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7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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Clepsidra, de Camilo Pessanha
Fonte:PESSANHA, Camilo. Clepsidra. São Paulo : Núcleo, 1989.
Texto proveniente de:
A Biblioteca Virtual do Estudate Brasileiro !http://www.bibvirt.futuro.usp.br"A Escola do #uturo da $i%ersidade de São PauloPermitido o uso a&eas &ara 'is educacioais.
Texto-base digitalizado por:#abio (i)os*i Sa+ata São Paulo-SP
Este material &ode ser redistribudo li%remete, desde /ue ão se0a alterado, e /ue as i'orma2es acimase0am matidas. Para maiores i'orma2es, escre%a &ara !bibvirt@futuro.usp.br".
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quiser ajudar de alguma forma, mande um e-mail para < parceiros@futuro.usp.br > ou
<voluntario@futuro.usp.br >.
CLEPSID!
Camilo Pessanha
1
3NSC43567
Eu %i a lu em um &as &erdido.
A mi*a alma l;uida e ierme.
7*< =uem &udesse desliar sem rudo<
No c*ão sumirse, como 'a um %erme...
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S7NE>7S
?
CA@3NH7
3
>e*o so*os cruis alma doete
Sito um %a;o receio &rematuro.
Vou a medo a aresta do 'uturo,
Embebido em saudades do &resete...
Saudades desta dor /ue em %ão &rocuro
o &eito a'u;etar bem rudemete,
e%edo, ao desmaiar sobre o &oete,
Cobrirme o coraão dum %u escuro<...
Por/ue a dor, esta 'alta d*armoia,
>oda a lu des;re*ada /ue alumia
As almas doidamete, o cu
da;ora,
Sem ela o coraão /uase ada:
$m sol ode eD&irasse a madru;ada,
33
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Ecotrasteme um dia o cami*o
Em &rocura de /uF, em eu o sei.
G Bom dia, com&a*eiro, te saudei,=ue a 0orada maior ido soi*o
lo;e, muito lo;e, *I muito es&i*o<
Paraste a re&ousar, eu descasei...
Na %eda em /ue &oisaste, ode &oisei,
Bebemos cada um do mesmo %i*o.
o mote escabroso, solitIrio.
Corta os &s como a roc*a dum cal%Irio,
E /ueima como a areia<... #oi o etato
=ue c*oramos a dor de cada um...
E o %i*o em /ue c*oraste era comum:
>i%emos /ue beber do mesmo &rato.
333
#eos bem, muito bem, esta demora:
Eri0ou a cora;em 'ati;ada...
Eis os ossos bord2es da cami*ada,
Vai 0I rom&edo o sol: %amos embora.
Este %i*o, mais %ir;em do /ue a aurora,
>ão %ir;em ão o temos a 0orada...
Ec*amos as cabaas: &ela estrada,
a/ui ida este ctar a%i;ora<...
Cada um &or seu lado<... Eu %ou soi*o,
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Eu /uero arrostar s todo o cami*o,
Eu &osso resistir J ;rade calma<...
eiDaime c*orar mais e beber mais,
Perse;uir doidamete os meus ideais,
E ter ' e so*ar G ec*er a alma.
K
ES>L>$A
Caseime de tetar o teu se;redo:
No teu ol*ar sem cor, G 'rio escal&elo,
7 meu ol*ar /uebrei, a debatFlo,
Como a oda a crista dum roc*edo.
Se;redo dessa alma e meu de;redo
E mi*a obsessão< Para bebFlo
#ui teu lIbio oscular, um &esadelo,
Por oites de &a%or, c*eio de medo.
E o meu sculo ardete, aluciado,
Es'riou sobre o mIrmore correto
esse etreaberto lIbio ;elado...
esse lIbio de mIrmore, discreto,
Se%ero como um túmulo 'ec*ado,
Sereo como um &la;o /uieto.
M
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PA3SAENS E 3NVE4N7
3
O meu coraão, tora &ara trIs.
7de %ais a correr, desatiado
@eus ol*os icedidos /ue o &ecado
=ueimou< G o sol< Vol%ei, oites de &a.
Ver;am da e%e os olmos dos cami*os.
A cia arre'eceu sobre o brasido. Noites da serra, o casebre trasido...
O meus ol*os, cismai como os %el*i*os.
EDtitas &rima%eras e%ocaias:
G QI %ai 'lorir o &omar das maceiras.
Hemos de e'eitar os c*a&us de maias.R
Sosse;ai, es'riai, ol*os 'ebris.
GE *emos de ir catar as derradeiras
adai*as...oces %oes seis...R
33
Passou o outoo 0I, 0I tora o 'rio...
7utoo de seu riso ma;oado.
Ll;ido i%ero< 7bl/uo o sol, ;elado...
7 sol, e as I;uas lm&idas do rio.
L;uas claras do rio< L;uas do rio,
#u;ido sob o meu ol*ar casado,
Para ode me le%ais meu %ão cuidado
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Aode %ais, meu coraão %aio
#icai, cabelos dela, 'lutuado,
E, debaiDo das I;uas 'u;idias,
7s seus ol*os abertos e cismado...
7de ides a correr, melacolias
G E, re'ratadas, lo;amete odeado,
As suas mãos traslúcidas e 'rias...
T
SAN AB43E
3
3útil< Calmaria. QI col*eram
As %elas. As badeiras sosse;aram,
=ue tão altas os to&es tremularam,
G ai%otas /ue a %oar des'aleceram.
Pararam de remar< Emudeceram<
UVel*os ritmos /ue as odas embalaram
=ue cilada /ue os %etos os armaram<
A /ue 'oi /ue tão lo;e os trouDeram
Sa abriel, arca0o tutelar,
Vem outra %e abeoar o mar,
Vemos ;uiar sobre a &lacie aul.
Vemos le%ar J co/uista 'ial
a lu, do Bem, doce clarão irreal.
7l*ai< Parece o Crueiro do Sul<
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33
Vem coduir as aus, as cara%elas,
7utra %e, &ela oite, a ardetia,
A%i%ada das /uil*as. irseia
3rmos arado em um motão de estrelas.
7utra %e %amos< CWca%as as %elas,
Cu0a bracura, rútila de dia,7 luar dulci'ica. #eeria
o luar ão mais deiDes de e%ol%Flas<
Vem ;uiaros, Arca0o, J ebulosa
=ue do alm mar %a&ora, lumiosa,
E J oite lactescedo, ode, /uietas,
#ul;em as %el*as almas amoradas...
G Almas tristes, se%eras, resi;adas,
e ;uerreiros, de satos, de &oetas.
X
>atua;es com&licadas do meu &eito:
>ro'us, emblemas, dois le2es alados...
@ais, etre cora2es e;rialdados,
$m eorme, soberbo, amor&er'eito...
E o meu brasão... >em de oiro, um /uartel
Vermel*o, um lis tem o outro uma doela,
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Em cam&o aul, de &rata o cor&o, a/uela
=ue o meu brao como /ue um bro/uel.
>imbre: rom&ate, a me;alomaia...
i%isa: um ai, G /ue isiste oite e dia
embrado ruas, se&ulturas rasas...
Etre castelos ser&es batal*ates,
E I;uias de e;ro, des'raldado as asas,
=ue reala de oiro um colar de besates<
Y
@AAENA
...e l*e re;ou de lI;rimas os &s e oseDu;ou com os cabelos da sua cabea.
E%a;el*o de S. ucas.
O @adalea, cabelos de rastos,
rio &oludo, braca 'lor iútil...
@eu coraão, %el*a moeda 'útil,E sem rele%o, os caracteres ;astos,
e resi;arse tor&emete dúctil...
eses&ero, ude de seios castos,
=uem tambm 'osse, cabelos de rastos,
Esa;Zetado, eDo%al*ado, iútil,
etro do &eito, abomiI%el cWmico<
@orrer tra/Zilo, G o 'astio da cama...O redeão do mIrmore aatWmico,
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Amar;ura, ude de seios castos<...
Sa;rar, &oluirse, ir de rastos a lama,
O @adalea, cabelos de rastos<
8
#7NO4A#7
Vai declamado um cWmico de'uto.
$ma &latia ri, &erdidamete,
o bom 0arreta... E *I um odor o ambiete.
A cri&ta e a &, G do aacrWico assuto.
@uda o re;isto, eis uma barcarola:
rios, lrios, I;uas do rio, a lua...
Ate o Seu cor&o o so*o meu 'lutua
Sobre um &aul, G eDtItica corola.
@uda outra %e: ;or0eios, estribil*os
um clarim de oiro G o c*eiro de 0u/uil*os,
V%ido e a;ro< G tocado a al%orada...
Cessou. E, amorosa, a alma das coretas=uebrouse a;ora or%al*ada e %elada.
Prima%era. @a*ã. =ue e'lú%io de %ioletas<
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esce em 'ol*edos teros a colia:
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G Em ;laucos, 'rouDos tos adormecidos,
=ue saram, 'rescos, meus ol*os ardidos,
Nos /uais a c*ama do 'uror declia...
7* %em, de braco, G do imo da 'ol*a;em<
7s ramos, le%e, a tua mão a&arte.
7* %em< @eus ol*os /uerem des&osarte,
4e'letir %ir;em a serea ima;em.
e sil%a doida uma *aste es/ui%a.
=uão delicada te osculou um dedo
Com um al0W'ar cor de rosa %i%a<...
i;eira a saia... oce brisa im&elea...
7* %em< e braco< o imo do ar%oredo<
Alma de sil'o, care de camlia...
1[
Esbelta sur;e< Vem das I;uas, ua,
>imoado uma coc*a al%iitete<
7s ris 'leD%eis e o seio 'remete...
@orreme a boca &or bei0ar a tua.
Sem %il &udor< o /ue *I /ue ter %er;o*a
Eisme 'ormoso, moo e casto, 'orte.
>ão braco o &eito< G &ara o eD&or J @orte...
@as /ue ora G a i'ame< G ão se te ate&o*a.
A *idra tor&e<... =ue a estra;ulo< Esma;oa
e ecotro J roc*a ode a cabea te *I de,
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Com os cabelos escorredo I;ua,
3r icliarse, desmaiar de amor,
Sob o 'er%or da mi*a %ir;idade
E o meu &ulso de 0o%em ;ladiador.
11
V\N$S
3
] 'lor da %a;a, o seu cabelo %erde,
=ue o tor%eli*o ereda e desereda...
7 c*eiro a care /ue os embebeda<
Em /ue des%ios a raão se &erde<
Pútrido o %etre, aul e a;lutioso,
=ue a oda, crassa, um balao ala;a,
E re'lui Uum ol'ato /ue se embria;a
Como em um sor%o, murmura de ;oo.
7 seu esboo, a mari*a tur%a...
e & 'lutua, le%emete cur%a
#icaml*e os &s atrIs, como %oado...
E as odas lutam, como 'eras mu;em,
A lia em /ue a des'aem dis&utado,E arrastadoa a areia, coa salsu;em.
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33
Si;ra o a%io. Sob a I;ua clara
VFse o 'udo do mar, de areia 'ia...3m&ecI%el 'i;ura &ere;ria,
A distcia sem 'im /ue os se&ara<
SeiDi*os da mais al%a &orcelaa,
Coc*i*as teuemete cor de rosa,
Na 'ria tras&arFcia lumiosa
4e&ousam, 'udos, sob a I;ua &laa.
E a %ista soda, recostrui, com&ara,
>atos au'rI;ios, &erdi2es, destroos<O 'úl;ida %isão, lida metira<
4seas u*i*as /ue a mar &artira...
eti*os /ue o %ai%m dese;astara...
Coc*as, &edri*as, &edaci*os de ossos...
1?
e&ois da luta e de&ois da co/uista
#i/uei s< #ora um ato ati&Itico<
eserta a 3l*a, e o leol a/uItico
>udo %erde, %erde, G a &erder de %ista.
Por/ue %os 'ostes, mi*as cara%elas,
Carre;adas de todo o meu tesoiro
G o;as teias de luar de l*ama de oiro,
e;edas a diamates das estrelas<
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=uem %os des'e, 'ormas icosistetes,
Por cu0o amor escalei a mural*a,G eão armado, uma es&ada os detes
#elies %s, mortos da batal*a<
So*ais, de costas, os ol*os abertos
4e'letido as estrelas, bo/uiabertos...
1K
7V37
esce &or 'im sobre o meu coraão
7 ol%ido. 3rre%ocI%el. Absoluto.
E%ol%eo ;ra%e como %u de luto.
Podes, cor&o, ir dormir o teu caiDão.
A 'rote 0I sem ru;as, distedidas
As 'ei2es, a imortal sereidade,
orme e'im sem dese0o e sem saudade
as coisas ão lo;radas ou &erdidas.
7 barro /ue em /uimera modelaste
=uebrousete as mãos. Via uma 'lor...
P2esl*e o dedo, eila murc*a sobre a *aste...
3as adar, sem&re 'u;ia o c*ão,
At /ue des%aira%as, do terror.
Corriate um suor, de i/uietaão...
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1M
=uem &oluiu, /uem ras;ou os meus leis de li*o,
7de es&erei morrer, G meus tão castos leis
o meu 0ardim eD;uo os altos ;irassis
=uem 'oi /ue os arracou e laou o cami*o
=uem /uebrou U/ue 'uror cruel e simiesco<
A mesa de eu cear, G tIbua tosca de &i*o
E me es&al*ou a le*a E me etorou o %i*o
G a mi*a %i*a o %i*o acidulado e 'resco...
O mi*a &obre mãe<... Não te er;as mais da co%a.
7l*a a oite, ol*a o %eto. Em rua a casa o%a...
os meus ossos o lume a eDti;uirse bre%e.
Não %e*as mais ao lar. Não %a;abudes mais,
Alma da mi*a mãe... Não ades mais J e%e,
e oite a medi;ar Js &ortas dos casais.
1T
#loriram &or e;ao as rosas bra%as
No i%ero: %eio o %eto des'ol*Ilas...
Em /ue cismas, meu bem Por/ue me calas
As %oes com /ue *I &ouco me e;aa%as
Castelos doidos< >ão cedo castes<...
7de %amos, al*eio o &esameto,
e mãos dadas >eus ol*os, /ue um mometo
Perscrutaram os meus, como %ão tristes<
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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E sobre s cai u&cial a e%e,
Surda, em triu'o, &talas, de le%e
Qucado o c*ão, a acr&ole de ;elos...
Em redor do teu %ulto como um %u<
=uem as es&are G /uata 'lor< G do cu,
Sobre s dois, sobre os ossos cabelos
1X
N7 CA$S>47 E CEAS
Eis /uato resta do idlio acabado,
Prima%era /ue durou um mometo...
Como %ão lo;e as ma*ãs do co%eto<
o ale;re co%eti*o abadoado...
>udo acabou... AFmoas, *idr;eas,
Silidras, G 'lores tão ossas ami;as<
No claustro a;ora %iam as orti;as,
4o0amse cobras &elas %el*as lI0eas.
Sobre a iscrião do teu ome delido<
=ue os meus ol*os mal &odem soletrar,
Casados... E o aroma 'eecido
=ue se e%ola do teu ome %ul;ar<
Eobreceuo a /uietaão do ol%ido,O doce, i;Fua, iscrião tumular.
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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1Y
#oi um dia de iúteis a;oias.
ia de sol, iudado de sol<...
#ul;iam uas as es&adas 'rias...
ia de sol, iudado de sol<...
#oi um dia de 'alsas ale;rias.
Ilia a es'ol*arse, G o seu mole sorriso...
Volta%am rac*os das romarias.
Ilia a es'ol*arse, G o seu mole sorriso...
ia im&ress%el mais /ue os outros dias.
>ão lúcido... >ão &Ilido... >ão lúcido<...
i'uso de teoremas, de teorias...
7 dia 'útil mais /ue os outros dias<@iuete de discretas iroias...>ão lúcido... >ão &Ilido... >ão lúcido<...
18
=uado %oltei ecotrei os meus &assos
Aida 'rescos sobre a úmida areia.
A 'u;iti%a *ora, ree%o/ueia,
>ão redi%i%a< os meus ol*os baos...
7l*os tur%os de lI;rimas cotidas.
@es/ui*os &assos, &or/ue doide0astes
Assim tras%iados, e de&ois torastes
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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Ao &oto das &rimeiras des&edidas
7de 'ostes sem tio, ao %eto %Irio,
Em redor, como as a%es um a%iIrio,
At /ue a asita 'o'a l*es 'alea...
>oda essa eDtesa &ista G &ara /uF
Se *I de %ir a&a;ar%os a mar,Com as do o%o rasto /ue comea...
19
3ma;es /ue &assais &ela retia
os meus ol*os, &or/ue ão %os 'iDais
=ue &assais como a I;ua cristaliaPor uma 'ote &ara uca mais<...
7u &ara o la;o escuro ode termia
Vosso curso, silete de 0ucais,E o %a;o medo a;ustioso domia,
Por/ue ides sem mim, ão me le%ais
Sem %s o /ue são os meus ol*os abertos
7 es&el*o iútil, meus ol*os &a;ãos<
Aride de sucessi%os desertos...
#ica se/uer, sombra das mi*as mãos,
#leDão casual de meus dedos icertos,Estra*a sombra em mo%imetos %ãos.
?[
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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^B43CA
=uado a %e0o, de tarde, a alameda,Arrastado com ar de ati;a 'ada,
Pela rama da murta des&otada,
A saia tras&arete de al%a seda,
E medito o ;oo /ue &romete
A sua boca 'resca, &e/ueia,
E o seio mer;ul*ado em reda 'ia,
Sob a cur%a li;eira do cor&ete
Pela mete me &assa em u%em desa
$m tro&el i'iito de dese0os:
=uero, Js %ees, sor%Fla, em ;rades bei0os,
a luDúria 'ebril a c*ama itesa...
ese0o, um tras&orte de ;i;ate,
EstreitIla de ri0o etre meus braos,
At /uase esma;ar esses abraos
A sua care braca e &al&itate
Como, da Lsia os bos/ues tro&icais
A&ertam, em es&iral auriluete,
7s músculos *ercúleos da ser&ete,Aos trocos das &almeiras colossais.
@as, de&ois, /uado o &eso do casao
A se&ulta a mora letar;ia,
ormitado, re&ousa, todo o dia,
] sombra da &almeira, o cor&o lasso.
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
http://slidepdf.com/reader/full/camilo-pesanha-clepsidra 19/39
Assim, /uisera eu, eDausto, /uado,
No delrio da ;ula todo absorto,
@e &rostasse, embria;ado, semimorto,
7 %a&or do &raer em soo brado
Etre%er, sobre 'udo es%aecido,
os 'atasmas da 'ebre o icerto mar,
@as sem&re sob o aul do seu ol*ar,
As&irado o 'rescor do seu %estido,
Como os brios c*ieses, delirates,4es&iram, a dormir, o 'umo /uieto,
=ue o seu lo;o cac*imbo &redileto
No ambiete es&al*a%a &ouco ates...
Se me lembra, &orm, /ue essa doura,
E'eito da iocFcia em /ue ada e%olta,
@e 'o;e, como um so*o, ou u%em solta,
Ao 'erirl*e um s bei0o a 'ace &ura
=ue *I de dissi&arse o mometo
Em /ue eu tetar correr &ara abraIla,
@ira;em icostate, /ue res%ala
No *oriote do louco &esameto
=uero admirIla, etão, tra/Zilamete,
Em 'eli a&atia, de ol*os 'itos,
Como admiro o mati dos &assaritos,
>emedo /ue o rudo os a'u;ete
Para assim coser%arl*e a ;raa imesa,
E %er outros mordidos &or dese0os
e sor%er sua care, em ;rades bei0os,
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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a luDúria 'ebril a c*ama itesa...
@as ão &osso cotar: ada *I /ue eDceda
A u%em de dese0os /ue me esma;a,
=uado a %e0o, da tarde J sombra %a;a,
Passeado soi*a a alameda...
?1
3N>E447A567
Não sei se isto amor. Procuro o teu ol*ar,
Se al;uma dor me 'ere, em busca de um abri;o
E a&esar disso, crF< uca &esei um lar
7de 'osses 'eli, e eu 'eli coti;o.
Por ti uca c*orei e*um ideal des'eito.
E uca te escre%i e*us %ersos romticos.
Nem de&ois de acordar te &rocurei o leito
Como a es&osa sesual do Cntico dos cnticos.
Se amarte ão sei. Não sei se te idealio
A tua cor sadia, o teu sorriso tero...
@as sitome sorrir de %er esse sorriso
=ue me &eetra bem, como este sol de 3%ero.
Passo coti;o a tarde e sem&re sem receio
a lu cre&uscular, /ue eer%a, /ue &ro%oca.
Eu ão demoro a ol*ar a cur%a do teu seio
Nem me lembrei 0amais de te bei0ar a boca.
Eu ão sei se amor. SerI tal%e comeo...
Eu ão sei /ue mudaa a mi*a alma &ressete...
Amor ão sei se o , mas sei /ue te estremeo,
=ue adoecia tal%e de te saber doete.
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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??
C4EP$SC$A4
HI o ambiete um murmúrio de /ueiDume,
e dese0os de amor, dais com&rimidos...
$ma terura es&arsa de balidos,
Setese esmorecer como um &er'ume.
As madressil%as murc*am os sil%ados
E o aroma /ue eDalam &elo es&ao,
>em del/uios de ;oo e de casao,
Ner%osos, 'emiios, delicados,
Setemse es&asmos, a;oias da%e,
3a&rees%eis, mimas, sereas...
>e*o etre as mãos as tuas mãos &e/ueas,
7 meu ol*ar o teu ol*ar sua%e.
As tuas mãos tão bracas daemia...
7s teus ol*os tão mei;os de tristea...
este ela;uescer da aturea,
Este %a;o so'rer do 'im do dia.
?K
CAS>E7 E OB37S
=uado se er;uerão as seteiras,
7utra %e, do castelo em rua,
E *a%erI ;ritos e badeiras
Na 'ria ara;em matutia
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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Se ou%irI tocar a rebate
Sobre a &lacie abadoada
E sairemos ao combate
e cota e elmo e a lo;a es&ada
=uado iremos, tristes e srios,
Nas &roliDas e %ãs cotedas,
Soltado 0uras, im&ro&rios,
Pelas di%isas e le;edas
E %oltaremos, os ati;os
E &urssimos lidadores,
U=uatos trabal*os e &eri;os<
=uase mortos e %ecedores
E /uado, oce 3'ata 4eal,
Nos sorrirIs do bel%eder
G @a;ra 'i;ura de %itral,
Por /uem s 'omos combater...
?M
47>E347 A V3A
3
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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E'im, le%atou 'erro.
Com os leos adeus, %ai &artir o a%io.
o;e das &edras mIs do meu desterro,
7das do aul oceao, submer;io.
=ue eu, desde a &artida,
Não sei ode %ou.
4oteiro da %ida,
=uem /ue o traou
Nal;uma roc*a i;ota
Se %ai des&edaar, com %ioleto 'ra;or...
@areate, deiDa as cartas da derrota.
@a/uiista, dI mais 'ora o %a&or.
Nem sei de ode %e*o,
=ue aar me 'adou<...
as mI;oas /ue te*o,7s ais &or /ue os dou...
7u si;a, maldito,
Com a badeira amarela...
Pomares, c*als, mercados, cidades...
A ol*ar da amurada,
=ue triste /ue estou<
@ira;es do ada,
ieime /uem sou...
33
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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Nes;as a;udas do areal
E ;ai%otas /ue %oais em redor do a%io,
>orais o meu crebro mole,
Esmeralda %i%a do Caal
E desertos iudados de sol< G
@eu &obre crebro icose/Zete e doetio<
No /ual uma rede se dese*a,
Com&licada, de so'rimetos irre;ulares...
L;uas /ue 'iltrais a areia< G
Ates /ue o cre&úsculo %e*a,
7 cre&úsculo e as lar%as tumulares,
A im&urea iútil dissol%eia.
=ue o sol, sem mac*a, o cristal sereo
Volatilie, ao seu doce calor,
A 'ria e eDa;ue li/uescFcia...
$m *Ilito< Não embaciarI de %eeo,
3decisa, icolor,
a areia o bril*o e a %i%a tras&arFcia.
4ecortes %i%os das areias,
>omai meu cor&o e abridel*e as %eias...
7 meu sa;ue etoraio,
i'udio, sob o rútilo sol,
Na areia braca como em um leol,
Ao sol triu'ate sob o /ual desmaio<
333
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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Cristalia2es salias,
@irrai a areia o &lasma %i%a.
Não se dese%ol%am as &tomaas...
=ue adocicado< =ue obsessão de c*eiro<
Putrescia: G #lor de lilIs.
Cada%eria: G Braca 'lor do es&i*eiro<
S o meu crio, 'i/ue,
4olado, ise&ulto, o areal,
Ao abadoo e ao acaso do simum...
=ue o sol e o sal o &uri'i/ue.
?T
CAN5A7 A PA4>3A
Ao meu coraão um &eso de 'erro
Eu *ei de &reder a %olta do mar.
Ao meu coraão um &eso de 'erro... aIlo ao mar.
=uem %ai embarcar, /ue %ai de;redado,
As &eas do amor ão /ueira le%ar...
@aru0os, er;uei o co're &esado, aaio ao mar.
E *ei de mercar um 'ec*o de &rata.
7 meu coraão o co're selado.
A sete c*a%es: tem detro uma carta...
G A última, de ates do teu oi%ado.
A sete c*a%es, G a carta ecatada<
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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E um leo bordado... Esse *ei de o le%ar,
=ue &ara o mol*ar a I;ua sal;ada
No dia em /ue e'im deiDar de c*orar.
?X
4u'ado a&ressado,
E bamboleado,
Bo &osto ao lado,
arboso, o tambor
A%aa em redor
o cam&o de amor...
Com 'ora, soldado<
A &asso dobrado<
Bem bamboleado<
Amores te ba'e0em.
=ue as moas te bei0em.
=ue os moos te i%e0em.
@as ai, soldado<
O triste alieado<
Por mais eDaltado
=ue o to/ue reclame,
Ni;um /ue te c*ame...
Ni;um /ue te ame...
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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?Y
Se ada%a o 0ardim
=ue c*eiro de 0asmim<
>ão braca do luar<
Eis te*oa 0uto a mim.
Vecida, mi*a, e'im,
A&s tato a so*ar...
Por/ue etristeo
assim...
Não era ela, mas sim.U7 /ue eu /uis abraar,
A *ora do 0ardim...
7 aroma de 0asmim...A oda do luar...
?8
e&ois das bodas de oiro,
a *ora &rometida,
Não sei /ue mal a;oiro
@e aoiteceu a %ida...
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
http://slidepdf.com/reader/full/camilo-pesanha-clepsidra 28/39
>emo de re;ressar...
E matame a saudade...
G @as de me recordar
Não sei /ue dor me i%ade.
Nem /uero &rosse;uir,
>ril*ar o%os cami*os,
@eus &obres &s dorir,QI roDos dos es&i*os.
Nem 'icar... e morrer...
Perderte, ima;em %a;a...
Cessar... ão mais te %er...
Como uma lu se a&a;a...
?9
7 meu coraão desce,
$m balão a&a;ado...
@el*or 'ora /ue ardesse,
Nas tre%as, icediado.
Na bruma 'astidieta.
Como um caiDão J co%a...
Por/ue ates ão rebeta
e dor %ioleta e o%a<
=ue a&e;o aida o sustm
Ltomo miserado...
Se o esma;asse o trem
um comboio ar/ue0ado<...
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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7 iae, %il des&o0o
a alma e;osta e 'raca<
>rouDesseo o mar de ro0o,
e%asseo a ressaca.
K[
V377NCE7
C*orai arcadas
o %iolocelo<
Co%ulsioadas,
Potes aladas
e &esadelo...
e /ue es%oaam,
Bracos, os arcos...
Por baiDo &assam,Se des&edaam,
No rio, os barcos.
#udas, soluam
Caudais de c*oro...=ue ruas, Uouam<
Se se debruam,
=ue sor%edouro<...
>rFmulos astros,
Soid2es lacustres...
G emes e mastros...
E os alabastros
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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os balaústres<
$ras
/uebradas<
Blocos de ;elo...
G C*orai arcadas,
es&edaadas,
K1
A7 7NE 7S BA4C7S E #74ES
S, icessate, um som de 'lauta c*ora,
Viú%a, ;rIcil, a escuridão tra/Zila,
Perdida %o /ue de etre as mais se eDila,
#est2es de som dissimulado a *ora.
Na or;ia, ao lo;e, /ue em clar2es citila
E os lIbios, braca, do carmim des'lora...
S, icessate, um som de 'lauta c*ora,
Viú%a, ;rIcil, a escuridão tra/Zila,
E a or/uestra E os bei0os >udo a oite, 'ora,
Cauta, detm. S modulada trila
A 'lauta 'lbil... =uem *I de remila
=uem sabe a dor /ue sem raão de&lora
S, icessate, um som de 'lauta c*ora...
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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K?
V37A CH3NESA
Ao lo;o da %iola amorosa
Vai adormecedo a &arleda,
Sem /ue, amadorado, eu ateda
A le;ale;a 'astidiosa.
Sem /ue o meu coraão se &reda,
E/uato, asal, miuciosa,
Ao lo;o da %iola morosa,
Vai adormecedo a &arleda.
@as /ue cicatri melidrosa
HI ele, /ue essa %iola o'eda
E 'a /ue as asitas disteda
Numa a;itaão dolorosa
Ao lo;o da %iola, morosa...
KK
E@ $@ 4E>4A>7
e sob o cWmoro /uadra;ular
a terra 'resca /ue me *I de iumar,
E de&ois de 0I muito ter c*o%ido,
=uado a er%a alastrar com o ol%ido,
Aida, ami;o, o mesmo meu ol*ar
HI de ir *umilde, atra%essado o mar,
E%ol%erte de &reito eterecido,
Como o de um &obre cão a;radecido.
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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KM
Vo dbil /ue &assas,
=ue *umlima ;emes
Não sei /ue des;raas...
irseia /ue &edes.
irseia /ue tremes,
$ida Js &aredes,
Se %es, Js escuras,
Co'iarme ao ou%ido
Não sei /ue amar;uras...
Sus&iras ou 'alas
Por/ue o ;emido,
7 so&ro /ue
eDalas
irseia /ue reas.
@urmuras baiDi*o
Não sei /ue
tristeas...
Ser teu com&a*eiro G
Não sei o cami*o.
Eu sou estra;eiro.
Passados amores G
Aimaste, dies
Não sei /ue terrores...
#ra/ui*a, deliras.
KT
NA CAE3A
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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Na cadeia os badidos &resos<
7 seu ar de cotem&lati%os<
=ue das 'lores de ol*os acesos<
Pobres dos seus ol*os cati%os.
Passeiam mudos etre as ;rades,
Parecem &eiDes um a/uIrio.
Cam&o 'lorido das Saudades,
Por/ue rebetas tumultuIrio
Sereos... Sereos... Sereos...
>rouDeos al;emados a escolta.
Estra*a taa de %eeos
@eu coraão sem&re em re%olta.
Coraão, /uieti*o... /uieti*o...
Por/ue te isur;es e blas'emas
Psc*iu... Não batas... e%a;ari*o...
7l*a os soldados, as al;emas<
KX
V3A
C*o%eu< E lo;o da terra *umosa
3rrom&e o cam&o das liliIceas.
#oi bem 'ecuda, a estaão &lu%iosa<
=ue %i;or o cam&o das liliIceas<
Cal/uem. 4ecal/uem, ão o a'o;am.
eiDem. Não cal/uem. =ue tudo i%adam.
Não as eDti;uem. Por/ue as de;radam
Para /ue as calcam Não as a'o;am.
7l*em o 'o;o /ue ada a serra.
a /ueimada... =ue lumaru<
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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Podem calcIlo, deitarl*e terra,
=ue ão a&a;am o lumaru.
eiDem< Não cal/uem< eiDem arder.
Se a/ui o &isam, rebeta alm.
G E se arde tudo G 3sso /ue tem
eitaml*e 'o;o, &ara arder...
KY
Por/ue o mel*or, e'im,
ão ou%ir em %er...
Passarem sobre mim
E ada me doer<
G Sorrido iteriormete,
Coas &Il&ebras cerradas,
]s I;uas da torrete
QI tão lo;e &assadas. G
4iDas, tumultos, lutas,
Não me 'aerem dao...
Al*eio Js %ãs labutas,
]s esta2es do ao.
Passar o estio, o outoo,
A &oda, a ca%a, e a redra,
E eu dormido um soo
ebaiDo duma &edra.
@el*or at se o acaso
7 leito me reser%a
No &rado eDteso e raso
A&eas sob a er%a
=ue Abril co&ioso eso&e...
E, es%elto, a iter%alos
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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#usti;ueme o ;alo&e
e bados de ca%alos.
7u o serrao mato,
A bri;as tão &ro&cio,
7de o %i%er i;rato
is&2e ao sacri'cio
as %idas, mortes duras
4uam &elas /uebradas,
Com c*o/ues de armaduras
E tiidos de es&adas...
7u sob o &iso, at,
3'ame e %il da rua,
7de a tor%a ral
3rrom&e, tumultua,
Se estorce, %oci'era,
Sel%a;em os co'litos,
Com m&etos de 'era
Nos ol*os, saltos, ;ritos...
4oubos, assassiatos<
Horas 0amais tra/Zilas,
Em brutos &u;ilatos
#raturamse as maDilas...
E eu sob a terra 'irme,
Com&acta, recalcada,
@uito /uieti*o. A rirme
e ão me doer ada.
K8
_L$A @744EN>E_
3l &leure das mo coeur
Comme il &leut sur la
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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Verlaie
@eus ol*os a&a;ados,
Vede a I;ua cair.
as beiras dos tel*ados,
Cair, sem&re cair.
as beiras dos tel*ados,
Cair, /uase morrer...
@eus ol*os a&a;ados,
E casados de %er.
@eus ol*os, a'o;ai%os
Na %ã tristea ambiete.
Ca e derramai%os
Como a I;ua morrete.
K9
B4ANC7 E VE4@EH7
A dor, 'orte e im&re%ista,
#eridome, im&re%ista,
e braca e de
im&re%ista
#oi um deslumbrameto,
=ue me edoidou a %ista,
#eme &erder a %ista,
#eme 'u;ir a %ista,
Num doce es%aimeto.
Como um deserto
imeso,
#ese em redor de mim.
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
http://slidepdf.com/reader/full/camilo-pesanha-clepsidra 37/39
>odo o meu ser, sus&eso,
Não sito 0I, ão &eso,
Pairo a lu, sus&eso...
=ue delcia sem 'im<
Na iudaão da lu
Ba*ado os cus a 'luD,
No FDtase da lu,
Ve0o &assar, des'ila
USeus &obres cor&os us
=ue a distacia redu,
Ames/ui*a e redu
No 'udo da &u&ila
Na areia imesa e &laa
Ao lo;e a cara%aa
Sem 'im, a cara%aa
Na li*a do *oriote
a eorme dor *umaa,
a isi;e dor *umaa...
A iútil dor *umaa<
@arc*a, cur%ada a 'rote.
At o c*ão, cur%ados,
EDaustos e cur%ados,
Vão um a um, cur%ados,
Escra%os codeados,
No &oete recortados,
Em e;ro recortados,
@a;ros, mes/ui*os, %is.
A cada ;ol&e tremem
7s /ue de medo tremem,
E as &Il&ebras me tremem
=uado o aoite %ibra.
Estala< e a&eas ;emem,
Palidamete ;emem,
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
http://slidepdf.com/reader/full/camilo-pesanha-clepsidra 38/39
A cada ;ol&e ;emem,
=ue os dese/uilibra.
Sob o aoite caem,
A cada ;ol&e caem,
Er;uemse lo;o. Caem,
Soer;ueos o terror...
At /ue e'im desmaiem,
Por uma %e desmaiem<
Eilos /ue e'im se
es%aem,
Vecida, e'im, a dor...
E ali 'i/uem sereos,
e costas e sereos.
Bei0eos a lu, sereos,
Nas am&las 'rotes calmas.
O cus claros e ameos,
oces 0ardis ameos,
7de se so're meos,
7de dormem as almas<
A dor, deserto imeso,
Braco deserto imeso,
4es&ladecete e imeso,
#oi um deslumbrameto.
>odo o meu ser sus&eso,
Não sito 0I, ão &eso,
Pairo a lu, sus&eso
Num doce es%aimeto.
O morte, %em de&ressa,
Acorda, %em de&ressa,
Acodeme de&ressa,
Vemme eDu;ar o suor,
=ue o estertor comea.
cum&rir a &romessa.
7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra
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>udo %ermel*o em 'lor...
M[
P7E@A #3NA
O cores %irtuais /ue 0aeis subterreas,
G #ul;ura2es auis, %ermel*os de *emo&tise,
4e&resados clar2es, cromIticas %esias,
No limbo ode es&erais a lu /ue %os batie,
As &Il&ebras cerrai, asiosas ão %eleis.
Abortos /ue &edeis as 'rotes cor de cidra,
>ão ;ra%es de cismar, os bocais dos museus,
E escutado o correr da I;ua a cle&sidra,
Va;amete sorris, resi;ados e ateus,
Cessai de co;itar, o abismo ão sodeis.
emebudo arrul*ar dos so*os ão so*ados,
=ue toda a oite errais, doces almas &eado,
E as asas lacerais a aresta dos tel*ados,
E o %eto eD&irais em um /ueiDume brado,
Adormecei. Não sus&ireis. Não res&ireis.
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