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CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA
Tecnólogo Em Controle De Processos Químicos
A CONTAMINAÇÃO QUÍMICA NO ESTADO DE SÃO PAULO: SITUAÇÕES E SOLUÇÕES
JUNDIAÍ – 2º SEMESTRE 2006Centro Universitário Padre Anchieta
TECNÓLOGO EM CONTROLE DE PROCESSOS QUÍMICOS
A CONTAMINAÇÃO QUÍMICA NO ESTADO DE SÃO PAULO: SITUAÇÕES E SOLUÇÕES
Jundiaí – 2º Semestre 2006
SUMÁRIO
Trabalho realizado à disciplina de Química Ambiental, elaborado pelos alunos do 2º semestre do curso Tecnológico em Controle de Processos Químicos do Centro Universitário Padre Anchieta, Sob orientação do Professor Flávio
A CONTAMINAÇÃO QUÍMICA NO ESTADO DE SÃO PAULO:
SITUAÇÕES E SOLUÇÕES................................................................................I
A CONTAMINAÇÃO QUÍMICA NO ESTADO DE SÃO PAULO:
SITUAÇÕES E SOLUÇÕES..............................................................................II
1. CONTAMINAÇÃO QUÍMICA...............................................................................1
1.2 ORIGEM DAS CONTAMINAÇÕES...................................................................1
2. ACIDENTES AMBIENTAIS...................................................................................2
3. A CONTAMINAÇÃO QUÍMICA NO ESTADO DE SÃO PAULO....................5
3.1 ALGUNS CASOS DE CONTAMINAÇÃO QUÍMICA NO ESTADO DE SÃO
PAULO...........................................................................................................................8
3. SOLUÇÕES.............................................................................................................12
4. BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................16
1. CONTAMINAÇÃO QUÍMICA
Uma área contaminada pode ser definida como uma área, local ou
terreno onde há comprovadamente poluição ou contaminação causada
pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos que nela tenham
sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de
forma planejada, acidental ou até mesmo natural. Nessa área, os
poluentes ou contaminantes podem concentrar-se em subsuperfície nos
diferentes compartimentos do ambiente, como por exemplo, no solo, nos
sedimentos, nas rochas, nos materiais utilizados para aterrar os terrenos,
nas águas subterrâneas ou, de uma forma geral, nas zonas não saturada e
saturada, além de poderem concentrar-se nas paredes, nos pisos e nas
estruturas de construções.
Os poluentes ou contaminantes podem ser transportados a partir
desses meios, propagando-se por diferentes vias, como o ar, o próprio
solo, as águas subterrâneas e superficiais, alterando suas características
naturais de qualidade e determinando impactos negativos e/ou riscos
sobre os bens a proteger, localizados na própria área ou em seus
arredores.
1.2 ORIGEM DAS CONTAMINAÇÕES
A origem das áreas contaminadas está relacionada ao desconhecimento, em épocas
passadas, de procedimentos seguros para o manejo de substâncias perigosas, ao desrespeito a
esses procedimentos seguros e à ocorrência de acidentes ou vazamentos durante o
desenvolvimento dos processos produtivos, de transporte ou de armazenamento de matérias
primas e produtos. No caso de acidentes de origem tecnológica, pode-se dizer que a grande
maioria dos casos é previsível, razão pela qual há que se trabalhar principalmente na
prevenção destes episódios, sem esquecer obviamente da preparação para a intervenção
quando da ocorrência dos mesmos.
Os acidentes ambientais envolvendo substâncias químicas são eventos que podem
resultar em danos ao homem, ao meio ambiente e ao patrimônio público e portanto, são objeto
de preocupação da indústria, do governo e da comunidade.
1
Incidentes envolvendo produtos químicos requerem sempre cuidados e medidas
específicas a serem desencadeadas para o controle das diferentes situações que podem
ocorrer, razão pela qual a intervenção de pessoas devidamente capacitadas e equipadas é
fundamental para o sucesso destas operações.
Independentemente da causa que originou o acidente, cada ocorrência apresenta seus
problemas específicos. A equipe de emergência deve avaliar a situação e determinar uma
linha de trabalho que conduza à melhor solução. Qualquer acidente representa uma situação
com certo potencial de risco. Produtos químicos, com seus diversos riscos, podem afetar
gravemente o público e o meio ambiente.
2. ACIDENTES AMBIENTAIS
Um acidente ambiental envolve a liberação ou a possibilidade de liberação de uma
substância perigosa que represente um perigo/risco iminente à saúde, bem estar público ou ao
meio ambiente. O acidente poderá ser uma emergência demandando ações imediatas ou ainda
uma operação de rescaldo de longa duração.
Há uma série de acidentes que podem gerar danos ambientais, como:
• Derramamento ou vazamento de produtos nocivos;
Emergência Química. (Fonte: P2R2-MMA)
2
• Incêndios;
Combate a incêndio. (Fonte: P2R2-MMA)
• Contaminação do subsolo e lençol freático por indústrias, depósitos, postos de combustíveis,
etc;
Fontes de contaminação do subsolo e aqüífero freático(Fonte: Ricardo Hirida, Decifrando a Terra, 2000 - USP)
3
• Descarrilamentos;
Descarrilamento de trem no município de São Manuel
• Vazamento de óleo;
Vazamento do navio Nordic Marita, Ubatuba, 2003
• Descarte de produtos químicos, etc.
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A gravidade do acidente para o meio ambiente é determinada por uma série de fatores
como a vulnerabilidade e sensibilidade do local da ocorrência; as características do produto;
as quantidades envolvidas; as características climáticas no momento da ocorrência e a
eficiência e rapidez do combate.
Entre as várias conseqüências de um acidente ou emergência ambiental podemos citar
a poluição do ar; a contaminação do solo e dos recursos hídricos; os danos à fauna e flora; a
destruição de ecossistemas; os danos à saúde humana; os prejuízos econômicos, entre outros.
3. A CONTAMINAÇÃO QUÍMICA NO ESTADO DE SÃO PAULO
Vários focos de contaminação química do solo paulista foram descobertos levando à
atual crise de descobertas de novos lixões químicos e a preocupante constatação da
proximidade de comunidades humanas destes depósitos repletos de material tóxico, na sua
grande maioria clandestinos. Esta crise configura uma nova etapa na consciência ambiental
resultante no Brasil sobre áreas de impacto da poluição tóxica – um inimigo invisível ainda
enigmático para a maioria da população e que provoca dificuldades de compreensão sob suas
implicações até mesmo na imprensa e nos órgãos de saúde.
--- Com o aumento da industrialização e da população no estado de São
Paulo, observa-se um aumento crescente na geração de resíduos sólidos
industriais, especialmente nos grandes centros industriais. Esse fato tem
acarretado em mais uma fonte potencialmente poluidora do meio
ambiente, o que inclui a contaminação do solo, subsolo, águas
superficiais, subterrâneas e do ar. A existência de uma área contaminada pode gerar
problemas como danos à saúde humana, comprometimento da qualidade dos recursos
hídricos, restrições ao uso do solo e danos ao patrimônio público e privado, com a
desvalorização das propriedades, além de danos ao meio ambiente.
Em maio de 2002, a CETESB divulgou pela primeira vez a lista de áreas
contaminadas, registrando a existência de 255 áreas contaminadas no Estado de São Paulo. O
registro das áreas contaminadas vem sendo constantemente atualizado e após 5 atualizações,
(outubro de 2003, novembro de 2004, maio de 2005, novembro de 2005, maio de 2006) o
número de áreas contaminadas totalizou, em maio de 2006, 1.664 áreas contaminadas.
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Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo - maio de 2006
ResíduosPostos decombustívelAcidentes
desconhecidosTotalRegião/AtividadeSão
PauloComercialIndustrial
27 45 20 406 2 500
RMSP - outros 14 73 11 253 4 355Interior 48 89 23 409 12 581Litoral 10 32 11 70 1 124
Vale do Paraíba 1 20 0 83 0 104Total 100 259 65 1.221 19 1.664
Os postos de combustíveis destacam-se na lista de maio de 2006 com 1.221 registros
(73% do total). Esse fato deve-se ao licenciamento ambiental dos postos, tornado obrigatório
por resolução federal em janeiro de 2001 e que no Estado de São Paulo é de responsabilidade
da Companhia, o que lhe tem possibilitado receber, de forma mais ágil, as informações
necessárias a respeito desses estabelecimentos, constatar os eventuais vazamentos e proceder
a um diagnóstico geral, assim como identificar os casos que se enquadram como áreas
contaminadas.
A seguir, na lista aparecem as atividades industriais com 259 (16%), as atividades
comerciais com 100 (6%), as instalações para destinação de resíduos com 65 (4%) e os casos
de acidentes e fonte de contaminação de origem desconhecida com 19 (1%).
Distribuição por atividade - maio de 2006
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O levantamento das áreas contaminadas tem como base alguns programas específicos
de licenciamento – como o dos postos de gasolina – que obrigam à verificação das condições
atuais de atividades que lidam com produtos químicos perigosos. Mas também depende de
denúncias de vizinhos de locais usados como depósitos, clandestinos ou não. De acordo com a
legislação ambiental, o eventual comprador de uma área dessas torna-se responsável pelo
passivo, o que tem forçado o aumento das autodenúncias.
Os principais grupos de contaminantes encontrados nas áreas contaminadas foram:
solventes aromáticos, combustíveis líquidos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs),
metais e solventes halogenados.
Podemos citar duas cidades paulistas que cediam pólos industriais como exemplo
desta fatia de mercado tóxico:
Cubatão, que a despeito da propaganda oficial da prefeitura local que afirma ser hoje
“a cidade símbolo da ecologia e exemplo de recuperação mundial” continua a gerar cerca de
trinta e cinco mil toneladas/ano de resíduos perigosos, seguida logo atrás por Paulínia, que
anualmente produz cerca de vinte e duas mil toneladas. Se São Paulo gera cerca de trezentas e
quarenta mil toneladas anuais de lixo químico, há uma lacuna nacional muito maior, no
entanto que compreende dois milhões e trezentas mil toneladas de resíduos industriais (78%
do total de dois milhões e novecentas mil toneladas geradas anualmente no Brasil) que
permanecem tendo como destino algum matagal, margem de rio ou mangue não vigiados
pelos órgãos ambientais.
A crise da contaminação química do solo paulista tem ênfase muito mais na falta de
vontade política do poder público e de responsabilidade social das empresas poluidoras, do
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que propriamente de diagnósticos e prognósticos técnicos. A crise é muito mais moral do que
ambiental, é muito mais jurídica do que filosófica, e têm muito mais relação com a busca
desenfreada pelo lucro e pelo poder do que com a ignorância sobre os riscos representados
pelos resíduos industriais perigosos.
3.1 ALGUNS CASOS DE CONTAMINAÇÃO QUÍMICA NO ESTADO
DE SÃO PAULO
Aterro Mantovani
Entre 1974 a 1987, o Aterro Mantovani, instalado em Santo Antônio da Posse, no
interior de São Paulo recebeu resíduos de 61 indústrias, inclusive Johnson&Johnson,
Mercedes Benz, Basf, Texaco e Du Pont. Em 1987 ele foi fechado pela Cetesb, a agência
ambiental paulista, devido a uma série de irregularidades. Parte das 150 mil toneladas de
resíduos perigosos depositadas em 22 mil metros quadrados vazou para o lençol freático.
Dentre as substâncias encontradas ali, há organoclorados, solventes e metais pesados.
Segundo a Cetesb, foi identificada a presença do organoclorado 1,2 dicloroetano num
índice 5,7 vezes superior ao limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde no poço
de um sítio vizinho.
Em 1996, o proprietário do aterro, Waldemar Mantovani, foi condenado a fazer a
recuperação ambiental da área. A sentença, que prevê o pagamento de uma indenização, não
foi executada porque não se conseguiu estimar o valor da indenização e também porque os
bens do proprietário—indisponíveis desde 1996 – eram muito inferiores ao mínimo necessário
para a adoção das medidas emergenciais. Em audiência pública promovida em novembro de
2001, Mantovani, que tem evitado comentar o assunto na Imprensa, admitiu que depositou
resíduos fora das áreas autorizadas pela Cetesb. Segundo a agência ambiental, desde 1987 o
aterro Mantovani recebeu três advertências e cinco multas. Em maio de 2001, o proprietário
recebeu multa da ordem de R$ 93 mil.
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Shell Brasil S.A.
Escritório Central – Avenida das Nações Unidas, 17.891 – 3º andar – 04795- 100 – São
Paulo – SP – tel 011 55148600 – fax 011 55148700
Unidade em Paulínia – Avenida Roberto Simonsen, 1.500, Paulínia – 13140- 000 – tel:
(19)3874.7200
Unidade em São Paulo – Av. Presidente Wilson – Vila Carioca – São Paulo – SP
Presidente - Aldo Castelli
Faturamento– R$ 80,5 milhões (1998)113
PAULÍNIA
A Shell Química fabricou agrotóxicos em Paulínia, cidade do interior do Estado de
São Paulo entre 1975 e 1993. Durante este período, a empresa contaminou o lençol freático
nas proximidades do rio Atibaia, um importante manancial da região, com os organoclorados
aldrin, endrin e dieldrin. Três vazamentos destes componentes químicos foram oficialmente
registrados durante os anos de produção.
A comercialização destes produtos foi interrompida no Brasil em 1985, através da
portaria 329 de 02 de setembro de 1985 do Ministério da Agricultura, sendo ainda permitida a
comercialização de iscas para formigas e cupinicida destinada a reflorestamentos elaborados a
base de Aldrin. Entretanto a fabricação para exportação continuou até 1990. Em 1998, através
da Portaria n.º 12 do Ministério da Saúde, estes produtos foram completamente proibidos.
Hoje os “drins” também são banidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) por estarem
associados à incidência de câncer e a disfunções dos sistemas reprodutor, endócrino e
imunológico.
Iniciou-se-se uma etapa de avaliações da saúde dos vizinhos da fábrica. A Prefeitura
de Paulínia pediu ao laboratório da Universidade Estadual Paulista (Unesp) para que
realizasse exames de sangue. Divulgados em agosto de 2001, os exames indicaram que 156
pessoas – 86% dos moradores do bairro – apresentavam pelo menos um tipo de resíduo tóxico
no organismo. Desses, 88 apresentam intoxicação crônica, 59 apresentavam tumores
hepáticos e da tireóide e 72 estavam contaminados por drins. Das 50 crianças com até 15 anos
avaliadas, 27 manifestavam um quadro de contaminação crônica. A empresa contestou tais
resultados, que considerou inconsistentes e incompletos.
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Em dezembro de 2001, a Justiça de Paulínia determinou que a Shell removesse os
moradores de 66 chácaras do Recantos dos Pássaros. Ela também deveria garantir os
tratamentos médicos necessários. A empresa, juntamente com a Cetesb, também é alvo de
uma ação civil pública movida pela Prefeitura de Paulínia, Ministério Público e pela
associação dos moradores do bairro. Na sequência, a Shell começou a comprar propriedades
dos moradores dispostos a vendê-las. A empresa já adquiriu 32 das 66 chácaras. Já deixaram o
bairro 166 moradores e caseiros. Segundo a empresa, a compra das chácaras é uma decisão
gerencial, porque não haveria estudo ambiental determinando a necessidade de remoção das
famílias.
Acumuladores Ajax Ltda.
Endereço Rodovia Jaú-Ipauçú – Km 112 – Bauru - SP
Proprietário - Nasser Farache
Faturamento – não divulgado
A Indústria de Acumuladores de Ajax, uma das maiores fábricas de baterias
automotivas do Brasil, com exportações para 15 países, contaminou com chumbo o solo e o ar
de sua unidade de reciclagem de baterias usadas, que funciona há 30 anos em Bauru (SP). Esse
tipo de contaminação pode causar saturnismo, mal associado à ocorrência de anorexia,
convulsões, danos cerebrais e renais, além de baixa estatura em crianças.
Pelo menos 88 crianças que moram num raio de um quilômetro da unidade foram
contaminadas. Muitas delas apresentam concentrações de chumbo no sangue superiores aos 10
microgramas por decilitro estabelecidos como limite máximo tolerável pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). No mínimo quatro delas apresentavam mais de 27 µg/dl. A família
de Daivid de Castro Pereira, de nove anos mas idade mental de três, decidiu processar a Ajax e
pede uma indenização de R$ 1 milhão por danos morais e pessoais. Ela morava havia 17 anos
a 2,7 quilômetros da unidade mas se mudaram há 1,5 ano. Há estimativas de que cerca de 20
mil pessoas estejam na área de risco.
As autoridades municipais da saúde, que também trabalham no caso, constataram que
o chumbo contaminou o leite, os ovos e a hortelã produzidas nas chácaras próximas à
indústria. Os chacareiros foram orientados a não consumir esses produtos, matar as aves e
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remover os bovinos para outras propriedades, colocando-os em quarentena até que seja
realizada uma análise do solo.
A empresa está instalada no local desde 1958, mas nunca solicitou licença ambiental.
A Cetesb só começou a monitorá-la em 2000. Segundo a agência ambiental, um filtro
colocado em uma casa a 400 metros da empresa acumulou 3,7 microgramas de chumbo em 24
horas. O aceitável seria 1,5 microgramas em três meses. A Ajax já foi multada em R$ 105 mil.
Tonolli do Brasil
A Tonolli, empresa do grupo Italmagnésio, recicla baterias desde 1976. Em dezembro
de 2001, a fábrica de Jacareí, no interior de São Paulo, foi interditada pela Justiça local por
armazenar 120 mil toneladas de escória contaminada com chumbo a céu aberto, o que estaria
provocando contaminação do lençol freático, comprometendo a qualidade da água que
abastece a região. O metal foi encontrado no solo, na água e em hortaliças produzidas num
raio de 400 metros. Moradores e funcionários também apresentaram presença de chumbo no
organismo, porém abaixo do limite máximo permitido pela Organização Mundial da Saúde. A
Tonolli está instalada desde 77 no bairro Parateí do Meio, na zona rural da cidade. Ela está
localizada próxima ao rio Parateí – afluente do rio Paraíba. Ao redor da fábrica há várias
plantações e fazenda de criação de animais.
A interdição da fábrica foi solicitada pelo Ministério Público no fim de 2000. O órgão
já vinha negociando com a empresa havia anos. Numa das interpelações, em 1998, o
superintendente da Tonolli, Ruy Marqueto, disse que desconhecia qualquer estudo que
apontasse risco ao meio ambiente por causa do chumbo armazenado no pátio da fábrica.
A Cetesb interditou a Tonolli por nove meses em 1995 pelo mesmo motivo. Nove
meses depois, a empresa voltou a operar, com o compromisso de tratar os resíduos industriais
e retirar o chumbo do local em um prazo de dois anos. O prazo para a remoção do chumbo
venceu e o material continua no pátio da fábrica.
O agricultor Geraldo Fernandes, 58 anos, é vizinho da Tonolli e disse que sempre
sente ardor nos olhos, nariz e garganta, além de dor de cabeça. Fernandes declarou que tanto
ele como os vizinhos já tiveram vários animais mortos, sem motivo aparente. Fernandes
também possui cópia de um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas, pedindo
providências às autoridades em relação à poluição gerada pela Tonolli.
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A reabertura da unidade foi condicionada à retirada total da escória. Em 11 de
março de 2002, a Cetesb autorizou sua remoção para o aterro Ecosistema, em São José dos
Campos, apto a receber resíduos classe I. A Tonolli informou ao Ministério Público que
pretende gastar R$ 20 milhões com a remoção da escória e vai submeter à Cetesb um
cronograma para a retirada do lixo em breve. Durante todo o processo, a tendência da empresa
foi recusar-se a comentar o caso com a imprensa.
Em dezembro de 2001, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e
funcionários demitidos na época aventaram a possibilidade de que os 150 empregados da
empresa estariam contaminados e de que o chumbo já teria contaminado o lençol freático.
A unidade de Jundiaí não é a única fábrica da Tonolli com problemas. Em 1998, a
unidade de Caçapava, que produz ligas de alumínio, foi parcialmente interditada por
armazenar resíduos da produção de alumínio em suas instalações de forma inadequada. Ela já
havia sido advertida duas vezes e multadas outras nove por causa do mesmo problema. A
empresa teve de apresentar um cronograma para a solução do problema.
3. SOLUÇÕES
A solução para evitar esse problema está justamente no que já está previsto. A
indústria petrolífera e química deve cumprir a legislação ambiental; investimentos devem ser
feitos no setor de prevenção e segurança; governos devem ser íntegros e soberanos tratando-se
de punição e fiscalização. E, ao longo prazo, os investimentos em energias alternativas como
a eólica, solar, biomassa entre outras, devem ser postas em prática. Nesta decisão todos os
setores devem estar alinhados.
Mais do que o óleo derramado no mar, muito além da fumaça negra e carregada dos
ares das grandes cidades, fora a terra podre e intoxicada, temos que enfrentar um novo
desafio, a despoluição de nossas idéias. Muitas vezes a sujeira que destrói ecossistemas
inteiros vem acompanhada de pensamentos dissimulados, gananciosos e emperrados que,
mais tarde, se transformam em grandes desastres.
Uma das saídas é recuperação de áreas degradadas por contaminação que consiste num
um processo urbanístico de reintegração destas áreas à malha urbana que envolve a
remediação da contaminação com a aplicação de diferentes medidas de contenção e
tratamento do material contaminado para o saneamento de uma determinada área. Estes
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processos são cada vez mais importantes na medida em que o espaço urbano se torna escasso
e a qualidade de vida urbana sofre fortes impactos pela deterioração ambiental.
Existem diversas técnicas de remediação, como:
Bio-crescimento anaeróbico (Anaerobic Bioaugmentation) é uma técnica in-situ que
envolve o uso de microorganismos especialmente selecionados e adaptados para a
degradação dos contaminantes presentes nos solos e aqüíferos contaminados. O
objetivo não é trocar a biomassa existente, mas suplementá-la de maneira a melhorar a
eficiência do processo de bio-degradação dos contaminantes. Seu uso pode aumentar o
potencial degradador das populações microbianas naturalmente presentes para evitar a
predação, a competição por nutrientes e a inativação da biomassa.
Biorremediação é o processo in-situ de áreas contaminadas que emprega
microorganismos (fungos e bactérias) capazes de se “alimentar” do material poluente,
reduzindo ou até mesmo eliminando sua toxicidade. A técnica é utilizada para
remediação de áreas contaminadas com metais, solventes halogenados, pesticidas e
herbicidas, compostos nitroaromáticos e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos. Os
processos de biorremediação in-situ estimulam microorganismos nativos do solo, em
particular as bactérias, para degradar os contaminantes. As condições necessárias para
o desenvolvimento das bactérias no subsolo incluem a existência de receptores de
elétrons (oxigênio, nitrato, sulfato ou compostos orgânicos), de nutrientes (nitrogênio,
fósforo e potássio) - e de substratos.
Fitorremediação é a técnica de utilização de plantas para a remediação in-situ de
solos contaminados com a finalidade de remover ou minimizar a presença de
substâncias tóxicas no solo. A fitorremediação utiliza processos que ocorrem
naturalmente nas plantas para acelerar a degradação e a remoção de contaminantes e
acontece por vários processos:
- fito-estabilização: contaminantes orgânicos ou inorgânicos são incorporados à
lignina da estrutura vegetal ou ao húmus do solo, sendo os metais transformados em
formas insolúveis e posteriormente aprisionados na matriz do solo.
- fito-estimulação: raízes em crescimento promovem a proliferação de
microrganismos decompositores na rizosfera, que usam os metabólitos produzidos
pela planta como fonte de carbono e energia.
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- fito-volatilização: íons como mercúrio, selênio e arsênio, são absorvidos pelas
raízes, convertidos em formas não tóxicas e liberados à atmosfera.
- fito-degradação: contaminantes orgânicos são degradados ou mineralizados dentro
das células vegetais por enzimas específicas.
- rizo-filtração: técnica que utiliza plantas para absorver, concentrar e/ou precipitar
os contaminantes de um meio aquoso, particularmente metais pesados ou elementos
radioativos, através do sistema radicular das plantas.
A escolha desta estratégia de remediação depende da natureza química e
propriedades dos contaminantes além da aptidão ecológica de cada espécie; existem
plantas para todos os tipos de ambiente: solo seco, pedregoso, brejoso, clima muito
quente ou muito frio entre outros fatores. O plantio de vegetais remediadores pode
ser efetuado de forma isolada ou em pequenos agrupamentos.
A técnica pode ser custo-efetiva para grandes áreas com níveis residuais de
contaminação, mas, como todos os métodos remediadores apresenta algumas
limitações de aplicação, sendo importante ressaltar duas delas: a profundidade da
área de tratamento, que é determinada pelas partes inferiores da planta (raiz,
rizoma), além da obtenção lenta de resultados, que segue o ciclo de vida de cada
espécie. É importante ressaltar que a técnica envolve a transferência da
contaminação do solo para as plantas e que é necessário dar-se uma destinação
adequada à biomassa produzida para que esta não contamine outras áreas ou seres
vivos.
Oxidação catalítica os contaminantes são extraídos por injeção de ar para dentro do
solo ou aqüífero contaminado para que os contaminantes voláteis passem à fase gasosa
e sejam extraídos por bombeamento. Este fluxo de vapores é então aquecido a
centenas de graus na presença de um catalisador, por exemplo, a platina. O processo é
eficiente, aplicável a situações de altas concentrações de poluentes, mas bastante
dispendioso, por usar grandes quantidades de energia para o aquecimento e por utilizar
catalisadores produzidos na sua maioria com metais nobres.
Oxidação química é uma técnica de remediação in-situ de solos contaminados por
transferência de elétrons entre reagentes. Para que ocorra, é necessário que se tenha
um elemento que perde elétrons (se oxida) e outro que os ganha (se reduz). Quando se
consegue a oxidação total de compostos orgânicos (mineralização), os produtos finais
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são dióxido de carbono, água e íons inorgânicos. Doadores típicos de elétrons
utilizados neste processo são o Peróxido de hidrogênio (H2O2) e o Permanganato de
Potássio (KMnO4). A utilização da técnica in-situ envolve a injeção de uma solução
oxidante que irá oxidar os compostos orgânicos a seus componentes presentes no solo.
Embora seja reconhecido que a solução dos problemas causados pelas áreas
contaminadas é um desafio para toda a sociedade, as ações da CETESB mostraram-se
efetivas, proporcionando a implementação de medidas de remediação em 622 áreas e a
conclusão da remediação em 32 delas. Além disso, foram registradas 151 áreas contaminadas
com proposta de remediação e 859 áreas contaminadas sem proposta deremediação.
Nas áreas que se encontram em remediação ou foi finalizada, verifica-se que o
bombeamento e tratamento e a recuperação de fase livre foram as técnicas mais empregadas
no tratamento das águas subterrâneas, enquanto a extração de vapores e a remoção de
solo/resíduo destacam-se como as técnicas mais utilizadas para os solos. As demais técnicas
empregadas podem ser visualizadas no gráfico apresentado a seguir.
Constatação de técnicas de remediação implantadas - maio de 2006
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Para combatermos e evitarmos essas tragédias temos que ter a exata noção de suas
causas e efeitos. Precisamos estar centrados, e usarmos o bom senso, aplicarmos as leis e
termos a certeza que tudo isso afetará nossas vidas. Porque tão negro e sujo quanto o óleo
derramado, tão nocivo e vergonhoso quanto às substâncias tóxicas despejadas em nossa Terra
e nossas vidas, parece ser a impetuosa e assustadora mente poluída de seus responsáveis, que,
a cada dia, apresentam novos “produtos’’ de suas indústrias do terror.
Ressalta-se que todas essas ações de prevenção e combate não irão eliminar a
possibilidade de ocorrer um acidente, mas podem evitar que um acidente pequeno se
transforme em uma tragédia.
.
4. BIBLIOGRAFIA
Sites:
http://www.quimica.com.br/revista/qd437/solos4.htm. Acesso em
http://www.cetesb.sp.gov.br. Acesso em
http://www.ekosbrasil.org. Acesso em
http://www.pickupau.org.br/mundo/contaminacao_perigo/
contaminacao_perigo_mora_lado.htm. Acesso em
http://www.greenpeace.org.br/toxicos/pdf/corporate_crimes_port.pdf. Acesso em
www.fase.org.br/noar/UserFiles/ 17/File/ApontadoIceberg.pdf. Acesso em
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