View
217
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
1
NNããoo tteennhhoo aa pprreessuunnççããoo ddee sseerr oo ddoonnoo ddaa vveerrddaaddee,, mmaass nnããoo vveejjoo rraazzõõeess ppaarraa eenntteennddeerr qquuee aa vveerrddaaddee aassssoocciiaaddaa aaoo EExxaammee ddaa OOAABB sseejjaa jjuussttaa.. AAssssiimm,, nnããoo ppoossssoo ffiiccaarr ppaassssiivvoo eessppeerraannddoo AATTÉÉ QQUUAANNDDOO VVAAII EESSSSAA TTOORRTTUURRAA.. CCoommppaarrttiillhhoo ccoomm VV..EExxaa.. aass rraazzõõeess ppeellaass qquuaaiiss ssoouu ccoonnttrraa aa ppeerrppeettuuaaççããoo ddeessttee eexxaammee ppaarraa qquuee aa jjuussttiiççaa sseejjaa ffeeiittaa ee nnããoo nnooss eennvveerrggoonnhheemmooss,, nnoo ffuuttuurroo,, ddee tteerrmmooss ssiiddoo oommiissssooss.. VVaammooss ppaassssaarr aa lliimmppoo eessssaa hhiissttóórriiaa PPAARRAA QQUUEE SSEEUUSS EEFFEEIITTOOSS PPEERRVVEERRSSOOSS NNUUNNCCAA MMAAIISS SSEE RREEPPIITTAAMM..
RRuubbeennss TTeeiixxeeiirraa
Carta aberta aos Membros do Congresso Nacional DDee aauuttoorriiaa ddoo DDrr.. RRuubbeennss TTeeiixxeeiirraa ((wwwwww..rruubbeennsstteeiixxeeiirraa..ccoomm..bbrr))
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
2
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
1
SUMÁRIO
1) Preliminarmente ............................................................04
2) Sobre a Ordem dos Advogados do Brasil.................................05
3) Porque escrevi esta carta...................................................05
4) A importância de quem representa o povo.................................07
5) Injustiças na História devido a argumentos legitimados por juristas e
tribunais.........................................................................08
6) A (in)constitucionalidade do Exame da OAB...............................09
6.1) Do ataque aos Direitos Fundamentais ao Trabalho e à vida........10
6.2) O inconstitucional pedágio ao livre exercício da profissão..........11
6.3) Do (des)respeito à dignidade humana.................................12
6.4) Aberração Constitucional..............................................13
7) Da moral e da ética.........................................................15
7.1) Da espoliação do desempregado......................................15
7.2) Do referencial perverso estabelecido como pressuposto............17
8) As contradições do Exame da OAB........................................18
8.1) Por que não Exames periódicos e habilitação apenas nas áreas
avaliadas.....................................................................18
8.2) A OAB acredita mesmo no modelo que aplica em seu Exame.......19
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
2
8.3) Concurso para Desembargador no Quinto Constitucional............20
9) A OAB interfere indevidamente no mercado lesando os direitos
alheios...........................................................................21
9.1) A prática da OAB fere na competitividade..........................21
9.2) Emprego para uns, desempregos para maioria.......................22
9.3) Prova versus realidade do mercado de trabalho....................23
9.4) Há advogados em excesso no mercado de trabalho?...............24
9.5) OAB ataca as regras do mercado de trabalho......................26
9.6) Para não deixar dúvidas: os escravos do modelo OAB..............27
10) Dos requisitos profissionais demandados pelo mercado..................27
10.1) Certificação: a maneira justa, transparente e adequada de aferir
capacitação dos profissionais?.............................................27
10.2) Da (in)capacidade de uma prova aferir o bom desempenho
profissional..................................................................28
10.3) A competitividade pelos resultados diários do trabalho...........29
11) Valores relevantes não aferidos no Exame da OAB.....................31
11.1) Vocação inata e Exame da Ordem..................................31
11.2) O que é um bom profissional?.......................................31
12) Entre o mar e o rochedo, o marisco é quem sofre......................33
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
3
12.1) Do respeito entre as instituições republicanas....................33
12.2) Falta de isonomia com outras profissões...........................33
12.3) Da desconexa obrigatoriedade entre o estágio e a OAB.........34
12.4) O Infanticídio dos Bacharéis de Direito...........................35
12.5) De quem é a responsabilidade: do MEC, da faculdade, da OAB ou
do bacharel?................................................................36
13) As faculdades caça-níqueis...............................................38
14) Considerações Finais.......................................................39
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
4
CARTA ABERTA AOS MEMBROS DO CONGRESSO NACIONAL
Por Rubens Teixeira*
Vossa Excelência,
1) Preliminarmente
Começo esta carta com a plena convicção de que é uma luta árdua defender
esta causa, não pelos argumentos em si. Confesso que esses são fáceis de
esclarecer. A dificuldade não está fundamentalmente no debate de questões
técnicas relativas à necessidade de se disponibilizar profissionais competentes
para o mercado, mas sim em romper uma estrutura com revestimento de
intelectualidade e recheada de preconceitos e finalidades não expressas.
Quando há preconceito, às vezes, não há argumentos bons o suficiente.
Alguns graves erros praticados por gerações anteriores só são percebidos pelas
gerações futuras, mas isso não justificaria a minha omissão. Eu acredito que a
geração atual saberá distinguir a justiça da injustiça, a verdade pura da
verdade conveniente.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
5
2) Sobre a Ordem dos Advogados do Brasil
A Ordem dos Advogados do Brasil é uma instituição detentora de uma
história respeitável. Foi ponto de equilíbrio na defesa de valores democráticos
ao longo da História do Brasil. Todavia, hodiernamente, parece estar sendo
dirigida por pessoas eventualmente desalinhadas com a sua tradição. Precisamos
lembrar que a reputação das pessoas e instituições é mutável com o tempo. A
reputação de hoje é por conta do que se fez ontem. A de amanhã é por conta do
que se faz hoje.
Ademais, precisamos mergulhar fundo no tema, pois devemos distinguir as
pessoas das instituições. Não podemos, convenientemente, esconder as pessoas
atrás do nome de instituições e, quando interessar, fazer o contrário. A
democracia não está atrelada a nomes de pessoas ou instituições, mas sim aos
seus próprios valores. Evoco a divina sabedoria de Jesus Cristo para fazer essa
distinção: “porque pelo fruto se conhece a árvore” (Mateus 12;33), e não o
oposto. Apresento meu respeito à Ordem dos Advogados do Brasil, mas minha
profunda decepção por conta dos fatos que narro nesta carta.
3) Porque escrevi esta carta
V. Ex.a, vim da pobreza extrema e tive de suportar várias formas de
preconceito. Uma delas, pelo descrédito que atribuíram a mim, é que, quando saí
do ensino público e fui para a escola particular no último ano do ensino médio,
esperando melhorar meu desempenho, ouvi um professor me chamar de semi-
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
6
idiota e afirmar que não passaria em concurso algum. Enfim, ao longo da minha
vida, tive outros episódios que me fizeram passar humilhações com os mesmos
argumentos e vocabulários que usam contra os bacharéis em Direito. Isso gerou
um livro que conta a história de tantas aflições que passei. O título é bem
sugestivo: “Do monturo Deus ergue um vencedor”; biografia autorizada de
Rubens Teixeira pelo pr. Jorge Videira. Posso garantir a V. Ex.a que conheço os
métodos cruéis discriminatórios e o efeito disso é um sofrimento ácido e mudo
na alma. É alguém sofrer uma dor horrível e não ser autorizado a chorar e nem
se lamentar. O sentimento é de alguém sendo agredido, amordaçado e sem
esperança. No fim, há um breve resumo do meu currículo para mostrar o que um
desvalido como eu, com coragem e a Graça de Deus, teve força para suportar
tudo e chegar até aqui.
Desta forma, saio em defesa de muitos bacharéis em Direito, humilhados,
desempregados e com a auto-estima afetada. Soube que houve até suicídio
dentre os frustrados pelas angústias das adversidades de enfrentar uma
barreira, inadequada e exagerada, colocada na forma de uma avaliação que,
muitos que a defendem e hoje ocupam cargos maiores dentro da OAB, jamais se
submeteram a ela.
Junto-me a poucos que se insurgem contra essa mazela social que, como
uma navalha afiada, corta a jugular de muitos profissionais impedidos de
trabalhar. A justificativa apresentada, fundamentada em um critério injusto e
inadequado, utiliza pressupostos e fundamentos elitistas, e não se constrange
de fazer desse espetáculo, uma fonte de arrecadação de recursos advindos de
inscrições, injustificadamente caras, de uma multidão de bacharéis em Direito,
sistematicamente reprovados.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
7
Aliás, o artigo 133 na Constituição da República, dedicado ao advogado,
afirma que este profissional é indispensável à administração da justiça. Será
mesmo que a Lei Maior estará referindo-se ao significado mais puro da palavra
justiça? Então, de que forma, o Exame da Ordem afere o conjunto de
atributos de um profissional capaz de ser indispensável à administração da
justiça? Este padrão de advogado, apontado na Carta Magna, que requer
um profissional com valores morais, éticos e sensíveis ao sofrimento alheio,
é valorizado na seleção que, no critério estabelecido pela OAB, merece
ostentar a carteira? Eu não creio que seja poética esta referência tão forte
do legislador. De todo modo, transmito a minha modesta análise sob diversos
pontos de vista.
4) A importância de quem representa o povo
V. Ex.a representa com legitimidade as diversas camadas do tecido social, e
não ocupa esta importante posição porque fez concurso público. Não é porque
tem muitos diplomas ou por ser de preferência da mídia ou do poder econômico.
V. Ex.a está nessa tão importante posição porque o povo, ricos ou pobres,
mais alfabetizados ou menos alfabetizados, pessoas de todas as classes,
escolheram.
A força de V. Ex.a está no fato de ser a voz do povo. Em função
disso, sabe, como poucos, sentir a dor do povo que defende.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
8
V. Ex.a sabe o quanto pesa defender o que não tem voz, o mais fraco.
Quando alguém sai em defesa desse mais fraco, os mais fortes, que detêm
poder de mídia, áurea de intelectualidade e influência, conseguem, em alguns
casos, com palavras e atitudes arrogantes, prejudicar o próximo, às vezes,
fingindo que estão ajudando. Capturam instituições importantes e conseguem
implantar a injustiça, com embalagem de justiça.
Não é fácil defender os menos providos de recursos financeiros, os
carentes de autoestima e os de reputação abalada pelo preconceito. O
pensamento elitista cria uma áurea de superioridade, que o faz parecer
razoável, irretocável e de consequências inexoráveis.
V. Ex.a entende de democracia, entende de ser vilipendiado, porque há
forças na sociedade que tentam desclassificar e desmoralizar o Congresso
Nacional. Não conseguem, pois aí estão os representantes que o povo escolheu,
mesmo que setores da mídia e do poder econômico o não tenham escolhido.
Eu faço parte do grupo que enxerga em cada legislador o legítimo
representante do povo para legislar. Há diversos artigos em que já me
posicionei sobre isso.
5) Injustiças na História devido a argumentos legitimados por juristas e
tribunais
Muitos intelectuais, tecnocratas, cientistas de todas as áreas do
conhecimento, sabem argumentar a favor de algum lado, em muitos casos,
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
9
fazendo o mal dizendo que estão fazendo o bem, cometendo injustiça alegando
que estão fazendo justiça. O conhecimento, não raramente, é usado de
maneira elegante, mas cruel, capaz de fazer contorcionismos no entendimento
da Constituição, das leis, e dos princípios, visando a atender finalidades que,
muitas vezes, não podem ser esclarecidas de forma simples, objetiva e com
muitas luzes. Temas adequados à discussão na penumbra.
Grandes ditadores fizeram uso de pujantes aparatos tecnológicos, com
sustentação jurídica, para destruir multidões, como fez Hitler. Portanto, eu
não obteria sucesso recorrendo a tecnocratas, pois eles já se posicionaram
sobre o tema com a força das prerrogativas, embora com argumentos
paupérrimos. Esses argumentos são tão frágeis que só restou a mordaça tão
utilizada em diversas ditaduras na História, impondo sua verdade. Assim, o
status quo atual insensível só pode ser modificado por quem detém o poder de
mudar e tenha sensibilidade democrática, e verdadeiramente, esteja com
determinação inabalável de corrigir distorções e implantar a justiça sobre o
tema.
6) A (in)constitucionalidade do Exame da OAB
Os argumentos que sustentam a eventual constitucionalidade do Exame de
Ordem estão, de uma maneira geral, relacionados ao fato de que a Constituição
não o veda. Uma lógica do Direito Penal indevidamente emprestada para analisar
o Exame da Ordem, sob a ótica do Direito Constitucional. Se não é vedado,
pode. Uma verdadeira distorção da hermenêutica jurídica.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
10
O Exame impõe um crivo, terceirizado às instituições que aplicam as
provas, sobre uma atribuição pertencente a um órgão do governo que detém
a expertise e a competência de fazer as verificações cabíveis para a
aquisição de uma titulação acadêmica: O MEC. O art. 209, II, da
Constituição Federal prescreve que o ensino terá “autorização e avaliação de
qualidade pelo Poder Público”. Claro, por meio dos seus órgãos competentes.
Por outro lado, o artigo 84, IV, da Constituição da República concede ao
Chefe, ou a Chefe, do Executivo esta prerrogativa privativa de “expedir
direitos e regulamentos” para a fiel execução das leis. Assim, a
regulamentação do Exame da OAB pelo Conselho Federal é uma inequívoca
usurpação das atribuições privativas do cargo mais importante da República.
Neste aspecto, acredito não ser relevante o argumento de que a Lei 8.906/94
concede tal atribuição regulamentar ao Conselho Federal da OAB, tendo em
vista a flagrante inconstitucionalidade do referido dispositivo. Na falta de
outro, seria um bom argumento até submeter o dispositivo legal à avaliação da
Carta Magna. Essas inconstitucionalidades dilaceram vários outros direitos
fundamentais previstos no artigo 5º da Lei Maior, como o direito ao
trabalho, à vida e à dignidade da pessoa humana.
6.1) Do ataque aos Direitos Fundamentais ao Trabalho e à vida
Poderiam ser identificadas aqui diversas razões, mas enfatizo uma: o
Exame é um veemente ataque contra o direito fundamental ao trabalho e,
consequentemente, à vida. Isso porque os bacharéis, ao serem impedidos
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
11
de exercer a profissão de advogado, têm os seus recursos para
subsistência, advindos do trabalho, comprometidos. Tal fato, em tese, afeta
sua condição de sobrevivência. A Declaração Universal dos Direitos Humanos
prevê no art. XXIII – 1. “Toda pessoa tem o direito ao trabalho, à livre escolha
de emprego, à condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o
desemprego”. Neste caso, há a proteção do emprego de uma minoria em
detrimento do emprego de uma maioria, em sintonia com o que diz o ditado
popular: “se a farinha é pouca, meu pirão primeiro”.
Por atingir direitos fundamentais, que sequer o Poder Constituinte
Derivado pode tocar, o Exame colide frontalmente com a cláusula pétrea do
artigo 60, § 4°, IV. Este avanço nos direitos mais caros ao ser humano, e aos
cidadãos brasileiros, faz a inconstitucionalidade por demais evidente e deslinda
na difícil possibilidade de se arrumar argumentos jurídicos admissíveis para
descaracterizá-la. Se é constitucional por algum argumento transcendental, não
o é se analisando o vernáculo da língua portuguesa.
Todavia, como fizeram ditadores do passado e fazem os atuais,
inclusive os mais cruéis, interpretações contorcionistas são capazes de
tudo. E é por aí que a injustiça é institucionalizada.
6.2) O inconstitucional pedágio para o livre exercício da profissão
Há um argumento frágil, porém usado por alguns, em defesa da
constitucionalidade. Trata-se da comparação ao acesso à profissão liberal de
advogado às funções públicas como Ministério Público, Advocacia e Defensoria
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
12
Pública. Este entendimento traz atrelado um evidente desconhecimento das
razões pelas quais se realiza concursos para se ocupar cargos e empregos
públicos. Os defensores deste argumento ignoram a previsão contida no artigo
37, II da Lei Maior. Este respeitável argumento, utilizado por alguns dos
defensores do Exame da Ordem, é importante para mostrar a ausência de um
melhor.
O artigo 5o, XIII, da Carta Magna que dispõe sobre Direitos Fundamentais
afirma que: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. A
qualificação é obtida na Faculdade. Será que acham que o Exame da OAB
qualifica alguém ao exercício de uma determinada profissão? Se isso fosse
verdade, qualquer pessoa, formada em Direito, ou não, que passasse no
Exame da OAB poderia qualificar-se em “Advogado”. Ora, se tal avaliação
nada tem a ver com a qualificação estabelecida na lei, ela ataca cruelmente este
mandamento constitucional e fere mortalmente o direito fundamental ao livre
exercício da profissão pelos bacharéis em Direito qualificados pelas
faculdades autorizadas e fiscalizadas pelo MEC.
6.3) Do (des)respeito à dignidade humana
Para um profissional que se formou em uma universidade ou faculdade
autorizada a funcionar pelo MEC, cumprindo todas as etapas do curso, é
constrangedor ser reavaliado por uma instituição que não tem competência
legal, nem técnica, talvez, tendo em vista que a OAB contrata entidades
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
13
especializadas em concursos públicos para avaliar em seu nome. Mais sério ainda
é perceber que sequer a metade dos formados consegue transpor a barreira
estabelecida.
Nem as faculdades de Direito com as melhores avaliações do país têm
um número próximo de cem por cento de aprovados no Exame da OAB.
Nenhuma delas é boa o suficiente? Isso merece uma reflexão muito
profunda. Como referência, cujos detalhes podem ser pesquisados pela
assessoria de V. Ex.a, as estatísticas são perversas e no último Exame da
OAB, a universidade mais bem colocada foi a Universidade do Espírito
Santo, com 80,80% de aprovação, segundo os dados do site G1; mas em
qualquer tempo, V. Ex.a pode encontrar estatísticas semelhantes na
imprensa.
Uma reflexão que eu gostaria de deixar para V. Exa. analisar e até
apurar é o fato de que a OAB, costumeiramente, dá parecer contrário a
abertura de novos cursos de Direito, procedimento diferente dos demais
Conselhos de Profissão. Se isso for confirmado, é mais um forte indício de
que se pretende controlar o ingresso de novos profissionais no mercado.
6.4) Aberração Constitucional
Se ainda sobrar algum resquício de constitucionalidade, este pode ser
comparado à excludente de ilicitude no caso de furto famélico e de legítima
defesa. Não é punível, mas sua ocorrência é indesejável. Do mesmo modo, seria
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
14
como alguém comprar três pratos de comida e, mesmo que não consiga
comê-los sozinho, não oferecer um dos pratos a outra pessoa que estivesse
morrendo de fome ao seu lado. Caso o esfomeado esteja passando mal, se
o que se empanturrou com os três pratos ligar para o SAMU, ou para o
Corpo de Bombeiros, não poderá ser enquadrado como criminoso por omissão
de socorro. Falta de solidariedade, de amor ao próximo e insensibilidade
não são tipificados como crime no ordenamento jurídico brasileiro.
No exemplo acima, não houve crime ou ato inconstitucional, se quisermos
assim entender, pois seu direito à propriedade lhe permite comer três pratos e
deixar o moribundo morrer de fome, mesmo que o glutão passe mal de tanto
comer e também precise de socorro. Essa aberração é constitucional, pois o
valor moral e ético reprovável não é contemplado nesta análise de
constitucionalidade. Se alguém entender que o Exame de Ordem também o
é, será ainda menos constitucional que o exemplo acima, pois o dano atinge
a muitos e provoca, além do sofrimento físico, o sofrimento psicológico.
Afirmar que o exame se justifica por falta de alternativa para evitar maus
profissionais, é querer usar um erro gravíssimo para prevenir um erro menor. É
o ataque preventivo de um país a outro sob alegação de risco futuro, é abortar
para o feto não virar bandido, é matar o desafeto que não oferece risco atual
para não ser morto no futuro, é eliminar alguém que potencialmente pode, no
futuro, cometer um crime, para evitar que ele o cometa. É alguém cometer um
crime para defender um direito seu alegando que o Estado é ineficiente,
lento e inoperante. É a legitimação da lógica do uso arbitrário das próprias
razões: se o MEC não fiscaliza as faculdades adequadamente, então a OAB
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
15
toma as providências que entende ser necessárias, independentemente das
consequências trágicas e dos prejuízos que se causem aos cidadãos de boa
fé, ou mesmo que fira a Constituição, as leis, princípios, valores ou ataque
prerrogativas de outras instituições. É um retrocesso em que cada
instituição faz o que quer, desde que os fins que alega alcançar sejam algo
razoável. É o rompimento das estruturas da República e um esgarçamento
da democracia.
7) Da moral e da ética
O Exame da OAB produz grande arrecadação de recursos provenientes
das inscrições. O valor que os bacharéis em Direito despendem para se
inscrever, em minha modesta opinião, caríssimo, produzem milhões de reais
em recursos. O número sempre expressivo de reprovados retroalimenta uma
expectativa de um número maior de candidatos que irão despender grandes
volumes de recursos em cursos preparatórios e nas inscrições para nova
tentativa de alcançar sua alforria.
7.1) Da espoliação do desempregado
Este fato merece grande atenção por ser oriundo de um número
significativo de pessoas desempregadas, com poucas forças e recursos, mas que
desejam entrar no mercado de trabalho para ter condições de, dignamente,
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
16
garantirem a sua subsistência, custearem a sua atualização e seu
aprimoramento profissional. Algumas delas com dívidas a serem pagas e com
inúmeras limitações que causam constrangimentos. É um dinheiro pago por
muitas mãos suadas, de uma multidão envergonhada de outros insucessos em
várias tentativas nas quais buscaram, sem êxito, aprovação neste exame.
Refiro-me a esta multidão com o devido respeito e reconhecimento aos valores
individuais de casa um.
Nesse sentido, prefiro ser redundante, mas repito, a reprovação em
massa produz dois efeitos perversos: (i) impede o ingresso de novos
profissionais no mercado e (ii) garante um número maior de candidatos no
concurso seguinte, propiciando uma arrecadação mais “robusta”. Não sei
exatamente porque esse tipo de concurso, carente de atributos familiares
ao senso de justiça sob vários aspectos, não é gratuito. Ao contrário, possui
uma taxa de inscrição, muitas vezes, mais cara que o concurso para Juiz de
Direito.
Outra incongruência: a aprovação no Exame da OAB é exigida uma única
vez para obter definitivamente a carteira. Então, predomina a lógica de uma
aprovação com validade eterna. Ocorre que o bacharel que é aprovado na
primeira fase do Exame, e não passa na segunda, poderia ter a validação dessa
primeira aprovação. E, caso não fosse aprovado, poderia, em outras tentativas,
ser avaliado apenas na última fase. Com isso, pagaria uma inscrição mais barata
e concentraria seus estudos apenas nela. A obrigatoriedade de reavaliação em
ambas as fases está alinhada com o maior volume de provas e mais
movimentação de recursos: tudo patrocinado pelos bacharéis.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
17
7.2) Do referencial perverso estabelecido como pressuposto
Reforçarmos as bases das posturas que aí estão, é como eternizar, e elevar
um monumento ao ego descontrolado de uma visão intelectual distorcida, nada
humana, como foi a dos médicos que fizeram experiências com seres
humanos, a dos enfermeiros que os auxiliavam, a dos engenheiros que
construíram as câmaras de gás e técnicos que as operavam na destruição
em massa de pobres moribundos, indefesos, como seríamos qualquer um de
nós naquela situação. Todos profissionais legitimados e muito competentes,
mas de atitudes macabras.
Certamente eram profissionais respeitados que formavam uma elite que se
sustentou até tudo desabar e se tornar um assunto vergonhoso de ser dito. De
que adiantam argumentos e posturas elitistas, formações excelentes e
raciocínios brilhantes, se não há um sentimento sincero de humanidade, se
não há uma sincera busca de justiça? A inteligência é um dom que pode ser
usado para qualquer coisa: ou como um mecanismo virtuoso para a prática da
justiça, ou como uma arma com imensurável capacidade de praticar o mal. Seria
difícil percebermos quem a utiliza para uma finalidade ou para a outra? Basta se
estabelecer pressupostos convenientes para dar legitimidade a crueldades. Daí,
é só pôr a culpa nos pressupostos e esconder-se atrás deles.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
18
8) As contradições do Exame da OAB
8.1) Por que não Exames periódicos e habilitação apenas nas áreas
avaliadas
O modelo do Exame da Ordem é defendido pela OAB com a justificativa de
que é para proteger o mercado de profissionais despreparados. Se essa fosse a
realidade, a prova deveria ser periódica e por área. Com relação ao controle da
qualidade dos profissionais, é notório que, se os órgãos de classe fossem
responsáveis pela capacitação técnica dos profissionais já formados, a
habilitação deveria ser por tempo determinado e, vencido o período, nova
avaliação deveria ser feita para aferir a atualização do profissional. Por
estas e outras razões não elencadas, é evidente que a gestão implantada na
OAB funciona como um paredão que defende os interesses dos advogados que
estão no mercado e que pagam as suas anuidades. Os que estão dentro são
protegidos pela atitude fortemente corporativa e os que estão fora recebem
tratamento digno de um excluído por um muro da vergonha que mantém grande
quantidade de pessoas no campo de concentração da infâmia, da fome e de
variadas formas de se pisarem direitos humanos.
Se o exame efetivamente tivesse a finalidade de cumprir o que a OAB
afirma, ele deveria ser periódico e por área. Como as leis, a jurisprudência e a
doutrina mudam periodicamente, uma avaliação feita hoje, daqui a 5 anos
estaria obsoleta. Para ser coerente com o que a OAB usa para defender o
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
19
Exame, e disponibilizar profissionais capacitados à luz de seus métodos, esta
avaliação deveria ser periódica. Isso seria uma garantia de que os profissionais
estariam atualizados. Pelo método da OAB empregado hoje, na segunda fase do
Exame, o candidato escolhe uma área para ser avaliado e, ao ser aprovado, se
habilita a advogar em qualquer área. Se essa avaliação tivesse o objetivo de
aferir mesmo o conhecimento, a habilitação só seria dada na área que o
candidato foi avaliado. Ainda que fosse periódica e por área, essa verificação
não era para ser feita pela OAB, mas pelo governo.
Outra fragilidade gritante da avaliação é que o aprovado faz uma
prova específica para uma área e é habilitado a advogar em todas as
demais. Ora, a avaliação, se fosse imprescindível, deveria habilitar apenas
para uma área, não para todas. Se o teste é para aferir a competência do
profissional, a habilitação deveria ser apenas para a área avaliada e
poderia ser dada a opção de se habilitar em várias, desde que fosse
aprovado em cada uma delas. Com o tempo, as pessoas esquecem muitas
coisas que aprenderam. As leis, a doutrina e a jurisprudência evoluem.
Muitos profissionais não se atualizam. Por essas razões, se o Exame fosse
necessário, deveria ser periódico e por área de atuação.
8.2) A OAB acredita mesmo no modelo que aplica em seu Exame?
No mundo corporativo, profissional, intelectual ou político, as práticas
tidas como referenciais são copiadas em larga escala e se alastram
rapidamente, inclusive rompendo fronteiras. Existem inúmeras profissões no
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
20
país. Os demais Conselhos e órgãos de classe, órgãos do governo
correlacionados e instituições com responsabilidades correspondentes à
fiscalização de desempenho de profissões que não replicaram o modelo são
ineficientes ou o modelo seria forma de rejeição e reprovação do mesmo. A
OAB está certa sozinha?
Não se pode estabelecer uma prática inaceitável, inadequada, sem
razoabilidade e injusta sob a proteção do muro de supostas constitucionalidade
e legalidade. Se isto acontecer, as mesmas estariam alinhadas com a filosofia
que legitimou as ações de Stalin. Já temos um esplêndido muro da vergonha
construído com requintes da beleza plástica de uma suposta intelectualidade
consagrada por uma ditadura de avaliação técnica, pobre de humanidade e de
parâmetros necessários em uma seleção séria de um profissional, mas rica em
hipocrisia e em artifícios dilaceradores de vidas e dignidades.
8.3) Concurso para Desembargador no Quinto Constitucional
Se a OAB entendesse que a seleção de bons profissionais deve ser por
meio de provas estilo concursos públicos, por que não se utiliza deste
método para selecionar seus candidatos a desembargador, pelo quinto
constitucional? Pela metodologia defendida para identificar profissionais
com performance adequada, seria mais razoável que optasse por um
concurso no modelo dos que são aplicados aos que se candidatam em
concursos públicos para juízes. Deveria ser um concurso em que qualquer
advogado poderia concorrer, e o candidato poderia pontuar na prova escrita
e na de títulos, como são os concursos públicos para a magistratura.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
21
Seria muito mais justificável, para a seleção desses futuros
desembargadores, oriundos da advocacia e indicados pela OAB, um concurso
aos moldes dos utilizados para o ingresso na magistratura, pela lógica do
cargo público, do que para ser um profissional liberal. Até porque seria uma
seleção mais objetiva e abrangente e menos discricionária. Eis outra
absurda incoerência: para ser profissional liberal faz-se uma prova no
estilo de concurso público, mas para ocupar um cargo público de magistrado
de segunda instância, a seleção da OAB é feita de maneira mais subjetiva
com métodos mais discricionários. Está evidente que as finalidades
pretendidas justificam os meios escolhidos.
9) A OAB interfere indevidamente no mercado lesando os direitos alheios
9.1) A prática da OAB fere na competitividade
Devemos nos proteger de ser lembrados pela História como esses que o
mundo não quer citar seus nomes. Pode ser que, efetivamente, a
desnecessidade do exame possa aumentar a competitividade entre os
advogados. Pode ser que tenham de dividir o pão, mas por outro lado, o Estado
brasileiro estará mais servido de profissionais indispensáveis à administração
da justiça, como prescreve o artigo 133 da Carta Magna. Nesse novo cenário, a
seleção dos melhores será no mercado, como acontece em todo mundo livre.
O melhor será escolhido pelo contratante do serviço, não por terceiros que
não dão garantias aos serviços prestados, como no caso, a OAB.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
22
9.2) Emprego para uns, desemprego para a maioria
Não adianta cercear o ingresso de outros profissionais para garantir o
mercado de alguns. Isso produz fome artificial nos alijados, e o julgamento da
História será cruel contra quem legitima esta prática. A reputação de cada um
está mais ligada ao nome do que ao patrimônio amealhado. Sobre essa questão, o
sábio rei Salomão deu um grande conselho: “Vale mais ter um bom nome do que
muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro”.
Provérbios 22:1. O bom nome será daqueles que optarem pelo bom juízo, não
pela opressão do interesse do menos capaz em se defender. Garantir o
emprego de uns produzindo fome artificial em outros não garantirá bom
nome, nem para os mais competentes. A História se incumbirá de punir tal
violência, como aconteceu com Nero, outros cruéis ditadores e todo o seu staff.
Só o medo da concorrência justifica alguns advogados serem a favor do
Exame da OAB. Se for verdade que ele seleciona os melhores, não havendo
o Exame, os melhores naturalmente se sobressairiam no mercado e
venceriam a concorrência com os de performance mais modesta. Na verdade,
consciente ou inconscientemente, as pessoas sabem que o Exame não avalia
competência ou capacidade de ter desempenho profissional no mercado de
trabalho. Isso leva a crer que estes argumentos que tentam legitimar o Exame
da OAB servem para proteger-se da concorrência, proteger-se da lei do
mercado. Em meio a tantas contradições, parece um golpe baixo para fugir da
concorrência.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
23
9.3) Prova versus realidade do mercado de trabalho
Qual seria o melhor argumento moral ou ético para defender o Exame da
Ordem? Talvez a necessidade de proteger os cidadãos, usuários da advocacia,
de maus profissionais. Um advogado precisa ser um bom comunicador,
negociador, paciente e comprometido com o cliente. Como uma prova escrita
avalia estes requisitos? Considerando que sobre leis, doutrinas e
jurisprudências, os bacharéis já foram testados nas faculdades, fiscalizadas
pelo MEC, talvez o Exame de Ordem devesse ser uma avaliação psicotécnica-
profissiográfica, voltada à qualificação em requisitos não analisados nas
faculdades, jamais uma prova escrita com “pegadinhas ensinadas em cursinhos”,
nem sempre presentes nas situações reais da advocacia.
Além disso, vejo que a avaliação não cumpre a finalidade supostamente
pretendida, mas possui um formato capaz de controlar o número de
aprovados, pela dificuldade das provas. Se o objetivo fosse garantir
melhores advogados para a sociedade, o modelo seria outro, e bem
diferente. Poderiam ser avaliações ao longo do curso, gratuitas, com oficinas
para reforçar as limitações apresentadas pelos alunos, ou mesmo outras formas
melhores que encontrarem.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
24
9.4) Há advogados em excesso no mercado de trabalho?
Não acredito que haja advogados demais no mercado. Nosso país possui
muita gente pobre que não tem acesso à justiça por falta de advogados que
tenham interesse em defendê-los. As Defensorias Públicas estão
sobrecarregadas. Os cidadãos mais pobres, muitas vezes, têm seus direitos
vilipendiados e não sabem como se defender. Se houvesse advogados sobrando,
não haveria direitos ultrajados tão frequentemente e questões tão básicas sem
solução. O acesso à advocacia hoje ainda é elitizado em muitos lugares do Brasil.
Essa situação torna-se coletivamente vexatória, em especial, porque o
advogado é a única profissão que a Constituição da República diz ser
indispensável à administração da justiça (art.133) e usa um artigo inteiro para
falar da profissão e suas prerrogativas. Se nosso país fosse modelo em justiça e
igualdade social, este ataque seria apenas contra os bacharéis impedidos de
exercer a profissão. Como precisamos avançar muito no combate à
desigualdade e à injustiça social, esta agressão é, também, contra as
pessoas que não têm acesso à justiça por falta de advogados em um
mercado controlado por uma instituição que deixa de cooperar efetivamente
com a justiça, ao impedir arbitrariamente, que novos profissionais
devidamente certificados pelo Estado, ingressem no mercado. É fácil aferir
esta afirmação. Basta visitar uma comunidade pobre e verificar quantas
demandas judiciais potenciais existem por lá, direitos sendo vilipendiados,
mas não há advogados, pois não há interesse dos profissionais existentes, de
contemplarem demandas de pequenos valores ou que não resultarão em ganhos
condizentes com as suas pretensões.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
25
Ressalto que isto não é uma crítica aos advogados que militam para garantir
a sua sobrevivência e, ao fazê-lo, pensam em suas necessidades pessoais de
subsistência e não realizam trabalhos que não lhes garantiriam os recursos que
precisam para se manter nos padrões de vida que possuem. Os demais
profissionais, em geral, não fazem diferente. Um ser humano, normalmente, só
consegue fazer caridade depois de ter as suas necessidades e as de sua família
atendidas. Contudo, é uma reflexão para que se perceba que a sociedade
necessita de um número maior de advogados. Seria mais democrático ter
advogados mais modestos do que não ter nenhum que defenda a parte da
população que paga a conta mais cara da injustiça social. Esse controle do
mercado exercido pela OAB impede que cidadãos pobres, “consumidores
imperfeitos”, daqueles que apanham, mas ninguém reclama, alijados das
elites, seres que vivem na indiferença social plena, não tenham um
advogado sequer que os defenda em circunstâncias que poderiam ser viáveis
profissionalmente para um advogado iniciante mais modesto. Dizer que
pessoas pobres podem recorrer às Defensorias é ignorar a realidade desses
órgãos já sobrecarregados.
Se o exame for abolido, o número de advogados aumentará. Aumentando
também a competitividade e a disponibilidade de profissionais no mercado.
Talvez seja necessário fazer uma reflexão mais profunda sobre o
conhecido lema utilizado há algum tempo na OAB-RJ: "Sem advogado não há
justiça, sem justiça não há democracia". Assim, com mais advogados teríamos
mais justiça e mais democracia e, naturalmente, com menos advogados,
menos justiça e menos democracia. Não sei exatamente qual é o outro valor
desse lema para a OAB, se não o que o vernáculo da língua portuguesa parece
sugerir.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
26
Quando o mercado de engenharia esteve em crise, o CREA não trabalhou
para cercear o ingresso de novos engenheiros.
9.5) OAB ataca as regras do mercado de trabalho
O advogado exerce uma profissão liberal. Então, vamos a algumas
reflexões de como se procede à avaliação e à escolha de profissionais no
mercado privado, onde a maioria dos advogados, que serão profissionais liberais,
labutará. As empresas, quando contratam profissionais, escolhem o nível de
performance e experiência adequadas à sua demanda. Há demanda para os mais
preparados e experientes e para os principiantes. Há os de nível júnior,
pleno, sênior e máster. As empresas e os contratantes de serviços sabem
procurar o profissional de acordo com o nível de complexidade que a sua
demanda exige. Isso é regra de mercado. Um advogado recém formado,
como qualquer outro profissional, exercerá atividades compatíveis com a sua
experiência e aprendizado.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
27
9.6) Para não deixar dúvidas: os escravos do modelo OAB
Para materializar o ápice da distorção e crueldade, há bacharéis em
Direito que não alcançaram a aprovação no Exame da Ordem, porém, são
contratados por escritórios para realizar atividades privativas de advogado,
recebendo salários menores. Incrível, a OAB não lhes concedeu carteira,
não reconheceu as suas capacitações, mas o mercado reconheceu. Aí está
evidenciada a contradição existente entre os critérios de avaliação
utilizados pela OAB, mas não recepcionados nas leis que regem o mercado
de trabalho da advocacia que, de forma geral, não é diferente das demais
profissões. Evidente que estes “advogados do mercado” são discriminados,
humilhados e subvalorizados. Que mais poderia ser feito para piorar?
10) Dos requisitos profissionais demandados pelo mercado
10.1) Certificação: a maneira justa, transparente e adequada de aferir
capacitação profissional?
Imaginar que a maioria dos bacharéis que concluem o curso de Direito
não teriam condições mínimas de exercer a profissão, pelo menos em
questões de menor complexidade, é, no mínimo, um exagero, tendo em vista
que nem formação acadêmica em Direito se exige para pleitear demandas
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
28
pessoais de até 20 salários mínimos em Juizados Especiais Cíveis. Será que
nem nestes casos um recém formado em faculdade de Direito conseguiria
atuar sem ter realizado tal prova?
Ademais, o Exame usa um critério tecnicamente incorreto para avaliar a
qualificação de um profissional no exercício de sua profissão. Quem defende
que deve haver um exame com outro formato, está admitindo que o atual está
equivocado e, em razão disto, produz danos irreparáveis aos que foram e são
impedidos de exercer a advocacia por conta de um crivo errado e ruim.
10.2) Da (in)capacidade de uma prova aferir o bom desempenho profissional
Uma prova escrita não é instrumento adequado para avaliar a
competência de um profissional desempenhar bem o seu papel,
especialmente em uma profissão que exige senso de justiça, não avaliável
por estes critérios tão inadequados. Fiz o Exame da OAB-RJ e fui aprovado,
ainda no 10o período do curso de Direito. Isso não faz de mim alguém melhor do
que os que jamais foram aprovados. Meu desempenho e o deles, no mercado de
trabalho, é quem dará a resposta. Aliás, já é de conhecimento dos especialistas
que, além da competência, nem sempre bem avaliada em provas, a inteligência
emocional tem forte influência no desempenho profissional de uma pessoa, além
da capacidade de superar adversidades.
O que pode ser demonstrado através de um exame escrito é a
capacidade de alguém resolver uma situação objetiva com condições
preestabelecidas e, em geral, com condicionamento prévio, afastado de
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
29
muitas circunstâncias que um caso real implicaria. Um bom condicionamento
em cursos preparatórios, em geral, permite alcançar essa aptidão. Nem
sempre os que treinam soluções tão objetivas como as de uma prova
possuem discernimento, paciência e até conhecimento para resolver com
maestria uma situação real, na prática. O mercado mostra isso.
Não acredito que tanta contradição e incoerência consigam permanecer
invisíveis às inteligências da nossa República. Isso tem causado um estrago
enorme na vida de milhares de pessoas, mas estou bastante confiante que o
Congresso Nacional porá um fim neste palácio da injustiça que tem seus
pilares góticos construídos por milhares de bacharéis em Direito,
escravizados pela vergonha, frustração e desemprego.
10.3) A competitividade pelos resultados diários do trabalho
Por outro lado, tive a oportunidade de realizar seis cursos acadêmicos em
diferentes áreas, como elencadas ao final desta missiva. Jamais fiquei
reprovado em nenhuma matéria de qualquer um deles. Fui aprovado em diversos
concursos públicos de perfis diferentes. Fiz o Exame da OAB no 10o período do
curso de Direito e fui aprovado. Fiz o doutorado em Economia junto com a
graduação em Direito, no mesmo período terminei os dois cursos e tive
trabalhos científicos premiados baseados na minha tese de doutorado em
Economia e monografia de Direito.
Contudo, gostaria de dizer a V. Ex.a que só meu desempenho no dia a dia
fará de mim um bom profissional. Se eu quiser ser um profissional
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
30
reconhecido, não posso viver do passado. Tenho que mostrar resultados todos
os dias, não em provas, mas no meu trabalho. Isso vale para mim, para os
bacharéis em Direito e para qualquer profissional que quer se manter
competitivo no mercado. Não sou melhor do que qualquer um deles por
esses resultados, pois não existe correlação perfeita entre desempenho em
provas e desempenho profissional. Há os que possuem aproveitamento
brilhante em provas e resultados profissionais medíocres. A recíproca também
é verdadeira. Prova avalia o aprendizado de acordo com o método de ensino
utilizado. Desempenho profissional é demonstrado em resultados obtidos em
questões nem sempre contempladas por métodos pré-estabelecidos. Muitos
casos exigem criatividade, característica que o modelo utilizado no Exame
da OAB não prestigia.
Como professor, sei que há alunos que têm dificuldades de realizar
provas, mas apresentam desenvoltura para utilizar o conhecimento
aprendido no trabalho. Outros, mais habilidosos para fazer avaliações, não
conseguem se desenvolver bem no trabalho cotidiano. Como gestor, percebo
que profissionais que não tiveram desempenho destacado em cursos,
conseguem produzir bons resultados no trabalho. A recíproca é, também,
totalmente verdadeira.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
31
11) Valores relevantes não aferidos no Exame da OAB
11.1) Vocação inata e Exame da Ordem
Para ser advogado, é necessário ser capaz de sentir a dor do próximo, de
sofrer afrontas, truculências, de sofrer as pressões do clamor social pelo seu
cliente. A vocação é extremamente relevante. É mais seguro ter um defensor
menos preparado, mas com sincero objetivo de defender o cliente, do que
um tecnocrata muito capacitado que seja capaz de defraudar seu cliente,
ou mesmo não tenha motivação ou coragem para o defender com máximo
empenho. Em que o Exame da OAB contempla isso? O senso de justiça é inato.
Capacidade para elaborar peças é uma etapa que cabe a faculdade ensinar.
Admitir o Exame da OAB como necessário é o maior desprestígio que a OAB
pode impor ao corpo docente das faculdades de Direito.
11.2) O que é um bom profissional?
Ora, que tipo de profissional a prova da OAB seleciona? Deveria ser
júnior. Será então que todos os advogados do mercado na classificação
pleno, sênior e máster passariam naquela prova? Eu não acredito, mas nem
por isso deixo de dar-lhes o devido e grande valor. Por que então esse sacrifício
para os iniciantes? Evidente que é a regulação do mercado por meio da restrição
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
32
da oferta de mão de obra. É a fome artificial para alguns de garantir a
abastança de outros.
O bom profissional é identificado através da conquista de bons
resultados no exercício de suas atividades. O que são bons resultados? São
os resultados esperados por sua organização ou por quem o contratou, não
é o resultado de uma prova escrita feita por ele. O profissional terá um
maior consenso positivo sobre a sua qualidade se as pessoas notarem nele bons
resultados. Para conseguir melhor desempenho, além do conhecimento, ele
precisará ser agregador, fazer as pessoas sentirem-se bem ao seu lado para
gerar maior sinergia. Ainda que ele não fizesse uma boa prova ao ser avaliado,
sua capacidade de agregar esforços em prol de um objetivo o faria melhor em
atividades de alta complexidade, em que se exige uma equipe de profissionais
para resolvê-las. Simultaneamente, ao longo prazo, os expoentes são aqueles
que, dentro dos limites das suas possibilidades, são reconhecidos por
produzirem benefícios para a humanidade. Isto pouco, ou nada, tem a ver com
desempenho em provas, pois o conhecimento evolui a todo instante e, em
curto espaço de tempo, uma eventual avaliação que fosse aplicada se
tornaria obsoleta.
Por outro lado, o talento é algo que o tempo não destrói, mas
aprimora. Os potenciais advogados que não possuem carteira, mas são
talentosos, têm seus caros direitos fundamentais ultrajados e, sobretudo, a
humanidade está sendo privada de talentos que lhe trariam benefícios, tudo
isso por conta de uma avaliação sustentada da forma que já foi exposta acima.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
33
12) Entre o mar e o rochedo, o marisco é quem sofre
12.1) Do respeito entre as instituições republicanas
O respeito às instituições é fundamental em uma democracia. Elas devem
fazer autocrítica para se aprimorarem. Uma instituição sugerir melhoras a
outra é algo que deve ser feito com cautela, só não pode ser para aferir a outra
o que é de sua responsabilidade. As pessoas mais brilhantes que conheço não
costumam colocar sobre os outros o que é responsabilidade sua. As instituições
são dirigidas por pessoas que podem elevar ou desgastar o nome que
representam.
Dizer que falta critério ao MEC com relação à abertura de novas
faculdades de Direito é assumir uma grande omissão da própria OAB. Por que
ela não colabora com o MEC lhe fazendo sugestões? Aliás, será que a OAB tem
condições de aprimorar o funcionamento do MEC? Tem preparo para ensinar ao
MEC como autorizar e fiscalizar faculdades? E os escritórios credenciados na
OAB que legitimam os estágios?
12.2) Falta de isonomia com outras profissões
Se a OAB entendesse, de forma inabalável, ser necessário o exame que
aplica, defenderia, a favor da cidadania, de forma aberta, firme e bem
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
34
fundamentada, avaliação análoga para outras profissões. A avaliação seria mais
necessária para profissões que não exigissem formação acadêmica controlada
pelo MEC, mas, se exercidas de forma inadequada, poderiam gerar insegurança
ao usuário do serviço, como profissões em que o aprendizado se dá sem a
obrigação de se realizar cursos específicos. Muito mais adequado e funcional
que o Exame da OAB é a residência médica que não impede o profissional de
exercer a profissão caso ele não a faça.
12.3) Da desconexa obrigatoriedade entre o estágio e a OAB
Angustiante é pensar na situação que se segue. Para se concluir o curso de
Direito, é obrigatória a realização de estágio. Muitos alunos das faculdades de
Direito o realizam em escritórios credenciados pela OAB, portanto, legitimados
para tal, pela própria. Se um aluno realizou e foi aprovado no estágio, e não tem
condições de ser advogado, é porque a instituição não fiscalizou adequadamente
estes escritórios credenciados. Ou seja, a responsabilidade é dela, desse modo,
não deve transferir ao MEC ou ao bacharel uma ineficiência assumidamente sua.
A OAB deveria cumprir bem a sua atribuição nas fiscalizações dos
escritórios de advocacia para que os bacharéis não sejam enganados com a
legitimidade dada pela OAB a escritórios sem condições de absorver os
estagiários. Ora, a fiscalização dos escritórios onde os alunos estagiam não são
confiáveis na avaliação? Quem tem de certificar isso é a OAB. Como um
bacharel despreparado é aprovado em um escritório credenciado pela OAB? Se
nem a OAB acredita no que ela mesma fiscaliza, quem vai acreditar? Portanto,
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
35
evidente que o MEC tem suportado críticas enormes e buscado melhorias. E a
OAB, o que tem feito para dar garantias aos estagiários dos escritórios
credenciados, mas desacreditados, por ela?
12.4) O Infanticídio dos Bacharéis de Direito
O argumento de que o Exame da OAB é requisito para o exercício da
profissão, e não um impedimento, parece soar bem em um primeiro momento.
Todavia, o que se dirá de um requisito em que a maioria dos que se
graduam em faculdades autorizadas a funcionar pelo MEC não conseguem
cumprir? Por que outros requisitos ao bom exercício da advocacia não são
avaliados? Por que é tão caro? Por que a OAB não auxilia o MEC a resolver
as deficiências que alega existirem? Por que não defende aplicação análoga em
outras profissões, especialmente às que não admitem recursos, como apelação,
agravo, recursos especiais ou extraordinários, e que os erros dos seus
profissionais podem levar à morte imediata, como médicos, engenheiros,
eletricistas, e outras?
Essa usurpação indevida da função do MEC, na minha modesta
avaliação, se dá pelo açodamento em frear o número de profissionais no
mercado. Não diria que é um aborto profissional porque, no caso, o profissional
já se formou. Por isso, prefiro chamar de “infanticídio” profissional dos
bacharéis impedidos de advogar, pois são profissionais, “recém paridos”, que,
depois de formados, são submetidos a condições exageradas que sequer
profissionais “adultos” suportariam. É como se arrastasse um bebê em uma
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
36
corrida até a morte sob o argumento de que ele tem que ser forte e
resistente.
12.5) De quem é a responsabilidade, do MEC, da faculdade, da OAB ou do
bacharel?
Ficam as questões: foram os bacharéis que abriram seus cursos? Foram os
bacharéis que se avaliaram? Foram os bacharéis que se reprovaram? Foram eles
que credenciaram e fiscalizaram os escritórios onde estagiaram? Foram os
bacharéis que geriram a OAB na fiscalização de procedimentos éticos dos
professores, advogados, juízes, promotores e profissionais de carreira
jurídica? Ou se submeteram às regras que lhes foram impostas pelos institutos
e pessoas responsáveis? Ao se olhar com senso de justiça, pode-se perceber
que algo está gravemente errado ao impor aos bacharéis um desalinhamento
entre o que lhes foi oferecido pelas instituições responsáveis e o que se espera
deles ao final do curso.
Por outro lado, a prova da OAB é aplicada por instituições
terceirizadas. Isso mostra que ela não tem condições sequer de fazer essa
tal peneira que estaria usando em suas avaliações. Se tivesse, não
terceirizaria essa avaliação. O resultado absurdo é que a instituição avaliadora
privada acaba influindo como limitadora de um direito fundamental que a
Constituição diz que é livre, no artigo 5º, XIII.
O MEC tem, ao longo dos anos, demonstrado este esforço e com resultados
satisfatórios, e a OAB, o que tem feito para aprimorar seus métodos de
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
37
fiscalização da advocacia? Se ela pretende ser a peneira do MEC, evitando a
proliferação de faculdades “caça-níqueis”, como citou o presidente da OAB-RJ,
está deixando efetivamente de ser peneira eficaz dos melhores advogados.
Isto porque há maus advogados no mercado e excelentes bacharéis prestando
serviços privativos de advogados, como se o fossem, com salários menores. Se
fossem ruins, escritórios de advocacia não absorveriam esses bacharéis. É tão
fácil perceber isso que não exige formação acadêmica, métodos especializados
de avaliação, mas apenas querer ver, boa fé e bom senso.
Os professores das faculdades de Direito são advogados, juízes,
promotores e vários outros profissionais da área jurídica. Eles estariam
aprovando levianamente profissionais despreparados. Isso merece avaliação e
reflexão que vai além do debate a respeito do Exame. Como a OAB cumpre a sua
obrigação na fiscalização dos professores advogados que teriam esse eventual
comportamento?
A alegação de que existem maus profissionais que saem da faculdade é
óbvia e, portanto, fragilíssima, pois cursos do mundo inteiro, inclusive de
instituições renomadas, produzem maus profissionais. Um mau profissional de
qualquer profissão, seja porque não sabe escrever, seja porque desconhece os
temas relevantes de sua área, seja porque não sabe se relacionar, seja porque
não sabe cumprir ordens, ou por qualquer outra razão, serão alijados
naturalmente do mercado. O advogado inseguro, mau-caráter, insensível ou
apático tem um potencial de causar mais danos aos seus clientes do que os que
escrevem mal e isso, o Exame da OAB não detecta.
Como entre o mar e o rochedo quem leva a pior é o marisco, no caso do
Exame da OAB, entre o MEC, a faculdade, a OAB e os bacharéis, quem leva a
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
38
pior são esses últimos. Casa de ferreiro e espeto de pau. Sob a lógica dos
Direitos Humanos (responsabilidades do Estado), do Direito dos Consumidores
(responsabilidade da faculdade), do cuidado para que haja o equilíbrio de forças
na defesa dos Direitos de Cidadania e da administração da justiça (deveres dos
advogados da OAB), quem deveria estar protegido era o bacharelado. O
contorcionismo feito na Constituição, nas leis, princípios, valores, obrigações, e
deveres foi realmente de 180 graus: estamos literalmente na contramão.
13) As faculdades caça-níqueis
Se a OAB ou qualquer pessoa ou instituição souber de eventual
existência de faculdades caça-níqueis, ou que pratiquem outro ato lesivo à
sociedade ou a direito de terceiros e não denuncia, está sendo conivente,
está prevaricando. Será que alguém teria o interesse de se calar diante
situação tão execrável? Quem teria interesse de conviver com esta
violência contra a sociedade? Há algum proveito a ser tirado deste eventual
mercado negro de faculdades, se existir? Confesso que não acredito nisso.
É certo que pessoas com menos recursos tem de estudar à noite e lutar
para se formar, mas são capazes de se superar no mercado e disputar em
igualdade de condições com os que tiveram recursos abundantes para
financiar as suas formações. Todavia, se existir, entendo que deve ser
apurado o porquê do silêncio das instituições e das pessoas que são
convenientemente inertes.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
39
14) Considerações Finais
Deixo por fim as palavras de Salomão “Quem segue a justiça e a lealdade
encontra vida, justiça e honra”. Provérbios 21:21. Espero que seja na raia da
justiça e da lealdade que este debate seja percorrido, para que todos tenhamos
as nossas vidas e honras garantidas e possamos usufruir da justiça em seu
sentido mais puro. Como um cidadão brasileiro oriundo da pobreza extrema,
discriminado e humilhado muitas vezes, classificado por um professor
intelectual como semi-idiota em momento que mais precisava ser
encorajado, inconformado com o que tenho assistido, não poderia deixar de
cumprir minha missão, não poderia ser omisso nessa hora, quando muitos
silenciam, sob pena de pagar caro à minha consciência.
Posso, com isso, afirmar que uma prova como o Exame da OAB não
produz o efeito esperado de que todos os aprovados sejam bons
profissionais e os reprovados sejam ruins. Ou seja, ela não cumpre a
finalidade para qual é defendida; é uma injustiça com os bacharéis em
Direito e com a sociedade. É um grave equívoco que precisa ser extinto.
Assim, V. Ex.a, peço que se engaje na luta em defesa da dignidade dos
bacharéis em Direito, que está sendo estraçalhada e lute pela aprovação do PL
2154 que chegará às mãos de V. Ex.a para apreciação e voto.
Acredito que eu poderia ter feito uma carta menor, mas procurei fazer
uma análise sobre várias perspectivas, correndo o risco de ser redundante ou
de sobrepor um argumento a outro. Isso foi proposital. A dificuldade de mudar
paradigmas com pressupostos análogos aos que são utilizados para defender
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
40
o exame da OAB é semelhante a polir uma escultura com grandes
protuberâncias em um metal até que se torne superfície plana. A ideia fica
tão impregnada nas mentes das pessoas de boa fé que as impossibilita enxergar
outros aspectos relevantes no debate. Este exame interessa a muita gente
que detém poder e elas farão de tudo para descaracterizar ou desmontar
qualquer argumento que se tenha. É a lógica de que não existe argumento bom
o suficiente. Por isso, o meu esforço nas minhas clausuras em descobrir
maneiras para mostrar a torpeza que tudo isso representa.
Espero ter dado a minha modesta contribuição a um tema de extrema
relevância para o Brasil, pois se trata de profissionais impedidos de engajar-se
em fazer justiça, atividade que V. Ex.a preza muito e por isso recebeu, pelo
próprio povo, legitimidade para representá-lo.
Com mais advogados, teremos menos casos de injustiça em nosso país.
Receba V. Ex.a meus sinceros reconhecimentos e respeito.
Atenciosamente,
Rio de Janeiro, 28 de junho de 2012.
Carta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso NacionalCarta Aberta aos Membros do Congresso Nacional
Autoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens TeixeiAutoria do Dr. Rubens Teixeira ra ra ra –––– www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br www.rubensteixeira.com.br
41
Rubens Teixeira da Silva
* Rubens Teixeira da Silva é Doutor em Economia pela UFF, Mestre em
Engenharia Nuclear pelo IME, pós-graduado em Auditoria e Perícia Contábil
pela UNESA, Engenheiro de Fortificação e Construção (Civil) pelo IME,
bacharel em Direito pela UFRJ (aprovado na prova da OAB-RJ) e bacharel em
Ciências Militares pela AMAN. É membro da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra, da Academia Evangélica de Letras do Brasil,
professor, escritor, palestrante, ganhou o Prêmio Tesouro Nacional com sua
tese de doutorado em Economia, o Prêmio Paulo Roberto de Castro, com sua
monografia de Direito adaptada, recebeu a Médaille de Vermeil de la Societé
d'Encouragement au Progrès (França), Medalha de Mérito Pedro Ernesto,
Troféu Dom Quixote, da Revista Justiça e Cidadania e Medalha do Mérito
Adesguiano.
Recommended