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Estudo detalhado sobre a distribuição dos médicos no Brasil.
Relatrio de Pesquisa Fevereiro de 2013
DEMOGRAFIA MDICANO BRASIL
VOLUME 2Cenrios e indicadores de distribuio
Equipe da pesquisa Demografia Mdica no Brasil: Mrio Scheffer (coordenador), Alex Jones F. Cassenote eAureliano Biancarelli. Cooperao acadmica: Departamento de Medicina Social (DMS) - Faculdade de CinciasMdicas da Santa Casa de So Paulo (Profa. Dra. Rita de Cssia Barradas Barata). Departamento de MedicinaPreventiva (DMP) - Faculdade de Medicina da USP (Prof. Dr. Euclides Ayres de Castilho). Laboratrio deEpidemiologia e Estatstica (LEE) - Faculdade de Sade Pblica da USP (Prof. Dr. Jlio Csar Rodrigues Pereira).
Diagramao: Jos Humberto de S. Santos. Fotos (capa): Osmar Bustos. Agradecimentos: Aldemir Humberto Soares, AlineGil Alves Guilloux, Aloisio Tibiri Miranda, Andr Garcia, Brulio Luna Filho, Carlos Vital, Cssia Quadros, Daiane Pereirade Souza, Desir Carlos Callegari, Joo talo Dias Frana, Goethe Ramos, Lgia Bahia, Luiz Alberto Bacheschi, Lusa Abreu,Maria Deolinda Borges Cabral, Maria do Patrocnio Tenrio Nunes, Milton Jnior, Paulo Henrique de Souza, Reinaldo Ayer deOliveira, Renato Azevedo Junior e Roberto Luiz dAvila.
DIRETORIA
Presidente: Renato Azevedo Jnior. Vice-presidente:Mauro Gomes Aranha de Lima. 1 Secretrio: Brulio LunaFilho. 2 Secretrio: Nacime Salomo Mansur. Tesoureira:Silvia Helena R. Mateus. 2 Tesoureiro: Marco Tadeu Moreirade Moraes. Departamento de Comunicao: Joo LadislauRosa. Departamento Jurdico: Henrique Carlos Gonalves.Corregedor: Krikor Boyaciyan. Vice-Corregedor: RodrigoDurante Soares. Departamento de Fiscalizao: RuyYukimatsu Tanigawa. Delegacias Metropolitanas: RuiTelles Pereira. Delegacias do Interior: Denise Barbosa.
CONSELHEIROS
Adamo Lui Netto, Akira Ishida, Alfredo Rafael DellAringa,Andr Scatigno Neto, Antonio Pereira Filho, Brulio LunaFilho, Caio Rosenthal, Carlos Alberto Herrerias de Campos,Carlos Alberto Monte Gobbo, Clvis Francisco Constantino,Denise Barbosa, Desir Carlos Callegari, EurpedesBalsanufo Carvalho, Gaspar de Jesus Lopes Filho, HenriqueCarlos Gonalves, Henrique Liberato Salvador, Ieda The-rezinha Verreschi, Isac Jorge Filho, Joo Ladislau Rosa, JooMrcio Garcia, Jos Henrique Andrade Vila, Jos MarquesFilho, Jos Yoshikazu Tariki, Kazuo Uemura, KrikorBoyaciyan, Lavnio Nilton Camarim, Luiz Alberto Bacheschi,Luiz Flvio Florenzano, Marco Tadeu Moreira de Moraes,Maria do Patrocnio Tenrio Nunes, Marli Soares, MauroGomes Aranha de Lima, Nacime Salomo Mansur, PedroTeixeira Neto, Reinaldo Ayer de Oliveira, Renato AzevedoJunior, Renato Franoso Filho, Rodrigo Durante Soares, RuiTelles Pereira, Ruy Yukimatsu Tanigawa, Silvana MariaFigueiredo Morandini e Silvia Helena Rondina Mateus.
DIRETORIAPresidente: Roberto Luiz d Avila. 1 vice-presidente: Carlos Vital TavaresCorra Lima. 2 vice-presidente: Alosio Tibiri Miranda. 3 vice-presidente: Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti. Secretrio-geral:Henrique Batista e Silva. 1 secretrio: Desir Carlos Callegari. 2secretrio: Gerson Zafalon Martins. Tesoureiro: Jos Hiran da Silva Gallo.2 tesoureiro: Dalvlio de Paiva Madruga. Corregedor: Jos FernandoMaia Vinagre. Vice-corregedor: Jos Albertino Souza.
CONSELHEIROS TITULARESAbdon Jos Murad Neto (Maranho), Alceu Jos Peixoto Pimentel(Alagoas), Aldemir Humberto Soares (AMB), Alosio Tibiri Miranda(Rio de Janeiro), Cacilda Pedrosa de Oliveira (Gois), Carlos VitalTavares Corra Lima (Pernambuco), Celso Murad (Esprito Santo),Cludio Balduno Souto Franzen (Rio Grande do Sul), Dalvlio de PaivaMadruga (Paraba), Desir Carlos Callegari (So Paulo), Gerson ZafalonMartins (Paran), Henrique Batista e Silva (Sergipe), Hermann AlexandreVivacqua Von Tiesenhausen (Minas Gerais), Jec Freitas Brando (Bahia),Jos Albertino Souza (Cear), Jos Antonio Ribeiro Filho (DistritoFederal), Jos Fernando Maia Vinagre (Mato Grosso), Jos Hiran da SilvaGallo (Rondnia), Jlio Rui no Torres (Amazonas), Luiz Ndgi NogueiraFilho (Piau), Maria das Graas Creo Salgado (Amap), Mauro Luiz deBritto Ribeiro (Mato Grosso do Sul), Paulo Ernesto Coelho de Oliveira(Roraima), Pedro Eduardo Nader Ferreira (Tocantins), Renato MoreiraFonseca (Acre), Roberto Luiz d Avila (Santa Catarina), Rubens dos SantosSilva (Rio Grande do Norte), Waldir Arajo Cardoso (Par).
CONSELHEIROS SUPLENTESAdemar Carlos Augusto (Amazonas), Alberto Carvalho de Almeida (MatoGrosso), Aldair Novato Silva (Gois), Alexandre de Menezes Rodrigues(Minas Gerais), Ana Maria Vieira Rizzo (Mato Grosso do Sul), Antnio CelsoKoehler Ayub (Rio Grande do Sul), Antnio de Pdua Silva Sousa(Maranho), Ceuci de Lima Xavier Nunes (Bahia), Dlson Ferreira da Silva(Amap), Elias Fernando Miziara (Distrito Federal), Glria Tereza LimaBarreto Lopes (Sergipe), Jailson Luiz Ttola (Esprito Santo), JeancarloFernandes Cavalcante (Rio Grande do Norte), Lisete Rosa e Silva Benzoni(Paran), Lcio Flvio Gonzaga Silva (Cear), Luiz Carlos Beyruth Borges(Acre), Makhoul Moussallem (Rio de Janeiro), Manuel Lopes Lamego(Rondnia), Marta Rinaldi Muller (Santa Catarina), Mauro Shosuka Asato(Roraima), Norberto Jos da Silva Neto (Paraba), Renato Franoso Filho(So Paulo), Wilton Mendes da Silva (Piau).
CONSELHO FEDERALDE MEDICINA
CONSELHO REGIONAL DE MEDICINADO ESTADO DE SO PAULO
Demografia Mdica no Brasil, v. 2 / Coordenao de Mrio Scheffer; Equipe de pesquisa: Alex Cassenote,Aureliano Biancarelli. So Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de So Paulo: Conselho Federalde Medicina, 2013.
256 p. ; tab. il. ; 30x21 cm. ; 2 v.
v.1: Dados gerais e descries de desigualdades, 118 p.; ISBN 978-85-87077-24-0
v.2: Cenrios e indicadores de distribuio, 256 p.; ISBN 978-85-87077-29-5
1. Demografia. 2. Mdico. 3. Medicina. 4. Distribuio de Mdicos no Brasil. 5. Especialidade Mdica. I. Scheffer,M. (coord.) II. Conselho Regional de Medicina do Estado de So Paulo III. Ttulo
NLM WA 950
SUMRIO
APRESENTAO
Roberto Luiz dAvila 7Renato Azevedo Jnior 9
INTRODUO 11
METODOLOGIA 15
CAPTULO 1
Caractersticas gerais da populao de mdicos 19
CAPTULO 2
Formas de contar os mdicos e desigualdades na distribuio 33
CAPTULO 3
Origem, destino e migrao mdica no Brasil 57
CAPTULO 4
Projeo do nmero de mdicos at 2050 95
CAPTULO 5
Mdicos, outros profissionais e estabelecimentos de sade 109
CAPTULO 6
Mdicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior 125
CAPTULO 7
Perfil e distribuio dos mdicos especialistas 135
CONSIDERAES FINAIS 163
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 166
ANEXOS
Atlas Especialidades Mdicas 169Atlas Unidades da Federao 227
NDICE DE QUADROS, TABELAS, GRFICOS E FIGURAS
Quadro 1 Caractersticas das bases de dados utilizadas na pesquisaDemografia Mdica no Brasil, 2013 .................................................................................................................................... 18
Quadro 2 Denominaes e referenciais para contagem de mdicos Brasil, 2013 .................................................................... 33Quadro 3 Programas de Residncia Mdica, segundo acesso direto e pr-requisitos Brasil, 2013 ................................... 160
Tabela 1 Evoluo do nmero de mdicos e da populao brasileira Brasil, 2013 .............................................................. 20Tabela 2 Mdicos brasileiros em atividade, segundo idade e sexo Brasil, 2013 .................................................................... 23Tabela 3 Evoluo do registro de novos mdicos entre 2000 e 2012, segundo sexo Brasil, 2013 ...................................... 2 4Tabela 4 Evoluo do nmero de mdicos entre 1910 e 2010, segundo sexo Brasil, 2013 .................................................. 2 5Tabela 5 Evoluo de entrada e sada de mdicos entre 2000 e 2011 Brasil, 2013 ............................................................... 28Tabela 6 Frequncia absoluta de mdicos, segundo diferentes bases de dados Brasil, 2013 ............................................. 34Tabela 7 Distribuio de mdicos registrados (CFM) por 1.000 habitantes,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 .............................................................................................................. 37Tabela 8 Distribuio de mdicos registrados (CFM) por 1.000 habitantes,
segundo capitais Brasil, 2013 ............................................................................................................................................ 38Tabela 9 Distribuio de mdicos contratados (RAIS) por 1.000 habitantes,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 .............................................................................................................. 41Tabela 10 Distribuio de mdicos contratados (RAIS) por 1.000 habitantes,
segundo capitais Brasil, 2013 ............................................................................................................................................ 42Tabela 11 Distribuio de mdicos cadastrados (CNES) por 1.000 habitantes,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 .............................................................................................................. 45Tabela 12 Distribuio de mdicos cadastrados (CNES) por 1.000 habitantes,
segundo capitais Brasil, 2013 ............................................................................................................................................ 46Tabela 13 Distribuio de postos de trabalho mdico ocupados (AMS) por 1.000 habitantes,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 .............................................................................................................. 49Tabela 14 Distribuio de postos de trabalho mdico ocupados (AMS) por 1.000 habitantes,
segundo capitais Brasil, 2013 ............................................................................................................................................ 50Tabela 15 Distribuio de mdicos cadastrados (CNES) que atuam no SUS,
por 1.000 habitantes, segundo Unidades da Federao Brasil, 2012 ...................................................................... 52Tabela 16 Distribuio de mdicos cadastrados (CNES) que atuam no SUS,
por 1.000 habitantes, segundo capitais Brasil, 2012 ................................................................................................... 53Tabela 17 Distribuio de mdicos (coorte 1980 a 1989), segundo local de nascimento Brasil, 2013 ................................ 6 0Tabela 18 Distribuio de mdicos (coorte 1980 a 1989), segundo local de graduao Brasil, 2013 ................................. 62Tabela 19 Distribuio de mdicos (coorte 1980 a 1989),
segundo local de domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ................................................................................................... 65Tabela 20 Movimentao de mdicos (coorte 1980 a 1989), segundo local de nascimento,
graduao, domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ............................................................................................................. 66Tabela 21 Movimentao de mdicos (coorte 1980 a 1989), segundo municpios selecionados,
local de nascimento, local de graduao e local de domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ...................................... 6 7Tabela 22 Distribuio de mdicos (coorte 1990 a 1999), segundo local de nascimento Brasil, 2013 ................................ 7 0Tabela 23 Distribuio de mdicos (coorte 1990 a 1999), segundo local de graduao Brasil, 2013 ................................. 73Tabela 24 Distribuio de mdicos (coorte 1990 a 1999),
segundo local de domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ................................................................................................... 74Tabela 25 Movimentao de mdicos (coorte 1990 a 1999), segundo local de nascimento,
graduao, domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ............................................................................................................. 75Tabela 26 Movimentao de mdicos (coorte 1990 a 1999), segundo municpios selecionados,
local de nascimento, local de graduao e local de domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ...................................... 7 6Tabela 27 Distribuio de mdicos (coorte 2000 a 2009), segundo local de nascimento Brasil, 2013 ................................ 7 8Tabela 28 Distribuio de mdicos (coorte 2000 a 2009), segundo local de graduao Brasil, 2013 ................................. 81Tabela 29 Distribuio de mdicos (coorte 2000 a 2009),
segundo local de domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ................................................................................................... 82Tabela 30 Movimentao de mdicos (coorte 2000 a 2009),
segundo local de nascimento, graduao, domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ...................................................... 84Tabela 31 Movimentao de mdicos (coorte 2000 a 2009), segundo municpios selecionados,
local de nascimento, local de graduao e local de domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ...................................... 8 5Tabela 32 Frequncia de registros profissionais, segundo motivo de inativao Brasil, 2013 .............................................. 86Tabela 33 Nmero total de registros, cancelamentos de registros e mdicos em atividade Brasil, 2013 ........................... 87Tabela 34 Estimativa de tempo mdio e mediano de registro profissional,
segundo Grandes Regies Brasil, 2013 ............................................................................................................................ 88Tabela 35 Estimativa de tempo mdio e mediano de registro profissional,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 .............................................................................................................. 90Tabela 36 Evoluo do nmero de mdicos, populao brasileira e razo mdico/habitante
entre 1980 e 2050 Brasil, 2013 ........................................................................................................................................... 96
4
Tabela 37 Evoluo do nmero de mdicos entre 1980 e 2050, segundo sexo Brasil, 2013 ................................................ 100Tabela 38 Evoluo do nmero de mdicos e da razo mdico/habitante
entre 1980 e 2050, segundo Grandes Regies Brasil, 2013 ....................................................................................... 102Tabela 39 Evoluo da razo mdico/habitante entre 1980 e 2050,
segundo UFs da Regio Norte do Brasil Brasil, 2013 ................................................................................................ 104Tabela 40 Evoluo da razo mdico/habitante entre 1980 e 2050,
segundo UFs da Regio Nordeste do Brasil Brasil, 2013 .......................................................................................... 105Tabela 41 Evoluo da razo mdico/habitante entre 1980 e 2050,
segundo UFs da Regio Sudeste do Brasil Brasil, 2013 ............................................................................................ 105Tabela 42 Evoluo da razo mdico/habitante entre 1980 e 2050,
segundo UFs da Regio Sul do Brasil Brasil, 2013 .................................................................................................... 106Tabela 43 Evoluo da razo mdico/habitante entre 1980 e 2050,
segundo UFs da Regio Centro-Oeste do Brasil Brasil, 2013 .................................................................................. 106Tabela 44 Distribuio de postos de trabalho ocupados por mdicos, odontlogos, enfermeiros, tcnicos e
auxiliares de enfermagem, segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 .......................................................... 110Tabela 45 Resumo das estatsticas para avaliao da correlao na distribuio de postos de trabalho
ocupados por profissionais de sade (AMS), segundo municpios brasileiros Brasil, 2013 ........................... 112Tabela 46 Distribuio de postos de trabalho ocupados por profissionais de sade (AMS),
segundo populao dos municpios brasileiros Brasil, 2013 ................................................................................... 112Tabela 47 Distribuio de servios de sade e de mdicos no Brasil, segundo
Unidades da Federao e tipo de gesto Brasil, 2013 ............................................................................................... 119Tabela 48 Distribuio de servios de sade selecionados, segundo
populao dos municpios brasileiros Brasil, 2013 .................................................................................................... 120Tabela 49 Mdicos formados no exterior em atividade no Brasil, segundo idade e sexo Brasil, 2013 ............................. 126Tabela 50 Nacionalidade de mdicos formados no exterior em atividade no Brasil - Brasil, 2013 ...................................... 128Tabela 51 Especialidades de mdicos formados no exterior em atividade no Brasil - Brasil, 2013 ..................................... 130Tabela 52 Local de domiclio de mdicos formados no exterior em atividade no Brasil - Brasil, 2013 ............................... 132Tabela 53 Distribuio de generalistas e especialistas, segundo Grandes Regies Brasil, 2013 ......................................... 137Tabela 54 Distribuio de especialistas e generalistas, segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 ........................... 138Tabela 55 Mdicos generalistas e especialistas, segundo idade Brasil, 2013 .......................................................................... 139Tabela 56 Mdicos generalistas e especialistas, segundo sexo Brasil, 2013 ............................................................................ 142Tabela 57 Nmero de mdicos especialistas, segundo especialidade Brasil, 2013 ............................................................... 143Tabela 58 Mdicos especialistas, segundo especialidade e mdia de idade Brasil, 2013 .................................................... 146Tabela 59 Mdicos especialistas, segundo especialidade e sexo Brasil, 2013 ......................................................................... 148
Grfico 1 Evoluo do nmero de mdicos Brasil, 2013 .............................................................................................................. 20Grfico 2 Evoluo da populao brasileira Brasil, 2013 ............................................................................................................. 21Grfico 3 Evoluo da razo mdico/habitante entre 1980 e 2010 Brasil, 2013 .................................................................... 22Grfico 4 Evoluo da taxa de crescimento da populao brasileira, de nmero de
mdicos e da razo mdico/habitante entre 1980 e 2010 Brasil, 2013 ................................................................... 22Grfico 5 Evoluo da entrada de mdicos entre 2000 e 2011, segundo sexo Brasil, 2013 .................................................. 24Grfico 6 Evoluo do nmero de mdicos entre 1910 e 2010, segundo sexo Brasil, 2013 .................................................. 2 6Grfico 7 Pirmide etria dos mdicos brasileiros em atividade Brasil, 2013 ......................................................................... 27Grfico 8 Evoluo de entrada e sada de mdicos entre 2000 e 2011, Brasil 2013 ............................................................... 28Grfico 9 Distribuio de mdicos registrados (CFM) por 1.000 habitantes,
segundo Grandes Regies Brasil, 2013 ............................................................................................................................ 36Grfico 10 Distribuio de mdicos contratados (RAIS) por 1.000 habitantes,
segundo Grandes Regies Brasil, 2013 ............................................................................................................................ 39Grfico 11 Distribuio de mdicos cadastrados (CNES) por 1.000 habitantes,
segundo Grandes Regies Brasil, 2013 ............................................................................................................................ 43Grfico 12 Distribuio de postos de trabalho mdico ocupados (AMS) por 1.000 habitantes,
segundo Grandes Regies Brasil, 2013 ............................................................................................................................ 48Grfico 13 Distribuio de mdicos cadastrados no CNES, que atuam no SUS, por 1.000 habitantes,
segundo Grandes Regies Brasil, 2012 ............................................................................................................................ 54Grafico 14 Estimativa de probabilidade de manter o registro profissional Brasil, 2013 ......................................................... 91Grafico 15 Estimativa de probabilidade de manter o registro
profissional, segundo Grandes Regies Brasil, 2013 .................................................................................................... 91Grfico 16 Evoluo da razo mdico/habitante entre 1980 e 2050 Brasil, 2013 .................................................................... 98Grfico 17 Evoluo do nmero de mdicos entre 1980 e 2050, segundo sexo Brasil, 2013 .................................................. 9 9Grfico 18 Evoluo da razo mdico/habitante entre 1980 e 2050 Brasil, 2013 .................................................................. 103Grfico 19 Diagrama de disperso de postos de trabalho ocupados por mdicos e odontlogos (AMS) em
estabelecimento de sade, segundo municpios brasileiros Brasil, 2013 .............................................................. 116Grfico 20 Diagrama de disperso de postos de trabalho ocupados por mdicos e enfermeiros (AMS) em
estabelecimento de sade, segundo municpios brasileiros Brasil, 2013 .............................................................. 116
5
Grfico 21 Diagrama de disperso de postos de trabalho ocupados por mdicos e tcnicos de enfermagem (AMS)em estabelecimento de sade, segundo municpios brasileiros Brasil, 2013 ....................................................... 117
Grfico 22 Diagrama de disperso de postos de trabalho ocupados por mdicos e auxiliares de enfermagem (AMS)em estabelecimento de sade, segundo municpios brasileiros Brasil, 2013 ....................................................... 117
Grafico 23 Entrada de mdicos formados no exterior entre 2000 e 2012 Brasil, 2013 ........................................................... 127Grfico 24 Distribuio da razo generalista/especialista, segundo Grandes Regies Brasil, 2013 .................................. 137Grfico 25 Mdicos generalistas e especialistas, segundo idade Brasil, 2013 .......................................................................... 140Grfico 26 Pirmide etria de mdicos generalistas e especialistas Brasil, 2013 .................................................................... 142Grfico 27 Distribuio de mdicos em geral, segundo Grandes Regies Brasil, 2013 .......................................................... 150Grfico 28 Distribuio de mdicos especialistas titulados, segundo Grandes Regies Brasil, 2013 ................................ 150Grfico 29 Ocupao de vagas da Residncia Mdica, segundo especialidades gerais
e outras especialidades Brasil, 2010 .............................................................................................................................. 156Grfico 30 Distribuio de mdicos especialistas titulados, segundo especialidades gerais
e outras especialidades Brasil, 2013 .............................................................................................................................. 156Grfico 31 Distribuio de vagas na Residncia Mdica (CNRM), segundo Grandes Regies Brasil, 2010 ..................... 157Grfico 32 Distribuio de mdicos especialistas titulados, segundo Grandes Regies Brasil, 2013 ................................ 157
Figura 1 Sntese da Pesquisa Demografia Mdica no Brasil Brasil, 2013 ................................................................................ 17Figura 2 Distribuio de mdicos (coorte 1980 a 1989), segundo local de nascimento Brasil, 2013 ................................ 6 1Figura 3 Distribuio de mdicos (coorte 1980 a 1989), segundo local de graduao Brasil, 2013 ................................. 63Figura 4 Distribuio de mdicos (coorte 1980 a 1989),
segundo local de domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ................................................................................................... 64Figura 5 Distribuio de mdicos (coorte 1990 a 1999), segundo local de nascimento Brasil, 2013 ................................ 7 1Figura 6 Distribuio de mdicos (coorte 1990 a 1999), segundo local de graduao Brasil, 2013 ................................. 71Figura 7 Distribuio de mdicos (coorte 1990 a 1999),
segundo local de domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ................................................................................................... 72Figura 8 Distribuio de mdicos (coorte 2000 a 2009), segundo local de nascimento Brasil, 2013 ................................ 7 9Figura 9 Distribuio de mdicos (coorte 2000 a 2009), segundo local de graduao Brasil, 2013 ................................. 80Figura 10 Distribuio de mdicos (coorte 2000 a 2009),
segundo local de domiclio ou trabalho Brasil, 2013 ................................................................................................... 83Figura 11 Distribuio de postos de trabalho mdico ocupados Brasil, 2013 ....................................................................... 113Figura 12 Distribuio de postos de trabalho de odontlogos ocupados
em estabelecimento de sade (AMS) Brasil, 2013 ...................................................................................................... 114Figura 13 Distribuio de postos de trabalho de enfermeiros ocupados
em estabelecimento de sade (AMS) Brasil, 2013 ...................................................................................................... 114Figura 14 Distribuio de postos de trabalho de tcnicos de enfermagem ocupados
em estabelecimento de sade (AMS) Brasil, 2013 ........................................................................................................ 115Figura 15 Distribuio de postos de trabalho de auxiliares de enfermagem ocupados
em estabelecimento de sade (AMS) Brasil, 2013 ........................................................................................................ 115Figura 16 Distribuio de estabelecimentos de sade, segundo razo mdico/habitante
por Unidades da Federao Brasil, 2013 ...................................................................................................................... 122Figura 17 Distribuio de unidades bsicas de sade, segundo razo mdico/habitante
por Unidades da Federao Brasil, 2013 ...................................................................................................................... 122Figura 18 Distribuio de hospitais gerais, segundo razo mdico/habitante
por Unidades da Federao Brasil, 2013 ...................................................................................................................... 123Figura 19 Distribuio de hospitais especializados, segundo razo mdico/habitante
por Unidades da Federao Brasil, 2013 ...................................................................................................................... 123Figura 20 Distribuio de mdicos especialistas em Pediatria, segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 ............ 151Figura 21 Distribuio de mdicos especialistas em Clnica Mdica,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 ............................................................................................................ 152Figura 22 Distribuio de mdicos especialistas em Ginecologia e Obstetrcia,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 ............................................................................................................ 152Figura 23 Distribuio de mdicos especialistas em Cirurgia Geral,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 ............................................................................................................ 153Figura 24 Distribuio de mdicos especialistas em Medicina de Famlia e Comunidade,
segundo Unidades da Federao Brasil Brasil, 2013 ................................................................................................. 153Figura 25 Distribuio de mdicos especialistas em Anestesiologia,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 ............................................................................................................ 154Figura 26 Distribuio de mdicos especialistas em Cardiologia,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 ............................................................................................................ 154Figura 27 Distribuio de mdicos especialistas em Cancerologia,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 ............................................................................................................ 155Figura 28 Distribuio de mdicos especialistas em Ortopedia e Traumatologia,
segundo Unidades da Federao Brasil, 2013 ............................................................................................................ 155
6
APRESENTAO
Roberto Luiz dAvilaPresidente do Conselho Federal de Medicina
7
Somente com vontade poltica, financiamento adequado e gesto qualificada
romperemos com o ciclo histrico da desigualdade que tem mantido o Brasil,
em diversos indicadores de sade, em posies incompatveis com os anuncia-
dos progressos na rea econmica.
preciso que o governo demonstre sua compreenso de que o investimento
em sade assim como em educao coloca o cidado como fim maior de sua
existncia, provando que no pas o desenvolvimento econmico andar de
braos dados com avanos sociais.
Os governantes devem entender que a conduo de um sistema nacional de
sade como o brasileiro baseado nas diretrizes da universalidade,
integralidade e equidade no acesso necessita de uma viso estruturante. Ou
seja, as decises devem ser permanentes e as respostas no devem ser mera-
mente miditicas ou guiadas pelo imediatismo.
Neste terreno, a falta de informaes baseadas em evidncias termina por
fortalecer posicionamentos equivocados, que confundem a sociedade e prote-
lam a tomada de decises.
Por isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medi-
cina do Estado de So Paulo (Cremesp) estabeleceram parceria para produzir novo
trabalho que oferece dados e anlises sobre o perfil do mdico em atividade no pas.
O estudo Demografia Mdica no Brasil Volume II Cenrios e Indicadores de
Distribuio traz informaes preciosas e inditas que agregam elementos im-
portantes ao debate sobre o tema nas esferas pblica e privada da sade.
Assim, as tendncias reveladas podem nortear a adoo de medidas que
assegurem a construo de um projeto de pas e de um sistema de sade mais
justo e solidrio, orientado pelos compromissos com a qualidade da assistn-
cia, a equidade, a justia e a tica.
Com dados que reforam os argumentos que temos levado ao debate pbli-
co, esperamos as condies para exercer aquilo que move os mdicos e a Medi-
cina: a melhoria da sade do ser humano e o bem estar da sociedade.
Renato Azevedo JniorPresidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de So Paulo
APRESENTAO
Esta segunda publicao da pesquisa Demografia Mdica no Brasil reite-
ra a parceria e o compromisso, do Cremesp e do CFM, em disponibilizar
dados e estatsticas sobre o perfil, a presena e a concentrao de m-
dicos no pas.
Alm de atualizar informaes gerais e de reiterar concluses do pri-
meiro relatrio, que revelou a distribuio desigual de mdicos no Bra-
sil, este volume traz novidades sobre a movimentao dos profissionais
no territrio nacional e sobre o universo dos especialistas, dentre outros
cenrios inditos.
Com a srie de estudos da Demografia Mdica, nosso objetivo
superar o que entendemos ser um falso dilema faltam ou no faltam
mdicos no Brasil? agregando dados que podem ajudar a estabele-
cer um diagnstico mais preciso e contribuir para uma discusso trans-
parente do problema.
As entidades mdicas acompanham com especial interesse e preocu-
pao os rumos de polticas pblicas de sade e de educao que tem a
suposta falta de mdicos como nico foco.
O diagnstico estreito da situao acompanhado, a nosso ver, por
equvocos e omisses. O governo federal anuncia a meta nacional de
2,5 mdicos por 1.000 habitantes (que j seria alcanada naturalmente
em oito anos, sem novas intervenes, pois o pas j atingiu 400 mil
mdicos e uma taxa de 2 mdicos por 1.000 habitantes), mas no diz
como ir diminuir as desigualdades de concentrao de mdicos entre
regies e municpios, entre servios e entre os setores pblico e priva-
do da sade. Ou seja, adotam a ttica do transbordamento de profis-
sionais e vendem a falsa iluso de que a sobra ir povoar de mdicos
os locais atualmente desassistidos.
9
Assim tambm so autorizados novos cursos e mais vagas de Medici-
na sem a mnima qualidade da graduao (que vai de mal a pior, confor-
me constatou o Exame do Cremesp) e no so garantidas vagas na Resi-
dncia Mdica para todos os formados. Ensaiam afrouxar as regras de
revalidao de diplomas estrangeiros e fazem vistas grossas aos milha-
res de brasileiros enganados em cursos de m qualidade na Bolvia, Ar-
gentina e Cuba. Estabelecem normas demagogas de controle de ponto,
fixam cotas e privilgios em programas de Residncia, mas se negam a
implantar planos de carreira decentes e melhorar as condies de traba-
lho que poderiam atrair e fixar mdicos no SUS.
Essa etapa da pesquisa traz projees sobre o nmero de mdicos,
chamando a ateno para um possvel acirramento nas desigualdades de
distribuio dos profissionais. Outra parte do estudo indica que o princi-
pal fator de fixao do mdico no o local de graduao, mas os gran-
des centros onde esto as oportunidades de emprego, de especializao
e de qualidade de vida. Mesmo depois de formados, expressiva a mi-
grao de mdicos em direo ao Sudeste e s grandes cidades, onde se
concentram igualmente os demais profissionais da sade e onde esto as
principais estruturas e servios de sade. Ao fim, o que tem determinado
a distribuio dos mdicos no Brasil muito mais o mercado do que o
interesse pblico que deveria ser defendido pelo Estado.
Constatamos que o nmero de mdicos especialistas vm aumentan-
do, mas ser preciso reduzir o fosso entre profissionais com ttulo e pro-
fissionais sem especialidade. urgente refletir sobre a valorizao e
capacitao dos milhares de mdicos no titulados.
Ao fazer um raio X da profisso mdica, e divulgar amplamente as
informaes coletadas e analisadas, esperamos poder contribuir com o
debate atual sobre a melhor insero, aproveitamento e necessidade de
mdicos.
O projeto Demografia Mdica no Brasil faz parte do nosso esforo em
tornar as entidades mdicas, governos e sociedade civil mais aptos a
desempenhar papel ativo na defesa da sade da populao, indicando
solues definitivas e no demaggicas para o acesso de todos assis-
tncia mdica de qualidade.
10
niciado em 2011, o projeto Demografia Mdica no Brasil, que se pre-
tende permanente, apresenta seu segundo relatrio, destacando
novos cenrios e indicadores da distribuio de mdicos no pas.
A demografia mdica(1, 2, 3, 4) o estudo da populao de mdicos,
Mrio Scheffer
Coordenador da pesquisa Demografia Mdica no Brasil
Ideterminada por fatores como idade, sexo, tempo de formao, fixao
territorial, ciclo de vida profissional, migrao, mercado de trabalho,
especializao, remunerao, vnculos e carga horria. Tambm conside-
ra as condies de sade e de vida das populaes, as realidades epide-
miolgica e demogrfica, as polticas e a organizao do sistema de sa-
de, incluindo o financiamento, os recursos humanos, os equipamentos, a
oferta, o acesso e a utilizao dos servios de sade.
No s no Brasil que argumentos contraditrios se alternam no de-
bate sobre a escassez e as disparidades regionais de concentrao de
mdicos. Esto na agenda de vrios sistemas nacionais de sade iniciati-
vas que visam aumentar ou diminuir o nmero de vagas e de cursos de
medicina, assim como medidas indutoras de instalao de mdicos nos
denominados vazios sanitrios.
A noo de que faltam mdicos no Brasil parece orientar o diagnsti-
co de algumas autoridades pblicas responsveis pelas polticas de sa-
de. A carncia ou ausncia de mdicos nos servios pblicos tm sido
apontadas como os principais problemas da sade em diversas pesquisas
de opinio. Empregadores tm relatado dificuldade de contratao de
mdicos em determinadas especialidades, em estabelecimentos do SUS,
municpios do interior e na periferia dos grandes centros.
O problema mobiliza atores com interesses legtimos e pontos de vis-
ta distintos. fundamental, por isso, alcanar consensos sobre indicado-
res que propiciem uma base emprica comum para o debate.
INTRODUO
11
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
12
Apenas a constatao numrica no su-
ficiente para justificar decises em matria de
demografia mdica. Necessidade de mdicos
estabelecida a priori geralmente baseia-se em
juzos de valor distanciados das necessidades
de sade da populao.
Sem tradio em produzir estatsticas de
sade confiveis, o Brasil precisa aprimorar
a qualidade dos dados sobre mdicos e al-
canar um novo patamar de conhecimentos
por meio de estudos sistemticos que pos-
sam melhor esclarecer as escolhas que vem
sendo feitas.
A consequncia mais grave da ausncia de
dados e de informaes validadas seria a ado-
o de uma poltica de demografia mdica
guiada por objetivos imediatistas pautados na
durao de mandatos dos governantes, nas
vises corporativas da categoria mdica e nas
motivaes financeiras do setor privado da
educao e da sade.
A breve reviso histrica aqui realizada
sugere que o aumento persistente do efetivo
mdico no beneficiou de maneira homognea
todos os cidados brasileiros, pois uma srie
de fatores conduz heterogeneidade do fluxo
de mdicos no territrio nacional.
O que se ver a seguir uma compilao de
dados secundrios que expe o aumento do
nmero de mdicos no pas, considerando o
crescimento populacional, a ampliao das va-
gas em escolas mdicas e a entrada, maior que
a sada, de profissionais do mercado.
O Brasil chega em 2013 com 400 mil mdi-
cos e com taxa de dois mdicos por 1.000 habi-
tantes. Conforme projees, os estados habi-
tados por populao com maior renda conti-
nuaro com a melhor densidade de mdicos,
e aqueles com segmentos populacionais de
menor rendimento, com a pior.
Ao contar os mdicos de vrias formas
segundo registro nos Conselhos Regionais de
Medicina (CRMs), contratos formais de traba-
lho, cadastro e ocupao em estabelecimentos
de sade , o estudo enfatiza o cenrio de de-
sigualdade na distribuio geogrfica de m-
dicos. Aqui tambm houve o esforo de con-
frontar bases e fontes distintas.
Os mdicos nunca foram to numerosos, ao
mesmo tempo em que persistem acentuadas
desigualdades na distribuio dos profissio-
nais entre as regies, estados e municpios.
Conhecer melhor tais diferenas o primeiro
passo para a compreenso da carncia de pro-
fissionais e para fazer avanar o debate sobre
a necessidade de mais mdicos no pas.
Cabe ressaltar que a persistncia e a inten-
sidade das desigualdades de distribuio de-
monstram que o aumento do quantitativo por
si s no garantir a disponibilidade de mdi-
cos nos locais, nas especialidades e nas circuns-
tncias em que hoje h carncia de profissio-
nais. Precisam, por isso, ser aprofundados es-
tudos que considerem a movimentao dos
mdicos no territrio nacional e entre os seto-
res pblico e privado, a diversidade das for-
mas de exerccio profissional, a escolha das es-
pecialidades, os vnculos e as jornadas.
Levantamento sobre a movimentao espa-
cial dos mdicos onde nasceram, onde se
formaram e onde atuam hoje sugere que a
maioria deles termina por se fixar nos gran-
des centros. A localizao dos cursos de medi-
cina no , portanto, o fator determinante de
fixao dos mdicos ali graduados.
J o estudo sobre cancelamento dos regis-
tros nos CRMs refora a tese de que os mdi-
cos costumam migrar frequentemente para os
grandes centros.
A maior parte dos mdicos formados fora
do Brasil tanto brasileiros quanto estrangei-
ros se instala nas maiores cidades, especial-
mente no Sudeste. um indcio de que as fle-
xibilidades de revalidao de diplomas podem
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
13
no surtir o efeito desejado de suprir imedia-
tamente locais hoje desprovidos de mdicos.
Outra constatao que a concentrao dos
mdicos acompanha a existncia de servios
de sade e de outros profissionais, principal-
mente de dentistas e enfermeiros. A configu-
rao das estruturas e dos equipamentos de
sade, o atrativo das condies coletivas de
exerccio profissional, a oferta de emprego e
renda, e a qualidade de vida jogam a favor da
instalao dos mdicos nos grandes centros.
Alm de delinear com mais nitidez a rpi-
da feminizao da medicina no pas, fenme-
no consistente desde 2009, que pode ser posi-
tivo para o futuro do sistema de sade brasi-
leiro, o atual estudo lana novo olhar sobre as
especialidades mdicas ao incorporar a segun-
da e terceira escolha dos especialistas. Cons-
tatou-se que boa parte dos mdicos no con-
cluiu programa de Residncia Mdica ou no
tem ttulo de especialista, num cenrio
preocupante de deteriorao do ensino de gra-
duao e da falta de vagas na Residncia para
todos os egressos de cursos de Medicina.
So esses os pontos essenciais do segundo
relatrio da pesquisa Demografia Mdica no
Brasil, cujos resultados sero detalhados nos
captulos a seguir.
Cabe dizer que esses esforos iniciais no es-
condem algumas limitaes. Primeiro, no existe
modelo terico ou cientfico unanimemente acei-
to para prever a necessidade de mdicos. Tra-
ta-se de um conhecimento em construo. Se-
gundo, h diferenas entre o potencial da ativi-
dade mdica e a atividade real dos mdicos
dentro do sistema de sade, o que no em
todo captado por bases secundrias de dados.
Tais diferenas variam de acordo com as carac-
tersticas dos mdicos. Alm da idade, sexo e
tempo de atuao profissional, h variveis
endgenas e comportamentais: escolha da es-
pecializao, da atividade, do nvel de ateno,
do local de instalao, fatores que podem mu-
dar ao longo da vida profissional.
preciso ir alm da contagem dos mdicos
por cabea, mtodo usado em vrias abor-
dagens do estudo Demografia Mdica no Brasil.
Contar a populao e divid-la pelo nmero
de mdicos til para demonstrar desigual-
dades e fazer comparaes, mas ao tratar como
iguais unidades de um universo to complexo
quanto heterogneo, o indicador insuficien-
te para orientar polticas e tomadas de deci-
ses. No por acaso a Organizao Mundial
da Sade (OMS) e a Organizao Pan-Ameri-
cana da Sade (OPAS) no definem nmero
desejvel de mdicos por habitante nem reco-
mendam que seja estabelecido um nico
parmetro ou meta nacional.
Por isso, as prximas etapas da pesquisa
sero dedicadas a aprimorar a coleta e a an-
lise regular de dados, superar limitaes
metodolgicas, integrar cadastros de mdi-
cos, ir s fontes primrias para ampliar infor-
maes sobre especialidades, tipos de ativi-
dade, formas de remunerao, insero e vn-
culos, carga de trabalho, fatores de produti-
vidade, migrao e mobilidade, formao,
capacitao, oferta de graduao e de Resi-
dncia Mdica. Tudo isso, considerando o
funcionamento do sistema de sade e as ne-
cessidades de sade da populao.
METODOLOGIA
presente pesquisa consiste em um estudo epidemiolgico tipo eco-
lgico, que tem o objetivo de descrever a Demografia Mdica no
Brasil a partir de dados gerais e da distribuio espacial dos mdi-
cos. O objetivo traar cenrios, tendncias, perspectivas e proje-Aes sobre a populao de mdicos no pas.
O relatrio a seguir contempla caractersticas gerais dos mdicos brasilei-
ros; origem, destino e migrao dos mdicos; projeo do nmero de profissio-
nais at 2050; repartio geogrfica segundo vrios parmetros; distribuio
comparada com outros profissionais e estabelecimentos de sade; perfil dos
mdicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior; censo e caracterizao
dos mdicos especialistas. Dois Atlas completam o estudo, com informaes
consolidadas sobre cada uma das 53 especialidades mdicas e sobre as 27 uni-
dades da Federao.
Os resultados foram obtidos por meio do cruzamento (linkage) de dados se-
cundrios contidos em bancos e fontes distintas (Figura 1). As bases principais
incluem dados do registro administrativo e cartorial dos Conselhos Regionais
de Medicina (CRMs), integrados ao banco de dados do Conselho Federal de
Medicina (CFM); os bancos de dados da Comisso Nacional de Residncia M-
dica (CNRM) e da Associao Mdica Brasileira (AMB), que rene as Socieda-
des de Especialidades.
Tambm foram utilizadas quatro bases auxiliares: a Pesquisa Assistncia
Mdico-Sanitria (AMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE),
que agrega dados sobre postos de trabalho mdico ocupados; a Relao Anual de
Informaes Sociais (RAIS), do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), que
rene dados dos mdicos com vnculo empregatcio, formalmente contratados
por empregadores privados e pblicos; o Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Sade (CNES), que mantm informaes sobre mdicos vinculados principal-
15
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
16
mente ao Sistema nico de Sade; e a base de dados
populacionais do censo do IBGE.
As caractersticas das bases de dados utiliza-
das so descritas no Quadro 1.
Migrao
Para subsidiar o estudo de migrao mdica fo-
ram usados mtodos de anlise de sobrevida ou de
sobrevivncia, que consideram como desfecho a ser
avaliado o tempo at a ocorrncia de determinado
evento (status). A anlise de sobrevida foi utilizada
para comparar o tempo mdio e mediano de ativi-
dade do registro profissional do mdico (CRM) por
estado ou regies do pas. Na anlise de sobrevivn-
cia compara-se a rapidez com que os participantes
atingem ou desenvolvem determinado evento. Nes-
ta avaliao, o evento de interesse o cancelamento
do CRM. Trata-se de metodologia alternativa aos
mtodos clssicos que comparam as percentagens
de indivduos que desenvolvem o evento, ao fim de
determinado perodo de tempo. Dentre os mtodos
mais utilizados esto o Kaplan-Meier e a Regresso
de Cox. O primeiro consiste em dividir o tempo de
seguimento em intervalos, cujos limites corres-
pondem ao tempo de seguimento em que ocorreram
eventos. Este mtodo calcula a sobrevivncia cada
vez que um indivduo atinge o status. J o modelo de
riscos proporcionais de Cox ou regresso de Cox
uma anlise de regresso mltipla aplicado na an-
lise de sobrevida e indicado quando se deseja esti-
mar o papel de variveis independentes que agem
multiplicativamente sobre o risco. Neste estudo a
regresso de Cox foi utilizada para estimar as cur-
vas de probabilidade de manter-se com registro em
atividade, para o Brasil e por grandes regies (5, 6, 7, 8).
Projeo
No estudo de projeo da populao mdica
foram utilizadas sries temporais. Uma srie tem-
poral um conjunto de observaes ordenadas no
tempo (no necessariamente igualmente espaa-
das), que apresentam dependncia serial, ou seja,
dependncia em instantes de tempo. Na busca de
considerar o carter aleatrio do comportamento
futuro das populaes, pode ser aplicada meto-
dologia de sries temporais, como os modelos
ARIMA, de Box e Jenkins, que usam correlao en-
tre as observaes em diversos instantes para ava-
liao de sries temporais. Esses mtodos apresen-
tam bons resultados quando a srie de dados re-
lativamente longa e bem comportada (9, 10).
tica na pesquisa
As informaes consultadas foram utilizadas
nica e exclusivamente para a tabulao e as an-
lises quantitativas da pesquisa. No so mencio-
nados no estudo nomes, nmeros de registros e
designaes que possam levar identificao de
indivduos, profissionais, servios ou instituies.
O projeto de pesquisa original foi aprovado pela
Comisso Cientfica/Comit de tica em Pesquisa da
Faculdade de Cincias Mdicas da Santa Casa de
So Paulo, conforme parecer de 9 de junho de 2011.
Limitaes
O presente estudo guarda as limitaes ineren-
tes s especificaes prprias das bases de dados
secundrias consultadas, que tambm dependem
da alimentao, completude e atualizao garanti-
das pelos rgos responsveis pelas informaes.
O delineamento ecolgico, aqui utilizado, em-
bora seja uma boa metodologia exploratria, pode
apresentar vis de inferncia sempre que h neces-
sidade ou tentativa de individualizar os resulta-
dos observados no mbito coletivo.
Quanto s unidades de anlise, h diferena
entre os quantitativos de mdicos e de registros
de mdicos, pois o mesmo mdico pode estar re-
gistrado em mais de um CRM; e entre o nmero de
especialistas e o nmero de ttulos de especialis-
tas, pois o mesmo mdico pode exercer mais de
uma especialidade titulada. Por isso, o estudo faz
a opo metodolgica de contar todos os registros
de mdicos e ttulos.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
17
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2013
.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
19
nmero de registros de mdicos em atividade no Brasil
atingiu 388.015* em outubro de 2012, segundo o Conse-
lho Federal de Medicina (CFM). O nmero se aproxima
dos 400 mil e atinge a taxa de 2,00 profissionais por 1.000O
CAPTULO 1
Brasil se aproxima dos 400 milmdicos e atinge taxa de2 profissionais por 1.000 habitantes
*Segundo dados de 01 de outubro de 2012, h 388.015 registros mdicos ativos no pas junto ao CFM. Dessetotal, 93,6% tm um nico registro, ou seja, so mdicos ativos em apenas um dos estados da Federao. Osoutros 6,4%, ou 28.843 profissionais, tm registros secundrios ativos em mais de um estado, seja poratuarem em reas de divisa ou por terem se deslocado temporariamente de uma unidade da federao paraoutra. Para efeito deste trabalho, contou-se cada registro de mdico. Nas bases de dados dos CRMs, faltaminformaes em alguns registros sobre o ano de formado, ano de nascimento e sexo, entre outras. Por isso hpequenas divergncias nos quantitativos de determinadas tabelas deste relatrio de pesquisa.
habitantes. Entre outubro de 2011 e outubro de 2012, foram
contabilizados 16.227 novos registros de mdicos. O aumento em 12
meses foi de 4,36%.
O presente captulo atualizou caractersticas gerais dos mdicos brasi-
leiros e confirmou tendncias demogrficas verificadas no primeiro le-
vantamento, em 2011. Alm de trazer novos nmeros e novas descries,
foram preservados grficos e tabelas do levantamento anterior.
O crescimento exponencial de mdicos no pas j se estende por 40
anos. De 1970, quando havia 58.994 mdicos, o Brasil chega a 2012 com
um salto de 557,72%. De 1970 a 2010, a populao brasileira como um
todo cresceu 101,84% (Tabela 1).
A escalada dos mdicos se d num cenrio onde as mulheres e os mais
jovens tendem a ser maioria. Desde 2009, entram no mercado mais mdi-
cas do que mdicos. A base da pirmide, onde esto 40,59% dos profissi-
onais, tem 39 anos ou menos. Enquanto a taxa de crescimento populacional
reduz sua velocidade, a abertura de escolas mdicas (e o consequente
crescimento no nmero de novos mdicos) vive um novo boom.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
20
O aumento expressivo do nmero de m-
dicos no Brasil resultado de uma conjugao
de fatores relacionados evoluo da deman-
da. Entre eles, esto as necessidades crescen-
tes em sade, mudanas no perfil de mor-
bidade e mortalidade, garantia de direitos
sociais, incorporao de tecnologias mdicas e
envelhecimento da populao. Considere-se
ainda fatores ligados oferta, como a abertu-
ra de cursos de medicina, expanso do siste-
ma de sade e surgimento de mais postos de
trabalho mdicos.
Alm de analisar o crescimento histrico do
quantitativo de mdicos registrados no pas,
o presente estudo considerou a evoluo
demogrfica da populao em geral. Nas trs
dcadas entre 1940 e 1970, enquanto a popula-
o cresceu 129,18%, o nmero de mdicos
passou de 20.745 para 58.994, aumento de
184,38% (Tabela 1).
Nos trinta anos que se seguiram, de 1970 a
2000, o total de mdicos chegou a 291.926, um
salto de 394,84%, contra um crescimento
populacional de 79,44%. Nos ltimos dez anos,
at 2010, o efetivo de mdicos chegou a
364.757, subindo 24,95% em uma dcada, con-
tra um aumento populacional de 12,48%.
Ano Mdicos Populao brasileira(1)
1910 13.270
1920 14.031 30.635.605
1930 15.899
1940 20.745 41.236.315
1950 26.120 51.944.397
1960 34.792 70.992.343
1970 58.994 94.508.583
1980 137.347 121.150.573
1990 219.084 146.917.459
2000 291.926 169.590.693
2010 364.757 190.755.799
Tabela 1
Evoluo do nmero de mdicos eda populao brasileira Brasil, 2013
(1) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Sinopse doCenso Demogrfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. p. 67-68.
Grfico 1
Evoluo do nmero de mdicos Brasil, 2013
Fonte: CFM; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
Fonte: CFM/IBGE; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
21
Houve uma estabilidade na evoluo da
populao de mdicos at meados dos anos
1970. Com a abertura de um grande nmero
de escolas a partir de 1965, o nmero de pro-
fissionais passou a apresentar um crescimen-
to acelerado (Grfico 1).
O aumento da populao brasileira em n-
meros absolutos contnuo (Grfico 2 e Tabela
1), saindo de 121,15 milhes, em 1980, para
190,75 milhes em 2010. O crescimento da
razo de mdico em relao populao em
geral vai resultar tambm numa linha de au-
mento continuado (Grfico 3). Em 1980, ha-
via 1,15 mdico para cada grupo de 1.000
habitantes no pas. Essa razo sobe para 1,48
em 1990, para 1,72 no ano 2000, e atinge 1,91
em 2010 chegando a 1,95 mdico por 1.000
habitantes no ano seguinte. Como ser visto
no captulo seguinte, a razo para 2012 de
2,00 mdicos por 1.000 moradores. Entre
1980 e 2012, houve um aumento de 73,92%
na razo mdico habitante.
Quando se compara a populao geral com a
populao de mdicos (Grfico 4), v-se que nos
ltimos 30 anos os dois grupos apresentam uma
queda na velocidade de crescimento. Em nme-
ros absolutos, no entanto, as duas populaes
mantm um aumento persistente. Mesmo com
uma evoluo mais lenta na taxa de crescimento,
a dos mdicos sempre maior que a da popula-
o em geral. Em 1982, por exemplo, o cresci-
mento anual do total de mdicos foi de 5,9%,
enquanto o da populao geral ficou em 2,2%,
ou seja, o aumento de profissionais foi quase trs
vezes superior ao de habitantes. Em 2010, a taxa
de crescimento dos mdicos alcanou 1,6%, en-
quanto o da populao em geral foi de 0,9%, di-
ferena de 77,8% para o grupo de profissionais.
Onde se v a taxa de crescimento da popu-
lao total ano a ano, de 1982 a 2010, observa-
se uma velocidade em queda contnua e uni-
forme por conta da reduo nos nveis de
fecundidade. No significa uma reduo na
populao, mas uma diminuio no ritmo de
crescimento. J a linha que indica a taxa de
crescimento dos mdicos, embora tambm caia
Grfico 2
Evoluo da populao brasileira Brasil, 2013
Fonte: IBGE; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
22
em velocidade, apresenta perodos de subida,
como no incio dos anos 1990 e aps 2000. Di-
ferente da populao em geral, a tendncia de
queda e plat da populao de mdicos no
acontece porque h sempre um novo boom de
escolas e um novo crescimento logo depois.
Esse efeito j foi observado nos anos de 1970 e
deve se repetir a partir de 2012.
Grfico 3
Evoluo da razo mdico/habitante entre 1980 e 2010 Brasil, 2013
Grfico 4
Evoluo da taxa de crescimento da populao brasileira, de nmero de mdicos e darazo mdico/habitante entre 1980 e 2010 Brasil, 2013
Fonte: CFM; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
Fonte: CFM/IBGE; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
23
Mulheres superam os homens
nos ingressos desde 2009
O perfil populacional dos mdicos inscritos
nos CRMs est passando por uma transforma-
o histrica: pela primeira vez, em 2009, en-
tre os novos registros no Conselho Federal de
Medicina, h mais mulheres que homens.
Como conseqncia, e tambm pela primei-
ra vez, as mulheres passaram, j em 2011, a ser
maioria dentro do grupo de mdicos com 29
anos ou menos. Em 2012, essa tendncia se con-
firmou. Dos 51.070 mdicos nessa faixa etria,
54,50% so mulheres e 45,50% so homens (Ta-
bela 2). Em 2011, as mulheres j eram 53,31%.
Entre os mais idosos, o cenrio ainda pre-
dominantemente masculino. Do total de 24.718
profissionais com 70 anos ou mais, apenas
13,76% so mulheres. Da para as faixas mais
jovens, o nmero de mdicas sempre cres-
cente. Elas j so 42,28% entre os profissionais
com 50 e 54 anos e chegam a 47,42% na faixa
etria entre 30 e 34 anos, passando os homens
no grupo etrio abaixo de 29 anos.
O crescimento das mulheres confirma uma
tendncia consistente que se observa ao longo
das ltimas dcadas, e que se acentuou nos l-
timos anos. Esse crescimento fica mais evidente
quando se observa o nmero de mulheres for-
madas a cada ano e que esto entrando no mer-
cado (Tabela 3). Entre os novos registros em
2011, 9.168 eram de mulheres e 8.166 de ho-
mens, com 52,89% para as mulheres. Nmeros
preliminares de 2012 apontam o grupo femini-
no com 53,46%.
H uma tendncia histrica de crescimen-
to da populao de mulheres mdicas. O au-
mento tanto de homens como de mulheres
se destaca a partir dos anos 1970, por conta
do grande nmero de escolas abertas na d-
cada anterior.
Mas a partir do ano 2000, que se observa
um aumento na velocidade de crescimento das
mulheres, que em 2009 passam os homens (Gr-
fico 5). A tendncia que a diferena se amplie
em favor das mulheres. De um lado, porque o
resultado reflete o crescimento histrico da
predominncia feminina na populao brasi-
leira. De outro, porque a feminizao da me-
dicina segue uma tendncia mundial (ver anli-
se pgina 30).
Tabela 2
Mdicos brasileiros em atividade, segundo idade e sexo Brasil, 2013
Idade Feminino (%) Masculino (%) Total
29 anos 27.831 54,50 23.239 45,50 51.070
30 - 34 anos 28.170 47,42 31.234 52,58 59.404
35 - 39 anos 20.534 44,03 26.099 55,97 46.633
40 - 44 anos 17.581 46,70 20.069 53,30 37.650
45 - 49 anos 17.044 44,96 20.865 55,04 37.909
50 - 54 anos 15.372 42,28 20.986 57,72 36.358
55 - 59 anos 14.107 36,95 24.071 63,05 38.178
60 a 64 anos 10.041 28,10 25.686 71,90 35.727
65 a 69 anos 3.900 20,14 15.466 79,86 19.366
70 anos 3.401 13,76 21.317 86,24 24.718
Total 157.981 40,82 229.032 59,18 387.013
Fonte: CFM; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
24
Tabela 3
Evoluo do registro de novos mdicos entre 2000 e 2012, segundo sexo Brasil, 2013
* Para o ano de 2012 esto computados os registros at 1 de setembro de 2012.
Ano Feminino (%) Masculino (%)
2000 6.008 37,76 9.904 62,24
2001 5.292 41,93 7.330 58,07
2002 5.862 41,83 8.153 58,17
2003 6.389 43,77 8.207 56,23
2004 6.628 44,80 8.165 55,20
2005 7.162 46,43 8.263 53,57
2006 7.470 46,95 8.442 53,05
2007 7.523 47,87 8.193 52,13
2008 7.571 49,11 7.846 50,89
2009 7.933 50,15 7.885 49,85
2010 8.329 51,85 7.735 48,15
2011 9.168 52,89 8.166 47,11
2012* 3.303 53,46 2.875 46,54
Fonte: CFM; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
Grfico 5
Evoluo da entrada de mdicos entre 2000 e 2011, segundo sexo Brasil, 2013
Fonte: CFM; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
25
Mercado masculino
at os anos 1970
O mercado, no entanto, ainda deve perma-
necer com maioria de homens por mais uma
dcada e meia, j que, at os anos 1970, a pro-
fisso era predominantemente masculina. Se-
gundo o estudo de projeo apresentado no
Captulo 4, as mulheres sero maioria no mer-
cado em 2028. Quando se observa a srie his-
trica da populao de mdicos no mercado
segundo sexo (Tabela 4), as mulheres aparecem
com 22% e 21% nos anos 1910 e de 1920 (em
1912, havia sete escolas mdicas no pas). Mas
as mulheres registram uma queda nos pero-
dos seguintes, recuando para 19,10% no ano
de 1930 e caindo ainda mais nos anos que se
seguiram, at chegar a 12,99% no ano de 1960,
quando tiveram a menor representao eram
apenas 4.519 mdicas diante de 30.273 profis-
sionais homens. A populao mdica em ativi-
dade no ano de 1960 teve a maior proporo
masculina da histria da medicina no pas, com
87 homens para cada grupo de cem mdicos.
A partir de 1970, h um crescimento cons-
tante das mulheres no mercado, subindo para
23,47% em 1980, 30,80% em 1990, 35,82% em
2000, at atingir 39,91% em 2010.
O Grfico 6 mostra a predominncia mas-
culina at os anos 1970, com os homens ocu-
pando mais de 80% do mercado. A partir de
1980 se inicia o que se pode chamar de
feminizao da profisso, com as mulheres
ganhando participao cada vez maior.
Idade mdia das mulheres de
6,4 anos inferior dos homens
A idade mdia geral dos mdicos de 46,16
anos (com desvio padro de 14,65 anos). En-
tre as mulheres, a idade mdia de 42,36 anos
(desvio padro de 12,78 anos) e entre os ho-
mens, 48,78 anos (com desvio padro de 15,60
anos). Alm de apresentar mdia de idade mais
baixa que a dos homens, a idade das mulheres
est tambm mais concentrada: 68% delas es-
to entre 29,7 e 54,7 anos. J do lado dos ho-
mens existe uma disperso significativamente
mais elevada, com uma concentrao de 68%
entre 33,2 anos e 63,8 anos.
Tabela 4
Evoluo do nmero de mdicos entre 1910 e 2010, segundo sexo Brasil, 2013
Fonte: CFM; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
Ano Feminino (%) Masculino (%)
1910 2.956 22,28 10.314 77,72
1920 3.015 21,49 11.016 78,51
1930 3.037 19,10 12.862 80,90
1940 3.131 15,09 17.614 84,91
1950 3.450 13,21 22.670 86,79
1960 4.519 12,99 30.273 87,01
1970 9.341 15,83 49.653 84,17
1980 32.239 23,47 105.108 76,53
1990 67.483 30,80 151.601 69,20
2000 104.554 35,82 187.372 64,18
2010 145.568 39,91 219.189 60,09
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
26
O grupo de mdicos de at 39 anos repre-
senta 40,59% do total de profissionais na ativa,
indicando uma concentrao nas faixas mais jo-
vens. Entre as mulheres, 17,62% de todas as
profissionais tm 29 anos ou menos. Por conta
dessa combinao de juvenizao e feminizao,
a pirmide etria do mdico em atividade no
Brasil (Grfico 7) mostra uma grande concen-
trao na base, dos 24 aos 40 anos, tanto de
homens como mulheres. Em seguida observa-
se um recuo da participao das mulheres que
comea aos 50 anos e que se acentua aps os 60
anos. J os homens apresentam um segundo pico
por volta dos 60 anos, resultado da presena
masculina predominante at a dcada de 1970.
Como conseqncia, na faixa etria entre 60 e
80 anos que se concentra a maior diferena a
favor dos homens. O grfico mostra tambm
que abaixo dos 40 anos as mulheres ganham
espao proporcional ao dos homens, empatan-
do na faixa inferior a 30 anos de idade.
Grfico 6
Evoluo do nmero de mdicos entre 1910 e 2010, segundo sexo Brasil, 2013
Crescimento natural
de 6 a 8 mil mdicos por ano
As sries histricas da evoluo de sa-
das e entradas de mdicos (Tabela 5) mos-
tram outro fator que contribui para o cresci-
mento do nmero de mdicos a partir dos
anos 1970. Trata-se da diferena entre os
mdicos que entram e aqueles que saem, re-
sultando em um crescimento natural dessa
populao no pas. A diferena entre sada e
a entrada forma um contingente de profissi-
onais ao qual se agregam novos mdicos a
cada ano (Grfico 8). Na Europa, por exem-
plo, esse contigente tende a diminuir por con-
ta da faixa etria mais elevada dos mdicos
e da tendncia de se interromper as ativida-
des mais cedo, por aposentadoria.
No Brasil, vive-se uma situao oposta, con-
centrao de jovens mdicos e a permanncia
no exerccio por maior nmero de anos. O efe-
tivo mdico cresce mais rapidamente e se man-
Fonte: CFM; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
27
Grfico 7
Pirmide etria dos mdicos brasileiros em atividade Brasil, 2013
tm por perodo mais longo medida que mais
jovens mdicos saem das escolas para o mer-
cado. Diferentemente de pases como a Fran-
a, que j nos anos 1980 estabeleceu um nme-
ro limite de entrada nas faculdades (numerus
clausus), o Brasil optou por aumentar o nme-
ro de escolas. O resultado ser uma populao
de mdicos crescente, especialmente nos cen-
tros mais procurados, o que pode acirrar as
desigualdades regionais.
O crescimento natural da populao mdi-
ca se acentua nos anos 1970, quando a entrada
se estabiliza muito acima das sadas. Essa re-
lao vai se equilibrar a partir do ano 2000,
quando o nmero de entradas fica entre 13 mil
e 14 mil e o de sada por volta dos 7 mil, com
um crescimento natural de 6 mil a 8 mil mdi-
cos por ano. Em 2011, por exemplo, 17.334 no-
vos profissionais entraram para o mercado e
10.169 saram. O saldo de crescimento foi de
7.165. Quando se observa o perodo de cinco
anos, de 2007 a 2011, v-se que 80.349 mdicos
entraram no mercado e 44.733 saram, acumu-
lando uma diferena de 35.616.
O Grfico 8 mostra as linhas de entrada e
sada de mdicos entre 2000 e 2011. Nota-se
um crescimento pequeno nas duas linhas, mas
com uma distncia significativa entre elas, in-
dicando o nmero sempre maior de profis-
sionais que ingressam no mercado.
A entrada de um mdico se d quando ob-
tm seu registro no CRM, o que costuma ocor-
rer assim que conclui os seis anos de gradua-
o. A sada pode acontecer por aposentado-
ria, adoecimento, morte, cancelamento, cassa-
o ou suspenso de registro.
Fonte: CFM; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
28
Tabela 5
Evoluo de entrada e sada de mdicos entre 2000 e 2011 Brasil, 2013
Ano Entrada Sada Saldo de crescimento
2000 15.912 6.082 9.830
2001 12.622 8.863 3.759
2002 14.015 6.082 7.933
2003 14.596 6.773 7.823
2004 14.793 6.637 8.156
2005 15.425 7.146 8.279
2006 15.912 7.316 8.596
2007 15.716 7.637 8.079
2008 15.417 8.407 7.010
2009 15.818 8.923 6.895
2010 16.064 9.597 6.467
2011 17.334 10.169 7.165
Fonte: CFM; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
Grfico 8
Evoluo de entrada e sada de mdicos entre 2000 e 2011, Brasil 2013
Fonte: CFM; Pesquisa Demografia Mdica no Brasil, 2013.
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
29
Nos 12 meses entre outubro de 2011 e outu-
bro de 2012 foram contabilizados no Brasil um
total de 16.227 novos registros de mdicos.
O pas nunca teve tantos mdicos em ati-
vidade, devido a uma combinao de fatores:
mantm-se forte a taxa de crescimento do n-
mero de profissionais, h aumento de novos
registros (mais de 4% ao ano), mais entradas
que sadas de profissionais do mercado de tra-
balho, crescimento do contingente de mdi-
cos em ritmo mais rpido que a populao, perfil
jovem (baixa mdia de idade) com longevidade
profissional ( alta mdia de anos trabalhados).
Soma-se a multiplicidade de vnculos e a longa
jornada de trabalho, caractersticas da profis-
so no Brasil, o que pode determinar e am-
plificar a presena de profissionais no pas.
Embora seja evidente que os mdicos nun-
ca foram to numerosos e que constituem uma
profisso em ascenso quantitativa, os captu-
los a seguir mostram que esto mais concentra-
dos em certos territrios, em certas estruturas
e em certas especialidades e atividades que no
apresentam, todas elas, as mesmas atratividade
e distribuio. Os desequilbrios na repartio
geogrfica, especializada e funcional de mdi-
cos, somados concentrao que favorece o
setor privado de sade, iro revelar um pas
que convive tanto com carncias quanto com
altas densidades de mdicos.
Para considerar
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
30
Mais mulheres na medicina: fenmeno global e positivo
Fenmeno global, a tendncia de igualdade nu-
mrica de gnero nas profisses um indicador
de desenvolvimento de uma nao. A remoo
de barreiras que limitam as mulheres de terem o
mesmo acesso que os homens educao, s
oportunidades de trabalho e aos benefcios so-
ciais, geram ganhos de produtividade e compe-
titividade s economias dos pases.
progressiva a diminuio nas diferenas de
gnero no mbito da educao e do trabalho, al-
terando padres histricos mundiais. Tal mudan-
a j ntida na frequncia em universidades. O
nmero de matrculas de mulheres no ensino su-
perior no mundo inteiro aumentou mais de sete
vezes desde 1970 enquanto o nmero de homens
matriculados cresceu quatro vezes. Com a ex-
panso de oportunidades de trabalho, a participa-
o da mo-de-obra feminina tambm cresceu
nas ltimas trs dcadas, chegando a 40% da for-
a de trabalho global em 2008(11).
No Brasil o cenrio semelhante, onde a maior
presena das mulheres no mercado de trabalho e
o crescimento da escolaridade feminina tm se
consolidado nos diversos setores da atividade eco-
nmica. Percebe-se um aumento significativo no
nvel de ocupao das mulheres, sendo que 45,4%
delas estavam empregadas em 2011, contra 40,5%
em 2003.
Hoje as mulheres brasileiras com curso su-
perior tm participao maior ou semelhante
dos homens nos postos de trabalho ocupados
em geral. Mas o rendimento das mulheres conti-
nua inferior ao dos homens: em mdia elas ga-
nhavam 72,3% dos salrios recebidos pelos ho-
mens em 2011(12).
De um lado, o resultado reflete a crescente pre-
dominncia feminina na populao brasileira. Se-
gundo o IBGE, em 2000 eram 96,9 homens para
cada 100 mulheres. No censo de 2010, a relao
caiu para 96 homens para cada 100 mulheres.
No ensino superior no Brasil as matrculas
contaram com participao majoritariamente fe-
minina no perodo de 2001 a 2010. Em 2010, do
total de 6.379.299 matrculas, 57% eram de mu-
lheres e, entre os concluintes de cursos de gradua-
o, a participao feminina foi de 60,9%(13).
Mas no apenas no Brasil que as mdicas se
fazem mais presentes. Nos pases da Organiza-
o para Cooperao e Desenvolvimento Eco-
nmico OCDE, a proporo de mulheres mdi-
cas cresceu entre 1990 e 2005, passando de
28,7% para 38,3% do total de mdicos(14). No
incio dos anos 2000 as mulheres j eram maioria
entre os estudantes de Medicina dos Estados
Unidos(15) e do Canad(16). Antes disso, nos anos
1990, os cursos de graduao de Medicina j con-
tavam com maioria feminina em pases como In-
glaterra(17), Irlanda(18) e Noruega(19).
A feminizao da medicina deve se amplificar
nos prximos anos e ser preciso levar em conta
que as mulheres diferem dos homens na escolha
de especialidades, na fixao territorial, na jorna-
da de trabalho e no modo de exerccio profissio-
nal, o que pode trazer resultados positivos para
os sistemas de sade(20, 21).
A maior participao de mulheres na medici-
na tem sido apontada como um fator de reduo
da disponibilidade de mdicos em atividade. A fal-
ta de mdicos em pases da Europa j foi em parte
creditada s mulheres.
Mrio Scheffer, coordenador da pesquisa Demografia Mdica no Brasil
DEMOGRAFIA MDICA NO BRASIL VOLUME 2
31
Isso devido tendncia de as mulheres m-
dicas trabalharem um nmero menor de horas
semanais, assumirem menor volume de servi-
os e optarem por uma vida profissional mais
curta que a dos mdicos. As mulheres tambm
fazem menos plantes em servios, se compa-
radas aos mdicos, e se instalam menos fre-
quentemente no interior e nas periferias dos
grandes centros, reas de difcil provimento de
profissionais(22).
Em alguns pases onde as mulheres so maio-
ria na medicina, como a Rssia e a Estnia, a
profisso passou a ser considerada uma ocupa-
o de status baixo(23, 24). E, como na maioria
das profisses, as mulheres mdicas tendem a
receber salrios mais baixos do que os homens
em cargos semelhantes(25).
Existem, porm, vrias evidncias de que a
presena das mulheres na medicina guarda aspec-
tos mais positivos do que negativos. As mulheres
so mais propensas do que seus colegas mdicos
a harmonizar a relao mdico-paciente, pois ado-
tam estilos mais democrticos de comunicao,
promovem relacionamentos colaborativos, dis-
cutem mais os tratamentos e envolvem os paci-
entes em tomadas de deciso(26). Estudos j de-
monstraram maior satisfao dos pacientes com
mdicas mulheres(27).
Alm disso, suas condutas e prticas condu-
zem a uma melhor eficcia das aes preventi-
vas; se adequam mais facilmente ao funciona-
mento e liderana de equipes multidisciplinares
de sade; contribuem com a utilizao otimizada
de recursos, pois so menos inclinadas a incorpo-
rar tecnologias desnecessrias; atendem mais
adequadamente as populaes vulnerveis; e res-
pondem a situaes que requerem a compreen-
so de singularidades culturais e de preferncias
individuais dos pacientes(28).
O aumento da proporo de mulheres na Me-
dicina pode moldar positivamente o futuro da
profisso mdica, influenciar o modelo de cuida-
dos de pacientes e contribuir com a reorganiza-
o dos sistemas de sade. Melhor equilbrio en-
tre os sexos pode ser positivo numa prtica pro-
fissional marcada pela diversidade de campos de
atuao, longa formao, qualidades humanas e
trabalho continuado(29, 30).
No Brasil, a tese da desvalorizao de uma pro-
fisso feminizada deve ser rechaada. Devido s
caractersticas do seu exerccio profissional e a
preferncia de especializao em determinadas
reas bsicas, como Pediatria e Ginecologia e
Obstetrcia, podero assumir papel primordial
num contexto nacional marcado por novos de-
safios epidemiolgicos e demogrficos, a exem-
plo do crescime