errado.
35. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Lúcio ajuizou ação de rito ordinário contra uma empresa de transporte coletivo urbano, tendo em vista danos material e moral sofridos em acidente de trânsito causado por motorista dessa empresa. Nessa situação, adotando-se o princípio da especialidade, conforme a legislação em vigor, o prazo prescricional da ação de indenização será de 5 anos.
Comentário:
É preciso destacar que o STF tinha entendimento de que a responsabilidade de dano causado por prestador de serviço público a não usuário era na modalidade subjetiva.
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No entanto, essa orientação fora modificada recentemente. Entende agora o STF que incide a responsabilidade objetiva para usuário e não usuário de serviço público, conforme o seguinte:
INFORMATIVO Nº 557
TÍTULO: Responsabilidade Civil Objetiva e Terceiro
Não-Usuário do Serviço - 2
PROCESSO: RE - 591874
ARTIGO
No mérito, salientando não ter ficado evidenciado, nas
instâncias ordinárias, que o acidente fatal que vitimara
o ciclista ocorrera por culpa exclusiva deste ou em
razão de força maior, reputou-se comprovado o nexo
de causalidade entre o ato administrativo e o
dano causado ao terceiro não-usuário do serviço
público, e julgou-se tal condição suficiente para
estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa
jurídica de direito privado, nos termos do art. 37,
§ 6º, da CF (“As pessoas jurídicas de direito público e
as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.”). Asseverou-se que não se poderia
interpretar restritivamente o alcance do art. 37, §
6º, da CF, sobretudo porque a Constituição,
interpretada à luz do princípio da isonomia, não
permite que se faça qualquer distinção entre os
chamados “terceiros”, ou seja, entre usuários e
não-usuários do serviço público, haja vista que
todos eles, de igual modo, podem sofrer dano em razão
da ação administrativa do Estado, seja ela realizada
diretamente, seja por meio de pessoa jurídica de direito
privado. Observou-se, ainda, que o entendimento de
que apenas os terceiros usuários do serviço gozariam
de proteção constitucional decorrente da
responsabilidade objetiva do Estado, por terem o direito
subjetivo de receber um serviço adequado, contrapor-
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se-ia à própria natureza do serviço público, que, por
definição, tem caráter geral, estendendo-se,
indistintamente, a todos os cidadãos, beneficiários
diretos ou indiretos da ação estatal. Vencido o Min.
Marco Aurélio que dava provimento ao recurso por não
vislumbrar o nexo de causalidade entre a atividade
administrativa e o dano em questão. Precedentes
citados: RE 262651/SP (DJU de 6.5.2005); RE
459749/PE (julgamento não concluído em virtude da
superveniência de acordo entre as partes). RE
591874/MS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2009.
(RE-591874)
Assim, no tocante aos prestadores de serviços públicos,
em especial a pessoas jurídicas de direito privado, a responsabilidade é objetiva em relação a usuários e não-usuários desses serviços, basta que o dano tenha decorrido da atuação do prestador dos serviços.
Quanto ao prazo prescricional, é importante destacar
que o Decreto nº 20.910/32 estabelece que a prescrição contra a Fazenda Pública é qüinqüenal, ou seja, é de cinco anos a partir do conhecimento do fato lesivo.
Contudo, há relevante divergência no âmbito do
Superior Tribunal de Justiça, de modo que há turma que entende ser o prazo prescricional de cinco anos, conforme o citado decreto, e que entende, a partir da vigência do novo Código Civil, ser o prazo de três anos, vejamos a divergência:
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO. ATO
ILÍCITO. DANO MORAL. VIOLAÇÃO ART. 535.
INOCORRÊNCIA. SÚMULA 05/STJ. PRESCRIÇÃO.
VIGÊNCIA DO NOVO CÓDIGO CIVIL”.
1. Os embargos de declaração, por sua natureza
integrativa, não se prestam a materializar nítido
questionário dirigido ao julgador, pois o processo,
enquanto instrumento de distribuição da justiça, não
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tem a pretensão de viabilizar verdadeiros diálogos
entre os litigantes e as magistraturas do Estado. No
caso concreto, o recorrente está a pretender nova
análise, das questões já apreciadas pelos acórdãos
anteriores.
2. É pacífico o entendimento desta Corte que ”- À
luz do novo Código Civil os prazos prescricionais
foram reduzidos, estabelecendo o art. 206, § 3º,
IV, que prescreve em três anos a pretensão de
ressarcimento de enriquecimento sem causa. Já o
art. 2.028 assenta que 'serão os da lei anterior os
prazos, quando reduzidos por este Código, e se,
na data de sua entrada em vigor, já houver
transcorrido mais da metade do tempo
estabelecido na lei revogada'.
Infere-se, portanto, que tão-somente os prazos em
curso que ainda não tenham atingido a metade do
prazo da lei anterior (menos de dez anos) estão
submetidos ao regime do Código vigente, ou seja, 3
(três) anos. Entretanto, consoante nossa melhor
doutrina, atenta aos princípios da segurança jurídica,
do direito adquirido e da irretroatividade legal, esses
três anos devem ser contados a partir da vigência do
novo Código, ou seja, 11 de janeiro de 2003, e não da
data da constituição da dívida”.
3. Recurso Especial não conhecido.
(REsp 761.634/PB, Rel. Ministro HONILDO AMARAL DE
MELLO CASTRO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/AP), QUARTA TURMA, julgado em 05/11/2009, DJe
16/11/2009)
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO. PRESCRIÇÃO. DECRETO Nº 20.910/32.
ADVENTO DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. REDUÇÃO DO
PRAZO PRESCRICIONAL PARA TRÊS ANOS.
1. O legislador estatuiu a prescrição de cinco anos em
benefício do Fisco e, com o manifesto objetivo de
favorecer ainda mais os entes públicos, estipulou que,
no caso da eventual existência de prazo prescricional
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menor a incidir em situações específicas, o prazo
quinquenal seria afastado nesse particular. Inteligência
do art. 10 do Decreto nº 20.910/32.
2. O prazo prescricional de três anos relativo à
pretensão de reparação civil – art. 206, § 3º, V,
do Código Civil de 2002 – prevalece sobre o
quinquênio previsto no art. 1º do Decreto nº
20.910/32.
3. Recurso especial provido.
(REsp 1137354/RJ, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,
SEGUNDA TURMA, julgado em 08/09/2009, DJe
18/09/2009)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANO MORAL
E MATERIAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ART. 1º DO
DECRETO N. 20.910/32. NORMA ESPECIAL QUE
PREVALECE SOBRE LEI GERAL. PRECEDENTES.
ACÓRDÃO A QUO EM DISSONÂNCIA COM A
JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
1. As ações por responsabilidade civil contra o
Estado prescrevem em cinco anos, nos termos do
art. 1º do Decreto n. 20.910/32, porquanto é
norma especial, que prevalece sobre lei geral.
2. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1149621/PR, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
12/05/2010, DJe 18/05/2010)
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. MORTE DE PRESIDIÁRIO
EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. LEGITIMIDADE
ATIVA. IRMÃOS DA VÍTIMA. PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO
DO DECRETO Nº 20.910/32.
1. O art. 1º do Decreto nº 20.910/32 dispõe
acerca da prescrição qüinqüenal de qualquer
direito ou ação contra a Fazenda Pública, seja
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qual for a sua natureza, a partir do ato ou fato do
qual se originou.
2. In casu, a pretensão deduzida na inicial não resultou
atingida pelo decurso do prazo prescricional, uma vez
que o fato ensejador do dano, qual seja, morte do
irmão dos autores no interior de instituição prisional, na
qual cumpria pena, ocorreu em 17.01.2002, e a ação
foi ajuizada em 07.12.2006, consoante se infere do
voto condutor do acórdão recorrido à fl. 203.
3. Os irmãos da vítima ostentam legitimidade ativa ad
causam para pleitear indenização por danos morais e
em razão do falecimento de outro irmão. Precedentes
do STJ: Resp 1054443/MT, Rel. Ministro CASTRO
MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJe 31/08/2009; AgRg no
Ag 833.554/RJ, QUARTA TURMA, DJe 02/02/2009;
REsp 254.318/RJ, QUARTA TURMA, DJ 07/05/2001.
3. Ad argumentandum tantum, a hodierna
jurisprudência desta Corte está sedimenta no
sentido de que a prescrição, nas ações de
responsabilidade civil do Estado, subsume-se ao
prazo quinquenal encartado no art. 1º do Decreto
20.910/32. Precedentes do STJ: REsp
1160403/ES, SEGUNDA TURMA, DJe 22/03/2010;
e AgRg no REsp 1073796/RJ, SEGUNDA TURMA,
DJe 01/07/2009.
4. Agravo Regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1184880/RR, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/06/2010, DJe
01/07/2010)
Vê-se, portanto, que está configurado o dissenso no
âmbito do Superior Tribunal de Justiça, situação que deve ser de basta cautela e atenção nas provas.
Observe, no entanto, que conforme o comando,
adotando-se o princípio da especialidade, assim em detrimento da norma geral (CC/02), devemos aplicar a prescrição qüinqüenal. Gabarito: Certo.
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36. (PROCURADOR FEDERAL – AGU – CESPE/2010) A responsabilidade civil objetiva da concessionária de serviço público alcança também não usuários do serviço por ela prestado.
Comentário:
Conforme verificamos, o STF firmou novo entendimento no sentido de se aplicar a responsabilidade objetiva aos prestadores de serviços públicos tanto no que se refere ao usuário, quanto ao não-usuário dos serviços públicos, que tenha sofrido dano em razão da atuação do prestador.
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TÍTULO: Responsabilidade Civil Objetiva e Terceiro
Não-Usuário do Serviço - 2
PROCESSO: RE - 591874
ARTIGO
No mérito, salientando não ter ficado evidenciado, nas
instâncias ordinárias, que o acidente fatal que vitimara
o ciclista ocorrera por culpa exclusiva deste ou em
razão de força maior, reputou-se comprovado o nexo
de causalidade entre o ato administrativo e o
dano causado ao terceiro não-usuário do serviço
público, e julgou-se tal condição suficiente para
estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa
jurídica de direito privado, nos termos do art. 37,
§ 6º, da CF (“As pessoas jurídicas de direito público e
as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.”). Asseverou-se que não se poderia
interpretar restritivamente o alcance do art. 37, §
6º, da CF, sobretudo porque a Constituição,
interpretada à luz do princípio da isonomia, não
permite que se faça qualquer distinção entre os
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chamados “terceiros”, ou seja, entre usuários e
não-usuários do serviço público, haja vista que
todos eles, de igual modo, podem sofrer dano em razão
da ação administrativa do Estado, seja ela realizada
diretamente, seja por meio de pessoa jurídica de direito
privado. Observou-se, ainda, que o entendimento de
que apenas os terceiros usuários do serviço gozariam
de proteção constitucional decorrente da
responsabilidade objetiva do Estado, por terem o direito
subjetivo de receber um serviço adequado, contrapor-
se-ia à própria natureza do serviço público, que, por
definição, tem caráter geral, estendendo-se,
indistintamente, a todos os cidadãos, beneficiários
diretos ou indiretos da ação estatal. Vencido o Min.
Marco Aurélio que dava provimento ao recurso por não
vislumbrar o nexo de causalidade entre a atividade
administrativa e o dano em questão. Precedentes
citados: RE 262651/SP (DJU de 6.5.2005); RE
459749/PE (julgamento não concluído em virtude da
superveniência de acordo entre as partes). RE
591874/MS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2009.
(RE-591874)
Gabarito: Certo.
37. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TJ/ES – CESPE/2011) Suponha-se que Maria estivesse conduzindo o seu veículo quando sofreu um acidente de trânsito causado por um ônibus da concessionária do serviço público municipal de transporte público, o qual lhe causou danos materiais. Nessa situação hipotética, eventual direito à indenização pelos danos suportados por Maria somente ocorrerá se ficar provado que o condutor do referido coletivo atuou com culpa ou dolo, já que não haverá responsabilidade objetiva na espécie, pois, na oportunidade, Maria não era usuária do serviço público de transporte público coletivo.
Comentário:
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Conforme entendimento do STF a responsabilidade
objetiva aplica-se aos prestadores de serviços públicos tanto no que se refere aos usuários, quanto aos não-usuários dos serviços públicos. Gabarito: Errado.
38. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Maria ingressou com ação de indenização, por danos materiais e morais, contra o estado de Rondônia, diante da morte de seu filho na UTI de um hospital público, devido a responsabilidade objetiva; o estado, em processo administrativo, entendeu que o fato fora causado por culpa da equipe médica de plantão. Nessa situação, mesmo que não haja a denunciação à lide dos servidores responsáveis no processo judicial no prazo adequado, poderá o estado mover ação de regresso contra eles, após o trânsito em julgado da ação proposta por Maria.
Comentário:
Novamente temos a configuração da responsabilidade objetiva do Estado, ou seja, uma vez que temos uma ação estatal, um dano a terceiro, e o nexo de causa e efeito, surge, como já sabemos, o dever do Estado de indenizar, reparar o dano moral ou material.
No processo contra o Estado então a responsabilidade
ficará adstrita a demonstração desses três elementos (ato estatal, dano e nexo entre o ato e o dano). Assim, como não há discussão de culpa não está o Estado obrigado a denunciar a lide, não se aplicando a pena de perda do direito de regresso.
É que a denunciação aqui, em regra, não é admitida
pelo Judiciário em face de se modificar o plano da discussão da responsabilidade objetiva para a subjetiva, já que os servidores respondem somente por dolo ou culpa (subjetivamente), conforme firme posicionamento do Superior Tribunal de Justiça. Vejamos:
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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO –
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO – DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADO (ART. 541 DO
CPC E ART. 255 DO RISTJ) – INEXISTÊNCIA DE
OFENSA AO ART. 535 DO CPC – DENUNCIAÇÃO DA
LIDE – DIREITO DE REGRESSO – CPC, ART. 70, III –
OBRIGATORIEDADE AFASTADA – PRECEDENTES –
REDUÇÃO DO QUANTUM DA INDENIZAÇÃO – SÚMULA
7/STJ.
1. É entendimento sedimentado o de não haver
omissão no acórdão que, com fundamentação
suficiente, ainda que não exatamente a invocada pelas
partes, decide de modo integral a controvérsia posta.
2. Não havendo o recorrente demonstrado, mediante a
realização do devido cotejo analítico, a existência de
similitude das circunstâncias fáticas e do direito
aplicado nos acórdãos recorrido e paradigmas, resta
desatendido o comando dos arts. 541 do CPC e 255 do
RISTJ.
3. A denunciação da lide só é obrigatória em
relação ao denunciante que, não denunciando,
perderá o direito de regresso, mas não está
obrigado o julgador a processá-la, se concluir que
a tramitação de duas ações em uma só onerará
em demasia uma das partes, ferindo os princípios
da economia e da celeridade na prestação
jurisdicional, sendo desnecessária em ação
fundada na responsabilidade prevista no art. 37,
§ 6º, da CF/88, vez que a primeira relação
jurídica funda-se na culpa objetiva e a segunda
na subjetiva, fundamento novo não constante da
lide originária.
4. Não perde o Estado o direito de regresso se não
denuncia a lide ao seu preposto.
5. É pacífico nesta Corte o entendimento de que a
revisão do valor da indenização nos casos de
responsabilidade civil do Estado esbarra no óbice da
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Súmula 7/STJ, exceto nos casos de valores irrisórios ou
exorbitantes, o que não se afigura no caso concreto.
6. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte,
não provido. (REsp 955.352/RN, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/06/2009,
DJe 29/06/2009)
A propósito, saliento que a denunciação da lide é um
mecanismo processual para se trazer ao processo aquele que por regresso compete indenizar o denunciante se acaso for condenado a indenizar.
No caso da ação por responsabilidade objetiva não
caberá a denunciação da lide, pois tumultuaria o processo trazendo discussão acerca de responsabilidade subjetiva, o que demandaria maior instrução processual.
Assim, ao Estado, acaso condenado, surgirá o dever de
promover a ação de regresso em face do servidor, no caso de ter agindo com dolo ou culpa, não perdendo seu direito de regresso, em face de não ter denunciado a lide no processo em que se postula o terceiro a reparação de dano por força de responsabilidade objetiva do Estado. Gabarito: Certo.
39. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Determinado município construiu um importante viaduto com vistas a desafogar o trânsito no centro da cidade; no entanto, essa construção impôs a Maria o aumento da poluição sonora, visual e ambiental de seu apartamento, localizado ao lado desse viaduto. Nessa situação, conforme entendimento do STF, não há que se falar em responsabilidade objetiva do referido município, diante da licitude do ato praticado.
Comentário:
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É importante destacar que a responsabilidade objetiva decorre de ato lícito ou ilícito, ou seja, mesmo que a ação estatal tenha sido lícita, porém causou dano a terceiro e esse dano decorre de referida ação, surge o dever de indenizar, nos termos da responsabilidade objetiva.
É que, conforme o entendimento do Supremo Tribunal
Federal, a verificação da licitude ou não do ato comissivo estatal é irrelevante, na medida em que se houver o dano, em razão da atuação estatal, regular ou irregular, no interesse da coletividade, é devida a indenização, que se assenta no princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais, conforme o seguinte:
CONSTITUCIONAL. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL
DO ESTADO. C.F., 1967, art. 107. C.F./88, art. 37, par-
6.. I. A responsabilidade civil do Estado,
responsabilidade objetiva, com base no risco
administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa
do particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir
a responsabilidade estatal, ocorre, em sintese, diante
dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação
administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o
dano e a ação administrativa. A consideração no
sentido da licitude da ação administrativa e
irrelevante, pois o que interessa, e isto: sofrendo
o particular um prejuizo, em razão da atuação
estatal, regular ou irregular, no interesse da
coletividade, e devida a indenização, que se
assenta no princípio da igualdade dos onus e
encargos sociais. II. Ação de indenização movida por
particular contra o Município, em virtude dos prejuizos
decorrentes da construção de viaduto. Procedencia da
ação. III. R.E. conhecido e provido. (RE 113587,
Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, SEGUNDA TURMA,
julgado em 18/02/1992, DJ 03-04-1992 PP-04292
EMENT VOL-01656-02 PP-00382 RTJ VOL-00140-02 PP-
00636)
Gabarito: Errado.
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40. (ANALISTA DE SANEAMENTO – EMBASA – CESPE/2010) Quando ocorre enchente em determinado local devido a excesso de chuva, o Estado pode ser responsabilizado civilmente pelos danos causados à população.
Comentário:
De acordo com o que discutimos, temos observado que também se adota no Brasil a teoria da responsabilidade subjetiva, na modalidade culpa administrativa, diante dos casos de omissão, inércia estatal, por força de eventos da natureza ou fato de terceiros, quando o Estado poderia evitá-los, conforme aplicação da teoria da falta do serviço (serviço não funcionou, funcionou mal ou não existiu).
INFORMATIVO Nº 391
TÍTULO: Responsabilidade Civil do Estado e Ato Omissivo
(Transcrições)
PROCESSO: 409203 - RE
ARTIGO
Responsabilidade Civil do Estado e Ato Omissivo
(Transcrições) RE 409203/RS* RELATOR: MIN. CARLOS
VELLOSO EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS PÚBLICAS.
ATO OMISSIVO DO PODER PÚBLICO: ESTUPRO PRATICADO
POR APENADO FUGITIVO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA:
CULPA PUBLICIZADA: FALHA DO SERVIÇO. C.F., art. 37, §
6º. I. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que
exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes,
a negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo,
entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode
ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a
falta do serviço. II. - A falha do serviço - faute du
service dos franceses - não dispensa o requisito da
causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a
ação omissiva atribuída ao poder público e o dano
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causado a terceiro. III. - Crime de estupro praticado por
apenado fugitivo do sistema penitenciário do Estado: nesse
caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do
apenado e o crime de estupro, observada a teoria, quanto ao
nexo de causalidade, do dano direto e imediato. Precedentes
do STF: RE 369.820/RS, Ministro Carlos Velloso, "DJ" de
27.02.2004; RE 172.025/RJ, Ministro Ilmar Galvão, "DJ" de
19.12.1996; RE 130.764/PR, Ministro Moreira Alves, RTJ
143/270. IV. - RE conhecido e provido. Relatório: O acórdão
recorrido, em ação sob o rito ordinário, proferido pela Décima
Câmara Cível do Eg. Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul, está assim ementado: "RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO. 1. Apenado em regime aberto que,
durante fuga, invade residência e pratica violência contra as
moradoras, uma delas sendo vítima de estupro. Falha
evidente do Estado na fiscalização do cumprimento da pena
pelo autor do fato, que, apesar de ter fugido em sete
oportunidades, não foi sujeito à regressão de regime.
Confirmação da sentença de procedência, por seus próprios
fundamentos, inclusive quanto ao valor arbitrado como
reparação dos danos morais. Homologação da desistência do
apelo das autoras, restando prejudicado o recurso adesivo.
Sentença confirmada em reexame necessário." (Fl. 260) Daí o
RE, interposto pelo ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL,
fundado no art. 102, III, a, da Constituição Federal, com
alegação de ofensa ao art. 37, § 6º, da mesma Carta,
sustentando, em síntese que o dano suportado pela recorrida
decorreu exclusivamente de ato de terceiro, não havendo
falar em responsabilidade civil do Estado do Rio Grande do
Sul. Ademais, inexiste nexo causal entre a suposta falha do
serviço estatal e o dano sofrido pela recorrida. Admitido o
recurso, subiram os autos. A Procuradoria Geral da República,
em parecer lavrado pelo ilustre Subprocurador-Geral da
República, Dr. Wagner de Castro Mathias Netto, opinou pelo
não-conhecimento do recurso e, se conhecido, pelo não-
provimento. Autos conclusos em 10.3.2005. É o relatório.
Voto: Trata-se de ação de indenização por danos morais
contra o Estado do Rio Grande do Sul. Um apenado, fugitivo
da prisão, invadiu a casa das autoras e, portando arma,
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exigiu-lhes dinheiro. Não atendida a exigência do meliante, as
autoras foram submetidas a ameaças, sendo que uma delas,
de 12 anos de idade, foi estuprada. Pediram, então,
indenização por danos morais ao Estado, por isso que "o
indivíduo era foragido do sistema penitenciário estadual" (fl.
261). A ação foi julgada procedente em 1ª instância,
confirmada a sentença pelo Tribunal de Justiça, mediante a
aplicação do princípio da responsabilidade objetiva do Estado.
O acórdão admitiu ter havido "falha evidente do Estado na
fiscalização do cumprimento da pena pelo autor do fato, que,
apesar de ter fugido em sete oportunidades, não foi sujeito à
regressão de regime" (fl. 260, ementa do acórdão).
Preliminarmente, o recurso é de ser conhecido, por isso que
não se torna necessário, no caso, o exame da prova. O
acórdão esclarece os fatos e realiza a sua tipificação legal. O
que nos cabe, agora, é verificar se essa tipificação está
correta. Passo ao exame do mérito. Em caso semelhante,
oriundo, aliás, do Rio Grande do Sul, RE 369.820/RS, por
mim relatado, decidiu o Supremo Tribunal Federal: "EMENTA:
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL.
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS PÚBLICAS. ATO
OMISSIVO DO PODER PÚBLICO: LATROCÍNIO PRATICADO
POR APENADO FUGITIVO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA:
CULPA PUBLICIZADA: FALTA DO SERVIÇO. C.F., art. 37, § 6º.
I. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige
dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a
negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo,
entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser
atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do
serviço. II. - A falta do serviço - faute du service dos
franceses - não dispensa o requisito da causalidade, vale
dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída
ao poder público e o dano causado a terceiro. III. - Latrocínio
praticado por quadrilha da qual participava um apenado que
fugira da prisão tempos antes: neste caso, não há falar em
nexo de causalidade entre a fuga do apenado e o latrocínio.
Precedentes do STF: RE 172.025/RJ, Ministro Ilmar Galvão,
"D.J." de 19.12.96; RE 130.764/PR, Relator Ministro Moreira
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Alves, RTJ 143/270. IV. - RE conhecido e provido." ("DJ" de
27.02.2004) Assim o voto que proferi por ocasião do citado
julgamento: "(...) A autora-recorrida e seu marido estavam
num veículo estacionado às margens da BR 386, no Km 328,
quando foram assaltados por 'um apenado fugitivo, em co-
autoria com outros delinqüentes', culminando o fato com a
morte do marido da autora. (fls. 310/313). Anote-se, por
primeiro, portanto: o marido da autora foi morto por 'um
apenado fugitivo, em co-autoria com outros delinqüentes', em
número de quatro. O Estado do Rio Grande do Sul, em razão
disso, foi condenado, já que o homicídio fora praticado por
um apenado foragido, a indenizar a autora-recorrida por
danos materiais e dano moral. Está no voto em que se
embasa o acórdão: '(...) O autor do dano tinha
movimentadíssima folha de antecedentes, com prévias
condenações. E o documento de fl. 249 faz certo que havia
fugido em 20 de fevereiro de 1992, sendo recapturado em 27
de junho do mesmo ano. Ora, o lastimável evento se deu em
22 de junho. Portanto, durante lapso temporal em que o
assassino esteve foragido. E a fuga de presídio, lançando-se à
rua perigoso delinqüente corresponde à inequívoca falta do
serviço. O acórdão recorrido concluiu, assim, estar
evidenciada a responsabilidade do Poder Público, em face da
existência de nexo causal entre o evento lesivo e o
desempenho das tarefas estatais, considerada,
especialmente, a circunstância de o mesmo haver sido
praticado por criminoso de alta periculosidade, em co-autoria
com outros delinqüentes, ainda que foragido há quatro meses
e que a sua pena, à época, somasse quatro anos e três meses
de reclusão, e não cinqüenta e quatro anos, como depois
fixada pelo Tribunal. Ainda, os fatos evitam o argumento
genérico de um mero dever de dar segurança, como se o
Estado fosse responsável por algum tipo de seguro de vida ou
de patrimônio. Não é o caso. Na hipótese, é evidente a falta
de serviço, em que perigosíssimo delinqüente conseguiu fugir.
Fica claro, portanto, que o Estado deve responder pelo mal
funcionamento de seus serviços, sempre que seu funcionário
for demorado, lento e vagaroso no desempenho dos mesmos
e desse estado de letargia surgir o dano, como referiu
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Ulderico Pires dos Santos, na obra A responsabilidade civil na
doutrina e jurisprudência, Forense, 1984, p. 597. (...)' (fl.
399). II No caso, o dano não resultou de ato praticado por
agente público, mas foi causado mediante ato comissivo de
terceiro. Ter-se-ia, portanto, ato omissivo do poder público.
No voto que proferi no RE 204.037/RJ, cuidei do tema: a
responsabilidade do poder público por ato omissivo. Destaco
do voto que proferi: '(...) O § 6º do art. 37 da CF dispõe:
'Art.37. (...) (...) § 6º - As pessoas jurídicas de direito público
e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa.' Em princípio, pois,
a responsabilidade objetiva do poder público, assentada na
teoria do risco administrativo, ocorre por ato de seus agentes.
Dir-se-á que o ato do agente público poderá ser omissivo.
Neste caso, entretanto, exige-se a prova da culpa. É que a
omissão é, em essência, culpa, numa de suas três vertentes:
negligência, que, de regra, traduz desídia, imprudência, que é
temeridade, e imperícia, que resulta de falta de habilidade
(Álvaro Lazarini, 'Responsabilidade Civil do Estado por Atos
Omissivos dos seus Agentes', em 'Rev. Jurídica', 162/125).
Celso Antônio Bandeira de Mello, dissertando a respeito do
tema, deixa expresso que 'o Estado só responde por
omissões quando deveria atuar e não atuou - vale
dizer: quando descumpre o dever legal de agir. Em uma
palavra: quando se comporta ilicitamente ao abster-se.'
E continua: 'A responsabilidade por omissão é
responsabilidade por comportamento ilícito. E é
responsabilidade subjetiva, porquanto supõe dolo ou
culpa em suas modalidades de negligência, imperícia
ou imprudência, embora possa tratar-se de uma culpa
não individualizável na pessoa de tal ou qual
funcionário, mas atribuída ao serviço estatal
genericamente. É a culpa anônima ou faute de service
dos franceses, entre nós traduzida por 'falta de
serviço'. É que, em caso de ato omissivo do poder
público, o dano não foi causado pelo agente público. E o
dispositivo constitucional instituidor da
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responsabilidade objetiva do poder público, art. 107 da
CF anterior, art. 37, § 6º, da CF vigente, refere-se aos
danos causados pelos agentes públicos, e não aos
danos não causados por estes, 'como os provenientes
de incêndio, de enchentes, de danos multitudinários, de
assaltos ou agressões que alguém sofra em vias e
logradouros públicos, etc.' Nesses casos, certo é que o
poder público, se tivesse agido, poderia ter evitado a
ação causadora do dano. A sua não ação, vale dizer, a
omissão estatal, todavia, se pode ser considerada
condição da ocorrência do dano, causa, entretanto, não
foi. A responsabilidade em tal caso, portanto, do
Estado, será subjetiva. (Celso Antônio Bandeira de Mello,
'Responsabilidade Extracontratual do Estado por
Comportamentos Administrativos', em 'Rev. dos Tribs.',
552/11, 13 e 14; 'Curso de Direito Administrativo', em 'Rev.
dos Tribs.', 552/11, 13 e 14; 'Curso de Direito
Administrativo', Malheiros Ed. 5º ed., pp. 489 e segs.). Não é
outro o magistério de Hely Lopes Meirelles: 'o que a
Constituição distingue é o dano causado pelos agentes da
Administração (servidores) dos danos ocasionados por atos
de terceiros ou por fenômenos da natureza. Observe-se que o
art. 37, § 6º, só atribui responsabilidade objetiva à
Administração pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causem a terceiros. Portanto o legislador
constituinte só cobriu o risco administrativo da atuação ou
inação dos servidores públicos; não responsabilizou
objetivamente a Administração por atos predatórios de
terceiros, nem por fenômenos naturais que causem danos aos
particulares'. A responsabilidade civil por tais atos e fatos é
subjetiva. (Hely Lopes Meirelles, 'Direito Administrativo
Brasileiro', Malheiros Ed., 21ª ed., 1996, p. 566). Esta é,
também, a posição de Lúcia Valle Figueiredo, que, apoiando-
se nas lições de Oswaldo Aranha Bandeira de Mello e Celso
Antônio Bandeira de Mello, leciona que 'ainda que consagre o
texto constitucional a responsabilidade objetiva, não há como
se verificar a adequabilidade da imputação ao Estado na
hipótese de omissão, a não ser pela teoria subjetiva'. E
justifica: é que, 'se o Estado omitiu-se, há de se perquirir se
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havia o dever de agir. Ou, então, se a ação estatal teria sido
defeituosa a ponto de se caracterizar insuficiência da
prestação de serviço.'(Lúcia Valle Figueiredo, 'Curso de
Direito Administrativo', Malheiros Ed., 1994, p. 172). Desse
entendimento não destoa a professora Maria Sylvia Zanella Di
Pietro ('Direito Administrativo', Ed. Atlas, 5ª ed., 1995,
p.415). Posta a questão em tais termos, força é concluir, no
caso, pelo não-conhecimento do recurso, dado que, conforme
vimos, a versão fática do acórdão é que não houve culpa do
servidor da empresa ao não impedir a ocorrência do fato,
nem é possível presumir, no caso, a faute de service, ou a
culpa anônima, vale dizer, a culpa que poderia ser atribuída
ao serviço estatal de forma genérica. (...)' (RTJ 179/797-
798). Maria Helena Diniz também sustenta que a
responsabilidade do Estado por ato omissivo é subjetiva
('Cód. Civil Anotado', Saraiva, 4ª ed., pág. 31). De outro lado,
há juristas que entendem que a responsabilidade estatal por
ato omissivo é objetiva. Assim, por exemplo, Yussef Said
Cahali ('Responsabilidade Civil do Estado', Malheiros Ed., 2ª
ed., 1995, pág. 40), Odete Medauar ('Direito Administrativo
Moderno', Ed. R.T., 4ª ed., 2000, pág. 430) e Celso Ribeiro
Bastos ('Curso de Direito Administrativo', Saraiva, 3ª ed.,
1999, p. 190), dentre outros. No voto que proferi no RE
204.037/RJ, retrotranscrito, mencionei que Hely Lopes
Meirelles adotara a responsabilidade subjetiva na hipótese de
ações omissivas do poder público. Agora, melhor examinando
a obra do saudoso e notável mestre, reconheço o meu
engano. Hely Lopes Meirelles, na verdade, sustentava a teoria
da responsabilidade objetiva do Estado pelos atos comissivos
e omissivos dos seus agentes. 'O essencial é que o agente da
Administração haja praticado o ato ou a omissão
administrativa no exercício de suas atribuições ou a pretexto
de exercê-las.' ('Direito Administrativo Brasileiro', Malheiros
Ed., 24ª ed., 1999, pág. 589). Continua: 'O que a
Constituição distingue é o dano causado pelos agentes da
Administração (servidores) dos danos ocasionados por atos
de terceiros ou por fenômenos da natureza. Observe-se que o
art. 37, § 6º, só atribui responsabilidade objetiva à
Administração pelos danos que seus agentes, nessa
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qualidade, causem a terceiros.' (grifei). E acrescenta,
esclarecendo: 'Portanto, o legislador constituinte só cobriu o
risco administrativo da atuação ou inação dos servidores
públicos; não responsabilizou objetivamente a Administração
por atos predatórios de terceiros, (...)' ('Direito Administrativo
Brasileiro', Malheiros Ed., 24ª ed., 1999, págs. 589/590).
Ora, no citado RE 204.037/RJ, cuidávamos de ato praticado
por terceiro, no interior de veículo de transporte coletivo,
assim de concessionária do serviço público. O Supremo
Tribunal Federal, pela sua 1ª Turma, no RE 109.615/RJ,
Relator o Ministro Celso de Mello, decidiu no sentido de que é
objetiva a responsabilidade do Estado 'pelos danos a que os
agentes públicos houverem dado causa, por ação ou por
omissão.' (RTJ 163/1.107). III No caso, o acórdão decidiu
pela ocorrência da falta do serviço. A falta do serviço decorre
do não-funcionamento ou do funcionamento insuficiente,
inadequado, tardio ou lento do serviço que o poder público
deve prestar. No RE 179.147/ SP, por mim relatado, decidiu
esta 2ª Turma que 'tratando-se de ato omissivo do poder
público, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo
que exige dolo ou culpa, numa de suas três vertentes,
negligência, imperícia ou imprudência, não sendo, entretanto,
necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao
serviço público, de forma genérica, a faute du service dos
franceses.' (RTJ 179/791). IV Todavia, a faute du service não
dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de
causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público
e o dano causado a terceiro. O Ministro Moreira Alves, no voto
que proferiu no RE 130.764/PR, lecionou que 'a teoria
adotada quanto ao nexo de causalidade é a teoria do dano
direto e imediato, também denominada teoria da interrupção
do nexo causal', que 'sem quaisquer considerações de ordem
subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas teorias
existentes: a da equivalência das condições e a da
causalidade adequada' (cf. Wilson Mello da Silva,
'Responsabilidade sem culpa', nºs. 78 e 79, págs. 128 e
seguintes, Ed. Saraiva, São Paulo, 1974). Essa teoria, como
bem demonstra Agostinho Alvim ('Da Inexecução das
Obrigações', 5ª ed., nº 226, pág. 370, Ed. Saraiva, São
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Paulo, 1980), só admite o nexo de causalidade quando o dano
é efeito necessário de uma causa, o que abarca o dano direto
e imediato sempre, e, por vezes, o dano indireto e remoto,
quando, para a produção deste, não haja concausa sucessiva.
Daí, dizer Agostinho Alvim (1. c): 'os danos indiretos ou
remotos não se excluem, só por isso; em regra, não são
indenizáveis, porque deixam de ser efeito necessário, pelo
aparecimento de concausas. Suposto não existam estas,
aqueles danos são indenizáveis.' (RE 130.764/PR, RTJ
143/270, 283). V A questão a ser posta, agora, é esta: a fuga
de um apenado da prisão, vindo este, tempos depois,
integrando quadrilha de malfeitores, assassinar alguém,
implica obrigação de indenizar por parte do poder público, sob
color de falta do serviço? No citado RE 130.764/PR, da
relatoria do Ministro Moreira Alves, cuidou-se de tema
semelhante ao aqui tratado. Ali, a espécie versada foi a
seguinte: bando de marginais, integrado por dois evadidos de
prisões estaduais, invadiu residência e, dominando a família,
apossou-se de bens desta, levando o terror às pessoas,
agredindo o dono da casa e causando elevado prejuízo à
família. Proposta a ação de indenização, reconheceram as
instâncias ordinárias a responsabilidade civil do Estado,
condenando-o a compor os danos materiais, mediante a
aplicação da responsabilidade objetiva e invocando a falta do
serviço. Decidiu, então, o Supremo Tribunal Federal, no
mencionado RE 130.764/PR: 'EMENTA: Responsabilidade Civil
do Estado. Dano decorrente de assalto por quadrilha de que
fazia parte preso foragido vários meses antes. - A
responsabilidade do Estado, embora objetiva por força do
disposto no artigo 107 da Emenda Constitucional nº 1/69 (e,
atualmente, no § 6º do artigo 37 da Carta Magna), não
dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do nexo
de causalidade entre a ação ou a omissão atribuída a seus
agentes e o dano causado a terceiros. - Em nosso sistema
jurídico, como resulta do dispositivo no artigo 1.060 do
Código Civil, a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade
é a teoria do dano direto e imediato, também denominada
teoria da interrupção do nexo causal. Não obstante aquele
dispositivo da codificação civil diga respeito à impropriamente
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denominada responsabilidade contratual, aplica-se ele
também à responsabilidade extracontratual, inclusive a
objetiva, até por ser aquela que, sem quaisquer
considerações de ordem subjetiva, afasta os inconvenientes
das outras duas teorias existentes: a da equivalência das
condições e a da causalidade adequada. - No caso, em face
dos fatos tidos como certos pelo acórdão recorrido, e com
base nos quais reconheceu ele o nexo de causalidade
indispensável para o reconhecimento da responsabilidade
objetiva constitucional, é inequívoco que o nexo de
causalidade inexiste, e, portanto, não pode haver a incidência
da responsabilidade prevista no artigo 107 da Emenda
Constitucional nº 1/69, a que corresponde o § 6º do artigo 37
da atual Constituição. Com efeito, o dano decorrente do
assalto por uma quadrilha de que participava um dos
evadidos da prisão não foi o efeito necessário da omissão da
autoridade pública que o acórdão recorrido teve como causa
da fuga dele, mas resultou de concausas, como a formação
da quadrilha, e o assalto ocorrido cerca de vinte e um meses
após a evasão. - Recurso extraordinário conhecido e provido.'
('D.J.' de 07.8.92). No RE 172.025/RJ, Relator o Ministro
Ilmar Galvão, decidiu o Supremo Tribunal Federal: 'EMENTA:
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LATROCÍNIO PRATICADO POR
PRESO FORAGIDO, MESES DEPOIS DA FUGA. Fora dos
parâmetros da causalidade não é possível impor ao Poder
Público uma responsabilidade ressarcitória sob o argumento
de falha no sistema de segurança dos presos. Precedente da
Primeira turma: RE 130.764, Relator Ministro Moreira Alves.
Recurso extraordinário não conhecido.' ('D.J.' de 19.12.96).
Nesse RE 172.025/RJ, cuidou-se de ação de reparação de
dano proposta contra o Estado do Rio de Janeiro, com base
no art. 107 da CF/67, por ter sido o marido da autora vítima
de latrocínio praticado por presidiário foragido. Caso igual,
portanto, ao que examinamos aqui. (...)." O caso aqui tratado
é igual ao que foi examinado e decidido no RE 369.820/RS,
acima transcrito. Não há dúvida que, no caso, houve falha do
serviço, a faute du service dos franceses. Esta, todavia, não
prescinde da demonstração do nexo de causalidade. É dizer,
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no caso, deveria estar demonstrado o nexo de causalidade
entre a fuga do apenado e o lamentável fato ocorrido, certo
que há de ser observada a teoria, quanto ao nexo de
causalidade, do dano direto e imediato. Não há possibilidade,
portanto, da adoção, no caso sob julgamento, da falha do
serviço. Do exposto, conheço do recurso e dou-lhe
provimento. * julgamento pendente de conclusão em virtude
do pedido de vista do Min. Joaquim Barbosa
Gabarito: Certo.
41. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) Se a pessoa que sofrer dano contribuir, de alguma forma, para o resultado danoso, a responsabilidade do Estado estará, então, afastada, pois este só responde pelos danos cuja responsabilidade lhe seja integralmente atribuída.
Comentário:
Como disse, no que se refere à responsabilidade objetiva podemos ter a configuração da modalidade risco administrativo, a qual admite excludente de responsabilidade, e a risco integral, na qual não se permite a exclusão da responsabilidade estatal.
Na responsabilidade sob o risco administrativo temos
como hipótese de exclusão de responsabilidade a culpa exclusiva da vítima, a ocorrência de caso fortuito ou força maior, quando há interrupção do nexo causal.
No entanto, pode ocorrer a chamada culpa concorrente
(concorrência de culpa), quando o dano decorre de conduta estatal e do administrado, em concomitância, ficando a responsabilidade estatal mitigada ou atenuada, respondendo na proporção de sua conduta.
Assim, se a pessoa que sofrer dano contribuir, de
alguma forma, para o resultado danoso, a responsabilidade do Estado
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não será afastada, somente será proporcional à sua participação no dano. Gabarito: Errado.
42. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) A força maior, como acontecimento imprevisível e inevitável, estranho à vontade das partes, não gera a responsabilidade civil do Estado.
Comentário:
Lembremos que no âmbito da responsabilidade civil do Estado temos excludentes de responsabilidade, sendo a culpa exclusiva da vítima, a força maior, caso fortuito e fato de terceiros.
A força maior é evento estranho à Administração e ao
particular, imprevisível, inevitável e irresistível, tal como uma guerra civil, tsunami, furacão, terremoto etc.
Fato de terceiros é acontecimento imputado a terceiros
que não decorrem de conduta da Administração. No âmbito da responsabilidade objetiva devemos
perceber que tais excludentes devem ser associadas ao rompimento do nexo causal, sob pena de o Estado, mesmo diante de tais circunstâncias, responder pelos danos. Gabarito: Certo.
Por hoje é isso pessoal. Fiquem com Deus, bons estudos e até a volta. Grande abraço, Prof. Edson Marques
QUESTÕES SELECIONADAS
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1. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A marca característica da responsabilidade objetiva é a desnecessidade de o lesado pela conduta estatal provar a existência da culpa do agente ou do serviço, ficando o fator culpa desconsiderado como pressuposto da responsabilidade objetiva; a caracterização da responsabilidade objetiva requer, apenas, a ocorrência de três pressupostos: o fato administrativo; a ocorrência de dano e o nexo causal.
2. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Consoante a teoria do risco administrativo, consagrada no ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade objetiva do Estado por danos causados aos administrados baseia-se na equânime repartição dos prejuízos que o desempenho do serviço público impõe a certos indivíduos, não suportados pelos demais.
3. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Mediante expressa determinação legal, o Estado poderá responder civilmente por danos causados a terceiros, ainda que sua atuação tenha ocorrido de modo regular e conforme com o direito.
4. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) A teoria da responsabilidade civil objetiva do Estado deve ser aplicada de modo absoluto, não sendo admitida hipótese de exclusão nem de abrandamento.
5. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Em uma rodovia estadual muito movimentada, próxima ao centro da cidade, João colidiu o seu veículo com uma vaca, que pertencia a Antônio, quando esta se encontrava indevidamente no meio da pista, em uma área sem qualquer sinalização sobre a existência de animais na região. Nessa situação, a responsabilidade civil do Estado será objetiva.
6. (PROCURADOR – BANCO CENTRAL – CESPE/2009) A responsabilidade das autarquias pelos prejuízos causados a terceiros não é direta, de modo que, diante da ocorrência de dano, o lesado deve buscar a reparação diretamente ao ente federativo e não à autarquia.
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7. (ADVOGADO DA UNIÃO – AGU – CESPE/2009) Para sua configuração, a responsabilidade do Estado demanda os seguintes pressupostos: conduta comissiva ou omissiva, ocorrência de dano, bem como nexo de causalidade entre a conduta e o dano. No caso de responsabilização do Estado, os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, no percentual de 12% ao ano.
8. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O nexo de causa e efeito não constitui elemento a ser aferido na apuração de eventual responsabilidade do Estado.
9. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Caracterizada a responsabilidade subjetiva do Estado, mediante a conjugação concomitante de três elementos - dano, negligência administrativa e nexo de causalidade entre o evento danoso e o comportamento ilícito do poder público -, é inafastável o direito à indenização ou reparação civil de quem suportou os prejuízos.
10. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O Brasil adotou a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado, segundo a qual a administração pública somente poderá reparar o prejuízo causado a terceiro se restar devidamente comprovada a culpa do agente público.
11. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A teoria da irresponsabilidade do Estado é aplicável no direito brasileiro.
12. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) A doutrina dominante é no sentido de que se aplica a teoria da responsabilidade subjetiva nos casos de ato comissivo estatal.
13. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Na hipótese de conduta omissiva do Estado, incide a responsabilidade objetiva, bastando a comprovação do nexo causal entre a omissão e o prejuízo causado ao particular.
14. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) Para se caracterizar a responsabilidade civil do Estado no caso de conduta omissiva, não basta a simples relação entre a omissão
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estatal e o dano sofrido, pois a responsabilidade só estará configurada quando estiverem presentes os elementos que caracterizem a culpa.
15. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – PREVIC – CESPE/2011) Em se tratando de conduta omissiva, para configuração da responsabilidade estatal, é necessária a comprovação dos elementos que caracterizam a culpa, de forma que não deve ser aplicada absolutamente a teoria da responsabilidade objetiva.
16. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessária a comprovação da negligência na atuação estatal, ou seja, a prova da omissão do Estado, em que pese o dever legalmente imposto de agir, além do dano e do nexo causal entre ambos.
17. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A Constituição Federal de 1988 (CF) adotou a responsabilidade objetiva do Estado, sob a modalidade do risco integral, razão pela qual a pessoa jurídica deverá responder pelos danos.
18. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. Trata-se de hipótese que exclui o dever de indenizar, visto que Joaquim estava executando serviço público de natureza urgente.
19. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues
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com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A responsabilidade civil será exclusiva de Joaquim, visto que agiu com imperícia e imprudência.
20. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) O Estado pode exercer o direito de regresso contra o agente responsável pelo dano praticado, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo.
21. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Direito de regresso é o assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o agente responsável pelo dano, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo.
22. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço público, transportava documentos oficiais que necessitavam ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, no qual colidiu com veículo de particular. A responsabilidade civil será da pessoa jurídica, na modalidade objetiva, com a possibilidade de direito de regresso contra o motorista.
23. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) As empresas prestadoras de serviços públicos não respondem pelos prejuízos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Em tal hipótese, o ressarcimento do terceiro prejudicado deve ser feito diretamente pelo agente causador do dano.
24. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A reparação do dano, na hipótese de prejuízo causado a terceiros pela administração, pode ser feita tanto no âmbito administrativo quanto no judicial.
25. (ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS – STM – CESPE/2011) A reparação do dano causado a terceiros pode ser feita tanto no âmbito judicial quanto no administrativo, mas, neste último caso, a administração é obrigada a pagar o montante indenizatório de
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uma só vez, em dinheiro, de maneira a recompor plenamente o bem ou o interesse lesado.
26. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) A reparação de danos causados a terceiros somente pode ser feita no âmbito judicial, pois a administração não está legitimada a, por si só, reconhecer a sua responsabilidade e definir o valor de uma possível indenização.
27. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Os agentes que, por ação ou omissão, podem gerar a responsabilidade civil do Estado são os servidores estatutários, uma vez que apenas eles têm relação de trabalho que os vincula diretamente à administração.
28. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Para efeito de responsabilidade civil do Estado, considera-se agente o servidor que, em sua atuação, causar dano a terceiros. Exclui-se, assim, dessa noção as pessoas que não têm vínculo típico de trabalho com a administração e os agentes colaboradores e sem remuneração.
29. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A responsabilidade civil do Estado no caso de morte de pessoa custodiada é subjetiva.
30. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – STM – CESPE/2011) Com referência à responsabilidade civil do Estado e supondo que um aluno de escola pública tenha gerado lesões corporais em um colega de sala, com uma arma de fogo, no decorrer de uma aula, julgue o item abaixo. No caso considerado, existe a obrigação do Estado em indenizar o dano causado ao aluno ferido.
31. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Pedro foi preso preventivamente, acusado de praticar conduta descrita como crime; essa prisão durou 824 dias, após os quais o acusado foi devidamente inocentado, com base na ausência notória de autoria. Nessa situação, conforme entendimento do STJ, haverá responsabilidade objetiva do Estado por dano moral.
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32. (PROCURADOR FEDERAL – AGU – CESPE/2010) Pedro foi preso preventivamente, por meio de decisão judicial devidamente fundamentada, mas depois absolvido por se entender que ele não tivera nem poderia ter nenhuma participação no evento. No entanto, por causa da prisão cautelar, Pedro sofreu prejuízo econômico e moral. Nessa situação, conforme entendimento recente do STF, poderão ser indenizáveis os danos moral e material sofridos.
33. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Segundo o STF, os atos jurisdicionais típicos no âmbito cível ensejam a responsabilidade objetiva do Estado.
34. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Em face da prolação de sentença penal com equívoco do juiz, o ordenamento jurídico não permite a reparação dos eventuais prejuízos em ação contra o Estado, mas tão somente contra o próprio magistrado.
35. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Lúcio ajuizou ação de rito ordinário contra uma empresa de transporte coletivo urbano, tendo em vista danos material e moral sofridos em acidente de trânsito causado por motorista dessa empresa. Nessa situação, adotando-se o princípio da especialidade, conforme a legislação em vigor, o prazo prescricional da ação de indenização será de 5 anos.
36. (PROCURADOR FEDERAL – AGU – CESPE/2010) A responsabilidade civil objetiva da concessionária de serviço público alcança também não usuários do serviço por ela prestado.
37. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TJ/ES – CESPE/2011) Suponha-se que Maria estivesse conduzindo o seu veículo quando sofreu um acidente de trânsito causado por um ônibus da concessionária do serviço público municipal de transporte público, o qual lhe causou danos materiais. Nessa situação hipotética, eventual direito à indenização pelos danos suportados por Maria somente ocorrerá se ficar provado que o condutor do referido coletivo atuou com culpa ou dolo, já que não haverá responsabilidade objetiva na espécie, pois, na oportunidade, Maria não era usuária do serviço público de transporte público coletivo.
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38. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Maria ingressou com ação de indenização, por danos materiais e morais, contra o estado de Rondônia, diante da morte de seu filho na UTI de um hospital público, devido a responsabilidade objetiva; o estado, em processo administrativo, entendeu que o fato fora causado por culpa da equipe médica de plantão. Nessa situação, mesmo que não haja a denunciação à lide dos servidores responsáveis no processo judicial no prazo adequado, poderá o estado mover ação de regresso contra eles, após o trânsito em julgado da ação proposta por Maria.
39. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Determinado município construiu um importante viaduto com vistas a desafogar o trânsito no centro da cidade; no entanto, essa construção impôs a Maria o aumento da poluição sonora, visual e ambiental de seu apartamento, localizado ao lado desse viaduto. Nessa situação, conforme entendimento do STF, não há que se falar em responsabilidade objetiva do referido município, diante da licitude do ato praticado.
40. (ANALISTA DE SANEAMENTO – EMBASA – CESPE/2010) Quando ocorre enchente em determinado local devido a excesso de chuva, o Estado pode ser responsabilizado civilmente pelos danos causados à população.
41. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) Se a pessoa que sofrer dano contribuir, de alguma forma, para o resultado danoso, a responsabilidade do Estado estará, então, afastada, pois este só responde pelos danos cuja responsabilidade lhe seja integralmente atribuída.
42. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – 2010) A força maior, como acontecimento imprevisível e inevitável, estranho à vontade das partes, não gera a responsabilidade civil do Estado.
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GABARITOS
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