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Copyright © por Sheila Ribeiro Mendonça
Todos os direitos reservados
2ª Edição
Outubro de 2014
shemendonca@gmail.com
www.sherimendonca.blogspot.com.br
www.cabracegasrm.blogspot.com.br
Publicação: Perse
http://www.perse.com.br
Capa: Alexandre Boure
www.designdoescritor.blogspot.com.br
É proibida a reprodução de parte ou totalidade da obra sem
a autorização prévia do autor.
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Original Registrado no Escritório de Direitos Autorais da
Biblioteca Nacional.
Todos os personagens desta obra são fictícios.
Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas terá sido
mera coincidência.
Rio de Janeiro – RJ
2014
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DEDICANDO...
Aos meus pais e irmão que sempre me apoiaram para que eu
conseguisse realizar este meu sonho. Através deles eu
consigo buscar o incentivo necessário para trilhar este
caminho e conquistar os meus sonhos com a escrita que é a
minha verdadeira paixão.
Dedico também a Deus que me incentiva sempre colocando
instrumentos no meu dia a dia que ele sabe que me darão
inspiração.
Por fim dedico aos amigos que chegam com palavras
incentivadoras e um carinho especial desejando que eu me
realize com as palavras.
E ainda em tempo desejo que você leitor divirta-se com este
romance e que tenha uma leitura prazerosa.
Abraços!
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O CASAL ESTRANHO
RIO DE JANEIRO, RJ.
Rio de Janeiro, ano de 1997, em uma vila no bairro
de Botafogo o casal Gustavo e Clara decidiu que seria ali o
seu mais novo ninho de amor. Na vila todos eram bem
unidos e faziam sempre questão de receber bem os novos
vizinhos. Mas com o casal tiveram que fazer diferente, eles se
mudaram de madrugada. Logo, ninguém viu.
A curiosidade continuaria por mais tempo se não
fosse Fernandinho que como toda criança era curiosa. Um
dia ele parou em frente à casa do casal, até então
supostamente vazia, e observou que nas janelas já estavam
cortinas novas. Ao descobrir o que tanto procurava fez o
maior estardalhaço provocando assim uma enorme surpresa
em todos. Ninguém havia percebido nenhuma
movimentação de mudança.
Dentro da casa não havia nada de anormal e aos
poucos Clara começou a arrumar do jeito que seu marido
pediu. As cortinas foram colocadas na madrugada que se
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mudaram para que pudessem ter total privacidade. Haviam
levado somente as roupas e pertences pessoais, já os móveis
Gustavo queria ir comprando. Nos dias que se seguiram Clara
supervisionou os pintores à distância, sem falar e nem olhar
para ninguém. Queria tudo em tons pastéis com detalhes em
branco. Na parte de fora da casa o marido havia lhe
permitido dar palpites.
Na vila todos comentavam a frieza do casal e
estranhavam muito o fato de terem escolhido morar em uma
vila, já que faziam questão de não falar com ninguém. Nos
dias que se seguiram, Clara, sem que o marido percebesse,
começou a quebrar o gelo pelo menos com os vizinhos ao
lado de sua casa. E sempre que podia cumprimentava a
todos, de crianças a idosos. Com isso as pessoas começaram
a simpatizar com a jovem, mas continuaram sem entender o
porquê de tanta subserviência. Mesmo depois de tanto
tentar disfarçar, um dia Gustavo viu e a proibiu de continuar
falando com as pessoas, mas Clara achava essa atitude um
absurdo e não estava disposta a obedecê-lo, dessa vez.
Naquela tarde Gustavo resolveu fazer uma surpresa
e chegou mais cedo pegando sua mulher no maior flagra
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conversando com os vizinhos que se aproximavam cada vez
mais, Dona Mariana e Seu Edgar. Estes não entenderam nada
quando Gustavo chegou nervoso e puxou a mulher pelo
braço sem cumprimentá-los. Atônitos, o casal continuou na
porta pensando em como aqueles jovens eram estranhos e
no quanto não fazia sentido aquela linda menina ser tão
submissa. Será que ela não tem família? E se tem o que será
que eles acham desse casamento? Será que sabem como a
filha é tratada?
Quando Clara foi empurrada pra dentro de casa já
foi logo levando uma repreensão e ouvindo a mesma história
de sempre. Gustavo aproveitava para lhe jogar na cara que
tiveram que sair de Ouro Preto, Minas Gerais, justamente
porque ela resolveu dar trabalho. Ele era extremamente
ciumento e não suportava vê-la conversando com as pessoas.
O ideal de vida a dois para Gustavo era somente um viver
para o outro sem terem amigos ou família por perto.
Na medida do possível a vida do casal seguiu
adiante, na mesma rotina. Essa só mudava um pouco quando
Clara fazia alguma coisa que desagradasse muito o seu
marido. Um dia, antes de tomar banho, colocou uma panela
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no fogo com água para ferver, mas se distraiu e a água
evaporou. A panela queimou fazendo muita fumaça na
cozinha. Com a janela aberta acabou chamando a atenção de
alguns vizinhos, principalmente de Dona Mariana. Assustada
foi verificar o que acontecia. Enquanto isso, Clara chorava
debaixo do chuveiro pensando no quanto o seu casamento
era muito diferente do que sempre sonhou, viajando em seus
devaneios não sentiu o cheiro de queimado e só foi acordar
quando ouviu ao longe o som de uma campainha insistente.
Clara rapidamente se enrolou em uma toalha e foi
verificar o que acontecia. Ao passar pela cozinha sentiu um
forte cheiro de queimado, viu a fumaça, entrou, tirou a
panela queimada do fogão e colocou dentro da pia embaixo
de água corrente. Voltou para a porta e olhou pela janela. Ao
ver que era Dona Mariana ficou nervosa e tratou logo de
saber o que a vizinha queria, com educação explicou o que
aconteceu rapidamente tratando de despachá-la
imediatamente, antes que Gustavo chegasse e presenciasse
o ocorrido.
Ao fechar a porta jogou correndo a panela fora para
que Gustavo não visse nada e abriu a janela da cozinha ao
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máximo para o cheiro de queimado sair, ou seja, tentou
limpar os vestígios do que acabava de acontecer, porque o
seu marido não podia mesmo ficar sabendo.
Dez minutos haviam se passado quando Clara olhou
para o relógio assim que Gustavo colocou a chave na porta e
a chamou cheio de carinho. Ela estava em seu quarto
arrumando as suas roupas, tinha feito compras no dia
anterior e ainda não tinha tirado das sacolas, mas resolveu
fingir que não ouviu o marido. No mesmo instante que
Gustavo chegou cheio de amor se transformou quando
sentiu o cheiro de queimado, procurou de onde vinha e foi
atrás de Clara já querendo explicações e briga.
Ao ver o marido com aquela cara demoníaca, que já
conhecia, estremeceu e fingiu não entender o recebendo
com carinho. Mas ele não queria conversa e nem beijos, deu
um tapa no rosto de Clara perguntando que cheiro era
aquele. Clara chorando dizia não sentir nada e tentava
convencê-lo de que não era em casa e que nada tinha
acontecido. A sorte dela era que segundos atrás de Gustavo
chegar havia jogado fora a panela e assim não teria como ele
descobrir, nunca verificava o lixo do lado de fora da casa.
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Já à noite Gustavo foi até o shopping, ali perto, e
rapidamente comprou um lindo vestido para a esposa. Era
sempre assim. Não havia sido a primeira vez que Clara tinha
apanhado do marido e quando acontecia Gustavo chegava
com presentes querendo fazer as pazes. E ela tinha que estar
sempre disposta aos caprichos dele. Para Gustavo sua esposa
tinha que cumprir com os seus deveres conjugais, sempre.
Chegando em casa encontrou Clara trancada no
quarto deles chorando. Sem dar a mínima para os
sentimentos da esposa bateu na porta exigindo que ela
lavasse o rosto e colocasse a roupa nova que ele estava
deixando encostada na porta, pelo lado de fora. E pelo resto
da noite teve que fingir ser a mulher mais fogosa e
apaixonada do mundo. Gustavo estava tão obcecado que
nem percebeu a expressão de horror e nojo de Clara
enquanto a amava.
No dia seguinte, ao ir à rua fazer suas coisas saiu de
óculos escuros na tentativa de esconder os olhos inchados de
tanto chorar por não ter conseguido dormir a noite inteira.
Clara, naquele dia, estava extremamente angustiada e sem
saber como resolver a sua vida, mas no fundo, apesar de ter
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A PERSONALIDADE DE GUSTAVO
CURITIBA, PR.
O casal era de Curitiba e foi lá que tudo começou.
Gustavo e Clara se conheceram em um clube onde a família e
os amigos dela se reuniam, quase sempre, para descansarem
e curtirem os finais de semana. Era mês de férias, as aulas da
escola haviam acabado e a maioria de suas amigas estava em
clima de vestibular, mas Clara havia decidido que antes iria
descansar viajando pela Europa. Havia escolhido o curso de
psicologia, mas no momento o que queria mesmo era curtir
os amigos, a família e se divertir muito como qualquer garota
de sua idade.
Num desses dias de clube percebeu um jovem lhe
olhando muito e isso lhe atraiu bastante. Olhar daqui e olhar
dali o rapaz acabou criando coragem e se aproximou. Depois
das devidas apresentações ele começou a fazer parte do
grupo e logo começaram a sair. Gustavo era mais velho que
Clara e já estava no último ano do curso de Medicina. Apesar
de o clube ser bastante familiar a paquera de Clara nunca
estava acompanhado de sua família.
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Depois do primeiro encontro não se separaram mais
e decidiram se casar. Gustavo se formou, Clara desistiu de
viajar, o casamento aconteceu. Gustavo era filho único e vivia
com uma tia, já bem velhinha, desde a adolescência quando
seus pais morreram em um acidente de carro e acabou
sendo criado por ela, que também era sua madrinha e irmã
de sua mãe.
No casamento o que mais chamou a atenção, além
da ornamentação impecável e a felicidade dos noivos, foi a
quantidade de convidados do noivo. Na igreja e na recepção
só estavam presentes família e amigos de Clara, com isso
todos imaginavam que Gustavo não deveria ser uma pessoa
muito fácil de lidar, pois na lista dele só havia a tia e uns
gatos pingados da faculdade. Mas Clara estava tão feliz que
nada percebeu, radiante por estar vivendo o seu maior sonho
e do jeitinho que sempre desejou.
Em um ano a vida de Clara estava completamente
diferente do que havia planejado. Mas estava muito feliz,
apesar de sua família ter algumas reservas em relação a
Gustavo, já haviam percebido que ele escondia o jogo de
quem realmente era e às vezes até escorregava mostrando
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ser extremamente diferente do que Clara havia se
apaixonado, mas ela ainda nada enxergava. Seus pais, Dr.
Rogério e Dona Jussara, e sua irmã Daniela já haviam
percebido que o marido de Clara tinha obsessão por ela, mas
sempre que tentavam alertar acabavam brigando porque ela
não acreditava neles.
Só que o pior ainda estava por vir, como se não
bastasse toda a preocupação com Clara ali pertinho deles,
agora teriam que se acostumar com a ideia de que ela
moraria em outra cidade. Gustavo havia resolvido participar
a todos que se mudariam por causa de seu trabalho. Iriam,
em alguns dias, para Ouro Preto, Minas Gerais. Daniela e
seus pais acharam tudo muito estranho e repentino, mas
nada podiam fazer a não ser torcerem para que Clara fosse
feliz.
Antes de se mudarem para a nova cidade eles
haviam sido convidados para o casamento de Samira, uma
das grandes amigas de infância de Clara. Todos estavam
presentes, o casal, a família de Clara e os amigos do colégio.
Gustavo havia acordado extremamente impaciente só
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