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Demografia e Sociedade:uma questão complexa

Maria Luís Rocha Pinto e Maria Cristina Sousa Gomes Universidade de Aveiro Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas Unidade de Investigação GOVCOPP

As transformações na dinâmica da população transformam a abordagem Demográfica

Abordagem da Demografia complexificou-se

Jacques Valin salienta que de uma realidade assente em 3 variáveis (fecundidade/natalidade, mortalidade e migrações) que evoluíam no tempo e no espaço com a cultura, economia e a política, mas assentes em princípios quase imutáveis se caminhou para algo complexo, inquieto e agitado, que desencadeia percepções e respostas mais rápidas e imediatas por parte dos indivíduos, nos seus comportamentos e exige à Demografia uma visão cada vez mais abrangente e complexa.

2

• O papel do Demógrafo não é o do julgamento moral ou político das transformações.

• Cabe-lhe uma função, cada vez mais complexa, de analisar, avaliar e compreender a evolução e prospectivar as consequências.

• Poder-se-á evitar o declínio?

• Procurar evitar o declínio da população é uma questão eminentemente política.

• Questionar o declínio – é a base de partida da reflexão científica

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Transformações demográficas

• Análise das novas dinâmicas demográficas.

• Emergência de novas problemáticas demográficas.

• Percepção e enquadramento da transformação, nos contextos em que ocorrem.

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Impactos /desafios das transformações demográficas

Várias dimensões

• Sociais

• Económicas

• Políticas

• Culturais

Várias repercussões

• Crescimento económico

• Mercado de trabalho

• Consumo

• Solidariedade intergeracional

• Despesas sociais nomeadamente: saúde ou educação

Emergên

cia no

vas qu

estões

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Distribuição proporcional da população mundial por regiões (%)

http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ITY_OFFPUB/KS-CD-10-220/EN/KS-CD-10-220-EN.PDF

6

Evolução Populacional

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Esperança de vida à nascença em 2007

8

Esperança de vida à nascença

Demography Report 2010: More, older and more diverse Europeans :http://ec.europa.eu/social/BlobServlet?docId=6688&langId=en 9

Esperança de vida aos 65anos em 2007

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Crescimento Natural da população entre 1998 e 2009 (por 1000 habitantes)

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

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12

1998 2009

http://epp.eurostat.ec.europa.eu

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Taxa de migração líquida (ajustada) por 1 000 pessoas

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

1990

2009

http://epp.eurostat.ec.europa.eu

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Proporção de jovens -15 anos (%)

14

14,5

15

15,5

16

16,5

17

17,5

18

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

European Union (27 countries) Portugal

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Proporção de 65 e mais anos

14

14,5

15

15,5

16

16,5

17

17,5

18

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

European Union (27 countries) Portugal

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Idade média ao nascimento

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Descendência média

Demography Report 2010: More, older and more diverse Europeans :http://ec.europa.eu/social/BlobServlet?docId=6688&langId=en 16

0,00

0,50

1,00

1,50

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1

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09

Títu

lo d

o E

ixo

Descendência Média 1971 -2009

1.32

2.99

INE: Bases de dados 2011

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Número total de nascimentos por ordem de nascimento 1995 e 2009

56869

34716

9712

3104 2770

53388

34775

8408

2096 731

0,0

10000,0

20000,0

30000,0

40000,0

50000,0

60000,0

1ª ordem 2ª ordem 3ª ordem 4ª ordem 5ª e + 1ª ordem 2ª ordem 3ª ordem 4ª ordem 5ª e +

1995 2009

% de nascimentos por ordem de nascimento 1995 e 2009

53,1

32,4

9,1

2,9 2,6

53,6

34,9

8,4

2,1 0,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

1ª ordem 2ª ordem 3ª ordem 4ª ordem 5ª e + 1ª ordem 2ª ordem 3ª ordem 4ª ordem 5ª e +

1995 2009

Fonte: INE – bases de dados 18

Demography Report 2010: More, older and more diverse Europeans :http://ec.europa.eu/social/BlobServlet?docId=6688&langId=en

Valores para Portugal –taxas de emprego feminino e os apoios à parentalidade

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Valores para Portugal Envelhecimento e mercado de trabalhoAs avós e o mercado de trabalho!

Demography Report 2010: More, older and more diverse Europeans :http://ec.europa.eu/social/BlobServlet?docId=6688&langId=en

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Valores para Portugal

Produtividade, Educação e I&D

Demography Report 2010: More, older and more diverse Europeans :http://ec.europa.eu/social/BlobServlet?docId=6688&langId=en

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Em síntese em 2009

• Emprego feminino (20-64 anos) é superior em Portugal (66.1%) ao da EU (62.5%);

• Emprego de mulheres (25-54 anos) com pelo menos um filho é superior em Portugal (75.2%) ao da UE (68.2%);

• Emprego feminino em part-time é inferior em Portugal (15.2%) relativamente à UE (31.4%);

• Nº médio de horas de trabalho semanal é superior em Portugal (36h) relativamente à UE- (33h);

• Apoio social a crianças (0-2 anos) é superior em Portugal (33.0%) relativamente ao da EU (28.0%);

• Apoio social a crianças (dos 3 anos até escolaridade obrigatória) é inferior em Portugal (78%) relativamente à EU (83%);

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• As mulheres portuguesas abandonam o mercado de trabalho, em média, mais tarde (62.3 anos) que as da UE (60.8 anos);

• Emprego feminino aos 65-69 em Portugal é mais elevado (21.8% ) que na UE (7.4%);

• Emprego feminino aos 60-64 em Portugal é mais elevado (33.8% ) que na UE (22.8%);

• Emprego feminino aos 55-64 em Portugal é mais elevado (42.7.8% ) que na UE (37.8%);

• Abandono feminino precoce do ensino/formação (18-24 anos) é mais intenso em Portugal (26.1%) que na UE (12.5%);

• A percentagem de mulheres, entre os 30 e 34 anos com nível de formação superior é menor em Portugal (24.8%) que na UE (35.7%)

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Número de filhos desejados pelas Mulheres, segundo o grupo etário

INE -Inquérito à Fecundidade e Família (1997)

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Motivos possíveis para não querer mais filhos

• Custo das crianças (principalmente quando crescem)

• Dificuldades para a mulher conseguir emprego

• Dificuldades na gravidez, parto e cuidados infantis

• Ter menos tempo para outras coisas na vida

• Educar uma criança traz muitos problemas e complicações

• A casa não permite ter uma família maior

• Problemas de saúde

• Idade inadequada

• Dificuldades na conciliação família-trabalho

INE -Inquérito à Fecundidade e família (1997)

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Childbearing Preferences and Family Issues in Europe 2006

Special Eurobarometer 253 / Wave 65.1 – TNS Opinion & Social

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Childbearing Preferences and Family Issues in Europe

Special Eurobarometer 253 / Wave 65.1 – TNS Opinion & Social

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Childbearing Preferences and Family Issues in Europe 2006

Special Eurobarometer 253 / Wave 65.1 – TNS Opinion & Social

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Childbearing Preferences and Family Issues in Europe 2006Special Eurobarometer 253 / Wave 65.1 – TNS Opinion & Social 29

Childbearing Preferences and Family Issues in Europe

Special Eurobarometer 253 / Wave 65.1 – TNS Opinion & Social

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Que esperar de futuro

Entre a vontade – disponibilidade do aumento da fecundidade e as suas variações no tempo

Certo será que o envelhecimento tenderá a acentuar-se, tanto mais que a esperança de vida continua a aumentar.

Apesar de 2009 ter trazido um ligeiro crescimento da fecundidade no contexto europeu, continua, globalmente longe de assegurar a substituição de gerações.

Em Portugal particularmente, em 2009, continuou a verificar-se o declínio da fecundidade, com uma expressão diferenciada no território.

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• Contexto de crise pode criar alguma retracção

Ainda que do foro da política social de cada país, a diversidade de realidades é acentuada. Tem havido tentativas europeias no sentido harmonizar e incentivar as actuações dos estados, junto da população.

• Em termos de contexto social, importa também perceber o sentido de alguns comportamentos que têm emergido recentemente (ex. Áustria1) que mostram uma mudança (redução) do nº ideal de filhos .

1 – Goldstein et all, (2004) – The emergence of sub.replacement family size ideals in Europe; PRPR,N.22

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Importa avaliar também o sentido e os efeitos das medidas de política na população:

• Até que ponto serão as políticas e as medidas ajustadas à realidade social e económica;

• Até que ponto respondem às efectivas necessidades daqueles a quem se dirigem;

• Até que ponto as medias tomadas integram uma política de fundo e não constituem apenas medidas avulsas;

• Até que ponto há continuidade e articulação de políticas no campo social.

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• Em Portugal importa concretamente pensar na resposta aos anseios/desejo da fecundidade, sobretudo nas mulheres que não têm filhos, ou que apenas têm um filho.

• Importa ainda compreender os padrões e tendências da fecundidade de forma a que as políticas possam ter os efeitos para quais foram delineadas. Sobretudo quando se atende às dificuldades e aos contrastes sociais que nos distanciam da média europeia.

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