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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DA MORADIA ESTUDANTIL DA UFSCar COM ÊNFASE NA QUALIDADE
CONSTRUTIVA
Fernando Amorim de Souza
São Carlos,
2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DA MORADIA ESTUDANTIL DA UFSCar COM ÊNFASE NA QUALIDADE
CONSTRUTIVA
Fernando Amorim de Souza
São Carlos,
2010
Monografia apresentada ao
Curso de Especialização em Gestão
Pública do Departamento de
Engenharia de Produção da UFSCar,
como requisito parcial para obtenção
do Título de Especialista.
3
FERNANDO AMORIM DE SOUZA
AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DA MORADIA ESTUDANTIL DA UFSCar COM ÊNFASE NA QUALIDADE
CONSTRUTIVA
Orientador
______________________________________
Prof. Dr. Luiz Antonio Nigro Falcoski
4
DEDICATÓRIA
Aos meus filhos
Matheus e Mariana
5
AGRADECIMENTOS
À Maria Sylvia Carvalho de Barros, esposa e companheira na vida, pelo apoio e incentivo para a realização do Curso e deste trabalho.
Aos colegas Rogério Fortunato Jr., José Cláudio Ferreira, Henrique Affonso de André Sobrinho e Roseli Ap. Francisco Barbosa, pelo companheirismo e apoio durante a realização do Curso.
Ao colega Alex Elias Carlino, pelo apoio e colaboração fundamentais para a realização deste trabalho.
Aos professores do Curso de Especialização em Gestão Pública, por compartilharem seus conhecimentos e suas experiências, contribuindo para meu crescimento pessoal e profissional.
A toda a equipe da SRH – Secretaria de Recursos Humanos da UFSCar, por tornarem essa conquista possível.
A toda a equipe do DeSS – Departamento de Serviço Social/PROACE – Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis pela colaboração fundamental para que esse trabalho pudesse se concretizar.
A todos os alunos residentes na Moradia Estudantil da UFSCar que responderam o questionário e possibilitaram, com sua participação, que os resultados desse trabalho fossem alcançados.
Ao Prof. Dr. Luiz Antonio Nigro Falcoski pela orientação para a realização desse trabalho.
6
RESUMO
Realizou-se Avaliação Pós-Ocupação (APO) das Edificações que compõem a Moradia Estudantil da UFSCar. A Moradia viabiliza a permanência dos alunos na universidade pública, sendo, assim um instrumento de democratização do ensino superior público e gratuito e deve atender estudantes de diferentes origens, vindos de diversas regiões, com costumes variados e que têm necessidades específicas relacionadas às atividades características da vida universitária. A avaliação das edificações é necessária para garantia de qualidade de projetos e para a utilização adequada de recursos públicos em ações de interesse social. A APO permite avaliar a qualidade das edificações de diferentes pontos de vista e verificar o atendimento das necessidades e o nível de satisfação dos usuários, além da avaliação de desempenho físico das edificações. Foram entrevistados 93 alunos residentes da Moradia Estudantil da UFSCar, por meio de questionário em formulário eletrônico on line. Além dos aspectos sócio-econômicos dos respondentes, foram coletadas as opiniões dos moradores em relação à infraestrutura, superestrutura e áreas livres em geral, avaliação dos sistemas construtivos e avaliação energética e de conforto ambiental das edificações. Foram também realizadas visitas à Moradia para verificação de manifestações patológicas existentes. Foram avaliados positivamente as instalações elétricas e hidráulicas, a iluminação natural e artificial, a ventilação da maior parte dos cômodos e a função social da Moradia. Foram avaliados negativamente a gestão da UFSCar, a segurança, a conservação das áreas comuns, o excesso de ruídos, a condição de conservação da infraestrutura de alguns Blocos, a ventilação dos banheiros e as condições das instalações para higienização das roupas. Concluiu-se que há necessidade de gestão mais eficiente por parte da UFSCar, bem como de investimentos para segurança, normatização do uso e da convivência, além de ações corretivas e maior cuidado na elaboração de novos projetos para uso como Moradia Estudantil.
Palavras-chave: Moradia Estudantil; APO – Avaliação pós-Ocupação; Alojamento Estudantil.
7
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – LOCALIZAÇÃO DA MORADIA ESTUDANTIL DA UFSCAR NA ÁREA SUL DO CAMPUS SÃO CARLOS ....... 20
FIGURA 2 – PLANTA BAIXA DOS MÓDULOS 3, 4 E 6 DA MORADIA ESTUDANTIL DA UFSCAR. ............................... 21
FIGURA 3 – PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO TIPO DO MÓDULO 5. ........................................................................... 22
FIGURA 4 – PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO TÉRREO DO MÓDULO 7. ...................................................................... 23
FIGURA 5 – PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO TIPO DO MÓDULO 7. ........................................................................... 24
FIGURA 6 – PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO TÉRREO DO MÓDULO 8, COM APARTAMENTOS ADAPTADOS. .............. 25
FIGURA 7 - PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO TIPO DO MÓDULO 8. ............................................................................ 26
FIGURA 8 – VISTA AÉREA DO CAMPUS DA UFSCAR EM SÃO CARLOS, ÁREA SUL (CONJUNTO DE EDIFICAÇÕES DA
MORADIA ESTUDANTIL EM PRIMEIRO PLANO) .............................................................................................. 27
FIGURA 9 – FACHADA DO MÓDULO 3 ..................................................................................................................... 28
FIGURA 10 – FACHADA DO MÓDULO 4 ................................................................................................................... 29
FIGURA 11 – FACHADA DO MÓDULO 5 ................................................................................................................... 30
FIGURA 12 – FACHADA DO MÓDULO 6 ................................................................................................................... 31
FIGURA 13 – FACHADA DO MÓDULO 7 ................................................................................................................... 32
FIGURA 14 – FACHADA DO MÓDULO 8 ................................................................................................................... 33
FIGURA 15 – ÁREA EXTERNA DA MORADIA ESTUDANTIL ...................................................................................... 49
FIGURA 16 – ÁREA DE VIVÊNCIA ............................................................................................................................ 50
FIGURA 17 – CONDIÇÃO DE CONSERVAÇÃO DA ESCADA E DO CORRIMÃO DO MÓDULO 4 ....................................... 51
FIGURA 18 – INFILTRAÇÃO EM LAJE DE BLOCO DO MÓDULO 3 .............................................................................. 61
FIGURA 19 – PRESENÇA DE UMIDADE EM PAREDE DE BLOCO DO MÓDULO 4 ......................................................... 62
FIGURA 20 – FORRO DANIFICADO COM EXPOSIÇÃO DE INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE CHUVEIRO EM BLOCO DO
MÓDULO 5 .................................................................................................................................................... 63
FIGURA 21 – PRESENÇA DE BOLOR EM FORRO DE BLOCO DO MÓDULO 5 ............................................................... 64
FIGURA 22 – PINTURA DANIFICADA EM PAREDE EXTERNA DO MÓDULO 5.............................................................. 65
FIGURA 23 – PRESENÇA DE INFILTRAÇÃO EM PAREDE EXTERNA DO MÓDULO 5 ..................................................... 66
FIGURA 24 – PISOS DANIFICADOS EM BANHEIRO DE BLOCO DO MÓDULO 4. .......................................................... 67
FIGURA 25 – PISO SOLTO EM SALA DE BLOCO DO MÓDULO 5 ................................................................................ 68
8
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – NÚMERO DE PAVIMENTOS, QUARTOS E VAGAS POR MÓDULO. ........................................................... 27
QUADRO 2 – NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO A DISTÂNCIA DA CIDADE DE ORIGEM ................................... 41
QUADRO 3 – MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DECORRENTES DE FALHAS DE PROJETO NAS EDIFICAÇÕES DA
MORADIA ESTUDANTIL DA UFSCAR (ADAPTADO DE FORTES, 2009) ......................................................... 60
QUADRO 4 – MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DECORRENTES DE FALHAS DE EXECUÇÃO NAS EDIFICAÇÕES DA
MORADIA ESTUDANTIL DA UFSCAR (ADAPTADO DE FORTES, 2009) ......................................................... 60
QUADRO 5 – MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DECORRENTES DE FALHAS DE EXECUÇÃO NAS EDIFICAÇÕES DA
MORADIA ESTUDANTIL DA UFSCAR (ADAPTADO DE FORTES, 2009) ......................................................... 61
QUADRO 6 – SÍNTESE CONCLUSIVA DAS VARIÁVEIS AVALIADAS – RESULTADOS E AÇÕES PARA MELHORIA .......... 79
9
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DE ENTREVISTADOS RESIDENTES NA MORADIA ESTUDANTIL, SEGUNDO SEXO .......... 41
GRÁFICO 2 – NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO TEMPO DE RESIDÊNCIA NA MORADIA ESTUDANTIL DA
UFSCAR, NO MOMENTO DA ENTREVISTA. ..................................................................................................... 42
GRÁFICO 3 – DISTRIBUIÇÃO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO A QUANTIDADE DE COLEGAS COM QUEM DIVIDEM O
QUARTO. ....................................................................................................................................................... 43
GRÁFICO 4 – NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO A QUANTIDADE DE COLEGAS COM QUEM DIVIDEM O
APARTAMENTO. ............................................................................................................................................ 43
GRÁFICO 5 - NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO OPINIÃO A RESPEITO DO ASPECTO SEGURANÇA CONTRA
ASSALTOS, ROUBOS OU INVASÕES. ................................................................................................................ 45
GRÁFICO 6 - NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO A OPINIÃO SOBRE O ASPECTO SEGURANÇA CONTRA
ACIDENTES NAS ESCADAS E ÁREAS COMUNS. ................................................................................................ 47
GRÁFICO 7 - NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO A OPINIÃO SOBRE A CONSERVAÇÃO DAS ÁREAS COMUNS. ... 48
GRÁFICO 8 – NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO AVALIAÇÃO SOBRE A PRESENÇA INCÔMODA DE RUÍDOS
INTERNOS E EXTERNOS AO EDIFÍCIO .............................................................................................................. 52
GRÁFICO 9 - NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO AVALIAÇÃO SOBRE A CONDIÇÃO DAS INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS .................................................................................................................................................... 54
GRÁFICO 10 – NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO AVALIAÇÃO SOBRE A SUFICIÊNCIA DAS INSTALAÇÕES
SANITÁRIAS .................................................................................................................................................. 55
GRÁFICO 11 - NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO AVALIAÇÃO SOBRE O FUNCIONAMENTO DAS INSTALAÇÕES
HIDRÁULICAS ................................................................................................................................................ 56
GRÁFICO 12 – DISTRIBUIÇÃO DOS ENTREVISTADOS SEGUNDO REGISTRO DE PROBLEMAS PRESENTES NOS BLOCOS
EM QUE RESIDEM .......................................................................................................................................... 57
GRÁFICO 13 – NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO AVALIAÇÃO SOBRE CONDIÇÃO DE ILUMINAÇÃO NATURAL E
ARTIFICIAL NOS CÔMODOS DA MORADIA ESTUDANTIL. ................................................................................ 69
GRÁFICO 14 – NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO AVALIAÇÃO SOBRE TEMPERATURA AMBIENTE EM
DIFERENTES ESTAÇÕES DO ANO. ................................................................................................................... 70
GRÁFICO 15 – NÚMERO DE ENTREVISTADOS SEGUNDO AVALIAÇÃO SOBRE CONDIÇÃO DE VENTILAÇÃO NOS
DIFERENTES CÔMODOS.................................................................................................................................. 71
10
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................11
2. JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................................13
3. REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................................................................15
3.1. MORADIAS ESTUDANTIS .......................................................................................... 15
3.2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO - APO ....................................................................... 18
3.3. A UFSCAR ....................................................................................................................... 18
4. OBJETIVO .........................................................................................................................................34
4.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 34
4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................. 34
5. METODOLOGIA ...............................................................................................................................35
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................................................40
6.1. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS - PERFIL DA POPULAÇÃO ESTUDADA ............................... 40
6.2. NÚMERO DE MORADORES POR UNIDADE HABITACIONAL .................................................. 42
6.3. ASPECTOS GERAIS DA MORADIA ESTUDANTIL .................................................................. 44
6.4. QUALIDADE E CONSERVAÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA ...................................................... 54
6.5. OUTROS ASPECTOS CITADOS NOS DEPOIMENTOS .............................................................. 71
7. CONCLUSÕES ..................................................................................................................................77
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................................80
9. APÊNDICE 1 – CORRESPONDÊNCIA ENVIADA AO DEPARTAMENTO DE SERVIÇO
SOCIAL DA PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS COMUNITÁRIOS E ESTUDANTIS..............................83
10. APÊNDICE 2 - QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO PARA COLETA DE DADOS .........................85
11. APÊNDICE 3 – MENSAGEM ELETRÔNICA ENVIADA EM 29/10/2009 AOS ALUNOS
BENEFICIÁRIOS DE BOLSA-MORADIA NO ANO DE 2009 ..................................................................92
12. APÊNDICE 4 – MENSAGEM ELETRÔNICA ENVIADA EM 24/11/2009 AOS ALUNOS
BENEFICIÁRIOS DE BOLSA-MORADIA NO ANO DE 2009 ..................................................................94
11
1. INTRODUÇÃO
A habitação corresponde a um espaço que proporciona aos seres humanos o
atendimento de algumas necessidades básicas, entre elas segurança (abrigo e proteção),
privacidade (independência, espaço pessoal), relações eficazes e criativas com a família,
desempenho de atividades quotidianas domésticas (incluindo alimentação, necessidades
sanitárias e de higiene, relações sociais seletivas e posse/consumo privado de bens e produtos)
(BRANDÃO; HEINECK, 2003).
A definição de habitação inclui os conceitos de casa (o ente físico, o invólucro que
divide espaços internos e externos, a edificação) e de moradia (identificada com o modo de
vida, os hábitos de uso e elementos que fazem a casa funcionar). Habitação compreende,
então, a casa e a moradia integradas aos espaços e elementos urbanos (BASSO; MARTUCCI,
2002).
Uma habitação é considerada “de qualidade” quando atende as necessidades de
seus usuários. O conceito de “qualidade” está, portanto, associado ao desempenho satisfatório
dos ambientes e da relação ambiente/comportamento (ROMÉRO; ORNSTEIN, 2003).
De acordo com Fonseca e Rheingantz (2009), a importância, as implicações e os
reflexos da interação entre o ser humano e o ambiente são pouco considerados por boa parte
dos projetistas. Para os autores “poucos são os profissionais de projeto que reconhecem e
consideram as reais demandas e relações dos usuários dos ambientes que concebem”. Tal
dificuldade seria decorrente, além do fato de se trabalhar, em boa parte dos projetos, em
ambientes impessoais e anônimos, da própria teoria da arquitetura, que mantém o foco na
relação do arquiteto com o artefato que ele produz, reduzindo a importância das relações
interpessoais e com o ambiente construído.
Entretanto, apesar de sua importância, a qualidade do projeto não é a única
condição que garante a qualidade da habitação. À qualidade técnica do projeto devem se aliar
o controle de qualidade do sistema produtivo de materiais de construção e de execução da
obra (BASSO; MARTUCCI, 2002).
12
Nos últimos anos, tem crescido o acesso às Universidades públicas por parte de
indivíduos provenientes de classes economicamente desfavorecidas. Muitos desses estudantes
são provenientes de cidades mais ou menos distantes daquelas em que pretendem estudar e
têm necessidade de providenciar moradia no local de estudo. As Moradias Estudantis
(Alojamentos), parte dos programas de atendimento aos estudantes mantidos por diversas
instituições públicas de ensino, possibilitam a permanência do aluno na Universidade pelo
período necessário à conclusão de seus estudos (LARANJO; SOARES, 2006).
A moradia estudantil tem como função principal viabilizar a frequência a cursos
universitários para alunos que não dispõem de recursos para se manterem nos locais em que
estão instaladas as universidades. Colabora para a democratização do ensino superior e facilita
a superação das adversidades sociais por aqueles que conseguem acesso a uma universidade
pública. Entretanto, mais do que oferecer abrigo, a moradia torna-se um espaço de
convivência que será utilizado de diversas maneiras e com diferentes objetivos, ao longo da
permanência do estudante na Universidade (LARANJO; SOARES, 2006).
A UFSCar, por meio do DeSS - Departamento de Serviço Social / PROACE – Pró-
Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis, oferece uma série de auxílios para a
comunidade universitária, especialmente para os estudantes, incluindo programas com o
objetivo de auxiliar e garantir a permanência dos alunos na Universidade. Entre estes
programas está a Moradia Estudantil, que tem por finalidade receber o estudante que esteja
regularmente matriculado na UFSCar, que não resida em São Carlos, Sorocaba e Araras e que
comprove situação de carência sócio-econômica, viabilizar o acesso do estudante com
dificuldades sócio-econômicas à Universidade, bem como promover seu entrosamento com os
demais estudantes e com a comunidade universitária (UFSCar, 2009).
Os estudantes, na condição de usuários das edificações destinadas à Moradia
Estudantil, têm necessidades decorrentes de sua condição e do conjunto de suas atividades,
que devem ser satisfeitas pelo edifício, para que o mesmo cumpra sua função (HINO;
MELHADO, 1998).
Muitos fatores podem influenciar a satisfação dos residentes em diferentes tipos de
edificações. A avaliação desses fatores e a análise de seus determinantes podem contribuir de
maneira significativa para que falhas sejam evitadas em projetos futuros (RHEINGANTZ et al,
1997).
13
2. JUSTIFICATIVA
As ações de planejamento, projeto, produção e gestão do ambiente construído são
mais eficientes e apresentam resultados de qualidade quando precedidos por procedimentos de
avaliação e de controle de qualidade da edificação em relação às necessidades dos usuários.
No Brasil, entretanto, tem-se observado a prática da produção arquitetônica sem que sejam
priorizadas avaliações sistemáticas de seu desempenho (FALCOSKI, 1997).
A adequação da edificação ao uso e às necessidades de seus moradores é sinônimo
de qualidade habitacional. Os usuários se apropriam do espaço habitável para humanizá-lo,
isto é, torná-lo adequado ao uso. Essa interação entre o usuário e o espaço tem o objetivo de
moldar a habitação às necessidades e aos desejos de seus moradores. De fato, a inadequação
e o não atendimento de algumas necessidades básicas podem até mesmo trazer danos à saúde
física e mental, que incluem falta de conforto necessário ao repouso, aumento dos riscos de
acidentes domésticos, frustrações, ansiedade e claustrofobia, além de danos físicos
decorrentes da insalubridade, como ventilação insuficiente, incidência solar ou iluminação
natural inadequadas (CÍRICO, 2001).
O projeto de edificações para uso residencial não pode prescindir do envolvimento
dos futuros moradores para garantir que seus desejos e suas pretensões sejam atendidos.
Entretanto, o planejamento de edificações de múltiplas unidades padronizadas não permite tal
contato ou o levantamento do que é essencial para cada um dos indivíduos que nelas residirão.
Por esse motivo, os processos que permitem a investigação da qualidade e da adequação de
imóveis concluídos às necessidades de seus moradores podem contribuir de forma importante
para o sucesso de novos projetos (CÍRICO, 2001).
O conhecimento dos problemas e dos defeitos mais comuns em edificações e de
suas causas ajuda a reduzir a chance de que se cometam os mesmos erros em projetos e
construções semelhantes. A Avaliação Pós-Ocupação - APO, diferentemente de outras
metodologias de avaliação de desempenho, possibilita a verificação da qualidade dos espaços
construídos após sua utilização efetiva, transformação e manutenção por parte dos moradores
(FALCOSKI, 1997).
14
O crescimento da UFSCar tem exigido uma rápida ampliação da área construída
em seus três campi, especialmente no campus de São Carlos, com implantação de um número
elevado de diferentes edificações com usos diversificados. A ampliação inclui edificações
destinadas à Moradia Estudantil, que integram um programa de interesse social que requer
soluções arquitetônicas e construtivas de caráter repetitivo, com o objetivo de atender uma
população heterogênea. Além disso, o ritmo acelerado de crescimento pode comprometer a
qualidade final das obras construídas.
Os processos de avaliação da adequação das edificações já implantadas às
necessidades de utilização utilizando o método da Avaliação Pós Ocupação (APO) pode
contribuir para os objetivos da Universidade, por permitir uma otimização dos trabalhos de
projeto e construção e, dessa forma, da utilização dos recursos públicos de forma eficiente.
15
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. MORADIAS ESTUDANTIS
Muitas universidades públicas brasileiras oferecem moradias para seus alunos. A
implantação de grande parte delas ocorreu em resposta a reivindicações do movimento
estudantil (UNICAMP, 2009; UFSM, 2009), embora outras tenham sido criadas por iniciativa
filantrópica (UFSC, 2009).
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
(ANDIFES) congrega 56 Instituições Federais de Ensino Superior de todos os Estados da
Federação e no Distrito Federal e mantém Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos
Comunitários e Estudantis (FONAPRACE). A ANDIFES compreende a educação como um
bem público e o conhecimento como um patrimônio social e, por isso, defende o acesso e a
permanência universal à Educação Superior. Estudos realizados pelo FONAPRACE em 2004
demonstraram que o perfil dos alunos das IFES reproduz o perfil socioeconômico da
sociedade brasileira. Os índices de evasão e retenção verificados no ensino superior foram
identificados como resultado das dificuldades socioeconômicas de uma significativa parcela
do segmento estudantil, justificando as ações assistenciais que permitem a inclusão social
como fundamentais para a conclusão do curso, a melhoria do desempenho acadêmico e da
qualidade de vida de estudantes carentes. As diretrizes para programas e projetos dessa
natureza estão definidas no Plano Nacional de Assistência Estudantil, que ressalta que o local
de moradia antes do ingresso do estudante na universidade é indicador de sua qualidade e
condição de vida. As pesquisas realizadas pelo FONAPRACE apontam que mais de 30% dos
estudantes deixam o contexto familiar quando ingressam na universidade, tendo necessidade
de providenciar moradia em seu local de estudo e que aproximadamente 12% dos estudantes
pertencem às categorias C, D e E e não residem com familiares ou em residências mantidas
pelas famílias. Esses últimos constituem a demanda potencial por moradia estudantil
(ANDIFES, 2007).
Em pesquisa realizada com alunos de graduação residentes em uma moradia
estudantil universitária na cidade de São Paulo, Laranjo e Soares (2006) constataram que os
estudantes têm pouco conhecimento sobre a história da moradia. Esses alunos relataram que a
16
moradia estudantil viabilizava o acesso à universidade, apesar de encontrarem dificuldades na
convivência coletiva. Segundo os moradores, havia uma visão negativa e preconceituosa
sobre a moradia estudantil, provavelmente pela divulgação frequente de fatos conturbados ali
ocorridos e pelo desconhecimento de sua importância para permitir a democratização e a
permanência de estudantes pobres na universidade. Os alunos entrevistados relataram, ainda,
falta de espírito coletivo e uma constante postura individualista por parte dos moradores, que
enfrentavam o isolamento e a solidão, já que tinham dificuldades para retornar às suas casas
com frequência. Informaram que existiam dificuldades para buscar solução para os problemas
práticos da Moradia, já que havia excesso de liberdade e ausência de autoridade, além de um
sentimento de que as regras não precisavam ser cumpridas, levando ao desrespeito ao espaço
público (LARANJO; SOARES, 2006).
Segundo Paiva e Mendes (2001), que realizaram um estudo com moradores da
Casa do Estudante Universitário da UnB – Universidade de Brasília, as moradias devem
garantir maior privacidade aos estudantes. Residir em uma Moradia Estudantil permite a
convivência de pessoas com diferentes origens, vindas de diferentes regiões e com costumes
variados. Esse relacionamento, sabe-se de antemão, será por um tempo limitado, já que todos
estarão ali, no máximo, pelo tempo necessário para a realização do curso. Além disso, a
convivência tão próxima de pessoas com características individuais tão diferenciadas pode
favorecer a ocorrência de conflitos. O espaço e sua organização, tanto quanto as suas formas
de utilização, parecem influenciar a ocorrência desses conflitos (naturais até mesmo entre
familiares) entre os que compartilham a moradia (PAIVA; MENDES, 2001).
Os autores buscaram conhecer comportamentos e percepções de territorialidade dos
estudantes. Territorialidade, para eles, envolve padrões de comportamento e atitudes mantidas
por um indivíduo ou grupo baseado no controle percebido, empreendido ou efetivo sobre o
espaço físico, objeto ou idéia, que pode envolver ocupações habituais, defesa, personalização
e marcação deste território. Afirmam que um componente básico das interações entre os
moradores está na demarcação dos limites interpessoais. Para isso, trabalharam com a
classificação dos territórios em (a) primários – controlados por indivíduos ou grupos, com
ampla personalização e controle do espaço como o quarto, o escritório, a casa; (b) secundários
– em que o ocupante é mais um dos usuários do lugar; e (c) terciários – públicos, abertos à
comunidade e de uso livre. Para uma melhor convivência, a redução de conflitos e melhoria
das relações interpessoais mais espaços primários devem ser garantidos. Esses espaços é que
17
permitem maior privacidade, uma vez que esta, se não é determinada pelo espaço físico, é
bastante influenciada por ele. A falta de delimitação física clara nos espaços dos dormitórios
estudados compromete a privacidade de seus moradores (PAIVA; MENDES, 2001).
Outras necessidades também são importantes e devem ser consideradas na
elaboração de projetos dessa natureza. Vilela Júnior (2003) realizou uma pesquisa qualitativa
e exploratória e entrevistou moradores de diversas Moradias Estudantis, além de arquitetos
que projetaram alguns dos edifícios escolhidos. O autor concluiu que os projetos desse tipo de
edificação precisam avançar em três questões básicas: (a) a do convívio social, com áreas que
promovam a necessária integração dos moradores; (b) a dos serviços, incluindo estrutura para
atividades domésticas; e (c) a dos espaços específicos, com a implantação de áreas que
supram as necessidades extraclasse dos moradores, como laboratórios, estúdios e ateliês
(VILELA JUNIOR, 2003).
A forma dos espaços construídos e seus usos estão incluídos no conceito de
espacialização. As formas dos espaços determinam a maneira como serão utilizados, o modo
como um fato social deve ocorrer. A espacialização refere-se, portanto, à “forma físico-
espacial de um acontecimento”1. Os espaços construídos devem, dessa forma, ser projetados
de acordo com sua futura utilização. Entretanto, o atendimento às necessidades dos
estudantes, no caso das Moradias Estudantis não é tão simples, pois projetistas precisam
estabelecer meios para conhecê-las e até mesmo para viabilizar a participação dos usuários
nos projetos. Quando se trata de projetos coletivos, essa não é uma tarefa fácil, pois deve
envolver um grande número de indivíduos, que apresentam diferentes pontos de vista (que
precisam ser compatibilizados e priorizados) e que não dominam o chamado “código
arquitetônico”. Conhecendo as interações usuário/espaço - as espacializações - o arquiteto
poderá formular soluções nas quais os usuários reconheçam suas necessidades (MALARD et
al, 2002).
Zancul e Fabrício (2008), em trabalho sobre a habitação estudantil na cidade de
São Carlos, analisaram as principais inadequações no atendimento às necessidades
1 Um bom exemplo desse conceito está na sala de aula, cuja forma influencia claramente a dinâmica
das atividades de ensino-aprendizagem que nela ocorrem.
18
habitacionais dos estudantes. Na avaliação dos autores, destacaram-se os problemas
relacionados aos seguintes aspectos: áreas de serviço destinadas à higienização de roupas;
áreas destinadas ao lazer; áreas de estacionamento; dimensionamento de instalações elétricas
e lógicas para computadores e acesso à internet; espaço e mobiliário adequados para as
atividades de estudo e leitura.
3.2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO - APO
A APO pode ser considerada um processo sistematizado e rigoroso de avaliação de
edifícios, depois de decorrido algum tempo de sua construção e ocupação. A metodologia
busca focalizar os ocupantes do edifício e suas necessidades (RHEINGANTZ et al, 1997).
A avaliação está intrinsecamente ligada ao conceito de qualidade. Este termo é
conceituado como “os aspectos do produto ou serviço que satisfazem as necessidades do
usuário” (ROMERO; ORNSTEIN, 2003). Qualidade é, dessa forma, a capacidade de satisfazer
necessidades implícitas e explícitas (HINO; MELHADO, 1998). Está associado, portanto, ao
desempenho satisfatório dos ambientes (ROMERO; ORNSTEIN, 2003).
Por meio da APO, é possível avaliar o espaço a partir da compreensão das
expectativas e necessidades das pessoas que o utilizam. Os resultados são importantes pois
podem orientar o desenvolvimento de projetos futuros mais adequados, além de oferecerem
suporte ao trabalho de projetistas em diversas fases da elaboração de uma proposta (BINS ELY
et al, 2007). A metodologia permite melhorias de curto, médio e longo prazo. Em curto prazo,
é possível identificar e solucionar problemas, aperfeiçoar o uso do espaço e melhorar a
compreensão das conseqüências das decisões de projeto. Em médio prazo, permite
flexibilidade e adaptação decorrentes da reciclagem de serviços/sistemas para novos usos,
redução significativa nos custos e acompanhamento permanente do desempenho do edifício,
por profissionais e usuários. Já em longo prazo, possibilita aperfeiçoamentos e otimização dos
dados de projeto e quantificação das medições de desempenho do edifício (RHEINGANTZ et
al, 1997).
3.3. A UFSCar
A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), fundada em 1968, possui três
campi: o principal fica em São Carlos e os outros estão situados em Araras e Sorocaba, no
19
Estado de São Paulo. O campus de São Carlos tem 645 hectares de extensão, sendo 105 mil
metros quadrados de área construída e possui toda a infra-estrutura necessária para o
funcionamento adequado das atividades da Universidade (UFSCar, 2009b).
A implantação do programa de Moradia Estudantil da UFSCar teve origem
conturbada. Após infrutíferas tentativas da Universidade para obter recursos para a construção
de um alojamento para os estudantes, em meados de 1985 um grupo de alunos ocupou seis
salas de um prédio vazio, que aguardava a realização de obras para ser utilizado por um
departamento acadêmico. Após inúmeras tentativas de negociação para a desocupação do
prédio pelos alunos, optou-se pela realização de uma reforma no edifício ocupado, efetivando-
o como Moradia Estudantil. A reforma, custeada com recursos próprios, foi realizada em
1987 e permitiu acomodar inicialmente 24 alunos (UFSCar, 1986).
A PORTARIA GR Nº 453/03, de 08 de janeiro de 2003 normatiza o Programa
Social para Discentes da UFSCar e tem por objetivo “apoiar alunos com carência sócio-
econômica devidamente comprovada, matriculados para obtenção de um primeiro diploma de
graduação”. O Programa prevê três diferentes tipos de apoio: a Bolsa-atividade (para auxiliar
o discente em despesas necessárias para o desenvolvimento de suas atividades acadêmicas
durante o período letivo), a Bolsa-alimentação (garante o direito a refeições gratuitas no
restaurante universitário do respectivo campus, por até um ano) e a Bolsa-moradia
(compreende o direito de o discente ocupar uma vaga em moradia estudantil nos campi da
UFSCar ou, se necessário, em imóveis alugados sob responsabilidade da UFSCar e é
outorgada por um período de até um ano). Qualquer das bolsas pode ser renovada a pedido
dos alunos. Nas moradias estudantis, a UFSCar é responsável pelos gastos com serviços
básicos de manutenção e mobiliários (UFSCar, 2003).
Para a obtenção de bolsas previstas pelo Programa, o discente será submetido a um
processo de avaliação sócio-econômica realizado pelo Departamento de Serviço Social da
SAC (DeSS/PROACE) e deverá ser configurada situação de carência.
As vagas disponíveis em edificações próprias são hoje insuficientes para o
atendimento da demanda expressa pelos alunos, o que leva a Universidade a locar unidades
habitacionais na área urbana do município para acomodar todos os que se inscrevem e são
aprovados para o Programa.
20
Atualmente, o conjunto de edificações que compõem a Moradia Estudantil no
interior da área do campus da Universidade está localizado na área Sul (Figura 1) e conta com
seis edifícios (Módulos 3 a 9) construídos especialmente para esse fim, que oferecem um total
de 477 vagas. No início de 2010 o edifício inicialmente ocupado pelos alunos (Módulo 1) foi
demolido e o edifício denominado Módulo 2 foi temporariamente desocupado devido a uma
obra em execução em suas proximidades.
Figura 1 – Localização da Moradia Estudantil da UFSCar na área Sul do campus São Carlos
Os Módulos 3, 4 e 6 têm plantas semelhantes. Todos têm três pavimentos com três
apartamentos (denominados Blocos) cada. Os primeiros oferecem 63 vagas cada (sete em
cada Bloco) e o último, 81 vagas (nove em cada Bloco). A planta baixa do pavimento tipo
está representada na Figura 2.
21
Figura 2 – Planta baixa dos Módulos 3, 4 e 6 da Moradia Estudantil da UFSCar.
O Módulo 5 também tem três pavimentos com três Blocos, mas com planta
ligeiramente diferente dos anteriores. Esse Módulo oferece 81 vagas. A planta baixa do
pavimento tipo está representada na Figura 3.
22
Figura 3 – Planta baixa do pavimento tipo do Módulo 5.
O Módulo 7 tem quatro pavimentos com três Blocos cada, sendo dois com três quartos
e um com apenas dois quartos. Esse Módulo oferece 82 vagas (quatro Blocos com cinco
vagas, dois com sete vagas e seis com oito vagas cada). As unidades habitacionais do
pavimento térreo têm apenas dois banheiros (com área maior), diferente das unidades dos
23
pavimentos superiores (com três banheiros menores). As plantas baixas do pavimento térreo e
do pavimento tipo estão representadas nas Figuras 4 e 5.
Figura 4 – Planta baixa do pavimento térreo do Módulo 7.
24
Figura 5 – Planta baixa do pavimento tipo do Módulo 7.
O Módulo 8 também tem quatro pavimentos, com características diferentes no
pavimento térreo em relação aos pavimentos superiores. Esse Módulo oferece 105 vagas (dez
Blocos com nove vagas e dois com oito vagas cada). As unidades habitacionais do pavimento
térreo são adaptadas para receberem moradores com necessidades especiais. As plantas baixas
do pavimento térreo e do pavimento tipo estão representadas nas Figuras 6 e 7.
25
Figura 6 – Planta baixa do pavimento térreo do Módulo 8, com apartamentos adaptados.
26
Figura 7 - Planta baixa do pavimento tipo do Módulo 8.
As características de cada Módulo em relação ao número de pavimentos, de quartos
e de vagas oferecidas nos diferentes Blocos estão detalhadas no Quadro 1.
27
Quadro 1 – Número de pavimentos, quartos e vagas por Módulo.
MÓDULO Pavi-mentos
Blocos Quartos
Vagas 2 quartos
3 quartos
Total Quarto 2 vagas
Quarto 3 vagas
Total
3 3 0 9 9 18 9 27 63
4 3 0 9 9 18 9 27 63
5 3 0 9 9 0 27 27 81
6 3 0 9 9 0 27 27 81
7 4 4 8 12 12 20 32 84
8 4 0 12 12 3 33 36 105
Total 20 4 56 60 51 125 176 477
A vista aérea da área Sul do campus com as edificações destinadas à Moradia
Estudantil e as fachadas dos Módulos 3, 4, 5, 6, 7 e 8 estão representados nas Figuras 8 a 14.
Figura 8 – Vista aérea do campus da UFSCar em São Carlos, área Sul (conjunto de edificações da Moradia Estudantil em primeiro plano)
28
Figura 9 – Fachada do Módulo 3
29
Figura 10 – Fachada do Módulo 4
30
Figura 11 – Fachada do Módulo 5
31
Figura 12 – Fachada do Módulo 6
32
Figura 13 – Fachada do Módulo 7
33
Figura 14 – Fachada do Módulo 8
34
4. OBJETIVO
4.1. Objetivo Geral
Avaliar a satisfação dos usuários com a qualidade das edificações destinadas à
moradia estudantil na UFSCar – campus São Carlos – com ênfase nos aspectos da qualidade
física e sua adequação às expectativas e necessidades dos moradores.
4.2. Objetivos Específicos
Conhecer as condições de qualidade das edificações destinadas à Moradia
Estudantil da UFSCar – campus São Carlos, na opinião de seus moradores, por meio da
verificação dos seguintes parâmetros:
4.2.1 Aspectos construtivos (instalações prediais) e de conforto ambiental
(iluminação, insolação, conforto térmico, ventilação natural e acústica);
4.2.2 Necessidades de manutenção corretiva das instalações hidráulicas, elétricas,
lógicas, de telefonia e de acabamento das unidades prediais.
35
5. METODOLOGIA
Propôs-se realizar uma Avaliação Pós Ocupação (APO) das edificações que
compõem a Moradia Estudantil da UFSCar – campus São Carlos - com ênfase na qualidade
dos aspectos construtivos e das instalações, segundo a opinião dos moradores.
A APO faz uso de uma série de técnicas para diagnosticar, a partir de diferentes
análises, os aspectos positivos e negativos do ambiente construído no decorrer do uso. Para
isso podem ser consideradas as opiniões dos usuários, clientes, projetistas e dos próprios
avaliadores. Nesse processo, é fundamental verificar o atendimento das necessidades e o nível
de satisfação dos usuários, além da avaliação de desempenho físico das edificações. A APO
desempenha, dessa forma, um papel realimentador fundamental no controle de qualidade de
projetos complexos e para populações especiais (ROMERO; ORNSTEIN, 2003).
Essa metodologia vem sendo utilizada, especialmente a partir da década de 60, na
Europa e nos Estados Unidos, por equipes interdisciplinares, para avaliar não apenas aspectos
específicos de desempenho físico das edificações, mas também padrões culturais, privacidade,
territorialidade, personalização, apropriação e segurança, com ênfase no usuário dos
ambientes (ROMERO; ORNSTEIN, 2003).
Segundo Elali e Veloso (2004), a participação dos usuários para a APO é
imprescindível, e os aspectos relacionados ao uso da edificação para “abrigar o ser humano na
realização de suas atividades” constituem um dos focos principais. Para as autoras, sob a
perspectiva da utilização, o ambiente construído deve ser avaliado em relação aos elementos
físico/construtivos, funcionais e comportamentais inerentes à ocupação e aos aspectos
econômico/financeiros, estético-visuais e contextuais/sócio-culturais. Salientam, entretanto,
que embora não haja valorização especial de qualquer desses aspectos, destaca-se a
importância da “relação usos/usuários do ambiente”, fundamentais à APO.
Roméro e Ornstein (2003) listam vários dos aspectos abrangidos pelos diferentes
fatores a serem avaliados na APO. Para esse trabalho, optou-se por destacar os mais
significativos :
36
a) socioeconômicos: sexo, origem, tempo de moradia, faixa etária;
b) infraestrutura, superestrutura e áreas livres em geral: segurança contra
crimes nas unidades e nas áreas públicas da Moradia Estudantil;
c) avaliação do(s) sistema(s) construtivo(s): infra-estrutura; superestrutura;
alvenaria; cobertura e forros; pisos; revestimentos; caixilhos; vidros; pintura;
impermeabilização; louças; metais; instalações hidrossanitárias; instalações elétricas;
patologias em geral;
d) avaliação energética e do conforto ambiental: avaliações específicas para
cada tipo de cômodo, destacando-se iluminação natural e artificial, acústica, conforto térmico
e ventilação.
Inicialmente foi realizado levantamento bibliográfico para obtenção das bases
teóricas e para nortear as definições necessárias à delimitação dos critérios de desempenho,
dos instrumentos de coleta de dados e sua aplicação.
Sendo esse trabalho, desenvolvido como requisito parcial para a conclusão do
Curso de Especialização em Gestão Pública, de interesse institucional e havendo outro
trabalho similar em desenvolvimento focando a mesma população-alvo, decidiu-se pela coleta
de dados de forma conjunta, como forma de facilitar a obtenção dos resultados e de evitar
uma dupla abordagem aos alunos residentes na Moradia Estudantil da UFSCar.
Para a coleta de dados junto aos moradores, foi solicitado (APÊNDICE 1) e
realizado um contato inicial com o DeSS/PROACE/UFSCar, ocasião em que foram expostos
os objetivos e os planos do trabalho a ser realizado. Nessa ocasião, foi solicitado às
Assistentes Sociais do Departamento o cadastro dos alunos residentes na Moradia Estudantil,
para a organização da coleta de dados. As informações, contendo o número do Registro
Acadêmico – R.A. de cada um dos residentes na Moradia do campus de São Carlos foram
enviadas pelo setor. Com esses números, foi possível construir uma lista com os endereços
eletrônicos institucionais dos alunos, uma vez que tal endereço é padrão, composto
exatamente pelo R.A. seguido do nome do servidor de correio eletrônico da UFSCar.
A seguir, foi criada, na Internet, uma Conta do Google (apo.aloja.ufscar), cuja
identidade (login) permitiu o acesso a vários serviços e ferramentas oferecidas gratuitamente
37
pelo sítio. Foram utilizados o endereço eletrônico (apo.aloja.ufscar@gmail.com) destinado
exclusivamente ao contato com os alunos para a realização do trabalho e os serviços e
ferramentas oferecidos pelo GoogleDocs, em que foi criada uma planilha eletrônica
denominada “Questionário”. Vinculado a essa planilha, foi criado e editado um formulário
com as questões destinadas à coleta de dados para a Avaliação a ser realizada. Esse
formulário, contendo o questionário eletrônico estruturado (com questões cujas respostas
podiam ser registradas em caixas de texto, multi-opções e menu suspenso), auto-aplicável, foi
publicado no sítio de endereço http://sites.google.com/site/apoalojaufscar/, no formato HTML
– Hyper Text Markup Language ou Linguagem de Marcação de Hipertexto (APÊNDICE 2).
O questionário foi elaborado de forma que possibilitasse aferir o nível de satisfação
dos usuários em relação às unidades de habitação, às áreas comuns dos edifícios, às áreas
livres da Moradia Estudantil e aos recursos disponíveis. O instrumento contou com questões
fechadas e abertas. A última questão foi elaborada com base na ferramenta wish poem –
poema dos desejos – método desenvolvido por Henry Sanoff para avaliação de prédios
escolares (SANOFF, 2001). Essa ferramenta favorece o pensamento exploratório global,
estimulando os entrevistados a revelarem suas fantasias e desejos sobre o ambiente que está
sendo avaliado. Solicita-se aos usuários que descrevam como seria o ambiente ideal para eles,
por meio de uma questão aberta. O enunciado da questão PE uma frase que deve ser
completada pelo entrevistado, no modelo “Eu gostaria que a Moradia Estudantil...” Essa
ferramenta garante liberdade para que os usuários manifestem seus anseios fornecendo
informações que podem ser relevantes sobre a adequação e a qualidade dos projetos e das
construções (MACHADO et al, 2008; BRASILEIRO et al, 2004).
Todos os alunos constantes do cadastro informado pelo DeSS/PROACE/UFSCar
receberam uma mensagem eletrônica (APÊNDICE 3) apresentando a proposta, esclarecendo
os objetivos do trabalho e solicitando sua colaboração. Todos foram convidados a responder o
questionário eletrônico disponibilizado no sítio.
A funcionalidade oferecida pelo GoogleDocs permitiu que as respostas digitadas
nesse formulário pelos estudantes que participaram da coleta de dados fossem armazenadas
em tempo real e compiladas na planilha eletrônica denominada “Questionário”. As respostas
do formulário puderam ser visualizadas diretamente na planilha e ainda na forma de um
38
resumo (contendo os resultados e gráficos correspondentes) que permitiu verificar
rapidamente quantos usuários preencheram o formulário e quais foram suas respostas.
O perfil dos sujeitos a serem entrevistados no processo de avaliação - estudantes
universitários, com acesso facilitado a computadores na própria instituição, familiarizados
com as ferramentas e a linguagem da informática e com a Internet, detentores de endereços
eletrônicos institucionais utilizados quotidianamente para a comunicação entre a Universidade
e os discentes – explica a opção pela utilização dessas ferramentas para coleta de dados. Essa
opção também foi motivada pela facilidade de utilização, pela agilidade e pela provável maior
adesão à participação, já que foi possível responder ao questionário no momento considerado
mais adequado pelos alunos, sem a necessidade de visitas para entrevistas pessoais.
Dauer et al (2009), listam aplicativos online utilizados no planejamento e na
organização de pesquisas acadêmicas, entre eles os que funcionam como coletores e
repositórios para a pesquisa e geradores alternativos (wiki, social bookmark), os editores
online e os sistemas de apoio e de gerenciamento de processos e de comunicação. Segundo os
autores, além de permitir um ambiente de produção colaborativa, conjuntos (suítes) de
aplicativos de edição (e revisão) online facilitam muito o trabalho do pesquisador, permitem a
otimização do processo e a economia de tempo. Concluem afirmando que “o uso de
aplicativos online combinados à metodologia de pesquisa científica (...) é uma abordagem
flexível e alternativa para o processo científico em construção”.
A mensagem eletrônica foi enviada, no dia 29 de outubro de 2009, para um total de
498 estudantes. Foram recebidas 35 mensagens automáticas de resposta enviadas pelo
servidor (Gmail) informando falha na entrega da mensagem. Essas falhas podem ser
explicadas por reduzida capacidade de armazenamento das caixas de entrada dos endereços
eletrônicos dos alunos contatados, por alguma possível incoerência na construção do endereço
eletrônico (motivada talvez por informação incorreta enviada pelo R.A.) ou mesmo pela
inativação de algum dos endereços contatados. Nos dias que se seguiram, as respostas
registradas pelos alunos foram sendo registradas na planilha online. Nova mensagem
(APÊNDICE 4) foi enviada a todos os 498 estudantes no dia 24 de novembro de 2009,
agradecendo a colaboração daqueles que já tinham participado e novamente solicitando aos
que ainda não tinham visitado o sítio do questionário, que o fizessem. Foram recebidas 29
mensagens automáticas de resposta enviadas pelo servidor (GMail) informando falha na
39
entrega da mensagem. Analisando-se os endereços de eletrônicos das mensagens automáticas
recebidas em resposta à primeira e à segunda mensagem enviadas e excluindo-se os endereços
duplicados, apurou-se que, do total de 498, 36 alunos não foram efetivamente contatados.
Dessa forma, foram convidados a responder o questionário 462 moradores. O questionário foi
mantido ativo on line (liberado para a inserção de respostas) até o dia 9 de dezembro de 2009,
quando foi desativado, dando-se por encerrada a fase de coleta de dados após 41 dias do início
do processo.
Após essa data, os resultados obtidos foram analisados e comparados com a
literatura, procedendo-se a redação do texto final e a conclusão do trabalho.
40
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram coletadas respostas de 93 alunos, correspondendo a 19% do total de
moradores dos edifícios da Moradia Estudantil situados no interior do campus da UFSCar, na
cidade de São Carlos. Essas respostas permitiram efetuar uma avaliação sobre a opinião dos
moradores a respeito de uma série de aspectos das edificações, incluindo aspectos gerais,
qualidade e conservação da infra-estrutura, disponibilidade de espaço, iluminação, conforto
térmico e condições de convivência entre os moradores. Algumas das respostas referem-se a
Blocos dos Módulos 1 e 2 que foram desocupados após a coleta de dados. Os resultados são
apresentados a seguir.
6.1. Aspectos Socioeconômicos - Perfil da população estudada
O grupo de estudantes que participou do levantamento de dados era composto por
residentes de todos os Blocos e contava com moradores de 47 (78%) dos 60 apartamentos.
Analisando-se separadamente por Blocos, constata-se que responderam ao questionário 21%
dos moradores dos Blocos 3, 5 e 8; 20% dos moradores do Bloco 6; 17% dos moradores do
Bloco 4 e 15% dos moradores do Bloco 7.
Constatou-se pequena maioria (53%) de estudantes do sexo masculino, conforme
demonstrado no Gráfico 1.
41
Gráfico 1 – Distribuição de entrevistados residentes na Moradia Estudantil, segundo sexo.
Entre os respondentes, 98% eram alunos de cursos de graduação, havendo apenas
dois alunos regulares de cursos de Pós-Graduação (Mestrado).
A grande maioria dos estudantes entrevistados declarou ter como origem variados
municípios (96% do Estado de São Paulo e apenas 4% de outros estados brasileiros). A
maioria dos entrevistados tem como origem cidades situadas a menos de 300 quilômetros de
São Carlos, conforme demonstrado no Quadro 1.
Quadro 2 – Número de entrevistados segundo a distância da cidade de origem
Distância da cidade de origem
Estado de São Paulo
Outros Estados
TOTAIS
< 99 km 20 (22%) 0 (0%) 20 (22%)
100 a 199 km 32 (36%) 0 (0%) 32 (34%)
200 a 299 km 27 (30%) 1 (25%) 28 (30%)
300 a 399 km 7 (8%) 1 (25%) 8 (9%)
400 a 499 km 3 (3%) 0 (0%) 3 (3%)
> 500 km 0 (0%) 2 (50%) 2 (2%)
TOTAIS 89 (100%) 4 (100%) 93 (100%)
42
Com relação ao tempo de residência, observou-se que a maior parte está na
Moradia Estudantil há menos de três anos, destacando-se a quantidade significativa de novos
moradores, que obtiveram vaga no ano de 2009, como pode ser verificado no Gráfico 2.
Gráfico 2 – Número de entrevistados segundo tempo de residência na Moradia Estudantil da UFSCar, no momento da entrevista.
6.2. Número de moradores por unidade habitacional
Os estudantes entrevistados relataram, em sua maioria (69%), dividir o quarto em
que residem com mais dois colegas, embora alguns (20%) tenham relatado residir apenas com
mais um colega. Parcela menor (11%) relatou dividir o quarto com número maior que dois
colegas. Os resultados estão demonstrados no Gráfico 3.
43
Gráfico 3 – Distribuição de entrevistados segundo a quantidade de colegas com quem dividem o quarto.
Quando perguntados a respeito do número de colegas com os quais residiam no
mesmo apartamento, a maior parte (41%) informou residir com mais oito colegas. Parcelas
significativas informaram residir com mais sete colegas (25%) e com menos do que 7 colegas
(24%). Poucos informaram residir com mais nove colegas (10%) e apenas 1% afirmou residir
com mais do que nove colegas. O Gráfico 4 demonstra os resultados para a questão.
Gráfico 4 – Número de entrevistados segundo a quantidade de colegas com quem dividem o apartamento.
44
Considerando-se os dados relativos às vagas disponibilizadas, observa-se que há
uma discrepância entre algumas respostas obtidas e o número de vagas disponíveis. Há um
número máximo de três vagas por quarto, embora 11% dos entrevistados tenham declarado
dividir o quarto com mais do que dois colegas. Da mesma forma, há um número mínimo de
cinco vagas e um número máximo de nove vagas por apartamento, embora parcela
correspondente também a 11% tenha declarado residir com nove ou mais colegas no mesmo
apartamento. Esses resultados confirmam a existência de superlotação em alguns
apartamentos, assim como indícios da existência de vagas ociosas. Três dos entrevistados
registraram depoimentos com queixas a respeito do assunto, na questão formulada de acordo
com a ferramenta Poema dos Desejos, ao completarem a frase “Eu gostaria que a Moradia
Estudantil da UFSCar...”:
“...que a fiscalização fosse mais acirrada por parte das assistentes sociais,
para q os moradores não conseguissem tão facilmente esconder vagas
ociosas”.
“...fosse melhor fiscalizada, tem muita faucatrua [sic]: gente que mora
sozinho, gente que expulsa os outros moradores, gente que impõe regras
para os outros, gente morando sem ter a bolsa e isso deveria ser melhor
assistido pelas tais assistentes sociais. A gente não tem nenhum tipo de
assistência depois que está lá dentro: pessoas são expulsas e maltratadas
e tudo bem.”
“fosse melhor...melhor na (...) distribuição dos alunos!”
“fosse mais organizada no quesito de quem mora com quem.”
“tivesse um acompanhamento para evitar moradores irregulares, tivesse um
censo para definir as vagas internas e externas para o próximo ano ou
local em blocos para permitir a migração”
6.3. Aspectos gerais da moradia estudantil
Os residentes foram questionados a respeito da segurança e conforto das
edificações que compõem a Moradia Estudantil.
45
A Moradia Estudantil foi considerada pouco segura contra assaltos, roubos ou
invasões pela maior parte dos entrevistados (52% classificaram a moradia como ruim ou
péssima quanto a esse aspecto). Os resultados encontram-se detalhados no Gráfico 5.
Gráfico 5 - Número de entrevistados segundo opinião a respeito do aspecto segurança contra assaltos, roubos ou invasões.
Essa questão aparece em alguns depoimentos dos estudantes, completando a frase
“Eu gostaria que a Moradia Estudantil da UFSCar...”:
“fosse mais segura.”
“melhorasse (...) a segurança.”
“tivesse mais segurança e menos bagunça”
“fosse melhor...melhor na segurança (...)!”
“..seguisse três princípios: 1 – (...) 2 – priorisar [sic] a segurança dos
módulos, assim como de seus moradores; 3 – (...)”
46
“melhorasse em vários aspectos, segurança principalmente, os alunos
precisam da sensação de segurança de fato, e há uma disparidade
enorme entre os novos prédios e os antigos, infelizmente. Por isso
deveria haver uma atenção maior para com os prédios mais antigos.”
“um outro motivo para isso [instalação de internet sem fio] seria que pessoas
que tem notebook não ficariam mais expostas a assaltantes no centro de
convivência, melhorando assim a segurança da moradia.”
“fosse um lugar seguro e tranquilo para os alunos morarem”
” tivesse uma portaria que controlasse a entrada de pessoas estranhas à
moradia e tivesse os alambrados, que cercam a moradia, substituídos
por cercas mais seguras.”
Um dos entrevistados alerta para a presença, na Moradia, de pessoas estranhas
ao ambiente da Universidade, comprando e vendendo drogas, queixando-se da pouca
interferência da UFSCar na questão:
“possuísse um programa de combate aos intorpecentes [sic], pois por muitas
(vezes) eu me incomodo com o uso não somente pelo mau odor que deixa
pelo módulo, como pela entrada de indivíduos não incluídos na
universidade tanto para o consumo como venda e mesmo compra de
intorpecentes [sic]. Pois é inegável que temos uma situação de tráfico,
embora em pequena escala, que também envolve indivíduos da
Moradia.”
O tema da falta de segurança aparece também em uma resposta a outra questão
(sobre privacidade):
“A janela do meu quarto fica de frente à praça do alojamento (...). O medo
maior é que tentem roubar alguma coisa.”
47
A segurança contra acidentes nas escadas e áreas comuns também foi abordada. A
maior parte dos entrevistados considerou essas áreas de segurança regular (45 %) e boa
(32%). O Gráfico 6 detalha os resultados.
Gráfico 6 - Número de entrevistados segundo a opinião sobre o aspecto segurança contra acidentes nas escadas e áreas comuns.
Nenhum comentário específico foi feito pelos entrevistados a respeito desse
aspecto.
A conservação das áreas comuns aos edifícios que compõem a Moradia Estudantil
do campus de São Carlos da UFSCar foi classificada de forma bastante variada pelos
estudantes entrevistados, conforme pode ser verificado no Gráfico 7.
48
Gráfico 7 - Número de entrevistados segundo a opinião sobre a conservação das áreas comuns.
Os depoimentos dos estudantes focaram mais o aspecto da higiene das áreas
comuns, mas também foram citados problemas como a depredação das edificações e
iluminação insuficiente, quando completaram a frase “Eu gostaria que a Moradia Estudantil
da UFSCar...”:
“tivesse uma área externa (comum) mais limpa”
“tivesse um pouco mais de disciplina em relação à área externa...”
“tivesse limpeza periódica das escadas e áreas comuns; maior
acompanhamento da universidade quanto à conservação dos prédios e
depredação dos mesmos; melhoria de iluminação atrás do módulo 5,
lixeiras próximas e maiores para acomodação do lixo;”
“tivesse as áreas comuns (escadas, passeios, etc.) limpas com maior
frequência.”
“tivesse limpeza das escadas ao menos 4 vezes ao ano.”
As áreas externas comuns aos edifícios da Moradia Estudantil são compartilhadas
por todos os moradores e compreendem as áreas de circulação (Figura 15) e a área de
vivência (Figura 16). As escadas de acesso aos pavimentos superiores dos diferentes Módulos
apresentam sinais de desgaste, assim como citado nos depoimentos (Figura 17).
49
Figura 15 – Área externa da Moradia Estudantil
50
Figura 16 – Área de vivência
51
Figura 17 – Condição de conservação da escada e do corrimão do Módulo 4
52
Entre os problemas bastante abordados por estudantes entrevistados em seus
comentários estava a questão do excesso de ruídos. Ruídos internos e externos ao edifício
(Gráfico 8) foram classificados de forma negativa por 51% e 59% dos entrevistados,
respectivamente.
Gráfico 8 – Número de entrevistados segundo avaliação sobre a presença incômoda de ruídos internos e externos ao edifício
São bastante frequentes os depoimentos dos entrevistados referindo-se a excesso de
ruídos, especialmente os provocados pelo comportamento dos próprios moradores. Os
participantes registraram suas queixas principais a respeito completando a frase “Eu gostaria
que a Moradia Estudantil da UFSCar...”:
“(...) ter maior controle dos moradores quanto às regras condominiais, por
exemplo, questões de barulho durante as madrugadas, festinhas e
confraternizações na sala de estudo e no centrinho. (por experiência
própria, o barulho promovido por um módulo barulhento e por festinhas
fora de hora, encomodam [sic] muito).”
“fosse menos barulhenta.”
53
“...que o isolamento acústico de um cômodo para outro e de um bloco para
outro fosse melhor tanto para podermos estudar melhor e para durmir
[sic] sem ter de recorrer a protetores auriculares; que tivéssemos uma
sala só de estudo bem isolada acusticamente”
“É comum que um estudante da moradia enfrente problemas para dormir (por
causa do péssimo isolamento sonoro da construção)”
“fosse menos barulhenta! E os moradores tivessem mais respeito com relação
ao horário, pois as vezes são 2 ou 3 da manhã em dias durante a semana
e há muito barulho e festas!”
“tivesse um estatuto de convivência, com definição de horários para silêncio;
tivesse um local para festas, evitando desentendimentos e barulho em
blocos (festas são realizadas no centrinho ou nos blocos)...”
“punisse os moradores que não respeitam o descanso/estudo dos outros
moradores (fazendo muito barulho, inclusive a noite, tanto com música
alta quanto com gritaria).”
“fosse mais firme quanto à seleção de alunos, uma vez que muitos alunos que
usam a moradia não respeitam os demais e ao invéz [sic] de usarem o
ambiente para melhor aproveitamento do estudo, o utilizam para
fazerem festas na madrugada toda. Acredito que se ouvesse [sic]
repreensão poderia melhorar, uma vez que o bom senso não está sendo
suficiente para termos silêncio em momentos necessários.”
“fosse mais organizada e silenciosa... ninguém suporta tanta zona e festas
diárias!!! Precisa de ordem!!”
“fosse um lugar mais silencioso, onde todos se respeitassem e pudessem
descansar melhor.”
“(...) Gostaria que a estrutura do apartamento realmente remetesse a de um
apartamento normal, tanto na disposição dos cômodos, como no
isolamento acústico dos mesmos (...)”
“tivesse um isolamento acústico entre os apartamentos e dentro desses.”
“tivesse (...) um regulamento contra barulhos depois das 23 horas que fosse
seguido pelos moradores..”.
54
“fosse um lugar seguro e tranquilo para os alunos morarem, que respeitasse a
Lei do silêncio e tivesse mais privacidade para os moradores.”
“fosse feita voltada para os alunos estudarem, 7 pessoas numa casa minúscula
é muito, deveria ter um quartinho de estudo em cada casa, e um melhor
isolamento acústico, do 1º andar uma moeda caindo no chão do quarto
do 2º andar dá pra escutar, imagina quando a galera fala alto.”
“e que os índios não ficassem gritando a noite, na hora que os alunos que
estão para estudar dormem”
6.4. Qualidade e conservação da infra-estrutura
Buscou-se conhecer a opinião dos participantes em relação à suficiência, qualidade
e conservação de diversos aspectos da infraestrutura dos Blocos e Módulos da Moradia.
6.4.1. Instalações elétricas
A maior parte (65%) dos entrevistados considerou a quantidade e disposição de
interruptores e tomadas regulares, boas e ótimas. O funcionamento das instalações elétricas
também foi considerado positivo pela maioria dos entrevistados (apenas 7% o classificaram
como péssimo ou ruim). O Gráfico 9 detalha os resultados.
Gráfico 9 - Número de entrevistados segundo avaliação sobre a condição das instalações elétricas
55
Apesar desse resultado positivo, 47% dos entrevistados informaram que têm
necessidade de utilizar adaptadores e extensões.
6.4.2. Instalações hidráulicas
A quantidade de equipamentos sanitários disponíveis nos banheiros dos
apartamentos foi avaliada como suficiente pela maioria dos entrevistados (80%) apenas com
relação aos lavatórios e aos vasos sanitários (Gráfico 10). Os chuveiros foram considerados
suficientes por apenas 52% dos entrevistados.
Gráfico 10 – Número de entrevistados segundo avaliação sobre a suficiência das instalações sanitárias
O funcionamento das instalações hidráulicas foi considerado positivo (regular, bom
e ótimo) por 74% dos entrevistados, conforme pode ser observado no Gráfico 11.
56
Gráfico 11 - Número de entrevistados segundo avaliação sobre o funcionamento das instalações hidráulicas
Entretanto, a conservação das instalações hidráulicas não foi avaliada de forma
positiva, uma vez que 39% dos entrevistados referiram a ocorrência de mau-cheiro nos ralos,
31% relataram vazamento de água nas torneiras e 12% informaram a ocorrência de vazamento
de água nos vasos sanitários. Os participantes registraram queixas específicas sobre a questão
completando a frase “Eu gostaria que a Moradia Estudantil da UFSCar...”:
“(...) tivesse mais chuveiros (1 para nove é sacanagem), mais sanitários (dois
para nove)”
“reformasse os blocos antigos, pois a maioria dos blocos, a não ser os mais
novos, possui somente um banheiro e isso torna o dia-a-dia
complicado.”
6.4.3. Conservação dos Blocos
Os entrevistados foram questionados a respeito da presença de problemas e
manifestações patológicas (modificações estruturais ou funcionais) na edificação, que
poderiam representar sinais de defeitos estruturais decorrentes de fatores como a qualidade
dos materiais, da mão de obra ou mesmo do desgaste decorrente da utilização.
57
Entre os problemas mais citados pelos entrevistados estavam as infiltrações, a
presença de umidade nas paredes e forros e a pintura danificada nas paredes internas,
conforme detalhado no Gráfico 12.
Gráfico 12 – Distribuição dos entrevistados segundo registro de problemas presentes nos Blocos em que residem
Muitos depoimentos foram registrados pelos entrevistados em relação às condições
de conservação da infra-estrutura dos Blocos. Completando a frase “Eu gostaria que a
Moradia Estudantil da UFSCar...”, alguns simplesmente declaram a necessidade de reparos,
especialmente dos Módulos mais antigos:
“No meu módulo (...) fosse consertado os pisos do bloco, pois a maioria está
solta ou faltando.”
“...melhorasse a qualidade dos apartamentos mais antigos, eles já tem mais de
10 anos(...)”
“As instalações elétricas e hidráulicas também precisam de melhora.”
58
“tivesse (...) uma reforma...”
“Tivesse pintura nova dentro dos edifícios.”
“que a UFSCar olhasse para os blocos mais antigos, como o meu, por
exemplo, Bloco 1, onde agente [sic] não tem tomada no banheiro (...)”
“destinasse um pouco da verba para reformar os módulos antigos, acabando
com as infiltrações e maus cheiros. Também que resolvesse os problemas
da construção civil que os blocos se encontram, todos e rapidamente.”
“tentasse melhorar o modulo mais antigo, e não dificultasse tanto para
consertar ou trocar os eletrodomésticos que tem vários problemas como
o vazamento de gás.”
Muitos creditam a má conservação à baixa qualidade no processo construtivo:
“uma maior responsabilidade pelas construções feitas, pois são como
qualquer outro prédio da Universidade; gostaria que houvesse material
para que fossem consertados os problemas, que uma empresa não
ficasse empurrando uma para outra.”
“tivesse pudor ao economizar na construção dos módulos e priorizasse o bem
estar dos moradores. É comum que um estudante abra mão de horas de
estudo, toda semana, para ir reclamar sobre vazamento do gás
encanado, infiltrações, mal [sic] funcionamento do aquecedor solar,
etc.”
“tivesse telhados que resistissem a chuvas com ventos um pouco mais fortes.
Assim, o bloco em que moro não teria rachaduras no teto e goteiras.”
Outros registram parcela de responsabilidade dos próprios moradores, que não têm
cuidado na utilização das instalações, contribuindo para a má conservação:
“...tivesse um contrato de cuidado e manutenção do bem conquistado (o
apartamento). Os apartamentos são muito bons e o pessoal não está nem
aí. Rabiscam paredes, furam, sujam, quebram coisas, colam coisas nas
paredes recém pintadas, destroem um bem que é de todos e que meus
pais e os pais de todos estão pagando. (...) Ninguém cuida e eu acho que
deveria ter um contrato que deveria ser assinado pelo futuro morador e
59
quando ele fosse sair a casa deveria ser vistoriada e ele, no mínimo,
trabalhar para reparar os danos causados.”
Os resultados encontrados são compatíveis com os dados apurados por Fortes
(2009), em Relatório de Iniciação Científica realizada na UFSCar. Em seu trabalho, o autor
buscou identificar as manifestações patológicas nos edifícios da Moradia Estudantil da
Universidade por meio de vistoria e observação das construções, com identificação de falhas
que prejudicam o desempenho das edificações em relação à estabilidade, estética e
habitabilidade.
O trabalho classificou as patologias identificadas como falhas de projeto
(operações de construção mal executadas por falta de detalhamento, omissões ou equívocos
de projeto, relativos aos materiais e às técnicas construtivas); falhas de execução (falta de
controle dos serviços, omissão de alguma especificação que conste em projeto e falta de
cumprimento da normalização técnica); falhas de qualidade dos materiais (elementos que
independentemente da qualidade do projeto e/ou execução encontram-se deteriorados); e
falhas decorrentes do uso/pós-uso (danos decorrentes da falta das ações necessárias à garantia
do seu desempenho satisfatório ao longo do tempo). Do total das patologias encontradas na
vistoria, 60% foram consideradas falhas de projeto; 30% falhas de execução e 10%
decorrentes do uso/manutenção. Não foram encontradas patologias decorrentes de falhas de
qualidade de materiais (FORTES, 2009).
O autor observou que as manifestações patológicas, especialmente aquelas
decorrentes de falhas de projeto, são mais freqüentes nos Módulos 3, 4, 5 e 6. Um único
problema foi identificado em todos os módulos: o caimento invertido nos pisos (cimentado
liso e/ou cerâmico), decorrente de falhas de execução.
O Quadro 3 lista as manifestações patológicas descritas e classificadas pelo autor
como decorrentes de falhas de projeto por Módulo.
60
Quadro 3 – Manifestações patológicas decorrentes de falhas de projeto nas edificações da Moradia estudantil da UFSCar (adaptado de FORTES, 2009)
Manifestações patológicas descritas
Mó
du
lo 3
Mó
du
lo 4
Mó
du
lo 5
Mó
du
lo 6
Mó
du
lo 7
Mó
du
lo 8
Cobertura/ Fachada
Ausência de calha no telhado ocasionando fissuras e bolores na parte inferior das fachadas do edifício.
Ausência de pingadeiras e de peitoril
Fachada/ Área Externa
Fissuras no revestimento de argamassa das paredes de fachada, ocasionando mapeamento dos blocos
Fissuras horizontais nas paredes de fachada, localizadas na linha das lajes de cobertura
Fissuras horizontais na região das vergas e contra vergas de portas e janelas
Fissuras verticais na região das vergas e contra-vergas de portas e janelas
Ausência de calha no telhado ocasionando fissuras e bolores na parte inferior das fachadas do edifício.
Bolores nas escadas ocasionadas pela exposição à chuva e a umidade
Fissuras verticais nos panos das paredes de fachada, dividindo-a.
Fissuras escalonadas nas fachadas das paredes junto a laje, ao piso térreo e a cobertura.
Ausência de coxim originando possíveis fissuras
Área Interna Mofo nas paredes da casa de banho e guarda roupas devido à umidade
No Quadro 4 estão listadas as manifestações patológicas descritas e classificadas
pelo autor como decorrentes de falhas de execução por Módulo.
Quadro 4 – Manifestações patológicas decorrentes de falhas de execução nas edificações da Moradia estudantil da UFSCar (adaptado de FORTES, 2009)
Manifestações patológicas descritas
Mó
du
lo 3
Mó
du
lo 4
Mó
du
lo 5
Mó
du
lo 6
Mó
du
lo 7
Mó
du
lo 8
Cobertura/ Fachada Tubo de ventilação de esgoto interno ao ático, sem ultrapassar o telhado
Fachada/ Área Externa
Destacamento no encontro entre paredes da fachada e calçada (recalque).
Manchas esbranquiçadas devido à má hidratação da cal
Eflorescências (formação de depósito salino)
Área Interna
Caimento invertido nos pisos (cimentado liso e/ou cerâmico)
Infiltração de água nos tetos da cozinha e casa de banho
Falhas no rejuntamento e impermeabilização junto ao ralo
Irregularidades graduais nos revestimentos de pisos e paredes
Instalações Ralos entupidos, provocando vazamento de água
61
No Quadro 5 estão listadas as manifestações patológicas descritas e classificadas
pelo autor como decorrentes de falhas decorrentes do uso/manutenção por Módulo.
Quadro 5 – Manifestações patológicas decorrentes de falhas de execução nas edificações da Moradia Estudantil da UFSCar (adaptado de FORTES, 2009)
Manifestações patológicas descritas
Mó
du
lo 3
Mó
du
lo 4
Mó
du
lo 5
Mó
du
lo 6
Mó
du
lo 7
Mó
du
lo 8
Fachada/ Área Externa Corrosão das janelas exterior
Área Interna
Destacamento do revestimento do piso cerâmico
Destacamento da pintura devido a umidade na parte inferior das paredes
Instalações Vazamento nos sifões das pias de cozinha e casa de banho
As Figuras 18 a 25 mostram exemplos de problemas (manifestações patológicas)
nas áreas internas e externas dos Módulos que compõem a Moradia Estudantil da UFSCar.
Figura 18 – Infiltração em laje de Bloco do Módulo 3
62
Figura 19 – Presença de umidade em parede de Bloco do Módulo 4
63
Figura 20 – Forro danificado com exposição de instalação elétrica de chuveiro em Bloco do Módulo 5
64
Figura 21 – Presença de bolor em forro de Bloco do Módulo 5
65
Figura 22 – Pintura danificada em parede externa do Módulo 5
66
Figura 23 – Presença de infiltração em parede externa do Módulo 5
67
Figura 24 – Pisos danificados em banheiro de Bloco do Módulo 4.
68
Figura 25 – Piso solto em sala de Bloco do Módulo 5
69
6.4.4. Iluminação
Tanto as condições de iluminação natural quanto de iluminação artificial dos
diferentes cômodos que integram os Blocos da Moradia estudantil da UFSCar foram bem
avaliadas, tendo sido consideradas boas e ótimas pela maior parte dos entrevistados para a
sala, os quartos e o banheiro. Somente a iluminação natural da cozinha foi classificada como
regular pela maioria dos moradores. Uma análise das plantas baixas de diferentes Módulos
permite perceber que os cômodos são normalmente pequenos e com janelas voltadas, muitas
vezes, para pátios internos ou áreas de menor insolação, especialmente nas construções mais
antigas. Entretanto, nota-se pelos resultados, que a iluminação artificial, bem dimensionada,
compensa as falhas da iluminação natural, conforme detalhado no Gráfico 13.
Gráfico 13 – Número de entrevistados segundo avaliação sobre condição de iluminação natural e artificial nos cômodos da Moradia Estudantil.
6.4.5. Conforto térmico
Os entrevistados foram questionados a respeito das condições que garantem
conforto térmico aos moradores – a temperatura no interior dos Blocos em diferentes estações
70
do ano (verão e inverno) e a ventilação nos diferentes cômodos (sala, quartos, cozinha e
banheiro).
A temperatura ambiente foi avaliada de forma quase semelhante no verão e no
inverno. Nota-se uma melhor, ainda que de forma discreta, avaliação da temperatura no verão
em relação à temperatura no inverno, conforme detalhado no Gráfico 14.
Gráfico 14 – Número de entrevistados segundo avaliação sobre temperatura ambiente em diferentes estações do ano.
Já a ventilação nos diferentes cômodos foi bem avaliada pela maioria dos
entrevistados para a sala, os quartos e a cozinha. Entretanto, a ventilação do banheiro foi
considerada insatisfatória por 66% dos entrevistados, conforme demonstrado no Gráfico 15.
71
Gráfico 15 – Número de entrevistados segundo avaliação sobre condição de ventilação nos diferentes cômodos.
6.5. Outros aspectos citados nos depoimentos
Ao responder a última questão do instrumento de coleta de dados, os entrevistados
foram estimulados e tiveram a oportunidade de registrar suas fantasias e desejos a respeito da
Moradia Estudantil. Ao completar a frase “Eu gostaria que a Moradia Estudantil da
UFSCar...”, os alunos abordaram diferentes aspectos de sua vivência como beneficiários do
Programa de Bolsa Moradia da Universidade. Alguns utilizaram a oportunidade para
simplesmente elogiar o Programa e a Moradia Estudantil. Outros reconhecem que são
necessárias melhorias, mas ressaltam seu importante papel para permitir a permanência do
aluno na Universidade:
“na verdade, acho que a moradia da UFSCar é muito boa, comparada com
outras das quais tenho notícias.”
“continuasse assim.”
“não só porque preciso, mas por que é muito legal e a instalação ótima!!!!!”
72
“só tenho que agradecer, pois a moradia da UFSCar sempre me ajudou, sem
ela não seria possível minha permanência na Universidade.”
“pra mim está tudo ok”
“todas as suas características são positivas.”
“continuasse sendo esse lugar onde me sinto como em casa, porém com
algumas pequenas modificações que podem fazer dela um lugar ainda
melhor.”
“(...) No mais eu acho o alojamento da UFSCar muito bom, acredito que se
soubermos preservar aquilo que nos é emprestado e aprender a respeitar
esse espaço não haverá problemas.”
“continuasse melhorando como está”
“fosse ainda mais confortável”
“fosse um pouco maior, os quartos pelo menos, mas agradeço pelo que
temos!”
“fosse um exemplo para a comunidade acadêmica e uma prioridade da gestão
administrativa da UFSCar. Sem dúvida são louváveis os esforços
empenhados pelas últimas gestões para ampliar o acesso de camadas
populares à Universidade, entretanto, quando o assunto é a permanência
ainda precisamos melhorar muito.”
Com relação ao projeto arquitetônico das edificações, um entrevistado destacou o
desejo de que fosse elaborado considerando as reais necessidades dos estudantes
universitários:
“fosse pensada com base nas necessidades de conforto e paz que os estudantes
carecem e precisam para estudar e ter boas noites de descanso. A
Moradia deve ser realmente um lugar de morada, e não o termo
passageiro que nos remetemos quando se fala "Aloja". Parecem que se
esquecem [sic] que ficamos muito tempo longe de casa, que criamos uma
segunda casa aqui. enfim, que a moradia se parecesse mais com uma
moradia, não com um alojamento, que pressupõe que o estudante fique a
maior parte do tempo fora de casa e só volte para dormir e comer.”
73
Outros entrevistados registraram sua expectativa de que as opiniões por eles emitidas
para esse estudo e em outras oportunidades sejam efetivamente consideradas pela
Universidade para melhorar as condições de moradia e para que os novos projetos não
repitam os erros e problemas encontrados nas edificações já existentes:
“... de fato levasse a sério o tempo dos alunos que foi gasto nas respostas deste
questionário.”
“levasse em conta estes questionários que tomou [sic] um certo período de
tempo da vida dos estudantes da moradia.”
“..seguisse três princípios: (...) atender todas as necessidades dos moradores
quanto às moradias, sempre que possível; e espero que todas as
informações coletadas sejam de grande valia.”
“(...) Por último.... Eu gostaria que a moradia da UFSCar ouvissem [sic]
nossas opiniões.”
Outro tema levantado foi o da preocupação com a sustentabilidade das edificações:
“tivesse uma boa forma de esquentar a água do chuveiro para não mais
disperdissar [sic] muitos litros de água até que essa se esquente.”
“que os chuveiros (que já são ótimos inclusive nos modelos) também tivessem
a opção de aquecimento elétrico, ou seja, nos dias quentes pudéssemos
usar o aquecimento solar com aquele modelo de chuveiro mesmo que é
muito bom, e nos dias frios que aquecimento pudesse ser feito através de
uma resistência elétrica derrepente [sic] poderiam ser dois chuveiros no
mesmo banheiro, já que no inverno com certeza iremos sofrer.”
“(...) Assim, eu gostaria que a Moradia Estudantil da UFSCar se tornasse um
exemplo de sustentabilidade e formação político-humanizadora (com
práticas ecológicas incorporadas desde os projetos dos prédios, gestão
de resíduos, aproveitamento de energia e reuso de água, até as relações
entre as pessoas, assistentes sociais e demais segmentos da
universidade). Desta forma, acredito que a UFSCar fará jus ao Plano
Nacional de Assistência Estudantil, garantindo ao estudante
universitário um direito uma vez que se trata de relevante serviço
público prestado ao país. Pois o estudante que vive ali é o mesmo que,
desenvolvendo ciência e tecnologia, fazendo pesquisas e extensão,
74
representa a Universidade e contribui para a construção de uma
sociedade mais justa, igualitária e sustentável. (desculpe ter escrito
tanto, mas estou deixando a moradia e a UFSCar e sempre completei a
frase a moradia que eu quero é...)”
“construções mais sustentáveis (lembrar do aquecedor solar mau [sic]
dimensionado e compra de chuveiros elétricos)”
Uma das dificuldades relatadas com maior freqüência e uma necessidade expressa
por muitos dos entrevistados dizia respeito às condições para a higienização de suas roupas:
“tivesse mais maquinas para lavar roupas.”
“Acredito que poderia melhorar algumas coisas, acho que a lavanderia
poderia ser arrumada. Porém acho que não deveria colocar mais
máquinas ou tanquinhos, pois as pessoas não contribuem e quebram.”
“no meu módulo fosse implementado um tanque para que podamos [sic] lavar
roupa”
“tivesse melhores condições pra lavar roupa (tanquinho na lavanderia)”
“melhorasse as lavanderias”
“tivesse máquinas de lavar roupa!”
“ Mais uma lavanderia, e reparo nas máquinas quebradas. Foram construídas
2 lavanderias com 2 tanquinhos em cada. No ultimo ano criaram 2
módulos novos, e nenhuma outra lavanderia foi construída, ao contrário,
2 dos 4 tanquinhos estão quebrados, são 2 tanquinhos para
aproximadamente 483 alunos (pelas minhas contas).”
“Poderíamos também, ao invés de lavanderias coletivas (que não são uma por
módulo mas na verdade, se não me engano 2 para 8 prédios com um
número pequeno de tanquinhos, varais e tanques) tivéssemos uma
lavanderia por módulo ou mesmo, o que seria ainda melhor, uma
maquina de lavar roupas ou mesmo um tanquinho em cada apartamento
(acaba que perdemos muito tempo lavando roupas na mão,
disperdiçamos [sic] muita água e produtos de limpeza e nunca temos
oportunidade de ultilizar [sic] os tanquinhos mecânicos das únicas duas
lavanderias pois sempre estão em uso, muitas vezes pra lavar apenas
75
uma única peça de roupa, fora que não há espaço para estender as
roupas para secar e temos que amarrar varais na frente das portas de
entrada do apartamento);”
“A lavanderia poderia também ser melhorada com máquinas novas para
contemplar o aumento da demanda que ocorreu quando da mudança dos
alunos que ocupavam o alojamento velho.”
“tivesse uma lavanderia decente, com máquinas de lavar ou então centrífugas,
para melhor secagem das roupas (com uma formação ou até punição e
observação dos guardas) para que fossem bem cuidadas e não ficassem
como estão hoje os tanquinhos (2 deles estão em péssimo estado, sendo
que 1 está totalmente destruído);”
“tivesse máquinas de lavar com centrífugas, tivesse mais varais,”
“tivesse máquinas de lavar roupa cujo uso fosse monitorado;”
“melhorasse a área de lavanderia, pois temos muitas máquinas estragadas e
pouca manutenção”
“e área de servisso [sic] maior também.”
De fato, como pode ser observado nas Figuras 9, 10, 13, 14 e 22, não apenas as
instalações e equipamentos disponíveis para lavar as roupas são insuficientes, conforme
relatado, mas a falta de espaço adequado para colocar as roupas lavadas para secar leva
muitos moradores a pendurar varais nas áreas de circulação e acesso aos Blocos, expostas de
maneira inadequada e sem segurança. Nesse aspecto, as queixas dos entrevistados corroboram
os resultados encontrados por Zancul e Fabrício (2008), em trabalho realizado sobre imóveis
destinados à moradia de estudantes nas imediações do campus da USP, na cidade de São
Carlos, que apontou essa, entre outras, como uma das principais inadequações deste tipo de
edificação.
Finalmente, alguns entrevistados completaram a frase “Eu gostaria que a Moradia
Estudantil da UFSCar...” com comentários genéricos, referentes à valorização da Moradia
pela Universidade e pelos próprios moradores.
“tivesse mais atenção da Universidade.”
76
“fosse como a casa dos meus pais.”
“fosse levada a sério!”
“fosse vista como um lar para os alunos e não como um lugar onde eles
apenas dormem”
“fosse mais democrática na hora de resolver os problemas que ocorrem na
moradia, não privilegiando os alunos de acordo com o período em que
se encontram no curso.”
“fosse um local que todos pudessem considerar como suas próprias casas
realmente, e assim respeitassem todas as pessoas que moram na moradia
e vivem as mesmas coisas na faculdade.”
“fosse também residência do reitor, do prefeito universitário, do engenheiro
da construção e todos que estejam envolvidos diretamente no
planejamento, construção e administração da moradia estudantil.
Somente assim as devidas providências podem ser tomadas com
rapidez.”
77
7. Conclusões
A análise das respostas apresentadas pelos participantes do levantamento de dados
e a observação da condição das edificações que compõem a Moradia Estudantil permitiram
verificar os fatores avaliados de forma positiva ou de forma negativa.
Foram avaliados positivamente:
• a quantidade e a disposição das instalações elétricas;
• a quantidade e o funcionamento das instalações hidráulicas (chuveiros, vasos sanitários e
lavatórios);
• a iluminação natural e artificial das unidades habitacionais;
• a ventilação nas salas, quartos e cozinhas;
• a função social que a Moradia cumpre, ao permitir a permanência dos alunos na
Universidade.
Entretanto, foram avaliados negativamente:
• a gestão da distribuição e do controle de ocupação das vagas disponíveis pela UFSCar;
• a segurança contra roubos, assaltos e presença de pessoas estranhas, incluindo supostos
traficantes de drogas;
• a conservação das áreas comuns e áreas externas aos edifícios;
• o excesso de ruídos incômodos, tanto internos quanto externos às edificações;
• a conservação das instalações hidráulicas, com presença relatada de mau cheiro nos ralos
e vazamentos em torneiras e vasos sanitários;
• a condição de conservação da infraestrutura de alguns Blocos, que apresentam
manifestações patológicas variadas, sendo as mais presentes as infiltrações, presença de
umidade nas paredes e nos forros e paredes internas com pintura danificada;
78
• a ventilação dos banheiros;
• as condições disponíveis para a higienização de suas roupas.
Os aspectos positivos e negativos analisados permitem concluir que há problemas
que merecem a atenção dos gestores da UFSCar. Entre eles estão a necessidade de:
• maior controle, por parte da Universidade, com relação à distribuição e ocupação das
vagas destinadas à Moradia Estudantil, de forma a evitar casos de superlotação de
Blocos e/ou da existência de vagas ociosas;
• investimentos e adoção de procedimentos com vistas a proporcionar aos moradores
maior tranqüilidade com relação à segurança contra roubos, assaltos e presença de
traficantes;
• normatização do comportamento e utilização de tecnologias construtivas que melhorem
o isolamento acústico, visto que o excesso de ruídos é uma das principais queixas dos
moradores;
• maior cuidado na manutenção das instalações hidráulicas, que apresentam problemas
como mau cheiro nos ralos e vazamentos;
• ações corretivas nas edificações existentes e maior cuidado na elaboração de novos
projetos, de forma a corrigir/evitar diversas manifestações patológicas (estruturais ou
funcionais) observadas, melhorando as condições de ventilação, especialmente nos
banheiros, e as áreas de serviço, destinadas à higienização de roupas;
• adoção, nos novos projetos e nas edificações já implantadas, de medidas que tornem a
Moradia Estudantil sustentável, especialmente quanto ao melhor dimensionamento do
aquecimento solar para os chuveiros (evitando o desperdício de água), com sugestões de
instalação de chuveiros elétricos adicionais, para serem utilizados de forma alternativa
nos períodos mais frios, além de medidas que permitam o reuso de água, o
aproveitamento de energia e a gestão de resíduos.
79
O Quadro 6 mostra uma síntese conclusiva das variáveis avaliadas neste trabalho,
bem como os resultados encontrados e as ações propostas para a melhoria das condições
encontradas.
Quadro 6 – Síntese conclusiva das variáveis avaliadas – resultados e ações para melhoria
Fatores Avalia-
dos Variáveis verificadas
Resultados/ Avaliação da maioria dos
Moradores Ações para melhoria das condições avaliadas
Sóci
o-ec
onôm
icos
Sexo Diferença não significativa
-
Origem Menos de 300 km -
Tempo de moradia Menos de 3 anos -
Infr
aest
rutu
ra, s
uper
estr
utur
a e
área
s liv
res
Segurança Insatisfeitos Controlar acesso e presença de estranhos
Segurança contra acidentes Regular a satisfeitos -
Conservação áreas comuns Insatisfeitos Higienizar mais frequentemente e maior cuidado dos moradores (depredação)
Ruídos internos e externos Insatisfeitos Normatizar a convivência e melhorar isolamento acústico
Instalações hidráulicas Satisfeitos Efetuar manutenções com maior frequência
Instalações elétricas Satisfeitos Maior disponibilidade de tomadas
Conservação edificações Insatisfeitos Maior qualidade no processo construtivo e maior cuidado por parte dos moradores
Con
fort
o am
bien
tal Iluminação natural Satisfeitos Melhorar condições de iluminação natural
Iluminação artificial Satisfeitos Melhorar condições de iluminação natural
Conforto térmico Satisfeitos Melhorar ventilação dos banheiros
Out
ros
fato
res Projeto arquitetônico Insatisfeitos
Considerar reais necessidades dos estudantes (conforto, isolamento acústico, espaço)
Sustentabilidade Insatisfeitos Dimensionar melhor o aquecimento solar, instalar chuveiros elétricos, reutilizar água
Áreas de serviços Insatisfeitos Melhorar condições para lavar, secar e passar roupas
80
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9. APÊNDICE 1 – Correspondência enviada ao Departamento de
Serviço Social da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e
Estudantis
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10. APÊNDICE 2 - Questionário eletrônico para coleta de dados
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11. APÊNDICE 3 – Mensagem eletrônica enviada em 29/10/2009
aos alunos beneficiários de bolsa-moradia no ano de 2009
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12. APÊNDICE 4 – Mensagem eletrônica enviada em 24/11/2009
aos alunos beneficiários de bolsa-moradia no ano de 2009
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