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CONSELHOS DE EDUCAÇÃO COMO

ÓRGÃOS DE ESTADO

Gilvânia Nascimento

Docente da UESC

Presidenta – UNCME

Relações com a política e com a gestão

institucional da educação.

Processos sucessórios para presidência e

recomposição dos conselheiros.

Âmbitos de atuação, competências e

atribuições.

CONSIDERAÇÕES SOBRE SISTEMA

“A criação dos sistemas de ensino se enraíza

profundamente no processo político da construção

da democracia e consolidação do regime

federativo e pela gradativa afirmação da

autonomia, vale dizer, da cidadania das unidades

federadas”. (Bordignon,, 2009)

TENSIONAMENTO ENTRE PODER LOCAL E PODER CENTRAL

UNIDADE E DIVERSIDADE

MAS O QUE É MESMO SISTEMA?

CONJUNTO INTER-RELAÇÃO

INTERDEPENDÊNCIA

AUTONOMIA

O sistema origina-se da inter-relação de

elementos que se articulam e interagem

com o objetivo de realizar finalidades

comuns, guardando coerência interna

com o conjunto que representa.

ELEMENTOS FUNDANTES DO SISTEMA: a) Totalidade – partes que se articulam e formam um

todo;

b) Sinergia – um sentido comum, que dá significado a este todo;

c) Intencionalidade – um fim que justifica a razão de ser da sua existência;

d) Autonomia – princípio que confere identidade ao todo;

e) Organização – a estrutura necessária à consecução das finalidades e da razão de ser do Sistema.

f) A normatização, que estabelece os limites que possibilitam o funcionamento coerente e articulado deste todo.

A Constituição de 1988, quando outorga ao

município a condição e possibilidade de

organizar sistemas próprios de ensino, traz um

novo componente a esta realidade, que precisa

dialogar então com novas possibilidades

organizativas da educação brasileira, nas formas

de pensar e fazer a educação nos municípios.

O sistema pode ser compreendido finalmente

como uma grande engrenagem!

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios organizarão, em regime de

colaboração, os respectivos sistemas de ensino.

§ 1º Caberá à União a coordenação da política

nacional de educação, articulando os diferentes

níveis e sistemas e exercendo função normativa,

redistributiva e supletiva em relação às demais

instâncias educacionais.

§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de

organização nos termos desta Lei.

Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:

I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e

instituições oficiais dos seus sistemas de ensino,

integrando-os às políticas e planos educacionais da

União e dos Estados;

III - baixar normas complementares para o seu sistema

de ensino; IV - autorizar, credenciar e supervisionar os

estabelecimentos do seu sistema de ensino;

Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema estadual de ensino ou

compor com ele um sistema único de educação

básica.

O seu município é

sistema?

O que significa isto para o

município?

E o papel do Conselho no âmbito do Sistema?

O Sistema Municipal de Educação

define a organização formal, legal do

conjunto das ações educacionais do

município.

Um órgão faz parte de uma estrutura maior

constituída de princípios e normas que

fundamentam uma instituição ou um sistema, ou

mesmo um modo de ser destas instituições ou

sistemas.

A expressão “órgão” deriva do grego

“Organon” (instrumento musical) e expressa tudo

o que possa servir de meio à realização de um

determinado fim ou ao desempenho de uma

certa função.

SOBRE SER ÓRGÃO DO SISTEMA

Os movimentos pela democratização da gestão

pública requerem, hoje, dos conselhos, nova

posição: a de responder às aspirações da sociedade e em nome dela exercer suas funções. O exercício

da voz se inverte: passam a falar ao Governo, em

nome da sociedade.

Nascidos sob a égide da Constituição de 1988, os Conselhos Municipais de Educação assumem uma

nova natureza: a de órgãos de Estado. Situam-se na

mediação entre sociedade e Governo. Passam a

constituir o espaço de exercício de poder pelo cidadão.

A efetivação da gestão democrática da

educação encontra nos conselhos, órgãos

de representatividade social e deliberação

plural, espaço privilegiado para

estabelecer o contraponto da deliberação

singular do Executivo.

Art. 18. Os sistemas municipais de ensino

compreendem:

I - as instituições do ensino fundamental,

médio e de Educação Infantil mantidas

pelo Poder Público municipal;

II - as instituições de Educação Infantil

criadas e mantidas pela iniciativa privada;

III – os órgãos municipais de educação.

E O CONSELHO MUNICIPAL DE

EDUCAÇÃO?

Um Conselho de Educação é, antes de

tudo, um órgão público voltado para

garantir, na sua especificidade, um direito

constitucional da cidadania.

NESTE CASO, A EDUCAÇÃO!

FUNÇÕES DOS

CONSELHOS DE

EDUCAÇÃO

CONSULTIVA

DELIBERATIVA

PROPOSITIVA

MOBILIZADORA

FISCALIZADORA

NORMATIVA

É próprio dos Conselhos Municipais de Educação

interpretar campos específicos da legislação

educacional e aplicar normas complementares a

situações específicas, como meio de garantir o

direito à educação, previsto na Constituição

Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Pareceres

Resoluções

Diretrizes

Órgãos normativos dos respectivos

sistemas de ensino

MAS ATENÇÃO!

A função normativa é aquela pela qual

um conselheiro interpreta a legislação

com os devidos cuidados.

UM CONSELHEIRO NÃO É UM LEGISLADOR!

NO CASO DO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO

É PRECISO ATENÇÃO QUANTO AO CME

Órgão público voltado para garantir um

direito à educação.

O Conselho funciona como órgão

colegiado, formado por membros que

se reunem horizontalmente, para

deliberações coletivas.

Pareceres e resoluções não podem deixar

de ser compatíveis com e decorrentes da

legislação e com a que lhe dá o

fundamento maior de validade: a

Constituição.

UM EXEMPLO IMPORTANTE! Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e

cultura afro-brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).

§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o

estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à

história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de

2008).

PARA REFLETIR...

O conselheiro, como gestor normativo do sistema

necessita de clareza tanto em relação aos

aspectos legais quanto em relação à realidade

dos fatores educacionais e sociais de sua

realidade. Isso exige conhecimento da realidade,

escuta à sociedade, estudo de situações

específicas e a busca de interpretações já

existentes sobre determinado assunto para ir

formando sua posição que será confrontada pela

pluralidade dos outros membros.

UM CONSELHO PRECISA AGIR SEMPRE DENTRO DA LEI!

CONSTRUIR AS NORMAS COMPLEMENTARES EM

OBSERVÂNCIA ÀS NORMAS NACIONAIS.

E AINDA!

No âmbito dos sistemas municipais de ensino, o CME deve estar atento à sua função normativa no que concerne aos atos autorizativos e de supervisão dos estabelecimentos de ensino.

E MAIS!!!

O CME deve expedir diretrizes para propostas pedagógicas adequadas à faixa etária da Educação Infantil e Ensino Fundamental (das escolas pertencentes à sua rede de ensino).

O CME pode promover fóruns e encontros com a finalidade de contribuir para a garantia do direito à educação.

Mesmo não sendo sua atribuição direta, os conselheiros do CME devem ter conhecimento sobre a aplicação de recursos na área de educação.

Cabe ao CME estudar e auxiliar as escolas da

educação básica a definirem sua organização:

séries anuais, períodos semestrais, ciclos,

alternância regular de períodos de estudos etc.

Cabe ainda a interpretação de Pareceres,

Resoluções e Diretrizes na orientação às escolas

quanto a processos como a reclassificação, por

exemplo, além de situações diversas e adversas.

MAS NÃO É SÓ ISSO...

TÍTULO II (LDB)

Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

****** ***** ******

Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

PASSANDO A LIMPO!!!

Quem manda no Conselho. O Conselho

manda em quem?

O conselheiro representa um coletivo

institucional ou uma pessoa em

particular?

Devo agir conforme o interesse da

coletividade ou do coletivo que

represento?

Mudando a administração/o Governo,

muda o Conselho?

A quem pertence o mandato?

O Governo é temporário. O órgão de Estado

tem o caráter de perenidade!

Os conselhos são órgão de Estado quando

falam ao Governo em nome da sociedade para

apontar as suas intencionalidades; quando

formulam políticas educacionais para além da

transitoriedade dos governos e de suas

vontades e preferências singulares.

A natureza dos conselhos remete à análise de

sua posição na estrutura do respectivo

Executivo e dos papéis atribuídos e

desempenhados.

A relação entre os conselhos e os órgãos de

gestão da estrutura dos sistemas de ensino tem

registrado tensões, conflitos e rupturas na sua

trajetória.

O conselho de educação, no contexto da

redemocratização do país, tem papel

fundamental para garantir a continuidade das

políticas educacionais do projeto nacional de

educação, frente à transitoriedade dos

governos, responsáveis pela implementação

dessas políticas.

A necessária harmonia de relações requer a

exata compreensão da posição, papéis e

competências de ambas as partes.

Poderíamos dizer que os conselhos exercem a

função de ponte.

Os conselheiros de educação não podem ser

escolhidos pelo poder Executivo...

A composição dos conselhos precisa ser

constituída por representantes da pluralidade

social, aliando o saber acadêmico e o saber

popular.

Quanto maior a diversidade de saberes e de

representação da pluralidade das vozes sociais,

mais rica será a ação dos conselhos.

A representatividade social tem como

fundamento a busca da visão de totalidade a

partir dos olhares dos conselheiros desde os

diferentes pontos de vista da sociedade.

O foco do olhar dos conselheiros será sempre a

qualidade da educação, o estudante, o

interesse coletivo.

Quando predominam representantes do

Executivo, por vinculação a cargos ou livre

nomeação, o conselho tende a expressar a voz

do Governo.

Quanto mais a pluralidade das categorias de

educadores e da comunidade estiver

representada, mais os conselhos expressarão a

voz e as aspirações da sociedade.

INTERESSES

CORPORATIVOS

INTERESSES COLETIVOS

DEFESA DA PARTE QUE

REPRESENTA

OLHAR DA PARTE QUE

REPRESENTA SOBRE O

INTERESSE COLETIVO

A PARTE

O TODO

Quanto à composição, três aspectos são relevantes para a definição do número de

conselheiros: o tamanho do Sistema Municipal

de Ensino, o equilíbrio das categorias a serem

representadas no conselho e a duração dos

mandatos.

A indicação dos conselheiros deve se dar de

forma democrática, por eleição direta entre os

seus representados e não por indicação

unilateral.

Da mesma forma, a indicação do Presidente,

deve ser dar por eleição entre os pares.

AUTONOMIA CONDIÇÕES DE

FUNCIONAMENTO

O foco do olhar dos

conselheiros será sempre a

qualidade da educação, o

estudante, o interesse

coletivo.

NA ESCOLA PÚBLICA OU PRIVADA, ESTAMOS TRATANDO DA

EDUCAÇÃO DO CIDADÃO BRASILEIRO! ISTO DEPENDE

TAMBÉM DE UMA ATUAÇÃO COMPETENTE DA NOSSA PARTE!

uncmenacional@gmail.com.

gilconasci@yahoo.com.br

(73) 30861247

(73) 99996691

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