View
54
Download
2
Category
Preview:
DESCRIPTION
monografia de conclusão de curso
Citation preview
Universidade Federal de Viçosa
Centro de Ciências Agrárias Departamento de Engenharia Florestal
Conflitos Territoriais: O Eucalipto e a Siderurgia em Minas Gerais
Livia Morena Brantes Bezerra
Viçosa, Minas Gerais Dezembro, 2009.
Livia Morena Brantes Bezerra
Conflitos Territoriais: O Eucalipto e a Siderurgia em Minas Gerais
Monografia apresentada ao Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do curso de graduação em Engenharia Florestal.
Viçosa, Minas Gerais Dezembro, 2009.
Livia Morena Brantes Bezerra
Conflitos Territoriais: O Eucalipto e a Siderurgia em Minas Gerais
Monografia apresentada ao Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do curso de graduação em Engenharia Florestal.
APROVADA: 4 de dezembro de 2009.
____________________________ Klemens Augustinus Laschefski
(Orientador)
Viçosa, Minas Gerais Dezembro, 2009.
À Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF)
Para continuarmos avançando na luta por uma sociedade harmônica, sem
exploração, nem da natureza, nem do homem.
ii
AGRADECIMENTOS
Ao povo organizado que ousa sonhar com dias melhores, pois sabe que
eles precisam vir.
Aos estudantes que se identificam com esse povo, e lutam para que sua
vida na universidade tenha algum significado e não se deixam transformar em
mercadorias. Aos companheiros de luta da ABEEF por esses passos que
damos a cada dia rumo a uma Engenharia Florestal comprometida com a
realidade que vivemos, por me sustentar em Viçosa durante esses anos de
tanto aprendizado.
Aos meus pais, por me ensinarem a amar o povo e a terra, por
incentivarem minhas decisões, por me ajudarem em toda essa caminhada. Aos
meus irmãos por dividirem seus ensinamentos com a caçula. A minha família
por estar sempre por perto (e sempre em festa).
Ao Klemens pela orientação e apoio, sempre tão solicito.
Ao Vini e ao Felipe, por tornarem a vida em Viçosa mais feliz,
interessante, colorida e gorda! Aos companheiros e companheiras de república,
que me ensinaram, cada um uma coisa, a viver em comunidade. A Jojo,
conterrânea, que deixou muita saudade quando resolveu dar uma volta por aí
logo no último período e com a qual aprendi muitas coisas durante essa vida
Viçosa-Friburguense.
A Andressa, pela melhor companhia que se pode ter (e por me ajudar a
melhorar o acervo com suas músicas anos 60 e 70). Ao Guilherme, pela dica
iii
da Engenharia Florestal. Ao David e ao Gabriel pelas risadas, a Priscila, por me
ensinar a escapar da dor na mente.
Ao Bloco, por preencher as minhas tardes de domingo com muito
batuque, cantoria e dança.
Ao TEIA pelo trabalho com Educação Popular, Agroecologia e Economia
Popular Solidária, e mais recentemente com Tecnologias Sociais, que me
abriram os olhos para outras dimensões da luta.
iv
BIOGRAFIA
Livia Morena Brantes Bezerra, filha de Zilda Maria Brantes e Marcos Luiz
Bezerra, nasceu na cidade de Nova Friburgo, RJ, no dia 29 de dezembro de
1986. Ingressou no curso de graduação em Engenharia Florestal no ano de
2005. Em 2006 começou a se aproximar das atividades da Associação
Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF) e em 2007 assumiu
a Coordenação Regional Mata Atlântica junto com seus companheiros de
Viçosa. Em 2009 assumiu a Coordenação Nacional da ABEEF, em conjunto
com o grupo de Belém-PA. Durante o curso participou também do Programa de
Extensão TEIA, no projeto intitulado “Percepção e uso sustentável do solo em
assentamento de reforma agrária” e também do trabalho “A Auto-organização
de Trabalhadoras Rurais do MST na Luta pela Soberania Alimentar: A
Experiência das Camponesas do Assentamento Olga Benário”, ambos
desenvolvidos no assentamento Olga Benário em Visconde do Rio Branco,
MG. Passava as tardes de domingo a tocar xequerê (2007-2008) e alfaia
(2009) no Grupo de Cultura Popular O Bloco.
v
“Não tenho o Sol escondido No meu bolso de palavras
Sou simplesmente um homem para quem já a primeira pessoa do singular
foi deixando, devagar, sofridamente de ser, para transformar-se
- Muito mais sofridamente - na primeira e profunda pessoa
do plural” Thiago de Mello
vi
CONTEÚDO
Página
LISTA DE GRÁFICOS ..................................................................................... viii
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ ix
LISTA DE QUADROS ........................................................................................ x
EXTRATO ......................................................................................................... xi
Introdução ........................................................................................................ 12
Capítulo I: Território comum X Território Privado ............................................ 14
1. Território e divisão territorial do trabalho ........................................... 14
2. Histórico do setor florestal brasileiro ................................................. 17
3. A apropriação do território pelo setor florestal .................................. 20
Capítulo II: A cadeia produtiva do aço ............................................................. 25
1. As empresas envolvidas ................................................................... 25
2. A obtenção do Aço ............................................................................ 27
3 Carvão Vegetal ................................................................................... 28
4. A utilização do Aço ............................................................................ 32
Capítulo III: A Silvicultura em Minas Gerais: Carvão vegetal .......................... 33
1. Localização dos plantios ................................................................... 33
2. Conflitos pela terra: Interesses locais X interesses internacionais ... 35
Considerações Finais ...................................................................................... 42
Referência Bibliográfica ................................................................................... 44
vii
LISTA DE GRÁFICOS
Página
Gráfico 1: Ocupação da área territorial .......................................................... 16
viii
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1: Bateria de fornos industriais ............................................................. 30
Figura 2: Bateria de fornos de superfície ......................................................... 30
Figura 3: Forno Rabo Quente .......................................................................... 31
Figura 4: Índice de Gini da área total dos estabelecimentos agropecuários por município, foco em Minas Gerais – 2006 ........................... 35
ix
LISTA DE QUADROS
Página
Quadro 1: Concentração de terras em números absolutos e porcentagens nos estabelecimentos com florestas plantadas ........................ 34
x
EXTRATO
BEZERRA, Livia Morena Brantes. Conflitos Territoriais: O eucalipto e a Siderurgia em Minas Gerais. Orientador: Klemens Augustinus Laschefski. 2009. 48 f. Monografia (graduação em Engenharia Florestal). Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG.
O trabalho teve como objetivo verificar os conflitos oriundos da
apropriação de territórios na cadeia produtiva do aço em Minas Gerais. O
território foi escolhido como uma categoria de análise, pois revela as relações
humanas, ecológicas, econômicas e de poder envolvidas nele. A atividade
siderúrgica é uma das mais expressivas da economia mineira, e apresenta
círculos de produção e de consumo bem definidos, por isso tem grande
influência na organização do espaço no estado. Entre os incentivos dados ao
desenvolvimento da atividade, nos idos de 1970, um dos mais expressivos foi a
concessão de terras devolutas, habitadas e utilizadas por comunidades
tradicionais, para fins de plantios de eucalipto, gerando grandes conflitos, que
hoje voltam a tona, com o vencimento e renovação ilegal das concessões. As
comunidades exigem seus direitos sobre o território ancestral e as empresas
exigem seu direito à propriedade privada. A sociedade deve intervir.
xi
INTRODUÇÃO
O agronegócio “florestal” é um setor importante na economia brasileira e
ocupa uma parte significativa das terras do país, mais de 6 milhões de hectares
com plantações de eucalipto e pinus (ABRAF, 2009). O estado de Minas Gerais
é o que mais planta eucaliptos, sendo 1.423.212 hectares de seu território
preenchidos com estas plantações (ABRAF, 2009), muitas ocupado terras
devolutas, sem por elas pagarem um preço justo (CALIXTO, 2006).
Ao longo da história, o uso do território brasileiro vai se modificando, mas
a lógica hegemônica desse uso continua sendo a mesma desde que o
capitalismo adentrou essas terras, com a chegada do primeiro europeu: a de
exportar produtos de baixa tecnologia, intensivos em energia e recursos
naturais (incluindo vastos territórios para reprodução das monoculturas),
tratando o território como recurso para a “garantia de realização de interesses
particulares” (HAESBAERT, 2007).
E desde que o capitalismo adentrou essas terras, resistem formas
comunais de organização do território, vividas pelos remanescentes de
indígenas, quilombolas, geraizeiros, caiçaras, seringueiros, sertanejos, que
utilizam o território como abrigo, adaptando-se ao meio geográfico local,
traçando, a partir do conhecimento do ambiente, historicamente construído,
suas estratégias de sobrevivência (HAESBAERT, 2007).
Os modernos complexos agroindustriais são caracterizados por alta
utilização de insumos na produção e grandes extensões de terra, onde os
investimentos possam ser rentáveis, logo requerem uma grande intensidade de
capital, e uma forte dependência da economia de mercado (ELIAS, 2006).
12
Por outro lado a agricultura familiar é considerada aquela que utiliza ao
máximo a força de trabalho disponível na própria família. Segundo Lamarche
(1998) a lógica familiar é caracterizada pela relação que as famílias
estabelecem com a terra (sendo esta patrimônio ou meio de produção), a
organização do trabalho e a participação familiar no trabalho feito no
estabelecimento, e as estratégias de reprodução do estabelecimento
dependem da profissão dos filhos. Além disso são estabelecimentos que tem
uma menor dependência tecnológica (tem suas próprias tecnologias
apropriadas ao seu modo de cuidar da terra, não dependem tanto de
tecnologias externas), e não estão necessariamente integrados aos mercados.
Segundo Wanderley (1996), é a família que assume o trabalho no
estabelecimento, e é proprietária dos meios de produção. As populações
tradicionais se inserem nesse contexto por estarem ligadas à terra, se
reproduzirem às custas do território e acumularem vastos conhecimentos sobre
o mesmo ao longo das gerações.
No estado de Minas Gerais, os conflitos de uso do território se dão
principalmente entre as populações tradicionais, agricultores familiares e as
atividades de mineração, que necessitam de enorme quantidade de energia,
para o beneficiamento de seus produtos. Essa energia provém principalmente
das usinas hidrelétricas e do carvão vegetal, responsável por 12,8% da oferta
interna de energia do Brasil (Brasil, 2007), proveniente de plantações de
árvores ou florestas derrubadas.
O Objetivo desse trabalho é verificar os conflitos oriundos da apropriação
de territórios na cadeia produtiva do aço em Minas Gerais, enfocando nos seus
“circuitos espaciais de produção e círculos de cooperação” (SANTOS e
SILVEIRA, 2004).
13
CAPÍTULO 1
Território Comum X Território Privado
1. Território e divisão territorial do trabalho
A capacidade humana de se adaptar a qualquer ambiente é algo que
advem da habilidade que adquirimos, e que nos transformou em humanos, de
modifica-lo, através do trabalho, dando a ele um uso e dele se apropriando. A
esse ambiente usado Santos e Silveira (2004) chamam de Território. E
atribuem ao sentido humano da palavra territorialidade, como aquilo que nos
pertence e a que pertencemos, uma preocupação com o destino, a construção
do futuro.
Haesbaert (2007) caracteriza o conceito de território como algo múltiplo e
dependente da abordagem que se dá a ele. Para tanto agrupa as suas noções
em três vertentes básicas: a política (referida às relações espaço-poder, em
geral), a cultural (que prioriza a dimensão mais simbólica e subjetiva) e a
econômica, que “enfatiza a dimensão espacial das relações econômicas, o
território como fonte de recursos e/ou incorporado no embate entre classes
sociais e na relação capital-trabalho, como produto da divisão territorial do
trabalho”. Utilizaremos nesse trabalho desta última abordagem, pois como
Santos et al. (2000) apud Haesbaert (2007) definem:
14
“O território usado constitui-se como um todo complexo onde se tece
uma trama de relações complementares e conflitantes. Daí o vigor do conceito,
convidando a pensar processualmente as relações estabelecidas entre o lugar, a
formação socioespacial e o mundo (p. 3). O território usado, visto como uma
totalidade, é um campo privilegiado para a análise na medida em que, de um lado,
nos revela a estrutura global da sociedade e, de outro lado, a própria complexidade
de seu uso (p. 12).”
Portanto o território é uma ferramenta que nos ajuda a entender as
relações de trabalho associadas a ele (quem produz e quem utiliza), as
modificações produzidas por esse trabalho sobre ele, como impactos
ambientais e sociais, além de nos dar uma noção sobre o poder exercido sobre
esse território, uma vez que nem sempre o território é apropriado por quem o
modifica, quem nele trabalha, mas também se atribuem ao território
características de mercadoria, relações de mercado.
O uso do território pressupõe também o uso dos recursos ali presentes.
Recursos naturais como o solo, a água e a biodiversidade e recursos sociais,
como a força de trabalho, por exemplo.
O território brasileiro vem sendo modificado por diversos meios ao longo
dos tempos. Segundo Santos e Silveira (2004) o uso do território pode ser
definido pela implantação de infra-estruturas, mas também pelo dinamismo da
economia e sociedade. Portanto a história do território brasileiro é a soma e a
síntese da história de suas regiões. O modo de organização do território foi
semelhante nas colônias da América Latina, apenas se diferenciando pelos
produtos ali explorados, e é agrupado por Santos e Silveira (2004) em:
• Meios “naturais”: onde a presença humana buscava adaptar-se aos
sistemas naturais, e os instrumentos artificiais necessários ao domínio desse
mundo eram escassos;
• Meios técnicos: Onde se desenvolvem as tecnologias que gradualmente
atenuam a dependência da natureza. Em algumas regiões essa mecanização
se dá de forma mais intensa, o que nos permite dividir o território em “ilhas”
15
com mecanização incompleta. Com a incorporação dessas tecnologias ao
território (infra-estrutura) esse arquipélago se integra mais facilmente, e há uma
hegemonia das regiões Sul e Sudeste sobre o território e o mercado;
• Meio Técnico-Científico-Informacional: caracterizado por uma intensa
difusão dos meios técnicos, suscitada principalmente pelo desenvolvimento de
técnicas de telecomunicação. Informação e finanças passam a identificar os
lugares segundo a sua presença ou escassez.
O gráfico a seguir mostra a proporção entre terras utilizadas para
empreendimentos agropecuários, áreas urbanizadas, áreas protegidas
(unidades de conservação), entre outras, que nos dão um panorama de como
se organiza o espaço brasileiro. Importante lembrar que, ainda que a maioria
das terras sejam utilizadas para empreendimentos agropecuários, a população
brasileira é essencialmente urbana1 (81%), (IBGE, 2006) e ocupa uma área
absolutamente menor.
1 A abordagem do IBGE considera urbana a população que vive nas sedes dos municípios e distritos. Isso, segundo alguns autores citados por Marques (2002), pode levar a uma superestimação da população urbana, uma vez que considera nesse extrato municípios muito pequenos com menos de 2000 habitantes.
16
2. Histórico do setor florestal brasileiro
O Brasil começa sua história comercial como um negócio exportador de
espécies florestais, dentre elas destacando-se o pau-brasil (Caesalpinia
echinata). Segundo Prado Junior (2008, p. 25) “era uma exploração rudimentar
que não deixou traços apreciáveis, a não ser na destruição impiedosa e em
larga escala das florestas nativas donde se extraía a preciosa madeira”.
Encerrando-se o ciclo da predominância da exploração madeireira da
colônia, começa-se a cultivar o solo, efetivando-se melhor a povoação de suas
terras. Segundo Prado Junior (2008) utiliza-se aí a cana-de-açúcar, cuja cultura
só se justifica economicamente em grande escala, e que para isso demanda
um maior desbravamento do terreno, lê-se da Floresta Tropical, feito através do
“esforço reunido de muitos trabalhadores”. Como não havia força de trabalho
nativa suficiente, nem metropolitana disposta, o negro africano, escravizado,
será a solução para o problema do trabalho.
Aos princípios do século XVIII descobrem-se jazidas de minerais
preciosos, principalmente ouro e diamante no interior do Brasil, precisamente
no que hoje se chama de estado de Minas Gerais. O aporte de 450 mil
portugueses ao longo de todo século (DEAN, 1996), imprimiu uma grande
pressão sobre a fauna e flora nativa das regiões auríferas e diamantinas. Os
minerais eram extraídos dali e levados a Portugal através do porto do Rio de
Janeiro. Também escravos africanos eram trazidos ao território mineiro a fim
de explorar os recursos ali existentes. Dean (1996) descreve que ali, as
comunidades de resistência de escravos foragidos, chamados quilombos,
brotavam por todas as partes, devido às facilidades à fuga oferecidas pela
densa floresta. Indígenas que se encontravam por essas terras foram aos
poucos se retirando para o interior, e alguns poucos para o litoral (muitas vezes
entrando em conflito com outros grupos ali remanescentes). Esses grupos
acumulavam conhecimentos sobre a natureza, os quais os portugueses nunca
puderam obter. Infelizmente, caboclos (lavradores de subsistência),
quilombolas e indígenas não puderam manter todas as informações
acumuladas, pois “eram refugiados em terras alienígenas” (DEAN, 1996).
17
O liberalismo trouxe ao Brasil, no século XIX, a transferência da
prioridade da economia brasileira para o cultivo do café, que com o fim do
regime de escravidão, era lavrado por força de trabalho imigrante européia.
Essa nova atividade, segundo Dean (1996) induziu o crescimento demográfico,
a urbanização, a industrialização e a implantação de ferrovias, além disso,
queimava-se a mata para o plantio do café.
Nos primeiros anos de República, a população do país aumenta e cresce
a demanda sobre matérias-primas para consumo interno, como o ferro, saído
das montanhas de Minas Gerais, levado às grandes densidades demográficos
através de trens, movidos a carvão vegetal. Também a fundições e forja dessa
matéria-prima demandava energia, que era obtida com “recursos combustíveis
da floresta” (DEAN, 1996).
Com o escasseamento das matas onde se obtinha a lenha e o carvão, já
em 1910, Edmundo Navarro de Andrade, responsável pelo setor florestal da
Companhia Ferroviária Paulista, inicia experimentos de plantios em larga
escala de árvores de rápido crescimento. É o início da monocultura “florestal”
no Brasil. Logo em 1911 Navarro assume o Serviço Florestal Paulista, criado
com o fim de incentivar o plantio florestal nas diferentes regiões do país
(VICTOR, 2005). Ao fim de seu mandato, em 1916, Navarro havia plantado 200
milhões de árvores, subsidiado pelo governo federal (DEAN, 1996).
Os plantios homogêneos de árvores ainda eram insípidos até o início da
Segunda Guerra Mundial (1941-1945), quando decresce a utilização de
combustíveis fósseis e aumenta a demanda por carvão vegetal para geração
de energia térmica, ainda assim, os eucaliptos não são plantados em larga
escala, pois eram susceptíveis ao fogo e tinham inúmeros riscos de
rendimentos (DEAN, 1996).
A verdadeira ascensão dos plantios se deu durante os anos da ditadura
militar (1964-1986), através de diversos programas de incentivos dos governos
à produção de matérias-primas para a crescente indústria, como o crédito
agrícola, o Fundo de incentivos Setoriais (FISET), os Planos Nacionais de
Desenvolvimento (I e II PND), o Plano Nacional de Papel e Celulose (PNPC), o
Programa de incentivos Fiscais ao Reflorestamento do antigo BNDE (Banco
18
Nacional do Desenvolvimento Econômico), a Concessões de Terras Públicas,
Criação dos Distritos Florestais, do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal (IBDF), da EMATER (Empresa Brasileira de Assistência Técnica e
Extensão Rural), como nos explica Silva (2006). No contexto da educação foi
também importante a criação dos cursos de Engenharia Florestal, que não
surgiram diretamente de políticas públicas, mas de arranjos científico
internacionais. As políticas públicas tiveram um papel mais de afirmação da
profissão (COELHO, 1999).
Santos (2004) explica que esses financiamentos contribuíram para a
modernização em manchas, da agricultura brasileira, acirrando ainda mais a
divisão territorial do trabalho. Surgiram novas possibilidades técnicas,
financeiras e organizacionais, com centralização de capitais e um pacote de
práticas tecnológicas de pesquisa e produção, difundidas internacionalmente.
Estabelece-se aí uma homogeneização da agricultura e seus produtos mundo
afora (ELIAS, 2006), através do chamado agronegócio.
Do incentivo dado no contexto da ditadura militar (1964-1985) e do
desenvolvimento através da “modernização agrícola” dos anos 90 surge o
agronegócio “florestal” no Brasil (GILBERTSON, 2003).
Trataremos como agronegócio “florestal” o setor da economia que se
utiliza das plantações homogêneas de árvores, e considera a floresta como
uma “fábrica de polpa ou de madeira, promovendo apenas monoculturas
comerciais, interessando somente o cumprimento de metas de produção para
atender às indústrias de papel, siderurgia, compensando, dentre outras"
(RAMOS, 2006).
Hoje esse setor da economia brasileira é dividido em três cadeias
industriais: processamento químico da madeira (celulose, papel e pastas de
alto rendimento, painéis de madeira reconstituída), processamento físico da
madeira (serrados e compensados) e processamento térmico da madeira
(lenha e carvão), este último destacando-se em Minas Gerais, o maior produtor
de florestas plantadas.
19
3. A apropriação do território pelo setor florestal
Ao longo desses períodos também os modos de apropriação do território
foram se modificando. Desde o cunhadismo, passando pela escravização,
conversão e dizimação dos índios, pelas donatarias reais, até chegar à Lei de
Terras de 1850, e por fim ao estatuto da terra de 1964.
A primeira forma de ocupação do território foi o cunhadismo: quando um
europeu assumia uma moça índia como esposa, estabeleciam-se
automaticamente, laços que o aparentavam com todos os membros do grupo
de sua “temericó”, dando lhe uma maior influência sobre aquele espaço. Como
nos explica Ribeiro (1995): O número de temericós pro europeu chegava até 80
em Assunção. Os parentes que o europeu arrebanhava, ficavam a seu serviço,
inclusive para produção de mercadorias. Além desse foram também muito
importantes para a tomada do território as missões catequizadoras, a
disseminação de doenças e matança de índios, e a escravização dos mesmos.
A partir do momento em que o cunhadismo passou a ser uma ameaça a
posse das terras brasileiras pela Coroa Portuguesa, uma vez que não só
portugueses o praticavam, mas também outros europeus que vinham se
estabelecendo pela costa, fez-se necessária a criação do sistema de
donatarias, grandes divisões de terras concedidas a “delegados políticos do
Rei de Portugal” com direito pleno de exploração (Ribeiro, 1995). Assim, os
donatários teriam, necessariamente, que desenvolver os meios econômicos e
sociais capazes de assegurá-lo. Promovendo a concessão de sesmarias a
pessoas que explorariam diretamente as terras, garantindo assim a defesa e
ocupação da colônia. As dificuldades de incorporação de meios técnicos, e a
conseqüente baixa produtividade do trabalho, implicavam na posse de grandes
extensões de terra, para que se desenvolvem quantidade e volume de
produção adequados ao mercado mundial (Jones, 1997). As sesmarias, apesar
de serem hereditárias, eram apenas concessões de uso da Coroa de Portugal,
não constituíam propriedades de terra, propriamente ditas.
O sistema de donatarias durou até 1822, com a Independência do Brasil,
quando se instala no país o Império das Posses. Segundo Jones (1997), não
existia nenhuma norma que regulasse o acesso à terra, logo o quadro caótico
20
herdado do sistema sesmarial, se manteve, uma vez que não havia controle
sobre o apossamento das terras públicas.
Somente em 1850, criou-se a Lei 601, a Lei de Terras, que instituiu a
propriedade privada da terra no Brasil. Essa Lei veio no sentido de evitar que
escravos libertos, artesãos, indígenas e o crescente número de migrantes
europeus pobres tivessem acesso à terra, o que deslocaria a força de trabalho
necessária à agricultura exportadora, para a agricultura em pequena escala
que não era interessante ao reino (MOREIRA, 2007).
Com o fim da escravidão, em 1888 um grande contingente de pobres foi
procurar o seu pedaço de terra, onde a agricultura exportadora ainda não
dominava o território, e estabeleceu ali uma forma diferente de relação com a
natureza, de comunidades de produtores livres.
A população brasileira aumentou-se consideravelmente no final do século
XIX, início do XX, com a chegada dos migrantes europeus que viriam se
instalar na lavoura de café. Iniciava-se então uma demanda considerável por
ferramentas de ferro, suprida pelas jazidas abundantes e rasas de minério de
ferro em Minas Gerais. “A fundição e a forja desses instrumentos
intensificariam a demanda industrial sobre os recursos combustíveis da
floresta” (DEAN, 1996).
As inúmeras atividades dependentes de lenha como combustível,
ferrarias e fundições, olarias, fábricas de papel e papelão, vidro e porcelana, e
inclusive máquinas a vapor, necessárias à construção de um país moderno,
consumiram grande parte das florestas dos estados do Sudeste (DEAN, 1996).
Com a Constituição de 1891, transferiam-se as terras públicas para o
domínio dos estados. Em Minas Gerais, grade parte do leste, na bacia do Rio
Doce, ainda pertencia a esse domínio.
Ainda segundo DEAN (1996), em 1930 começam os plantios de
eucaliptos em Minas Gerais, ainda muito insipientes. A empresa Belgo-mineira
S. A., ao descobrir que as áreas desmatadas não voltavam a produzir madeira,
apenas capim, começa a plantar. Eram queimados 22 km², e plantados 37 km²,
que só entrariam em produção muitos anos depois.
21
A Segunda Guerra Mundial demandou um grande suprimento de energia,
e obrigou os países a racionarem o uso de petróleo e carvão mineral, que
foram substituídos por fontes alternativas de energia, como o álcool, as
hidrelétricas e o carvão vegetal. Mas o plantio de árvores só seria possível com
incentivos do governo, pois ainda demandava tecnologia adequada aos locais
onde seriam implantados (que seria desenvolvida pelos futuros Engenheiros
Florestais), e ainda representavam um investimento de alto risco (PIMENTA et
al, 2004)
Nesse período, imperavam os interesses privados sobre o patrimônio
estatal, que era facilmente negociado em favor do desenvolvimento econômico.
Como nos relata Dean (1996), no caso em que a Universidade Federal de
Viçosa troca, em 1956, 1000 ha de floresta primária, que seria vendida para a
Belgo-mineira transformar em carvão, por uma área de pasto degradado. Na
mesma década o professor do Departamento de Engenharia Florestal Arlindo
de Paula Gonçalves, teve um pedido de concessão de terras negado, apesar
de ter o direito, por lei a ele concedido, a 100 ha por ter formado em agricultura,
a menos que vendesse imediatamente as terras à Belgo-mineira.
Com o aumento da pressão sobre a propriedade das terras brasileiras, e
com a crescente concentração fundiária, aumentam-se também os conflitos
pela terra no Brasil, e as organizações de trabalhadores que reivindicavam
terras, como as Ligas Camponesas no Nordeste brasileiro (Stédile, 1999). O
presidente João Goulart aponta a necessidade de se fazer um programa de
reformas sociais, que poderiam atrapalhar os planos de dominação da elite
latifundiária para o campo brasileiro. Em 30 de março de 1964 esses planos
eram frustrados, pois se instalava no Brasil a ditadura militar, que logo para
acalmar os ânimos dos trabalhadores, lança o Estatuto da Terra (Lei nº4.054-
1964). Essa lei previa uma “justa e equitativa distribuição da terra, com igual
oportunidade para todos” (BRASIL, 1964), mas serviu para aumentar os
incentivos à modernização agrícola, aos grandes empreendimentos
agropecuários, que na visão dos generais geraria postos de trabalho no campo,
e reduziria a demanda social pela terra.
22
Instituíram-se então modalidades de Titulação de Terras da União, com a
intenção de assegurar, criar e ampliar privilégios dos latifundiários
(regulamentando posses, até então, ilegítimas de terras), de acordo com Jones
(1997). Além das terras tituladas irregularmente, era comum a concessão de
terras devolutas da União para fins de interesse da nação.
Com o período desenvolvimentista, instalaram-se Brasil afora empresas
estatais de mineração, siderurgia, hidroeletricidade, petróleo e petroquímica. A
energia, necessária à Siderurgia em Minas Gerais, provinha do carvão vegetal,
que no fim da década de 70 era obtido em sua maioria da queima das árvores
do cerrado, sendo apenas 10% obtido nas plantações de eucalipto (DEAN,
1996).
Essas empresas se beneficiaram das diversas categorias de apropriação
de terras lhe oferecia e iam avançando seus plantios em terras consideradas
devolutas, mas cujos verdadeiros ocupantes não haviam sido contemplados
com essas categorias impostas pelo governo militar, ou não haviam
conseguido regulamentar suas posses.
Os plantios de eucalipto em Minas Gerais foram implantados em áreas de
terras devolutas concedidas pelo governo na década de 70, para uso por até
30 anos (MELO, 2009), a preços camaradas, como forma de incentivo ao
plantio de árvores para alavancar a siderurgia a carvão vegetal do estado.
A incorporação de tecnologias ao território, incentivada pelo governo,
significa imobilização de capital, e permite a apropriação privada de terras
públicas concedidas para esse fim. Segundo Moreira (2007), a terra é
valorizada pela incorporação de trabalho aplicado diretamente nela, pelo
conhecimento da fertilidade e a sua localização frente ao mercado (trabalho
social não-aplicado), e como resultado do processo de desvalorização do
capital social (competição tecnológica, obsolescência do capital produtivo e
concentração de capitais). A territorialização do capital indica um processo de
valorização frente ao capital industrial, mas também frente aos trabalhadores
não proprietários, tornando ainda mais distante para esses a conquista da terra
através da compra.
23
A simplificação da natureza e a “produção” de terras degradadas (terras
vizinhas aos plantios que têm a sua capacidade produtiva diminuída devido aos
impactos das monoculturas) dificultam a convivência das formas tradicionais de
ocupação da terra com as formas globalizadas, assunto sobre o qual nos
debruçaremos posteriormente, logo essas terras originalmente ocupadas pelos
produtores são adquiridas a preços baixos pelas próprias empresas que
impossibilitaram a reprodução de seus modos de vida (LASCHEFSKI e
ZHOURI, 2009).
O conhecimento científico gerado nas universidades, centros de pesquisa
e nas próprias empresas concebe a natureza como algo dado e imutável,
baseada nos princípios positivistas e essencialistas, ao qual cabe a ciência,
fonte da verdade, desvendar, de forma neutra, a fim de aplicar técnicas
geradas por esse conhecimento, as melhores, sobre a natureza. Considerar o
conhecimento científico como conhecimento humano superior pode legitimar a
ideologia hegemônica, em detrimento do conhecimento socialmente e
historicamente construído pelas comunidades tradicionais sobre o território e os
recursos (MOREIRA, 2007).
24
CAPÍTULO 2 A cadeia produtiva do aço
1. As empresas envolvidas
À época da industrialização do Brasil, as políticas públicas de incentivos
e concessões para a implantação de usinas siderúrgicas vinculadas à
exportação de minério de ferro, foram essenciais para a constituição do parque
siderúrgico nacional. A empresa que mais se beneficiou das vantagens dadas
pelo governo ao capital estrangeiro foi a Companhia Siderúrgica Belgo-mineira.
Fundada em 1921, com capital de origem belgo-luxemburguesa, iniciou a
produção de aço laminado à base de carvão vegetal em 1925, contando
benefícios do governo, como redução de impostos, fretes e empréstimos. Na
década de 1930, construiu-se a usina de João Monlevade, que aumentou sua
produção em 2,5 vezes (de 40 para 100 mil t/ano). Seus principais produtos
eram trilhos e arame farpado. Constituía-se assim o maior complexo
siderúrgico integrado da América do Sul, a maior unidade do mundo abastecida
com carvão vegetal, na época (SILVA & SZMRECSÁNYI, 2002).
Com a criação do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico
(BNDE) em 1952, uma das prioridades de investimento do Estado passa a ser
o setor siderúrgico (como um dos setores que impulsionariam a industrialização
do país). Segundo Evans, 1982, o BNDE serviu para garantir a tríplice aliança
entre Estado e capital privado nacional e multinacional, fundamental para o
desenvolvimento econômico que se projetava para o momento.
Nesse contexto, instalou-se em Minas Gerais a Usiminas (Usinas
Siderúrgicas de Minas Gerais), que, segundo Moreira et al., 2004, ao inicio das
25
operações, em 1962, era uma associação de capitais do BNDES (24%), do
Estado de Minas Gerais (23,9%), da Nippon Usiminas – Japão (40%), da
Companhia Vale do Rio Doce – então estatal (9%) e de outros acionistas
(2,5%).
Como setor estratégico para o desenvolvimento econômico e industrial do
país, o setor siderúrgico foi alvo prioritário do Programa Nacional de
Desestatização, iniciado em 1991. Já nos anos 80 usinas de médio porte foram
transferidas ao setor privado.
Hoje, o parque siderúrgico mineiro é a principal aglomeração industrial do
estado, e é composto por empresas como a Vale, Usiminas, Arcellor Mital,
Vallourec & Mannesman e Gerdau - Açominas que estão localizadas em um
raio de 100 km na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o que Diniz (1981),
citava como uma facilidade para o surgimento de uma indústria de bens de
capital que suprisse a demanda desse complexo. Segundo Moreira et al.
(2004) essas usinas são responsáveis por 32,9% da produção brasileira de aço
bruto e 60% da produção independente de ferro-gusa (com 58 das 79 guseiras
do país).
Todas essas empresas possuem capital de origem internacional. A
Vallourec & Mannesman é francesa (V&M, 2009), a Arcellor Mital é
majoritariamente composta por capital espanhol (49,91%) e francês - 15,27%
(ARCELLORMITAL, 2008), a Usiminas pertence ao grupo Nippon (Japão) a ao
grupo Camargo Correa (Brasil), a Gerdau Açominas pertence ao grupo
Metalúrgica Gerdau e a investidores estrangeiros. O estabelecimento desses
grupos no ramo da siderurgia só foi possível com as privatizações das grandes
empresas estatais responsáveis por gerir os nossos recursos minerais, no
início da década de 90 (PAULA, 1997).
26
2. A obtenção do aço
O processo industrial do aço envolve três etapas básicas: extração do
minério de ferro, obtenção do ferro-gusa e fabricação de produtos de aço semi-
acabado ou de aço refinado.
O minério de ferro é constituído por magnetita (Fe3O4) e hematita
(Fe2O3). O Brasil é o segundo maior produtor de ferro, sendo responsável por
20% da produção mundial. Em Minas Gerais as maiores jazidas estão
localizadas na região do Quadrilátero Ferrífero.
O ferro-gusa é obtido nos alto-fornos, onde se adicionam o minério de
ferro, o carvão (coque ou vegetal) e o material fundente (principalmente o
calcário). O carvão serve como redutor do ferro, pela captura do oxigênio pelo
carbono, em alta temperatura, o que produz uma considerável quantidade de
óxidos de carbono (principalmente o monóxido de carbono, muito prejudicial à
saúde humana e agravador do efeito estufa). O carvão é o responsável pelo
fornecimento de carbono e de energia. Em comparação com o coque o carvão
vegetal fornece um aço com menor teor de enxofre, de melhor qualidade
(BARCELLOS e COUTO, 2006).
O ferro-gusa é levado para a aciária, onde é colocado em conversores ou
fornos elétricos, que ajudarão na retirada de impurezas (carbono, enxofre,
fósforo, manganês) do ferro para obtenção do aço. Os elementos são oxidados
com a adição de O2, e saem na forma de gases ou de escória da aciária. O
Aço líquido pode ser obtido através de aciárias a oxigênio (onde a energia é
proveniente da oxidação dos elementos, que é uma reação exotérmica) ou
aciárias elétricas (Forno Elétrico a arco, carga sólida, que exige maior geração
de energia). Esse aço líquido é acondicionado em lingotes (convencionais ou
contínuos) de onde será conformado (laminação, trefilação, forjamento,
extrusão). Para ser lingotado o aço precisa ainda ser refinado, no estado
líquido, no forno de panela (remoção de gases e escória através da injeção de
gás inerte e consequente diminuição da pressão).
Ainda segundo Barcellos e Couto (2006), o lingotamento pode ser feito de
forma direta (quando é disposto diretamente na lingoteira), indireta (disposto
27
num duto vertical ligado à base da lingoteira) ou contínua (disposto em um
molde de cobre refrigerado a água). Para ser utilizado, após o lingotamento, o
aço pode sofrer extrusão (redução da seção transversal, com aplicação de
altas pressões, para escoar através de um orifício), trefilação (aplicar força de
tração na saída da matriz), forjamento (prensagem do metal), laminação
(deformação plástica, passagem entre rolos e rotação, alta produtividade e
precisão dimensional – importante para exportação de commodities2).
O processo de obtenção do aço consome muita água para o resfriamento
e limpeza das caldeiras e dos altos fornos, o que leva também a uma poluição
das mesmas, inviabilizando seu uso posterior. Além disso a qualidade do ar é
atingida pois o processo libera óxidos de enxofre, gás sulfídrico, óxidos de
nitrogênio, monóxidos e dióxidos de carbono, gases metano e etano, além de
material particulado e hidrocarbonetos orgânicos (CARVALHO et al., 2000).
Também é produzido o pó-de-balão (que é o pó resultante do sistema de
limpeza a seco dos gases do alto forno), que é tóxico, e para o qual ainda não
se tem uma solução adequada (OLIVEIRA e MARTINS, 2003) e a escória de
aciaria gerada durante a redução do ferro e no refino do ferro-gusa, que pode
ser adicionada ao concreto, uma vez que tem características desejáveis para
aumentar a sua resistência (GEYER, 2001).
3. Carvão vegetal
O carvão vegetal é responsável por 23,5% da energia gerada em Minas
Gerais (GUIMARÃES et al., 2007). As maiores responsáveis pelo seu uso são
as siderúrgicas, que consomem 85% da madeira plantada no estado, além de
63% do carvão produzido no Brasil (que é o maior produtor desse insumo no
mundo). Segundo Scolforo e Carvalho (2006), o Estado possui 865.633 ha de
florestas para fins energéticos. As siderúrgicas plantam ao todo 112.568 ha
enquanto os demais são plantados por carvoeiras independentes.
O principal insumo da produção de carvão vegetal é a madeira de
Eucalyptus urophila. Um estudo apresentado por Guimarães et al. em 2007, 2 Mercadorias produzidas em larga escala, uniformes, comercializadas em escala mundial, negociados nas bolsas de valores (NETO, s.d.).
28
mostrou que as empresas de médio porte da região de Sete Lagoas chegam a
plantar 7.500 ha/ano. As exportações de produtos siderúrgicos aumentam a
demanda por madeira, aumentando a demanda por terras para plantios.
As empresas responsáveis pela produção de carvão vegetal localizam-se
em Sete Lagoas e Belo Horizonte, mas segundo Guimarães et al, 2007, suas
praças de carbonização estão em diversas regiões, mais próximas aos
plantios, como o Norte e Noroeste de Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul
e Goiás.
A produção de carvão vegetal se inicia com a corte da madeira, feita de
modo manual (foice e machado), semimecanizado (motosserras) e mecanizado
(Harversters, Feller-Bunchers, entre outros). O baldeio é feito por animais ou
por máquinas (tratores, Skidders, Forwarders, entre outros). Em seguida essa
madeira é levada para as praças de carbonização (distante 2 a 4 km do
plantio), onde será seca (de 45 a 90 dias). Em seguida será levada aos fornos
de alvenaria, industriais, de superfície ou rabos quente (Figuras 1, 2 e 3,
respectivamente).
A carbonização da madeira é o processo de destilação para separação
dos gases do carbono, que será utilizado na obtenção do aço. Os principais
gases resultantes da carbonização são o acido acético, o metanol, o alcatrão
(solúvel e insolúvel) e vapor de água. O metanol e o alcatrão, principalmente
são gases poluentes que diminuem a qualidade do ar e que podem causar
danos à saúde humana, expondo os trabalhadores carvoeiros a sérios riscos
de danos, principalmente ao sistema respiratório (ZUCHI, 2000).
Os fornos modernos, das carvoarias integradas às siderúrgicas, tem um
sistema de reutilização desses gases, que diminui a sua emissão no ambiente,
uma vez que os redireciona para uma nova queima, gerando mais energia e
menos gastos.
O carvão vegetal para fins siderúrgicos é produzido por poucas empresas
médias e grandes, com grande concentração da produção. Algumas com
produção independente, outras siderúrgicas com departamentos responsáveis
pelos plantios. As usinas procuram integrar sua produção a fim de eliminar
29
custos com intermediários e garantir o suprimento de sua demanda, através de
produção própria de insumos (GUIMARÃES et al., 2007).
Figura 1: Bateria de fornos industriais
Fonte: WRM, 2002
Figura 2: Bateria de fornos de superfície
Fonte: Energia e ambiente, s.d., autor não citado.
30
Figura 3: Bateria de fornos Rabo Quente
Fonte: Lourenço, 2009 (autor: Wilson Dias)
O carvão vegetal é um produto homogêneo e padronizado, não requer
estratégias de mercado. As decisões das empresas, tomadas em grande pela
sua direção, atendem às projeções e oportunidades do mercado.
A produção se concentra nas regiões do Vale do Jequitinhonha, e no
Norte de Minas, as empresas se concentram no noroeste do estado e na região
Metropolitana. Os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) dessas regiões
podem nos mostrar uma grave conseqüência desse círculo de produção e
consumo. Enquanto no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha, 49,44% e
66,67%, respectivamente, dos municípios tinham IDH médio baixo (0,500 a
0,649), os municípios das regiões Central e noroeste tinham 97,47% e 100%
dos municípios com IDH maior que 0,650 - médio alto e alto (SCAVAZZA,
2003).
Numa viagem de Monte Claros a Belo Horizonte, vê-se claramente como
se comporta esse círculo. De Montes Claros até a região de Sete Lagoas,
31
encontramos centenas de caminhões carregando o carvão vegetal produzido
no Norte e no Vale do Jequitinhonha, o controle sobre a origem do carvão é
ineficiente, e os moradores relatam que grande parte é produzida em fornos
temporários erguidos no meio do Cerrado, que vão aos poucos consumindo
essa formação florestal. A esses se junta o carvão produzido nas proximidades
dos plantios de eucalipto. No meio do caminho, na região de Sete Lagoas,
encontram-se as siderúrgicas, que recebem o minério de ferro transportado por
caminhões ou trens, oriundo da região do Quadrilátero Ferrífero de Minas
Gerais. Para completar o ciclo saem de Betim (Região Metropolitana de Belo
Horizonte) os caminhões-cegonha, que levarão os carros feitos com o aço,
para os centros consumidores. O encontro na estrada de um caminhão
carregado de carvão com outro carregado de carros, é a imagem ideal para
explicar a origem das desigualdades regionais existentes em Minas Gerais. A
dependência econômica do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha tem
origem no seu papel de produtor de matérias-primas e consumidor de
tecnologias geradas nos grandes centros.
4. A utilização do aço
O aço produzido nas siderúrgicas de Minas Gerais vai ser consumido nas
fábricas de automóveis do país, destacando-se as localizadas na grande BH.
Grande parte é também utilizada pelas empresas construtoras nas grandes
cidades, ou ainda na fabricação de meios de produção que irão abastecer a
indústria e a agricultura tecnificada. Uma pequena parte é utilizada para a
fabricação de utilidades domésticas (IBS, 2009).
Esses produtos serão levados para os grandes centros consumidores de
tecnologias do país e grande parte servirá, como meio de produção, para
geração de mais lucro para aqueles que os possuírem.
Um fato curioso é que as comunidades atingidas tanto pela mineração
quanto pelos plantios de eucalipto raramente se beneficiam dos produtos finais,
pois não tem carros, moram em casas construídas com materiais obtidos na
própria região , não utilizam insumos como tratores e máquinas agrícolas e
nem mesmo tem utensílios de aço em suas casas.
32
CAPÍTULO 3 A Silvicultura em Minas Gerais: Carvão Vegetal
1. Localização dos plantios
As bacias mais afetadas pelo plantios de eucaliptos foram as do Rio
Doce, São Francisco, Pardo e Jequitinhonha. Segundo Scolforo e Carvalho,
2006, em 2005, a região que mais plantava eucaliptos era a do São Francisco,
no Norte de Minas, com 517.439 ha, enquanto no Rio Doce, plantaram-se
242.557 ha. O Vale do Jequitinhonha foi ocupado por 161.665 ha, e o do Rio
Pardo com 46.264 ha. Essas quatro bacias abrigaram ao todo 95% dos plantios
do estado.
Ao todo o estado plantou 865.633 ha de madeira para energia. Os
municípios de Santana do Paraíso, 34,97% do território, Antônio Dias (33,08%),
Ipaba (29,12%) e Naque (20,10%) na Região do Vale do Rio Doce
(SCOLFORO e CARVALHO, 2006), estão entre os que mais destinaram terras
para plantios de eucalipto do estado (os demais estão localizados na região
centro-oeste, onde se localizam os plantios da Cenibra, destinados à produção
de celulose para exportação).
Segundo nos relatam Calixto et al. (2006), a implantação dos eucaliptais
em Minas Gerais, gerou uma concentração de terras que pode ser identificada
através da análise da evolução do índice de Gini3 do estado. No estudo de
3 O índice de Gini é utilizado para medir o grau de concentração de um atributo (renda, terra, etc.) numa distribuição de freqüência. No índice de Gini, que se insere no intervalo de 0 a 1,
33
caso da Microrregião Homogênea de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha,
Calixto (2006) cita que em 1970, o índice de Gini era de 0,3, os
estabelecimentos de até 100 ha eram 64,95% do total de estabelecimentos e
ocupavam 97,72% da área rural, enquanto os 0,06% estabelecimentos maiores
que 1000 ha ocupavam 5,35% da área. Em 1995, com os plantios de
eucaliptos, os 96,31% dos estabelecimentos, pequenos, tinham 31,94% da
área, enquanto os grandes estabelecimentos (0,21%) estavam em 48,18% da
área, elevando o coeficiente de Gini a 0,764 (concentração muito forte). No
Mapa 1, podemos constatar que as maiores concentrações de terras em Minas
Gerais coincidem com as áreas onde são plantados eucaliptos, mostrando que
essas plantações causam desigualdade e injustiça onde se localizam.
Isso ocorre pois a atividade é, por sua natureza, concentradora de terras,
com quase metade dos estabelecimentos ocupando quase 5% da área total
ocupada, enquanto metade das terras é ocupada por menos de 1% dos
estabelecimentos como nos mostra o quadro a seguir:
Quadro 1: Concentração de terras em números absolutos e porcentagens nos estabelecimentos com florestas plantadas
Grupos de área total (ha) nº de
estabelecimentos % Área (ha) %
menor que 20 93929 49,71 213357 4,74 igual ou maior que 20 e menor que 200 82433 43,63 702156 15,61
igual ou maior que 200 ha e menor que 2500 11310 5,99 1317152 29,29maior que 2500 933 0,67 2264629 50,36
Total 188 951 100 4497324 100 Adaptado de IBGE, Censo Agropecuário 2006.
quanto maior for a concentração, mais próximo o índice estará de 1 (um), valor este que representaria a concentração absoluta (INCRA, 2001).
34
Figura 4: Índice de Gini da área total dos estabelecimentos agropecuários por
município, foco em Minas Gerais – 2006
Adaptado de IBGE, Censo Agropecuário 2006.
2. Conflitos pela terra: interesses locais X interesses transnacionais
Segundo Acselrad (2004), conflitos ambientais ocorrem quando um grupo
social desenvolve atividade que causam impactos que ameaçam a atividade de
outro grupo, com modo diferenciado de apropriação, uso e significação do
território.
Conflitos ambientais territoriais são, segundo Laschefski (2007) marcados
por diferentes reivindicações de segmentos sociais com diferentes modos de
produção do território, logo diferentes formas de apropriação da natureza.
Surgem quando os atores do meio técnico-cientifico-informacional, que se
relacionam de forma competitiva, chocam-se com os atores do meio natural,
que frequentemente se relacionam de forma recíproca e coletiva, e necessitam
do território para sua sobrevivência, produção e reprodução.
Como citado anteriormente, uma forma de se apropriar desses territórios
comunitários é diminuir a sua produtividade a tal ponto que a vida dos
produtores não possa mais se reproduzir ali, fazendo com que vendam suas
terras às empresas. É simples, como nos relatam Laschefski e Zhouri (2009):
35
as vizinhanças das plantações são marcadas por ciclos hidrológicos
irregulares, causados pelos impactos aos recursos hídricos superficiais e do
subsolo causados pelas monoculturas. Além disso, o uso de herbicidas e
agrotóxicos chega a afetar a biodiversidade das terras vizinhas, e causa
prejuízos a saúde dos trabalhadores ali instalados. Esses agricultores são
pressionados a vender suas terras de uma forma muito mais sutil do que a
coerção física ou psicológica. São obrigados a deixar suas terras, pois não
podem mais dar uma vida digna a sua família com os produtos do seu trabalho.
O desenvolvimento territorial promovido pelas empresas baseia-se na
substituição da população local, por uma população que não tem vínculos com
o território, em sua maioria vinda da cidade; ao contrário do que prometem os
investidores, não se promove a inserção social da comunidade atingida,
perdem os trabalhadores mais antigos, arraigados nos seus costumes, que não
mais se reproduzirão, e que não se adaptarão às situações diversas a que
estarão expostos (CALIXTO, 2006).
Nas áreas ocupadas pelas monoculturas de Eucalipto, ocorrem conflitos
freqüentes pela coleta de lenha, que na visão das empresas se configura uma
situação de roubo, pois consideram sua madeira propriedade particular, ainda
que esteja sendo produzida em terra devoluta; o crime muitas vezes é punido
com violência velada. Os modos de produção das vizinhanças também são
ameaçados quando um determinado vizinho vende suas terras, que tinham uso
comum, a empresa, que transforma sua paisagem, impedindo a coleta de
frutos, o pastejamento em rotação, e desregulando a vazão hídrica.
Considerando a lógica dominante, que visa à homogeneização do
ambiente, as terras ocupadas pelos eucaliptos não são aptas à produção
agrícola, mas visto por uma lógica não-hegemônica, o ambiente pode ser
utilizado, desde que respeitada a diversidade (biológica e cultural) ali existente,
e vivido por muitas pessoas, que são excluídas do processo de tomada de
decisão das empresas e do Estado.
Como a regularização fundiária no país é um grande problema desde
1850, com a criação da Lei de Terras, ainda há muitos conflitos gerados em
torno dessa questão. A expropriação territorial nesses casos se dá de formas
36
vis como a expulsão de posseiros e meeiros e a grilagem de terras, e outras
formas de espoliação (LASCHEFSKI e ZHOURI, 2009).
Segundo Laschefski (2007) o uso coletivo das terras é determinado em
sistemas de rotação, para a garantia de regeneração dos recursos, de acordo
com a variabilidade temporal e espacial das condições naturais. Coexistem
nesses sistemas áreas de uso comum (incluindo as áreas extrativistas, os
pastos, e os solos cultivados) e de uso individual (os produtos do trabalho nas
lavouras). A família é uma unidade de produção que tem um ancestral comum,
mas muitos núcleos menores, e se negocia entre as famílias não a terra, mas o
direito de usá-la. A máxima hegemônica da propriedade da terra não se aplica
a esses casos, embora haja o cumprimento de trâmites burocráticos para
regularização do registro individual nas instituições públicas (incoerente com o
regime de utilização das terras coletivas). Insumos técnicos diminuem a
dependência dos ciclos de regeneração da natureza, mas os efeitos da
monocultura sobre o ambiente e o espaço social são insustentáveis a certo
prazo.
A gestão comunitária dos recursos atende às especificidades de cada um,
regulando flexivelmente o seu acesso, respeitando o período necessário à sua
regeneração, e a quantidade a ser consumida. Essa prática garante o futuro
das gerações vindouras.
A inserção desses produtores no mercado, a perda do conhecimento
historicamente construído e o acesso restrito aos recursos devido à expansão
dos grandes projetos podem afetar a forma de uso dessas comunidades, que
passa a ameaçar a regeneração do ambiente, devido a formas não
conservacionistas de uso da terra, como o superpastoreio e a aplicação
indiscriminada de fogo (LASCHEFSKI e ZHOURI, 2009).
Esses problemas servem, oficialmente, como indicadores da
incapacidade dos agricultores de se perpetuarem na terra, que deve ser
remediada através de programas de educação ambiental e extensão rural. As
empresas o fazem e transformam suas ações em marketing.
Os camponeses expulsos de suas terras, ou “encurralados” pelas grandes
empresas acabam recebendo assistência técnica para a “modernização
37
agrícola” de suas terras e não para aplicarem seus conhecimentos tradicionais
ao novo território, demarcado pela empresa ou pelo Estado.
O que é essencial para essas comunidades, um direito pelo qual elas
lutam, é realizar seu próprio modo de produção, incorporando novos
conhecimentos e técnicas, que melhorem sua convivência com o território e
garanta a reprodução das novas gerações. Essas propostas são também,
segundo Laschefski (2007), “um argumento político para a reapropriação social
das terras devolutas”, cujas concessões de uso por 30 anos, para implantação
de eucaliptais, estão terminando agora.
Mesmo ocupando 24,3% da área produtiva do Brasil, a agricultura em
pequena escala é a grande responsável pela produção da maioria dos itens da
cesta básica, como 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 34% do
arroz e 58% do leite. Além disso, 74,4% dos trabalhadores rurais estão
empregados nesses empreendimentos, que geraram 38% do valor total da
produção dos estabelecimentos (IBGE, 2006). Um número significativo para a
área que ocupa, o que nos faz crer que os pequenos estabelecimentos possam
ser muito mais produtivos do que os grandes.
A ocupação do território mineiro pelas monoculturas de eucalipto inicia-se
na década de 70, com a concessão de terras públicas devolutas às empresas
plantadoras, que desmatavam as áreas recebidas, faziam carvão com as
árvores derrubadas e plantavam eucaliptos em seu lugar. No inicio dos anos
90, com a pressão da sociedade contra o desmatamento, essas empresas
continuaram ocupando terras devolutas, mas aquelas que já estavam
desmatadas. Atualmente as novas áreas de plantio de eucaliptos são
particulares, que obtem autorização do Instituto Estadual de Florestas
(responsável pela fiscalização ambiental no estado de Minas Gerais) para
plantar eucaliptos em regime de fomentação para as siderúrgicas.
As áreas de baixa densidade demográfica foram as prioritárias para
concessão de terras devolutas para plantios, com a justificativa de que esses
gerariam empregos e ocupariam o vazio econômico dessas regiões. O Norte e
o Vale do Jequitinhonha, com problemas sociais graves, além de grandes
extensões de terras públicas e sem vocação para grandes projetos de
38
agricultura industrial ou mineração, tiveram sua realidade modificada com a
implantação dos projetos. Segundo Bethonico (2009), só o município de Rio
Pardo no Norte de Minas, teve 255 mil ha plantados entre 1970 e 1990.
A justificativa do governo e das empresas baseava-se em aspectos como
a geração de empregos, a melhoria das condições de vida das comunidades, o
desenvolvimento econômico, o fornecimento de matéria-prima para as
siderúrgicas, reduzindo a utilização da mata nativa para conversão em carvão
vegetal.
Segundo estudo feito por Bethonico (2009), no município de Montezuma
na Bacia do Rio Pardo, no Norte de Minas a atividade de carvoejamento
complementa a renda de 35 % das famílias. Já nas famílias vizinhas aos
reflorestamentos, 65% dos agricultores trabalham nas carvoarias ou produzem
carvão de vegetação nativa. Os principais impactos relatados são a diminuição
da água, o aumento do emprego, a entrada do dinheiro e a diminuição da
vegetação nativa (dificultando o acesso á lenha para uso doméstico). Embora
haja emprego, percebe-se que este não cumpriu as expectativas geradas na
população com a propaganda do governo e das empresas. Muitos
trabalhadores vieram de outros lugares, logo os empregos gerados não foram
para os moradores do local. Além disso a atividade de carvoejamento compete
com a produção de alimentos.
O desenvolvimento econômico é, em suma, o desenvolvimento de uma
minoria em detrimento da maioria, privada dos poucos benefícios que obtinha
com a terra e dependente de uma renda insuficiente para garantir-lhe uma vida
digna, alimentação saudável, que é obtida às custas do esquecimento das
tradições e da sua cultura.
As terras devolutas de Minas Gerais eram ocupadas por famílias que
utilizavam os recursos naturais, sem deles tirar proveito econômico, de forma
coletiva, por isso eram consideradas vazios demográficos, pois a população se
utilizava deles para coleta de plantas para uso próprio, que precisavam ser
ocupados. Uma vez que era difícil provar a posse das terras (pois a lógica de
utilização para a regularização das terras era individual e predatória) e as
39
empresas intimidavam os posseiros no intuito de expulsá-los das terras, logo
elas foram sendo ocupadas pela paisagem monoculturizada dos eucaliptos.
Os depoimentos recolhidos por Bethonico (2009), comprovam os
impactos da implantação das monoculturas sobre a comunidade de
Montezuma, onde 90% dos entrevistados notam uma diminuição significativa
no volume de água, que é considerada essencial à sobrevivência da paisagem.
Eles elencam como principais motivos para essa diminuição, a implantação das
monoculturas e a retirada da vegetação nativa, ambas para a realização do
carvão vegetal. Os depoimentos apontam a dificuldade dos agricultores em
continuar as suas culturas de subsistência, e das condições de trabalho nas
carvoarias. Além disso comprovam as condições de ocupação das terras pelas
empresas, dizem que as empresas “compraram e não pagaram”, e ainda que
“Pegaram as terras boas e só deixaram o fundo, onde tem pedra” para os
agricultores.
A mata em pé é essencial à reprodução do modo de vida dos agricultores,
que dependem de sua lenha, seus remédios e seus frutos, para complementar
as atividades, e também a renda, dos estabelecimentos familiares.
As mudanças no ambiente expulsaram o homem do campo que dependia
da natureza biodiversa e da forma coletiva de uso das terras para sua
reprodução, que passou a vender sua força de trabalho nas cidades ou mesmo
nos projetos agrossilvipecuários que, a despeito de todas as promessas, não
foram capazes de garantir emprego para todos os camponeses cujas terras
foram concedidas para os projetos, expulsando-os para os grandes centros
urbanos.
Hoje as concessões estão sendo renovadas, de forma anticonstitucional,
com acordos entre empresas e o governo estadual. Segundo Mello (2009), os
contratos de renovação de concessões estabelecidos entre o Instituto de
Terras do Estado de Minas Gerais (ITER) e seis empresas no Norte de Minas,
fere a legislação estadual, que proíbe a concessão de terras devolutas de mais
de 250 ha a particulares, e a Constituição Federal que exige aprovação no
Congresso Nacional para concessão de terras de mais de 2500 ha. Ao todo foi
concedida uma área de 65 mil ha (o dobro da cidade de Belo Horizonte). Além
40
disso o valor recebido com as concessões é considerado irrisório, enquanto o
preço médio da região é de R$130,00/ha/ano, as empresas chegaram a pagar
R$7,00. Com essas irregularidades o presidente do ITER, Luiz Antônio Chaves
chegou a ser exonerado do cargo.
As empresas alegam que já começaram seus plantios e que se os
contratos, que foram propostos pelo próprio governo, forem quebrados,
exigirão indenizações milionárias, exigem o direito pleno sobre o território, uma
vez que já começaram a incorporar tecnologia nele.
Essas terras devolutas tem o interesse do INCRA para implantação de
projetos de assentamento, a para reapropriação das comunidades que foram
deslocadas pelo eucalipto.
Enquanto o impasse não se resolve as comunidades se organizam para
exigir o direito sobre o território que comprovadamente ocupavam antes das
concessões. Um caso interessante a ser estudado é o da comunidade de
Vereda Funda, no município de Rio Pardo de Minas, que retomou suas terras,
após o vencimento da concessão e está implantando um projeto
agroextrativista, que respeita os ciclos da natureza, já colhendo os primeiros
resultados positivos como a volta das nascentes de água, que haviam secado
durante os plantios.
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A concessão de terras devolutas para plantios homogêneos de eucalipto
para produção de carvão vegetal para fins siderúrgicos se deu de forma injusta
por parte do governo, que não considerou as populações residentes nas terras.
Isso gerou inúmeros conflitos de uso da terra que voltam à tona hoje, 30 anos
depois já que essas concessões estão vencendo. A renovação das concessões
vai contra as leis estaduais e federais, e da forma que está se dando vai contra
os cofres públicos do estado, não devendo ser efetuada. A pressão pública,
para a reapropriação dos territórios pelas comunidades se faz necessária e
legítima. A autodemarcação das terras e reconversão em áreas
agroextrativistas, como no caso da comunidade de Vereda Funda é a resposta
que a sociedade pode dar a essas empresas que só geram ganhos para seus
investidores internacionais e deixam os prejuízos para o povo brasileiro. É
importante ressaltar que aqueles que se organizam para reivindicar seus
direitos não cometem delitos, e sim aqueles que passam por cima desses
direitos porque possuem poder econômico. Aqueles que colhem madeira em
seu território ancestral não cometem delitos, e sim aqueles que tratam aquele
território público, como propriedade particular.
Os camponeses expulsos de suas terras não podem simplesmente ser
reassentados em outros locais, pois isso significa uma desterritorialização,
implica em perda não só de terras, mas de culturas, de formas de organização,
de conhecimentos acumulados ao longo das gerações sobre o território, que
não poderão ser adaptados aos novos locais.
A degradação ambiental produzida pelos monocultivos de eucaliptos é
uma fator também de geração de pobreza, pois o ambiente passa a não
suportar o modo de vida das populações que dele sobrevivem, fica mais
42
vulnerável a situações adversas, aumentando a desigualdade entre os que tem
muito (e não necessitam diretamente do ambiente para reproduzir seu modo de
vida) e os que não tem nada (e tem o ambiente como única fonte de
sobrevivência).
Portanto, ao exportamos o aço e seus derivados estamos exportando
também parte da nossa biodiversidade, das nossas riquezas naturais, da nossa
cultura, que não podem ser contabilizadas. Isso gera a chamada dívida
ecológica, que os povos dos países centrais tem com os povos dos países
periféricos ricos em natureza. O Brasil não obtem lucros nem melhorias para a
população com essas exportações, pois as empresas são, em sua maioria,
grandes transnacionais com capital de origem nos países centrais.
Ainda assim o governo investirá 92,5 bilhões de reais no agronegócio
empresarial e 15 bilhões na agricultura familiar (SPA/MAPA, 2009), mostrando
realmente a dependência que essas empresas tem de investimentos públicos
(ainda que preguem a não-intervenção do estado na economia) para uma
produção voltada para exportação, que como já vimos acaba gerando mais
pobreza e desigualdade aqui no Brasil, enquanto gera lucro e riqueza nos
países centrais. Enquanto isso, os agricultores familiares que realmente
trabalham para alimentar o país, recebem migalhas de orçamento para
continuar fazendo, a muito custo, o seu trabalho.
Dentro das universidades e centros de pesquisa é importante o incentivo
ao ensino, pesquisa e extensão, que valorizem o conhecimento popular,
construído por gerações a fio sobre os territórios, para que paremos de
reproduzir modelos inviáveis e injustos de produção (como as monoculturas de
eucalipto), e passemos a valorizar o que o nosso povo tem de mais rico, que é
a nossa cultura.
43
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ABRAF, Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas. Anuário Estatístico da ABRAF, ano base 2008. ABRAF, Brasília, 2009. Disponível em: <http://www.abraflor.org.br/estatisticas/ABRAF09-BR.pdf> Acesso em: 12/06/2009. ARCELLORMITAL. Relatório Anual Arcellormital Brasil, 2008. Disponível em: http://www.arcelor.com.br/relacoes_investidores/relatorios_stakeholders/ anual_social_ambiental/pdf/raarcelor_2008.pdf> Acesso em: 11/11/2009. BARCELLOS, D.C.; COUTO, L. Siderurgia a carvão vegetal: passado, presente e futuro. Informativo Técnico da Renabio (Rede Nacional de Biomassa para energia). Viçosa, MG. 2006. BETHONICO, M.B.M. Implicações da produção de carvão vegetal no município de Montezuma,MG: percepção da população local. Geografia: Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 13 n. 1, p. 10-21, 2009. Disponível em: <http://www.unisc.br/cursos/pos_graduacao/mestrado/desreg/seminarios/anais_sidr2004/sustentabilidade/15.pdf> Acesso em: 15/10/2009. BRASIL, Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L4504.htm> Acesso em: 05/11/2009. BRASIL, Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional: Ano Base 2008: Resultados Preliminares. Rio de Janeiro: EPE, 2009. Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/default.aspx> Acesso em: 09/10/2009. CALIXTO, J. S.; RIBEIRO, A.E.M.; SILVESTRE, L.H.A. De quem é o direito? – Conseqüências da Privatização das Chapadas do Alto Jequitinhonha pela Monocultura do Eucalipto e Exclusão das Comunidades Rurais. III ENCONTRO DA ANPPAS. Brasília, 2006.
44
CALIXTO, J.S. Reflorestamento, terra e trabalho: análise da ocupação fundiária e da força de trabalho no Alto Jequitinhonha, MG. 2006. 130p. Dissertação de Mestrado – UFLA. Lavras, MG. CARVALHO, F.G. de; JABLONSKI, A.; TEIXEIRA E.C. Estudo das partículas totais em suspensão e metais associados em áreas urbanas. Química Nova. vol.23 n.5. São Paulo, SP. Set./Out. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010040422000000500008&script=sci_arttext&tlng=e> Acesso em: 26/11/2009. COELHO, F. M. G. A Construção das Profissões Agrárias. 1999. 326 f. Tese (Doutorado em Sociologia Rural) – Universidade de Brasília, Brasília, DF. DEAN, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. Tradução: Cid Knipel Moreira. São Paulo: Companhia das letras, 1996. DINIZ, C.C. Estado e Capital Estrangeiro na Industrialização Mineira. Belo Horizonte: UFMG/PROED, 1981. ELIAS, D. Globalização e fragmentação do espaço agrícola do Brasil. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2006, vol. X, nº. 218 (03). Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-218-03.htm> Acesso em: 05/10/2009. ENERGIA E AMBIENTE. Slides. Carvão vegetal e siderurgia. s.d. Disponível em: <http://www.fem.unicamp.br/~seva/pdf_slid_serie7_carvveget_sider.pdf> Acesso em: 20/11/2009. FIGUEIREDO, C.R.; SIMÕES, R.C. (orient.). A Evolução Histórica da Produção e Exportação do Aço Brasileiro. Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 5(9):7-12, 2007. GILBERTSON, T. Forçando uma economia rural. In Onde as árvores são um deserto, histórias da terra. Vitória: FASE-ES, 2003. GEYER, R.M.T. Estudo sobre a potencialidade de uso das escórias de aciaria como adição ao concreto. Tese de Doutorado, UFRGS. Porto Alegre, RS. 2001. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/1508> Acesso em: 29/11/2009. GOMES, A.D.; PIZAIA, M.G. Arranjos Produtivos Locais – Uma abordagem do setor Minero-Metalúrgico no estado de Minas Gerais. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_TR560372_7311.pdf> Acesso em: 26/10/2009.
45
GUIMARÃES, M.C. et al. Competitividade da produção de carvão vegetal em Minas Gerais: um estudo de caso. XLV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Londrina, 22 a 25 de julho de 2007. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/6/274.pdf> Acesso em: 30/10/2009. HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. 3ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.mst.org.br/sites/default/files/ Brasil_censoagro2006.pdf> Acesso em: 06/10/2009. INCRA, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. O Brasil desconcentrando as terras. Índice de Gini. Maio, 2001. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/portal/arquivos/publicacoes/0127900015.pdf> Acesso em: 12/06/2009. JONES, Alberto da Silva. A política fundiária do regime militar – legitimação privilegiada e grilagem especializada do instituto de sesmarias ao estatuto da terra. São Paulo: USP, 1997. LAMARCHE, H. A agricultura familiar: comparação internacional. Coleção Repertórios, 348 pp. 2v. Campinas: Unicamp, 1998. LASCHEFSKI, K. A luta sobre o significado do espaço: O campesinato e o licenciamento ambiental. Geografias, v. 3, p. 38-53, 2007. LASCHEFSKI, K.; ZHOURI, A. Conflitos ambientais, agrocombustíveis e novas desigualdades. 33º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS. MR11: Mudanças climáticas, agrocombustíveis e conflitos socioambientais, 2009. LOURENÇO, L. Operação do IBAMA fecha 19 fornos ilegais de carvão em cristalina, GO. Ecodebate. 25/09/2009. Disponível em: <http://www.ecodebate.com.br/2009/09/25/operacao-do-ibama-fecha-19-fornos-ilegais-de-carvao-em-cristalina-go/> Acesso em: 29/11/2009. MELLO, A. Perda milionária com terras devolutas em MG. Em Estado de Minas, 10 de maio de 2009. Disponível em: <http://wwo.uai.com.br/UAI/html/sessao_3/2009/05/10/em_noticia_interna,id_sessao=3&id_noticia=109806/em_noticia_interna.shtml> Acesso em: 25/11/2009. MARQUES, M. I. M. O conceito de espaço rural em questão. Terra Livre. Ano 18, nº 19. p. 95-112. jul./dez. 2002. São Paulo, SP. MOREIRA, R. J. Terra, poder e território. 1ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
46
MOREIRA, I.L.; KAWAMOTO, C.T.; TUROLLA, F.A. Analise do setor siderúrgico brasileiro com a metodologia da Matriz Insumo-Produto. Anais do II Encontro Científico da Campanha Nacional das Escolas da Comunidade (II EC-CNEC), Varginha, 9-10 de julho de 2004. Disponível em: <http://www.cetoc.com.br/download/artigos/social8.pdf> Acesso em: 20/10/2009. NETO, Raul Portugal. Commodities ambientais, um novo paradigma de pensamento ecológico. Consultant, trader and Adviser (CTA), s.d. Disponível em: <http://www.carpedien.tur.br/commoditesambientais2.pdf> Acesso em: 29/11/2009. OLIVEIRA, M.R.C.; MARTINS, J. Caracterização e classificação do resíduo sólido “pó de balão”, gerado na indústria siderúrgica não integrada a carvão vegetal: estudo de um caso na região de Sete Lagoas, MG. Química Nova. Vol. 26, nº1. 5-9. 2003. PAULA, G.M. de. Avaliação do processo de privatização da siderurgia brasileira. Revista de Economia Política. Vol. 17, nº2 (66), abril-junho, 1997. PIMENTA, A.S.; BARCELLOS, D. C.; JÚNIOR, W.O. de S. Contribuições da UFV para o avanço e o desenvolvimento da área de energia a partir de biomassa florestal no Brasil. Revista Biomassa e Energia. V.1, n.1, p.1-10, 2004. PRADO JUNIOR, C. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2008. RAMOS, G. A. S. Os Impactos da Monocultura do Eucalipto nas Comunidades Rurais do Entorno do Plantios. 2006. 46 f. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no inicio do século XXI. 6ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2004. SCAVAZZA, J. F. Diferenças Socioeconômicas das Regiões de Minas Gerais. Banco de conhecimento da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.almg.gov.br/bancoconhecimento/tematico/DifReg.pdf> Acesso em: 15/11/2009.
47
SCOLFORO, J.R. e CARVALHO, L.M.T. Mapeamento e inventário da flora nativa e dos reflorestamento em Minas Gerais. Universidade Federal de Lavras/Instituto Estadual de Florestas, 2006. SILVA, H. M. de M. A Evolução das Políticas Florestais no Brasil e suas contradições Sócio-ambientais. 2006. 43 f. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. SILVA, S. S., SZMRECSÁNYI, T. (organizadores). História Econômica da Primeira República. São Paulo: HUCITEC Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica/Editora da Universidade de São Paulo, Imprensa Oficial, 2002. SPA, Secretaria de Política Agrícola/MAPA. Plano Agrícola e Pecuário 2009/2010. Brasília, 2009. Disponível em: <http://www.bb.com.br/docs/pub/site Esp/agro/dwn/planoagricola.pdf> Acesso em: 26/11/2009. STÉDILE, J. P.; FERNANDES, B. M. Brava gente: a trajetória do MST e a luta pela terra no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1999. VICTOR, M. A. M. et al. Cem anos de devastação: revisitada 30 anos depois. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. WANDERLEY, M. N. B. Raízes Históricas do Campesinato Brasileiro. XX Encontro Anual da ANPOCS. GT 17. Processos Sociais Agrários. Caxambu, MG. Outubro, 1996. WRM, World Rainforest Movement. Relatório de Avaliação da V&M Florestal Ltda. e da Plantar S.A. Reflorestamentos ambas certificadas pelo FSC - Forest Stewardship Council. Brasil, novembro, 2002. Disponível em: <http://www.wrm.org.uy/paises/Brasil/manejo.html> Acesso em: 29/11/2009. ZUCHI, P.S. Avaliação ergonômica do trabalho na atividade de carvoejamento. 1º SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO FLORESTAL E AGRÍCOLA (ERGOFLOR). Belo Horizonte, MG. 5 a 7 de julho de 2000. Disponível em: http://www.ergonomianotrabalho.com.br/analise-ergonomica-atividade-de-carvoejamento.pdf> Acesso em: 25/10/2009.
48
Recommended