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Janeiro de 2013UM
inho
|201
3
Maria da Conceio Barbosa Rodrigues Mendes
Avaliao da Qualidade e Educao Superior em Angola: o caso da Universidade Agostinho Neto
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o N
eto
Universidade do MinhoInstituto de Educao
Trabalho realizado sob a orientao doDoutor Eugnio Adolfo Alves da Silva
Tese de Doutoramento em Cincias da Educao Especialidade de Organizao e Administrao Escolar
Janeiro de 2013
Maria da Conceio Barbosa Rodrigues Mendes
Avaliao da Qualidade e Educao Superior em Angola: o caso da Universidade Agostinho Neto
Universidade do MinhoInstituto de Educao
Assinatura: ________________________________________________
iii
Resumo
Esta tese aborda a avaliao institucional na Universidade Agostinho
Neto (UAN), de Angola, enquanto prtica emergente, convocando teorias de
anlise organizacional cujos pressupostos permitiram descortinar os seus
contornos, perceber as suas lgicas e significados. O trabalho foi construdo
com base numa hermenutica sustentada nas percees que os atores
conferem s suas prticas, sob lentes direcionadas para a captao das
facetas burocrtica, poltica e institucional da avaliao. Este quadro terico de
anlise induziu reflexes sobre a natureza do processo avaliativo, suas
finalidades e mbito, bem como as interaes dos seus atores e os seus
efeitos na ao organizacional.
Os argumentos procuram problematizar as lgicas subjacentes s
prticas avaliativas e s tendncias da avaliao que encarada como um
processo que se deixa penetrar por lgicas de conformidade, de dissenso e
negociao e, tambm, de legitimao e simbolismo. As razes da pouca
contemporaneidade da avaliao no contexto do ensino superior em Angola,
particularmente da UAN, constituram elementos da referida problematizao.
Ao captar-se o sentido da avaliao atravs desta trade analtica, foi possvel
caraterizar a avaliao institucional na UAN atravs das percees de atores
organizacionais internos e externos, sem perder de vista a contextualidade.
A avaliao concebida como um processo necessrio face
exigncia de assegurar a qualidade educativa com a qual o rgo de tutela e a
prpria UAN pretendem resgatar a credibilidade social da universidade e do
ensino superior em Angola. Daqui decorre o reconhecimento da importncia da
avaliao institucional como mecanismo de pilotagem do desenvolvimento da
UAN, como forma de melhoria dessa qualidade educativa e, tambm, como
instrumento de regulao por parte do rgo de tutela.
Porm, ao nvel da UAN, nem sempre existe uma compreenso correta
sobre a essncia da avaliao, seus procedimentos e efeitos, especialmente
quando os atores envolvidos nem sempre participaram nos processos
decisrios a ela inerentes. Por esta razo, considera-se precoce a
implementao imediata da avaliao institucional, sob pena de a mesma no
produzir os efeitos esperados, embora se reconhea a sua imprescindibilidade.
iv
v
Abstract
This thesis addresses the institutional assessment at Agostinho Neto
University (UAN) of Angola, while emerging practice, calling theories of
organizational analysis whose assumptions shed light on its contours and
understand their logic and meaning. The work was constructed based on a
hermeneutic sustained in perceptions that actors give to their practices under
lenses directed to capture the bureaucratic, political and institutional facets of
the assessment process. This theoretical analysis set did generate reflections
on the nature of the assessment process, its purpose and scope, as well as the
interactions of its actors and its effects on organizational action.
The arguments seek to problematize the underlying logics of the
assessment practices and the evaluating trends that is seen as a process that
leaves penetrate logical compliance, dissent and negotiation and also of
legitimation and symbolism. The reasons for the low contemporary of the
evaluation in the context of higher education in Angola, particularly the UAN,
were elements of that questioning. When taking up the meaning of the
evaluation through that analytical triad, it was possible to characterize the
institutional assessment in UAN through the perceptions of organizational
internal and external actors, without losing the contextuality of the subject.
The institutional assessment is conceived as a necessary process to
the requirement to ensure educational quality with which the state
administration and the own UAN want rescue social credibility of the university
and of higher education in Angola. It follows the recognition of the importance of
institutional assessment as a mechanism for driving the development of UAN,
as a way of improvement of educational quality and this, too, as instrument of
regulation by the state administration.
However, in the level of UAN, there is not always a correct
understanding of the essence of the assessment, its procedures and effects,
especially when the involved actors do not always participate in decision
making processes inherent to it. For this reason, it is considered premature the
immediate implementation of institutional assessment, otherwise it will not
produce the desired effects, while recognizing its indispensability.
vi
vii
Siglas utilizadas CEDUMED - Centro de Estudos Avanados de Educao Mdica
CI-INAAES - Comisso Instaladora do Instituto Nacional de Avaliao e
Acreditao do Ensino Superior
EDUAN - Editora da Universidade Agostinho Neto
ES - Ensino Superior
FC-UAN - Faculdade de Cincias da Universidade Agostinho Neto
FM-UAN - Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto
GAA - Gabinete de Avaliao e Acreditao
IES - Instituies de Ensino Superior
INAAES - Instituto Nacional de Avaliao e Acreditao do Ensino Superior
IPAD - Instituto Portugus de Apoio ao Desenvolvimento
ISCED - Instituto Superior de Cincias da Educao
ISCISA - Instituto Superior de Cincias de Sade
LBSE - Lei de Bases do Sistema Educativo
MEC - Ministrio da Educao e Cultura
MED - Ministrio da Educao
MES - Ministrio do Ensino Superior
MESCT - Ministrio do Ensino Superior e da Cincia e Tecnologia
MPLA - Movimento popular de Libertao de Angola
NGRSES - Normas Gerais Reguladoras do Subsistema de Ensino Superior
SARUA - Southern African Regional Universities Associations
SEES - Secretaria de Estado para o Ensino Superior
UAN - Universidade Agostinho Neto
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
UNITA - Unio Nacional para a Independncia Total de Angola
UO - Unidade Orgnica
viii
ix
Dedicatria
Ao meu querido pai Jesuno Barbosa, a
ttulo pstumo, pai dedicado, sempre
presente e intransigente quanto educao
do seu pombal, a quem no conseguirei
retribuir o afeto e o carinho
minha querida me Leontina,
costureira incansvel, figura sempre
presente que nutre a face materna da minha
vida e me inspira nas longas caminhadas
Ao Anldio e Jssica, a quem foi
roubado tempo de convvio e carinho
materno, filhos que a cada dia me
engrandecem e mostram o verdadeiro
significado da vida
Ao Tuca, esposo amigo e companheiro
sempre presente
Helena, irm sempre disponvel para
contrabalanar os impedimentos desta
trajetria.
Aos meus familiares por perdoarem a
minha ausncia
Universidade Agostinho Neto, que um
dia me acolheu como estudante e outro
como profissional, parte da minha histria de
vida e que hoje me permitiu partilhar uma
pequena parcela do seu percurso existencial.
A todos dedico este trabalho!
x
xi
Agradecimentos
A realizao desta obra foi fruto da colaborao, entrega e incentivo de
diversas entidades e pessoas, a quem expresso o meu reconhecimento.
Ao Professor Doutor Eugnio Alves da Silva, pela oportunidade
concedida, confiana e disponibilidade que sempre manifestou na orientao
deste trabalho. Acima de tudo, agradeo especialmente a amizade e a
convivncia acadmica que constituram fonte constante de incentivo e
propiciou espao para o meu crescimento acadmico e profissional.
Ao Professor Doutor Ado do Nascimento, o meu profundo
agradecimento pelas oportunidades de reflexo que contriburam para firmar
esta obra.
Aos participantes nesta investigao, pela disponibilidade e
colaborao, especialmente a Direo da Faculdade de Medicina, da
Faculdade de Cincias e do Instituto de Cincias da Sade.
Ao Professor Pedro Bondo, o meu apreo pelo apoio prestado ainda
quando este trabalho apenas se resumia em curtas linhas de um projeto.
Um agradecimento particular ao Professor Doutor Albano Ferreira, pela
colaborao na produo dos resultados que nutriram este estudo.
Ao Doutor Nicolau Silvestre, o meu reconhecimento pelas mais
diversas contribuies e apoio para a efetivao do trabalho.
A todos os colegas da Universidade Agostinho Neto e da Universidade
Katyavala Bwila, pelo incentivo permanente para a concluso desta obra.
minha famlia sempre presente, pelo conforto e encorajamento
constante. Especialmente Helena Joana pela colaborao e pela partilha de
expetativas nos momentos mais marcantes deste percurso.
Aos meus filhos Anldio e Jssica, o meu particular apreo pelas
palavras de alento nos momentos cruciais desta trajetria.
O meu agradecimento Ana Paula Elias e Alice Pina, pelo apoio
prestado na realizao desta obra.
Um agradecimento muito especial ao Tuca, esposo e amigo, pela
ateno e partilha de reflexes, nos momentos mais difceis que marcaram a
realizao deste trabalho e impeliram a sua concluso.
xii
xiii
ndice Geral
Resumo .............................................................................................................. iii
Abstract .............................................................................................................. v
Siglas utilizadas ................................................................................................. vii
Dedicatria ......................................................................................................... ix
Agradecimentos ................................................................................................. xi
INTRODUO ................................................................................................... 1
1. Percurso da investigao e escolha do tema ............................................. 3
2. Formulao do problema ........................................................................... 6
3. Objetivos da investigao .......................................................................... 9
4. Abordagem ao objeto ............................................................................... 10
5. Estrutura do trabalho ................................................................................ 13
CAPTULO I: O ENSINO SUPERIOR EM ANGOLA: DESENVOLVIMENTO E
AFIRMAO DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO........................... 17
1.1. Surgimento e desenvolvimento do ensino superior em Angola ................. 19
1.1.1. Prenncio do ensino superior em Angola: os Estudos Gerais
Universitrios ..................................................................................... 19
1.1.2. A Universidade de Luanda: uma realidade hierarquizante e imobilista
do ensino ........................................................................................... 21
1.1.3. A Universidade de Angola: entre autonomia e dependncia ............. 25
1.1.4. A Universidade Agostinho Neto: a sobrevivncia, a concorrncia e o
redimensionamento ........................................................................... 30
1.2. Ruturas e descontinuidades nas dinmicas organizacionais da UAN ....... 40
1.3. Gesto do ensino superior em Angola: (des)articulaes entre o Estado e
as IES ........................................................................................................ 45
1.3.1. Regionalizao organizativa da rede de IES ..................................... 46
1.3.2. A autonomia da UAN face ao papel reitor da tutela ........................... 51
1.4. A UAN como uma estrutura: os servios centrais e as UO ........................ 61
xiv
CAPTULO II: EMERGNCIA DA AVALIAO INSTITUCIONAL NO ENSINO
SUPERIOR EM ANGOLA: PROCESSOS E PRTICAS NA
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO ....................................................... 77
2.1. Estruturas e mecanismos de implantao ................................................. 79
2.2. Configurao do Estado-Avaliador ............................................................ 92
2.3. Avaliao institucional: titularidade e tendencionalidade ......................... 100
2.4. Algumas prticas avaliativas na UAN e seus efeitos na dinmica
organizacional .......................................................................................... 106
2.4.1. Olhares externos sobre a UAN ........................................................ 107
2.4.2. Olhares internos sobre as prprias prticas .................................... 114
2.4.3. Efeitos das prticas avaliativas ........................................................ 119
CAPTULO III: TEORIAS DE ANLISE ORGANIZACIONAL E REALIDADES
ORGANIZACIONAIS: CONFIGURAES DA ESCOLA E DA
UNIVERSIDADE COMO ORGANIZAO ............................................... 133
3.1. Teorias de anlise organizacional em contextos educacionais ............... 135
3.1.1. Intermediao de teorias para a compreenso das dinmicas
organizacionais ................................................................................ 135
3.1.2. Imagem organizacional da escola .................................................... 142
3.1.3. A universidade: uma organizao fluda e permevel ...................... 147
3.1.4. Universidade, avaliao e pluralidade de abordagens ..................... 155
3.2. Abordagem burocrtica da ao organizacional ..................................... 157
3.2.1. Racionalidade e uniformidade na ao ............................................ 159
3.2.2. A escola e a universidade como estruturas burocrticas ................. 163
3.2.3. A abordagem burocrtica e o funcionamento dptico das organizaes
educativas ....................................................................................... 168
3.3. Abordagem poltica da ao organizacional ............................................ 171
3.3.1. Coalizes no seio das organizaes: explorao das zonas de
incerteza .......................................................................................... 171
3.3.2. Instituies educativas como arenas polticas ................................. 174
3.3.3. Os interesses individuais face aos interesses organizacionais ........ 180
xv
3.3.4. Os conflitos no campo organizacional: do latente ao expresso ........ 189
3.3.5. O poder e as margens de manobra face s zonas de incerteza ...... 194
3.3.6. A negociao como fator de intermediao ..................................... 197
3.4. Abordagem (neo)institucional .................................................................. 200
3.4.1. Aproximaes e divergncias entre o novo e o antigo
institucionalismo .............................................................................. 201
3.4.2. Isomorfismo e institucionalizao ..................................................... 208
3.4.3. Legitimidade e sobrevivncia organizacional ................................... 212
3.4.4. Representaes, mitos e cerimoniais............................................... 214
3.4.5. Organizaes educativas: a legitimao e a institucionalidade ........ 217
CAPTULO IV: A AVALIAO INSTITUCIONAL NO CONTEXTO
EDUCACIONAL: OLHARES LUZ DE ALGUMAS PERSPETIVAS DE
ANLISE ORGANIZACIONAL ................................................................. 225
4.1. Avaliao e teorias de anlise organizacional: breve justificao
terica ...................................................................................................... 227
4.2. Avaliao no contexto educacional e conceitos agregados .................... 228
4.2.1. Avaliao institucional, credenciamento e certificao .................... 228
4.2.2. Dimenses e indicadores de avaliao ............................................ 231
4.2.3. Avaliao e qualidade versus qualidade da avaliao ..................... 240
4.3. Modelo, enfoque e formato avaliativo: hermenutica concetual .............. 243
4.3.1. Bipolaridade da avaliao: face interna e externa ............................ 248
4.3.2. Funes ou finalidades da avaliao ............................................... 251
4.4. Avaliao institucional: sua natureza burocrtica, poltica e
institucional .............................................................................................. 255
4.4.1. A avaliao como mecanismo de controlo e regulao burocrtica . 259
4.4.1.1. Regulamentao e intencionalidade da avaliao ................ 259
4.4.1.2. Participao dos intervenientes e imposio de margens de
manobra .................................................................................. 269
4.4.1.3 Normativizao da avaliao e hiperburocracia .................... 271
4.4.2. A avaliao como campo impregnado de conflitos: a arena poltica 273
4.4.2.1. A participao e a negociao .............................................. 274
xvi
4.4.2.2. Contextualizao da avaliao e responsabilizao dos atores
de terreno ................................................................................ 281
4.5. Avaliao institucional como um mundo de representaes, simbolismos e
ritualidade ................................................................................................ 286
4.5.1. A avaliao e a credibilizao social da universidade ...................... 287
4.5.2. Avaliao como processo de construo de significados ................ 290
CAPTULO V: ABORDAGEM METODOLGICA: DELIMITAO DO OBJETO
E CONSTRUO DO CORPUS DE DADOS .......................................... 297
5.1. Natureza da investigao e amostra ....................................................... 299
5.1.1. O estudo de caso ............................................................................. 299
5.1.2. A natureza qualitativa do estudo de caso ........................................ 302
5.1.3. A amostra: caratersticas e critrios de seleo ............................... 305
5.2. Mtodos e procedimentos de recolha de dados ...................................... 311
5.2.1. A interao com os atores no ambiente natural: abordagens iniciais,
expetativas e desafios ..................................................................... 311
5.2.2. As entrevistas: objetivos e realizao .............................................. 315
5.2.3. O inqurito por questionrio: objetivos e premissas orientadoras .... 324
5.2.4. A anlise documental ....................................................................... 328
5.2.5. As conversas informais .................................................................... 330
5.3. Mtodos de anlise e tratamento dos dados ........................................... 332
5.3.1. A anlise de contedo: objetivo e procedimentos ............................ 333
5.3.2. A anlise estatstica: objetivo e procedimentos ................................ 337
5.4. Limitaes do estudo .............................................................................. 339
CAPTULO VI: AVALIAO INSTITUCIONAL: SUA COMPREENSO A
PARTIR DAS PERCEES DOS ATORES ORGANIZACIONAIS ......... 343
6.1. Estado atual da avaliao na UAN .......................................................... 345
6.2. Percees e imagens sobre a avaliao e a qualidade educativa .......... 349
6.2.1. A qualidade na agenda do Estado e das IES ................................... 349
6.2.2. A avaliao institucional como um processo multidimensional e
sistemtico ....................................................................................... 357
6.2.3. Avaliao como um processo normativo e de autoconhecimento .... 363
xvii
6.2.4. Abrangncia e critrios da avaliao ............................................... 366
6.2.5. Condies inerentes realizao da avaliao ............................... 369
6.2.6. Lgicas subjacentes s finalidades da avaliao ............................. 383
6.2.7. Imagem organizacional e avaliao institucional ............................. 388
6.2.8. Emergncia da avaliao versus cultura avaliativa .......................... 394
6.2.9. Agentes da avaliao ....................................................................... 401
6.2.10. Constrangimentos no campo da avaliao .................................... 405
6.2.10.1. Constrangimentos internos ................................................. 405
6.2.10.2. Constrangimentos externos ................................................ 418
6.3. As prticas avaliativas e suas tendncias ............................................... 423
CONSIDERAES FINAIS ........................................................................... 431
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 445
APNDICES E ANEXOS ................................................................................. xix
Apndice A: Roteiro das entrevistas .......................................................... xxiii
Apndice B: Boletim do inqurito por questionrio .................................... xxvii
Apndice C: Escala para a apreciao das opinies e atitudes dos docentes
e gestores universitrios ................................................................. xxxiii
Apndice D: Escala que foi integrada no questionrio ................................. xlv
Apndice E (1) : Grelha de anlise categorial das transcries das
entrevistas (natureza do processo, finalidades, mbito, agentes e
efeitos da avaliao) ......................................................................... xlix
Apndice E (2) : Grelha de anlise categorial das transcries das
entrevistas (condies, obstculos avaliao, qualidade e gesto do
ensino superior) ................................................................................. lvii
Apndice F: Tabela de frequncias e valores mdios dos itens do
questionrio (apreciao por UO) ...................................................... lxv
Anexo A: Regies Acadmicas e IES Pblicas ........................................... lxxi
Anexo B: Organigrama MESCT (extrato do Decreto Presidencial n. 70/10,
de 19 de maio) ................................................................................. lxxv
Anexo C: Estatuto do Instituto Nacional de Avaliao e Acreditao do
Ensino Superior (extrato do Decreto Presidencial n. 252/11, de 26 de
setembro) ....................................................................................... lxxvii
xviii
xix
Lista de quadros e figuras
Quadro I: Indicadores de desenvolvimento do ensino superior em
Angola (2010-2011) .
33
Quadro II: Sntese da evoluo do ensino superior em Angola 39
Quadro III: Unidades Orgnicas da UAN em 1998 .. 65
Quadro IV: Caraterizao da abordagem institucional ... 202
Quadro V: Principais diferenas entre o antigo e o novo
institucionalismos ..
207
Quadro VI: Principais caratersticas burocrtica, poltica e institucional
da avaliao ...
296
Quadro VII: Caraterizao da amostra entrevistada 308
Quadro VIII: Composio da populao e da amostra 309
Quadro IX: Composio da populao inquirida em funo do cargo .. 310
Quadro X: Distribuio dos inquiridos em funo do grupo etrio 310
Quadro XI: Composio da populao inquirida em funo do tempo de
servio .
311
Quadro XII: Mapa resumo das entrevistas realizadas . 323
Quadro XIII: Constituio e perfil do painel de especialistas .. 327
Quadro XIV: Matriz de anlise de contedo .. 336
Quadro XV: Apreciaes dos inquiridos sobre a varivel mbito da
avaliao
362
Quadro XVI: Apreciaes dos inquiridos sobre a varivel processo de
avaliao
365
Quadro XVII: Apreciaes dos inquiridos sobre a varivel agentes da
avaliao
370
Quadro XVIII: Apreciaes dos inquiridos sobre a varivel finalidades
da avaliao 385
Quadro XIX: Apreciaes dos inquiridos sobre a varivel efeitos da
avaliao
390
Figura I: Mapa de distribuio das Regies Acadmicas
48
xx
INTRODUO
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3
1. Percurso da investigao e escolha do tema
As instituies educativas tm sido objeto de estudos de diversa
natureza, entre os quais se destacam os de pendor sociolgico, pedaggico,
psicolgico, econmico, entre outros, os quais focam os mais diversos aspetos
que compem as dinmicas dessas organizaes. A Universidade, enquanto
organizao, tambm se enquadra nos estudos antes referidos, dos quais se
destacam os de natureza essencialmente sociolgica. Estes tomam como
referncia determinadas perspetivas de anlise organizacional, tidas como uma
intermediao para a interpretao e compreenso da complexidade de
aspetos organizacionais, quer em termos de prticas, como em termos das
interaes que se produzem entre os atores em ao.
O estudo da avaliao institucional tem-se constitudo como um tpico
interessante de investigao em diversos contextos sob distintas perspetivas e
abordagens de anlise, o que lhe confere contemporaneidade. No contexto
particular do ensino superior (ES) em Angola essa contemporaneidade torna-se
menos visvel o que, partida, levantou interrogantes que constituram um
convite inegvel imerso nessa realidade, na tentativa de construir um
quadro analtico que contribusse para a sua melhor compreenso, num
momento em que a avaliao institucional invocada como instrumento
indispensvel para a melhoria da gesto e da qualidade do ES.
A reviso de literatura diversa sobre esta temtica permitiu localizar
estudos de natureza sociolgica que abordam a Universidade, nos quais
conferida centralidade complexidade desta organizao inerente sua
dinmica interna e ao tipo de aes que a caraterizam, voltadas para a
realizao das funes substantivas da universidade, entre as quais sobressai
a construo e disseminao do conhecimento. No cumprimento da sua
misso a universidade estabelece uma vasta rede de relaes com o ambiente,
do mesmo modo que se expe s influncias deste, de cujo grau de adaptao
depende, em considervel medida, a sua sobrevivncia e afirmao.
O percurso existencial da Universidade Agostinho Neto (UAN) revela
que uma instituio com histria que tem resistido no tempo e aos mais
diversos e adversos contextos. Entre as adversidades figura a sua constituio
como uma instituio herdeira de um patrimnio influenciado por polticas e
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4
vises coloniais, a resistncia a presses decorrentes de um ambiente
caraterizado por instabilidade de vria ordem, as constantes mudanas no
plano administrativo e governamental. Esta universidade tambm vivenciou
processos de descentralizao e recentralizao, os quais no interromperam
o seu percurso histrico. A UAN chegou a operar, por muito tempo, num
quadro hegemnico e autonmico considervel. Numa fase mais recente, a
UAN passou por um processo de redimensionamento que, por um lado, veio
restringir o seu campo geogrfico de atuao, limitar a sua interveno a duas
provncias e reduzir notoriamente a sua dimenso organizacional. Por outro
lado, estas restries conduziram concentrao de esforos e de recursos o
que coloca esta universidade em posio favorvel relativamente a outras
universidades pblicas recentemente criadas no mbito desse
redimensionamento.
A reviso deste percurso histrico da UAN e, de algum modo, o
convvio pessoal com determinadas fases desse percurso constituram as
primeiras razes para a delimitao do estudo UAN. Para completar a
escolha tiveram influncia o percurso acadmico, as sugestes de pessoas de
referncia na gesto da UAN e do ES em Angola, quando solicitadas a
apresentar reflexes e sugestes sobre a inteno de restringir o estudo
temtica da avaliao institucional. A temtica foi considerada, partida, como
uma questo pouco conhecida entre os acadmicos e pouco explorada no
mbito do ES em Angola, o que reafirmou a sua atualidade em termos de
campo de investigao e, com isto, as primeiras impresses sobre a
pertinncia do assunto.
Delimitado o tpico investigativo, as reflexes centraram-se em aspetos
de ordem mais metodolgica, as quais colocaram em realce os possveis
desafios e obstculos que as primeiras intenes poderiam encontrar. Alguns
desafios decorriam do prprio contexto em que se localiza a unidade de
anlise, ou seja, a avaliao institucional, focada como uma prtica emergente
no ES em Angola, particularmente, na UAN. Ora, ao ser um elemento
emergente, os esforos encetados para localizar trabalhos ou estudos com
alguma sistematizao da realidade avaliativa no ES em Angola mostraram,
por um lado, que o estudo seria desenvolvido num campo pouco conhecido e
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5
compreendido, sobre o qual no se conhecem os contornos. Por outro,
descobriu-se que o campo era despido de referenciais contextualizados, em
termos de estudos realizados, dado que no foram encontradas evidncias
(estudos empricos e/ou referenciais sobre estes), o que tornou mais difcil a
construo de referenciais e antecedentes de pesquisa. Contudo, o facto no
deixou de reforar o interesse e a predisposio para dar seguimento ao
estudo pois, em contrapartida, os primeiros obstculos colocaram evidente a
fertilidade do campo investigativo, o que, bem explorado, poderia ser uma
mais-valia para o estudo, tornando-o mais interessante pela possibilidade de
trazer elementos e discusses relativamente novos no seio da academia.
neste panorama que as conjeturas iniciais indiciaram que a
realizao de um estudo em tais condies constitua um desafio ao implicar a
abordagem do fenmeno sem perder de vista as exigncias metodolgicas e
cientficas que as investigaes impem.
Esta realidade suscitou preocupaes que foram expressas em duas
interrogantes centrais, a saber:
a) A primeira residiu nas possveis dificuldades de ordem metodolgica
e procedimental, uma vez que, sendo a avaliao uma prtica emergente e
pouco conhecida no contexto do ES em Angola questionvamos em que
medida os agentes informadores-privilegiados estariam disponveis para falar
sobre ela. Ou seja, questionmos sobre a possibilidade de captar as percees
dos agentes organizacionais sobre um assunto relativamente novo e ausente
do quotidiano organizacional da universidade.
b) A segunda interrogante esteve relacionada com a escolha do quadro
referencial para a definio da avaliao no contexto do ES porquanto o
investigador se confronta com uma multiplicidade de teorias e outros
pressupostos cientficos que focam, por um lado, a universidade enquanto
organizao e, por outro, a avaliao educativa, enquanto processo integrado
nas dinmicas organizacionais, neste caso, das Instituies de Ensino Superior
(IES). Perante uma diversidade de possibilidades de focar o objeto, de
natureza multidimensional e complexa, quais seriam as perspetivas mais
adequadas? Assim, no deixou de ser desafiante a opo por teorias ou
perspetivas de anlise que pudessem dar conta das complexidades
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
6
organizacionais da universidade e permitir uma melhor compreenso das
mesmas e, concomitantemente, fazer uma articulao desse quadro terico
com o objeto de estudo sem o isolar do seu contexto, pois a compreenso dos
significados a ele atribudos somente possvel nessas condies.
Em sntese, os desafios circunscreveram-se na procura de caminhos
que permitissem uma articulao consistente entre os pressupostos
metodolgicos assumidos e os referenciais tericos construdos para a
abordagem do objeto, sem perder de vista as particularidades do contexto em
que o objeto se situa.
A reviso de literatura diversa sobre a universidade, enquanto
organizao e sobre a avaliao educativa e institucional, particularmente no
ES, ofereceu um conjunto de fundamentos que permitiram responder s
interrogantes, definir e clarificar o problema, o que constituiu um fator
orientador da investigao.
2. Formulao do problema
A formulao do problema, concordando com Tuckman (2012), uma
das tarefas mais difceis na elaborao do projeto de investigao, o qual deve
ser suficientemente objetivo e isento de ambiguidades. Para atender a estas
caratersticas de ordem metodolgica, foi indispensvel a procura de elementos
tericos que pudessem sustentar as constataes iniciais para dar consistncia
problematizao do estudo.
As primeiras reflexes cingiram-se s observaes e constataes
obtidas na fase exploratria, incluindo a reviso de literatura relacionada com o
objeto de estudo, particularmente documentos institucionais que pudessem
reportar, de forma particular, a realidade avaliativa na UAN o que exigiu uma
abordagem mais alargada que conduziu incluso de aspetos referentes ao
ES em geral. Como resultado deste procedimento foram elencadas as
constataes julgadas mais relevantes, entre as quais: a inexistncia de
normativos legais que instituam a avaliao institucional, em termos de
orientaes gerais, procedimentos metodolgicos que pudessem regulamentar
a avaliao no ES, como previsto na Lei de Bases do Sistema Educativo de
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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Angola (LBSE); a inexistncia de um sistema nacional e de sistemas internos
de avaliao das IES; a existncia de prticas episdicas de avaliao em
algumas Unidades Orgnicas (UO) da UAN.
Das reflexes antes apontadas foi possvel derivar o problema deste
trabalho centrando a ateno na avaliao da qualidade da educao superior
em Angola, focando de modo particular a avaliao institucional na UAN e os
seus reflexos nas dinmicas organizacionais. Neste quadro, considera-se a
avaliao como um instrumento relevante de gesto institucional, de melhoria e
garantia da qualidade e de credibilizao social, a qual no constitui uma
tradio nessa universidade e conduz a descontinuidades de processos de
reflexo sobre as prticas e suas implicaes na realizao da misso
institucional. O estudo procurou compreender as razes que obstam, por um
lado, a adoo da avaliao como uma prtica corrente de gesto institucional,
de controlo e de melhoria da qualidade e, por outro, compreender os efeitos
desta ausncia na construo de uma imagem institucional e sua credibilizao
social num momento em que vrios questionamentos so colocados
relativamente qualidade do ES.
Depreende-se que, mesmo num quadro em que estudos especficos
tenham apontado a premncia da implantao de um sistema interno de
reflexo sobre as prticas institucionais na UAN e num contexto em que a
avaliao reconhecida como necessria melhoria da gesto das IES em
Angola, a mesma continua ausente das dinmicas da UAN.
Considera-se assim que, embora a UAN, enquanto servidora pblica,
esteja sujeita superintendncia do Estado e a parmetros de administrao e
gesto burocrtica, possvel uma atuao que no se enquadre nos
parmetros estabelecidos, como o caso da avaliao institucional prevista na
LBSE. As reflexes comeam a ser atravessadas por aspetos que no so
exclusivamente da responsabilidade da UAN, seno que, tambm do mbito de
atribuies do rgo de tutela, enquanto responsvel pela formulao de
polticas de gesto do ES, o que lhe confere prerrogativas para regular e
controlar a funcionalidade do sistema.
A problematizao da avaliao institucional na UAN deixa de ser uma
questo meramente de ordem interna e passa a assumir uma configurao que
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
8
integra aspetos mais externos universidade, enquanto estrutura dependente
de um rgo central. neste panorama que a abordagem da avaliao
institucional no contexto da UAN se alarga ao ambiente envolvente no qual se
localizam diversos atores a quem reservado um espao no processo de
avaliao institucional.
Este modo de abordar o objeto de estudo levou a considerar tanto os
aspetos de ordem organizativo-institucional, ao nvel da UAN, como aspetos
relacionados com a organizao do subsistema de ES, no sentido de encontrar
traos que permitissem uma caraterizao localizada da avaliao, sem perder
de vista aqueles que so mais exteriores mas que, nem por isso deixam de
influenciar a ao organizacional.
Para construir um quadro o mais compreensvel possvel, adequado s
complexidades acima descritas, multiplicidade de fatores e de interaes
possveis de se estabelecer num processo avaliativo, foi necessrio partir da
mobilizao e escolha de perspetivas de anlise que pudessem conduzir
compreenso da natureza, complexidade e particularidades da ao
organizacional, desde o ponto de vista das racionalidades burocrtica, poltica
e institucional; bem como compreender o processo avaliativo e construir um
quadro hermenutico sobre o mesmo. Para uma melhor explicitao do
problema foram levantadas as seguintes questes:
a) Em que medida que a avaliao institucional no ensino superior
em Angola, nas condies atuais, poder contribuir para a afirmao da
imagem e para a credibilizao institucional da Universidade Agostinho Neto?
b) Que sentido faz a implantao de um sistema nacional de avaliao
da qualidade da educao superior em Angola?
c) Que fatores tm obstado adoo e implementao de processos e
prticas consistentes e sistemticas de avaliao na Universidade Agostinho
Neto?
d) Como interpretam os atores universitrios angolanos a problemtica
da avaliao institucional no ensino superior em Angola?
e) Quais so os efeitos das prticas avaliativas nas aes da UAN, nas
Instituies de Ensino Superior e na qualidade do subsistema do ensino
superior em Angola?
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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f) Como se articulam os diversos atores e instncias na configurao
do sistema de avaliao no ensino superior em Angola?
Estes referenciais contriburam para uma melhor delimitao da
problemtica, o que, por sua vez, conduziu formulao de objetivos que
pudessem balizar o estudo e manter a abordagem dentro de um limite terico-
metodolgico compreensvel e plausvel de relativa profundidade.
3. Objetivos da investigao
A natureza implcita ao problema formulado constituiu o fundamento
principal pela realizao de um estudo centralizado numa realidade concreta,
isto , a UAN, no sentido de abordar essa realidade detalhadamente e com
profundidade aceitvel, a partir de uma anlise hermenutica baseada nas
percees dos atores organizacionais. Tratou-se, assim, de um estudo de
pendor essencialmente qualitativo de natureza terico-exploratria com carter
descritivo-interpretativo, baseado na articulao de pressupostos da
racionalidade burocrtica, poltica e institucional para a compreenso da
avaliao.
Com base nestes referenciais foram propostos os seguintes objetivos:
a) Caraterizar a evoluo do ensino superior em Angola,
particularmente da Universidade Agostinho Neto, em termos organizativos e
estruturais;
b) Analisar a avaliao institucional na Universidade Agostinho Neto a
partir de um quadro terico elaborado na base dos pressupostos dos modelos
de anlise burocrtico, poltico e institucional;
c) Apurar em que perspetivas tericas se inscrevem as prticas e
processos de avaliao que ocorrem na Universidade Agostinho Neto tendo em
conta as lgicas burocrtica, poltica e institucional que as influenciam;
d) Descobrir, a partir das percees dos atores (decisores polticos,
gestores acadmicos e docentes da Universidade Agostinho Neto), bem como
das tendncias expressas nos normativos existentes, os significados e os
sentidos conferidos avaliao no contexto do ensino superior em Angola,
particularmente da Universidade Agostinho Neto.
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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4. Abordagem ao objeto
A natureza do objeto de estudo e do tema formulado justificaram uma
abordagem que assume caratersticas que permitem analisar a priori, uma
realidade pouco estudada o que implicou um trabalho exploratrio a fim de
identificar e explicitar o campo de estudo e seus antecedentes, do mesmo
modo que, foi feita a descrio do objeto com base em dados essencialmente
qualitativos, assumindo-se assim, uma postura predominantemente
interpretativa.
A abordagem resumiu-se a dois planos principais: plano terico e plano
metodolgico. No plano terico tratou-se, num primeiro momento, de mobilizar
pressupostos de anlise organizacional que permitiram focar a universidade
como organizao cujas dinmicas complexas podem ser melhor discutidas e
compreendidas a partir de modelos compsitos de anlise. Entre os estudos
encontrados so de referir os de Friedberg (1995) que qualifica a universidade
como anarquia organizada, marcada pela ambiguidade e pela participao
fluda nos processos de deciso, apresentando-se como organizao fluda e
permevel; Lcinio Lima aborda o modo de funcionamento dptico da
organizao (1992); Mintzberg (1995) analisa a universidade como uma
organizao de profissionais; Good e Weinstein (1995) debruam sobre as
variveis consideradas mais importantes para a avaliao das escolas e para a
compreenso das suas caratersticas organizacionais; Estevo (2004) analisa a
escola como uma instituio enraizada no modo de vida social e, por isso,
como arena de interaes; Torres (2004) aborda a cultura organizacional no
contexto educativo. No caso particular de Angola, o estudo desenvolvido por
Eugnio Silva (2004) em torno da anlise da UAN o mais referenciado e
considerado o mais completo. Este ltimo aborda a universidade com base nas
interconexes entre a dimenso racional-burocrtica e a dimenso poltica.
Este dptico terico foi tomado como referncia central para este trabalho, ao
qual foi acrescentada a perspetiva institucional no sentido de incluir nas
anlises o mundo simblico e as percees que os atores conferem s suas
prticas.
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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No segundo momento, a anlise decorreu em torno da avaliao
procurando descortinar os vrios indcios da mesma, sob o ponto de vista
burocrtico, poltico ou institucional. Esta opo levou escolha de teorias,
perspetivas ou modelos tericos de avaliao que permitissem caraterizar de
modo consistente as prticas e percees captadas na realidade e articular os
elementos encontrados e analis-los congruentemente com as abordagens de
anlise organizacional definidas para o efeito.
A anlise da avaliao luz da trade de abordagens (burocrtica,
poltica e institucional) foi feita num quadro de permeabilidade, j que entre tais
teorias nem sempre possvel estabelecer limites estritos. A inteno
fundamental residiu em focalizar as vrias facetas da avaliao e enfatizar as
caratersticas predominantes sob um determinado foco de abordagem. Tal
articulao permitiu penetrar no objeto estudado com alguma profundidade,
desconstruir as realidades institucionais, compreender as prticas, as
percees e os sentidos nelas impregnados e conferidos pelos atores
participantes. Para esta construo contriburam, de modo particular,
posicionamentos e argumentos tericos de autores como Dias Sobrinho,
Denise Leite, Almerindo Afonso, Dilvo Ristoff, Alexandre Ventura e Virgnio S.
Para direcionar esta abordagem tem-se em linha de conta
interrogantes que sinalizam premissas orientadoras, sendo a primeira a
tentativa de perceber em que medida a avaliao pode ser interpretada luz
das abordagens burocrtica, poltica e institucional, sem descurar o hibridismo
que a pode caraterizar conforme as facetas focadas em cada anlise. Quer-se
com isso dizer que, apesar da natureza ecltica dos modelos avaliativos,
decorrentes das suas fronteiras bastante permeveis, o foco central do trabalho
residiu numa tentativa de descortinar as orientaes predominantes, tanto no
plano das representaes e simbolismos como no plano das prticas
avaliativas, bem como as articulaes possveis entre as mesmas.
Portanto, para a anlise da avaliao institucional foram tomadas,
como referencial bsico, as perspetivas de anlise organizacional burocrtica,
poltica e institucional, como uma tentativa de construo de um quadro terico
que, a priori, permitisse olhares multifocados, no sentido de perceber de forma
mais completa as variaes e caratersticas do objeto em anlise.
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
12
No plano metodolgico as reflexes tiveram um primeiro confronto com
a multiplicidade de possibilidades e de abordagens metodolgicas sobre as
quais nem sempre h consensos, o que foi um dos desafios marcantes que,
em muitos casos, criou situaes de dvidas e de incertezas, relativamente s
opes metodolgicas mais adequadas para manter o estudo dentro dos
limites cientficos e metodolgicos exigidos. O passo inicial consistiu em
sustentar o estudo em fundamentos metodolgicos que permitissem captar a
realidade no seu contexto natural a partir das perspetivas dos atores, de tal
modo que fosse possvel uma certa proximidade entre a investigadora e os
investigados, buscando a compreenso destes sobre a temtica em estudo, a
partir da qual se pudesse traar um quadro compreensivo dessa realidade.
Esta opo revelou-se congruente com a delimitao do campo de
investigao, expresso no problema formulado (uma instituio concreta), j
que no houve inteno de produzir generalizaes. Do mesmo modo,
considerou-se que a restrio do estudo a um caso concreto plausvel, na
medida em que, a pertinncia do estudo de microcosmos assenta no
pressuposto de que estes contm elementos de ordem macro (Silva, 2003:
51), guardando a possibilidade de um estudo mais intensivo e em
profundidade.
Ficou salvaguardada a possibilidade de captar a realidade a partir das
percees dos decisores polticos, dos gestores acadmicos e dos docentes
universitrios no seu ambiente natural, o que conferiu ao estudo o sentido
emprico que deve caraterizar uma investigao deste tipo. Para o efeito foi
recolhido um conjunto de dados, junto dos atores organizacionais que,
reduzidos e agrupados em categorias especficas, formaram um corpus de
dados adequados para sustentar a investigao.
Em sntese, tratou-se de uma abordagem que admitiu a captao dos
sentidos e significados conferidos pelos atores s suas prprias prticas,
atravs de procedimentos de natureza qualitativa, esboados de forma a
integrar um estudo de caso. Foram utilizados mtodos e procedimentos que
propiciaram a interao da investigadora com os sujeitos produtores de dados
e com a realidade estudada, entre os quais as entrevistas semiestruturadas, a
anlise documental e de contedo, sem excluir a utilizao de mtodos
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
13
quantitativos de recolha e anlise dos dados. A combinao de mtodos e
procedimentos propiciou a busca de fontes de evidncias distintas
(fundamentalmente entrevistas, documentos, registos em arquivos) que
convergiram em termos da unidade de anlise assumida no estudo. A
abordagem do objeto ocorreu no prprio contexto em que se desenvolve, o que
considerado como condio pertinente para uma melhor compreenso da
realidade (Yin, 2005: 32).
O estudo de caso incidiu sobre a anlise e descrio do percurso de
uma organizao, centrado num processo organizacional concreto, a avaliao
institucional, o que se enquadra na perspetiva de Martins (2002), ao explicar
que esta estratgia de pesquisa dedica-se a estudos intensivos do passado,
presente e de interaes ambientais de uma unidade social. A delimitao do
estudo a uma unidade social concreta, neste caso a UAN, visou reunir os
dados relevantes sobre o objecto de estudo e, desse modo, alcanar um
conhecimento mais amplo sobre esse objecto (Chizzotti, 2008: 135).
5. Estrutura do trabalho
Depois desta introduo, na qual so delineados aspetos
essencialmente de ordem metodolgica entre os quais a trajetria investigativa,
a problematizao do estudo, os objetivos e a abordagem assumida, cumpre-
nos apresentar a estrutura do presente trabalho que se encontra organizado
em seis captulos, ao que se seguem as consideraes finais.
No primeiro captulo faz-se uma abordagem UAN, com incidncia no
seu percurso histrico, com recurso anlise documental, mormente
documentos legislativos e institucionais, os quais permitiram identificar
momentos reveladores de caratersticas para serem considerados marcos
histricos no processo de constituio e desenvolvimento do ES em Angola.
Decorrente de processos de reorganizao da rede de IES em Angola,
a UAN sofre um processo de redimensionamento, passando de nica
universidade pblica para uma das setes universidades pblicas distribudas
por Regies Acadmicas. Nesta fase, a UAN deixou transparecer uma imagem
que a singulariza perante as demais universidades pblicas, a qual
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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encontrada no capital de experincias acumulado ao longo da sua histria, bem
como a sua condio diferenciada em termos de corpo docente e, mais
recentemente, em termos infraestruturais.
A abordagem ao ES permitiu sintetizar o percurso particular da UAN
enquanto universidade que se foi adaptando ao seu tempo, o que lhe permitiu
sobreviver. Foi tambm possvel levantar reflexes sobre a necessidade de a
UAN assumir protagonismo no campo da avaliao o que no deixar de ser
influenciada por processos isomrficos.
No segundo captulo faz-se uma abordagem do estado atual da
avaliao institucional, enquanto processo emergente na UAN, centrando a
ateno nos elementos relativos s estruturas e mecanismos que so
acionados para a sua configurao, as articulaes entre o Estado e as IES,
bem como as tendncias que este processo assume. Tambm feita uma
incurso s prticas avaliativas, o que permitiu identificar alguns estudos e
processos equiparveis avaliao institucional, na sua dimenso interna e
externa. Entre os estudos localizados so assinalveis o desenvolvido pelas
Fundaes Calouste Gulbenkian e Gomes Teixeira, bem como o diagnstico
conduzido pela Secretaria de Estado do Ensino Superior (SEES), ento rgo
de tutela do ES, como olhares externos. Na dimenso interna reportada a
experincia vivenciada pela Faculdade de Medicina da UAN (FM-UAN), como o
estudo mais estruturado at ao momento. O captulo encerra com uma
abordagem sobre os efeitos das aes avaliativas no contexto da ao
organizacional das UO da UAN.
No terceiro captulo faz-se uma incurso ao campo da sociologia
organizacional, particularmente no que diz respeito s perspetivas de anlise
organizacional, com a inteno de construir um quadro terico que ajudasse a
compreender as lgicas subjacentes aos processos que ocorrem no seio da
universidade. Para o efeito, foram convocados pressupostos das perspetivas
burocrtica, poltica e institucional e mobilizados conceitos-chave associados a
estas perspetivas. Isto tornou possvel a estruturao de um referencial que
revela a complexidade e multidimensionalidade da ao e dos processos que
ocorrem no seio da universidade que, em dado momento, se revelam como um
quadro caraterizado pela normatividade e conformidade; noutro, como um
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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quadro em que a lgica se concentra mais no dissenso e na negociao e
outro, ainda, em que os processos assumem um carter essencialmente
institucional no qual entram em jogo os simbolismos e as representaes.
No quarto captulo procede-se construo de um quadro de
referenciais sobre a avaliao institucional, com particular revelo para a
avaliao no contexto do ES, onde se abordam pressupostos tericos e
metodolgicos que permitem fazer uma leitura de algumas nuances que a
avaliao assume. As lgicas nas quais assentam as suas finalidades, o
envolvimento dos atores, as fontes da iniciativa a partir das quais se identifica o
grau de interioridade e de exterioridade da avaliao, o que engloba tambm
os pressupostos relativos participao dos agentes/atores. Estes aspetos so
apresentados e analisados luz das lgicas induzidas pelas perspetivas de
anlise organizacional assumidas como referenciais para a abordagem da
realidade estudada, como se fez meno. A avaliao focalizada como um
processo complexo que ganha sentido de processo coletivo construdo
socialmente, imbuda de simbolismos e concees, sem excluir as lgicas que
a tornam um processo normativizado que se desenrola num quadro de
conformidade, nem sempre consensual e, por isso, induzido por lgicas
baseadas no dissenso e na negociao enquanto estratgia para a busca da
aproximao das partes e dos interesses em confronto.
No quinto captulo so apresentados os fundamentos e as justificaes
das opes metodolgicas assumidas para a realizao do estudo. So
descritas as caratersticas que conferem investigao a natureza de estudo
de caso com uma abordagem essencialmente qualitativa. Na formulao do
problema e dos objetos ganharam centralidade a captao da realidade com
base nas percees de atores situados no terreno, neste caso, decisores
polticos, gestores acadmicos e docentes universitrios enquadrados na
universidade estudada. Tambm so apresentados os mtodos e
procedimentos utilizados, considerados compatveis com o tipo de abordagem,
os quais colocaram a investigadora numa posio mais interventiva, em termos
da recolha direta dos dados, bem como no tratamento e anlise dos mesmos.
Faz-se ainda a apresentao dos sujeitos produtores de dados, em termos das
suas caratersticas socioprofissionais o que foi resumido no perfil dos mesmos.
Introduo ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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O captulo encerra com a descrio dos procedimentos utilizados para a
realizao do trabalho emprico e para a anlise e o tratamento dos dados da
resultantes. Da aplicao destes mtodos e procedimentos resultou um corpus
de dados que serviu de base para a apresentao e fundamentao das
argumentaes construdas no sentido de interpretar os dados com base no
quadro referencial.
No ltimo captulo procede-se anlise e discusso dos dados
empricos e resultados da pesquisa os quais permitiram dar conta das
significaes e percees dos atores participantes do estudo sobre (i) aspetos
de natureza terica de mbito avaliativo, entre os quais as dimenses, as
finalidades, a natureza do processo, os agentes e os efeitos da avaliao na
ao organizacional e sobre (ii) aspetos do mbito mais prtico, isto , relativos
s prticas avaliativas vivenciadas no mbito da avaliao institucional na UAN.
O trabalho encerra com as consideraes finais onde so
apresentadas as linhas de argumentao destacadas como as mais relevantes,
desenvolvidas e discutidas ao longo de cada um dos captulos, com maior
nfase naquelas que exprimem as facetas burocrtica, poltica e institucional
da universidade e, particularmente, da avaliao institucional no mbito da
UAN.
CAPTULO I: O ENSINO SUPERIOR EM ANGOLA:
DESENVOLVIMENTO E AFIRMAO DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO
18
Captulo I: O ensino superior em Angola: desenvolvimento e afirmao da UAN ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
19
1.1. Surgimento e desenvolvimento do ensino superior em Angola
1.1.1. Prenncio do ensino superior em Angola: os Estudos Gerais Universitrios
At 1961 o ES no existiu em Angola, tal como nas demais colnias
portuguesas. Esta situao motivou uma minoria de angolanos, sustentados
por apoios estatais, paraestatais, das Igrejas e, excecionalmente, apoios
familiares, a optarem pela deslocao para Portugal para cursarem uma
licenciatura. Contudo, a maior parte dos estudantes angolanos que concluam
os seus estudos no regressavam a Angola, o que consequentemente
retardava o desenvolvimento socioeconmico da colnia que, na altura j era
bastante baixo.
Esta situao, no fim da dcada cinquenta, deixou de constituir uma
preocupao individual dos cidados angolanos, tendo sido assumida pelos
responsveis da administrao pblica e privada de Angola que reconheceram
a necessidade da institucionalizao do ensino universitrio. Foi apontado
como fundamento a preparao do pessoal que pudesse estar altura das
inmeras tarefas que exigiam vastos e profundos conhecimentos cientficos e
tcnicos da poca. Nesta conformidade, o ento Governador-Geral, Venncio
Augusto Deslandes, corporizou uma proposta de criao de uma universidade
voltada para a soluo das carncias vividas em Angola, tendo encontrado
uma sria oposio em Angola e em Portugal. A oposio por parte de Luanda
fundamentava-se no facto de que a institucionalizao da universidade viria
beneficiar apenas uma minoria, uma vez que, poucos cidados estariam em
condies de frequentar o ES; por parte de Lisboa a objeo baseava-se no
facto de a ideia representar certa inconstitucionalidade pois, na tica desses
opositores, o Governo de Luanda usurparia atribuies que se dizia
pertencerem ao Governo Central.
Assim, a proposta foi considerada formalmente incorreta e
politicamente impertinente, uma vez que a medida poderia romper a unidade
nacional. Subjacente a estas ideias existia uma tentativa de travar a
institucionalizao da universidade, contrariamente ao que acontecia em vrios
pases africanos, dado que isto poderia constituir uma ameaa colonizao. A
Captulo I: O ensino superior em Angola: desenvolvimento e afirmao da UAN ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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intelectualizao dos angolanos poderia criar, ou mesmo forjar atores que
poderiam opor-se colonizao e, provavelmente, incitar movimentos contra
esta.
Apesar da oposio inicial institucionalizao da universidade em
Angola, a ideia veio a surtir efeitos nos anos 60. Segundo Santos (1970), no
ano de 1962, considerado dos mais relevantes e produtivo para o ES, foi
fundado junto do Instituto Superior de Estados Ultramarinos, a 21 de Abril de
1962, o Centro de Estudos de Antropologia Cultural, que promoveu a formao
de investigadores no campo da antropologia cultural; a 30 de maio do mesmo
ano foi criado o Centro de Estudos de Antropobiologia que deveria substituir o
Centro de Estudos de Etnologia do Ultramar. Anos mais tarde (1965/66) foram
criados outros Centros de Estudo, como o Centro de Estudos Vasco da Gama,
o Centro de Biologia Aqutica Tropical e o Centro de Bioceanologia e Pescas
do Ultramar, em substituio do Centro de Biologia Piscatria e a Misso de
Biologia Martima.
Ainda a 21 de Abril de 1962, o Governador-Geral Venncio Augusto
Deslandes publicou o diploma legislativo que organizava junto dos Institutos de
Investigao e do Laboratrio de Engenharia de Angola os Centros de Estudos
Universitrios. Esta iniciativa no foi concretizada, devido a entraves impostos
por Lisboa, alegadamente por insuficincias estruturais e de carter terico e
prtico. No entanto, a 21 de Agosto do mesmo ano, o Governo Portugus
publicou o Decreto-Lei que criou em Angola os Estudos Gerais Universitrios
(Decreto-Lei n. 44530, de 21 de agosto de 1962), integrados na Universidade
Portuguesa.
de referir que os Estudos Gerais Universitrios em Angola tiveram
como fundadores diretos o Governador-Geral Venncio Augusto Deslandes e o
Ministro do Ultramar, Adriano Jos Alves Moreira. O primeiro Reitor dos
Estudos Gerais Universitrios em Angola foi o engenheiro Andr Francisco
Navarro, nomeado em comisso de servio. Este foi exonerado anos mais
tarde, a seu pedido (Boletim Oficial, II srie, n. 38, de 19 de Setembro de
1964), cujo sucessor foi o professor catedrtico Antnio de Mendona
Monteiro. No dia 31 de dezembro de 1962 o primeiro Reitor dos Estudos Gerais
Universitrios de Angola toma posse que semanas mais tarde, declara que a
Captulo I: O ensino superior em Angola: desenvolvimento e afirmao da UAN ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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instituio comearia a funcionar em Outubro de 1963 com os cursos de
Medicina, Engenharia, Veterinria, Agronomia, Silvicultura e Cincias
Pedaggicas.
Em 5 de agosto de 1963 foi promulgado o estatuto fundamental
(Decreto-Lei n. 45180) que, entre vrios aspetos, estabelece os dez cursos
professados no ES em Angola (Cincias Pedaggicas, Mdico-cirrgico,
Engenharia Civil, Engenharia de Minas, Engenharia Mecnica, Engenharia
Eletrotcnica, Engenharia Qumica-Industrial, Superior de Agronomia, Superior
de Silvicultura e Medicina Veterinria.
1.1.2. A Universidade de Luanda: uma realidade hierarquizante e imobilista do ensino
Em 1968, por fora do Decreto-Lei n. 48790, de 23 de dezembro, os
Estudos Gerais Universitrios passam denominao de Universidade de
Luanda. Esta distribuiu-se geograficamente, com cursos diferenciados, em trs
das principais cidades, constitudos como Ncleos Universitrios - Luanda,
Nova Lisboa e S da Bandeira - designadas na altura por distritos, ministrando
dezanove cursos, conforme a seguinte distribuio:
Luanda Nova Lisboa S da Bandeira
Engenharia Mecnica Engenharia Civil
Engenharia Eletrnica Engenharia de Minas
Medicina Matemtica
Qumica Biologia Geologia
Engenharia Geogrfica
Agronomia Silvicultura
Medicina Veterinria
Letras Cincias Pedaggicas
Matemtica Geografia Histria
Filosofia Romnica
A formao de especialistas diplomados nos vrios ramos do direito
para fazer face ao vazio ento existente, no corpo de magistrados e juristas do
ultramar, constituiu justificativa para a autorizao dos cursos de bacharelato e
licenciatura em Direito nas Universidades de Luanda e de Loureno Marques
(em Moambique).
Captulo I: O ensino superior em Angola: desenvolvimento e afirmao da UAN ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
22
O apoio a um acelerado desenvolvimento cultural e cientfico das
populaes e territrios do ultramar com vista participao ativa de todas as
raas e etnias na gesto pblica, considerado como um dos princpios
fundamentais da poltica ultramarina, incentivou a adoo de medidas que
levassem descentralizao.
Do mesmo modo, foi flexibilizada a abertura para a autonomizao das
Universidades Ultramarinas, especificamente as Universidades de Luanda e de
Loureno Marques, o que sinalizou uma autonomia conferida (Decreto-Lei n.
300/74, de 4 de julho). Em essncia, a deciso residiu na repartio e/ou
transferncia de competncias, antes partilhadas pelos Ministros da Educao
e Cultura e da Coordenao Interterritorial, para este ltimo, salvaguardando as
atribuies consultivas da Direo-Geral do Ensino Superior, relativamente ao
Ministro da Coordenao Interterritorial, em ordem de eliminar a excessiva
burocracia e morosidade na tramitao dos processos institucionais, bem
como, conferir s universidades maior capacidade de iniciativa.
Em outubro do mesmo ano, em termos normativos, foi reforada e
ampliada a autonomia da universidade, passando a ser da competncia do
Ministro da Coordenao Interterritorial a aprovao de planos de estudo e de
experincias pedaggicas, validao dos graus e ttulos conferidos pelas
Universidades Ultramarinas e os processos de transferncias entre
Universidades Metropolitanas e Ultramarinas (Decreto-Lei n. 500/74, de 1 de
outubro).
Estas decises, de certo modo, sinalizaram o prenncio de um
processo de descentralizao no domnio do ES, visando, essencialmente,
conferir maior autonomia s Universidades Ultramarinas, por via de uma cadeia
de delegao de poderes aos rgos de governo de Angola e de Moambique,
reservando-se tambm a estes a mesma faculdade relativamente s
autoridades acadmicas das universidades.
A fase de transio governativa vivida em Angola foi marcada pela
tomada de medidas de natureza essencialmente poltico-administrativas
justificadas pela necessidade de uma participao real e considervel dos
angolanos na gesto dos destinos do pas, precisamente entre 1974-1975, no
sendo o setor da Educao e Cultura alheio a esses acontecimentos. Evidncia
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disso a criao de novos lugares e o ajustamento de situaes de carter
tcnico-administrativo expressas no Decreto n. 31/75, de 14 de abril. Por fora
desse Decreto, foi criado o lugar de Diretor Central do Ensino Superior, mais
tarde transformado em Diretor-Geral do Ensino Superior (Decreto 69/75, de 14
de junho), posio justificada pela convenincia de dotar maior competncia s
estruturas criadas e promover uma descentralizao dos servios ao nvel do
Ministrio da Educao e Cultura (MEC). Contudo, em todos os casos,
verificou-se a tutela do MEC relativamente ao ES. Nesse mesmo perodo h
uma tendncia expressa de democratizao do ES, sendo, tambm
denunciado o carter hierarquizante, antidemocrtico e imobilista do ensino,
realidade apontada essencialmente para as escolas mdias-superiores, como
revela o seguinte excerto:
Exemplo flagrante desta realidade so as escolas mdias-superiores, em que uma populao escolar, dum modo geral, oriunda de classes menos favorecidas do que as que entram na Universidade, era ministrado um ensino intencionalmente destinado a manter os seus diplomados durante a vida profissional numa situao de desvantagem ou subalterna relativamente aos diplomados pelas escolas universitrias ( 1, Decreto n. 62/75, de 30 de maio).
Uma das formas encontradas para reverter a situao foi a
reconverso dos Institutos Industriais em Escolas Superiores de Tecnologia
que passaram a ser designados Institutos Superiores (Decreto n. 62/75, de 30
de maio), no caso concreto do Instituto Industrial de Luanda e de Nova Lisboa.
Aos Institutos Superiores foi outorgada assim, por via do mesmo Decreto, a
categoria de escolas de nvel universitrio, dotados de personalidade jurdica e
de autonomia administrativa, conferindo os graus de bacharelato e de
licenciatura.
Os condicionalismos impostos pelo contexto social, poltico e
econmico do pas, nesse perodo, exerceram influncia considervel no modo
de atuao da Universidade de Luanda. Esta viu-se obrigada a recrutar pessoal
cujo perfil profissional e acadmico no se alinhava s exigncias decorrentes
das funes e atividades especficas de uma instituio cuja misso essencial
reside em aes voltadas formao de alto nvel, extenso e pesquisa
cientfica, para fazer face aos vrios problemas sociais.
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O reconhecimento da incapacidade institucional em criar condies
atrativas aos poucos quadros qualificados existentes na altura levou ao
recrutamento de colaboradores que garantissem o normal funcionamento dos
servios, sem exigncia especial de habilitaes literrias. Esta deciso foi
considerada um ato de justia, j que muitos dos que passaram a integrar o
quadro de pessoal da Universidade de Luanda, sob esta proteo decretada,
excecionalmente, em determinado momento foram vistos como valiosos
colaboradores (Decreto n. 70/75, de 16 de junho) ao servio institucional.
Em termos administrativos, a gesto do ensino universitrio ocorria ao
nvel dos rgos centrais da Universidade de Luanda, nomeadamente,
Assembleia Magna, Conselho Universitrio, Comisso Executiva e Conselho
Administrativo, contando com uma participao direta de representantes dos
Ncleos Universitrios (Decreto Provincial n. 112/74, de 5 de novembro), o
que denuncia, em termos administrativos, uma gesto centralizada, o que, mais
tarde, viria a ser colocado em causa.
Assim, no mbito das mudanas de natureza tcnico-administrativas
levadas a prtica no ES em Angola, nesse perodo, assinalvel a tentativa de
descentralizao dos Ncleos Universitrios ento existentes (Ncleo de Nova
Lisboa e Ncleo de S da Bandeira). Constituram fundamentos para decretar a
descentralizao os resultados do estudo realizado sobre a autonomizao dos
Ncleos Universitrios, entre os quais os efeitos negativos da administrao
centralizada imposta pelo Decreto Provincial n. 112/74, de 5 de novembro,
entre os quais a morosidade no tratamento dos assuntos inerentes aos
Ncleos, dificuldades de contacto entre estes e o rgo central encarregue da
gesto do ES.
Com base nestes fundamentos, foi concedida descentralizao
administrativa e pedaggica aos referidos Ncleos Universitrios,
reconhecendo-se a partir 5 de julho de 1975 a existncia de trs Universidades
em Angola, nomeadamente, a Universidade de Luanda, a Universidade do
Huambo e a Universidade do Lubango (Decreto-Lei n. 86/75, de 5 de julho).
Em prtica esta experincia de descentralizao foi efmera, ao no ter
permitido a transformao da universidade numa verdadeira instituio ao
servio do pas, pelo facto de ter sido inoportuna face ao momento
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inapropriado. Julga-se num contexto conturbado. Considerando que foi provado
na prtica a impossibilidade de funcionamento autnomo dos Ncleos,
decorrente da falta de estruturas administrativas e pedaggicas, o que poderia
concorrer para a banalizao de Angola, a autonomia ora conferida viria a ser
recolhida a coberto do Decreto-Lei n. 147/75, de 28 de outubro.
O fracasso da descentralizao dos Ncleos Universitrios foi assim
atribudo essencialmente a no criao de estruturas administrativas e
pedaggicas que pudessem permitir aos dois Ncleos autogerirem os
processos institucionais o que levantou receios quanto a continuidade dos
cursos ministrados nos Ncleos (agronomia, silvicultura, veterinria, geografia,
histria, romnicas, pedaggicas e filosficas), considerados vitais para a
reconstruo nacional.
Recorrendo a pressupostos de anlise inscritos na perspetiva
institucional, esta experincia pode ser conferida a natureza de um ambiente
organizacional construdo politicamente. As justificativas apresentadas sobre o
fracasso demostram que, com base nos argumentos de DiMaggio e Powell
(1999b), os decisores polticos no experimentam as consequncias das suas
decises, do mesmo modo que, as decises polticas se aplicam de maneira
geral a todas as organizaes, o que reduz a adaptabilidade e flexibilidade das
mesmas.
Portanto, infere que, embora tenha existido um estudo antecipatrio da
tomada de deciso poltica, a ausncia da experimentao conduziu a um
conhecimento posterior da inviabilidade da deciso poltica.
1.1.3. A Universidade de Angola: entre autonomia e dependncia
Aps a independncia de Angola, em 1975, o Governo estabeleceu a
educao como um dos setores prioritrios, enquanto instrumento fundamental
para a formao harmoniosa dos cidados e potenciador do desenvolvimento
humano e econmico do pas. A massificao da educao implcita
nacionalizao e democratizao levou a uma primeira exploso escolar, no
ensino geral, verificada nos anos 1978 e 1979. Segundo os dados
apresentados pelo Ministrio da Educao (MED) estes foram anos com os
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maiores registos de matrculas, sendo 2.305.614 e 2.596.276, respetivamente
(MED, s/d.a). Em termos de corpo docente os maiores registos recaem para o
ano 1979 e 1981 com um total de 44.612 e 43.899, respetivamente.
A 14 de junho de 1976 foi promulgado o Decreto n. 60/76, de 19 de
junho1, o qual reestrutura a orgnica do MEC, estabelece a Universidade de
Angola como uma estrutura orgnica desse Ministrio, do mesmo modo que se
procede a integrao do Instituto de Investigao Cientfica de Angola na
universidade (Decreto n. 60/76, de 13 de agosto). Essa integrao teve como
lgica a conformao do ES e a investigao como um corpo comum, deixando
de fora apenas os estabelecimentos de investigao cuja funo especfica
justificava atividade independente relativamente ao ES. Com o mesmo Decreto
deixou de existir, na orgnica desse Ministrio, o lugar de Diretor-Geral do
Ensino Superior.
Atingida a independncia poltica, foi assumida pelo governo a
responsabilidade de dotar o pas de estruturas precisas ao exerccio da
soberania conseguida o que, no domnio da educao, esteve na base da
reestruturao da orgnica do MEC, perspetivando a orientao do sistema
educativo de modo a corresponder aos reais interesses e aspiraes do povo,
naquele momento.
Assim, a 28 de setembro de 1976, um ano depois da independncia
nacional, o ento Ministro da Educao, Antnio Jacinto do Amaral Martins,
assinava a Portaria n. 77-A/76, que coloca em vigor o diploma orgnico da
Universidade de Angola, integrada por trs Centros Universitrios (Luanda,
Huambo e Lubango) e pelo Instituto de investigao Cientfica de Angola. A
universidade passa a ser integrada por trs Centros e sete Faculdades, com a
seguinte distribuio:
a) Centro Universitrio de Luanda: Faculdades de Cincias, de
Medicina, de Engenharia, de Economia e de Cincias Jurdicas
b) Centro Universitrio do Huambo: Faculdade de Cincias Agrrias;
c) Centro Universitrio do Lubango: Faculdade de Letras.
1
Por ter sado de forma incorreta o Decreto n. 60/76, de 19 de junho, foi novamente publicado no Dirio da Repblica, I srie, n. 191, de 13 de agosto de 1976.
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Para a gesto da Universidade de Angola foram designados, pelo
mesmo Decreto, os seguintes rgos mximos: Conselho Universitrio,
Conselho Cientfico e Pedaggico e o Conselho Administrativo, aos quais
foram conferidas as seguintes competncias:
a) Compete ao Conselho Universitrio definir as linhas gerais da poltica do Ensino Superior, da investigao, da ligao produo e da administrao; b) Compete ao Conselho Cientfico e Pedaggico elaborar programas e reformas de ensino e investigao e dar parecer sobre matrias de ndole pedaggica; Compete ao Conselho Administrativo a gesto e execuo dos oramentos do Estado, cumprindo-lhe a prestao de contas aos rgos competentes. (Portaria n. 77-A/76).
A universidade assume-se assim como um rgo do Estado,
enquadrado no MEC, com prerrogativas para operar para alm das suas
funes substantivas (formao, investigao e extenso), j que
responsabilizada pela definio das linhas gerais da poltica do Estado no
domnio do ES, conforme o expresso na competncia do Conselho
Universitrio.
Num contexto sociopoltico marcado por uma orientao socialista e
pelo regime monopartidrio, a reformulao do subsistema de ES em Angola
constituiu uma das questes e preocupaes centrais do MPLA-Partido do
Trabalho, figurando entre as resolues do seu 1 Congresso (Despacho n.
3/79 - MED, Dirio da Repblica, I Srie, n. 229, de 29 de setembro). A
universidade foi vista como uma instituio com uma pesada responsabilidade
num Pas de opo socialista (Decreto n. 31/80, de 10 de abril), cujos
docentes eram chamados a dar resposta ao desafio de se construir uma
Angola completamente independente.
A formao de quadros nacionais figurou entre os desafios mais
elevados do setor da educao e, particularmente do ES, baseado no ideal de
que a independncia completa dum pas mede-se tambm pelo peso que os
nacionais ocupam no quadro docente universitrio (Decreto n. 31/80, de 10
de abril, 2). Com isto, conferir carreira universitria a dignidade, a
segurana e a seriedade necessrias era premente, sendo pretenso a
captao das maiores capacidades intelectuais e investigativas.
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Contudo, as exigncias expressas no Estatuto da Carreira Docente
Universitria (Decreto n. 31/80, de 10 de abril), em termos de grau acadmico,
indiciavam um certo desalinhamento face ao desafio, j que a escassez de
quadros nacionais (qualitativa e quantitativamente) e a abertura para a
admisso no quadro docente de candidatos com nvel acadmico de
graduao (licenciatura) e equiparados constitua uma realidade. Assim, para a
contratao e enquadramento de candidatos carreira docente universitria,
exceto para as categorias de professor e de professor agregado, era vlido o
grau de licenciatura, sendo dispensvel para as categorias de leitores,
monitores e monitores estagirios. Para os primeiros, a reconhecida
capacidade pedaggica e cientfica constitua o critrio subsequente, ao passo
que, para as duas ltimas categorias, a frequncia do 4 e 3 anos do curso,
bem como a obteno de treze valores de mdia geral e quinze valores de
mdia em cadeiras de especialidade constituam critrios alternativos.
Ainda em relao ao corpo docente universitrio, neste perodo, foi
apontada a situao pouco aliciante da carreira docente, bem como a
necessidade premente da superao acadmica e profissional dos mesmos
para, deste modo, atrair e reter quadros qualificados que pudessem estar
altura das exigncias da universidade. Este quadro, em 1983, foi reconhecido
como um dos maiores problemas vivenciado pela universidade angolana, como
d conta o seguinte fragmento:
ao nvel do Ensino Superior extremamente acutilante o problema de actualizao de conhecimentos e da ps-graduao, uma vez que, nos termos actuais, o professor universitrio sente a cristalizao dos seus conhecimentos, a sua desactualizao em relao s grandes conquistas da Cincia e da Tcnica e a impossibilidade de prosseguir a sua formao (MED, 1984: 13).
A insuficincia de quadros, em termos quantitativos e qualitativos,
levou o Governo Angolano a fazer recurso cooperao internacional a qual foi
utilizada de forma significativa pelo MED desde 1978 (MED, 1984), o que viria
a colocar, de modo particular, a universidade numa situao de excessiva
dependncia. A maioria das disciplinas curriculares era assegurada por
docentes estrangeiros (sendo as mais representativas as nacionalidades
cubana, portuguesa, blgara e da R.D.A.), com o estatuto de cooperantes e de
residentes. Em 1984/85 o contingente de docentes cooperantes atingiu, num
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universo de 207 docentes em regime integral, cerca de 64% (MED, 1984: 13;
Fundao Calouste Gulbenkian, 1987: 35).
A situao de dependncia no deixou de representar um risco ao
normal funcionamento das instituies de ensino, o que foi mais marcante em
1982/83, consequente das dificuldades de alojamento o que gerou
incapacidade para aumentar o contingente de docentes estrangeiros nos
diversos nveis de ensino. No plano financeiro, os atrasos no processamento
de salrios e transferncias de vencimentos e o cumprimento de outras
clusulas contratuais afetaram consideravelmente a efetivao e a qualidade
da contribuio esperada com a cooperao estrangeira (MED, 1984: 35). No
plano logstico tambm foram identificados entraves em relao ao
asseguramento em alimentao e em transporte. No plano funcional e
organizativo so referenciadas as ausncias prolongadas dos docentes
estrangeiros, sem a devida autorizao do MED, como testemunha o seguinte
trecho:
particularmente em relao cooperao portuguesa, j prtica corrente a ausncia do pas por perodos superiores aos 30 dias regulamentares (de frias), posteriormente justificada com atestados mdicos de veracidade contestvel. Ainda no que se refere partida para o pas de origem, quer em situao de frias, quer por termo de contrato, frequente suceder com a cooperao cubana e da RDA a sada do pas sem qualquer autorizao por parte do Ministrio da Educao (MED, 1984: 25).
A colaborao com outros setores do pas foi referenciada como uma
das condies indispensveis para o bom funcionamento das instituies
educativas, a qual foi assinalada em 1984, como um dos pontos de
estrangulamento do sistema educativo angolano. Nesta linha, a falta de
a
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