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De professora primária à militante pró-feminista? História, memória e escrita de si em
Teresina na segunda metade do século XX.
ÂNGELA MARIA MACÊDO DE OLIVEIRA1
Resumo:
Este texto discute as diferenças de gênero e escrita de si em crônicas jornalísticas de autoria
de Iracema Santos Rocha da Silva, na década de 1950 quando foi constante a escrita para o
jornal O Dominical (Crônica Feminina). A partir de um levantamento inicial das crônicas,
percebeu-se que os assuntos enfatizados tratam de questões relacionadas à condição feminina,
à educação na cidade de Teresina e questões políticas. Essas questões revelavam um contexto
social de desigualdade e hierarquia entre os gêneros, uma sociedade que expressava valores
rígidos em relação à condição feminina na vida pública e privada se comparada à condição
masculina. A categoria conceitual utilizada neste texto foi gênero, que discute como são
criadas historicamente as relações sociais entre o masculino e o feminino, que são, portanto
históricas. Assim como também foram importantes as discussões em torno da escrita de si e
da micro-história, estas possibilitam pensar e escrever a História de um ponto de vista não
mais globalizante, mas voltado a trajetórias individuais que possibilitam entender ecos do
movimento feminista na cidade de Teresina a partir da trajetória de vida de Iracema Santos
Rocha da Silva na segunda metade do século XX.
Palavras-chave: Crônicas Jornalísticas. Gênero. Escrita de Si.
INTRODUÇÃO
No ano de 2008, escrevendo minha Dissertação de Mestrado – que teve como
objetivo analisar a família teresinense na década de 1950, tendo como pretexto o discurso
religioso e, neste sentido, o nosso principal objetivo foi inventariar as prescrições católicas em
torno da família e compará-las com o consumo cultural, verifiquei que nas práticas cotidianas
existiram dissonâncias entre a norma imposta e o consumo das prescrições, que era plural –
tive acesso às crônicas escrita por Iracema Santos Rocha da Silva, Professora, Cronista do
Jornal O Dominical, esposa, mãe, dona de casa, estudante da Faculdade de Filosofia - FAFI
(1959). Bacharel em Direito 1973.
Teresina na década de 1950 era uma cidade marcada por conflitos. De um lado, a
forte presença e influência da Igreja Católica nos aspectos sociais, educacionais e culturais, e,
por outro, a intensificação na urbe de novidades modernas, que interferiram diretamente no
consumo cultural da família e nas identidades de gênero. Já à época da escrita da dissertação,
chamou-me atenção como à trajetória de vida da cronista estava visível em algumas de suas
1 Mestre em História pela Universidade Federal do Piauí - UFPI. Professora Assistente I da Universidade
Estadual do Piauí – UESPI Campus Possidônio Queiroz. E-mail: angelamariasoares@hotmail.com
2
crônicas, portanto, demonstrava, em muitas situações, uma escrita auto-referenciada ou escrita
de si.
Atualmente, estou desenvolvendo um projeto de pesquisa que tem como propósito
analisar os ecos do movimento feminista na cidade de Teresina a partir da trajetória de vida de
Iracema Santos Rocha da Silva na segunda metade do século XX, especialmente nas décadas
de 1960 e 1970, nesse período a professora primária tornou-se Licenciada em Filosofia e
Didática Geral pela FAFI, Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Piauí, 1973
Professora Catedrática da Escola Normal Antonino Freire, da Universidade Federal do Piauí,
integrou a Liga Feminina Trabalhista, da Liga Operária, Liga Camponesas e da Frente
Mobilização Popular.
No mês de março do corrente ano recebeu uma indenização do Ministério da
Justiça por atos abusivos sofridos durante prisão em 1964. Foi intensa a sua participação na
esfera pública atuando como professora, jornalista e advogada, hoje aos 88 anos ainda atua na
área jurídica assessorada por filhos e netos bacharéis em Direito. Para o projeto de Pesquisa
que ora desenvolvo, estão sendo utilizadas como fontes às crônicas jornalísticas, nos jornais
Diário do Povo, O Estado, Voz do Piauí e Folha da Manhã, e memórias acessadas através de
entrevistas e de um livro de memórias do seu esposo José Maranhão Ferreira da Silva,
intitulado “Recordar é viver”, mas, escrito por Iracema Silva,
“[...] a dois foi feito este livro. Recebi do José os escritos e rascunhos de suas recordações, e
acrescentei a eles, a sensibilidade da minh’alma. O livro é [...] parcela de suas recordações,
completado de meus dizeres”. (SILVA, 2002:14-15). No entanto, ao lermos o livro de
reminiscências percebemos muitos escritos de si, ‘desabafos’ da ‘alma’ de dona (Iracema)
entrelaçados com o do outro (marido), o que nos remete a escrita de si e o discurso de estética
da existência analisados por Foucault (2012) que afirma que os escritos podem está na ordem
‘dos movimentos interiores da alma’. Até o presente momento não há registro ‘oficiais’ de
suas memórias, no entanto, podemos acessá-las a partir do que foi registrado no livro
“Recordar é viver” e nas entrevistas realizadas,
Iracema Santos Rocha da Silva, Professora, Advogada, Jornalista, foi à primeira
mulher e única que no Estado do Piauí levantou a bandeira ‘O Petróleo é Nosso’ que
propiciou a criação da Petrobrás, assumindo real liderança nas Reformas de Base e
no Movimento Nacionalista que assolou o país em 1950 e, por assim uma mulher
destemida, Iracema foi presa em Teresina, no 25º BC, respondeu Inquérito Militar e
perdeu se emprego de Professora Universitária e Professora Catedrática do Estado
[...] nunca foi comunista, nunca foi subversiva, senão de ideias, mudanças. O seu
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desejo sempre foi uma melhor situação social para o país, mais escolas, mais
emprego, mais honestidade [...] única mulher a combater o golpe militar de 1964,
sendo por esse destemor presa incomunicável no quartel do 25º BC, no dia 08 de
maio de 1964, acusada pelo Ato Institucional de ‘subversiva’ e de ‘atividades
ideológicas comunistas’ [...] foi afastada de seus cargos de professora [...] ficando
proibida de falar suas ideias aos seus muitos jovens alunos [...] como se foram
perniciosos seus ideais de um mundo melhor, com a plena participação da mulher.
(SILVA, 2002:110-111)
Até o presente o momento as suas memórias ainda não foram publicadas, quando
estudamos o golpe civil militar na América Latina ainda é comum percebemos uma
historiografia que retrate mais memórias masculinizadas quando o tema é tortura na prisão se
compararmos com as memórias femininas.
Existem muitos silêncios quanto às narrativas femininas pós-ditatoriais. (PEDRO;
WOLFF, 2010). A historiadora Margareth Rago no livro “A aventura de contar-se:
feminismos, escrita de si e invenções de subjetividade” afirma que por ocasião da
educação desigual e hierárquica em entre os gêneros as mulheres foram
subjetivadas a cuidar do outro, sejam: filhos e marido, e, portanto, esqueceram-se de si ao
“tendo sido educadas para a maternidade, para serem missionárias, enfermeiras ou professoras
[...] foram convidadas a esquecerem de si mesmas, a renunciar ao exame da própria
existência, foram estimuladas a cuidar do outro em primeiro lugar” (RAGO, 2013: 64)
A ESCRITA DA HISTÓRIA A PARTIR DO SINGULAR
Tempos de ditadura militar
Desde o final dos anos 50, com a ampliação da oferta em nível superior e,
especialmente, a partir dos anos sessenta em Teresina,
[...] houve um impacto causado pelo ingresso de novas instituições universitárias,
basta citar que estavam inscritos para os vestibulares de 1964 nada menos de 49
candidatos para Direito, 35 para Odontologia e 100 para Filosofia [...] eram
frequentes os encontros e debates. Publicavam-se jornais. Pipocavam grêmios
estudantis, associações de moradores de bairros, sindicatos, etc [...] muitos
intelectuais engajavam na luta pela conscientização política [...] proferiam palestras
(BARROS, 2006:151-152).
Em março de 1964, irrompia o golpe civil-militar, o qual os militares justificavam
como tendo ocorrido para salvar a pátria dos comunistas. Os intelectuais, professores e
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estudantes que promoviam discussões no âmbito social eram intitulados de comunistas e/ou
subversivos, sendo encaminhados ao Comando da Guarnição Federal, que funcionava à Rua
Teodoro Pacheco em Teresina ou encaminhado ao 25º Batalhão de Caçadores – conhecido
por 25 BC. Em maio de 1964, em “plena comemoração do dia consagrado às mães, era
levada também à prisão a combativa professora Iracema Santos Rocha da Silva, que fora
candidata à prefeita de Teresina em 1962, pelo PTB” (BARROS, 2006:190).
Percebemos então a intensidade da participação política da professora e cronista
Iracema Santos Rocha da Silva. O que configurava uma dupla transgressão, primeiro se
candidatar à um cargo eletivo nas eleições municipais, tradicionalmente o lugar da política era
masculina, mesmo não ganhando as eleições participara do pleito, isso é significativo, pois
fugia as normas tradicionais prescritas para o gênero feminino: ser rainha do lar, cuidar dos
filhos e marido. Segundo transgressão: a sua participação nos movimentos sociais - seja na
Frente de Mobilização Popular, presidente da Liga Feminina no partido Trabalhista Brasileiro,
que após um discurso inflamado na Rádio Clube contra o Governador Petrônio Portella e a
favor dos militares. Ela também organizou a Passeata da Fome juntamente com familiares
dos militares, estes haviam se rebelado por aumento de salários, o Governador então solicitou
ajuda ao Exército, e depois de uma semana controlou os revoltosos que estavam sitiados no
quartel. Transferindo oficiais envolvidos no movimento é nesse período que a professora
Iracema Santos Rocha da Silva, foi presa acusada de práticas de subversão,
[...] apontada como subversiva, acabei sendo presa no quartel do 25º BC, na véspera
do dia das mães, nem me despedi dos meus filhos, fui levada em um jipe, por três
soldados cada um portando uma baioneta. Ali, eu fui muito humilhada, torturada
moralmente, incomunicável. Ficava sentada em um tamborete na prisão do Quartel
do 25 BC, interrogada pelo capitão Clidenor Carvalho e pelo Major Idalécio
Wanderley, da Guarnição Federal, perante a Comissão de Execução de Atos
Institucionais do Estado do Piauí. O interrogatório era somente à noite, nas
madrugadas, eu ficava assobrada sem saber o que iria acontecer. Teve um coronel
que me disse “ao invés da senhora estar em sua casa cuidando dos filhos e do
marido, está na política”. E eu respondi que toda pessoa tem duas vidas, a íntima,
de sua casa; e a social, que ao invés de estar nas festas da sociedade, eu estava na
política, mas, nunca abandonei meus filhos e minha casa [...] o primeiro ato que
fizeram foi me retirar da Escola Normal Antonino Freire, através de Ato do
Governador Petrônio Portela Nunes, por força da Revolução, sendo colocada em
disponibilidade. Tiraram-me o direito da cátedra, na escola Normal Antonino Freire,
perdi o cargo de Professora, proibida de falar com meus jovens alunos, eu era
“perigosa”, comunista e “subversiva. (SILVA, 2008:11)
Portanto a participação da professora e jornalista Iracema Silva no espaço público
era intensa, caracterizava-se como uma militante pró-feminina que não questionava a
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identidade de gênero tradicional prescrita ao feminino, no entanto, era um feminismo que
tinha como pauta o alargamento das atuações sociais e políticas femininas no espaço público.
Tempos de noivado e casamento. E a realização profissional?
Em meados do século XX o noivado tinha como regra básica a rapidez, pois um
noivado longo “maculava” a reputação da moça. Portanto, os pais, e a própria sociedade
pressionavam para que os casamentos ocorressem o mais rápido possível. Para alguns, havia
prazo estipulado de “seis meses.”
Segundo Celso Barros Coelho (2008), o noivado não poderia demorar muito
tempo, e, por isso, os pais da noiva entravam logo em ação: cobravam e estipulavam datas
para a organização do casamento. Diz, então, Coelho (2008): “meu sogro deu prazo de seis
meses para o casamento”. Os pais agiam dessa forma, em sinal de prudência, “prevenção”.
Essa informação é confirmada por Iracema Santos Rocha da Silva, quando afirma:
Meu pai não deixava as filhas ficarem noivas muito tempo, fui noivando e casando
logo. Eu o conheci em abril em 1947, em novembro de 1947 nos casamos. Meu pai
tinha certas prevenções, em não deixar as filhas ficarem noivas muito tempo
(SILVA, 2008: 3).
Nos pedidos de noivado era comum o pai do noivo fazer o pedido para o pai da
noiva. No noivado de dona Iracema Santos Rocha da Silva com José Maranhão da Silva,
como os pais do noivo não estavam presentes, ele mesmo fez o pedido ao seu futuro sogro.
Este, antes de conceder a permissão, perguntou à filha Iracema, se era realmente o que ela
queria, advertindo de que, mesmo que ela aceitasse, ele, seu pai, faria uma investigação da
vida de José Maranhão. Como este era caixeiro viajante, poucos o conheciam.
O ideal de realização feminina nos anos dourados2 era o casamento. Segundo
Bassanezi (2000), a identidade feminina era pensada a partir da maternidade, casamento e
dedicação ao lar, o que refletia o paradigma rainha do lar. Segundo Iracema Silva o ideal
social para as mulheres naquele período era que elas não cometessem excessos: não deviam
nem ser rainhas de seus lares em tempo integral e nem serem modernas em tempo integral;
era preciso dosar, conciliando as tarefas fora e dentro do lar. Desse modo, as mulheres deviam
2 Os anos cinquenta do século XX foram rotulados no Ocidente como Anos Dourados, em face das
manifestações artísticas e culturais do período e da fase de prosperidade da economia norte-americana e
europeia, impulsionando de forma consistente toda a economia mundial. Ver a obra de (HOBSBAWN, 2001)
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viver não somente em função do marido, dos filhos, deveriam também pensar em seu bem-
estar, seja através de sua realização profissional, seja estudando, procurando meios de tornar
aquelas ações possíveis. Portanto, é preciso dispor de tempo para se dedicarem a sua ‘higiene
mental’, ou seja, lendo, tendo acesso a diferentes conhecimentos, outrora, não acessíveis ao
feminino. As mulheres deviam pensar, por exemplo, na sua realização profissional, “idealizar
um futuro bonançoso”:
Os extremos são perigosos [...] existem mulheres [que] se entregam aos extremos [...]
muitas compreendem a vida como um deslizar macio de prazer a outro. Festas,
passeios, compras. Entregam às empregadas os filhos [...] beijam os filhos
preocupadas com a hora da manicure, com o novo penteado que vão usar, ou com o
modelo balão ou saco [...] esquecem uma boa leitura com os filhos e o marido [...]
outras, na extremidade oposta, apegem-se (sic) em demasia aos trabalhos caseiros que
sugam, desvitalizam e escravizam a mulher. Esquecem-se das pequenas pausas,
repousos [...] da higiene mental necessária ao impacto árduo da vida [...] não tem
tempo de sonhar, um pouco, idealizar um futuro bonançoso, salutar pelo efeito da
esperança nas almas cansadas [...]. (SILVA, 1959:.4)
Dona Iracema Santos Rocha da Silva escrevia constantemente para a coluna
Crônica Feminina, pertencente ao semanário O Dominical, mesmo que de maneira
contraditória3, se levamos em conta as crônicas analisadas na década de 1950. No final desta
década, ela iniciava o curso de Filosofia na Faculdade de Filosofia - FAFI, no entanto, em
entrevista deixa claro que sua vontade inicial desde a adolescência era o curso de Direito, mas
que não foi possível que ela o fizesse em virtude de conjunturas sociais que demonstravam a
desigualdade de gênero em todos os aspectos sociais, seja educacional, moral. Eram tempos
em que o desejo pessoal feminino deveria ser suprimido, face aos sacrifícios do lar, revestidos
em submissão feminina, juridicamente legitimada pelo Código Civil de 1916, que exigia que
a mulher casada tivesse autorização do marido para trabalhar ou estudar. Então, ela diz:
Quando eu me formei em dezembro de 1946, então eu disse para meu pai: “agora
deixa eu fazer Direito”, um pedido, uma súplica. Acontece que logo, no ano
seguinte, eu já estava namorando, noivando, e em menos de um ano eu casei. Foi
3 Percebemos ideias contraditórias nas diferentes crônicas que escreveu na década de 1950, o que nos fez
analisar que entre 1957 e 1959 sua vida tomou rumos e guinadas diferentes que transformaram sua vida, como a
maneira de se pensar enquanto mulher num período regido por convenções sociais e também rupturas nas
transformações sociais que ocorriam. A ruptura em suas crônicas foi percebida a partir de sua entrada na
Faculdade de Filosofia, uma vez que as crônicas escritas antes de sua entrada e participação nas atividades
politico-acadêmicas do ensino superior têm uma perspectiva, e, após suas “novas leituras, conhecimentos”,
passaram a ter novas abordagens e muitas vezes a contradição prevaleceu no que se refere à condição feminina.
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muito rápido. Depois de casada, eu pedi para meu marido, “deixa eu fazer Direito” ,
ele disse “Para quê? você já tem o curso de Filosofia!”, ou seja, com uma insinuação
de dizer não, sem dizer não, ele disse “vai estudar Didática”, [...] os tempos eram
outros, eu pedia “me deixa fazer”, porque eu não faria sem a concordância dele, pois
bem, para você perceber como naquele tempo, mulher era bem diferente. (SILVA,
2008:4)
Verifica-se, assim, que as obrigações de uma dona-de-casa, mãe, esposa e
professora não a impediam de sonhar, como demonstrado anteriormente pela crônica “Nada
de excessos”, na qual ela chamava a atenção das leituras que se deve fazer entre os afazeres
domésticos. Assim, era preciso tempo, pausas para sonhar com um futuro melhor, talvez
estudando o que lhes conviesse então era preciso que não esquecessem, como ela indica no
trecho a seguir; “[...] pequenas pausas, repousos [...] da higiene mental necessária ao impacto
árduo da vida [...] não tem tempo de sonhar, um pouco, idealizar um futuro bonançoso, salutar
pelo efeito da esperança” (SILVA, 1959:4). Portanto, percebe-se nesta crônica jornalística
uma escrita auto-referencial ou escrita de si, haja vista que sua trajetória de vida confirma que
era preciso sonhar, querer ir além dos papeis de gênero prescrito na década de 1950 para a
identidade de mães, esposa e dona-de-casa. No entanto, seu desejo era tornar-se advogada.
Assim, ao escrever para outras senhoras teresinenses, também “desabafava”, aconselhava e,
ao tratar de assuntos da vida privada, de afazeres domésticos, também escrevia sobre sua vida
e a vida de outros.
No caso de Dona Iracema Silva, a escolha de dedicar-se integralmente à criação
dos filhos e ao marido levaram os planos profissionais para o segundo plano, mas não os
cancelaram (PASSERINI, 1996). Em 1969, com os filhos já adolescentes, estudando fora, ela
passou no exame vestibular da Faculdade de Direito – FADI,
Então essa luta minha para estudar Direito foi árdua. Anos depois de casada, eu
disse para meu marido “me deixa fazer Direito, as crianças já cresceram”, mas, só
bem depois de anos de casada, consegui fazer o vestibular de Direito. Aliás, minhas
filhas já iam fazer vestibular em Fortaleza [pois] elas queriam estudar Agronomia
[...] antes de concluir o curso de Direito, não é que eu não me sentisse feliz, na
realidade, eu não me sentia realizada (SILVA, 2008:4)
.
Como apontado antes, perceberam-se contradições nas crônicas escritas para o
Jornal O Dominical. Na crônica “Para ti” Dona Iracema Silva aconselhava as mulheres a
‘aceitarem’ sua condição sem revolta face à ‘desigualdade das sortes’:
“É preciso coragem para calafetar as brechas da tua alma [...] se, porém, amiga, tens o
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coração angustiado e a alma sufocada [...] contém-te um pouco que sentirás tua alma sacudida
por um canto suave que se chama resignação” (SILVA, 1958, p.4).
Algumas crônicas por ser escritas para o jornal O Dominical – um noticiário
pertencente à Diocese Católica – deveriam tratar de assuntos domésticos que não fossem em
desacordo com a orientação católica, que pretendia uma rigidez e desigualdade na divisão dos
papeis tradicionais de gênero na família.
A desigualdade de gênero poderia ainda ser percebida nas sobrecargas das
responsabilidades femininas, especialmente a esposa, que era quem ‘moldava, ‘construía’ o
homem. A carga ou peso que colocaram em seus ombros exigia esforços de uma super-
mulher. Essa cobrança, porém, não ocorria com o homem, pois o cuidado do mundo a sua
volta não era atribuído ao masculino, como se fazia em relação a ‘grei feminina’,
nunca será demais repetir que a mulher é a responsável pelo mundo que se forma, a
mulher é inspiradora e conselheira do homem, sua formadora e seu refúgio, exemplo
e incentivo, todo papel que o homem desempenhar, será resultado da ação da
Mulher. (SILVA, 1958, p.3)
Era preciso adequar e instruir a mulher moderna quanto aos papéis de gênero
tradicionais que alguns discursos na sociedade esperavam que fossem dominantes.
Ainda que as mulheres trabalhassem fora de casa e/ou estudassem, isso não lhes
dispensava das obrigações domésticas e dos cuidados com a educação dos filhos. Mesmo que
tivesse em casa a ajuda de empregadas domésticas, a ‘boa esposa’ não deveria descuidar
dessas tarefas, acompanhando sempre de perto tudo o que aconteciam em seu lar. Era preciso
conciliar as tarefas domésticas com o trabalho fora de casa, ser uma ‘super-mulher’ e, para
conseguir essa conciliação, era preciso seguir um rigoroso cronograma de atividades.
Esta semana quase esqueci tua crônica dominical, amiga [...] um esquecimento
punjante (sic) de preocupações [em] meu retalho cotidiano de afazeres [...] coisas
domésticas, em trabalhos de fogão, em lides de fraldas de crianças, em costuras ou
preocupações de mercado [...] na afadiga das compras de todos os dias e, ao
determinar à cozinheira o ‘menu’ modesto do meio-dia, volto-me à organização do
pandemônio do quarto das crianças [...] e da casa. Ainda tenho como coisa exclusiva
para donas de casa, os remendos das roupas rasgadas e as confecções que todas elas
são feitas por mim. E as aulas que tenho a dar em dois estabelecimentos escolares e
que preciso organizar mentalmente, para que melhor sejam apreendidas pelos
alunos? Largo tudo e corro aos livros! Mas, os clássicos ponteiros do relógio correm
imperturbáveis, e vejo que é hora de sair para as aulas. Qual o trabalho seguinte da
lista? [...] E o caçula já saberá a lição? E o ponto da Sociologia que preciso estudar
para minha prova parcial na Faculdade, como apreender sem perder tempo? ‘As
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cartas do Pequeno Príncipe’ em que estou interessada, como prolongar mais 20
minutos diários de sua leitura? Se a lavadeira não trouxer a roupa hoje, tenho de
roubar alguns minutos espalhados para passar a ferro algumas peças [...] (SILVA,
1959, p.6).
Como enfatiza a crônica, esperava-se que as mulheres casadas, antes de se
dedicarem ao trabalho fora do lar ou de seus estudos, fossem boas esposas, mães e donas-de-
casa perfeitas. Mesmo com a sobrecarga de responsabilidades femininas, alguns discursos do
período em estudo adjetivavam a mulher de sexo ‘frágil’, em oposição ao sexo forte, o
homem, do qual era cobrado somente prover a família, responsabilidade meramente
econômica, e nada mais.
Tempos de Faculdade de Filosofia – FAFI
Com o surgimento da Faculdade de Filosofia – FAFI em 1957, é possível
identificar mudanças nas possibilidades de acesso ao ensino superior na cidade de Teresina
uma vez que antes do final dos anos 1950 existia na cidade apenas a Faculdade de Direito –
FADI, criada em 1931. Outro indicativo de mudança era percebido no horário adotado para
o funcionamento das aulas: no turno da noite. Estudar à noite constituía uma liberdade
muito grande na cidade de Teresina, como afirmar Irlane Gonçalves de Abreu “o
meu balanço daqueles tempos ‘fafianos’ me leva a constatar uma afirmação da liberdade
feminina que a vida acadêmica só reforçou, estudando à noite e participando de atividades
acadêmicas” (ABREU, 1996: 60), como por exemplo, da I Semana Universitária do Piauí,
realizada em outubro de 1959, organizada pelos Diretórios Acadêmicos da FADI e FAFI.
A aluna de Filosofia, Iracema Santos Rocha da Silva, fez a abertura do evento
com a palestra sobre os “Problemas Universitários” (SILVA, 1959:6), na qual ressaltou as
questões e problemas pelos quais passava o ensino superior no Brasil e, especialmente no
Piauí, como é o caso da falta de bibliotecas. Encontros como o mencionando constituíam
espaço oportuno para os estudantes debaterem e discutirem o ensino, as políticas estudantis e
as políticas sociais.
Gradualmente, as mulheres estavam ocupando as mais diversas áreas
profissionais, desde o magistério, à área da saúde, do direito, da administração pública,
conforme nos demonstra a crônica a seguir:
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A mulher no serviço público [...] a mulher entrou fundo na nossa burocracia, a ponto
de não haver hoje neste país uma só repartição que não tenha o perfume das rosas
concorrentes. Nos escritórios, no comércio, por toda parte ocorre a mesma coisa.
Sou, entretanto, daquela época em que erroneamente chamado sexo frágil, vivia em
casa, nos seus trabalhos domésticos, cuidando dos filhos e tratando de aparelhar-se
para o casamento e para cumprir o preceito bíblico. Hoje a mulher vive na rua, como
os homens, trabalhando, lutando, pendurada nos ônibus e nos trens sem o menor
constrangimento. Assistir essa evolução, diria melhor, essa transformação [...]
(SOBRE as mulheres, 1959: 5).
A luta feminina pelo fim da desigualdade dos gêneros, no período em estudo, é
retratada também numa crônica da professora Iracema Silva, na qual ela fazia uma denúncia
sobre o resultado da banca para provimento da cátedra em Sociologia Educacional na Escola
Normal Antonino Freire, a qual, segundo ela, aprovou um candidato não por competência,
mas por tradição e proteção do poder masculino.
No referido concurso, Dona Iracema Silva – que no período exercia a profissão de
professora normalista e de jornalista era também aluna de Filosofia e professora em artes
femininas: economia doméstica, culinária, corte e costura, puericultura; como também de
Didática, e possuía registro de professora de História Geral concedido pela Campanha de
Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (CADES) – concorreu com professor
Wilson de Andrade Brandão, que era bacharel em Direito, professor catedrático de Direito
Civil da Faculdade de Direito, professor catedrático do Colégio Estadual do Piauí, professor
de Francês da Faculdade de Filosofia.
Veja, a seguir, duas citações que confirmam o que foi afirmado nos dois últimos
parágrafos. A primeira foi retirada da crônica mencionada no primeiro dos dois parágrafos; já
segunda foi extraída de uma entrevista concedida por Dona Iracema Silva:
[...] colocou-se em primeiro lugar o Dr. Wilson [...], porém não compreendi porque
o examinador [...] dissera antevisando o seu julgamento, que por melhor que eu me
saísse no concurso, não poderia preterir o Dr. Wilson, para o segundo lugar, pois
seus inúmeros títulos e antiguidade no magistério faziam-no merecedor do lugar, por
tradição [...] o concurso de Sociologia Educacional que fiz era por concurso de
títulos e tradição ou de competência de matéria? (SILVA, 1959: 2)
[...] na prova escrita, eu e o professor Wilson tiramos a mesma nota, na prova de
títulos ele ganhou de mim “eu só era uma professorinha primária” e ele, autoridade
de renome. Mas, na prova prática, a gente tinha que dar 40 minutos de aula e como
eu já estava acostumada de dar aulas, eu gostei muito. Mas, quando o professor
Wilson foi ministrar a aula, e acabara sobrando minutos, e a banca disse, “o senhor
ainda tem 20 minutos” [...] isso mostrava que a minha nota deveria ser melhor que a
dele [...] o meu irmão já sabia que eu iria perder. O professor Camilo Filho, que era
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o examinador no concurso disse para meu irmão, que infelizmente tinha que dar nota
menor para mim, em relação ao professor Wilson Brandão. (SILVA, 2008)
Embora o modelo de identidade feminina relacionada ao de rainha do lar fosse o
mais divulgado durante a década de 1950, ele não era o único, pois havia mulheres na classe
média trabalhando, estudando, conciliando os papéis de mãe e esposa, sendo auxiliadas no
trabalho domésticos por empregadas.
Logo, foi através do esforço, da determinação em quebrar as desigualdades de
gênero, que muitas mulheres, que não aceitaram as agruras de seu tempo, tentaram mudar o
curso de suas histórias, escrevendo para denunciar as desigualdades de gênero. Elas, também,
trabalharam fora do lar e foi através do seu trabalho que as mulheres começaram a libertar-se
do jugo e da dominação masculina, e, a partir daí, as diferenças de gênero começaram a
diminuir na sociedade, pois, conquistando espaço e participando igualmente do mercado de
trabalho, as mulheres, mesmo na década de 1950, puderam exercer qualquer profissão: jurista,
médica, professora, dentista, advogada, funcionária pública, secretária, enfermeiras e outras
que desejassem.
Tempos de Infância
Iracema Santos Rocha da Silva nasceu em 1927, na cidade de Floriano. Em 1932,
por falta de escolas na cidade, toda a família migrou de Floriano para a cidade de Teresina,
em razão de seu irmão mais velho, Antônio Santos Rocha, precisar prosseguir seus estudos.
Em 1935, Iracema, então com 7 anos, iniciava o primário no Colégio das Irmãs, na
modalidade de externato, onde permaneceu até concluir o Curso Normal, aos 19 anos, em
dezembro de 1946.
A preocupação do pai com o aprendizado das meninas não era o mesmo, se
comparado aos meninos, pois não havia o mesmo empenho, por parte do pai, em conceder
auxílios financeiros às filhas. Quando entrevistamos Dona Iracema Silva e indagamos sobre
as diferenças nos investimentos em educação que os pais concederam a ela, quando
comparados aos investimentos feitos em relação aos seus irmãos, ela afirmou:
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Havia sim, diferença na educação; a dos meninos era muito liberal, substancial, a
das meninas, não! aprendiam no máximo a ler e escrever, só estudavam o primário.
Para se tornar professora, era o máximo, estava realizada. Eu estudei durante toda
minha infância somente no Colégio das Irmãs, foi lá que eu aprendi as primeiras
letras. Há setenta anos, mais de meio século, mulher não estudava em Teresina, eu
não queria ser só professora não, eu queria ser advogada. Meu pai embora um
homem culto, adiantado e progressista, não quis que eu estudasse no ginásio porque
tinha homens. Ele dizia que não proibia, mas proibia. Para você ver como era a
atitude, então ele me colocou no Colégio das Irmãs, para estudar o curso normal, e,
me tornar professora (SILVA, 2008:2).
Analisarmos na Dissertação de Mestrado algumas trajetórias educacionais infantis
e constatamos que as mulheres se concentravam no ensino normal, este de caráter
profissional, considerado o modelo de educação feminina, assim como também era o
paradigma ‘ideal’ dos investimentos familiares, percebidos nas trajetórias da entrevistada. Ser
professora significava dar continuidade à ideia de natureza feminina: as meninas se tornavam
maternais e delicadas, o curso as preparava para a missão de tornarem-se professoras e
ou/mães.
Assim a escola, ao separar meninos e meninas, produziu diferenças, distinções,
desigualdades, mecanismos de classificações, hierarquias (LOURO, 2004). A educação
diferenciada destinada aos jovens constituía-se uma estratégia católica, para garantir a
binariedade ou hierárquica rígida entre os papéis sexuais na constituição da família: o homem
provedor da família ou o ‘cabeça’ da casa, e a mulher rainha do lar.
Desse modo, escola para as meninas deveriam funcionar como uma extensão de
sua missão no lar através do cuidado com crianças, e também da casa, para isso nas escolas
confessionais contavam com as disciplinas de higiene ou puericultura para lhes ensinar o que
deveria saber uma rainha do lar. Eram ensinados, ainda, trabalhos manuais com agulhas, para
aumentar mais o rol das prendas femininas. Enquanto isso, os homens estavam presentes nos
cursos científicos, de caráter propedêutico, com a preparação para o vestibular, o que
facilitava o acesso aos cursos superiores
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os escritos de Iracema Silva demonstram que as construções de suas identidades
não são harmônicas, únicas, mas são plurais: Professora, Cronista do Jornal O Dominical,
esposa, mãe, dona de casa, estudante da FAFI (1959), estudante da FADI (1969), ativista
13
política, o que confirma o que a historiadora Ângela de Castro Gomes afirma sobre a
produção da escrita de si, quando diz que
O “eu” do indivíduo moderno não é contínuo e harmônico que as práticas culturais
de produção de si se tornam possíveis e desejáveis, pois são elas que atendem à
demanda de uma certa estabilidade e permanência através do tempo. A ilusão
biográfica, vale dizer, a ilusão da linearidade e coerência do indivíduo, expressa por
seu nome e por uma lógica retrospectiva de fabricação de sua vida, confrontando-se
e convivendo com a fragmentação e a incompletude de suas experiências, pode ser
entendida como uma operação intrínseca à tensão do individualismo moderno. Um
indivíduo simultaneamente uno e múltiplo e que, por sua fragmentação, experimenta
temporalidades diversas em sentido diacrônico e sincrônico. As práticas de escrita
de si podem evidenciar como uma trajetória individual tem um percurso que se
altera ao longo do tempo. Também pode mostrar como o mesmo período de vida de
uma pessoa pode ser decomposto em ritmos diversos: um tempo da casa, um tempo
do trabalho. E esse indivíduo, que postula uma identidade para si e busca registrar
sua vida, não é mais o “grande” homem, isto é, o homem público, o herói, a quem se
autorizava deixar sua memória pela excepcionalidade de seus feitos. Na medida em
que a sociedade moderna passou a reconhecer o valor de todo indivíduo e que
disponibilizou instrumentos que permitem o registro de sua identidade, como é o
caso da difusão do saber ler, escrever, fotografar, abriu espaço para a legitimidade
do desejo de registro do homem “anônimo”, do indivíduo comum, cuja vida é
composta por acontecimentos cotidianos, mas não menos fundamentais a partir da
ótica da produção de si. (GOMES, 2004:13)
Como propõem Gomes (2004) e Bourdieu (1996), nas crônicas jornalísticas de
Iracema Silva analisadas sob a perspectiva da escrita de si, enquanto práticas culturais não
existem uma materialização de uma identidade feminina percebida enquanto “um eu”
homogêneo, coerente e contínuo. Pelo contrário, o que existe é fluidez, multiplicidades,
incoerência, fragmentação. E desta maneira me proponho a analisar a história do feminismo
no período de 1960 a 1970 na cidade de Teresina a partir da trajetória de Iracema Santos
Rocha da Silva.
Por muito tempo a escrita da história estava direcionada às memórias dos
“grandes homens” (seja político, militar, religioso, gênero masculino) e das elites reservadas
ao espaço público. A metodologia proposta pela micro-história por sua vez, possibilita novas
práticas de dar visibilidades às pessoas comuns e que também fazem parte da História.
Assim, segundo Lima (2006), podemos escrever História a partir de trajetórias individuais ou
de grupo, as quais constituem também como agentes históricos individuais.
De acordo com Giovanni Levi (1992) a micro-história é um novo procedimento
de trabalho do historiador que surge a década de 1970, caracterizada por uma crise no modo
de fazer História ancorado nos paradigmas marxistas e funcionalistas. Surge, então, como
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uma das respostas possíveis àquela crise, o método ou a prática da micro-história e que está
baseada:
[...] na redução da escala da observação, eu uma análise microscópica [sair dos]
problemas de descrever vastas estruturas sociais complexas, sem perder a visão da
escala do espaço social de cada indivíduo [...] a redução da escala é um
procedimento analítico, que pode ser aplicado em qualquer lugar, independente das
dimensões do objeto analisado. (LEVI, 1992: 136-7)
Com isso, Levi chama a atenção dos historiadores para o fato de que, ao analisar
qualquer sociedade, é preciso estar atento ao conceito de escala, não apenas no aspecto macro
(como estavam embasados os estudos historiográficos), mas é preciso considerar também o
micro, analisando a interação entre indivíduo e sociedade.
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