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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
OS NÚCLEOS DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA SOB A ÓTICA DA GESTÃO DE
PROJETOS
POR ALESSANDRO DA COSTA MACHADO
ORIENTADOR
PROF. LUÍS CLÁUDIO LOPES ALVES
RIO DE JANEIRO
2011
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
OS NÚCLEOS DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA SOB A ÓTICA DA GESTÃO DE
PROJETOS
APRESENTAÇÃO DE MONOGRAFIA À AVM
FACULDADE INTEGRADA COMO REQUISITO
PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
ESPECIALISTA EM GESTÃO DE PROJETOS.
Por ALESSANDRO DA COSTA MACHADO
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Deus de minha fé,o qual tem
sido comigo à medida que sou com ELE.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a aqueles providos de espírito ousado,visio- nário e que ainda po- dem fazer a diferença no mundo.
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RESUMO
A educação no Brasil é considerada um dos maiores gargalos que retardam o desenvolvimento do país.Apesar do elevado capital humano em atividade nas instituições públicas de ensino, sobretudo nas universidades, tal valor é limitado pela precária estrutura física que hoje está “à disposição” tanto de alunos, quanto de professores.Os repasses de recursos governamentais não conseguem chegar a nível satisfatório até o seu destino final, tornando inviáveis os cursos técnicos, de graduação e pós-graduação que venham a depender de estúdios,centros cirúrgicos,oficinas,computadores e todo o ferramental necessário para que os conceitos aprendidos em sala de aula possam se traduzir em produção prática de mão-de-obra especializada.
Diante dessa realidade, a iniciativa privada pode e deve ocupar este vácuo deixado pelo poder público, em que pese a dimensão de nosso território, as novas tecnologias de educação à distância (EAD) são ferramentas poderosas para potencializar o alcance de qualquer organização de ensino em escala nacional que se proponha a investir recursos na concepção de cursos tanto a nivel médio/técnico quanto superior.Expeirências de corporações pioneiras nesta modalidade de ensino já constataram que o setor é mercadológicamente viável e animadoramente promissor.
Assim sendo, as organizações tradicionais de ensino presencial, para maximizar sua receita e sobreviver no mercado ante a atuação implacável da concorrência, necessita desmistificar, a idéia de que esta nova opção de ensino não possa ser vantajosa.Os chamados núcleos de educação à distância (NEAD’s), se constituídos com recursos financeiros, humanos e tecnológicos próprios e adequados com certeza revelar-se-ão como principal via de faturamento e exposição da marca da empresa.
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METODOLOGIA A consumação deste estudo percorreu o caminho da pesquisa bibliográfica pela consulta de obras técnicas que contemporaneamente abarcam os diversos aspectos que fazem da educação à distância mais do que o seu evidente alcance pedagógico.Dissertar a respeito de sua vertente mercadológica, é interar-se a respeito da produção tecnológica de instituições como o LATEC \ UFRJ cuja expertise é aqui tomada como exemplo.Na elaboração do corpus da presente pesquisa foram observados ainda métodos de gestão das tecnologias educacionais adotadas atualmente, além de constatações e interpretações realizadas em sites das associações de classe e empresas do setor e ainda através da leitura de artigos da imprensa especializada.
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SUMÁRIO
Introdução 8 Capítulo I – O início da idéia 9 Capítulo II – A concepção sistemática do EAD 12 Capítulo III – A criação e organização específica de sites e ferramentas 17
3.1 O Ambiente Virtual de Aprendizagem 22 3.2 A experiência do LATEC \ UFRJ 24
Capítulo IV – A viabilidade mercadológica do EAD 26 Capítulo V –As etapas de construção do núcleo de educação à distância 36 5.1 Planejamento para a implantação 36 5.2 Os Custos 37 5.3 Os Meios de comunicação 39 5.4 A Tecnologia 40 Conclusão 41 Referências Bibliográficas 43
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INTRODUÇÃO A universidade desde a antiguidade é apontada como celeiro do saber, ainda que
esse status não venha a ser exclusivo, sempre foi, de fato, a maior vitrine por onde
parte da humanidade se volta para encontrar respostas que venham se apresentar
como contraponto ante o determinismo exposto pelas religiões e seus códigos de
regras.Durante os séculos, o conhecimento acadêmico posicionou-se de forma
decisiva no desvendamento dos grandes mistérios que habitavam o pensamento
dos homens, notadamente à época renascentista quando grandes nomes da
ciência como Galileu, jogaram por terra dogmas e impuseram limites ao monopólio
do conhecimento exercido pela igreja ainda que com o martírio da própria vida.
Nos dias de hoje esse contraponto,em nossa modernidade tardia, aqui está, em
que pese a perceptível introdução de células fundamentalistas em setores a que o
pensamento científico está atrelado, mesmo assim a existência do sagrado e do
que é científico torna-se necessário para o suporte de um tênue equilíbrio de
forças que existe desde o princípio dos tempos.A sala de aula é antes um conceito
do que uma materialidade, sua concepção vem sofrendo alterações substanciais,
sua existência não é imprescindível para que se construa a relação
mestre/aprendiz.Na Grécia antiga, por exemplo, os filósofos ensinavam seus
alunos ao ar livre, e os mestres distinguiam-se apenas por seu conhecimento e
atitude diante dos demais, diferentemente de uma sala onde o professor é
facilmente identificado por sua posição, seja em um tablado ou em uma grande
mesa à frente da sala.O advento da internet nos trouxe uma nova fronteira nas
relações humanas, aproximando quem está distante e paradoxalmente afastando
quem está próximo, mas como todo o engenho que projetamos existem os “prós”
e “contras”, assim o bom senso deve prevalecer a fim de aproveitar aquilo que
esta nova ferramenta tem a oferecer de positivo.A mudança tornou-se mais célere,
ou seja, o que é novidade e vanguarda hoje já não o é amanhã, tomos somos
desafiados de alguma forma a reinventar-nos em nosso dia-a-dia e a confiança
que antes era estabelecida com a tradição da manutenção dos mesmos processos
e práticas, hoje já é vista como falta de ousadia, conformismo e até como falta de
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compromisso com o crescimento da organização.O avanço tecnológico e a
qualidade da intervenção humana devem andar em perfeita sintonia, pois ai está
em jogo a sobrevivência de empresas e estados.Neste contexto a educação se
insere para redimensionar sua prática docente, ampliar seu alcance e se
estabelecer como vetor de inclusão e justiça social, com o nascimento e
principalmente com a regulamentação da educação à distância (EAD) em território
nacional através da lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 a então chamada lei
de diretrizes e bases da educação e pelo decreto nº 5.622 de 20 de dezembro de
2005,o qual, preconiza que deve haver paridade quanto à duração deste em
relação ao ensino presencial, aproveitamento de conteúdo do ensino convencional
para o EAD e vice-versa para efeitos de transferência, além de normatizar o
credenciamento das instituições e oferta dos cursos e ementas para a nova
modalidade.Os dispositivos legais regulamentam uma nova fronteira da prática
docente e também um promissor nicho de mercado a ser potencialmente
explorado pelas corporações educacionais.Podemos assim perceber nessa nova
modalidade benefícios como uma vantajosa relação custo-benefício, uma vez que
pela amplitude da proposta de ensino, através da WEB é possível abarcar um
número muito maior de alunos do que pelo ensino presencial, é como se houvesse
em cada cidade brasileira uma filial da universidade sem a necessidade de se
construírem representações físicas da instituição, apenas pólos regionais
terceirizados.Há ainda uma dinamização do ensino já que o conteúdo pode ser
atualizado em tempo real, caminhando no mesmo ritmo com aquilo que é
preconizado a ser aprendido junto aos grandes centros do saber
mundial.Finalmente temos o aspecto da mobilidade, aspecto crucial para nossos
tempos de hoje, em uma sociedade competitiva, de conceitos mutáveis, onde a
renovação de idéias e práticas é uma regra e não exceção.
Através desta plataforma, muitos brasileiros que residem em regiões de
difícil acesso podem ter acesso a centros universitários de excelência como por
exemplo,cidades do interior do estado do Rio de Janeiro desprovidas de campus
universitário já podem através do CEDERJ,que é um consórcio integrado por
instituições públicas,cursar uma faculdade gratuitamente através da WEB.O
alinhamento entre teoria e prática tornou-se mais concreto,uma vez que o aluno
tem a opção de não se afastar do local de trabalho para assistir às aulas quando o
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curso em questão é de interesse da empresa que trabalha.Assim, cada
universidade iniciou seu planejamento específico para atender esta nova demanda
através da implantação dos núcleos de educação à distância (NEAD’s).
É prudente ainda observar que ensino à distância e educação à distância
possuem perspectivas que embora semelhantes possuem incidências distintas,
enquanto que a primeira, segundo (LANDIM, 1997 ) está relacionada ao
adestramento e a instrução, a segunda remete ao processo de ensino-
aprendizagem, ou seja à prática educativa, levando o aluno a aprender a pensar,
construir conhecimentos a partir de sua realidade a fim de que tal aquisição de
saber o auxilie em seu crescimento como um todo.
Estudos de viabilidade foram encomendados e identificou-se a
popularização no manuseio do computador e por conseqüência da internet por
parte de uma parcela cada vez mais crescente da população.O aspecto temporal
assume destaque nesta nova fronteira de ensino e reinventa a relação
professor\aluno uma vez que a aula presencial necessita da presença ao mesmo
tempo de todos os envolvidos no mesmo ambiente físico, ao passo que a EAD
pode assumir o assincronismo como característica principal de relação de
ensino\aprendizagem.Tal aspecto ao colocar tutor e aluno em tempos distintos no
ambiente de aprendizagem, leva este último a ser incentivado a estudar de forma
mais independente, desenvolvendo o gosto pela investigação e levando ao mestre
dúvidas realmente importantes.
Confirmado o retorno positivo deste novo nicho de mercado, foram sendo
implementadas políticas e práticas no sentido de modernizar a condução do
ensino técnico e principalmente superior nas diversas instituições de nosso
estado.O ensino à distância preconiza uma disposição de estrutura que difere
substancialmente da modalidade presencial, vindo a ofertar cursos de diversas
naturezas pelo fato de seu alcance geográfico ser muito maior, respeitando-se é
claro a vocação econômica e especificidades de cada região.Assim em nosso
estado podemos encontrar grupos muito diferentes entre si e com expectativas de
vida totalmente díspares, fazendo-se necessária uma pesquisa prévia para
localizar o potencial das pessoas daquela área.
Grande parte desta perspectiva de crescimento na área de EAD deve-se à
desestatização do setor de telecomunicações no Brasil,ou seja, a partir da
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promulgação da lei nº 9.472 de 16 de julho de 1997 ocorreu a abertura do
mercado no setor e diversas empresas privadas principalmente européias,
decidiram investir no país, gerando concorrência, acesso a novas tecnologias e
queda no valor dos serviços prestados.Tal decisão do governo mostrou-se
acertada pelo fato do mercado interno crescer exponencialmente e assim garantir
o atendimento da demanda, principalmente pelos indicadores econômicos
confirmarem a consolidação do plano real, aumentando o poder de compra dos
brasileiros.
Através de informações colhidas pelos censos da educação superior,
promovidos pelo INEP / MEC durante a última década constatou-se uma evidente
curva descendente no número dos alunos admitidos nos cursos de graduação
presenciais no Brasil e o estado do Rio de Janeiro como importante ente da
federação não fugiu a este fenômeno.Em 2003 o crescimento foi de 9% e em 2008
foi de apenas 3,5%,mesmo que ainda o universo do ensino presencial ainda
represente expressiva maioria no que se refere aos calouros nas universidades,
essa desaceleração no número de matrículas convencionais acendeu o sinal
vermelho naquelas instituições que até então não mapearam esta tendência de
mercado, que aliás, já saiu do campo hipotético para se transformar em realidade
duradoura.Na outra ponta do gráfico, as matrículas dos cursos de graduação na
modalidade à distância chegaram em 2008 com elevação de 53% em comparação
ao ano anterior.
Ao educador cabe uma fatia importante de responsabilidade pelo sucesso
desta iniciativa de educação que anda junto à nossa sociedade pós-moderna, se
estes pretendem alavancar suas carreiras, permitindo sua sobrevivência enquanto
profissionais, é imperioso o aprendizado das novas práticas docentes a fim de pôr
o sistema em movimento.A partir daqui não se trata apenas de “ensinar” mas de
“aprender junto”, porque ao aluno nos dias de hoje é conferido, informalmente um
status de co-autor do conteúdo, onde vários profissionais estimulam a pesquisa
para que determinada matéria possa ser enriquecida com adaptações mais
próximas de suas realidades e,portanto, mais úteis no dia-a-dia.A figura do tutor é
de grande importância na interface dos alunos junto à instituição, qualidades como
autenticidade,empatia,cultura social e estabilidade emocional são muito
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importantes quando percebidas e estabelecem um ambiente de confiança para o
desenvolvimento do aprendizado.
Neste trabalho serão abordadas as origens desta modalidade de
ensino,suas bases sistêmicas,iniciativas que deram certo e questões de
viabilidade econômica desta nova vertente de negócio, as perspectivas do
mercado especializado,a superação de “pré-conceitos” além de uma visão
pormenorizada das etapas de seu desenvolvimento.A análise de todos estes
fatores determinará ao final deste estudo a constituição de um retrato de amplas
possibilidades para a exploração do setor e confirmará sua posição de vanguarda
no redimensionamento das práticas e métodos docentes empregados até os dias
atuais.
13
CAPÍTULO I
O INÍCIO DA IDÉIA
A educação à distância no Brasil e particularmente no Rio de Janeiro teve
como precursores Edgard Roquete Pinto e Henrique Moritz com a fundação da
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1923, a qual, transmitia programas de
literatura, radiotelegrafia, telefonia e ensino de idiomas.Contudo o contexto político
da década de 30 era conturbado e as autoridades federais temiam por possíveis
conteúdos de cunho subversivo tendo em vista que o rádio alcançava a grande
maioria da população.Começaram a ocorrer pressões políticas para que a
instituição mudasse seu perfil, inclusive por exigências de difícil execução tendo
em vista a inexistência de fins lucrativos.Assim, vencidos pela realidade
insustentável, em 1934 seus idealizadores doaram a rádio ao então recém criado
ministério da educação e saúde, tendo Gustavo Capanema como titular da pasta,
passando então a denominar-se rádio-escola municipal do Rio de janeiro,sob a
tutela de Anísio Teixeira à frente da então secretaria de educação do Distrito
Federal.Até 1930, de forma inexplicável, inexistia um ministério que se voltasse
para a educação nacional.
Roquete Pinto é convidado e convencido a permanecer no projeto
idealizado por ele mesmo, agora sob a tutela do governo federal.Iniciam-se as
aulas à distância por meio das ondas radiofônicas, seguindo o currículo padrão da
escola elementar, com o auxilio de Beatriz Roquete Pinto,Israel Pinheiro, A . Diniz
e Ilka Labarte, os quais,realizando o papel dos tutores de hoje, ao microfone
ensinavam a matéria.Para que o ensino não se demonstrasse abstrato demais
pela ausência física da sala de aula, a instituição fazia a distribuição, pelo correio,
de material didático antes de iniciar-se cada matéria pelo rádio.Os alunos, por sua
vez, enviavam à rádio-escola, também por via postal, as atividades atinentes ao
conteúdo, também realizavam visitas periódicas a fim de realizarem os exames de
avaliação.As diretrizes estabelecidas para alcançar as massas tinham como
referência o respeito pelas particularidades de cada região,o aproveitamento, caso
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existissem, de indivíduos capazes de realizar o acompanhamento da evolução do
desempenho dos alunos daquela área,a otimização dos recursos com a
conseqüente redução dos custos de operação e a idéia de desenvolvimento
comunitário embutida na temática das aulas.
A tarefa era monumental, uma vez que na época 75% da população vivia
no campo e o analfabetismo atingia alarmantes 80%.Mas Roquete Pinto não via
outra solução para que o país avançasse enquanto civilização e seu povo,viesse a
encontrar maneiras de se erguer enquanto sociedade.Desta forma era urgente
que se instaurassem fortes diretrizes educacionais, robustas o bastante para se
promoverem mudanças substanciais na relação entre as pessoas a ponto de se
incorporar em seu cotidiano, o gosto e a necessidade por absorver e ampliar o
conhecimento intelectual.A educação era a ponta de um projeto de nacionalidade
mais amplo que visava a superação por parte da população da realidade de
miséria e abandono.Alimentado pelos ideais positivistas de Auguste Conte, pela
convicção de que a revolução na vida do ser humano se daria por meio do
conhecimento o célebre professor foi seduzido pelos ideais igualitários do
socialismo, os quais antes e sem saber já os acalentava.Mesmo com a validação
do decreto nº 21.111 de 1º de março de 1932, que regulava a veiculação de
publicidade dentro da grade de programação e já percebendo qual seria o futuro
do rádio, Roquete Pinto seguiu adiante em seu objetivo altruísta procurando
adaptar-se à realidade de viver em um país sob o viés capitalista.Em 1946 o
serviço nacional de aprendizagem comercial (SENAC),junto com emissoras
associadas, instituiu no Rio de Janeiro a Universidade do ar, voltada ao
aperfeiçoamento do professorado leigo.As iniciativas pioneiras da época foram,
assim fundamentais para o desenvolvimento dessa nova fronteira do ensino que
desde a sua concepção sempre andou em consonância ao desenvolvimento
técnico-científico de sua época.
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CAPÍTULO II
A CONCEPÇÃO SISTEMÁTICA DO ENSINO À DISTÂNCIA A forma como as sociedades modernas estão organizadas, além de seus
constantes cenários de mudança, sobretudo tecnológicos, impõem às
organizações desafios no que se refere à compreensão e acompanhamento ante
ao surgimento de novos conceitos e práticas.Inseridos neste contexto os sistemas
educacionais, atualmente ferramentas fundamentais para a viabilização da
moderna prática de ensino, encontram-se em franco desenvolvimento, delineando
a configuração de uma nova sociedade baseada na informação em tempo real, na
constante mudança de seus parâmetros e na superação cada vez mais dinâmica
de seus dogmas.
O mundo do trabalho considerado o “motor de arranque” da vida em comunidade
é mutável e exige o constante aperfeiçoamento da engrenagem que o faz
funcionar e neste tempo em que vivemos, o desafio é a superação das práticas
fragmentadas e individualistas nas organizações.É imperioso o repensar de seu
funcionamento, uma vez que, os paradigmas de administração até então usuais
estão se ,deteriorando,ou seja, os modelos clássicos de gestão já não respondem
mais às novas demandas de produção e assim,
“(...) o enfrentamento dessa realidade provavelmente será através de estruturas
de organização que favoreçam uma verdadeira socialização das soluções de
problemas, requerendo, urgentemente, imaginar, experimentar e promover
estruturas de organizações e estilos de decisões orientadas para o
aprofundamento da democracia.(...)” (LEVY, 1998,p.119)
É na educação, particularmente em seus sistemas, que se faz necessário
alicerçar a ação destes tendo como base a implementação de redes solidárias, as
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quais desenvolverão o entendimento humano.O estabelecimento dessa sociedade
agora focada na aquisição urgente do conhecimento,identifica as novas práticas
educacionais não como uma mera novidade da modernidade, mas como o seu
trampolim para consolidar-se junto ao âmago das pessoas.
E o que se espera desta nova ordem societária? Espera-se que as
instâncias que integram o organismo social tenham como tornar produtivos tais
formas de saber.Especificamente aqui temos aspectos de gestão como
fundamentais para o desafio de se enfrentar os paradigmas retrógrados que
herdamos de sólidas raízes industriais.Hoje observa-se um movimento
transformador que envolve a informação e por conseqüência a própria
educação.Tais mudanças ensejam a atribuição de lugar cativo ao conhecimento,
levando-nos a reinventar seu papel e reordenar as novas atribuições do educador
como interlocutor deste processo.Os sistemas educativos, adaptados a essa nova
ordem, protagonizam atuação de destaque dentro desta nova sociedade da
informação.
A educação, que até alguns anos atrás era uma atividade tipicamente
juvenil, separada das demais faixas etárias, hoje é pré-requisito fundamental para
a sobrevivência de todos no cenário competitivo do mundo em que
vivemos.Aquele ou aquela que não reciclar seu conhecimento técnico, sua visão
de mundo e até seu trato com as pessoas pode invariavelmente, isolar-se, se
encontrar à margem de tudo que acontece e corre grande risco de perder tudo o
que conquistou, uma vez que tudo a nossa volta nunca é definitivo, mas
transitório, pelo menos em sua forma atual e assim transforma-se, exigindo de nós
igual mudança para ainda continuarmos a ter o direito de subsistir e continuarmos
a fazer parte do grande projeto evolucionário traçado, paradoxalmente por nós
mesmos.
O que se entende por sistema, dependendo do seu emprego pode ter como
princípio, o conjunto inter-relacionado de partes que interagem por um objetivo
comum.Ou de forma mais elaborada: “(...) pode ser o conjunto estruturado ou
ordenado de partes ou elementos que se mantêm em interação (BATISTA,
2004,p. 13). Este conceito é generalista e é adotado por diversos ramos do saber
para a introdução de informações por linhas gerais.O objetivo é estabelecer o
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diálogo interdisciplinar entre as várias áreas do saber.Tal sistemática é dividida
em:
- Sistemas abertos: Quando o meio em que é posto em prática é propício
para o fluxo de entrada e saída de informações, por meio de uma interação
eficiente com todos os limites do sistema.
- Sistemas fechados: A comunicação entre as partes é nula.Não existe
interação.
- Sistemas complexos: Quantidade maciça de componentes inter
relacionados.
- Sistemas permanentes: Sua presença é longa, geralmente por um período
de uso em torno de dez anos ou mais.
- Sistemas temporários: Sua aplicação é transitória, podendo existir por
menos de um mês.
Na década de 70 a concepção sistêmica passou a ser adotada dentro do
universo educacional e suas práticas encontram-se enraizadas até hoje em todo o
território nacional.Com o aprimoramento tecnológico, várias opções de
desenvolvimento de softwares tornaram-se acessíveis, principalmente através da
difusão da internet, como fator democrático à uma aquisição mais eqüitativa do
conhecimento.Assim as corporações educacionais vislumbraram que investir
nesses sistemas incorreria-se em aumento da oferta de vagas e principalmente
pela redução de custos por aluno.Algumas variantes conceberam o processo
criativo como algo sistêmico, outras dão enfoque às metodologias tecnológicas e
por fim outras aos aspectos pedagógicos.
É consenso dentro do meio acadêmico que o advento das novas tecnologias
da informação tornou-se importante evento na viabilização da construção de uma
nova fronteira na prática educacional, principalmente pelo fato do crescimento da
população vir acompanhada de uma consciência crescente de que a qualidade de
vida que se deseja, perpassa pelo aumento da qualidade e disponibilidade dos
serviços de ensino.A WEB é o ambiente a que se destina a construção deste
aparato e assim observa-se a transposição do conceito de sala de aula,
redimensionando-se a relação entre os diversos participantes deste
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processo.Muitos conceitos aprendidos dentro desta nova ferramenta de ensino,
devido à celeridade e a interatividade da informação,conseguem maior eficiência
quanto à infusão do que foi exposto dentro da realidade vivida pelo aluno.É
prudente, entretanto, fazer a ressalva que algumas instituições, equivocadamente
instauraram sistemas informatizados de gerenciamento muito restritos e porque
não dizer fechados, imobilizando a atuação criativa do professor, relegando-o à
condição de coadjuvante, negando seu papel de protagonista na condução do
desenvolvimento intelectual discente.
Atualmente, de forma acertada, a concepção dos sistemas para viabilização do
ensino à distância tem caminhado no sentido de evidenciar ambientes de
gerenciamento cuja interface com professores e alunos transcorra em uma
atmosfera colaborativa, incentivando trabalhos em conjunto nos chamados grupos
de estudos virtuais, na criação das bibliotecas on-line,na criação de ambiente
interno e exclusivo dos alunos para envio e recebimento de e-mails, além de
grupos alunos, os quais, podem avançar dentro da temática escolhida de acordo
com o ritmo de aprendizado de cada um.A Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro ( PUC-RIO ) criou o AulaNet, plataforma cuja estrutura disponibiliza
ferramentas que permitem estabelecer ações cooperativas integradas aos
participantes tanto professores como alunos através de estudos dirigidos,
induzindo-se à inteligibilidade da temática abordada.Tais mecanismos,tem como
base a co-autoria docente, a qual, viabiliza que o criador indique outros
professores a dividirem com o primeiro a concepção do curso, downloads para
que os participantes dos cursos possam adquirir para si as matérias lecionadas
nos mesmos, demonstrações que permitem o uso de animações como material
referencial e a co-autoria com os alunos, permitindo à estes que também forneçam
materiais a serem aproveitados na confecção das aulas.
Tal sistema dispõe de ambiente propício para a montagem de cursos com
diferentes perspectivas como cursos conduzidos (com roteiro pré-definido),
Workshops e cursos híbridos sem problemas quanto à manutenção da didática
predominante na estrutura.Arquivos do tipo PPT, Schokwave, PDF, Gif/jpg,HTML
e RM, alguns com necessidade do download de plug-ins são perfeitamente
utilizados pelo AulaNet.A ausência da sala de aula pode ser minimizada pela
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eficiência do suporte que o curso pode dispor, através de opções como grupos de
debate, os quais abordam em tempo real o assunto exposto,através do
mecanismo de chat e vídeoconferência no interior da Web Page, grupos de
interesse com assuntos selecionados dentro de uma temática mais abrangente
abordada e com o contato permanente com o professor pelo envio de e-mails para
a equacionarem-se dúvidas que possam surgir. A coordenação do curso oferecido
tem seu espaço reservado para executar a administração do mesmo pelo envio de
propaganda institucional pelo chamado “e-mail Marketing”, o calendário de provas
é gerenciado tanto para professores que executam o agendamento quanto para os
alunos, além de trabalhos e exercícios que são enviados com os respectivos
assuntos e prazos para entrega.
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CAPÍTULO III
A CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO ESPECÍFICA DOS SITES E FERRAMENTAS
O LATEC / UFRJ desde 2001 possui como uma de suas linhas de
pesquisa, o aperfeiçoamento dos conceitos e práticas que se referem ao suporte à
chamada educação on-line, direcionando seu estudo às ferramentas,
processos,plataformas e a percepção do usuário quanto à operação do
sistema.Na esteira desses estudos foram desenvolvidos alguns portais temáticos
para suporte aos grupos de aprendizagem na internet,como o Educação on-line
valendo-se de plataformas fundamentadas em software livre como o PHP NUKE,
XOOPS e por último a plataforma JOOMLA, esta em particular dá margem a um
bom nível de adaptação e personalização de conteúdo, além de importar recursos
adicionais como News Letter, fóruns entre outros.
“(...)Portais de informação são produtos da WEB 2.0, desenvolvidos a partir
de plataformas especializadas ou sistemas de gerenciamento de conteúdo,
capazes de agregar comunidades de usuários interessadas em determinados
temas ou atividades (...)” (Haguenauer, 2008,p.47)
Primordialmente podem ser classificados de acordo com a forma de uso,ou
seja, público ou privado onde o primeiro propõe-se a arrebanhar usuários em geral
e o segundo agrega um internauta focado em um filão específico de negócio.Já
pela sua destinação podem ser classificados como os especialistas, que
concentram usuários de acordo com suas aptidões e vivências; os de informação
propriamente ditos; os cooperativos que articulam e interagem dados de diferentes
procedências e aqueles de conhecimento que reúnem características dos demais.
As atividades de concepção dos portais são divididas em três momentos:
pré-projeto, implantação e manutenção.O primeiro alude ao público alvo, sendo
necessário entender seu perfil, aquilo que ele necessita e é a partir daí que são
elaboradas as estratégias que irão exercer influência no modelo de informação a
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ser criado na plataforma.São ainda definidos procedimentos de interação dos
operadores do portal entre si e em relação à equipe de desenvolvimento.O volume
de trabalho, a aceitação e assimilação do portal são definidos pelo grau de
participação do público, quando estes enviam sugestões de conteúdos, debatem e
tornam o ambiente virtual de aprendizagem dinâmico.
O cuidadoso planejamento na condução das atividades é essencial para
que em meio a um aumento da quantidade de usuários conectados, não haja uma
perda de foco naquilo que o curso em questão se propõe a realizar.Tal como no
mundo real, a dispersão é algo a ser evitado também no AVA, para não impactar
no cronograma implantado.O segundo momento diz respeito à implantação, com o
trabalho de uma equipe multidisciplinar para criação do projeto gráfico, instalação
do banco de dados, configuração das variantes de conteúdo com suas
funcionalidades, além dos aspectos de hospedagem e segurança.É preciso ainda
ajustar detalhes como banners de publicidade, uma vez que deve haver
visibilidade aos patrocinadores do projeto com estudo para retorno do capital
investido.
O terceiro e último momento é quanto aos processos de manutenção e
administração do portal, que envolvem a observância das atividades dos usuários,
a vigilância do banco de dados e a concepção e exibição dos conteúdos.Esta
última exigem pesquisas na criação das matérias, diagramação, produção e
edição de imagens e revisão de textos.Pelo fato de se lidar com um ambiente
global, a equipe pode alavancar a criação do projeto mesmo sem estar junta o
tempo todo, pela mobilidade permitida pelo sistema e assim pela possibilidade de
avaliar o alcance das informações dentro de diversas regiões.A checagem de
segurança dos servidores pode ser feita em um espaço de 1 a 3 meses na
prevenção quanto a atuação de possíveis hackers dispostos a causar prejuízos na
rede.O conhecimento das necessidades e interesses do usuário é determinante na
manutenção ou alteração dos procedimentos relacionados aos conteúdos
ministrados
A administração do portal, através da plataforma Joomla permite
acrescentar novos conteúdos, criar menus,arquivos de imagem,aplicar lay outs e
demais ações de comando e controle adotando caminhos pela área frontal do site
(front end) com envio de noticias editadas, a partir do login na página principal ou
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por trás da plataforma (beck end) adicionando novos conteúdos através de acesso
restrito ao administrador.A ferramenta ainda permite atribuir aos usuários diversos
níveis de acesso como o autor,aluno, editor e administrador.Além disso,
descartam-se problemas advindos das tarefas de programação, upgrade de
versões e segurança de software, tudo isso possibilita a contratação de equipe
menos onerosa para o projeto.Por outro lado são visíveis as ocorrências de “bugs”
como as limitações na configuração de exibição dos conteúdos, na interatividade e
número das ferramentas disponíveis, dentre outros à espera de solução.
As variantes de interação com o conteúdo e com os administradores do
portal, apresentam-se sob a forma da seção newsletter, perguntas
freqüentes,disponibilidade de contato telefônico, com equipe de atendentes, além
de recursos adicionais que a plataforma JOOMLA oferece como e-mail do criador
do assunto estudado,correção, avaliação e impressão.Nesse quesito de conteúdo,
a ferramenta revela-se diversificada e de fácil compreensão ao mais diversos
perfis de usuários, uma vez que é de fácil manuseio, em que pese ainda haver a
necessidade de se criarem estratégias visando a incentivar os participantes a
produzirem conteúdo para o portal, valendo-se das prerrogativas desta
plataforma.É observada uma certa deficiência quanto às variáveis de comunicação
em relação ao universo de usuários, mas que pode ser equacionada, adicionando-
se ações complementares como na criação de destaques de noticias na página
principal do portal, a troca de informações via e-mail ou ainda o incremento de
plugins nos fóruns de discussão.
3.1 O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (AVA)
O desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, mediadas pelas novas
tecnologias da comunicação, no cenário de uma sociedade cuja validade das
reações se esgota quase que em tempo real, precisa também de um espaço
passível de engendrar alterações constantes, com flexibilidade para adquirir em
seus sistemas hospedados características que possibilitem o condensamento de
teorias e práticas que venham a surgir de momento, as quais, o mercado exigirá a
fim de manter o alto nível de competitividade entre as empresas.A velocidade e o
23
dinamismo pela constante exigência de aumento de resultados, inovação e
manutenção da excelência da qualidade, faz com as empresas busquem cada vez
de forma mais precoce, jovens talentos que nem sequer chegaram à metade da
universidade.
Assim sendo, o chamado ambiente virtual de aprendizagem pode tornar-se,
aliás como já vem se tornando, no território ideal para o ensaio dessas novas
práticas sejam pedagógicas ou gerenciais.Através do amadurecimento de
conceitos, técnicas e pelo aperfeiçoamento constante dos resultados.São
formadas por páginas na internet, dotadas de links e hipertextos que conduzem o
aluno no desenvolvimento da matéria apresentada.Algumas empresas firmam
parcerias com instituições superiores de ensino, para que estas, entre outras
iniciativas, apliquem estudos de caso a respeito de projetos passiveis de
implementação destas mesmas corporações, assim tem-se à disposição um
grande celeiro de idéias e percepções diversas sobre um mesmo assunto.O
conteúdo é preparado de forma a levar o aluno a refletir sobre a problemática que
é apresentada, tornando-se um eficiente meio de prepara-lo já no interior de uma
realidade com a qual se vive atualmente.
A arquitetura pode ser implantada por servidor dotado de softwares de código
aberto e livre como por exemplo, o sistema operacional Linux, o gerenciador de
banco de dados MySQL e uma linguagem de programação Web PHP.A partir de
então, a matéria é exibida em forma de vídeo, slide ou por meio de texto, com
aplicação de exercícios com espaço on-line tanto para sua execução quanto para
dirimirem-se as dúvidas, que devem ser sanadas através dos recursos
comunicativos e interacionais disponíveis pelo sistema.O docente não precisa ser
um expert em sistemas de computação para navegar neste ambiente, basta que
este recorra à chamada ferramenta gerenciadora de curso, aplicativo presente sob
diferentes apresentações em todas as plataformas de ensino à distância.Portanto,
não cabe aqui nenhum tipo de temeridade por parte do docente quanto à
operação do curso virtual,todavia atentando-se sempre quanto ao constante
aperfeiçoamento de suas práticas relacionadas às constantes mudanças por que
passam todas as plataformas WEB presentes no mercado.
24
Para que o AVA continue como receptáculo eficiente para a produção de
conhecimento faz-se necessária a constante análise de resultados inerentes ao
funcionamento do mesmo, através de pessoal especializado, como uma
consultoria educacional ou por quadro permanente de técnicos.Dentro do
ambiente de avaliação do sistema são levados em conta aspectos como
ferramentas disponíveis, se estas foram ou não úteis para se possibilitar entre os
alunos interação e colaboração; detecção de dificuldades na expressão escrita a
respeito de dúvidas;o alcance de uma flexibilidade na programação de horários
para estudo;a carência de entendimento para interpretação de leitura
independente;Dificuldades em manusear a própria WEB a partir de sua própria
máquina;falta de foco para esgotar o assunto abordado e a dificuldade de
interação com coletas, sobretudo nas atividades dirigidas em grupo.
3.2 A EXPERIÊNCIA DO LATEC \ UFRJ
No Laboratório de pesquisa em tecnologias da informação e da comunicação
da Universidade Federal do Rio de Janeiro ( LATEC \ UFRJ ), são realizados
estudos a respeito dos chamados ambientes virtuais de aprendizagem (AVA).Seus
pesquisadores dedicam-se intensamente no aprimoramento de conceitos e
técnicas e na revisão constante de práticas relativas à viabilização desse novo
ambiente.A partir dos chamados sistemas de gerenciamento da aprendizagem
(SGA), pelos sistemas de gerenciamento de conteúdo (SGC), pela investigação
das linguagens dos sistemas multimídia através do hipertexto,hipermídia e
hípervídeo, pelos objetos de aprendizagem e recentemente pela incorporação de
conceitos e técnicas de realidade virtual (RV), o conhecimento angariado pode
convergir para a elaboração de produtos como os jogos educativos on-line, cursos
de extensão, pós – graduação e demais aplicações no universo educacional.
De todos os elementos citados, destacam-se os chamados sistemas de
gerenciamento de conteúdo (SGC) de onde parte o tratamento das informações a
partir de um conjunto de ferramentas de simples operação por qualquer leigo.Tais
plataformas se apresentam tanto pagas quanto baseadas em software livre.
25
O avanço das pesquisas,levaram a uma nova visão sobre o que pode ser
diferente quanto ao ambiente virtual de aprendizagem, ambiente colaborativo e
sistema de gerenciamento de aprendizagem, os quais, embora muitas vezes
citados como sinônimos possuem conceituações diversas.O AVA ao contrário do
que pensam muitos dos que atuam no meio, não é um software propriamente dito,
e sim um espaço desenvolvido a partir de programas específicos, estes
concebidos para dinamizar a criação dos ambientes virtuais.Sua aplicação não se
restringe apenas no auxílio à construção dos cursos, indo além como ferramenta
facilitadora na promoção da aprendizagem tanto on quanto off line .Neste caso,
softwares como o Flash, Director, 3Dmax, HTML, VRML e 3Dquest, além de
outros podem ser utilizados como ponto de partida para o desenvolvimento deste
espaço de aprendizagem.O aspecto colaborativo do AVA concerne quanto a uma
estratégia de construção coletiva e solidária do conhecimento vindo assim a
denominar-se ambiente colaborativo de aprendizagem (ACA).
No LATEC é desenvolvido, entre outros, o AVA através da ferramenta VRML
(Virtual Reality Modelling Language) em parceria com a COPPE, a qual tem se
revelado um caminho promissor por suas, potenciais capacidades em criar uma
realidade lúdica e visualmente agradável.Já os sistemas de gerenciamento de
aprendizagem (Learning Management Systems ) são programas específicos à
gestão de operações de ensino on-line, compostos por banco de dados,
dispositivos de comunicação, gestão e publicação de conteúdo.Permitem, através
de login e senha a organização de perfis distintos como aluno, tutor,
administrador, professor, etc com acesso diferenciado à plataforma de acordo com
o nível hierárquico adotado pela organização.
26
CAPÍTULO IV
A VIABILIDADE MERCADOLÓGICA DO EAD
No principio era o verbo.E habitava entre nós..., pela conjugação severa e
contundente das primeiras mestras diante dos olhares de seus respeitosos alunos,
abrigados sob um regime disciplinar importado das casernas militares, naquela
época a pedagogia predominava,em um modelo de instituição única para
todos,ricos e pobres ainda que ríspida demais para os padrões de agora.O tempo
passou, a escola pública deixou de exercer a exclusividade do ensino básico e
secundário, uma tendência que disseminou até chegar ao ensino superior.Ocorreu
uma mudança significativa: com o descaso de nossa classe política pela
manutenção de uma educação pública de qualidade, ocorreu o advento de
instituições privadas para onde os próprios filhos destes vieram a matricular-
se.Assim,preparados com maior esmero, lograram êxito nos vestibulares das
universidades públicas e relegaram às classes populares da sociedade menos
preparadas o ensino técnico-profissionalizante, quando muito os cursos superiores
de menor prestígio.
Ocorreu, entretanto, o início de uma demanda reprimida de indivíduos que
mesmo pertencentes às classes C e D, após haverem se destacado em suas
profissões à nível médio,ainda ansiavam por cursar uma faculdade.Esse processo
intensificou-se com o advento do plano real trazendo consigo a estabilização da
economia.No meio deste “up” econômico, surgiram, além das já existentes, outras
muitas instituições privadas de ensino superior com olhar voltado à este novo filão
de negócio.
O perfil deste novo consumidor de serviços educacionais precisou se mapeado
e estudado.Pesquisas de mercado foram realizadas para responder a perguntas
do tipo: Quem é?, de onde vem?, onde e como trabalha?, o que pretende tornar-
se?.Tais indagações balizaram os resultados e orientaram os gestores
educacionais a definirem estratégias para atender este cliente em potencial que
dispõe de pouca flexibilidade de tempo e local para estudar em virtude de fatores
como longa jornada de trabalho,criação dos filhos e local onde reside.
27
Na esteira destas reflexões, resgata-se a idéia de educação à distância (EAD)
com o incremento da tecnologia da informação (TI), este binômio tornou-se o
propulsor da educação,sobretudo superior, vindo a beneficiar uma gama cada vez
maior de pessoas carentes de qualificação.Torna-se assim, imperiosa a
identificação de cenários e desafios através de uma gestão dos relacionamentos
entre os personagens internos e externos à universidade na concepção de um
modelo de gestão em EAD alicerçado nos processos de aprendizagem,de
conteúdo,de recursos humanos, de planejamento,de avaliação e implantação de
tecnologias.A educação à distância foi introduzida no Brasil nos idos de 1996, mas
apenas em 1998 a recém criada secretaria especial de educação à distância
(SEED) criou as primeiras normas visando padronizar a condução de tais cursos
em território nacional.A primeira experiência coube à Universidade Federal do
Mato Grosso do Sul com cursos de formação de professores para o ensino
fundamental.
A interação entre os parceiros do projeto é fundamental para seu sucesso,
em que pese a ocorrência de conflitos de interesses, contradições e a exigência
do convívio em um ambiente plural em que a diversidade de entendimentos a
respeito das diversas questões que envolvem determinada idéia,argumento ou
procedimento venham a sofrer indagações e portanto, alterações totais ou
parciais.Encontrar o ponto de convergência entre todos ou no mínimo entre a
maioria, é respeitar o que cada personagem desta trama tem a contribuir para
tornar viável o produto final.A viabilidade que se pergunta no início deste capítulo
inicia-se,portanto no alinhamento ou não das pessoas envolvidas, já que são estas
as desencadeadoras dos demais processos.
O engajamento dos envolvidos propicia o entrelaçamento de posições e
concepções, a co-realização de tarefas pela integração das diversas aptidões da
equipe, a elaboração de processos de participação e mais do que isso a
constituição de procedimentos que favoreçam o pensamento em conjunto,
caracterizando um ambiente de colaboração.Segundo Vygotsky ( a co-realização
de uma atividade, envolve a ação e a reflexão entre um grupo de pessoas ou de
uma pessoa com conceitos de outrem, já que o pensamento humano encontra-se
imbricado com o seu ambiente social e ocorre na zona proximal de
desenvolvimento constituída no contexto de atuação das pessoas.
28
Cada um de nós emerge uma personalidade ativa, embora em alguns fora
de uso, mas potencialmente úteis pelas circunstâncias sociais, históricas e
culturais específicas advindas de seu contexto particular.Esta colaboração
ultrapassa o horizonte de meras informações e contribuições, mas instiga a uma
participação conjunta,responsável, desenvolvendo-se planos e meios de ação,
confiança mútua e cumplicidade, além do reconhecimento de
interdependências.Tais aspectos contribuem para o entendimento do sentido de
competência que só é alcançada quando ocorre a simbiose entre teoria e
prática,direcionadas para a articulação do domínio de recursos tecnológicos,
convívio social e conceitos educacionais.
Dentro de uma auto-organização dos elementos envolvidos e dentro de
uma busca por coerência na condução dos processos é observado o desafio de
conduzir o projeto no centro de um ambiente interligado à nossa conjuntura
passível de mudanças bruscas, onde um evento global pode desencadear
alterações bruscas em todas as fases de planejamento e execução.É necessário o
desenvolvimento de ações de contingência no intuito de manter atualizadas e
disponíveis opções que mantenham a essência do que se quer implantar viável
sob todos os aspectos.
Tal capacidade de reação à mudanças só é possível pela criação e
manutenção de um bom relacionamento dentro da equipe do projeto, que se dá
essencialmente pelo cultivo da interação e da colaboração.Como afirma Almeida:
“(...)A interação representa a ação recíproca com a mútua influência nos
elementos inter-relacionados e encontra-se entrelaçada com a comunicação, a
intervenção e a participação de todos os segmentos e pessoas envolvidas(...)”
(ALMEIDA,2003). Assimiladas estas particularidades as equipes internas de
trabalho podem debruçar-se à investigação de linhas de pensamento que tornem
os processos mais claros alçando novas posições na formatação e
desenvolvimento do escopo do projeto.
Este envolvimento dos profissionais de educação com a EAD intensificou-
se no seio da universidade,onde o ensino presencial já era algo
consolidado.Percebeu-se um imenso mercado consumidor destes serviços, mas
que ainda era inacessível para grande parte da população devido ao seu custo,
ainda elevado,assim justamente pela sua economia de meios empregados, a
29
educação à distância tornou viável a oferta inicial de alguns cursos de graduação
pelos chamados “preços populares”.Tal decisão de se voltar para as classes C,D e
E, se mostrou acertada, uma vez que não só cobriu os investimentos de
implantação como seu retorno financeiro revelou-se animador.Com isso no
Brasil,segundo (COSTA,2001) predominou o chamado modelo misto de EAD, que
se define pela abertura de mercado de certa instituição de ensino superior, já
consolidada no âmbito presencial,visando redimensionar sua receita pela oferta de
tais cursos.É estratégico e economicamente viável aproveitar a estrutura
financeira,administrativa e humana já existente para chancelar ou avalizar a oferta
de ensino com base nesta nova plataforma valendo-se do prestigio alcançado pela
universidade.A segurança é o quesito que vem na cabeça do estudante, já que o
método de ensino lhe é estranho,conseqüentemente a associação de uma
instituição com nome forte no mercado lhe dá confiança suficiente para despender
tempo e dinheiro na execução do curso em questão.
Nesse contexto o gestor de EAD deve dedicar particular atenção ao
planejamento e organização do sistema de funcionamento das etapas
concernentes à execução do programa de educação à distância, controlando o
fluxo das atividades propostas.Tais parâmetros administrativos encontram eco nas
ferramentas de gestão de projetos, que segundo Roldão (2004) ainda sugere que
leve-se em conta ainda o tempo disponível, os recursos humanos além de fatores
como custo,benefício e qualidade.Em relação ao aluno,que é o cliente da
organização educacional,é necessário mapear suas aspirações de formação,
entender como funciona sua visão de mundo, quais são suas necessidades
intelectuais prementes e o que ele espera de uma instituição de ensino, sobretudo
à distância.Adequar os processos de gestão na busca pelo alcance das metas de
seus clientes é uma estratégia de vanguarda e se revela mais acertada do que
meramente olhar apenas para as metas de lucro da empresa.Afinal, um
cliente\aluno satisfeito é a maior ação de marketing que pode existir, já que outros
aceitarão sua recomendação positiva para escolher por determinada instituição.
Como afirma Rumble (2003), o foco do ensino à distância deve ser diluído
em duas vertentes: para pequenos cursos, o foco deve pairar no recurso humano
(tutor, pessoal de apoio), já para grandes processos como graduações, com
duração superior a dois anos, a atenção deve estar voltada mais com a
30
infraestrutura a ser disponibilizada e com sua relação à proposta pedagógica
preconizada pela instituição.Nesta segunda vertente, uma vez que o projeto é
maior, a equipe de profissionais envolvidos também o será, assim possíveis
distorções de qualidade que possam vir a ser detectadas em um ou outro
profissional podem ser compensadas através de um nivelamento de competências
que pode vir a ser implementado pelos demais colegas envolvidos ou através de
uma consultoria externa.A atenção com a estrutura de tecnologia disponível é
essencial para que o capital humano possa se destacar, esta equipe
multidisciplinar contempla profissionais especializados nos conteúdos das
disciplinas além de pessoal de apoio com aptidões específicas para a solução de
possíveis gargalos que possam surgir no andamento das atividades.No centro
desta simbiose entre homem e tecnologia está o AVA – ambiente virtual de
aprendizagem – o qual organiza e localiza a rotina acadêmica do aluno nos
aspectos espaço-temporais, uma vez que o relacionamento entre professor e
aluno se dá de forma diversa do ensino tradicional.
Financeiramente falando o mercado EAD vem crescendo exponencialmente
no Brasil, segundo dados levantados pela ABED, o Brasil conta hoje com 7
milhões de universitários, sendo que 4 milhões no ensino particular e cerca de 973
mil alunos optaram pelo ensino à distância movimentando cerca de R$ 2,2
bilhões.Para este ano as expectativas são animadoras para o setor com
crescimento estimado em 8%, ou seja, uma injeção de mais R$ 176 milhões.Para
fazer parte desse clube, porém, é necessário que as corporações observem, entre
outros fatores, a viabilidade do negócio através do levantamento dos custos com
material, operacional e pedagógico.O custo de material relaciona-se aos insumos
para implantação do programa de EAD e estão incluídos, a aquisição do terreno
e/ou a construção do prédio, a compra dos equipamentos de informática:
Hardwares , Softwares e a disposição destes em rede,organização da
biblioteca,sala para encontros presenciais equipadas com data show,climatizadas
e mobiliário adequado, estúdios de TV para execução das aulas,locação de
horário no satélite para transmissão e construção de estrutura administrativa como
recepção,copa,banheiros,sala de tutoria e o que mais o MEC preconizar.Os custos
operacionais dizem respeito a ações de marketing, as quais devem ser
executadas de forma periódica a fim de tornar o curso conhecido e na memória
31
das pessoas; treinamento contínuo do corpo docente e pessoal de apoio no que
se refere ao domínio de novas tecnologias ou novos processos de trabalho que
venham a ser implantados pela matriz do grupo;despesas fixas como
energia,água,telecomunicações, salários e encargos dos funcionários entre
outros.Finalmente os custos pedagógicos referem-se ao desenvolvimento de
técnicas de ensino adaptadas a esta nova plataforma de transmissão do
conhecimento, alocando-se tempo,dinheiro e recursos humanos especificamente
para este fim, assim garante-se o dinamismo necessário e característico para que
alunos, professores e tutores possam interagir de forma eficiente.
De olho no gigantesco mercado nacional a Holding Apollo Group, através
da Apollo Global pretende ganhar mercado no Brasil com a autoridade de quem só
em 2008 faturou cerca de US$ 3 bilhões.Grande parte desse vultoso
resultado,veio obtido através da presença da empresa em países populosos como
China e Índia, neste último o grupo opera a universidade Indira Ghandi e conta
com 1,8 milhão de alunos matriculados só na modalidade à distância.
Especificamente o estado do Rio de Janeiro projeta-se como protagonista
uma vez que pela realização de eventos de magnitude mundial, tanto o setor
público como a iniciativa privada, deslocam parte significativa de seus ativos
financeiros para atuarem de forma interligada a tais acontecimentos, o que
significa uma demanda por cursos de graduação e pós-graduação para formação
de mão-de-obra especializada.Como exemplo podemos citar o grupo Veris,
proprietário,entre outras, da marca IBMEC na capital fluminense.Em 2007
iniciaram-se os estudos de viabilidade para o futuro negócio,com orçamento de R$
3,5 milhões, vindo a concretizar-se em abril de 2009,já com faturamento inicial de
R$ 180 milhões, desde então de acordo com os objetivos traçados no plano de
negócios, a expectativa da empresa têm se mantido para que em 2014 o ensino à
distância represente 20% do faturamento total do grupo. De 2004 para cá
constatou-se uma voracidade sem precedentes da modalidade EAD, enquanto
que o ensino presencial apresenta queda no seu crescimento.Olhares mais
atentos e críticos a esta nova vertente de ensino observam um processo de
mercantilização da aprendizagem, criticando o modelo de intervenção do estado
como mero regulamentador de políticas de concessão com o objetivo de eximir-se
cada vez mais dos custos do ensino superior, haja vista que de 1996 a 2004 o
32
número de Universidades públicas, já estava praticamente estagnado no país
subindo de 211 para apenas 224 unidades, enquanto que no mesmo período o
ensino privado saltou de 711 para 1.789 unidades em apenas oito anos, tendo o
ensino à distância como carro chefe.Essa expansão, segundo críticos proporciona
o abandono do estado na tarefa de expansão do ensino público superior, leva a
uma apropriação capitalista do ensino e em última instância determina a política
educacional do próprio governo.
A forte injeção de capital privado levou a instauração da lei de centralização
e monopolização, gerando também um grande excedente de vagas pela falta de
poder aquisitivo por parte da população.É como na indústria com a chamada
superprodução, onde uma área com lucros robustos, recebe forte investimento
aumentando sua capacidade muito além daquilo que o mercado pode absorver,
acarretando a queda da taxa média de lucratividade,falências de empresas
medianas e um processo natural de aquisições e fusões.
O aquecimento do setor fez o Ministério da Educação (MEC) adotar
medidas visando a um salto qualitativo nos serviços prestados aos alunos como a
instalação de laboratórios de informática, bibliotecas e professores à disposição
nos chamados pólos de ensino.Esta nova regulamentação levou a uma depuração
do setor onde apenas as grandes organizações conseguiram adequar-se a
contento. Pelo menos 15 fundos de investimento tem observado com interesse o
movimento do mercado e apenas as instituições consistentes, com projetos a
longo prazo, poderão lograr receber tais investimentos.
Se por um lado o governo federal sutilmente transfere à iniciativa privada a
responsabilidade de gerir o ensino superior no Brasil, o PROUNI é um exemplo
disso, paradoxalmente este mesmo governo de esquerda que está no poder em
nosso país desde 2003, procura sistematicamente frear a entrada de capital
estrangeiro no setor, pressionando politicamente o congresso para que o mesmo
venha não só a debater, mas também legislar a favor de medidas protecionistas
para assim defender o débil e ineficiente grupo de investidores nacionais, os quais
a partir de suas instituições educacionais não conseguem (ou não querem) manter
um nível de excelência acadêmica à altura dos grandes centros da Europa e
Estados Unidos.Especialistas do setor pontuam que o percentual que envolve
processos decisórios errôneos por parte dos gestores nacionais é muito alto, algo
33
em torno de 60%.As razões para isso podem repousar nas informações
desencontradas sobre a realidade atual do mercado,má interpretação dos dados
disponíveis e talvez o pior deles, que são os muitos conflitos de interesses que
perpassam ou não o setor.
Outro fenômeno que impede uma eficiente tomada de decisões está em um
procedimento errado nossos executivos, através do qual com base em
acontecimentos pretéritos, dimensiona-se para o futuro a continuidade de práticas
passadas que já não condizem à realidade presente, isso leva a se estabelecer
objetivos com base em uma conjuntura que já não existe. Mesmo assim o capital
externo,tanto em empresas de capital aberto, como o grupo Estácio, ou de capital
fechado, como o grupo IBMEC, já representa 20% dos alunos matriculados na
rede particular e 1\5 do faturamento do setor no país.Portanto, a derrubada de
fronteiras sejam elas econômicas ou ideológicas com a globalização das práticas
pedagógicas e gerenciais, principalmente no que diz respeito à tecnologia de
educação à distância vem a aperfeiçoar a qualidade de gerenciamento da
universidade;contribui para uma maior transparência contábil nos processos de
governança;incentiva à inclusão social pelo acesso das classes menos
favorecidas devido ao barateamento das mensalidades;enriquece o conteúdo de
pesquisa pelo intercâmbio de professores e alunos estrangeiros e brasileiros.
A ausência de um pensamento imediatista deve de fato ser o norteador das
ações de quem pretende fazer da EAD sua principal matriz de negócios no setor
educacional.Muitos investidores já perceberam que com um pouco de paciência, o
retorno pode ser bem mais atrativo que a modalidade presencial, uma vez que
com esta tecnologia há uma projeção da instituição para além de seus portões,ou
seja, em termos de expansão da marca, esta modalidade mostra-se antenada com
a vanguarda da modernidade, assumindo uma interatividade com o aluno como
nunca se viu.Com mensalidades mais em conta, a quantidade de alunos
matriculados aumenta, gerando um menor custo por aluno, alem de uma
economia de escopo, uma vez que é mais econômico produzir uma aula que
atenda à vários cursos com grade de matérias de núcleo comum similar com um
número bem reduzido de tutores orientando vários alunos de diversos cursos do
que contratar vários professores para várias turmas, uma vez que fisicamente uma
34
pessoa não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, contudo virtualmente
essa barreira pode ser transposta.
Para aquele empresário que, percebe uma tendência de forte demanda de
qualificação de mão de obra, por exemplo para o setor de petróleo&gás, no Rio de
Janeiro, mas sua base operacional está em São Paulo, sem a EAD seria
necessário a locação de salas no local, a contratação de mais professores,
profissionais estes que pelo aquecimento do setor energético, cobrariam um valor
hora/aula bem superior àqueles fora destas praças, contratação de pessoal
administrativo, aquisição de mobiliário próprio, elaboração de oneroso plano de
marketing para tornar a marca conhecida na cidade,entre outros.
Já com uma proposta de ensino on-line é possível aproveitar o Know-How
existente, como material humano e plano de marketing que pode ser aproveitado
daquele que é feito normalmente. Para os encontros presenciais para a realização
das avaliações,dependendo do número de alunos matriculados é viável o
estabelecimento de parcerias com instituições do local, como escolas secundárias,
cursos de pré-vestibular, cursos de idiomas, para que esse público seja também
um potencial consumidor de outros produtos dentro da educação.Ocorrerá,
portanto uma troca, onde os parceiros podem sair ganhando, inclusive no
lançamento de promoções de descontos ao se optar por uma das instituições
envolvidas, como por exemplo, ao escolher um curso de graduação ou pós-
graduação on-line e ganhar 30,40 ou 50% de desconto no curso de inglês,francês
ou espanhol ou ainda se o universitário virtual possuir um irmão ou irmã
adolescente pode adquirir para este descontos na mensalidade do ensino
médio.Como podemos observar, o terreno para se plantar investimentos na EAD é
bem fértil, com grandes possibilidades de retorno financeiro robusto.
Qualquer pessoa bem informada sabe que a região sudeste por ser o
coração financeiro do país, particularmente o Rio de Janeiro pelo foco de nosso
estudo, possui excelente estrutura de ensino particular, tais instituições agora
olham para fora da capital com interesse em ampliar seus negócios, percebendo o
movimento da economia para outros locais, como o norte fluminense e região dos
lagos.Investimentos como o do grupo EBX do empresário Eike Batista, no setor de
energia, necessitam obter uma gama de profissionais com mão de obra
qualificada e é este nicho de mercado que está sendo percebido por nossas
35
instituições de nível superior.Geralmente os potenciais alunos são pessoas que já
trabalham, possuem dificuldade de deslocamento por conta de filhos pequenos e
orçamento doméstico apertado,assim a proposta da EAD pode vir a se encaixar
com aquilo que se precisa para o momento.Com a mão de obra que se precisa
morando perto da empresa, gastos como alojamento, vale-transporte oneroso,
alimentação e stress podem ser mitigados.Com a qualificação recebida sendo
posta em prática em sua própria cidade, coloca-se em movimento a cadeia
produtiva na ordem em que a educação gera emprego que gera renda que gera
consumo local de bens e serviços que gera a atração de mais empresas que
geram receitas em forma de impostos como ICMS, ISS que na teoria serviria para
o poder público melhorar a qualidade de vida dos habitantes.
36
CAPÍTULO V
AS ESTAPAS DE CONSTRUÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO À
DISTÂNCIA
Devido à constatação de que a escola convencional não suporta mais
sozinha atender às demandas cada vez mais específicas do mercado de trabalho,
a educação à distância surge como uma nova fronteira para disseminação do
conhecimento que necessita ser cada vez mais versátil,adaptável e viável,
encaixando-se à rotina de vida normalmente agitada de gerentes, supervisores,
diretores e demais executivos que pela natureza de suas atividades não podem
dispor de tempo suficiente para freqüentar o ensino presencial.Não raro, muitas
atividades consideradas estratégicas e sensíveis a uma organização, não podem
parar ou serem suspensas aguardando que o profissional adquira o conhecimento
necessário a seu desenvolvimento assim, muitas empresas empregam recursos
financeiros e firmam parcerias com instituições de ensino, para que seu quadro
funcional realize on-line cursos de aperfeiçoamento a nível profissionalizante ou
de pós-graduação.Iniciou-se assim uma nova realidade em que o conhecimento
adquirido é posto em prática quase que instantaneamente e por conseqüência
disso torna-se transitório porque geralmente junto à uma solução para
determinado processo surge um novo problema que demandará uma nova
solução, tornando toda a cadeia produtiva muito dinâmica.
5.1 – PLANEJAMENTO PARA A IMPLANTAÇÃO
O que vai definir a ordem de implantação do que for necessário é o
planejamento das ações definidas no escopo do projeto, o qual deve levar em
conta a disponibilidade de recursos financeiros, características do público-alvo e
os objetivos e metas do curso de acordo com o perfil que se deseja
implantar.Desta forma temos os recursos administrativos, que são subdivididos em
pessoal de gestão e acadêmico, os recursos materiais sejam para divulgação,
37
matrícula e manual do estudante, os meios de apoio como computadores em
configuração adequada, softwares e ampla central telefônica, os recursos do
processo de aprendizagem que são subdivididos em recursos humanos como
tutores, professores especializados, assessores e produtores de material didático
e os meios de suporte ao aluno como apostilas, livro texto, videoconferência,
correio eletrônico, CD-ROM e filmes disponíveis no interior do ambiente virtual de
aprendizagem.É necessário manter a prática de planejamento para qualquer
movimento da empresa em relação ao mercado, monitorando as ações de sus
concorrentes diretos, analisando forças e fraquezas para que haja ganho de
espaço neste nicho de mercado que a cada ano tem se mostrado cada vez mais
competitivo.
5.2 – OS CUSTOS
Os custos para a viabilização do projeto são os chamados operacionais
como as ações de marketing e treinamento dos tutores, professores e pessoal
administrativo; os tecnológicos com vistas ao planejamento com despesas
relativas ao período de concepção,as aquisições como as
salas,hardwares,softwares e construção do portal e os instrucionais ou
pedagógicos que levam em conta a criação e produção da metodologia de
ensino.A interação desses aspectos relativos ao custo,deve ser bem estudado
para extrair o melhor custo-benefício possível.Já é constatado que o custo de um
aluno à distância é reduzido em relação àquele presencial, sendo possível
disponibilizar uma aula comum para diversas turmas com grades curriculares
semelhantes, isso gera redução dos custos com aluguel de horas do satélite,
horas/aula dos professores/tutores além de pessoal de apoio reduzido.
O conjunto de atividades inseridas na rotina diária de funcionamento do
curso como manutenção de equipamentos de mídia
(câmeras,computadores,antenas, data-show, entre outros), locação das salas para
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funcionamento do pólo regional,material de escritório,remuneração de
professores, tutores e pessoal de apoio, denominamos por custo
operacional.Dentro deste aspecto a organização precisa de especial atenção à
manutenção de capital constante para a manutenção dos serviços para não
impactar sobremaneira no lucro final.Ocorre desde o financiamento da equipe
pedagógica responsável por sua concepção, passando pelos serviços gráficos de
impressão e reprodução, serviços de correio para postagem do material aos
alunos e desenvolvimento e manutenção do ambiente virtual de aprendizagem.
Torna-se imprescindível para o devido funcionamento da estrutura nacional
de ensino à distância, montada pela instituição, a periódica averiguação das
instalações físicas, abordagem dos funcionários aos alunos, metodologia
apresentada pelos tutores e professores em conformidade com o que é
preconizada pela direção nacional, avaliação do desempenho dos alunos e
pesquisa de mercado quanto ao avanço ou recuo da instituição frente a possíveis
concorrentes.Para o desenvolvimento de tais atividades o profissional ou equipe
de supervisão deverá dispor de passagem aérea, hospedagem e alimentação para
o exercício das atividades.
É necessária a montagem de estrutura para a formação da equipe
pedagógica que irá atuar na instituição.Dentro desta estrutura é oferecido material
institucional, o qual aborda os princípios,valores e metas da organização.A
confecção de material avaliativo próprio também é preciso, uma vez que será de
grande importância para a afirmação de um modo próprio de escolha de seu
pessoal.A capacitação do professor nesta vertente de ensino em que a tecnologia
é a viga de sustentação de todo o processo é não apenas necessária como
urgente.Desta forma, o material humano do NEAD, encarregado da execução do
curso propriamente dito deve possuir uma mentalidade de que nada, nenhum
processo de ensino é definitivo.
5.3 – OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Esta estrutura deve sempre estar afinada para a eficiente interação do
aluno ao curso, exigindo dos administradores responsáveis por sua operação,
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manutenção preventiva constante, preferencialmente com a criação de “gatilhos”
no sistema, os quais podem captar qualquer anomalia no padrão pré-definido de
funcionamento e assim avisar à administração, informando local e natureza da
falha.A partir da década de 90, foi apresentada ao mercado uma nova ferramenta
de aproximação, dinamização e racionalização no trato da informação, a chamada
videoconferência.Sua aparição causou “frisson” nas grandes corporações globais,
as quais, poderiam, enfim, tornar o processo decisório mais célere, com efeitos
práticos introduzidos de forma mais concreta.
Especificamente para as organizações educacionais significou um avanço e
tanto, já que tornou-se possível programar, por exemplo uma palestra via satélite,
com tradução simultânea sem haver a necessidade de trazer o profissional ao
país, evitando despesas como passagem,estadia e estrutura física ampliada para
realizar o evento.No que concerne a esta ferramenta, é possível utilizá-la sob três
modelos de comunicação: centralizado, descentralizado e híbrido.O primeiro tem
como princípio, o chamado “unicast”, ou comunicação ponto a ponto, valendo-se
de uma Multipoint Control Unit (MCU) ou unidade de controle multiponto,neste
caso cada aluno conecta-se ao MCU central, o qual fornece o fluxo de dados,
vídeo e áudio, gerenciando a execução da atividade em tempo real.O segundo,
agrega dispositivos de monitoramento da variante anterior, entretanto com trânsito
de dados relativamente diverso.O MC ( multipoint control ) deve ser capaz de
viabilizar a comunicação interativa multiponto a partir de três
operadores.Diferentemente do modelo anterior em que o MCU, realiza o
gerenciamento do tráfego de mídia,a segunda variante dá autonomia de
organização diretamente ao equipamento do participante.Finalmente o terceiro
sintetiza o melhor dos modelos anteriores, vindo a elaborar uma plataforma de
armazenagem de dados sólida, além de permitir a customização dos aplicativos
de acordo com as preferências de cada operador.Utiliza-se a chamada rede
multicast com ferramentas individualizadas, com trânsito de dados
descentralizado, entretanto o armazenamento é unificado para a apresentação.
Há de se dispor de estrutura física para abrigar a execução dos meios de
transmissão, como ao menos 05 tele-salas climatizadas com capacidade para
trinta alunos para o acompanhamento das aulas via satélite, uma sala para cada
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setor administrativo como: secretaria,arquivo,tesouraria e reuniões, espaço de
convivência externa com cantina e banheiros.
5.4 - A tecnologia
Embora não se trate de um fim em si mesma, o uso correto, e criterioso das
tecnologias educacionais disponíveis no mercado, possibilitam organizar e
potencializar o auto-aprendizado, alcançando as metas de resultado com mais
celeridade e eficiência no atendimento de um grande quantitativo de alunos
dispersos geograficamente.O controle acadêmico torna-se possível na produção
de material didático-institucional, na planilha de notas e do cadastro geral das
atividades desenvolvidas.Quanto à máquina em si para cada participante, é
recomendável no mínimo o Windows XP,1 GB de memória RAM, Internet explorer
8, Adobe Acrobat 9, Windows media player, internet banda larga com 1GB de
velocidade para uma boa visualização, principalmente dos vídeos.É necessária a
montagem de estúdio de TV,com estruturas como palco, câmeras, som,
luz,disponibilidade do satélite para a transmissão por vezes ao vivo.Telas retráteis
e projetores multimídia com resolução suficiente para exibir de forma nítida textos
com fontes reduzidas e planilhas com grande detalhamento de dados.
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CONCLUSÃO
Diante do que se pode constatar, após as deliberações contidas neste
trabalho, a educação à distância (EAD) é um meio de ensino que veio para ficar,
contrariando os pessimistas e acomodados, os quais, caso não queiram, como se
diz, “estacionar os carros”, para viver precisam, desde já, moverem-se, no sentido
de adquirirem qualificação seja como aluno para bem receber e assimilar o
conteúdo,seja como mestre para a eficiente disseminação do conhecimento.Como
foi observado, graças ao pioneirismo de Brasileiros como Roquete Pinto, Henrique
Moritz, dentre outros, em uma época tecnologicamente carente de quase tudo,
sobrou coragem e visão de mundo para materializar uma outra forma de fazer a
educação de fato acontecer e funcionar em um país de dimensões continentais
como o Brasil.
Os avanços da tecnologia, desde após a metade do século passado
tornaram-se uma constante cada vez mais dinâmica no cotidiano das sociedades
modernas.Assim, o processo de ensino-aprendizagem como importante
mecanismo desta engrenagem maior precisa adequar-se e inserir-se no âmago
das relações humanas, aprendendo com estas e redimensionando suas práticas e
conceitos.Pelo exposto até aqui, as corporações depararam-se com um promissor
nicho de mercado com vasto potencial ainda a ser explorado.Sua capacidade de
gerar receita acompanha o crescimento da população e a ascenção de 40 milhões
de brasileiros à classe média.Com o aperfeiçoamento das tecnologias virtuais é
possivel ser presente e competitivo em vários mercados de diferentes regiões do
país e do mundo.Específicamente em se tratando do Rio de Janeiro, a cidade das
novas oportunidades, com a exploração da camada do pré-sal, a copa do mundo e
as olimpíadas, o Rio atrai, segundo a federação de indústrias do estado do Rio de
Janeiro (FIRJAM), investimentos da ordem de US$ 18,4 bilhões, liderando o
ranking de investimentos diretos no país.
Toda essa movimentação de empresas globais nos mais diferentes ramos
de atuação, implica, via de regra, na formação de mão-de-obra especializada e ai
está de forma bem visível o momento para aqueles empresários dotados de visão
e senso de oportunidade de alavancar seus negócios.Entretanto ainda há de se
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lutar ainda contra o receio da perda ao arriscarem-se quase que pioneiramente ao
investimento no mercado de educação à distância no país.Até o presente
momento segundo a Associação Brasileira de educação à distância (ABED) ocorre
uma verdadeira invasão de multinacionais do ensino à distância que já
perceberam o forte potencial de nosso mercado.
Por fim, fica através deste estudo a certeza absoluta da viabilidade e
solidez desta nova vertente de ensino como disseminadora do conhecimento e
rota vantajosa de bons resultados para quem se dispor a nela investir.
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