View
243
Download
4
Category
Preview:
DESCRIPTION
Jornal da exposição "Cantamos Pessoas Vivas", na Faculdade de Belas-Artes
Citation preview
Cantamos
PessoasVivas
Portugal e o Mundo: os Anos 60, 70 do Séc. XX
1971: Festival Vilar de Mouros
jornal de exposição
Cultura e
juventude
ao serviço
de todos
Vilar de Mouros
Festival da
O festival Vilar de Mou-
ros de 1971 demorou três
anos a ser preparado. Ou
seja, foi pensado antes
da realização de Woods-
tock. Os Beatles, Rolling
Stones e Pink Floyd foram
as primeiras escolhas in-
ternacionais. Os Beatles
(que iriam custar cerca de
1000 contos) acabariam
por se separar antes da
contratação. Os Rolling
Stones, Pink Floyd e ou-
tros como Moody Blues
e Cat Stevens não tinham
datas disponíveis.
Criado em 1965 pelo médico António Augusti Barge, o
Festival de Vilar de Mouros foi inicialmente um evento
de divulgação da música popular do Alto Minho e Galiza,
destino turistico. Em 1968, o festival reuniu a Banda da
Guarda Nacional Republicana, com fado e cantores de in-
tervenção: Zeca Afonso, Carlos Parede, Luis Goes, Adriano
Correia de Oliveira, Quinteto Académico+2, Shegundo Ga-
larza e alguns grupos de folclore. Mas foi em 1971 que, e
apesar da ditadura, se produziu em Portugal a 1ª grande
edição do Festival Vilar de Mouros, e o até então maior fes-
tival de sempre no país. O clima de paz, amor e liberdade
fez com o que o Vilar de Mouros de 71 fosse considerado,
tanto para a critica nacional como para a internacional,
os dias 31 de Julho a 15 de Agosto de 71 cerca de 20 mil
-
tos da Europa, assistiram às actuações de Elton John e
-
tivo, Bridge, Beartnicks, Psico, Mini-Pop, Pop Five Music
Banda da Guarda Nacional Republicana, Coral Polifónico
de Viana do Castelo e o Grupo de Bailado Verde Gaio, abar-
cando assim o tradicional, o fado, o rock e o pop.
Tal como o Woodstock, o Vilar de Mouros acabou também
em grande prejuízo para a organização (cerca de 1000
top de vendas de singles em Portugal, recebeu 600 contos,
um valor elevadíssimo para a altura. O único subsídio que
existiu foi dado pelo Secretariado Nacional de Informação
Ao todo foram gastos cerca de 2500 contos pagos pela fa-
mília Barge.
homens da GNR do Por-
to estiveram presentes no
festival, mas numa atitude
discreta. Registou-se uma
única intervenção caricata
-
prano Elisette Bayam com
uma imigrante clandestina.
-
licias, a Igreja posicionou-se
contra o evento e pedia aos
pais que não deixassem os
ser organizado por pessoas
de “leste”. A família Barge
acabou inclusivamente por
ser “excomungada”.
No dia 7 de Agosto de 1971,
-
tival, centenas de jovens
dirigiram-se a Vilar de Mou-
ros. Com mochilas às costas
e à boleia caminhavam em
busca de musica “diferente”.
Como em Woodstock as es-
tradas encheram-se de car-
ros impedindo a circulação
e nos campos verdejantes
Liberdade
2
de Vilar de Mouros ergueu-se uma
“aldeia de lona” onde campistas “to-
caram viola, cantaram, dançaram e
respiraram ar livre”.
A ordem de entrada em palco dos
grupos portugueses foi decidida
aleatoriamente. Os Sindicato de Ed-
mundo Falé, Jorge Palma e Rão Kyao
iniciaram o festival, mas a sua ac-
tuação, com músicas de 10 minutos,
não agradou ao público. Seguiram-
-se os Celos, Pop Five Incorporated,
Psico e os Bridge, considerados “um
Seguiram-se os muito aguardados
Quarteto 1111 - que cantaram em in-
-
gono - que iriam actuar com Paulo de
Carvalho, que desistiu de participar
quando soube que a banda iria ga-
nhar 30 contos e ele somente 6 – e os
-
dos Manfred Mann, protagonistas de
e muito pouco entusiasmante.
O 2º dia, dedicado à Música Moderna,
Quarteto 1111 apresentavam-se pela
2ª vez em palco, com uma actuação
mais convicta do que a da véspera.
Parece essa ter sido também uma
característica do festival. As bandas
portuguesas actuaram melhor no
2º dia, fruto da sua inexperiência e
“falta de rodagem”. Mas o momento
alto da noite estaria a cargo do “show-
man” Elton John. O artista mais caro
do festival, o cabeça de cartaz. O pu-
-
sim não exteriorizou o seu entusias-
mo. O que deveria ter sido um encore,
perceber o que era, o público não ma-
nisfestou vontade de “um regresso”.
-
gues conseguiram levar uma nova
enchente a Vilar de Mouros,
mas as suas actuações fo-
ram consideradas brilhan-
-
dor da sua carreira, encan-
tou um público mais velho,
sentado em cadeiras.
A apatia do público foi a ca-
racterística dominante do
festival. Os jovens não es-
tavam habituados a terem
liberdade. Nunca uma tão
grande massa de gente se
reunira para um evento cul-
tural. A censura e a possível
repreensão estavam sempre
eminentes. O amadorismo
das bandas portuguesas e
os longos intervalos entre
as actuações também pro-
vavelmente contribuiram
para essa “apatia”. Num tex-
to para o “Mundo da Canção”,
Tito Lívio escreveu: “Vilar de
Mouros foi a constatação de
uma incultura musical, quer
pela escassez de apoio do es-
tado, quer pelo amadorismo
dos conjuntos portugueses,
quer ainda pela mentalida-
de carneiral da maioria dos
espectadores presentes”.
Em contrapartida, o bom
comportamento do públi-
co, tal como em Woodstock,
tornou-se o aspecto mais
-
comportamento de todos os
jovens presentes em Vilar
de Mouros, é tanto mais de
louvar se pensarmos que nos
campos de futebol, onde se
juntam também 20 mil dos
chamados adultos, se pas-
sam acontecimentos tristes,
comprometedores da educa-
ção e civilidade de um povo
ainda de proibir os jogos de
que os festivais de musica
para os jovens são encarados
com tanto medo? Os jovens
aqui presentes em Vilar de
Mouros deram um exemplo
tremendo de como se podem
juntar milhares de pessoas
quezílias escusadas.”
‘(...) o pessoal delirou,
cantou, dançou,
sussurrou (para evitar
ouvidos inquisidores),
excedeu-se de cabeças
recolhidas (enganando
olhares indiscretos),
dormiu espojado para
as estrelas, curou a
ressaca, lavou-se no rio
e esperou, sem saber,
por Abril.’
António Amorim
‘Cantamos Pessoas Vivas’, tema do Quarteto 1111
3
Onde é que estava
em 1971?
-
meiro grande festival do País. Agora,
podem ser recordadas no livro Vilar
de Mouros, 35 anos de Festivais (250
-
sulta de um trabalho de pesquisa de
da terra, que embora não tenha as-
sistido à génese do festival, não tem
perdido pitada, desde 1982. O livro
começou a ser delineado durante a
edição de 2002, como o próprio con-
ta: «António Barge, o ‘inventor do
festival’, tinha morrido meses antes
-
-
-
Uma das peças-chave foi Amélia
Barge, viúva do médico e que o acom-
panhou na organização de todos os
festivais. «Cheguei a emagrecer 15
-
mar e desarmar barracas, colaborei
-
çou em 1965/67 quando Barge pro-
moveu um festival de folclore inter-
nacional. Em 1968, foi mais ousado
e, do cartaz, faziam mesmo parte al-
guns nomes incómodos: Zeca Afonso,
Carlos Paredes, a Banda da Guarda
Nacional Republicana (cem elemen-
-
Afonso era descrito como «o famoso
criador de um novo estilo de canção
portuguesa, inspirada na forma de
-
dos. Amélia Barge ainda recorda os
avisos da mulher de Zeca: «Ela dizia--
-lhe: ‘Não cantes as canções proibidas
que ainda vais preso.’ Mas o público
Elton à boleia de Isidro
Não havia managers, produtoras, ca-
tering, nem sequer hotéis. «Os músi-
cos dormiam em casa de amigos e em
Viana do Castelo. A porta de minha
casa estava aberta, os nossos
quartos eram para as visitas
e nós dormíamos a monte, no
Mas o médico queria fazer
uma coisa em grande: além
de gostar de música, preten-
dia potenciar a região para
o turismo e levar o nome
de Vilar de Mouros a todo o
País. Levou três anos a pre-
parar o festival de 1971, o tal
que trouxe a Portugal Elton
O Woodstock tinha aconteci-
do em 1969 e Barge pensou:
mulher. Além de Elton John,
o médico foi buscar o sul-
-africano Manfred Mann, e
conseguiu duas estreias de…
obras de Joly Braga Santos e
António Victorino d”Almeida.
«Centenas de jovens deman-
daram a aldeia. Foram de roupas coloridas e
-
ram-se para a estrada, contando com a boa-
jornais. Até o próprio Elton John foi à boleia de
alojado. Manfred Mann e Elton John diziam
Barge lembra-se de que, durante o concerto,
o músico inglês lhe perguntou: «Acha que
-
Muitos prejuízos
O grande problema de António Barge foi
-
dios não passaram de promessas. O único
dinheiro que recebeu foram 30 contos, ofe-
recidos pelo Secretariado Nacional de Infor-
mação. «A RTP prometeu, mas… não deu. E o
festival redundou num prejuízo, descomunal,
de mil contos. Não tivemos coragem de repe-
projectou um festival diferente no conteúdo
– incluía cinema, teatro, pintura e escultura –
mas as altas temperaturas políticas da altura
mais sete anos.
Em 1982, o presidente da Câmara de Cami-
nha, Pita Guerreiro, resolve reeditar a fes-
constantes alterações do programa, Vilar
de Mouros recebe, durante nove dias, os U2,
Johnny Copeland, Erika Pluhar, Tom Robin-
son, entre outros. Voltaria a dar prejuízo. Em
1985, os Trovante e Emilio Cao encabeçam
Popular. Segue-se um intervalo de dez anos.
Até que o festival regressa, em 1996, agora
produtora Música no Coração, com o patrocí-
nio da Super Bock.
-
ria certa, todos os Verões. E se, nos anos 70, o
apoio logístico era quase inexistente – o pú-
blico chegou a fugir para Caminha, à procu-
ra de comida, e os cafés da região fecharam
nada. E, se faltar, os telemóveis ou as cente-
nas de carros que se deslocam a Vilar de Mou-
ros dão uma ajuda.
Os 35 anos do festival aca-
bam de ser registados em
livro. Tudo começou em
1968, a partir da carolice de
um médico. Estórias do mais
lendário festival português.
4
-
rias que quase se perderam
e imagens de concertos ines-
quecíveis estão reunidas no
livro “Vilar de Mouros, 35
anos de festivais”, de Fernan-
do Zamith. É a primeira vez
que a história de um evento
de música rock é descrita e
compilada numa obra, si-
multaneamente documental
e de homenagem ao seu fun-
dador, António Barge, faleci-
do em 2002. Em declarações
à Agência Lusa, o autor e jor-
nalista explicou que o livro é
dedicado a um homem “idea-
o “festival de Vilar de Mouros
não tinha existido”.
Repartido por três grandes
capítulos, o livro apresenta
uma descrição cronológica de
todos os festivais realizados
na aldeia nortenha de Vilar
de Mouros, começando por
um festival infantil realizado
em 1937. Para Fernando Za-
mith a melhor de todas a edi-
ções foi a de 1982 que, apesar
da desorganização, conside-
ra ter sido um “verdadeiro
happening”, com nove dias
seguidos de música, vividos
com “grande intensidade”.
Nos últimos anos, com o
aparecimento de outros
festivais com cartazes ape-
lativos, como o Sudoeste
e o de Paredes de Coura,
Fernando Zamith acredita
que muita gente vai a Vilar
de Mouros por ser preci-
samente Vilar de Mouros e
não tanto pelo cartaz.
Jornalista da Agência Lusa
e professor na Universidade
do Porto, Fernando Zamith
revelou ainda que no futuro
em Vilar de Mouros, embora o
projecto esteja ainda no papel.
Agência Lusa
Memórias de
Vilar de MourosAs histórias e recordações de to-
dos os festivais de Vilar de Mou-
ros, pela primeira vez em livro
aproximadamente a 2.500 contos.
o conjunto Manfred Mann de In-
glaterra, mas parece que estava no
Algarve, e por isso, a despesa com
eles não foi tão grande como parecia.
Um dos cantores, Elton John, causou
os seus modos soberbos e as suas
exigências: carro de luxo para as
deslocações, quartos de luxo para os
acompanhantes e guarda-costas, etc.
O recinto do festival era uma clareira
cercada de eucaliptos, com um tai-
pal à volta e uma grade de arame do
lado do ribeiro. Na noite de 7 estavam
muitos milhares de pessoas e muita
gente dormiu ali mesmo, embrulha-
da em cobertores e na maior promis-
cuidade. Entre outros havia: crianças
de olhar parado indiferentes a tudo
grupos de homens, de mão na mão,
a dançar de roda um rapaz deitado,
Assunto: Festival de música “Pop” em
Vilar de Mouros A seguir se trans-
creve o texto de uma informação
redigida por um nosso elemento in-
formativo que assistiu ao “festival”
em questão, que teve lugar nos dias
7 e 8 do corrente, a qual se reproduz
na íntegra, para não alterar os deta-
lhes que foram alvo do seu espírito de
foram distribuídos, nas estradas do
País e nas estradas espanholas de
passagem de França para Portugal,
-
tas que dessem boleias aos indivídu-
os que iam ver o festival. No 1º dia,
anoitecer, o organizador, um tal Bar-
ge, anunciou que tinham sido vendi-
Esperavam vender 50 mil bilhetes
para cobrir as despesas, que seriam
Relatório
PIDE/
DGS[26-08-71]
com as calças abaixadas no trazeiro
um sujeito tão drogado que teve de
ser levado em braços, com rigidez
nos músculos relações sexuais entre
2 pares, todos debaixo do mesmo co-
bertor na zona mais iluminada sujei-
tos que corriam aos gritos para todos
os lados bichas enormes a comprar
laranjadas e esperando a vez nas re-
apesar disso, houve quem se aliviasse
de todo o género no chão (restos de
-
das nas proximidades Viam-se algu-
mas bandeiras. Uma vermelha com
uma mão amarela aberta no meio
(um dos símbolos usados na Améri-
com a inscrição “somos do Porto”
com raios a vermelho e uma estrela
preta. A população da aldeia, e de toda
a região, até Viana do Castelo, a uns
30 km de distância, estava revoltada
contra os “cabeludos” e alguns até
gritavam de longe ao passar “vai tra-
balhar”. Foram vistos alguns a comer
com as mãos e a limparem os dedos à
cabeleira. Viam-se cenas indecentes
beira da estrada. Em Viana do Castelo
dizia-se que os “hippies” tinham com-
-
-
tes de Coimbra, e outros que talvez
fossem de Lisboa ou do Porto. Alguns
passaram a noite em Viana do Cas-
telo em pensões, e viam-se alguns
de muito mau aspecto, parece que
do conjunto Manfred Mann (de que
faz parte um comunista declarado,
recinto, junto do rio e de uma capela,
havia muitas tendas montadas e gen-
muros e embrulhada em cobertores.
-
-
ras em funcionamento permanente
e muito trânsito. Toda aquela multi-
dão de famintos, sem recursos para
adquirir géneros alimenticios in-
de gafanhotos se tratasse, se lançou
sobre as hortas próximas colhendo
batatas e outros produtos hortícolas,
causando assim, grandes contrarie-
deles de débeis recursos económicos.
5
Em 1926 foi implantada em
-
tar, quando um golpe militar
organizado derruba a 1º Re-
pública. Fez-se eleger o pre-
sidente Óscar Carmona, mas
deste regime foi o Ministro
das Finanças convidado:
António de Oliveira Salazar.
Este conseguiu equilibrar
as contas do governo e esta-
bilizar o escudo, eliminando
que lhe valeu grande prestí-
Eventualmente, Salazar foi
nomeado Presidente do Con-
selho de Ministros, corria o
ano de 1932; e em 1933 ter-
lugar ao Estado Novo.
Uma vez à frente do Gover-
no, Salazar fez vigorar uma
nova Constituição (assinada
-
dança residia na centraliza-
ção dos poderes políticos.
Apesar de na Constituição
constar isso, os direitos dos
cidadãos não eram respeita-
dos e as eleições não eram li-
vres, sendo manipuladas por
todo o tipo de ilegalidades. A
Assembleia Nacional, forma-
da por deputados, tinha um
poder muito limitado, e, ape-
sar da hierarquia estabeleci-
da pela Constituição, Salazar
teve sempre um poder muito
do Presidente da República.
As medidas seguintes con-
dentro de uma redoma pró-
pria, e controlada por Sala-
zar em todas as frentes, du-
rante trinta anos. A ideologia
-
tralismo dos poderes; a re-
pressão do pensamento con-
traditório ao do regime, que
leva à limitação da liberda-
de, à censura, e à formação
a educação “serializada” da
juventude, assente no culto
do chefe e dos valores do re-
gime; o nacionalismo econó-
mico e o fecho das ligações
comerciais; o colonianismo e
o imperialismo.
Salazar
e o Estado Novo
a base de apoio do regime, além de ser
visto como uma porta de saída para o
pesado isolamento internacional.
Logo no discurso da tomada de pos-
orientadoras do seu governo: conti-
nuar a obra de Salazar, à qual presta
homenagem, sem por isso prescindir
da necessaria renovação política.
Pretendia-se, nas palavras do novo
presidente, “evoluir na continuida-
de”, concedendo aos Portugueses a
“liberdade possivel”.
Nos primeiros meses de mandato, o
Primavera
MarcelistaEm Setembro de 1968, Antonio de Oli-
veira Salazar é operado de urgência
a um hematoma cerebral, causado
a gravidade do seu estado de saúde, o
Presidente da Republica Américo To-
-
cedimentos institucionais para a sua
substituição. A escolha recaiu sobre o
professor Marcelo Caetano, um dos no-
se permitira discordar, em mais do
que uma ocasião, da política salazaris-
ta. Apresentava-se, por isso, como um
politico mais liberal, capaz de alargar
6
que enchem o povo e a oposição de es-
peranças: faz regressar do exílio al-
gumas personalidades, como o bispo
actuação da polícia política (que pas-
-
mento da censura; abre a União Na-
cional (rebaptizada, em 1970, Acção
-
dades políticas mais liberais.
-
cou conhecido como Primavera Mar-
celista, que se prepararam as eleições
legislativas de 1969. Procurando
-
feminino (a todas as mulheres esco-
de campanha à oposição, bem como
a consulta dos cadernos eleitorais e a
No entanto, embora se possa conside-
rar o menos manipulado de todos os
que ocarreram durante o Estado Novo,
o acto eleitoral saldou-se por uma série
-
ticos e o mesmo resultado de sempre:
100% dos lugares de deputados para
a União Nacional ; 0% para a oposição.
As suspeitas em torno da legitimida-
de dos objectivos apresentados por
-
mar-se em Abril de 1969, na cerimó-
nia de inauguração do novo edifício
de Ciências da Universidade de Coim-
bra. A recusa da palavra ao presiden-
te da Associação Académica de Coim-
bra — acto que levou o presidente da
República a ser vaiado e o presidente
da Associação Académica de Coimbra
a ser preso —, provocou uma forte cri-
se académica, resultando numa série
de greves, que se prolongariam até
Setembro desse ano. Este aconteci-
mento, juntamente com a continua-
ção da guerra colonial e a recusa da
adopção de reformas mais profundas
sugeridas pelos deputados da Ala Li-
beral — que os levou a abandonar a
-
les fundar o jornal Expresso — e, mais
tarde, a crise do petróleo de 1973 e a
consequente subida generalizada dos
preços, veio mostrar que as hipóteses
de concretização do slogan do regime
Evolução na Continuidade eram nu-
las, abrindo-se o caminho à Revolu-
ColonialAquando da escolha de
Marcelo Caetano, as altas
patentes das Forças Arma-
das puseram, como única
condição, que o novo chefe
do executivo mantivesse a
guerra em África. Caetano
anuiu, reiterando ao país a
sua intenção de continuar a
defender os nossos territó-
rios em nome dos interesses
muito, aí residia.
Paralelamente, e dando exe-
cução às suas convicções
federalistas, o chefe do Go-
verno redigiu um minucioso
projecto de revisão do estatu-
to das colónias, no sentido de
as encaminhar para a “auto-
nomia progressiva”.
O projecto contou, desde
logo, com a oposição tenaz
da maioria conservadora da
Assembleia Nacional, e aca-
bou amputado das soluções
mais inovadoras. Angola e
Moçambique passaram à ca-
-
cos”, sendo dotados de novas
instituições governativas
que, como as anteriores, con-
tinuavam fortemente depen-
dentes de Lisboa. No fundo,
nada mudou.
Em tais circunstâncias, a intensi-
dade da luta armada foi crescendo
e, embora controlada em Angola e
Moçambique, a situação militar de-
teriorou-se na Guiné, onde o PAIGC
adquiriu controlo sobre uma parte
Externamente, cresce o isolamento
português: em 1970, num geato alta-
mente desprestigiante para Portugal,
o papa Paulo VI recebe no Vaticano
os Iideres dos movimentos do MPLA,
FRELIMO e PAIGC ; na ONU, recru-
país a maior de todas as humilhações
quando, em 1973, a Assembleia Geral
reconhece a independência da Guiné-
-Bissau, à revelia do Estado portu-
de Marcelo Caetano ao Reino Unido
decorre no meio de protestos popula-
res e de uma forte segurança policial,
ao ser denunciado na imprensa um
massacre de civis em Moçambique.
Internamente, a pressão aumenta e
o regime desmorona-se. Os deputa-
dos liberais começam, em sinal de
protesto, a abandonar a Assembleia
Nacional; proliferam os grupos opo-
sicionistas de extrema-esquerda, e
cresce a contestação dos católicos
progressistas. As próprias Forças
Armadas dão sinais de uma inquie-
tação crescente.
É exactamente de um prestigiado mi-
litar que o regime recebe o maior dos
golpes: o general Antônio de Spínola,
herói da guerra da Guiné, publica, em
Futuro. Este livro, que segundo o seu
próprio relato, Marcelo Caetano leu
de um fôlego, ao serão, proclamava
abertamente, entre fortes e precisas
críticas ao funcionamento do regime,
a inexistência de uma solu-
ção militar para a guerra de
Africa. Por outras palavras,
que a guerra estava perdida.
terminou a leitura, Marcelo
Caetano percebeu “que o gol-
Guerra
7
The Vietnam War was a Cold
-
curred in Vietnam, Laos, and
Cambodia from 1 November
1955 to the fall of Saigon on
30 April 1975. This war fol-
lowed the First Indochina
War and was fought be-
tween North Vietnam, sup-
ported by its communist al-
lies, and the government of
South Vietnam, supported
by the U.S. and other anti-
communist nations. The Viet
Cong, a lightly armed South
Vietnamese communist-
controlled common front,
largely fought a guerrilla
war against anti-commu-
nist forces in the region.
The Vietnam People’s Army
engaged in a more conven-
tional war, at times commit-
ting large units into battle.
U.S. and South Vietnamese
forces relied on air superior-
-
power to conduct search and
destroy operations, involv-
ing ground forces, artillery
and airstrikes.
The U.S. government viewed
involvement in the war as
a way to prevent a commu-
nist takeover of South Viet-
nam and part of their wider
strategy of containment.
The North Vietnamese gov-
ernment viewed the war as a
colonial war, fought initially
against France, backed by
the U.S., and later against
South Vietnam, which it re-
garded as a U.S. puppet state. U.S.
military advisors arrived beginning
in 1950. U.S. involvement escalated
in the early 1960s, with U.S. troop
levels tripling in 1961 and tripling
again in 1962.
U.S. combat units were deployed be-
ginning in 1965. Operations spanned
borders, with Laos and Cambodia
heavily bombed. Involvement peaked
in 1968 at the time of the Tet Offen-
sive, in which Communist Vietcong
forces launched major attacks on
several large cities in South Vietnam.
In response to the Tet Offensive, the
U.S. military claimed that the war
could only be won by adding several
hundred thousand more soldiers to
the American forces already in South
Vietnam. After this, U.S. ground forc-
es were withdrawn as part of a policy
called Vietnamization.
Opposition
Advocates of the peace movement
defended a unilateral withdrawal of
U.S. forces from Vietnam. One rea-
son given for the withdrawal is that
it would contribute to a lessening of
tensions in the region and thus less
human bloodshed. Early opposition to
U.S. involvement in Vietnam was cen-
tered around the Geneva conference
refusing elections was thought to be
thwarting the very democracy that
America claimed to be supporting.
John Kennedy, while Senator, op-
posed involvement in Vietnam.
-
nam War turned to street protests in
an effort to turn U.S. political opinion.
After explosive news reports of Amer-
ican military abuses, such as the
1968 My Lai Massacre, brought new
attention and support to the anti-war
movement, the Vietnam Moratorium
attracted millions of Americans.
‘The battle against
communism (...)
must be joined (...)
with strenght and
determination’
Lyndon Johnson
Viet
‘nam War
10
many political successes, including
the passage of his sweeping Great
Society domestic programs (also
landmark civil rights legislation, and
the continued exploration of space.
At the same time, however, the coun-
try endured large-scale black riots in
the streets of its larger cities, along
with a generational revolt of young
people and violent debates over for-
eign policy. The emergence of the hip-
pie counterculture, the rise of New
Left activism, and the emergence of
the Black Power movement exacer-
bated social and cultural clashes be-
tween classes, generations and rac-
es. Every summer during Johnson’s
post-election administration, known
thereafter as the “long, hot sum-
mers”, major U.S. cities erupted in
massive race riots that left hundreds
dead or injured and destroyed hun-
dreds of millions of dollars in prop-
erty. Adding to the national tension,
Rev. Martin Luther King, Jr. was as-
sassinated in Memphis, Tennessee
sparking further mass rioting and
chaos, including Washington, where
rioting came within just a few blocks
A major factor in the precipitous de-
cline of President Johnson’s popu-
larity was the Vietnam War, which
he greatly escalated during his time
Vietnam and suffering thousands
of casualties every month. Johnson
was especially hurt when, despite his
repeated assurances that the war
was being “won”, the American news
media began to show just the oppo-
site. The Tet Offensive of February
1968 led to increased criticism from
antiwar activists that the war was
unwinnable. The Johnson Admin-
istration was particularly damaged
during the Tet Offensive when Viet-
cong forces managed to penetrate
the US Embassy, Saigon, the South
Vietnamese capital, before being
-
gle captured on national television.
In the months following Tet, John-
son’s approval ratings fell below 35%,
and the Secret Services refused to let
the President make public appear-
ances on the campuses of American
colleges and universities, due to his
extreme unpopularity among college
students. The Secret Services also
prevented Johnson from appear-
Convention in Chicago, because of
their fear that his appearance might
cause riots.
The Johnson
AdministrationIn the North-American
election of 1964, and
after serving the 14 re-
maining months after
President John F. Ken-
nedy’s assassination, as
he was Vice President at
the time, Democrat Lyn-
don Johnson had won
the largest popular vote
landslide in US Presiden-
tial election history.
A major
factor in the
precipitous
decline of
President
Johnson’s
popularity
was the
Vietnam War
The ‘68
The United States presidential elec-
tion of 1968 was a wrenching national
experience, conducted against a back-
drop of revolt amongst almost ev-
ery generation, class and race in the
country, and widespread demonstra-
tions against the Vietnam War across
American university and college
campuses; this escalated beyond be-
lieve when the presidential candidate
Robert F. Kennedy was assassinated.
On November 5, 1968, the Republican nom-
inee, former Vice President Richard Nixon,
-
Nixon ran on a campaign that promised to restore “law
and order”. Some consider the election of 1968 a realigning
that had dominated presidential politics for 36 years. It was
also the last election in which two opposing candidates
were vice-presidents.
Election
11
Turn ON,
Tune IN,
Drop OUTLeary’s audio release offers listeners
the chance to hear what the doctor
had to say on such subjects as abuse
of power, intolerance, the state of
American Society in the mid 1960s,
and the burgeoning communes and
encounter-groups, some of which
to reach higher plateaus of under-
standing. Recorded in 1966, it in-
cludes the famous sound bite: “I have
three things to say to young people
today. Turn on, tune in, drop out.”
not listen to the recording because
they will be angry, and he relates
encounters with the law and the in-
tolerance of parents who fear Leary
will lead children off like a pied piper.
Leary’s words, however, are soothing
and poetical, as when he describes
the grounds of the Castalia Foun-
dation, the institute he is speaking
from, or when he describes the ad-
ventures of his entourage in their
quest for enlightenment via the “psy-
chochemical revolution.”
In detailed, reasoned accounts of his
philosophy and his practice, Leary
The Andy Warhol of psychia-
try, with a hip following ba-
sed on a charismatic, albeit
enigmatic and controver-
sial image, Timothy Leary
is famous as the guru of the
drug culture, at a time when
young people were looking
for answers and meaning to
an insane world in an Ameri-
ca that was seriously questio-
ning its values. The answers
to their questions appeared
in Leary’s teachings, which
alarmed many parents and
enraged authorities.
explains his method and his desire
to become one of the wisest spiritual
guides of his time. Through the elabo-
rations Leary delivers, we sense he is
genuinely interested in enlighten-
ment and that he believed the use of
mind-altering substances like Mari-
old means to that end. What is most
striking is the tone of Leary’s words,
as we get a clear idea of the kind of ide-
alism that drove the psychedelic age.
The recording was made just be-
fore the height of the drug-taking
counterculture madness, so we get
a glimpse at the calm center of the
storm, the eye of the hurricane.
“‘Turn on’ meant go within to activate your neural and
genetic equipment. Become sensitive to the many and
various levels of consciousness and the specific triggers
that engage them. Drugs were one way to accomplish this
end. ‘Tune in’ meant interact harmoniously with the world
around you – externalize, materialize, express your new
internal perspectives. ‘Drop out’ suggested an elective,
selective, graceful process of detachment from involuntary
or unconscious commitments. ‘Drop Out’ meant self-
reliance, a discovery of one’s singularity, a commitment to
mobility, choice, and change. Unhappily my explanations
of this sequence of personal development were often
misinterpreted to mean
‘Get stoned and abandon all
constructive activity.’”
Timothy Leary
12
The history
they didn’t teach
you in school
Woodstock featured some of the more
memorable acts of the Rock & Roll
Sebastian, Arlo Guthrie, Santana,
Joplin, The Who, Jefferson Airplane,
Joe Cocker, Grandpa Simpson’s favo-
rite band that day––Sha Na Na, The
CSNY, and Country Joe and the Fish
memorable version of the Star-Span-
gled Banner.
Woodstock signalled the merger and
ambivalence of the counterculture
and protest. The festival was billed
as “three days of peace and love,” in
contrast to the war and hatred in
Vietnam. Festival organizers poin-
ted out that anyone buying a ticket
On the weekend of August
15, 16 and 17, 1969, over
500,000 people from all over
the U.S. traveled to Woodsto-
ck, in upstate New York, for
what would become the most
famous music festival ever.
Woodstock was a stridently
antiwar spectacles, but its
message was diluted by the
media. Rather than focus
on the political statements
made, mainstream cultural
commentators talked about
hippies, long hair, and nudi-
ty. The movement, as it were,
had lost its teeth amid a co-
-optive and homogenizing
media culture that ignored
real politics and substituted
image and sensationalism.
was contributing to a united front
against the Vietnam War. Scores of
acts played and made antiwar spee-
ches, with Country Joe exhorting the
crowd that “if you want to stop this
fucking war, you’ll have to sing lou-
der than that.” “Movement leaders”
and other activists took their turns
at the mike and “some of the young
men destroyed their draft cards in
protest of the Vietnam War.” Yet, the
media images and memory of Woo-
dstock focus on the celebrative as-
pects of it: the rain, the music, nudity,
drugs, free love.
Obviously, the counterculture’s poli-
tical message was too dangerous and
had to be sanitized and softened for
the American public. Like the New
Left, the counterculture developed a
critique and alternative to the socie-
ty in which they were raised. Where
over campus buildings, the cultural
opposition dressed differently and
dropped acid. Often, the two move-
ments converged. Many hippies were
indeed political and counterculture
behavior was endemic in the antiwar
movement. But often, the New Left
saw hippies as apolitical, and hippies
saw the political youth as bureau-
cratic and uptight. In the end, thou-
gh, the challenge they both posed to
American society was resisted, or
channeled into acceptable avenues,
the images of protest and resistance
became ways for Madison Avenue to
sell products.
13
The events that led up to the legendary Woodstock 1969
festival were destined to happen. The organization overca-
me many barriers and many fateful occurrences lined up its
fruition. Here is a brief overview of the legendary Woodstock
1969 festival and the impact it had on music, American cultu-
re, and the world.
Woodstock’69:music, art and
freedom
Woodstock was the pop cul-
ture music event of the deca-
de and arguably to this day
the single most profound
event in the history of mu-
sic. Acts from all around the
world met at Max Yasgur’s
Farm in Bethel, NY on Au-
gust 15-18, 1969 for a cele-
bration of peace and music.
What began as a paid event
drew so many viewers from
across the world that the
fences were torn down and
it became a free concert
open to the public. 500,000
youthful individuals gathe-
red peacefully at Woodstock
1969 creating the largest ga-
thering of human beings in
one place in history. Woods-
generation and its effects on
music and American culture
can still be felt today.
Woodstock ‘69 featured one
lineups in history including
Janis Joplin, Joe Cocker,
Santana, and The Who. Fans
got a taste of a variety of mu-
sic styles which came toge-
ther in perfect harmony. The
crowd at Woodstock in 1969,
which reached near a half a
million people sent a mes-
sage to the world that indi-
viduals could come together
peacefully to celebrate peace
and music.
Such an extravagant event
warranted the production of
an academy award winning
documentary of Woodstock
1969 and a number of po-
album releases. The Woods-
tock 1969 poster has come
to be one of the most famous
images in American culture
as well as a symbol of peace.
being made to celebrate the
event such as Taking Woods-
tock, the story of Elliot Tiber.
The music at Woodstock in
1969 embodied extraordi-
nary popular acts from all
over the world. Legendary
performances by such music
Baez, Joe Cocker, Santana,
Joplin are still considered
landmarks in music history.
Woodstock in 1969 was also
among the last performan-
Janis Joplin who are seen
as some of the best in their
psychedelic music vein be-
came popularized at Woods-
bands of all ages to this day.
diminished in popularity or
as a subculture to this day.
The youth of the 1960’s all
came together with similar
ideals and became the most
popular counterculture ar-
chetype. The hippie culture
shook the foundation of con-
formity to its core, reports of
attempts to disperse the half
a million individuals have
been surfacing ever since
the event. Individuals able to
organize in that magnitude
for a common interest was
something that those in po-
of and had every right to be.
turned from music to revo-
lution, the world would be an
entirely different place today.
After Woodstock 1969, the
name “Woodstock” became a
The concert was initially de-
signed as a money making
endeavor. Woodstock Ventu-
res ended up going far into
the basement monetarily
after the concert, but even-
tually recovered and became
the corporate enterprise that
it is known as today. The re-
cent installments have been
seen as corporatized disas-
ters; however, the impact
of the initial event is still so
profound to this day that
anything with the Woodsto-
ck brand tacked onto it draws
a large amount of attention.
Woodstock 1969 has since
been a household name and
integrated into mainstream
American living.
14
The
greatest
peaceful
event in
history
I was shocked when I saw him ~ this
guy with curly hair sticking out.
Looking like a pixie, somewhere be-
tween Michael J Pollard and Jerome
Ragni, who was the lead in the Broa-
has this wonderful smile that lets you
know that he knows something you
don’t. Call it charisma or whatever,
but Mike Lang had it!
These were the days when the so-
starting to form. I had Bert Sommer
signed to me and I had just produced
called ‘The Road to Travel’. Bert was
an incredible long haired singer &
songwriter who was the second lead
at Woodstock.
Michael was almost the ‘King of the
knowledgeable, hip, adorable and
we developed an incredible bond of
friendship. Michael had a room that
he had actually rented in Woodsto-
ck, NY from Peter Goodrich who was
also very well known in the Under-
pool at 2am in the morning. It star-
ted out as a conversation about how I
was only seeing Capitol commercial
related music groups and that I nee-
ded to go out and hear other things in
the new music scene. So I had an ana-
chronism going on in my life. I wan-
ted to get more spiritual and I wanted
to learn what was really going on in
music. I had stopped going to shows,
but Michael was going to the Fillmore
and always hanging out. My change
was a comin’. The germ was planted
and the story had many twists after
that night.
I guess it went down something like
this... “Wouldn’t it be great if we had
millions of dollars and could rent a
little theater on Broadway to have a
party and invite maybe 100 of our
-
drix, The Rolling Stones, Creedence
Clearwater, Sly Stone, The Beatles
and every other act that we would
love to see perform. We won’t char-
ge anything and it will be one of the
greatest parties of all time”. Michael
thought we should take our mythi-
cal festival to Woodstock because he
lived in Woodstock and it had become
popular because it was an artist’s co-
lony. All of a sudden people like Janis
living there. It had really become the
‘in’ place. Michael wanted it to be a
studio in Woodstock. Then we would
-
ck. We talked endlessly about putting
on this show where we’d have every
act and that maybe 100,00 people
would show up, or at least 50,000. My
wife Linda thought maybe a half a
million because those love-ins were
getting 10,000 people and if we had
all those acts... I would say we dreamt
about this for months and never re-
alized that this group fantasy could
become reality. Thoughts create the
Future, the Point of No Return.
ground. Michael started missing his
midnight bus to Woodstock more &
more... he would crash on our sofa.
We would stay up late, play bumper
pool and talk, talk, talk. I began to see
his Underground point of view while
still holding down a job as an execu-
tive for a major corporation ...and he
was learning the insides of the music
business. The Capitol job scene was
becoming boring except for the acts
that I was involved in which included
Linda Ronstadt, The Band, Bob Seger,
-
mer and of course The Beatles. I was
shocked when I saw him ~ this guy
with curly hair sticking out. Looking
like a pixie, somewhere between Mi-
chael J Pollard and Jerome Ragni,
who was the lead in the Broadway
this wonderful smile that lets you
know that he knows something you
don’t. Call it charisma or whatever,
but Mike Lang had it!
The night the idea was born of Woo-
dstock, Michael was with my wife
Linda and me in our apartment. We
My secretary at Capitol Records buzzed me to say “Mike Lang is here to see you.” I said,
“Does he have an appointment?” She said “No, he doesn’t have an appointment but said to tell
you he’s from Bensonhurst, Brooklyn.” Which is where I spent the first five years of my life, and
just about every summer during my NY years. Michael was from the neighborhood, and with
guys from the neighborhood, you let them in!
15
Recommended