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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
TRABALHO COM GÊNERO REPORTAGEM EM SALA DE AULA: EM BUSCA DA FORMAÇÃO DE LEITORES/ESCREVENTES/PROFICIENTES
Lurdes Teresinha Nalon Martins¹Atílio Augustinho Matozzo²
RESUMOO objetivo central deste artigo é analisar as atividades desenvolvidas durante o projeto envolvendo um trabalho efetivo/reflexivo com o gênero textual ‘reportagem’, a partir de sequências didáticas apresentadas por Schneuwly e Dolz (2004), considerando os conhecimentos e práticas sociais desenvolvidos pelos alunos do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos. O Projeto Reciclinho desempenha, aqui, o papel de principal recurso, atualmente denominado Usina de Triagem e Compostagem (UTC), na qual o lixo é reciclado sob a responsabilidade da Prefeitura de Bituruna/Paraná. Ao longo da pesquisa foram coletados dados que serviram de suporte para a elaboração da reportagem. A aplicabilidade do projeto deu-se em três etapas seguindo uma sequência didática: na primeira, a apresentação, acompanhada de debate sobre o Projeto Reciclinho; a segunda focalizou o trabalho com o texto, levando em consideração os níveis de textualidade apresentados por Koch (2004) e Costa Val (1998), tendo em vista a caracterização dos gêneros textuais, apresentada por Bakhtin (2002) e Marcuschi (2003; 2006); na terceira etapa do trabalho, enfocou-se a produção textual com base na reflexão epiliguística, apresentada por Geraldi (2006). Seguida da aplicabilidade, partiu-se para a análise dos trabalhos desenvolvidos em sala de aula, confrontando teoria e prática, na tentativa de buscar soluções para o trabalho com o texto dentro e fora da sala de aula, visando alunos/sujeitos proficientes no que tange à prática linguística e textual.
Palavras-chave: Leitura; produção textual; reportagem.
ABSTRACTThe central objective of the paper and analyze the activities undertaken during the project developing an effective work / reflective with genre entry, from instructional sequences presented by Schneuwly and Dolz (2004), taking into account the knowledge and social practices developed by students of CEEBJA. Thus, our main corpus Project Reciclinho, which is a recycling project conducted by the city of Bituruna, Paraná. Throughout this study collected data that would support the preparation of the report. The applicability of the project had three phases, Which followed a didactic sequence, was the first presentation accompanied by debate, Project Reciclinho. The second focused on working with text, taking into account the levels of textuality presented by Koch (2004) Val and Costa (1998), taking into account, although this step, the characterization of genre, by Bakhtin (2002) and Marcuschi (2003; 2006) by Finally, the third stage of labor, the focus was on text production, the base for reflection epiliguística, by Geraldi (2006). After applicability, we left for analysis of the work in the classroom, confronting theory and practice in an attempt to find solutions for working with text inside and outside the classroom, students aiming / subjects proficient with respect to textual and linguistic practice.
Key-words: reading; textual production; reportage.¹Lurdes Teresinha Nalon Martins. Formada em Letras pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória.Especialização em Administração Escolar e Supervisão.²Atílio Augustinho Matozzo formado em Letras/Espanhol,Especialista em Língua Portuguesa e
Literatura,Mestre em Estudos Lingüísticos.
1. INTRODUÇÃO
A leitura é a chave para entrar em contato com outros mundos, ampliando
horizontes e promovendo o desenvolvimento da compreensão e da comunicação
como elementos de suma importância no processo educacional. Partindo do
aprimoramento do gosto pela leitura e da produção de texto é possível oferecer aos
alunos oportunidades para que se tornem leitores e escritores reflexivos e críticos,
participando de forma ativa da sociedade em que estão inseridos.
É relevante considerar que, desde o acordar até o adormecer, o cidadão
recebe inúmeras mensagens escritas, faladas ou visuais, cabendo-lhe a
interpretação, bem como o ato de tecer críticas, posicionando-se a favor ou contra,
emitindo seu ponto de vista. Porém, de acordo com Carrascoza (1999), para essa
efetiva realização, ele precisa estar preparado, precisa deter certos conhecimentos
sobre o assunto ou tema abordado.
De algum modo, as pessoas encontram-se, diariamente, em situações de
contato com diferentes formas de texto como, a letra de uma música a embalagem
de produtos industrializados, o letreiro do ônibus, a bula de remédio, entre outras.
É nesse contexto que o projeto explicitado procurou tornar real e concreto o
ato de ler e escrever dotando de sentidos essas ações tão importantes para a vida
das pessoas do século XXI.
Fazem parte do referido projeto os trinta e um alunos do Ensino
Fundamental, do Centro Estadual de Educação para Jovens e Adultos de Bituruna
(CEEBJA), cujo perfil abrange trabalhadores de indústrias, funcionários de
supermercados, de lojas de confecções e de móveis, empregadas domésticas,
donas de casa, assentados, trabalhadores da roça, madeireiras, alunos solteiros,
comprometidos ou casados, que buscam a melhoria, tanto para seu desempenho
profissional, quanto pessoal, acreditando que o estudo seja a forma mais viável para
o crescimento social e intelectual que tanto necessitam.
Com a intenção de fornecer sentido à leitura realizada pelos alunos do
CEEBJA, propôs-se a elaboração de textos a partir de leituras sobre gêneros que
circulam nas esferas sociais de circulação cotidiana, literário-artística, imprensa e
publicitária, conforme sugestão constante nas Diretrizes Curriculares de Educação
Básica (2008), considerando também que uma prática contínua em espaço escolar
pressupõe o trabalho com a diversidade textual.
A realização do trabalho partiu da valorização do conhecimento prévio de
cada aluno considerando aspectos da produção textual como, por exemplo,
coerência, coesão, estrutura do texto, adequação ao gênero, aspectos semânticos e
pragmáticos, ordenação do tempo, argumentação, uso de recursos linguísticos,
estética, entre outros.
Essa proposta constituiu-se em alternativa estimulante para que jovens e
adultos escrevam sabendo que alguém (num cenário diferenciado da escola)
realizará a leitura.
Desse modo, focalizou-se o trabalho textual em um gênero específico: a
reportagem, por ser o caminho eficaz para tornar os alunos leitores e produtores de
texto, implicando na leitura da produção por alguém, uma vez que o texto foi
socializado.
A prática da leitura e da produção textual faz com que os alunos apropriem-
se de conceitos, abordagens, técnicas, conhecimento e habilidades para escrita de
textos nos mais variados ambientes sociais, portando-se como verdadeiros agentes
sociais e transformadores da sociedade. E essa questão é pontual, pois de acordo
com Romanowski e Cortelazzo (2007), os alunos devem considerar as diferenças
entre a fala e a escrita.
Percebe-se nesta proposta, o interessante caráter da aprendizagem, que de
certa maneira também é desafiador e provocador, levando professores e alunos a
um ato de reflexão que induz a experimentação, indo além do convencional. Buscou-
se com este trabalho alcançar um forte índice de produção e divulgação dos textos
levando os alunos ao conhecimento da escrita padrão, co-relacionada à vivência
diária dos mesmos.
A partir da valorização do conhecimento prévio do aluno foram
considerados, na produção textual, aspectos como: coerência, coesão, estrutura do
texto, adequação ao gênero, aspectos semânticos e pragmáticos, ordenação do
tempo, argumentação, uso de recursos linguísticos, estética, entre outros.
A ação pretendida (produção textual) encontra respaldo em Vygotsky (1991)
para o qual a escrita é a forma da fala mais elaborada a que os alunos devem ter
acesso, objetivando a aquisição de habilidades para construí-la, repensá-la e utilizá-
la socialmente.
Essas perspectivas puderam ser comprovadas na prática ao observar o
interessante caráter da aprendizagem, de certa forma desafiador e provocador,
levando professores e alunos a reflexões e experimentação extrapolando a esfera
do convencional, das práticas rotineiras.
Portanto, este trabalho demonstra ser possível alcançar elevada qualidade
de produção e divulgação dos textos, oportunizando aos alunos o conhecimento da
escrita padrão, co-relacionada à vivência diária no meio social em que estão
inseridos. Os textos produzidos foram disponibilizados na Internet.
2.A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A VIDA NO MEIO SOCIAL
A leitura é uma atividade de fundamental importância na vida de todos,
já que é através dela que se obtêm informações, conhecimento e promoção do
contato com novas descobertas. Cabe ao professor de Língua Materna formar
leitores, bem como fazer com que os alunos adquiram interesse pela leitura.
Como afirma Fregonezi (2003, p. 3):
De fato, a leitura é uma atividade essencial na vida do homem de nosso século. É através dela que se obtêm informações, que se entra em contacto com as novas descobertas, que se aprende a regular os comportamentos do homem em seu convívio social. Enfim, se fôssemos enumerar todos os momentos de nossa vida em que a leitura se faz presente, não haveria certamente, limites de espaço.
Hoje, mais do que nunca, os estudos colocam o leitor como principal
elemento a ser abordado na explicitação do ato de ler. Para Fregonezi (2003) a
sociedade atual pode ser considerada a ‘era do leitor’ uma vez que as pesquisas
nesta área apontam o leitor como principal elemento a ser abordado no ato de ler.
Assim, um dos cuidados que se deve ter ao trabalhar com leitura, é a
valorização do leitor, pois este já traz um conhecimento de mundo sobre o que
está sendo lido e analisado, conforme Kleimann (1989, p.13): “[...] o leitor utiliza na
leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida”.
Nesse contexto, as atividades de leitura em sala de aula devem ser feitas
para formar não apenas decodificadores, mas sim cidadãos críticos, ou seja, deve
ser uma leitura formadora de opinião.
Explicitando o papel do leitor na compreensão de textos escritos, Meurer
(1988) afirma que os textos são sempre incompletos em si mesmos e, para
concretizarem ocorrências comunicativas, dependem da contribuição de
informações disponíveis na mente do próprio leitor que, para construir a significação
de um texto se utiliza de seu conhecimento prévio.
Fregonezi (2003, p. 14) complementa dizendo que: “[...] esse conhecimento
cognitivo está organizado em nossa mente e quando estamos lendo um texto, para
construir a significação do mesmo, precisamos acioná-lo.”
3.A PRODUÇÃO TEXTUAL
O ensino da produção de textos deve incentivar constantemente a leitura
feita em torno de diversos gêneros textuais, pois textos de qualidade trazem para os
alunos um auxílio durante a escrita, com isso o aluno estará adquirindo um novo
vocabulário, terá a seu dispor uma grande quantidade de palavras e saberá como
utilizá-las.
A avaliação da produção deixa de ser vista apenas pela parte literária ou
gramatical, partindo para outra avaliação, a de observar se o texto é adequado ou
não a situação para a qual foi produzido, se a linguagem utilizada e a sua estrutura
está de acordo com o gênero adaptando-se à linguagem utilizada.
Para Dolz e Schneuwly (2003, p. 97):
Quando nos comunicamos, adaptamo-nos à situação de comunicação. Não escrevemos da mesma maneira quando redigimos uma carta de solicitação ou um conto; não falamos da mesma maneira quando fazemos uma exposição diante de uma classe ou quando conversamos à mesa com amigos.
Há muito tempo a produção textual em sala de aula era vista somente
como um trabalho mascarado por produções que se preocupavam com a forma,
representado pelas narrativas, descrições e dissertações, o que transformava essa
atividade pouco atraente para os alunos, além de marcar uma distância longa em
relação às práticas sociais.
Conforme o autor citado, isso também traz a concepção de que para a
produção de um bom texto é necessário que o aluno tenha conhecimentos
gramaticais.
Desse modo, o professor encara o trabalho como um desafio: ensinar o
aluno a escrever bem, a partir do estudo gramatical. O trabalho de produção através
de textos presentes no cotidiano vem para revolucionar essa perspectiva, mostrar
resultados melhores, colocando o aluno desde cedo em contato com os diversos
textos que circulam socialmente e preparando-o para que realizem práticas sociais
intensas.
O trabalho com a produção de textos exige, por parte do professor,
cuidados no aspecto de reconhecer a realidade do aluno, pois as experiências e
conhecimentos são frutos do convívio direto ou indireto com o meio em que vivemos.
De acordo Romanowski e Cortelazzo (2007), o ensino de produção textual através
dos diversos gêneros muda também a imagem de que o professor tem
conhecimento apenas de textos literários e científicos, evidenciando que este
conhece os mais diversos gêneros, ajudando assim, a quebrar um pouco a barreira
existente entre professor e aluno.
4.GÊNEROS TEXTUAIS
Atualmente, está em voga discussões sobre a diversidade de gêneros
textuais existentes na sociedade, os quais devem ser aproveitados pelo professor de
língua materna. Porém, nota-se um despreparo no que diz respeito ao ensino (ou
não) com os gêneros por parte dos professores. Para Marcuschi (2006), isso ocorre
por que na língua portuguesa, surge um estilo de escrita diferente a todo instante
como, por exemplo, os textos que circulam na Internet. Os professores, em número
considerável, têm dificuldades em utilizá-los, apesar dos materiais bastante
aprimorados e conteúdos riquíssimos, torna-se necessário a aprendizagem docente
para sua utilização, o que fará com que as atividades realizadas em sala de aula não
sejam encaradas como tarefas sem um propósito.
Sobre Gêneros Textuais Marcuschi (2003, p.17) diz que:
Se com Aristóteles os gêneros textuais se distribuíam em três categorias e se depois passaram a dizer respeito a categorias literárias bastante sólidas que foram se ampliando e subdividindo até entrarem em crise com a crítica do romantismo à estética clássica, hoje a noção de gênero ampliou-se para toda a produção textual.
Percebe-se que os gêneros vão se modificando ou surgindo de acordo com
a evolução da sociedade. Um gênero, muitas vezes, une-se a outro dando origem a
um novo, essa relação é denominada hibridismo, segundo Marcuschi (2003); ou um
novo gênero que deriva de outro que já existia é modificado de acordo com o modo
e o meio em que vai ser utilizado no momento. Portanto, isso dificulta uma
classificação concreta dos gêneros. As mudanças dos gêneros tendem a
acompanhar a evolução da língua materna que, por sua vez, está em constante
mudança.
Nesse sentido, Marcuschi (2006, p. 22) afirma que:
Em geral, os gêneros desenvolvem-se de maneira dinâmica e novos gêneros surgem como desmembramento de outros, de acordo com as necessidades ou novas tecnologias como o telefone, o rádio, a televisão e a internet. Um gênero da origem a outro e assim se consolidam novas formas com novas funções de acordo com as atividades que vão surgindo.
O trabalho adequado com gêneros pode trazer aos alunos um grande
enriquecimento cultural e social, uma vez que a maioria deles traz particularidades
culturais, históricas e sociais de um povo, e estudando-os e sabendo interpretá-los o
aluno terá conhecimento do ocorrido (fatos e costumes) em determinado período
histórico da sociedade. Presentes nos gêneros textuais estão também as questões
ideológicas que podem ser analisadas, debatidas e enriquecidas pela criticidade dos
leitores.
Bazerman (1994) afirma que por meio dos gêneros textuais pode-se ter uma
base de como uma sociedade se organiza como são organizados seus valores e
qual a importância dos gêneros; pela análise é possível identificar a situação
socioeconômica em que foi produzido, o grau de conhecimento de quem o produziu,
as circunstâncias em que foi utilizado e para que finalidade foi produzido.
Trabalhar com gêneros em sala de aula implica na diversidade de suportes
a serem utilizados, uma simples lista de compras, uma bula de remédio ou uma
receita de bolo são consideradas gêneros textuais. Deve-se também considerar que
o aluno tem um grande contato esses gêneros e a escola tem o papel de trabalhar
tanto com a leitura quanto com a produção de gêneros a serem utilizados fora da
sala de aula, ou seja, ofício, carta, requerimento, e ouros.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s (2000) apontam a
necessidade de o professor conhecer e aprender a utilizar os diversos gêneros
textuais em sala de aula como um incentivo para melhorar a produção textual dos
alunos, bem como incentivar a leitura, mostrando para o aluno que essas atividades
podem ser prazerosas e úteis no dia a dia e não simplesmente como forma de
serem avaliados.
Esse contexto condiz com a afirmação de BRASIL (2000, p. 18) para o
qual:
Nessa perspectiva, (torna-se) necessário contemplar, nas atividades de ensino, a diversidade de textos e gêneros, e não apenas em função de sua relevância social, mas também pelo fato de que textos pertencentes a diferentes gêneros são organizados de diferentes formas. A compreensão oral e escrita, bem como a produção oral e escrita de textos pertencentes a diversos gêneros, supõem o desenvolvimento de diversas capacidades que devem ser enfocadas nas situações de ensino. É preciso abandonar a crença na existência de um gênero prototípico que permitiria ensinar todos os gêneros em circulação social.
Trabalhando de forma adequada com os gêneros o aluno é instigado ao
interesse pela leitura e escrita colaborando para a formação de cidadãos críticos e
conscientes, conhecedores dos fatos sociais, históricos do cotidiano social, já que a
maioria dos gêneros textuais possui questões ideológicas expressas pelo autor,
como desigualdade social, luta política, expressão contra o preconceito, e outras. O
questionamento de temas presentes nos gêneros discursivos facilita a intervenção
do professor no sentido de propor ao aluno a elaboração de soluções coerentes para
problemas do seu cotidiano.
O conhecimento de gêneros, conforme Lage (2001) pode ser considerado
como um instrumento que auxilia o sujeito a obter a inserção social, permitindo-lhe
saber quando empregar um estilo de linguagem menos formal e quando utilizar uma
linguagem mais elaborada, padronizada.
A afirmação de que os gêneros só existem na forma escrita não é aceitável,
pois como evidencia Marcuschi (2006, p. 20): “Todas as manifestações verbais
mediante a língua se dão como textos e não como elementos linguísticos isolados”;
portanto, considera-se como gênero discursivo o que é produzido na forma oral.
Atualmente, conforme o autor citado, percebe-se que a evolução dos meios
de comunicação trouxe o aumento da diversidade dos gêneros discursivos
presentes no meio social considerando que na maioria das vezes o aluno está em
contato direto com eles, porém não conhece a riqueza que os mesmos possuem
como acontece com textos que circulam na Internet, principalmente reportagens e
notícias, as quais acompanharam a evolução da sociedade modernizando-se cada
vez mais.
Entre os cuidados necessários para a produção de um texto (independente
da gênero) é relevante que aluno tenha familiaridade com as características do
gênero textual a ser trabalhado, em especial com o tipo de escrita, a linguagem
utilizada, os moldes do gênero que irá produzir e receba as devidas explicitações e
esclarecimentos antes da produção.
Tendo em vista que os textos de informação são bastante frequentes e
ocupam grande espaço na vida dos cidadãos, é relevante que os alunos sejam
preparados, na escola, para a escrita e análise crítica de diferentes textos que
circulam socialmente.
Em relação a isso, Marcuschi (2003, p. 22) define a expressão gêneros
textuais como:
[...] os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, reportagem jornalística, horóscopo, instrução de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante.
Com isso, percebe-se a relevância da introdução do trabalho com gêneros
textuais na escola espaço de aprendizagens múltiplas. Entre os gêneros mais
comuns a serem trabalhados está a reportagem, conforme explicitação no item a
seguir.
4.1 REPORTAGEM
O gênero reportagem é utilizado pela maioria dos professores em suas
aulas (textos jornalísticos) para a leitura e interpretação textual. Esse tipo de leitura
busca fazer com que o aluno utilize as reportagens, em especial, do suporte textual
jornal impresso, como uma leitura real, como forma de reflexão crítica e não como
algo artificial e quantitativo.
Sobre essa questão Barbosa (2001, p. 09) complementa:
Nos dias de hoje, dificilmente um aluno, seja da rede pública ou privada, passa pelo ensino fundamental sem que tenha tido contato com jornal em sala de aula. Acontece que o tipo de trabalho feito, muitas vezes, limita-se à pesquisa de um dado assunto, à busca de determinadas reportagens e à montagem muitas vezes forçada de um jornal de classe, sem que se reflita sobre os diferentes gêneros do discurso presentes no jornal e sem que se instrumentalize de fato os alunos para lê-los criticamente... Ora, tais práticas são incipientes, insuficientes e ineficazes e, isoladamente, não contribuem para a conquista da tão almejada criticidade.
É sabido que o objetivo dos jornais é tornar as notícias, matérias e
reportagens mais do que informações do dia a dia, é fazer com que os sujeitos
estejam inteiramente envolvidos no processo da formação de cidadania, partindo da
idéia de que suas seções são preenchidas, cada uma delas, por gêneros textuais
específicos, produzidos em situações de comunicação próprias.
O jornal, conforme Barbosa (2001) é um livro diário que coloca frente aos
leitores todos os dias uma porção de todas as culturas do mundo. Nesse ponto
chega a modificar radicalmente a tendência da imprensa em acentuar tão somente a
cultura nacional, enfraquecendo a visão de um mundo real no qual se está inserido e
cheio de informações que precisam ser conhecidas. O jornal, mesmo tentando ser
isento de algum critério de valor, representa de certa forma, o momento histórico-
social e, por isso, não deve fechar-se em opiniões, mas possibilitar ao leitor a
reflexão e o questionamento.
Na era da comunicação, a leitura e a interpretação desse suporte de
informação, no papel ou na tela do computador, é indispensável para quem deseja
ou precisa ter participação ativa na sociedade.
De acordo com essa perspectiva, conforme Lopez e Mata (2009) destaca-se
a reportagem como instrumento facilitador no desenvolvimento das habilidades, por
ser um gênero discursivo conhecido pelo aluno e presente em seu cotidiano. O
estudo deste gênero faz com que o ensino-aprendizagem do educando seja
desenvolvido tanto na escrita, quanto na oralidade.
A organização do texto da reportagem, segundo Lustosa (1996)
é determinada pela novidade, relevância e como forma de chamar a atenção dos
leitores. Um bom texto jornalístico depende, antes de qualquer coisa, de clareza de
raciocínio e domínio do idioma. Para o entendimento do gênero reportagem na
situação de comunicação jornalística é necessário entender o significado comum da
palavra reportagem: informação sobre um fato novo. A reportagem jornalística é o
canal perfeito para levar os fatos de todas as áreas aos leitores.
No processo educacional é importante que o professor, como mediador de
conhecimento, mostre aos alunos que o fato noticiado para ter valor textual, deve ser
de importância de toda a comunidade. Fatos corriqueiros, mesmo que sejam
novidades, não servem para a construção da reportagem, pois não chamam a
atenção de seu público leitor.
As reportagens apresentam-se como unidades informativas completas,
contendo todos os dados necessários para que o leitor compreenda a informação,
sem necessidade de recorrer a textos anteriores (por exemplo, não é necessário ter
lido os jornais do dia anterior para interpretá-la), ou de ligá-la a outros textos
contidos na mesma publicação ou em publicações semelhantes.
Em Lustosa (1996) observa-se a reportagem como informação e esta, como
tudo aquilo que se deseja saber para ter condições de fazer uma avaliação mais
objetiva da realidade. A reportagem é um relato, uma maneira particular de
descrição de um fato ou da realidade. O texto informativo traduz uma realidade
fragmentada. Oferece, portanto, a informação parcial, tanto no sentido de
transcrever parte do fenômeno social, como ainda por impor uma visão pessoal do
narrador ou redator da reportagem, dentro das óbvias restrições e imposições do
veículo.
É comum que na estrutura do texto da reportagem, seja utilizada a técnica
da pirâmide invertida: começa pelo fato mais importante para finalizar com os
detalhes. Consta de três partes claramente diferenciadas: o título, a introdução e o
desenvolvimento. O título cumpre uma dupla função – sintetizar o tema central e
atrair a atenção do leitor. De acordo com Amaral (1978, p. 86), “[...] o título é a
designação que se põe acima da matéria, chamando a atenção do leitor da mesma,
de forma objetiva, clara, apelativa, resumida”. A introdução contém o principal da
informação, sem chegar a ser um resumo de todo o texto. No desenvolvimento,
incluem-se os detalhes que não aparecem na introdução.
O gênero reportagem se caracteriza por sua exigência de objetividade:
somente apresenta os dados. Quando o jornalista não consegue comprovar de
forma fidedigna os dados apresentados, costuma recorrer a certas fórmulas para
salvar sua responsabilidade: parece, não está descartado que, e outras.
Segundo Rossi (1981, p. 09): “[...] se fosse possível praticar a objetividade e
a neutralidade, a batalha pelas mentes e corações dos leitores ficaria circunscrita à
página que veicula a opinião dos proprietários de uma determinada publicação”. O
estilo que corresponde ao texto da reportagem é o formal. São empregadas,
principalmente, orações enunciativas, breves, que respeitam a ordem sintática.
Apesar das reportagens preferencialmente utilizarem os verbos na voz ativa,
também é frequente seu uso na voz passiva.
A reportagem é a matéria-prima de jornais e revistas, interessa a maior
parte das pessoas e caracteriza-se por responder ao interesse público. Sua
procedência pode ser local, estadual, nacional ou internacional. No entanto, Amaral
(1978) enfatiza que qualquer reportagem para ser divulgada, exige pesquisa,
apuração dos fatos, detalhes precisos, seleção de pontos de vista. É um produto
simbólico destinado ao consumo do público leitor a partir de uma técnica de
produção capaz de ser absorvida por todos. O texto da reportagem procura uma
padronização na forma e uma diversidade no conteúdo, com o lide, por exemplo,
que constitui uma norma técnica formal de produção.
Diante do exposto, entende-se que os fundamentos teóricos que alicerçam
o ensino da leitura requerem novos posicionamentos em relação às práticas de
ensino, tanto pela discussão crítica como pela busca de novas alternativas na
construção de sentido para o texto. Nesse sentido, educar para uma sociedade em
constante transformação e incertezas exige um referencial teórico capaz de nortear
caminhos ou trilhar os mesmos, porém sob nova perspectiva. E uma das razões
dessas ações é tornar os alunos leitores e escreventes proficientes em seus ofícios
diários com significado na vida social.
5.DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
Sob orientação do Professor Atílio Augustinho Mattozo a professora Lurdes
Terezinha Nalon desenvolveu uma proposta de produção textual envolvendo o
gênero ‘reportagem’.
Como objeto de estudo elegeu-se atividades e métodos para colaborar com
a formação intelectual dos alunos de Língua Portuguesa de Centro Estadual de
Educação para Jovens e Adultos de Bituruna (CEEBJA), cujo perfil abrange
trabalhadores de indústrias, funcionários de supermercados, de lojas de confecções
e de móveis, empregadas domésticas, donas de casa, assentados, trabalhadores
da roça, madeireiras, alunos solteiros, comprometidos ou casados, que buscam a
melhoria, tanto para seu desempenho profissional, quanto pessoal, acreditando que
o estudo seja a forma mais viável para o crescimento social e intelectual que tanto
necessitam.
A reportagem, utilizada como conteúdo analítico e reflexivo sobre vivências
diárias do cotidiano, visou a socialização do saber a partir da apresentação de
situações reais da vida do aluno. Buscou-se o desenvolvimento do senso crítico, da
capacidade de refletir sobre os temas abordados por meio de debates, opiniões e
expressão dos diferentes pontos de vista sobre as diversas reportagens
apresentadas.
Concomitante a esses aspectos, chamou-se a atenção dos educandos para
os diferentes meios de comunicação, facilitando a interação social e a compreensão
do mundo pela valorização ao outro como ser humano e respeito e as suas ideias.
Objetivou-se com esta proposta promover a leitura e a escrita dos alunos do
CEEBJA, numa tentativa de engajamento social no que tange à construção do
conhecimento e o fortalecimento de sujeitos agentes em sociedade, responsáveis
pela interpretação e produção de processos co-relacionados ao mundo da escrita e
da leitura.
Além disso, buscou-se possibilitar oportunidades reais ao aluno de se tornar
um produtor efetivo de texto, compreendendo o que escreve; compreender como se
manifesta e circula o gênero reportagem; incentivar a leitura de revistas e jornais,
numa tentativa de manter o aluno sempre informado, para que ele construa uma
opinião com base em argumentos retirados da leitura; elaborar uma metodologia de
trabalho com o texto que leve em consideração o conhecimento e o contexto dos
alunos abrangidos e, organizar uma página na Internet com todos os materiais de
apoio à leitura e à escrita, bem como a divulgação dos textos dos alunos, buscando
a socialização destes.
Dessa forma, a reportagem como gênero textual foi utilizada como suporte
para a produção de textos. Essa estratégia favoreceu o interesse pelos processos
quotidianos dos alunos como base para o desenvolvimento do conhecimento
necessário à produção de textos com qualidade.
A leitura por meio de revistas, jornais e livros, focalizando o gênero
reportagem inserida no contexto da sala de aula partiu da definição da
intencionalidade (intenções claras e objetivas); pré-leitura (identificação do
conhecimento prévio dos alunos sobre o texto); leitura descoberta (intencionalidade
do texto); e pós-leitura (exercício crítico reflexivo).
As ações constituídas por métodos e técnicas de abordagem, aplicadas em
dez aulas de acordo com explicitação a seguir produziram resultados
surpreendentes verificáveis na produção textual ‘Reportagem: Visita ao Reciclinho’.
Buscou-se inicialmente o reconhecimento do gênero ‘reportagem’ por meio
de leitura e interpretação do texto ‘O Trabalho Infantil’, de Augusto (2009) visando a
expressão da fala de acordo com situação de produção formal e informal;
identificação das características, estrutura e intencionalidade dos textos jornalísticos
reportagens.
De acordo com Lopez e Mata (2009), reportagem é a narração de um
acontecimento importante, de ponto de vista de um repórter. Vai além da notícia,
pois traz mais informações, as causas e consequências do fato em questão,
estimulando o debate.
Para esses autores, enquanto a notícia descreve o fato e, no máximo, seus
efeitos e consequências, a reportagem busca mais, partindo da própria notícia,
desenvolve uma sequência investigativa que não cabe nesta. A reportagem apura
não só a origem dos fatos, mas suas razões e efeitos. Abre o debate sobre o
acontecimento, desdobra-o em seus aspectos mais importantes e divide-o em
retrancas diferentes que podem ser agrupadas em uma ou mais páginas. A notícia
não esgota o fato. A reportagem pretende fazê-lo.
A partir desse conhecimento como forma de instigar no aluno o interesse
pela leitura e escrita colaborando para a formação de cidadãos críticos e
conscientes, conhecedores dos fatos sociais, históricos do cotidiano social,
procurou-se evidenciar questões ideológicas, tais como, desigualdade social, luta
política, expressão contra o preconceito, e outras, objetivando a elaboração de
soluções coerentes para problemas do cotidiano dos próprios educandos.
Na leitura, ao professor compete chamar a atenção do aluno para a parte
verbal e visual, fazendo com que ele observe as imagens usadas nos mais variados
gêneros, bem como seus significados implícitos e explícitos. Para Dionísio (2005
p.172):
Todo o professor tem convicção de que imagens ajudam à aprendizagem, quer seja como recurso para prender a atenção dos alunos, quer seja como portador de informação complementar ao texto verbal. Da ilustração de histórias infantis ao diagrama científico, os textos visuais, na era de avanços tecnológicos como a que vivemos nos cercam em todos os contextos sociais. Os materiais didáticos utilizam cada vez mais a diversidade de gêneros, assim como recorrem a textos publicados em revistas e jornais na montagem das unidades temáticas de ensino, nas mais diversas disciplinas no ensino fundamental e médio.
Outra questão pertinente é a observação das figuras de linguagem
predominantes neste ou naquele gênero discursivo, compreendendo, ou pelo menos
tentando compreender, o jogo de palavras nos textos.
A etapa seguinte constou da apresentação das seguintes reportagens
publicadas pela Macedo (2009): ‘Norte e Nordeste sofrem com as enchentes’ e
‘Chuvas no Nordeste eram esperadas há três meses’.
A partir do uso de TV Pendrive e recursos da Internet, objetivou-se nessa
fase realizar a leitura compreensiva das reportagens apresentadas percebendo as
características, a estrutura, a intencionalidade e o destinatário das mesmas
estabelecendo relações dialógicas entre os textos lidos e/ ou ouvidos; buscou-se
ainda traçar um paralelo entre as emissoras de TV, que circulam na mídia
identificando as diferentes formas de comunicação, isto é, sensacionalista e/ou
realista, emitindo opiniões próprias a esse respeito. Como método para essa
realização utilizou-se de debates e discussões em grupo.
Na terceira fase do projeto, os alunos participaram de uma visita à Usina de
Triagem e Compostagem (UTC), denominado anteriormente ‘Reciclinho’. Alunos e
professora, recepcionados pelo gerente administrativo, Sr. Adálcio Nunes,
receberam do mesmo, explicações sobre o funcionamento da usina.
Todas as informações obtidas com a referida visita foram registradas de
diferentes formas. Organizados em grupos os alunos coletaram informações e
dados, gravaram entrevistas, fotografaram os ambientes e investigaram a situação
humana dos trabalhadores no local.
O retorno à sala de aula ocorreu com a produção da reportagem, isto é, a
criação de reportagens a partir de grupos oportunizando a troca de ideias. Após a
discussão os grupos elegeram para a escrita os temas: meio ambiente, cooperação,
reciclagem e preservação.
Ao considerar o conhecimento de mundo que o aluno detém em diferentes
aspectos estar-se-á privilegiando o ato de escrever como algo significativo para o
educando, conforme afirma Gil Neto (1996 p. 49-50):
O momento de escrever, redigir um texto em sala de aula deve acontecer da maneira como o aluno se coloca em um momento significativo de sua vida. Uma vez que é da sua realidade que ele vai escrever, esse querer escrever, que em princípio é natural e espontâneo, implica e depende muito das condições e atitudes despertadas na classe pelo professor.
Dessa forma, o aluno estará escrevendo algo que poderá utilizar
futuramente, se sentido motivado a fazê-lo.
Entre os cuidados tomados para o trabalho está o respeito à pluralidade de
interpretações, observação do conteúdo, características da estrutura do gênero
reportagem, seus elementos compositivos, formais e marcas linguísticas; o contexto
social de aplicabilidade do gênero em questão; a fonte e a intencionalidade; as
funções do destinatário e do interlocutor, entre outras.
A intenção foi qualificar o aluno para produção escrita levando-o a identificar
os processos de produção textual e organização do pensamento para a criação do
texto observando os critérios de estrutura e organização.
A elaboração do texto escrito, segundo Geraldi (2006) é uma tarefa cujo
sucesso não se completa simplesmente pela codificação das idéias e das
informações. São várias etapas interdependentes e intercomplementares, cada qual
com suas funções.
De modo geral o aluno deve compreender a produção textual como um
processo de ordenação das ideias, previsão sobre como estas serão colocadas ao
longo do texto, por onde dar início à escrita, que sequências, tópicos subtópicos são
relevantes para a abordagem; eleger em que ordem devem aparecer e em que
profundidade devem ser tratados.
É importante também, a conscientização de que a escrita deve ser dirigida a
alguém, leitores reais, diversificados; essa previsão deve anteceder a produção do
texto.
Nesse sentido, as definições de Lage (2001, p. 50) apontam para a
reportagem como: “[...] o relato objetivo de um fato ou evento que, além de inédito,
deve despertar o interesse dos leitores”. Cabe ressaltar que o leitor é um dos
elementos mais importantes na produção escrita das reportagens, o “para quem se
escreve”, pois é o agente que está sempre presente nas produções de linguagem. A
reportagem é redigida na terceira pessoa, na primeira ou impessoalmente. O redator
deve manter-se à margem daquilo que escreve. Não deve recorrer excessivamente
aos pronomes possessivos (por exemplo, não se refere à Espanha ou Paris usando
a expressão nosso país ou minha cidade).
Portanto, após o feedback de organização, partiu-se para o registro no
papel, a escrita do planejado, recorrendo à novas escolhas que incluem vocabulário,
estruturas fraseáticas, reflexão sobre a situação da comunicação, garantia de
sentido, coerência e revelância.
Concluída a primeira etapa da produção, os alunos partiram para a revisão
e reescrita como estratégia para aprimorar o texto produzido. Para tanto, os grupos
fizeram um intercâmbio dos trabalhos para leitura, análise e reflexão sobre o
conteúdo estrutura da reportagem; as observações foram levadas aos autores para
uma nova discussão e reorganização do texto, frente a pertinência das
recomendações dos colegas.
Conforme Bazerman (2006), a escrita deve ser corrigida no final, pois, o
texto, durante muito tempo provisório, é o instrumento de elaboração do produto
definitivo. Na atividade escrita, o processo de produção e o produto final são,
normalmente, separados. O autor pode considerar seu texto como um objeto a ser
retrabalhado, revisto, refeito, mesmo a ser descartado, até o momento em que o dá
ao seu destinatário. O texto permanece provisório enquanto estiver submetido a
esse trabalho de reescrita.
A etapa da revisão e da reescrita, corresponde ao momento de análise do
que foi escrito confirmando o alcance, ou não, dos objetivos, abordagem do tema
desejado, clareza de ideias, fidelidade às normas da síntese, da semântica, da
gramática, aspectos da superfície do texto, ortografia, pontuação, parágrafos, e
outros.
É na hora de revisão, para decidir, sobre o que fica e o que sai o que se
reformula. Como afirmou Heminguiay (2007): “A cesta de papeis é o primeiro móvel
na casa de um escritor”.
Complementando as observações, Geraldi (2006), enfatiza que os alunos
devem ter condições e tempo de planejamento para construir seus textos. Todo
texto deve ser escrito e revisado. É importante planejar a prática do rascunho e a
prática das revisões, de maneira que a primeira versão seja sempre provisória,
vivenciada pelo fazer e refazer da escrita, quantas vezes forem necessárias,
preocupando-se com a qualidade de modo geral. O hábito da revisão deve ser
cultivado como uma das habilidades escolares mais importantes no processo da
escrita.
O que determina a adequação do texto escrito, segundo Carneiro (2001), são
as circunstâncias de sua produção e o resultado dessa ação. É a partir daí que o
texto escrito será avaliado em seus aspectos discursivo-textuais, verificando: a
coesão e coerência textual, a adequação à proposta e ao gênero solicitado;
adequação da linguagem em relação ao contexto exigido; elaboração de
argumentos consistentes e organização dos parágrafos. Tal como na oralidade, o
aluno deve se posicionar como avaliador tanto dos textos que o rodeiam quanto de
seu próprio. No momento da refacção textual, é pertinente observar, por exemplo: se
a intenção do texto foi alcançada, se há relação entre partes do texto, se há
necessidade de cortes, devido às repetições, se é necessário substituir parágrafos,
ideias ou conectivos.
Dessa forma, conforme Carneiro (2001), o professor poderá avaliar, por
exemplo, o uso da linguagem formal e informal, a ampliação lexical, a percepção dos
efeitos de sentidos causados pelo uso de recursos linguísticos e estilísticos, as
relações estabelecidas pelo uso de operadores argumentativos e modalizados, bem
como as relações semânticas entre as partes do texto (causa, tempo, comparação, e
outros). Uma vez entendidos estes mecanismos, os alunos podem incluí-los em
outras operações linguísticas, de reestruturação do texto, inclusive.
No contexto das observações, leituras, análises, reflexões, escrita,
mediação e orientação pela professora, autora do Projeto, os alunos produziram
textos, cujas características e estrutura configuram o gênero reportagem. Os escritos
foram compilados numa única matéria e como produto final surgiu a reportagem
apresentada a seguir sob o título ‘UMA IDEIA QUE DEU CERTO’,
http://www.buubiturunaceebja.seed.pr.gov.br/.
Reportagem
UMA IDEIA QUE DEU CERTO
Conforme consta no acervo documental da Prefeitura, o Município de
Bituruna possui uma área de 1.258km² e está localizado ao Sul do Paraná; sua
altitude média é de 900m acima do nível do mar. O relevo apresenta a costa máxima
de 1275m no divisor de águas do rio Iratim. A costa mais baixa do território é
marcada pela barra do rio Cresciúme com o Lageado do Saltinho no extremo
Noroeste do município com cotas em torno de 720m. Ao longo do território o relevo é
mais ou menos homogêneo, embora fortemente ondulado com desníveis de 100m
ao longo dos vales escavados nos derrames de basalto; pertence ao 3º Planalto
Paranaense ou Planalto de Guarapuava, e está à aproximadamente 27º de latitude
sul e 51.30º de longitude oeste.
Bituruna possui, aproximadamente, 1.200 hectares de área urbana; está a
317 km a sudoeste da capital do Estado, Curitiba. Limita-se ao Norte com Pinhão e
Cruz Machado; ao Sul com General Carneiro e Palmas; a Leste com Porto Vitória e
União da Vitória e a Oeste com Palmas e Coronel Domingos Soares.
A representação cartográfica disposta a seguir permite a visualização do
Município de Bituruna no contexto geral do Estado do Paraná.
Figura 01: PARANÁ: PONTOS EXTREMOS. Fonte: Base Cartográfica. IBGE, 2002.
A população biturunense, de acordo com o censo realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010) é de aproximadamente 15.883
habitantes. Segundo informações do Instituto Paranaense de Desenvolvimento
Econômico e Social – IPARDES (2010) constituem a população urbana, cerca de
9.902, enquanto que 5.981 formam a população rural do Município.
BITURUNA
A situação dos habitantes é diversificada em relação ao nível
socioeconômico e cultural concentrados, basicamente, na indústria madeireira,
extração de erva-mate e agricultura.
Como toda cidade, sua população produz lixo em quantidades significativas
(um quilo por pessoa/dia; em cidades maiores chega a um quilo e meio pessoa/dia),
é motivada ao consumismo pelo sistema atual econômico capitalista vigente.
Para tentar amenizar o acúmulo de lixo e o impacto ambiental causado, bem
como diminuir a produção de resíduos, procurando desenvolver hábitos e atitudes
para a sustentabilidade do planeta, foi criada em Bituruna a Usina de Triagem e
Compostagem de Resíduos Sólidos Urbanos, que tem por objetivo reciclar o lixo
proveniente de todas as áreas da cidade e distrito (Santo Antônio do Iratim).
Figura 02: VISTA PARCIAL DA USINA DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM – UTC. Fonte: ALUNOS DO CEEBJA, 2010.
A operação tem início às 4h30min, quando funcionários da Prefeitura
recolhem os resíduos soldos urbanos e os depositam na usina antes das 8h. A
coleta é diária; o transporte é especial com separação do lixo. Na usina o trabalho
de separação ainda continua, é mais detalhado, os resíduos sólidos formados por
plástico, vidros, papel, papelão, são separados, enfardados e vendidos por quilo a
uma empresa de reciclagem; o lixo úmido é separado e preparado para a
compostagem, um processo de maturação do lixo, o qual, transformado em adubo é
vendido no comércio local. Do total de material reciclável recolhido, cerca de 15%
não é aproveitado devido às más condições que chegam à UTC.
O trabalho de separação é realizado por dezenove pessoas, membros da
Associação de Catadores de Resíduos Sólidos Urbanos São João, criada em 2002,
para a regulamentação da situação (profissional, social, pessoal) de muitos
catadores de material de recicláveis que trabalhavam nas ruas da cidade de
Bituruna, foi criada a Associação de Catadores de Recicláveis. O valor resultante da
vendas de recicláveis e do composto, segundo o presidente da Associação, é
dividido entre os associados que chegam a ganhar em torno de R$ 525,00 mensais
(cada um).
O reconhecimento da profissão de Catadores de Material reciclável em
2002, promoveu formas de organização do empreendimento como, por exemplo,
associações e cooperativas. A primeira não apresenta fins econômicos, o lucro
obtido é dividido igualmente entre os associados; enquanto que a segunda possui
fins lucrativos e seus cooperados trabalham por salários e comissões.
As condições disponibilizadas pelo Poder Público Municipal para os
trabalhadores da UTC, constituem-se em infraestrutura adequada do ambiente de
trabalho seguindo normas e padrões da vigilância sanitária, além de visar o conforto
para esses colaboradores; banheiro masculino e feminino; refeitório e três refeições
diárias balanceadas elaboradas pela nutricionista da Prefeitura. Os associados
dispõem de transporte diário gratuito e equipamentos de segurança individual
(EPIS), tais como, botas, bonés, luvas, máscaras, bem como acompanhamento
dentário, de saúde em geral e assistência social, entre outros.
Em entrevista realizada por Maria Ângela de Mello aluna do CEEBJA, a
funcionária Dezolina Dzovoniarkiewski, uma das associadas e antiga catadora de
material reciclável nas ruas de Bituruna, fala sobre as mudanças em sua vida
profissional e pessoal promovidas com a criação da UTC e da Associação de
Catadores de Resíduos Sólidos Urbanos São João.
Figura 03: DEZOLINA: EX-CATADORA DE MATERIAL RECICLÁVEL DAS RUAS DE BITURUNA. Fonte: ALUNOS DO CEEBJA, 2010.
Entrevista
Ângela (aluna do CEEBJA): Onde você trabalhava antes de trabalhar aqui?
Dezolina: Na rua catando papel.
Ângela: Gosta de trabalhar na UTC?
Dezolina: Sim, pois garanto a renda e sustento minha casa.
Ângela: Há quando tempo trabalha aqui?
Dezolina: Seis anos.
Ângela: A população biturunense, a partir dos movimentos (palestras e oficinas
educativas em escolas, organizações empresariais, setores públicos, associações
religiosas e outras) para conscientização sobre os cuidados com o lixo, observam as
orientações e acondicionam os resíduos adequadamente?
Dezolina: Não! É pouca gente que separa o lixo. Só quem entende e é bem educado
cuida do lixo.
Ângela: Que benefícios vocês, associados, recebem da organização e do Município?
Dezolina: Temos comida, três vezes por dia; transporte de graça; médico e dentista;
a gente é bem tratada e agora, trabalhamos com dignidade.
De acordo com os depoimentos dos trabalhadores associados, a
participação da comunidade na separação do lixo é fundamental, todo lixo quando é
corretamente separado (seco/úmido), não é desperdiçado e pode ser reaproveitado,
com isso estamos poupando dinheiro, porque reaproveitamos o material que já
existe diminuindo a utilização dos recursos renováveis e não renováveis da
natureza.
Recomenda-se que a separação do lixo seja realizada da seguinte forma:
LIXO ÚMIDO – UTILIZADO NA COMPOSTAGEM
LIXO SECO – ENTREGUE EM PONTOS DE VENDA ESPECÍFICOS
Casca de frutas/legumes/bagaçosTodo tipo de papeis, jornais, revistas e papelões;
Restos de comidaPneus, TV, microondas, tem um custo elevado para reciclagem.
Folhas de árvores, material das podas de árvores, gramas cortadas, e outros resíduos naturais.
Embalagens Tetrapark (leite/sucos);Latas em geral, todo tipo de ferro, metais, aço, alumínio, fios, arames, pregos, potes;
Ossos, vísceras. Isopor, vidros/vidraças quebradas, frascos, garrafas (litro), garrafas pet (refrigerantes/sucos em geral), plásticos, sacolas plásticas em geral, calçados velhos, roupas velhas, panos de chão, de cozinha (secos e limpos), plásticos secos, vasilhames de desinfetantes e produtos de limpeza.
Erva-mate, pó e filtro de café.
Cascas de ovos, flores naturais.
Papeis úmidos da cozinha, esponjas, pano de chão úmido e pano engordurado.
(destino: aterro sanitário)
Obs. Colocar em sacolas separadas: galões de óleo vazios (óleo de motosserra, óleo de motor, fluído para freio, óleo hidráulico, graxa, e outros derivados).Agulhas, seringas domiciliares.Agulhas, seringas domiciliares, e outros objetos perfurocortantes, devem ser encaminhados ao Serviço de Saúde mais próximo da residência.
Obs. Colocar em sacolas separadas: papel higiênico, absorventes, fraldas descartáveis.
Tabela 01: CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.Fonte: ADAPTAÇÃO - ALUNOS CEEBJA, 2010.
Ao chegar à UTC o lixo orgânico (úmido) segue para a mesa de triagem e,
posteriormente é submetido ao processo de compostagem. Para que esta aconteça,
o lixo biodegradável é misturado com material palhoso ou grama e a cada três dias é
mexido; sua temperatura é monitorada diariamente, uma vez que é necessário
manter a vida dos fungos para que vire adubo orgânico.
A UTC pretende incrementar suas ações implantando uma fábrica de sabão
para aproveitar o azeite das lanchonetes. O produto será vendido, a baixo custo
para a Prefeitura que o distribuirá para escolas, creches e outras instituições do
Município.
Figura 04: LEIRAS DE COMPOSTAGEM Fonte: ALUNOS DO CEEBJA, 2010.
Já o processo de separação do lixo reciclável ocorre em outro setor. Os
materiais recicláveis são separados, enfardados e vendidos para empresas
especializadas em reciclagem.
Figura 05: TRIAGEM Figura 06: VIDROS Fonte: ALUNOS DO CEEBJA, 2010.
Figura 07: PLÁSTICOS Figura 08: METAIS Fonte: ALUNOS DO CEEBJA, 2010.
A sociedade, produtora de resíduos sólidos é também responsável pelo
acondicionamento e destino adequado desse material. A coleta seletiva contribui
para uma paisagem preservada diminuindo os lixões e aumentando a vida útil dos
aterros sanitários. Minimiza os riscos de doenças geradas pelo lixo exposto em céu
aberto, e exclui as possibilidades de contaminação dos lençóis freáticos.
Outra questão relevante a ser considerada, refere-se à geração de emprego
e renda, devolvendo a dignidade a muitos trabalhadores e reduzindo gastos com a
limpeza urbana. Nesse sentido, convém enfatizar a importância do resgate social do
cidadão, tornando-o capaz de atuar em sociedade participando de forma crítica e
reflexiva.
A coleta do lixo compete à Prefeitura, mas evitar o acúmulo de lixo nas ruas
e nos córregos e responsabilidade de todos. Cada um deve fazer a sua parte e,
além de separar e cuidar do lixo deve atuar para a formação de cidadãos
conscientes em busca de melhorias do meio ambiente, transformação da sociedade
e elevação dos índices de qualidade de vida.
O cenário descrito até o momento, propicia um novo evento com o intuito de
identificar no leitor suas atitudes frente ao compromisso com o meio ambiente e
qualidade de vida relacionados a produção de resíduos sólidos e o destino dos
mesmo.
Um teste de preciclagem (preocupação dos consumidores em diminuir a
produção de resíduos sólidos, lixo; é pensar antes de comprar) realizado com trinta
alunos do Ensino Fundamental do CEEBJA sobre os cuidados com o lixo para
reciclagem, demonstrou resultados bastante animadores, mas que podem melhorar
ainda mais frente a novos e constantes investimentos em ações de Educação
Ambiental como, por exemplo, em escolas municipais, estaduais, públicas e
particulares, e outras instituições públicas e privadas.
Veja as questões na íntegra e confira os resultados apurados:
Você pratica a preciclagem no seu cotidiano?
1 - Prefere produtos embalados em papel ao invés de plástico?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( )sempre
2 - Em relação aos produtos de higiene e limpeza prefere os biodegradáveis?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( )sempre
3 - Para fazer compras em feiras costuma levar sacola (cesta) de casa?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( )sempre
4 – Na aquisição de eletrodomésticos demonstra preferência por aparelhos que contenham
o selo Procel (Selo de economia de energia)?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( )sempre
5 - Quando vai ao supermercado observa atentamente as indicações “embalagem
reciclável” dos produtos que compra?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( ) sempre
6 - Na compra de engarrafados, de maneira geral, prefere embalagens de vidro, retornáveis
ou recicláveis?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( )sempre
7 - Não concorda com o excesso de embalagens e por isso prefere produtos embalados na
hora?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( )sempre
8 - Prefere frutas e verduras de produção orgânica cultivadas sem hormônios e agrotóxicos?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( )sempre
9 - Na compra de frios (presunto e queijo) prefere-os sem a famosa bandejinha de isopor?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( )sempre
10 – Seu consumo de suco é preferencialmente o natural, feito na hora?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( )sempre
11 – Dá preferência à compra de produtos reciclados como: plástico,blocos de anotação,
cadernos, envelopes, utilidades de alumínio, ferro ou vidro?
a ( )nunca
b ( )às vezes
c ( )sempre
12 – Você e sua família costumam consertar (ou levar para conserto) utensílios domésticos,
roupas, calçados e brinquedos?
a ( ) nunca
b ( ) às vezes
c ( ) sempre
13 – Suas compras são analisadas em relação às necessidades sem se deixar motivar pela
propaganda?
a ( )nunca
b ( ) às vezes
c ( ) sempre
Obs. Teste adaptado de AMIGOS DA NATUREZA, 2007.
Confira seu desempenho
Respostas com maior número para a letra A
ATENÇÃO!!! Você não está consciente da situação atual ao seu redor. Leia mais sobre o
assunto ‘preciclagem’ e se torne um consumidor responsável.
Respostas com maior número para a letra B
MUITO BOM!!! Você percebe a importância da preservação dos Recursos Naturais
contribuindo com a minimização da quantidade de lixo. Leia mais sobre esse assunto,
pesquisa na Internet e pratique a preciclagem diariamente. Isso fará de voe um cidadão
mais consciente e mais participativo!
Respostas com maior número para a letra C
EXCELENTE!!! Parabéns! Você é um ótimo preciclador! Mostre com seu como é fácil
preciclar e contribuir para a preservação do Meio Ambiente!
Resultados Apurados
VOCÊ PRATICA A PRECICLAGEM NO SEU DIA-A-
DIA?Letra A
20%
Letra B44%
Letra C36%
Fonte: Pesquisa, 2010.
Os resultados obtidos demonstram que, dos 30 (trinta) participantes do
teste, todos eles alunos do CEEBJA, 20% marcaram mais vezes a letra ‘A’, estes
não demonstram grande preocupação com os resíduos produzidos; 44%,
escolheram como opção mais frequente a letra ‘B’ e, portanto, demonstram certa
preocupação com a produção do lixo, estando parcialmente atentos às situações do
cotidiano em relação ao tema; enquanto que 36%, com mais escolhas recaindo
sobre a letra ‘C’, demonstram preocupação e atuam com responsabilidade no dia-a-
dia mostrando-se precicladores ativos.
Passe adiante o que VOCÊ sabe sobre os cuidados com o lixo e a proteção
do meio ambiente. Atitudes como essas demonstram cidadania e prestam um
serviço relevante à natureza, ao meio ambiente, à sociedade e às futuras gerações
deste planeta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se com a realização deste trabalho que, a partir do momento em
que a escola, comprometida com seus educandos e com a sociedade de modo
geral, apresenta os diferentes tipos de texto, neste caso especialmente o gênero
reportagem, para seus alunos e os leva a analisar suas características, estruturas e
conteúdos sob uma visão crítica e ampliada da realidade, os insere num contexto
cuja leitura e produção textual assume sentido significativo para a realidade na qual
estão inseridos.
Conclui-se, portanto, que os objetivos propostos no início deste trabalho
foram alcançados, entre os quais, promover a leitura e a escrita pelos alunos do
CEEBJA, visando seu engajamento social em relação à construção do
conhecimento e fortalecimento de sujeitos agentes em sociedade, que por sua vez,
são considerados responsáveis pela interpretação e produção de processos co-
relacionados ao mundo da escrita e da leitura.
Para tanto os alunos tiveram oportunidades reais de se tornarem produtores
efetivos de texto compreendendo a escrita ora produzida, sua manifestação e
circulação do gênero reportagem; foram incentivados a leitura de revistas e jornais
para manterem-se informados e obter subsídios para a construção de opinião com
base em argumentos retirados da leitura. Foram conduzidos a elaborar uma
metodologia de trabalho com o texto considerando o conhecimento e o contexto dos
alunos abrangidos.buubiturunaceebja.seed.pr.gov.br
Tendo em vista o uso da reportagem como gênero textual para a produção
da escrita, a referida estratégia favoreceu o interesse dos educandos por processos
quotidianos visando o desenvolvimento do conhecimento necessário à produção de
textos com qualidade.
Cada uma das etapas desenvolvidas (apresentação acompanhada de
debate sobre o Projeto Reciclinho; trabalho com o texto, levando em consideração
os níveis de textualidade evidenciando a caracterização dos gêneros textuais; e a
produção textual com base na reflexão epiliguística, com análise dos trabalhos
desenvolvidos em sala de aula, confrontando teoria e prática em relação ao texto
dentro e fora da sala de aula, visando alunos/sujeitos proficientes na prática
linguística e textual) trouxe à tona peculiaridades, dificuldades e facilidades
demonstradas pelos educandos.
As expectativas em relação ao produto final do trabalho, produção da
reportagem, foram contempladas da melhor forma possível, resultando também, no
despertar do interesse dos alunos pela leitura, interpretação e visão critica reflexiva
sobre os conteúdos apresentados.
Entre as opções de continuidade, sugere-se que este trabalho prossiga com
a apresentação e o desenvolvimento de outros tipos de gêneros textuais, na mesma
turma (e em outras), visando a ampliação dos conhecimentos dos alunos e
construção de saberes significativos sabendo empregar de modo proficiente a leitura
e a escrita em sua função social.
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